relatório Planeta Vivo
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Biodiversidade, biocapacidade e desenvolvimento~
Planeta VivoRelatrio 2010
ESTE RELATRIO FOI PRODUZIDO EM COLABORAO COM:
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2010
REPORT
INTWWF.ORG
PLANETA VIVO RELATRIO 2010PLANETA VIVO RELATRIO 2010
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BIODIVERSIDADE
BIOCAPACIDADE
DESENVOLVIMENTOCONSCIENTIZAO
Novas espcies continuam a ser descobertas, mas as populaes de espcies tropicais tiveram reduo de 60% desde 1970
Hoje, as terras produtivas per capita possuem metade do nvel de 1961
H 1,8 bilho de internautas, mas um bilho de pessoas ainda no tem acesso a um abastecimento adequado de gua doce
34% dos diretores de empresas da regio da sia-Pacfico e 53% dos diretores de empresas latino-americanos manifestaram preocupao com as repercusses da perda da biodiversidade nas perspectivas de crescimento dos negcios, em comparao com apenas 18% dos diretores de empresas da Europa Ocidental
PLANETA VIVO RELATRIO 2010
100%RECYCLED
1986 Panda Symbol WWF-World Wide Fund For Nature (Formerly World Wildlife Fund) WWF is a WWF Registered Trademark. WWF International, Avenue du Mont-Blanc, 1196 Gland,Switzerland Tel. +41 22 364 9111 Fax +41 22 364 0332. WWF Brasil, SHIS EQ. QL 6/8 Conjunto E 71620-430, Braslia-DF Tel. +55 61 3364-7400Para mais informaes visite nossos sites: www.panda.org | www.wwf.org.br
Nosso objetivo.
www.panda.org | www.wwf.org.br
Parar a degradao do meio ambiente no Planeta e construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza.
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WWF
O WWF uma das maiores e mais experientes organizaes independentes dedicadas conservao em nvel mundial, com mais de 5 milhes de afiliados e uma rede global ativa em mais de 100 pases.
A misso do WWF conter a degradao do ambiente natural do planeta e construir um futuro em que seres humanos vivam em harmonia com a natureza, por meio da conservao da diversidade biolgica do mundo, assegurando a sustentabilidade dos recursos naturais renovveis e promovendo a reduo da poluio e do consumismo.
Sociedade Zoolgica de Londres
Fundada em 1826, a Sociedade Zoolgica de Londres (ZSL) uma organizao cientfica, conservacionista e educacional internacional. Sua misso alcanar e promover a conservao da fauna e de seu habitat em escala mundial. A ZSL administra o Zoolgico de Londres e o Zoolgico Whipsnade, realiza pesquisa cientfica no Instituto de Zoologia e tem participao ativa na rea de conservao no cenrio mundial.
Rede Global da Pegada Ecolgica
A rede Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecolgica) estimula a cincia da sustentabilidade por meio da promoo da Pegada Ecolgica, que uma ferramenta de contabilidade de recursos para a mensurao da sustentabilidade. Juntamente com seus parceiros, a Rede se dedica continuidade da melhoria e implementao dessa cincia coordenando a pesquisa, desenvolvendo padres metodolgicos e oferecendo aos tomadores de deciso vigorosas quantificaes de recursos a fim de ajudar a economia humana a funcionar dentro dos limites ecolgicos da Terra.
WWF Internacional
Avenue du Mont-Blanc 1196 Gland, Sua www.panda.org
Instituto de Zoologia
Sociedade Zoolgica de Londres Regents Park, Londres NW1 4RY, Reino Unido www.zsl.org/indicators www.livingplanetindex.org
Global Footprint Network 312 Clay Street, Suite 300 Oakland, California 94607, EUA www.footprintnetwork.org
Conceito e arte de ArthurSteenHorneAdamson
ISBN 978-2-940443-08-6
Anexo Planeta Vivo
Os autores so extremamente gratos s seguintes pessoas e organizaes por compartilharem seus dados: Richard Gregory, Petr Vorisek e o European Bird Census Council pelos dados da Pan-European Common Bird Monitoring; Arquivo de Dados da Dinmica da Populao Global do Centre for Population Biology, Imperial College London; Derek Pomeroy, Betty Lutaaya e Herbert Tushabe pelos dados da National Biodiversity Database, Makerere University Institute of Environment and Natural Resources, Uganda; Kristin Thorsrud Teien e Jorgen Randers, WWF-Norway; Pere Tomas-Vives, Christian Perennou, Driss Ezzine de Blas, Patrick Grillas and Thomas Galewski, Tour du Valat, Camargue, France; David Junor e Alexis Morgan, WWF Canada e todos que contriburam com dados do LPI pelo Canada; Miguel Angel Nuez Herrero e Juan Diego Lpez Giraldo, o Environmental Volunteer Programme in Natural Areas of Murcia Region, Espanha; Mike Gill do CBMP, Christoph Zockler do UNEP-WCMC e todos que contriburam com dados do relatrio ASTI (www.asti.is); Arjan Berkhuysen, WWF Holanda e todos que contriburam com dados para o relatrio LPI para os sistemas globais de esturios. A lista completa dos que contriburam com dados pode ser encontrada no seguinte endereo www.livingplanetindex.org
Pegada Ecolgica
Os autores agradecem aos seguintes governos nacionais pela sua colaborao na pesquisa para aprimorar a qualidade do clculo da Pegada Ecolgica Nacional: Sua; Emirados rabes, Finlndia, Alemanha, Irlanda, Japo, Blgica e Equador.
Muito da pesquisa para compor este relatrio no teria sido possvel sem o suporte generoso de: Avina Stiftung, Foundation for Global Community, Funding Exchange, MAVA - Fondation pour la Protection de la Nature, Mental Insight Foundation, Ray C. Anderson Foundation, Rudolf Steiner Foundation, Skoll Foundation, Stiftung ProCare, TAUPO Fund, The Lawrence Foundation, V. Kann Rasmussen Foundation, Wallace Alexander Gerbode Foundation, The Winslow Foundation; Pollux-Privatstiftung; Fundao Calouste Gulbenkian; Oak Foundation; The Lewis Foundation; Erlenmeyer Foundation; Roy A. Hunt Foundation; Flora Family Foundation; The Dudley Foundation; Foundation Harafi ; The Swiss Agency for Development and Cooperation; Cooley Godward LLP; Hans and Johanna Wackernagel-Grdel; Daniela Schlettwein-Gsell; Annemarie Burckhardt; Oliver and Bea Wackernagel; Ruth and Hans Moppert-Vischer; F. Peter Seidel; Michael Saalfeld; Peter Koechlin; Luc Hoffmann; Lutz Peters; e muitos outros doadores individuais.
Gostaramos de deixar nosso reconhecimento s 90 organizaes parceiras da Pegada Ecolgica Global e ao Comit Nacional de Indicadores da Pegada Ecolgica Global pelas orientaes, contribuies e compromentimento para tornar mais robustos os indicadores da Pegada Ecolgica Nacional.
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SUMRIOINTRODUO Prefcio 03Com o foco no futuro 04Sumrio Executivo 06Introduo 10Os elos entre a biodiversidade e o ser humano 14
CAPTULO 1: A SITUAO DO PLANETA 18Acompanhando a biodiversidade: O ndice Planeta Vivo 20
Medindo a demanda humana: A Pegada Ecolgica 32 A Pegada Hidrolgica da Produo 46
Nossa pegada em foco: gua doce 50 Pesqueiros marinhos 55 Florestas 58
Mapeando os servios de ecossistemas: Armazenamento de carbono no solo 61
Mapeando um servio de ecossistema local: O abastecimento de gua doce 66
CAPTULO 2: A VIDA EM NOSSO PLANETA 70Biodiversidade, desenvolvimento e bem-estar humano 72Biodiversidade e renda nacional 76
Modelando o futuro: A Pegada Ecolgica at 2050 80Cenrios para o relatrio Planeta Vivo 2010 84
CAPTULO 3: UMA ECONOMIA VERDE? 90
APNDICE 100
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 110
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Contribuio
Editor Chefe - Duncan PollardEditor Tcnico - Rosamunde AlmondEquipe Editorial - Emma Duncan, Monique Grooten, Lisa Hadeed, Barney Jeffries, Richard McLellan
Reviso
Chris Hails (WWF International)Jorgen Randers (Norwegian School of Management)Camilla Toulmin (International Institute forEnvironment and Development)
Coordenao
Dan Barlow; Sarah Bladen; Carina Borgstrm Hansson; Geoffroy Deschutter; Cristina Eghenter; Monique Grooten; Lisa Hadeed; Karen Luz; Duncan Pollard; Tara Rao; e Robin Stafford.
Com agradecimentos especiais pela reviso adicional e contribuies de Robin Abell; Keith Alcott; Victor Anderson; Gregory Asner, Neil Burgess; Monika Bertzky; Ashok Chapagain; Danielle Chidlow; Jason Clay; Jean-Philippe Denruyter; Bill Fox; Ruth Fuller; Holly Gibbs; May Guerraoui; Ana Guinea; Johan van de Gronden; Ginette Hemley; Richard Holland; Lifeng Li; Colby Loucks; Gretchen Lyons; Emily McKenzie; Stuart Orr; George Powell; Mark Powell; Taylor Ricketts; Stephan Singer; Rod Taylor; David Tickner; Michele Thieme; Melissa Tupper; Bart Ullstein; Gregory Verutes; Bart Wickel; e Natascha Zwaal.
UNEP-WCMC (World Conservation Monitoring Centre)Carnegie Airborne Observatory, Carnegie Institution for Science.
Organizaes parceiras
Zoological Society of London (Sociedade de Zoologia de Londres): Jonathan Loh;Ben Collen; Louise McRae; Stefanie Deinet; Adriana De Palma; Robyn Manley; Jonathan E.M. Baillie.
Global Footprint Network (Pegada Ecolgica Global): Anders Reed;Steven Goldfinger; Mathis Wackernagel;David Moore; Katsunori Iha; Brad Ewing;Jean-Yves Courtonne; Jennifer Mitchell; Pati Poblete.
Verso em portugus
Traduo - Marsel de SouzaReviso tcnica - Michael Becker (WWFBrasil)Edio e reviso - Denise Oliveira e Geralda Magela (WWFBrasil)Montagem - Supernova Design
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 3
PREFCIOA proteo da biodiversidade e dos ecossistemas precisa ser uma prioridade em nossos esforos para construir uma economia mundial mais forte, mais justa e mais limpa. Em vez de servir de desculpa para o adiamento de novas medidas, a recente crise econmica e fi nanceira deveria servir como lembrete da urgncia da criao de economias mais verdes. Tanto o WWF como a Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) esto contribuindo para o alcance desse objetivo.
O relatrio Planeta Vivo est ajudando a conscientizar a populao acerca das presses sobre a biosfera e a difundir a mensagem de que no podemos optar por deixar as coisas como esto. O relatrio contribui para a promoo da ao, j que aquilo que medido pode ser controlado.
A OCE est elaborando uma Estratgia de Crescimento Verde para ajudar os governos a criar e implementar polticas que possam conduzir as nossas economias por caminhos de crescimento mais sustentveis. Para isso, imprescindvel identifi car fontes de crescimento que exijam menos recursos naturais da biosfera, o que demandar mudanas estruturais em nossas economias por meio da criao de novas indstrias verdes, da limpeza de setores poluentes e da transformao dos padres de consumo. Um elemento importante ser a educao e a motivao das pessoas para que adaptem seus estilos de vida a fi m de que possamos deixar um planeta mais saudvel para as geraes futuras.
Os tomadores de deciso e os cidados precisam de informaes confi veis sobre o estado do planeta, combinando vrios aspectos sem que se percam nos detalhes. Embora os ndices do relatrio Planeta Vivo partilhem dos desafi os metodolgicos enfrentados por todos os ndices ambientais agregados, seu mrito a capacidade de transmitir mensagens simples sobre questes complexas. Sua mensagem capaz de atingir pessoas que normalmente tm pouco contato com informaes sobre o meio ambiente. Esperamos que ela possa infl uenciar mudanas de comportamento neste pblico. Elogio o WWF pelos seus esforos. A OCDE continuar trabalhando para aperfeioar os indicadores de crescimento verde e melhorar a forma com que medimos o progresso.
Angel GurraSecretrio-Geral,Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 4
COM O FOCO NO FUTUROO relatrio Planeta Vivo relaciona o ndice Planeta Vivo um indicador da sade da biodiversidade mundial com a Pegada Ecolgica e a Pegada Hidrolgica, medidas de demandas da humanidade sobre os recursos naturais renovveis da Terra.
Esses indicadores demonstram claramente que o aumento sem precedentes da busca por riqueza e bem-estar nos ltimos 40 anos est exercendo presses insustentveis sobre o nosso planeta. A Pegada Ecolgica mostra que nossas demandas por recursos naturais dobraram desde a dcada de 1960, enquanto o ndice Planeta Vivo sofreu uma queda de 30%. Um declnio na sade de espcies que constituem a base dos servios ambientais de que dependemos todos.
O crescimento econmico acelerado tem alimentado uma demanda crescente por recursos: alimentos e bebidas; por energia, transportes, produtos eletrnicos, espao de vida e espao para o descarte de resduos e, sobretudo, por dixido de carbono derivado da queima de combustveis fsseis. Como esses recursos no podem mais ser obtidos dentro das fronteiras nacionais, tem havido uma busca crescente em outras partes do mundo. Os efeitos dessa busca se refl etem nos ndices do Planeta Vivo no caso dos pases tropicais e dos pases mais pobres do mundo: ambos os grupos sofreram queda de 60% desde 1970.
As implicaes so claras. Os pases ricos precisam encontrar formas de viver causando menor impacto sobre a Terra a fi m de reduzir drasticamente sua pegada, inclusive e em particular sua dependncia dos combustveis fsseis. As economias emergentes em crescimento acelerado tambm precisam encontrar um novo modelo de crescimento; um modelo que lhes permita continuar a melhorar o bem-estar de seus cidados, mas de uma forma que a Terra seja de fato capaz de sustentar esse crescimento.
Para todos ns, esses nmeros suscitam questes fundamentais: como podemos adaptar nossos estilos de vida e defi nies de desenvolvimento considerando a manuteno dos recursos naturais do mundo, a necessidade de viver dentro da capacidade regenerativa da Terra e reconhecendo o verdadeiro valor dos bens e servios que os servios ecossistmicos fornecem?
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A crise econmica dos ltimos dois anos oferece uma oportunidade de reavaliarmos atitudes fundamentais em relao ao uso dos recursos naturais do mundo. H focos verdes de mudana. A iniciativa Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB, na sigla em ingls) est chamando a ateno para os benefcios econmicos globais da biodiversidade, destacando os custos crescentes da perda de biodiversidade e da degradao dos ecossistemas. O Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), o WWF e outras organizaes esto trabalhando com afi nco para promover a economia verde. Um nmero crescente de pescadores, madeireiros, produtores de soja e de leo de palma e algumas das maiores empresas do mundo est trabalhando para colocar suas atividades em bases sustentveis. Alm disso, um bilho de pessoas em 128 pases demonstrou seu apoio mudana ao aderir Hora do Planeta 2010.
H muitos desafi os pela frente e isso sem falar do atendimento das necessidades de uma populao mundial que no para de crescer. Esses desafi os ressaltam ainda mais a importncia de dissociarmos o desenvolvimento das demandas crescentes sobre os recursos naturais. Falando sem rodeios: temos que encontrar formas de conseguir o mesmo, e at mais, com muito menos. A continuidade do consumo dos recursos do planeta em velocidade superior sua capacidade de reposio est destruindo justamente os sistemas dos quais dependemos. Precisamos gerir os recursos seguindo o ritmo e a escala da natureza.
James P. LeapeDiretor-Geral,WWF Internacional
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Planeta Vivo Relatrio 2010
EQUILBRIO ENTRE HOMEM E NATUREZAO padro mundial se repete no Brasil. Ao longo dos ltimos anos o pas tem presenciado um crescimento econmico e uma melhoria constante das condies sociais. A desigualdade vem diminuindo nas ltimas dcadas e a estabilidade econmica elevou o poder aquisitivo da populao. Um quadro desejvel e bastante positivo.
Contudo as mudanas nos hbitos de consumo da populao brasileira tm acelerado a demanda por recursos naturais e servios ecossistmicos, aumentado assim nossa Pegada Ecolgica - o rastro que deixamos na natureza em razo dos nossos hbitos de consumo.
As riquezas naturais so parte dos ativos necessrios ao crescimento econmico que estamos presenciando, mas deve existir sempre um equilbrio entre o que consumido e o que a natureza pode prover. Esta a principal mensagem do Relatrio Planeta Vivo 2010.
O estudo traz indicadores que apontam o quanto est sendo consumido - a pegada ecolgica e a pegada hidrolgica - e o quanto o planeta pode prover em recursos naturais renovveis - a biocapacidade. O desafi o consiste em manter esses fatores balanceados, para que possamos garantir um desenvolvimento sustentvel no Planeta.
O Brasil possui uma alta biocapacidade, o que pode nos deixar confortveis em um primeiro momento. No entanto, essa biocapacidade consumida pelo mercado interno e tambm externo, uma vez que exportamos parte dessa biocapacidade em produtos agrcolas.
Assim a preocupao com as nossas reservas naturais, nossa biocapacidade, ganha duas dimenses importantes: uma interna, que deve ser refl etida em como podemos desenvolver a economia brasileira e modelar nossos padres de consumo para exercer uma presso menor sobre os ecossistemas; e outra externa, ao compartilharmos essas riquezas com outros pases.
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Planeta Vivo Relatrio 2010
Com essas duas dimenses em mente e com os indicadores que esto sendo apresentados neste relatrio, os tomadores de deciso dispem de ferramentas para estimular uma economia de baixo carbono, uma economia verde, criando novas oportunidades de crescimento para o Pas e protegendo os servios ecossistmicos que so a base de nosso desenvolvimento econmico.
A economia e o meio ambiente no so fatores concorrentes e sim complementares. Mas no momento estamos sobrecarregando o poder regenerativo da natureza e colocando em risco no s os ecossistemas, que so a base da nossa sobrevivncia na terra, como tambm a sustentabilidade econmica.
Precisamos estar atentos a esse fato e desenvolver propostas de desenvolvimento que conciliem a biocapacidade do planeta com a nossa pegada ecolgica, pois o modelo atual de desenvolvimento no sustentvel.
Para vencer esse desafi o, fundamental criarmos novas alternativas e um ambiente positivo para a mudana. Essas alternativas devem continuar proporcionando a diminuio da desigualdade e a melhoria das condies de vida da populao brasileira. Mas, ao mesmo tempo, precisam garantir a conservao da natureza para, inclusive, que ela possa prover-nos com os recursos naturais e servios ecossistmicos necessrios ao nosso desenvolvimento.
Denise HamSecretria-geralWWF-Brasil
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SUMRIO EXECUTIVO2010 O Ano Internacional da Biodiversidade O ano em que novas espcies continuam a ser encontradas, s
que h mais tigres em cativeiro do que soltos na natureza (WWF) O ano em que 34% dos diretores-executivos de empresas
da regio da sia-Pacfi co e 53% dos diretores executivos de empresas latino-americanos manifestaram preocupao com as repercusses da perda da biodiversidade nas perspectivas de crescimento dos negcios, em comparao com apenas 18% dos diretores de empresas da Europa Ocidental (PwC, 2010)
O ano em que h 1,8 bilho de internautas, mas um bilho de pessoas ainda no tem acesso a um abastecimento adequado de gua potvel (WWF)
Este ano, a biodiversidade est no centro das atenes como nunca esteve. O mesmo se aplica ao desenvolvimento humano, com uma importante reviso dos Objetivos do Milnio em breve. Isso torna a 8 edio do relatrio Planeta Vivo do WWF bem oportuna. O relatrio lana mo de um conjunto ampliado de indicadores complementares para documentar a variao da biodiversidade, dos ecossistemas e do consumo dos recursos naturais pela humanidade e explora as implicaes dessas mudanas para a sade humana, a riqueza das economias mundiais e o bem-estar da humanidade no futuro.
Uma ampla gama de indicadores j est sendo utilizada para acompanhar o estado da biodiversidade, as presses que ela sofre e as respostas que esto sendo dadas para corrigir essas tendncias (Butchart, S.H.M. et al. 2010; CBD, 2010). Um dos indicadores mais antigos da evoluo do estado da biodiversidade global, o ndice Planeta Vivo (IPV) mostra uma tendncia global e constante desde que o primeiro relatrio Planeta Vivo foi publicado em 1998: uma queda global de quase 30% entre 1970 e 2007 (Figura 1). As tendncias entre as populaes de espcies tropicais e temperadas apresentam forte divergncia: o IPV tropical diminuiu 60%, ao passo que o IPV temperado aumentou quase 30%. provvel que a lgica dessas tendncias contrastantes refl ita diferenas entre o ritmo e o momento das mudanas de uso do solo e, consequentemente, a perda de habitat nas zonas tropicais e temperadas. O aumento do IPV temperado desde 1970 pode ser
1,5 ANOGERAR OS RECURSOS RENOVVEIS USADOS EM 2007
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explicado devido ao fato de partir de um patamar inferior, e das populaes de espcies se recuperando aps melhorias no controle da poluio e gesto de resduos slidos, melhorias na qualidade do ar e da gua, aumento da cobertura fl orestal e/ou intensifi cao dos esforos de conservao em pelo menos algumas regies temperadas. Em contrapartida, o IPV tropical provavelmente comee em um patamar mais elevado e refl ete as alteraes dos ecossistemas em larga escala que tm continuado em regies tropicais desde a criao do ndice em 1970, que em geral superam os impactos positivos da conservao.
Figura 1: ndice Planeta VivoO ndice global mostra que populaes de espcies de vertebrados sofreram reduo de quase 30% entre 1970 e 2007 (WWF/ZSL, 2010)
Figura 2: Pegada Ecolgica Global A demanda humana pela biosfera mais do que dobrou entre 1961 e 2007 (Global Footprint Network, 2010)
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Biocapacidade mundial
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A Pegada Ecolgica uma ferramenta que calcula a rea de terra e gua biologicamente produtiva necessria para oferecer os recursos renovveis para o consumo humano. Ela tambm inclui o espao necessrio para a infraestrutura e a rea da vegetao necessria para absorver o dixido de carbono (CO2) emitido com o consumo. Mostra tambm uma tendncia estvel: uma trajetria de crescimento contnuo (Figura 2). Em 2007, o ano mais recente para o qual h dados disponveis, a Pegada excedeu a biocapacidade da Terra (a rea efetivamente disponvel para a produo de recursos renovveis e a absoro de CO2) em 50%. Em nvel global, a Pegada Ecolgica da humanidade dobrou desde 1966. Esse crescimento exagerado da Pegada Ecolgica pode ser atribudo em grande parte pegada de carbono, que aumentou 11 vezes desde 1961, e pouco mais de um tero desde a publicao do primeiro relatrio Planeta Vivo, em 1998. Contudo, nem todos tm a mesma pegada e existem diferenas enormes entre os pases, principalmente aqueles em diferentes nveis econmicos e de desenvolvimento. Assim, pela primeira vez, esta edio do relatrio Planeta Vivo analisa como a Pegada Ecolgica mudou ao longo do tempo em diferentes regies, tanto em magnitude como em contribuio relativa de cada componente da pegada.
A Pegada Hidrolgica da Produo oferece uma segunda medida da demanda humana pelos recursos renovveis, e mostra que 71 pases atualmente esto sofrendo certo dfi cit em recursos hdricos de fontes de gua azul, isto , fontes de gua que as pessoas usam e no devolvem, com quase dois teros destas sofrendo dfi cit entre moderado e grave. Essa situao traz implicaes profundas para a sade dos ecossistemas, a produo de alimentos e o bem estar humano e pode ser agravada pela mudana do clima.
O IPV, a Pegada Ecolgica e a Pegada Hidrolgica da Produo monitoram as variaes da sade dos ecossistemas e da demanda humana por recursos naturais, mas no oferecem informao alguma sobre o estado dos servios ambientais, ou seja, os benefcios que as pessoas recebem dos ecossistemas e dos quais todas as atividades humanas dependem. Pela primeira vez, esta edio do relatrio Planeta Vivo traz dois dos melhores indicadores dos servios de ecossistemas em nvel global: o armazenamento de carbono no solo e a oferta de gua doce. Embora esses indicadores caream de aprimoramento e refi namento, eles ajudam a deixar claro que a conservao da natureza do interesse da prpria humanidade, sem falar no interesse da biodiversidade em si.
71PASES QUE ESTO SOFRENDO DFICIT DE RECURSOS DE GUA AZUL
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Assim como em relatrios anteriores, examinada a relao entre o desenvolvimento e a Pegada Ecolgica e so defi nidos critrios mnimos de sustentabilidade com base na biocapacidade disponvel e no ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Esta anlise indica que, na verdade, possvel para os pases cumprir estes critrios, apesar de ainda haver grandes desafi os para todos os pases atend-los.
Pela primeira vez, este relatrio tambm analisa tendncias da biodiversidade conforme a renda do pas, o que evidencia um ndice alarmante de perda de biodiversidade nos pases de baixa renda. Essa situao traz srias implicaes para as populaes desses pases: apesar de o bem-estar de todas as pessoas depender dos servios dos ecossistemas, o impacto da degradao ambiental sentido mais diretamente pelas populaes mais carentes e mais vulnerveis do mundo. Sem acesso a gua limpa, terras e alimentos, combustveis e materiais adequados, as populaes vulnerveis so incapazes de se libertar do ciclo da pobreza e prosperar.
A eliminao da sobrecarga ecolgica essencial para garantir a continuidade do fornecimento dos servios ecossistmicos e, portanto, da sade, riqueza e bem-estar humanos no futuro. Por meio de uma nova Calculadora de Cenrio de Pegadas criada pela Global Footprint Network (GFN), este relatrio apresenta diversos cenrios futuros com base em diferentes variveis relacionadas ao consumo de recursos naturais, uso da terra e produtividade. No cenrio tendencial, a perspectiva preocupante: mesmo com as modestas projees da ONU para o crescimento da populao, consumo e mudana do clima, at 2030 a humanidade precisar da capacidade de dois planetas Terra para absorver os resduos de CO2 e manter o consumo de recursos naturais. Cenrios alternativos baseados em diferentes padres de consumo de alimentos e matrizes energticas ilustram aes imediatas capazes de eliminar a lacuna entre a Pegada Ecolgica e a biocapacidade, e tambm alguns dos dilemas e decises implcitas aos cenrios escolhidos.
As informaes apresentadas neste relatrio representam apenas um comeo. A fi m de garantir o futuro em toda a sua complexidade para as prximas geraes, governos, empresas e indivduos precisam urgentemente traduzir estes fatos e nmeros em aes e polticas, bem como prever oportunidades e obstculos no caminho para a sustentabilidade. Somente reconhecendo o papel fundamental desempenhado pela natureza na sade e bem-estar humanos vamos proteger os ecossistemas e as espcies de que todos dependemos.
2NMERO DE
PLANETAS TERRA DE QUE
PRECISAREMOS AT 2030
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 10
INTRODUOA magnfica diversidade da vida na Terra uma verdadeira maravilha. Essa biodiversidade tambm permite que as pessoas vivam, e vivam bem.Plantas, animais e microorganismos formam complexas teias interconectadas de ecossistemas e habitats que, por sua vez, fornecem uma srie de servios de que depende toda a vida (ver Quadro: Servios de ecossistemas). Embora a tecnologia possa substituir alguns desses servios e proteger contra a sua degradao, muitos no podem ser substitudos.
Servios ecossistmicosOs servios dos ecossistemas so os benefcios que as pessoas obtm dos ecossistemas (Avaliao Ecossistmica do Milnio, 2005), que incluem: Servios de proviso: benefcios obtidos diretamente
dos ecossistemas (por exemplo, alimentos, medicamentos, madeira, fibras, biocombustveis)
Servios reguladores: benefcios proporcionados pela regulao de processos naturais (por exemplo, filtragem de gua, decomposio de resduos, regulao do clima, polinizao de culturas, regulao de algumas doenas humanas)
Servios de suporte: regulao de funes e processos ecolgicos bsicos necessrios para o fornecimento de todos os outros servios ecossistmicos (por exemplo, ciclagem de nutrientes, fotossntese, formao do solo)
Servios culturais: benefcios psicolgicos e emocionais proporcionados pelas relaes humanas com os ecossistemas (por exemplo, experincias recreativas, estticas e espirituais enriquecedoras)
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 11
Figura 3: Interconexes entre pessoas, biodiversidade, sade do ecossistema e prestao de servios ecossistmicos
A compreenso das interaes apresentadas na Figura 3 fundamental para a conservao da biodiversidade e da sade dos ecossistemas e, assim, para a proteo da segurana, sade e bem estar futuros das sociedades humanas.
Perda de habitat
Super-explorao
Mudana do clima
Espcies invasoras
Poluio
Marinha
Servios de regulao
Servios culturais
gua doce
Servios de abastecimento
Terrestre
Servios de manuteno
Agricultura, silvicultura
Pesca, caa
Energia, transportes
Urbano, indstria, minerao
gua
Eficincia de recursos (tecnologia)
ConsumoPopulaoFatores causais
Determinantes indiretos/Setores da Pegada
Presses sobre a Biodiversidade
Estado da biodiversidade global
Impacto sobre os servios ecolgicos
Legenda
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Todas as atividades humanas fazem uso de servios ecossistmicos, mas tambm podem exercer presso sobre a biodiversidade que oferece estes servios (Figura 3). As cinco maiores presses diretas so:
Perda, alterao e fragmentao de habitats: principalmente atravs da converso de terras para a agricultura, aquicultura, uso industrial ou urbano, barramento e outras alteraes nos sistemas dos rios para irrigao, energia hidroeltrica ou a regulao de vazo; e atividades de pesca prejudiciais
Superexplorao de populaes de espcies selvagens: coleta de plantas e animais para fins alimentcios, medicinais ou outros usos em ritmo acima da capacidade reprodutiva da populao
Poluio: principalmente pelo uso excessivo de pesticidas na agricultura e aquicultura; efluentes urbanos e industriais e resduos da minerao
Mudana do clima: devido ao aumento dos nveis de gases de efeito estufa na atmosfera, causado principalmente pela queima de combustveis fsseis, desmatamento e processos industriais
Espcies invasoras: retiradas de uma parte do mundo e introduzidas em outra, deliberada ou inadvertidamente, tornando-se concorrentes, predadores ou parasitas de espcies nativas
Essas ameaas decorrem, em grande medida, das demandas humanas por alimentos, bebidas, energia e materiais, bem como da necessidade de espao para cidades de porte variado e infraestrutura. Essas demandas so amplamente atendidas por alguns setores essenciais: agricultura, silvicultura, pesca minerao, indstria, gua e energia. Juntos, esses setores constituem os determinantes indiretos da perda de biodiversidade. A escala do impacto que causam sobre a biodiversidade depende de trs fatores: o nmero total de consumidores, ou populao; a parcela de consumo de cada pessoa; e a efi cincia com que os recursos naturais so convertidos em bens e servios.
A perda de biodiversidade pode provocar o estresse ou degradao de ecossistemas e, com o tempo, at o seu colapso. Essa situao ameaa a continuidade da prestao dos servios pelos ecossistemas que, por sua vez, ameaa ainda mais a biodiversidade e a sade dos ecossistemas. Fundamentalmente, a dependncia da sociedade humana em relao aos servios ecossistmico faz da perda desses servios uma sria ameaa para o futuro bem-estar e desenvolvimento de todos os povos do mundo.
5GRANDES AMEAAS BIODIVERSIDADE
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Unidades de conservao e servios de ecossistemasAs unidades de conservao desempenham papel vital para assegurar que os ecossistemas continuem a funcionar e a prestar servios ambientais, benefi ciando as comunidades situadas nos limites da unidade de conservao, em ecossistemas adjacentes e em todo o mundo. Por exemplo, unidades de conservao marinhas podem garantir uma oferta de alimentos nutritivos para as comunidades locais assegurando a sustentabilidade da pesca. As unidades de conservao terrestres podem garantir uma oferta regular de gua limpa a jusante (rio abaixo).
Para proteger por completo a biodiversidade que sustenta os servios dos ecossistemas, uma rede ecolgica coerente de unidades de conservao e de uso sustentvel precisa ser estabelecida em todo o planeta. Uma das principais caractersticas de uma rede ecolgica visar estabelecer e manter as condies ambientais necessrias para a conservao da biodiversidade no longo prazo por meio de quatro funes:
Proteo de um conjunto de habitats de tamanho adequado e de qualidade sufi ciente para sustentar populaes de espcies dentro de reas-ncleo
Oferta de oportunidades de circulao entre essas reservas atravs de corredores
Proteo da rede contra atividades que possam ser prejudiciais e dos efeitos da mudana do clima por meio de zonas-tampo
Promoo de formas sustentveis de uso da terra em unidades de uso sustentvel
A integrao da conservao da biodiversidade ao uso sustentvel , portanto, uma das caractersticas determinantes do estabelecimento e manuteno de redes ecolgicas.
As redes ecolgicas podem ajudar a reduzir a pobreza, melhorando as condies de vida da populao. Um exemplo o Corredor de Conservao Vilcabamba-Amboro, no Peru e no Equador, onde esto sendo estimuladas empresas de baixo impacto econmico, prticas de caa sustentvel e a explorao do ecoturismo. Da mesma forma, no Cinturo do Terai, no Himalaia Oriental, cursos educacionais e subsdios para a construo de currais foram fornecidos aos pastores, juntamente com foges de cozinha e usinas de biogs aperfeioados com consumo de combustvel efi ciente.
As redes ecolgicas tambm podem ajudar na adaptao mudana do clima por meio da reduo da fragmentao e melhoria da qualidade ecolgica das reas de mltiplos usos. Exemplos incluem Gondwana, no sudoeste da Austrlia, e a ecorregio de Yellowstone-Yukon.
133.000NMERO DE
UNIDADES DE CONSERVAO
EM 2009
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OS ELOS ENTRE A BIODIVERSIDADE E O SER HUMANO
POLINIZAO DE CULTURAS:Os polinizadores da floresta aumentam a produtividade de caf em 20% e melhoram a qualidade do gro em 27% em fazendas de caf costa-riquenhas situadas a at um quilmetro da floresta
VALORES ESPIRITUAIS:Determinados bosques e rvores no interior das florestas do sudeste de Camares tm considervel valor espiritual para o povo Baka (pigmeus)
ABASTECIMENTO DE GUA:Mais de 80% da gua que abastece Quito, a capital do Equador, tem origem em trs unidades de conservao
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Mapa 1: Ilustraes da dependncia das pessoas na biodiversidade
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REGULAO DE DOENAS:As comunidades situadas perto de florestas intactas na Ilha das Flores, na Indonsia, registram ndices bem menores de casos de malria e disenteria do que as comunidades sem florestas intactas nas proximidades
TRATAMENTO DE GUAS RESIDUAIS:O mangue Muthurajawela, no Sri Lanka, oferece uma gama de servios ambientais, inclusive o tratamento de efluentes industriais e de esgotos domsticos
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS:Um composto de um micro-organismo do solo isolado na Noruega utilizado para evitar a rejeio de rgos transplantados
ATENUAO DOS IMPACTOS DA MUDANA DO CLIMA:Estima-se que as turfeiras da provncia de Riau, em Sumatra, armazenem 14,6 gigatoneladas de carbono, a maior quantidade de carbono na Indonsia
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Costa RicaOs polinizadores da fl oresta aumentam a produtividade de caf em 20% e melhoram a qualidade do gro em 27% em fazendas de caf costa-riquenhas situadas a at um quilmetro da fl oresta. Os servios de polinizao de duas reas de fl oresta se traduziram em renda anual de US$ 60.000 para uma fazenda costa-riquenha, valor proporcional aos rendimentos esperados de usos concorrentes da terra (Ricketts et al, 2004). Aproximadamente 75% das 100 principais culturas do mundo dependem de polinizadores naturais. So cada vez maiores as evidncias de que comunidades de polinizadores mais diversas resultam no aumento e maior estabilidade dos servios de polinizao; porm, a intensifi cao da agricultura e a perda da fl oresta podem prejudicar as espcies de polinizadores (Klein et al, 2007).
EquadorMais de 80% da gua que abastece Quito, a capital do Equador, tem origem em trs unidades de conservao (Goldman, R.L. 2009). Vrias dessas unidades de conservao, inclusive as trs situadas nos arredores de Quito (Goldman, R.L. et al. 2010), esto ameaadas por atividades humanas, inclusive a construo de infraestruturas de abastecimento de gua, a converso de terras por agricultores e pecuaristas, e a extrao madeireira. Em termos gerais, cerca de um tero das 105 maiores cidades do mundo recebe uma parcela signifi cativa de sua gua potvel diretamente das unidades de conservao (Dudley, N. and Stolton, S. 2003).
CamaresDeterminados bosques e rvores no interior das fl orestas do sudeste de Camares tm considervel valor espiritual para o povo Baka (pigmeus). O povo Baka possui um complexo sistema de f que inclui a adoo de um deus pessoal na adolescncia e a venerao de determinados locais (bosques e rvores) no interior da fl oresta. contra as suas convices permitir que outras pessoas entrem em uma rea sagrada, que tambm ajuda a proteger a vida silvestre nessas reas (Dudley, N. et al. 2005, Stolton, S., M. Barlow, N. Dudley and C. S. Laurent 2002).
NoruegaUm composto de um micro-organismo do solo isolado na Noruega utilizado para evitar a rejeio de rgos transplantados (Laird et al, 2003). Este composto usado para produzir o Sandimmun, que j no ano 2000 era um dos medicamentos campees de vendas no mundo.
Mais de metade dos atuais compostos sintticos de medicamentos proveniente de precursores naturais, inclusive medicamentos consagrados, como a aspirina, digitlicos e a quinina. Os compostos naturais de animais,
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plantas e micro-organismos continuam a desempenhar um papel importante na criao de medicamentos para o tratamento de doenas humanas (MEA/WHO 2005, Newman, D.J. et al. 2003).
Sri LankaO mangue Muthurajawela, no Sri Lanka, oferece uma gama de servios ambientais, inclusive o tratamento de efl uentes industriais e de esgotos domsticos. Outros servios prestados pelo mangue incluem a atenuao de enchentes; o fornecimento de lenha, lazer e recreao; e o abastecimento de gua doce, que foram avaliados em US$ 7,5 milhes ao ano (WWF, 2004). Outras reas midas fornecem servios similares mas, a partir de 1900, mais da metade das reas midas do mundo desapareceu (Barbier, 1993).
IndonsiaEstima-se que as turfeiras da provncia de Riau, em Sumatra, armazenem 14,6 gigatoneladas de carbono, a maior quantidade de carbono na Indonsia. Os solos de turfa so capazes de armazenar 30 vezes mais carbono do que as fl orestas tropicais situadas acima deles; no entanto, esta capacidade de armazenamento depende da sade dessas fl orestas. Nos ltimos 25 anos, Riau perdeu quatro milhes de hectares (65%) de sua fl oresta, perda esta em grande parte impulsionada pela indstria de leo de palma e plantaes para a produo de celulose. Entre 1990 e 2007, as emisses totais derivadas do uso da terra em Riau atingiram 3,66 Gt. de CO2. Essa cifra excede o total das emisses anuais de CO2 de toda a Unio Europeia para o ano de 2005. Brasil e Indonsia respondem por de cerca de 50% do desmatamento lquido e 50% das emisses globais de CO2 provenientes de mudanas no uso da terra (FAO 2006a). A criao de um mecanismo de compensao para Reduo de Emisses por Desmatamento e Degradao Florestal (REDD) seria um incentivo para a reduo dessas emisses.
IndonsiaAs comunidades situadas perto de fl orestas intactas registram ndices bem menores de casos de malria e disenteria do que as comunidades sem fl orestas intactas nas proximidades (Pattanayak, 2003). H uma relao entre desmatamento e aumento da abundncia ou variedade de populaes ou espcies de mosquitos, e/ou alteraes do ciclo de vida que melhoram a sua capacidade como vetor da malria, no apenas na sia, mas tambm na frica (Afrane, Y.A. et al. 2005, 2006 e 2007). Estima-se que, em todo o mundo, haja 247 milhes de casos anuais de malria (dados de 2006), responsveis por cerca de 880 mil mortes, em sua maioria de crianas africanas (OMS, 2008). Como ainda no h uma cura realmente confi vel, a melhor maneira de prevenir a doena evitar a picada de mosquitos infectados.
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O relatrio Planeta Vivo emprega uma srie de indicadores para monitorar a biodiversidade, demanda humana por recursos renovveis e servios dos ecossistemas. O ndice Planeta Vivo indica alteraes na sade dos ecossistemas do planeta por meio do acompanhamento da evoluo de populaes de mamferos, aves, peixes, rpteis e anfbios. A Pegada Ecolgica acompanha a demanda humana por servios ecossistmicos por meio da medio das reas de terra e de gua biologicamente produtivas necessrias para proporcionar os recursos renovveis usados pelas pessoas e para absorver os resduos de CO2 gerados pelas atividades humanas. A Pegada de gua da Produo quantifi ca o uso da gua em diferentes pases. Mapas de servios de ecossistemas fornecem informaes sobre sua localizao e uso, e permitem a anlise dos locais em que esses servios tm o maior valor ou onde a degradao dos ecossistemas mais afetaria as pessoas.
Foto: No fi m de maro, borboletas-monarca (Danaus plexippus) da Reserva de Borboletas Monarca da regio central do Mxico comeam a migrao para os EUA e Canad. O WWF, em colaborao com o Fundo Mexicano para a Conservao da Natureza, est trabalhando para proteger e recuperar os habitats de inverno das borboletas-monarca e tambm ajudar as comunidades locais a estabelecer viveiros de rvores e oferecer fontes de renda.
CAPTULO 1: A SITUAO DO PLANETA~
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MONITORANDO A BIODIVERSIDADE: O NDICE PLANETA VIVOO ndice Planeta Vivo (IPV) acompanha a evoluo de quase 8.000 populaes de espcies de vertebrados para registrar alteraes na sade dos ecossistemas do planeta. Assim como um ndice do mercado de aes acompanha o valor de um conjunto de aes ao longo do tempo como a soma de sua variao diria, o IPV primeiro calcula o ndice anual de variao de cada populao de espcie no conjunto de dados (exemplos de populaes so mostrados na Figura 5). O ndice ento calcula a variao mdia entre todas as populaes para cada ano desde 1970, quando comeou a coleta de dados, at 2007, a ltima data para a qual h dados disponveis (Collen, B. et al., 2009. Mais detalhes so encontrados no apndice).
ndice Planeta Vivo: GlobalO IPV global mais recente mostra uma queda de cerca de 30% entre 1970 e 2007 (Figura 4). Isso se baseia na evoluo de 7.953 populaes de 2.544 mamferos, aves, rpteis, anfbios e peixes (Tabela 1 do Anexo) muito mais do que em relatrios Planeta Vivo anteriores (WWF, 2006, 2008d).
Figura 4: ndice Planeta Vivo GlobalO ndice demonstra uma queda de cerca de 30% de 1970 a 2007, com base em 7.953 populaes de 2.544 espcies de aves, mamferos, anfbios, rpteis e peixes (WWF/ZSL, 2010)
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0-10% 10% 20% 30% 40% 50%-20%-30%-40%-50%-60%
-53.4% URUBU-DE-CABEA-BRANCA 2000-2007
-20.5% - TARTARUGA-DE-COURO 1989-2002
-8.4% TUBARO-BALEIA1995-2004
-7.7% ALBATROZ NEGRO 1979-2005
-6.6% CARIBU DE PEARY 1961-2001
-5.8% ATUM DE BARBATANA AZUL 1971-2004
0.6% GANSO-DE-PESCOO-RUIVO 1960-2005
3.3% ELEFANTE AFRICANO 1983-2006
10.9% ESTURJO ATLNTICO 1991-2001
13.1% CASTOR EUROPEU 1966-1998
Legenda
Figura 5: O IPV calculado a partir da variao percentual anual da populao em relao evoluo do ndice em populaes de determinadas espcies. Como mostra essa figura, algumas populaes aumentaram durante o perodo de monitoramento, enquanto outras diminuram. No geral, contudo, a diminuio de populaes superou seu aumento, de modo que o ndice indica um declnio global.
Castor europeu (Castor fiber) na Polnia
Esturjo atlntico (Accipenser oxyrinchus oxyrinchus) em Albemarle Sound, USA
Ganso-de-pescoo-ruivo (Branta ruficollis) na costa do Mar Negro
Elefante africano (Loxodonta africana) em Uganda
Atum-de-barbatana-azul do Atlntico (Thunnus thynnus) no centro-oeste do Oceano Atlntico
Albatroz negro(Phoebetria fusca) na Ilha Possession
Tubaro-baleia (Rhincodon typus) em Ningaloo Reef, Austrlia
Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) em Las Baulas National Park, Costa Rica
Urubu-de-cabea-branca (Gyps bengalensis) em Toawala, Paquisto
Caribu de Peary (Rangifer tarandus pearyi) no Alto rtico Canadense
Annual population change (percent)
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 22
ndice Planeta Vivo: Tropical e temperadoO ndice Planeta Vivo global a agregao de dois ndices o IPV temperado (que inclui as espcies polares) e o IPV tropical, cada qual com peso idntico. O ndice tropical consiste em populaes de espcies terrestres e de gua doce encontradas nos ambientes Afro-tropical, Indo-Pacfi co e Neotropical, assim como populaes de espcies marinhas da zona compreendida entre os Trpicos de Cncer e Capricrnio. O ndice temperado abriga populaes de espcies terrestres e de gua doce dos ambientes Palertico e Nertico, bem como populaes de espcies marinhas encontradas ao norte ou ao sul dos trpicos. Em cada um desses dois ndices, as evolues gerais entre espcies de populaes terrestres, de gua doce e marinha recebem o mesmo peso.
As populaes de espcies tropicais e temperadas apresentam evolues de acentuada diferena: o IPV tropical diminuiu cerca de 60% em menos de 40 anos, enquanto o IPV temperado aumentou 29% no mesmo perodo (Figura 6). Essa diferena evidente em se tratando de mamferos, aves, anfbios e peixes; para as espcies terrestres, marinhas e de gua doce (Figuras 7 a 9); e em todos os ambientes biogeogrfi cos tropicais e temperados (Figuras 10 a 14). No entanto, isso no necessariamente quer dizer que os ecossistemas temperados esto em melhor situao que os ecossistemas tropicais. Se o ndice temperado se aplicasse a sculos passados, em vez de dcadas, muito provavelmente mostraria uma queda no longo prazo pelo menos to grande quanto a demonstrada pelos ecossistemas tropicais em tempos recentes, ao passo que provvel que um ndice tropical de longo prazo mostrasse uma variao em ritmo bem mais lento antes de 1970. Como os dados anteriores a 1970 so insufi cientes para calcular com preciso as variaes histricas, o valor de todos os IPVs arbitrariamente defi nido como ponto um para o ano de 1970.
Por que as tendncias tropical e temperada so to diferentes? A explicao mais provvel a diferena entre taxas e momentos das mudanas de uso da terra nas zonas tropicais e temperadas e, portanto, os respectivos ritmos e momentos de destruio e degradao de habitats, que a principal causa de perda de biodiversidade em tempos recentes (MEA, 2005a). Por exemplo, mais da metade da extenso original estimada de fl orestas temperadas de folha larga j havia sido convertida para a agricultura, plantaes fl orestais e reas urbanas antes de 1950
60%QUEDA DO IPV TROPICAL
29%AUMENTO DO IPV TEMPERADO DESDE 1970
Captulo 1: A situao do planeta
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 23
Figura 6: O IPV Temperado e o IPV Tropical. O ndice Temperado mostra um aumento de 29% entre 1970 e 2007. O ndice Tropical mostra uma queda de mais de 60% entre 1970 e 2007 (WWF/ZSL, 2010).
(MEA, 2005a). Em contrapartida, o desmatamento e a mudana no uso da terra somente se aceleraram a partir de 1950 nos trpicos (MEA, 2005a). No h dados sobre a variao da extenso dos habitats para todos os tipos de habitat, mas a imagem relativa s fl orestas tropicais e temperadas provavelmente indicativa de tendncias em outros tipos de habitats, inclusive habitats costeiros, marinhos e de gua doce. Portanto, provvel que muitas espcies de clima temperado tenham sentido o impacto da expanso agrcola e da industrializao muito antes da criao do ndice em 1970, de modo que o IPV temperado j comea com um patamar reduzido. O aumento desde 1970 pode ser explicado pelo fato de populaes de espcies estarem se recuperando aps melhorias no controle da poluio e gesto de resduos, melhor qualidade do ar e da gua, aumento da cobertura fl orestal e/ou intensifi cao dos esforos de conservao em pelo menos algumas das regies temperadas (ver ambientes biogeogrfi cos, pgina 30). Em contrapartida, o IPV tropical provavelmente comea em um patamar mais elevado e refl ete as alteraes dos ecossistemas em larga escala verifi cadas em regies tropicais desde a criao do ndice em 1970, que em geral superam os impactos positivos da conservao.
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ndice Planeta Vivo: BiomasO ndice Planeta Vivo Terrestre abrange 3.180 populaes de 1.341 espcies de aves, mamferos, anfbios e rpteis que ocorrem em uma ampla gama de habitats tropicais e temperados, inclusive fl orestas, pastagens e terras desrticas (ver sntese na tabela 2 do Anexo). Em termos globais, o IPV terrestre sofreu declnio de 25% (Figura 7a). O IPV terrestre tropical diminuiu quase 50% desde 1970, enquanto o IPV terrestre temperado avanou cerca de 5% (Figura 7b).
Figura 7: O ndice Planeta Vivo Terrestrea) O ndice terrestre global mostra uma queda de 25% entre 1970 e 2007 (WWF/ZSL, 2010)
b) O ndice terrestre temperado mostra um aumento de cerca de 5%, ao passo que o ndice terrestre tropical mostra uma queda de quase 50% (WWF/ZSL, 2010)
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 25
O ndice Planeta Vivo Marinho registra as variaes em 2.023 populaes de 636 espcies de peixes, aves, tartarugas e mamferos marinhos encontrados em ecossistemas marinhos temperados e tropicais (tabela 2 do Anexo). Aproximadamente metade das espcies deste ndice tem uso comercial. Globalmente, o IPV marinho registrou queda de 24% (Figura 8a). Os ecossistemas marinhos apresentam a maior discrepncia entre as espcies tropicais e temperadas: o IPV tropical marinho recuou cerca de 60%, ao passo que o IPV temperado marinho teve aumento em torno de 50% (Figura 8b). No entanto, h evidncias de que houve quedas macias de longo prazo em espcies temperadas marinhas e costeiras ao longo dos ltimos sculos (Lotze, H.K. et al., 2006, Thurstan, R.H. et al., 2010) e, portanto, o ndice temperado teve incio com base em um patamar muito mais baixo em 1970 do que o ndice tropical.
Figura 8: O ndice Planeta Vivo Marinhoa) O ndice marinho global mostra uma queda de 24% entre 1970 e 2007 (WWF/ZSL, 2010)
b) O ndice marinho temperado mostra um aumento de cerca de 50%, ao passo que o ndice marinho tropical mostra uma queda em torno de 60% (WWF/ZSL, 2010)
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 26
Figura 9: O ndice Planeta Vivo para gua Doce
a) O ndice para gua doce global mostra uma queda de 35% entre 1970 e 2007 (WWF/ZSL, 2010)
b) O ndice para gua doce temperado mostra um aumento de 36%, ao passo que o ndice para gua doce tropical mostra uma queda de quase 70% (WWF/ZSL, 2010)
O ndice Planeta Vivo para gua Doce acompanha as variaes em 2.750 populaes de 714 espcies de peixes, aves, rpteis, anfbios e mamferos encontrados em ecossistemas de gua doce temperados e tropicais (tabela 2 do Anexo). O IPV de gua doce global recuou 35% entre 1970 e 2007, ou seja, mais que o IPV global marinho ou terrestre (Figura 9a).
O IPV para gua doce tropical recuou quase 70%, a maior queda de todos os IPVs baseados em bioma, ao passo que o IPV para gua doce temperado teve aumento de 36% (Figura 9b).
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Papua Nova Guin: Uma bacia hidrogrfica seca na provncia de Sepik Oriental, onde o WWF est apoiando a criao de unidades de conservao, a colheita sustentvel de gua doce e produtos florestais, e o desenvolvimento do ecoturismo, sade e educao comunitria. Estamos elaborando um modelo de manejo de bacias hidrogrficas em toda a Nova Guin, que proteger importantes recursos florestais e de gua doce que oferecem habitat para espcies ameaadas como a harpia e o casuar, e tambm propiciam meios de subsistncia para as comunidades locais.
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 28
ndice Planeta Vivo: Reinos biogeogrfi cosA anlise do IPV no nvel sub-global ou regional pode ajudar a identifi car ameaas biodiversidade em reas especfi cas. Para garantir a expressividade biolgica dessas anlises, as populaes de espcies terrestres e de gua doce do banco de dados de IPVs foram divididas em cinco ambientes biogeogrfi cos (Mapa 2), dos quais trs so em grande parte tropicais (Indo-Pacfi co, Afro-tropical e Neotropical) e dois dos quais so amplamente de clima temperado (Palertico e Nertico). A tabela 1 do Anexo sintetiza o nmero de espcies e pases representados em cada um desses reinos.
Mapa 2: Mapa que mostra as regies biogeogrficas e as zonas tropicais e temperadas (indicadas pelos Trpicos de Cncer e Capricrnio), grandes cordilheiras e grandes lagos e rios
NERCTICO
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Captulo 1: A situao do planeta
INDO-PACFICO
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PALERTICO
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Ambientes biogeogrfi cosOs ambientes biogeogrfi cos combinam regies geogrfi cas com padres de distribuio histrica e evolutiva de plantas e animais terrestres. Representam grandes reas da superfcie terrestre, separadas por grandes barreiras migrao de plantas e animais como oceanos, vastos desertos e cordilheiras elevadas onde as espcies terrestres evoluram em relativo isolamento durante longos perodos de tempo.
INDO-PACFICO
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Figura 11. IPV Afro-tropical: queda de 18%
As populaes de espcies do reino Afro-tropical do sinais de recuperao desde meados da dcada de 1990, quando o ndice atingiu baixa recorde de 55%. Esse aumento pode ser parcialmente explicado devido a uma melhor proteo da fauna silvestre em reservas naturais e parques nacionais em pases para os quais h dados relativamente bons, como a Uganda (Pomeroy, D.a.H.T., 2009). Dados de um espectro maior de pases africanos proporcionariam um quadro mais detalhado dessas evolues e dos respectivos determinantes.
Figura 12. IPV Neotropical: queda de 55%
A queda reflete mudanas generalizadas do uso da terra e industrializao em toda a regio desde 1970, mas tambm se deve em parte a quedas catastrficas dos nmeros de anfbios causadas, em muitos casos, pela propagao de doenas provocadas por fungos. Estima-se a perda de floresta tropical nesse ambiente em cerca de 0,5% ao ano, com a rea total perdida na faixa de 3 a 4 milhes de hectares ao ano entre 2000 e 2005 (FAO, 2005; Hansen, M.C. et al., 2008).
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Figura 10. IPV Nertico: queda de 4%
Amrica do Norte, incluindo Groenlndia. provvel que a notvel estabilidade seja fruto da eficaz proteo do meio ambiente e esforos de conservao desde 1970. Como este reino possui a mais abrangente cobertura de dados (Tabela 1 do Anexo), o ndice pode ser atribudo com um grau bem elevado de confiana.
IPV Nertico Limite de confi ana1970 1980 1990 2000 2007
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Figura 14. IPV Indo-Pacfico: queda de 66%
Inclui os reinos Indo-malaio, Australsico e Ocenico. A queda reflete o rpido desenvolvimento agrcola, industrial e urbano em toda a regio, o que acarretou a mais acelerada destruio e fragmentao de florestas, zonas midas e sistemas fluviais de todo o mundo (Loh, J. et al., 2006; MEA, 2005b). Por exemplo, entre 1990 e 2005, a cobertura florestal tropical sofreu reduo mais rapidamente no Sudeste Asitico do que na frica ou na Amrica Latina, com estimativas variando de 0,6 a 0,8% ao ano (FAO, 2005; Hansen, M.C. et al., 2008).
IPV Indo-Pacfico Limite de confi ana0.0
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Figura 13. IPV Palertico: aumento de 43%
Amrica do Norte, incluindo Groenlndia. provvel que a notvel estabilidade seja fruto da eficaz proteo do meio ambiente e esforos de conservao desde 1970. Como este reino possui a mais abrangente cobertura de dados (Tabela 1 do Anexo), o ndice pode ser atribudo com um grau bem elevado de confiana.
Figures 10 to 14 (ZSL/WWF, 2010)
IPV Palertico Limite de confi ana0.0
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 32
MEDINDO A DEMANDA HUMANA: A PEGADA ECOLGICAA Pegada Ecolgica um marco da contabilidade que acompanha as demandas concorrentes da humanidade sobre a biosfera por meio da comparao da demanda humana com a capacidade regenerativa do planeta. Esse procedimento se d pela soma das reas necessrias ao fornecimento dos recursos renovveis utilizados pelas pessoas, as reas ocupadas por infraestrutura e as reas necessrias para a absoro de resduos. Nos atuais Balanos Nacionais de Pegada Ecolgica, os insumos de recursos acompanhados incluem gros e peixes para a alimentao e outros usos, madeira e pasto usado para a alimentao do gado. O CO2 o nico produto residual considerado atualmente.
Como as pessoas consomem recursos de todo o mundo, a Pegada Ecolgica do consumo, a medida aqui apresentada, soma essas reas independentemente de sua localizao no planeta.
Para determinar se a demanda humana por recursos renovveis e a reteno de CO2 podem ser mantidas, a Pegada Ecolgica comparada com a capacidade regenerativa do planeta, isto , sua biocapacidade - capacidade de regenerao total disponvel para atender a demanda representada pela Pegada. Tanto a Pegada Ecolgica (que representa a demanda por recursos) como a biocapacidade (que representa a disponibilidade de recursos) so expressas em unidades chamadas de hectares globais (gha), com um gha representando a capacidade produtiva de um hectare de terra na produtividade mdia mundial.
Captulo 1: A situao do planeta
1,5 ANOPARA RECUPERAR OS RECURSOS RENOVVEIS USADOS EM 2007
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 33
CARBONO
PASTAGEM
REA FLORESTAL
PESQUEIROS
REA CONSTRUDA
REA DE CULTIVO
Figura 15: Toda atividade humana usa terras e/ou recursos pesqueiros biologicamente produtivosA Pegada Ecolgica a soma dessa rea, seja qual for sua localizao no planeta
Calculada com base na rea utilizada para produzir alimentos e fibras para o consumo humano, rao para o gado, oleaginosas e borracha
PEGADA DE REAS DE CULTIVO:
Calculada com base na rea de terras cobertas por infraestrutura humana, inclusive transportes, habitao, estruturas industriais e reservatrios para a gerao de energia hidreltrica
PEGADA DE REAS CONSTRUDAS:
Calculada com base no consumo anual de madeira serrada, celulose, produtos de madeira e lenha de um pas
PEGADA FLORESTAL:
Calculada a partir da rea utilizada para a criao de gado de corte, leiteiro e para a produo de couro e produtos de l
PEGADA DE PASTAGENS:
Calculada a partir da estimativa de produo primria necessria para sustentar os peixes e mariscos capturados, com base em dados de captura relativos a 1.439 espcies marinhas diferentes e mais de 268 espcies de gua doce
PEGADA DE PESQUEIROS:
PEGADA DA RETENO DE CARBONO:
Definies dos componentes da Pegada
Calculada como a quantidade de floresta necessria para absorver as emisses de CO2 derivadas da queima de combustveis fsseis, mudanas no uso da terra e processos qumicos, com exceo da parcela absorvida pelos oceanos. Essas emisses so o nico produto residual contido na Pegada Ecolgica
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 34
Figura 16: Pegada Ecolgica por componente, 19612007 A Pegada mostrada como o nmero de planetas. A biocapacidade total, representada pela linha branca pontilhada, sempre equivale a um planeta Terra, embora a produtividade biolgica do planeta varie a cada ano. A gerao de energia hidreltrica est includa nas reas construdas e lenha no componente florestal (Global Footprint Network, 2010)
A sobrecarga ecolgica est crescendoDurante a dcada de 1980, a humanidade como um todo ultrapassou o ponto em que a Pegada Ecolgica anual correspondia biocapacidade anual da Terra. Em outras palavras: a populao humana do planeta comeou a consumir recursos renovveis com maior rapidez do que os ecossistemas so capazes de regener-los e liberar mais CO2 do que os ecossistemas conseguem absorver. Essa situao chamada de sobrecarga ecolgica e continua desde ento.
A ltima Pegada Ecolgica mostra essa tendncia inalterada (Figura 16). Em 2007, a Pegada da humanidade fi cou em 18 bilhes de gha, ou 2,7 gha per capita. No entanto, a biocapacidade da Terra foi de apenas 11,9 bilhes de gha, ou 1,8 gha por pessoa (Figura 17 e GFN 2010a). Isso representa uma sobrecarga ecolgica de 50%. Signifi ca que levaria 1,5 ano para a Terra regenerar os recursos renovveis que as pessoas usaram em 2007 e absorver os resduos de CO2. Dito de outra forma, as pessoas usaram o equivalente a 1,5 planeta em 2007 para realizar suas atividades (ver Quadro: Qual o verdadeiro signifi cado da sobrecarga?).
Captulo 1: A situao do planeta
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 35
Qual o verdadeiro signifi cado da sobrecarga?Como a humanidade pode estar usando a capacidade de 1,5 Terra, quando s existe um planeta? Assim como fcil retirar mais dinheiro de uma conta bancria que os juros que esse dinheiro rende, possvel colher recursos renovveis em ritmo acima de sua gerao. Madeira pode ser extrada anualmente de uma fl oresta em quantidade superior renovao, e peixes podem ser pescados em ritmo acima da capacidade de reposio a cada ano. Mas isso somente possvel por um tempo limitado, pois o recurso acabar se esgotando.
Da mesma forma, as emisses de CO2 podem exceder o ritmo com que as fl orestas e outros ecossistemas so capazes de absorv-las, o que signifi ca que Terras adicionais seriam necessrias para o pleno sequestro dessas emisses.
O esgotamento de recursos naturais j aconteceu em nvel local em alguns lugares como, por exemplo, o colapso dos estoques de bacalhau de Newfoundland na dcada de 1980. Atualmente, as pessoas muitas vezes mudam a fonte quando isso acontece, indo para um novo pesqueiro ou fl oresta, desmatando novas terras para a agricultura ou visando uma populao diferente ou uma espcie ainda comum. Porm, com os ndices atuais de consumo, estes recursos cedo ou tarde acabaro tambm e alguns ecossistemas entraro em colapso antes mesmo do esgotamento completo do recurso.
Verifi cam-se tambm as consequncias do excesso de gases de efeito estufa que no podem ser absorvidos pela vegetao: o aumento das concentraes de CO2 na atmosfera, provocando a elevao das temperaturas globais e mudana do clima, alm da acidifi cao dos oceanos. Tudo isso exerce mais presses sobre a biodiversidade e os ecossistemas.
x2O TAMANHO DA
PEGADA ECOLGICA EM 2007 EM COMPARAO
COM 1966
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 36
Captulo 1: A situao do planeta
Mapa 3: Mapa global da Pegada Ecolgica relativa per capita em 2007Quanto mais escura a cor, maior a Pegada Ecolgica per capita (Global Footprint Network, 2010)
Pegada Ecolgica: NacionalA anlise da Pegada Ecolgica no nvel per capta mostra que pessoas que vivem em diferentes pases diferem grandemente em suas demandas sobre os ecossistemas da Terra (Mapa 3 e Figura 17). Por exemplo, se todas as pessoas do mundo vivessem como um habitante comum dos Estados Unidos ou dos Emirados rabes Unidos seria necessrio um equivalente de biocapacidade acima de 4,5 planetas para manter o consumo e as emisses de CO2 da humanidade. Por outro lado, se todos vivessem como um habitante comum da ndia, a humanidade estaria usando menos da metade da biocapacidade do planeta.
Carbono: o maior componente da pegadaO maior componente da pegada ecolgica o carbono. Esse valor registrou aumento de 35% desde a publicao do primeiro relatrio Planeta Vivo, em 1998, e atualmente responsvel por mais da metade da Pegada Ecolgica global (Figura 16).
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Pegada Ecolgicaper capita
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3.0-4.5 gha
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Figura 17: Pegada Ecolgica por pas e per capita, 2007 (Global Footprint Network, 2010)
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Pegada Ecolgica: Nvel econmicoA anlise da Pegada Ecolgica de acordo com quatro agrupamentos polticos que representam, em linhas gerais, diferentes nveis econmicos (ver Quadro: Regies polticas), mostra que os pases mais desenvolvidos, de renda mais elevada, geralmente impem maiores demandas sobre os ecossistemas da Terra do que pases mais pobres e menos desenvolvidos. Em 2007, os 31 pases da OCDE que inclui as economias mais ricas do mundo responderam por 37% da Pegada Ecolgica da humanidade. Em contraste, os 10 pases da ASEAN ( sigla em ingls para Association of Southeast Asian Nations) e os 53 pases da Unio Africana que inclui alguns dos pases mais pobres e menos desenvolvidos do mundo contriburam apenas 12% para a Pegada global (Figura 18).
OECD
BRIC
Unio africana
ASEAN
Restante do mundo
LegendaFigura 18: Parcela da Pegada Ecolgica dos
pases da OCDE, ASEAN, BRIC e Unio Africana em 2007 em relao
Pegada Ecolgica total da humanidade (Global
Footprint Network, 2010)
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Alm de indicar a quantidade de bens e servios consumidos e dos resduos de CO2 gerados pelo habitante comum, a Pegada Ecolgica tambm uma ferramenta da populao. Conforme mostrado na Figura 20, a Pegada Ecolgica mdia per capita muito menor nos BRICs (sigla usada para se referir ao grupo de pases emergentes composto por Brasil, Rssia, ndia e China) do que nos pases da OCDE; no entanto, como os BRICs tm mais do que o dobro de habitantes que os pases da OCDE, sua Pegada Ecolgica total se aproxima da Pegada dos pases da OCDE. A atual taxa de crescimento mais elevada na Pegada per capita dos BRICs signifi ca que esses quatro pases tm potencial para ultrapassar os 31 pases da OCDE em seu consumo total.
Figura 19: Pegada Ecolgica por agrupamento poltico em 2007, em funo da Pegada per capita e populaoA rea no interior de cada barra representa a Pegada total de cada agrupamento (Global Footprint Network, 2010)
Pegada Ecolgica: Variaes ao longo do tempoPela primeira vez, esta edio do relatrio Planeta Vivo analisa a variao da Pegada Ecolgica ao longo do tempo em diferentes agrupamentos polticos, tanto em magnitude como em contribuio relativa de cada componente da pegada.
A Pegada Ecolgica total dos quatro grupos polticos mais do que dobrou entre 1961 e 2007. Em todos os grupos, o maior aumento foi na pegada de carbono (Figura 21). Embora a pegada de carbono da OCDE seja de longe a maior de todas as regies e tenha aumentado dez vezes desde 1961, no teve a maior velocidade de aumento: a pegada de carbono dos pases da ANSA aumentou mais de 100 vezes, ao passo que a pegada dos BRICs aumentou 20 vezes e a dos pases da Unio Africana aumentou 30 vezes.
OECD
BRIC
ASEAN
Unio Africana
Legenda
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Populao (milhes)
Captulo 1: A situao do planeta
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 41
Em contraste, a contribuio relativa dos componentes da pegada da lavoura, pastagem e fl orestas em geral diminuiu em todas as regies. A diminuio da pegada da lavoura a mais acentuada, com queda da faixa de 44 a 62% em 1961 para 18 a 35% em 2007, em todos os agrupamentos. Essa mudana de uma Pegada Ecolgica com predominncia de biomassa para o predomnio do carbono refl ete uma substituio do consumo de recursos ecolgicos pela energia gerada por combustveis fsseis.
OCDE
1961
2007
BRIC Unio Africana
ASEAN
Figura 20: A dimenso e composio relativas da Pegada Ecolgica total dos pases da OCDE, BRIC, ASEAN e Unio Africana em 1961 e 2007A rea total de cada grfico tipo pizza mostra a magnitude relativa da Pegada de cada regio poltica (Global Footprint Network, 2010)
Carbono
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Floresta
Pesqueiros
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Legenda
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BIOCAPACIDADE: NACIONALA biocapacidade de um pas determinada por dois fatores: as reas de lavouras, de pastagens, aquelas utilizadas para a pesca e para o manejo fl orestal localizadas dentro de suas fronteiras; e nvel de produtividade dessas terra, corpos dgua e mares. (ver Quadro: A medio da biocapacidade).
Captulo 1: A situao do planeta
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Biocapacidade per capita
0-1.5 gha
1.5-3.0 gha
3.0-4.5 gha
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6.0-7.5 gha
7.5-9.0 gha
9.0-10.5 gha
Acima de 10.5 gha
Dados insufi cientes
Mapa 4: Mapa global da biocapacidade per capita em 2007Quanto mais escura a cor, maior a biocapacidade per capita (Global Footprint Network, 2010)
A medio da biocapacidadeA biocapacidade abrange terras cultivveis para a produo de alimentos, fi bras e biocombustveis; pastagens para produtos de origem animal, como carne, leite, couro e l; recurosos pesqueiros costeiros e continentais; e fl orestas, que tanto fornecem madeira, como podem absorver CO2.
A biocapacidade leva em considerao a rea de terra disponvel, bem como a produtividade da terra, medidas pela produtividade por hectare das culturas ou rvores nela inseridas. As lavouras de pases secos e/ou frios, por exemplo, podem ser menos produtivas do que as lavouras de pases mais quentes e/ou mais midos. Se a terra e o mar de uma nao so altamente produtivos, a biocapacidade do pas pode abranger mais hectares globais do que a quantidade efetiva de hectares. Da mesma forma, aumentos da produtividade das culturas elevam a biocapacidade. Por exemplo, a rea de terras utilizadas para as culturas de maior prevalncia, cereais, tem-se mantido relativamente constante desde 1961, enquanto a produtividade por hectare mais que dobrou.
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Figura 21: Dez principais biocapacidades nacionais em 2007Apenas dez pases responderam por mais de 60% da biocapacidade da Terra (Global Footprint Network, 2010)
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Figura 22: Biocapacidade per capita por pas em 2007Essa comparao engloba todos os pases com populao superior a um milho para os quais esto disponveis dados completos (Global Footprint Network, 2010)
Pastagens
Florestas
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Figura 23: Variaes na Pegada Ecolgica e biocapacidade global per capita entre 1961 e 2007. A biocapacidade total per capita (em hectares globais) apresenta quedas medida que a populao do mundo aumenta (Global Footprint Network, 2010)
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A anlise da biocapacidade em nvel nacional revela que mais da metade da biocapacidade do mundo se encontra dentro das fronteiras de apenas dez pases. O Brasil possui a maior biocapacidade, seguido em ordem decrescente de China, Estados Unidos, Federao Russa, ndia, Canad, Austrlia, Indonsia, Argentina e Frana (Figura 21).
Tampouco h equivalncia da biocapacidade per capita no mundo, que calculada por meio da diviso da biocapacidade nacional pela populao do pas. Em 2007, o pas com maior biocapacidade per capita foi o Gabo, seguido em ordem decrescente por Bolvia, Monglia, Canad e Austrlia (Figura 23). Em um mundo com sobrecarga de utlizao de recursos naturais, a distribuio desigual da biocapacidade suscita questes geopolticas e ticas sobre a diviso dos recursos do mundo.
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1961 1971 1981 1991 2001 2007
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Ano
Pegada EcolgicaBiocapacidade
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Planeta Vivo Relatrio 2010 p. 46
A Pegada Hidrolgica da Produo oferece uma medida da utilizao da gua em diferentes pases, bem como uma indicao da demanda humana por recursos hdricos nacionais (Chapagain, A.K. and Hoekstra, A.Y., 2004). Representa o volume de gua verde (precipitao e evapotranspirao) e azul (retirada de guas superfi ciais e subterrneas) consumido na produo de bens agrcolas da lavoura e pecuria a principal utilizao da gua (Figura 24) , bem como a gua cinza (poluio e reuso) gerada pela agricultura e por usos domsticos e industriais (ver Quadro: Clculo da pegada da gua).
Muitos pases esto sofrendo dfi cit hdricoDiferentes pases usam e poluem volumes de gua muitssimo diferentes (Figura 26). importante citar que isso impe nveis variados de dfi cit hdrico sobre os recursos hdricos nacionais. O dfi cit hdrico calculado como a razo da soma das Pegadas Hidrolgicas azul e cinza da Produo para os recursos hdricos renovveis disponveis. Conforme mostrado na Figura 26, 45 pases atualmente esto sofrendo dfi cit de moderado a grave sobre as fontes de gua azul. Incluem-se a os principais produtores de bens agrcolas para os mercados nacional e global, inclusive ndia, China, Israel e Marrocos. Essa presso sobre os recursos hdricos ir se tornar ainda mais aguda com o aumento das populaes humanas e o crescimento econmico, e ser exacerbada ainda mais pelos efeitos da mudana do clima.
Uma limitao dessa anlise que ela se restringe ao nvel nacional, ao passo que o uso da gua se d muito mais em nvel local ou de bacia hidrogrfi ca. Assim, os pases classifi cados como isentos de dfi cit hdrico podem ter reas de elevado dfi cit, e vice-versa. Por esse motivo, a anlise deve ser refi nada ainda mais, at chegar ao nvel local e das bacias hidrogrfi cas.
A PEGADA HIDROLGICA DA PRODUO
Figura 24: A Pegada Hidrolgica total da Produo para o uso agrcola, industrial e domstico; e a proporo de gua cinza, verde e azul no mbito da Pegada Hidrolgica da Produo do setor agrcola (Chapagain, A.K., 2010)
90% Agricultura
7% Indstria
3% Setor residencial
15% gua Cinza
10% gua Azul
75% gua Verde
Captulo 1: A situao do planeta
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Quanta gua vai no seu caf?A Pegada Hidrolgica da Produo de um produto agrcola inclui toda a gua usada e poluda no cultivo dessa cultura especfi ca; contudo, a Pegada Hidrolgica total do produto fi nal inclui tambm toda a gua usada e poluda em cada etapa subsequente da cadeia produtiva, bem como em seu consumo (Hoekstra, A.Y. et al., 2009). Essa gua tambm conhecida como gua virtual.
Figura 25: A Pegada Hidrolgica de um produto
AGRICULTOR PRODUTOR VAREJISTA CONSUMIDOR
Uso da gua
verde e azul
Uso da gua azul
Uso da gua azul
Uso da gua azul
gua cinza
gua cinza
gua cinza
gua cinza
Pegada hidrolgica de uma xcara de caf preto: 140 litrosInclui a gua utilizada para o cultivo do cafeeiro, a colheita, refi no, transporte e acondicionamento dos gros de caf, a venda do caf e o preparo da xcara fi nal (Chapagain, A.K. and Hoekstra, A.Y., 2007).
Pegada hidrolgica de um caf com leite com acar para viagem: 200 litrosA pegada hidrolgica aumenta ainda mais quando h acrscimo de leite e acar e chega a variar se o acar for proveniente da cana ou da beterraba. Se o produto fi nal for um caf para viagem em um copo descartvel, a pegada de gua incluir o volume de gua utilizada para produzir o copo tambm.
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1600
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