RELATÓRIO TÉCNICO DOS RESULTADOS DO SEGUNDO … · Discussão das modalidades de regularização...

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1 RELATÓRIO TÉCNICO DOS RESULTADOS DO SEGUNDO ANO DE ATIVIDADE – julho de 2006 a outubro de 2007 Contrato: ENV/2004/081-390 Consórcio Comunidades e Florestas

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RELATÓRIO TÉCNICO DOS RESULTADOS DO SEGUNDO ANO DE

ATIVIDADE – julho de 2006 a outubro de 2007

Contrato: ENV/2004/081-390

Consórcio Comunidades e Florestas

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................5

1.Descrição........................................................................................................................5

2.Descrição e avaliação da implementação das ações desenvolvidas ..................................... 10

Resultado 1: Experiências inovadoras e informações técnicas para fortalecimento dos direitos fundiários das comunidades locais em áreas florestada são identificadas, analisadas e usadas para recomendar políticas.............................................................................................. 10

Atividade 1-A: Identificar, documentar e comunicar experiências inovadoras para comunidades locais a fim de fortalecer os direitos fundiários às áreas de floresta. .......... 10

Atividade 1-B: Mecanismos pilotos para fortalecer iniciativas locais para assegurar os direitos fundiários às terras florestadas nas comunidades alvo. ..................................... 30

Atividade 1-C: Formular políticas para fortalecer iniciativas locais para o reconhecimento legal de direitos fundiários a áreas florestadas das comunidades que dependem da floresta............................................................................................................................... 41

Resultado 2: Ferramentas e sistemas apropriados de manejo florestal são identificados, testados e disseminados................................................................................................ 43

Atividade 2-A: Sintetizar informações relevantes sobre espécies prioritárias localmente valiosas e sistemas de manejo florestal de usos múltiplos existentes ............................. 44

Atividade 2-B: Preencher as lacunas de informação, aumentar a capacidade local e regional e desenvolver ferramentas necessárias para implantar sistemas de manejo florestal de uso múltiplo.................................................................................................................... 45

Atividade 2-C: Influenciar políticas públicas relativas a sistemas de manejo florestal de uso múltiplo.................................................................................................................... 53

Resultado 3: Estratégias para capturar maior valor de mercado para produtos florestais testadas e desenvolvidas............................................................................................... 53

Atividade 3-A - Identificar nichos locais e regionais para produtos florestais ................... 54

Atividade 3-B: Desenvolver planos de comercialização para a venda de produtos madeireiros e não-madeireiros das comunidades-alvo, incluindo-se discussões sobre custos e benefícios para essas comunidades.......................................................................... 62

Atividade 3-C: Aumentar a consciência sobre os produtos florestais por meio do desenvolvimento da capacidade e elaboração de políticas públicas ................................ 67

3. Resultados previstos do projeto e resultados alcançados no segundo ano de atividade. ...... 68

4. Custos por Atividades Realizadas ................................................................................... 71

5. Cronograma de atividades proposto para o terceiro ano de atividade do Projeto. ............... 72

6. Equipe Técnica e Administrativa do Projeto..................................................................... 75

7. Parcerias e instituições colaboradoras com a ação ........................................................... 76

8. Visibilidade................................................................................................................... 76

ANEXOS .......................................................................................................................... 77

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de localização dos sitos onde ocorrem ações do Consórcio. .............................6

Figura 2. Publicação com os resultados da sistematização do processo de regularização fundiária em Gurupá......................................................................................................... 12

Figura 3. Publicações: Agricultura Familiar e Políticas Públicas na Amazônia, Cadernos de Biobiversidade da Articulação Nacional para Agroecologia, Anais do III Seminário Áreas Protegidas e Inclusão Social. ............................................................................................. 13

Figura 4. Seminário regional sobre MFC realizado em Altamira/PA. ....................................... 14

Figura 5. Participantes do curso Oficina de Comunicadores Populares, realizada com lideranças as das rádios comunitárias de Porto de Moz e Gurupá. ........................................................ 15

Figura 6. Mapas de ambientes e uso de recursos naturais da reserva produzido durante o treinamento. .................................................................................................................... 16

Figura 7. Localização das quatro comunidades envolvidas no intercâmbio Porto de Moz/Gurupá sobre as diferentes modalidades de Regularização Fundiária (Fonte: LANDSAT ETM +7 e TM 5 Bandas R5, G4 e B3 de 01/08/2001, 05/11/2001 e 03/07/1999)........................................... 18

Figura 8. Grupo de pesquisadores locais das comunidades extrativistas de Porto de Moz (Foto: James Johnson). .............................................................................................................. 18

Figura 9. Visita de intercâmbio entre as comunidades de Porto de Moz e Gurupá. Visita às áreas de manejo de açaí (Foto: James Johnson). ......................................................................... 19

Figura 10. Visita de intercâmbio entre as comunidades de Porto de Moz e Gurupá. Visita ao Grupo de Mulheres (Foto: James Johnson). ........................................................................ 19

Figura 11. II Seminário de Regularização Fundiária da Margem Direita do Baixo Rio Xingu. (a) Discussão das modalidades de regularização fundiária apresentada pelo ITERPA; (b) Grupos de Trabalho discutindo as modalidades e preparando propostas de regularização; (c) e (d) Exemplos das propostas apresentadas. (Fotos (a) e (b): Romy Sato; (c) e (d) Christiane Ehringhaus). .................................................................................................................... 25

Figura 12. Este Mapa representa a distribuição das propostas de regularização fundiária das populações rurais de Porto de Moz resultantes do II Seminário de Regularização Fundiária da Margem Direita do Baixo Rio Xingu, realizado em Porto de Moz com apoio do Consórcio. ....... 26

Figura 13. Curso de Capacitação em Georreferenciamento com fins de Regularização Fundiária – Interpretação de Imagens de Satélite (Comunidades do Rio Majari, Porto de Moz). (Foto: Westphalen Nunes). ......................................................................................................... 28

Figura 14. Curso de Capacitação em Georeferenciamento com fins de Regularização Fundiária – Parte Prática, Mapeando-se a Área Comunitária (Comunidades do Rio Majari, Porto de Moz). (Foto: Pedro Vieira). ......................................................................................................... 28

Figura 15. Imagem representando a área comunitária da região do Rio Majari, Porto de Moz, produzido pelos comunitários a partir do curso de capacitação em georreferenciamento. O retângulo representa a área total delimitada pelos comunitários, com 8.364,92 ha, sendo que a parte de contorno vermelho se encontra no município de Porto de Moz, e a parte de contorno azul se encontra no município de Melgaço. ......................................................................... 29

Figura 16. Capacitação em Georeferenciamento (uso de equipamentos e interpretação de mapas) para comunidades Quilombolas localizadas na Margem direita do Rio Xingu, Porto de Moz (a) Parte teórica, e (b) Parte prática............................................................................ 30

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Figura 17. Mapeamento do desmatamento na ResEx Verde para Sempre, em Porto de Moz/PA....................................................................................................................................... 31

Figura 18. Validação das análises de pressão humana da RVPS a partir de sobrevôo em parceria com Greeenpeace............................................................................................................. 32

Figura 19. Mapa fundiário de Gurupá produzido a partir dos processos de legalização fundiária....................................................................................................................................... 34

Figura 20. Reunião sobre plano de uso na comunidade Gurupá-miri. ................................... 36

Figura 21. Audiência pública em Gurupá para a criação da RESEX Gurupá-Melgaço................ 38

Figura 22. Diagnóstico Socioeconômico no rio Jaburu, realizada pela ASTARJU, Breves-PA. .... 40

Figura 23. Procurador da República, discutindo estratégia de Regularização fundiária, durante evento promovido pelo Projeto. ......................................................................................... 42

Figura 24. Mapa produzido de forma participativa sobre a distribuição geográfica e densidade de andiroba na Comunidade do Jaburu. ............................................................................. 46

Figura 25. Volume de madeira comercial por diferente tipo de florestas analisadas. ............... 47

Figura 26. Diferença de densidade de estipes de açaí em áreas mais e menos exploradas para palmito............................................................................................................................ 51

Figura 27. Oficina sobre mapeamento participativo de limites realizada na comunidade São João do Jaburu, Gurupá, Pará. .................................................................................................. 55

Figura 28. Oficina de retorno dos resultados do Estudo de Mercado realizada na comunidade São João do Jaburu, Gurupá, Pará. .................................................................................... 57

Figura 29. Levantamento de informações com atravessadores para estudo de caracterização tipológica de atravessadores em Gurupá, Pará. ................................................................... 58

Figura 30. Levantamento de mercado com aplicação de questionários nas feiras, mercados, portos e supermercados da cidade de Belém, Pará.............................................................. 60

Figura 31. Produção de Murumuru e Grupo de Comercialização da Comunidade São João do Jaburu, Gurupá, Pará........................................................................................................ 65

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resumo comparativo entre as duas modalidades de uso e processos encaminhados pelas comunidades. .......................................................................................................... 21

Tabela 2. Modalidades fundiárias estabelecidas com a atuação do Consórcio. ........................ 33

Tabela 3. Volume de especies lentado para cada espécie de valor comercial. ........................ 47

Tabela 4. Análise da pressão sobre as espécies de valor comercial. ...................................... 48

Tabela 5. Número de indivíduos de espécies não madeireiras para diferentes ambientes de florestas. ......................................................................................................................... 49

Tabela 6. Cenários de aumento de produção para frutos de andiroba. .................................. 50

Tabela 7. Comparação do ganho estimado explorando-se fruto vs. palmito de açaí em um hectare de floresta. .......................................................................................................... 51

Tabela 8. Questionários aplicados a comerciantes e consumidores em pontos de demanda em Belém.............................................................................................................................. 59

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RELATÓRIO TÉCNICO INTERMEDIÁRIO

INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta as atividades e resultados do segundo ano do projeto Bridging

the Divide: Enhancing Forest Tenure, Management and Marketing in the Brazilian Amazon, que

tem duração prevista para quatro anos. Esse projeto corresponde ao contrato firmado entre a

Comissão da Comunidade Européia (CCE) e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da

Amazônia (Imazon). Para fins de nomenclatura, o projeto é denominado em português

“Consórcio Comunidades e Florestas”. O formato apresentado segue as orientações do contrato

(Annex II – General Conditions Applicable to European Community-financed grant contacts for

external action).

1. Descrição

1.1. Nome do beneficiário do contrato: Instituto do Homem e Meio Ambiente da

Amazônia – IMAZON.

1.2. Nome e cargo da pessoa de contato: Paulo Amaral – Coordenador do Projeto.

1.3. Nomes dos parceiros de ação: Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB),

Centro Internacional de Pesquisa Florestal (CIFOR) e Federação de Órgãos para a

Assistência Social e Educacional (Fase).

1.4. Título do Projeto: Bridging the Divide: Enhancing Forest Tenure, Management and

Marketing in the Brazilian Amazon.

1.5. Número do Contrato: ENV/2004/081-390.

1.6. Data do início e final do período do relatório: 01 de Julho de 2006 a 31 de

outubro de 2007.

1.7. País e regiões alvos da ação do projeto: As atividades de campo do projeto são

executadas nas regiões de fronteira de ocupação da Amazônia em Gurupá, Porto de

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Moz e Marabá (Figura 1). A maneira como os conflitos entre as comunidades

florestais, indústrias e governo se desenrola nessa região, prenuncia as futuras

condições ambientais e sociais para outras seis milhões de famílias que dependem

diretamente dos recursos naturais da Amazônia para sua sobrevivência. A

Instituição líder do projeto, o Imazon, é baseada em Belém, a capital do Estado do

Pará.

Figura 1. Mapa de localização dos sitos onde ocorrem ações do Consórcio.

1.8. Grupos alvos finais dos beneficiários do projeto: Um total de 9.350 famílias em três

áreas de ação beneficiar-se-á diretamente da ação do projeto a partir de melhorias

na segurança fundiária, de boas práticas de manejo de capturar os melhores

benefícios da floresta. As instituições participantes locais são os beneficiários

intermediários que terão suas capacidades técnicas, institucional e organizacional

melhoradas. Estas instituições são: Laboratório Sócio-Agronômico do Tocantins-

LASAT (Marabá-PA), Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz

(Porto de Moz-PA) e Fórum de Articulação de Manejo Florestal Comunitário do

Estuário Amazônico-FAE (Gurupá-PA).

1.9. Objetivos: Os objetivos globais do projeto são: conservar a diversidade biológica e

as funções ecológicas do ecossistema florestal tropical amazônico e melhorar o

padrão de vida e o bem-estar das populações que dependem da floresta.

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1.10. O projeto enfoca em três questões interligadas: 1) manejo florestal, que está

fortemente condicionado pela 2) segurança fundiária e pelos 3) mercados.

Trabalhamos com a hipótese que existe uma forte interação entre o manejo

florestal e a segurança fundiária. Por outro lado, supomos que há uma interação

entre a segurança fundiária e os mercados, porém, ela é menor. Para tratar

efetivamente essas três questões, o projeto trabalha no sentido de aproximar as

visões entre os órgãos federais fundiários (INCRA) e aqueles responsáveis pelo

manejo florestal (IBAMA e Secretarias de Meio Ambientes Estaduais e Municipais) e

os movimentos ambientais e sociais.

1.11. A expectativa é que o projeto produza os seguintes resultados:

A. Experiências inovadoras e informações técnicas para fortalecimento dos

direitos fundiários das comunidades locais a terras florestadas são identificadas,

analisadas e usadas para auxiliar na tomada de decisão e formulação de

políticas.

B. Ferramentas apropriadas e sistemas de manejo florestal são identificados,

testados e disseminados.

C. Estratégias para capturar um maior valor de mercado para produtos

florestais são desenvolvidas e testadas.

1.12. Resultados esperados:

Segurança fundiária - Componente I:

A definição da situação fundiária da terra oferece garantias ao produtor para que

ele possa planejar o uso dos recursos florestais em longo prazo. Estudando e

documentando os mecanismos que podem assegurar a regularização da situação

fundiária nas comunidades, é possível usar essa informação para catalisar processos

similares de regularização fundiária nas áreas florestais do Pará.

Manejo florestal – Componente II:

O acesso a informações técnicas é fundamental para que as comunidades

decidam manejar seus recursos florestais. Dessa forma, é essencial identificar e analisar

quais espécies de árvores de valor madeireiro e não-madeireiro são importantes a partir

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da perspectiva das comunidades e do mercado, bem como estudar as diretrizes de

manejo dessas espécies de acordo com o ponto de vista da comunidade.

Mercados – Componente III:

É possível suprir a carência de informações econômicas por meio de uma análise

do potencial de mercado para as espécies de árvores de valor madeireiro e não-

madeireiro a serem manejadas pela comunidade. Possibilitar o acesso a essas

informações contribui para que os interesses dos comunitários sejam compatíveis com

os do mercado.

1.13. Principais metas para o terceiro ano:

� Ampliar as ações do componente fundiário para outras regiões do estuário

amazônico e auxiliar no processo de regularização fundiária a ser conduzido pelo Iterpa

no Rio Majari em Porto de Moz;

� Aproximação e participação de atores estratégicos (governo e organizações locais)

das ações fundiárias desenvolvidas e em planejamento no consórcio;

� Realizar estudos sobre o processo de ordenamento territorial a partir de

assentamentos agrícolas na região de Marabá;

� Ampliar a coleta de dados e capacitação de comunitários sobre manejo de espécies

de importância estratégicas para as Comunidades de Porto de Moz e Gurupá;

� Promover intercâmbios entre comunidades do estuário amazônico sobre o manejo

florestal comunitário;

� Expandir os estudos de mercado e capacitação de produtores de Gurupá e Porto de

Moz sobre mercado e formulação de preços;

� Participar de processos políticos para influenciar políticas públicas para o manejo e

conservação florestal.

1.14. Resultados alcançados:

� Sistema de governança e administração entre os parceiros consolidado;

� Ações fundiárias do projeto expandidas para outras regiões do estuário Amazônico;

� Formalização de convênio com Instituto de Terra do Pará – ITERPA para ações

conjuntas de regularização fundiária na margem direita do Baixo Rio Xingu,

� Realização de oficinas em georreferenciamento e interpretação de imagens de

satélite a comunitários de Porto de Moz;

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� Realização de intercâmbio entre comunitários de Porto de Moz e Gurupá para

análise de modalidades de regularização fundiária;

� Oficinas de capacitação em georreferenciamento de comunitários da margem direita

do Rio Xingu;

� Mapeamento participativo com georreferenciamento de duas comunidades em Porto

de Moz;

� Atuação junto à coordenação do II Seminário de Regularização Fundiária da

Margem Direita do Baixo Rio Xingu;

� Realização do VI Encontro sobre Manejo Florestal Comunitário do Estuário do Rio

Amazonas;

� Ampla difusão de resultados sobre estudos ecológicos da andiroba;

� Realização da oficina para formação de comunicadores em Porto de Moz;

� Participação nas ações do Ibama e Ministério público na reserva Verde para Sempre

a partir de influência de resultados publicados pelo projeto;

� Publicação de estudo sobre regularização fundiária no estuário Amazônico;

� Estudo de mercado ampliado e capacitação de comunitários de Porto de Moz e

Gurupá.

1.15. Riscos e dificuldades:

� Atraso no repasse da segunda parcela do orçamento financeiro do projeto por parte

da Comissão Européia;

� Dificuldade para formalizar contrato e repasse de recursos financeiros com um dos

parceiros, o Cifor;

� Desvalorização cambial do Euro frente ao Real e inflação dos custos operacionais do

Projeto;

� Mudanças nas políticas para o setor florestal e fundiário provocam impactos

positivos e negativos para as comunidades alvo do projeto.

1.16. Meios propostos para alcançar os resultados:

O projeto contou com uma equipe dedicada exclusivamente às atividades

distribuídas entre as instituições parceiras sob a coordenação administrativa do Imazon.

Para a governança do projeto foram definidos dois comitês gestores. Um comitê técnico

formado por coordenadores dos componentes (escolhidos entre os parceiros),

coordenadores do projeto nas instituições e representantes dos sócios locais. Esse comitê

se reúne ao menos uma vez por semestre ou sempre que necessário e tem como

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principal missão a execução das atividades propostas. O outro comitê constitui um

Conselho Diretor formado pelos diretores das instituições parceiras, cuja função maior é

monitorar as atividades do consórcio. O controle gerencial e financeiro foi estruturado em

um sistema integrado on line de lançamentos de gastos e despesas que permite um

acompanhamento em tempo real de gastos e saldos.

A seguir, a descrição das atividades previstas e executadas.

2. Descrição e avaliação da implementação das ações desenvolvidas

Resultado 1: Experiências inovadoras e informações técnicas para

fortalecimento dos direitos fundiários das comunidades locais em áreas

florestada são identificadas, analisadas e usadas para recomendar políticas

A segurança fundiária, por parte de produtores e comunidades locais, tem sido

identificada como condição básica para que o manejo florestal seja uma opção viável a esses

grupos. Entretanto, as políticas e ações dos governos têm sido modestas ou pouco efetivas

nessa área. A política de criação de Unidades de Conservação, como estratégia de conservação

e garantia de acesso aos recursos florestais das populações locais, tem esbarrado na

morosidade da efetivação dessas Unidades. Por outro lado, as ações para populações que estão

fora das Unidades de Conservação têm como entraves a desordem fundiária na Amazônia, um

forte esquema de aquisição ilegal de terras, os entraves institucionais no processo de

regularização fundiária, os custos elevados dos processos e a falta de acesso a

acompanhamento jurídico e técnico aos pequenos produtores.

As atividades do Componente I do consócio, nesta fase, centraram suas atividades em

três grupos de ações: (i) documentação, sistematização e publicação de iniciativas

regularização fundiária (ii) análise da pressão humana na Reserva Verde para Sempre, análises

da efetividade dos programa de assentamentos agrícolas, (iii) mapeamento participativo de

comunidades para fins de regularização fundiária, (iv) organização de eventos e capacitação

sobre regularização fundiária.

Atividade 1-A: Identificar, documentar e comunicar experiências inovadoras para comunidades locais a fim de fortalecer os direitos fundiários às áreas de floresta. 1. Sistematização das experiências de ações inovadoras para direito de

propriedade em Gurupá.

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A insegurança fundiária devido a falta de regularização das terras sobre domínio das

comunidades está entre os principais problemas que dificultam a expansão do manejo e

conservação florestal. O manejo florestal é uma atividade de longo prazo e necessita que a

questão fundiária esteja resolvida. Entretanto, as ações do Estado nessa área tem se mostrado

débil. A principal política do governo federal tem sido a criação de Unidades de Conservação.

Embora essa política tenha conseguido resultados importantes, uma parcela importante de

populações está fora dessas unidades ou insatisfeitas com os modelos propostos. Para

enfrentar esse dilema o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá em parceria com a FASE,

vem desenvolvendo formas alternativas para regularização e consolidação fundiária das

comunidades locais de Gurupá.

As experiências de regularização fundiária em Gurupá contabilizam mais de 104 mil

hectares de florestas regularizados a partir de um amplo debate envolvendo todas as famílias

locais a fim de identificar as demandas e prioridades que melhor se ajustavam a realidade local.

Para documentar a experiência de regularização de Gurupá, foram realizadas duas

oficinas de trabalho com lideranças e comunitários durante os meses de abril a julho 2006. A

primeira oficina foi estruturada em três etapas: (i) resgate da situação inicial vivida pelo

grupo local antes do processo de regularização fundiária e caracterização do contexto e

pressupostos que orientariam as ações posteriores dos grupos e organizações; (ii) descrição e

análise crítica do processo de regularização fundiária e adoção de práticas de manejo

florestal pelos grupos locais; e (iii) identificação dos novos aprendizados e lições vividas

e aprendidas pelo processo em comparação aos pressupostos iniciais.

Na segunda oficina, validaram-se as informações sistematizadas com o mesmo grupo da

primeira e com outros representantes de organizações locais.

Um dos produtos da sistematização foi o documento “Regularização Fundiária e Manejo

Florestal Comunitário na Amazônia: Sistematização de uma experiência inovadora em Gurupá-

PA” (Figura 2). Este documento foi lançado em 15 de dezembro de 2006 com uma tiragem de

2.000 cópias. Foram realizados eventos de lançamentos em Brasília e Gurupá. Em Brasília

contou com a participação de 100 pessoas representantes de ONGs do Governo. Em 24 de

agosto de 2007, foi realizado um seminário para lançamento da publicação em Gurupá. Esse

evento contou com a participação de 150 pessoas, entre lideranças comunitárias e

representantes de organizações locais e do Governo.

O documento foi amplamente divulgado nas escolas municipais Manoel Januário, Zona

Rural do Distrito de Itatupã, Município de Gurupá, Escola Municipal Maryocai, Escola Estadual

de Ensino Fundamental e Médio Marcílio Dias. Esta última prestou uma homenagem no feriado

do Dia da Pátria em sete de setembro de 2007, que por ocasião do desfile da escola, um

pelotão com 14 alunos exibiu faixas e cartazes com frases sobre o lançamento do livro:

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“Regularização Fundiária e Manejo Florestal Comunitário na Amazônia”. Além disso,

recentemente, a FASE foi procurada por um produtor cinematográfico que demonstrou

interesse em produzir um filme sobre a história de Gurupá baseado na experiência da

publicação.

Até novembro de 2007 foram distribuídos cerca de mil exemplares para os diferentes

públicos. O documento, também está disponível no site do IEB, onde nos dois primeiros meses

foram feitos 82 downloads (www.iieb.org.br).

Figura 2. Publicação com os resultados da sistematização do processo de regularização fundiária em Gurupá.

Além disso, o IEB tem divulgado as ações do projeto em diversos eventos e fóruns

políticos. A experiência de manejo e regularização fundiária realizado pela FASE foi publicada

em dois livros com abrangência nacional e regional: “Cadernos de Biodiversidade da Articulação

Nacional para Agroecologia e na Agricultura Familiar” e “Políticas Públicas na Amazônia”. Já a

ação de articulação interinstitucional em Porto de Moz foi publicada nos Anais do III Seminário

Áreas Protegidas e Inclusão Social (Figura 3).

O IEB, também, ajudou em processos de articulações locais interinstitucionais com

intuito de levantar propostas para políticas públicas para manejo florestal comunitário e

regularização fundiária. Neste processo de articulação interinstitucional, pretende-se consolidar

articulações locais reunindo lideranças comunitárias e seus representantes, gestores de órgãos

governamentais e ONGs para lançar um fórum regional de discussão e encaminhamento de

demandas, relacionadas às ações do projeto.

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Figura 3. Publicações: Agricultura Familiar e Políticas Públicas na Amazônia, Cadernos de Biobiversidade da Articulação Nacional para Agroecologia, Anais do III Seminário Áreas Protegidas e Inclusão Social.

2. Realização de eventos e de capacitação

A. Seminário Regional sobre Manejo Florestal Comunitário

O IEB participou na coordenação do Seminário Regional sobre Manejo Florestal

Comunitário, reunindo lideranças de assentamentos rurais da Transamazônica, lideranças da

ResEx Verde para Sempre, de Porto de Moz e do Fórum da BR-163 (Figura 4). O objetivo deste

seminário foi de consolidar uma articulação local para o MFC e discutir ações estruturantes para

viabilização do manejo por comunidades, tais como: organização comunitária; infra-estrutura;

assessoria técnica; financiamento e mecanismos de articulação entre as iniciativas e instituições

de apoio e promoção do MFC.

Participaram do evento 35 agricultores da BR 163, Porto de Moz e de nove comunidades

rurais do município de Altamira (Vicinal dos Crisóstomos, Itapuama, TransUnião, Virgilio Pereira,

Travessão Bom Jesus, Trairão, Planalto, Paratizinho e Assurini) e representantes do Projeto de

Associações-modelo do Alto Moju – Associações Fortalecidas para o Manejo Florestal

Comunitário em Igarapé-Açu e Itabocal Moju-Pará (Associação de Lavradores de Igarapé Açu

(Alia) – Alto Moju); Projeto Mangangá – Polinizar o Manejo Florestal nos PA´s Assurini –

Comunidade do Cocal e Morro dos Araras – Comunidade do Preenchida Altamira-Pará

(Fundação Tocaia – Altamira-Pará); Projeto de Iniciativas de Sensibilização e Capacitação em

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Manejo Florestal Comunitário na Transamazônica na BR 163, Porto de Moz e Altamira

(LAET/UFPA); Projeto ações de capacitação a lideranças comunitárias (IEB); Projeto

Capacitação em Identificação Botânica de Espécies Florestais (Embrapa Amazônia Oriental);

Projeto de Manejo Florestal Maçaranduba (COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL RA

– Associação Comunitária de Desenvolvimento Sustentável do Rio Arimum) e representante do

FSC - Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, PRONERA – Programa Nacional de Educação na

Reforma Agrária, UFPA – Universidade Federal do Pará, Campus de Altamira, SEMAT-Altamira e

dos STR’s – Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Rurópolis e Itaituba (Figura 4).

Além disso, o IEB participou dos dias 31 de agosto a 04 de setembro de 2007 da Oficina de

Elaboração do Plano Emergencial e Criação do Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista

Verde para Sempre, organizada pelo Ibama, que teve como objetivo finalizar os instrumentos

legais de elaboração e implementação do Plano Emergencial e a criação do Conselho

Deliberativo, além de debater e encaminhar procedimentos para a consolidação da ResEx Verde

para Sempre.

Figura 4. Seminário regional sobre MFC realizado em Altamira/PA.

B. Oficina de Formação de Comunicadores Populares

Atendendo uma demanda de organizações locais de Porto de Moz, o IEB realizou uma

capacitação a lideranças envolvidas com rádios comunitárias (Figura 5). A capacitação teve

como objetivo, estabelecer uma estratégia de disseminação e discussão com os atores locais

sobre a viabilidade da Reserva Verde para Sempre, bem como ampliar as audiências sobre as

atividades e os resultados das ações do Consórcio.

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O evento ocorreu entre os dias 25 e 27 de julho de 2006, na cidade de Porto de Moz,

Pará. O curso, dentre outras coisas, privilegiou uma reflexão crítica sobre o modelo de

comunicação no Brasil e as rádios comunitárias que, por seu potencial de mobilização, grande

alcance social e baixo custo são extremamente adequados à divulgação de informações a

respeito da temática ambiental e a educomunicação.

Para ministrar o curso foi contratada a comunicadora Mara Régia di Perna, coordenadora

do Programa Natureza Viva da Rádio Nacional da Amazônia. No total, foram capacitadas 18

pessoas, sendo que 33% eram do sexo feminino. Existe uma demanda para realização de um

nível avançado dessa capacitação, que ficou de ser avaliada conjuntamente entre parceiros e

participantes do evento (ver lista de participantes em Anexo 1).

Figura 5. Participantes do curso Oficina de Comunicadores Populares, realizada com lideranças as das rádios comunitárias de Porto de Moz e Gurupá.

C. Treinamento de comunitários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Itatupã-Baquiá.

Tendo em vista a formação do Conselho Deliberativo e elaboração do Plano de Manejo

da RDS Itatupã-Baquiá no Município de Gurupá, Pará, a FASE promoveu um treinamento para

capacitar os comunitários a fim de promover a participação efetiva destes no processo. Para

isto, foi capacitado um grupo de comunitários sobre os seguintes temas: legislação ambiental,

ecologia florestal, mapeamento participativo e uso de GPS.

O treinamento ocorreu na comunidade de Belo Horizonte e foram capacitadas 21

pessoas. Um dos resultados foi a elaboração de mapas temáticos de ambientes e uso da

Reserva de Desenvolvimento Sustentável, que tem subsidiado a elaboração do plano de uso

dos recursos naturais da reserva (Figura 6).

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Figura 6. Mapas de ambientes e uso de recursos naturais da reserva produzido durante o treinamento.

Além da apropriação de conteúdos teóricos e práticos, a realização desses treinamentos

proporcionou aos moradores conhecer melhor as etapas de implantação da RDS e garantiu uma

maior integração entre as comunidades, rompendo o isolamento tradicional que as envolvia.

A convicção de que Unidades de Conservação de uso sustentável é o melhor

instrumento para garantir a segurança jurídica da posse da terra e o uso mais apropriado dos

recursos naturais, impulsionou os moradores a realizarem intercâmbios com comunidades

localizadas nos municípios de Afuá, Breves e Portel, despertando seu interesse em iniciar o

processo de regularização fundiária e gestão dos recursos naturais.

Apesar da ausência do CNPT/IBAMA e do INCRA, foram essas atividades que permitiram

dar continuidade às discussões de consolidação da RDS e mobilizaram a população para exigir a

atuação efetiva do poder público (Anexo 2).

3. Intercâmbio sobre Modalidades de Regularização Fundiária e Manejo dos

Recursos Naturais entre Ribeirinhos dos Municípios de Porto de Moz e Gurupá e

Socialização dos Resultados desta Experiência nas Comunidades.

No período de 11 a 18 de setembro de 2006, o CIFOR, em parceria com o Comitê de

Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz, coordenou as atividades de intercâmbio entre

ribeirinhos do estuário amazônico, com apoio do STR de Gurupá e FASE. O evento também

serviu como forma de retornar os resultados da visita às comunidades de Porto de Moz, por

parte dos comunitários de Gurupá. Durante todo o período desse trabalho, houve a colaboração

17

do pesquisador James Johnson, doutorando da Universidade de Freiburg (Alemanha), que

participa do projeto ForLive, também financiado pela European Union (EU).

O objetivo deste intercâmbio foi propiciar a um grupo de ribeirinhos de Porto de Moz a

oportunidade de conhecer diretamente duas modalidades de regularização fundiária, a fim de

embasarem os encaminhamentos sobre o processo de regularização fundiária das terras das

comunidades.

As atividades de intercâmbio envolveram diretamente quatro ribeirinhos (1 mulher e 3

homens) das Comunidades Espírito Santo e São João, parceiras do consórcio em Porto de Moz,

que visitaram duas comunidades ribeirinhas localizadas no município de Gurupá: a Comunidade

São Sebastião (Ilha de Santa Bárbara) e a Comunidade Nossa Senhora da Conceição do Bacá

(Figuras 7 e 8). As duas comunidades foram selecionadas por possuírem processos distintos de

luta pela regularização de suas terras: os moradores da comunidade São Sebastião da Ilha da

Santa Bárbara, optaram pela concessão coletiva de sua área, enquanto que os moradores da

comunidade de Nossa Senhora da Conceição do Bacá optaram pela titulação individual de seus

lotes. A missão do grupo de ribeirinhos de Porto de Moz foi de analisar como ocorreram esses

processos de regularização e identificar os aspectos positivos e negativos de cada uma dessas

modalidades. Além da questão fundiária em si, procurou-se entender as formas de manejo dos

recursos naturais que as comunidades de Gurupá utilizavam, com destaque para o manejo do

açaí (Figura 9), da madeira e o grupo de mulheres artesãs (Figura 10).

18

Figura 7. Localização das quatro comunidades envolvidas no intercâmbio Porto de Moz/Gurupá sobre as diferentes modalidades de Regularização Fundiária (Fonte: LANDSAT ETM +7 e TM 5 Bandas R5, G4 e B3 de 01/08/2001, 05/11/2001 e 03/07/1999).

Figura 8. Grupo de pesquisadores locais das comunidades extrativistas de Porto de Moz (Foto: James Johnson).

19

Figura 9. Visita de intercâmbio entre as comunidades de Porto de Moz e Gurupá. Visita às áreas de manejo de açaí (Foto: James Johnson).

Figura 10. Visita de intercâmbio entre as comunidades de Porto de Moz e Gurupá. Visita ao Grupo de Mulheres (Foto: James Johnson).

Outro resultado do intercâmbio foi a socialização da experiência vivida em processos

políticos e de manejo florestal, pelo grupo de Gurupá com comunidades de Porto de Moz. A

Reunião de Socialização ocorreu na comunidade São João, reunindo 52 pessoas das

comunidades São João e Espírito Santo.

20

Os principais resultados do intercâmbio apresentados às comunidades de Porto de Moz

foram:

• As duas comunidades possuem histórico de mau uso dos recursos naturais, conflitos

pela posse da terra (sem conhecimento dos limites da terra), fraca organização

comunitária;

• A comunidade de Santa Bárbara, modalidade coletiva, obteve regularização de suas

terras seguindo as etapas descritas: a) demarcação dos lotes e cadastro das famílias; b)

encaminhamento de requerimento à Gerência Regional de Patrimônio da União (GRPU);

c) acompanhamento do processo no Pará e em Brasília. O primeiro contrato de cessão

ocorreu depois de três anos;

• O apoio de STR-Gurupá, FASE e da própria comunidade foram decisivos para

conseguir a regularização fundiária. Porém, as comunidades tiveram de investir tempo e

dedicação, pois houve muitas reuniões até chegar ao objetivo final. Foi um processo

demorado;

• Atualmente, a comunidade é mais unida e os recursos estão aumentando por meio

do bom manejo. O plano de uso dos recursos foi fundamental para o manejo adequado;

• A comunidade de Santa Bárbara tem na venda do açaí, palmito e camarão sua

principal fonte de renda, enquanto que na comunidade do Bacá a principal fonte de

renda vem do açaí, madeira e farinha;

• A Comunidade do Bacá, modalidade individual, seguiu as seguintes etapas para

regularizar suas terras: a) convênio com a Prefeitura de Gurupá, STR, FASE e ITERPA;

b) fazer 111 requerimentos para o ITERPA; c) demarcar os 111 lotes

individualmente; d) pagar o valor de R$ 96,00 pela demarcação de cada lote; e)

aguardar os títulos.

A Tabela 1 resume as principais diferenças entre as duas estratégias (coletivo e

individual) e suas implicações para as comunidades. O uso desse quadro se mostrou muito

eficiente para sensibilizar e visualizar as vantagens e desvantagens das duas estratégias para a

regularização fundiária. A apresentação dos resultados em cartazes pelo grupo de ribeirinhos foi

muito elogiada. O intercâmbio foi considerado muito importante para os grupos, que se

declararam motivados com o trabalho e dispostos a enfrentar a longa caminhada para

regularizar as suas áreas.

21

Tabela 1. Resumo comparativo entre as duas modalidades de uso e processos encaminhados pelas comunidades.

COMUNIDADES

ASPECTOS AVALIADOS SANTA BÁRBARA (COLETIVO)

BACÁ (INDIVIDUAL)

Tipo de documento Concessão coletiva Propriedade individual

Tamanho da área Área que a família ocupa Área máxima de 100 hectares

Área comunitária Pode incluir área comunitária

Não pode ter área comunitária

Quem paga os impostos

Governo Proprietário

Quem paga o registro Governo Proprietário

Venda da terra Não pode vender Pode vender após 10 anos

Apoio técnico-financeiro

Investimentos governamentais – política pública

Investimentos de responsabilidade principal do proprietário

Ambiente Terra firme e várzea Terra firme

Como propostas para ações futuras do projeto, os presentes na reunião definiram as

seguintes prioridades:

• Fazer treinamento em georreferenciamento (GPS e Bússola) para os comunitários, a

fim de que estes possam ser protagonistas do processo de regularização na importante

etapa de delimitação das suas terras;

• Mapear com georreferenciamento a área comunitária;

• Demarcar os limites de respeito dos comunitários;

• Ampliar a discussão sobre regularização fundiária para outras comunidades da região;

• Produzir uma cartilha sobre a regularização de terras.

• Os representantes das comunidades formarão uma equipe para sensibilizar as

famílias que não estavam presentes na reunião e/ou ainda possuem dúvidas sobre a

regularização fundiária. Mapear as famílias que estão mais céticas ou resistentes a

participar do projeto. Na equipe da comunidade São João, foram selecionados três

homens. Na comunidade Espírito Santo foram indicados dois homens e outra pessoa a

ser escolhida na comunidade.

22

4. Reunião e Seminário Local de Sensibilização sobre Regularização Fundiária nas

comunidades da margem direita do Rio Xingu, Porto de Moz.

A. Reunião de Sensibilização sobre Regularização Fundiária no Setor Acay em Porto de Moz.

Nos dias 27 e 28 de novembro de 2006, o CIFOR apoiou reunião na Comunidade

Taperu, que reuniu 56 representantes das comunidades Tauera, Buiuçu, Taperu, Espírito Santo

– Boca do Rio Acay e Mutuncaia. Participaram também representantes do Comitê de

Desenvolvimento Sustentável da Paróquia de São Braz.

Os objetivos do encontro foram discutir a questão fundiária desta região, seus

problemas e conflitos, a fim de conscientizar os comunitários da necessidade de se

organizarem, se informarem e serem protagonistas na busca da solução dos conflitos de terra.

Para gerar a problematização durante a reunião, a equipe técnica apresentou a situação

de Gurupá e seus sucessos quanto à regularização fundiária; as atividades que vinham sendo

realizadas pelo CIFOR e seus parceiros junto às comunidades Espírito Santo e São João, no alto

Rio Majari; apresentou as diferentes modalidades fundiárias existentes e a legislação de terras

no Pará.

A reunião foi avaliada como importante e produtiva para os comunitários se

esclareceram e se organizarem sobre a regularização de suas terras. Após discussões e

trabalhos em grupo, os comunitários chegaram ao consenso de apoiar a forma coletiva como

melhor modelo para garantir sua cultura e conservação dos recursos naturais, definindo-se, a

princípio, a modalidade de Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) como o melhor

modelo para a realidade local. Os participantes assumiram compromisso de uma nova reunião

ampliada na forma de um seminário, durante três dias do mês de janeiro de 2007, na

comunidade Buiussu, a fim se aprofundar sobre os próximos passos para a regularização

fundiária.

B. Seminário Local de Sensibilização sobre Regularização Fundiária.

Entre os dias 26 e 28 de janeiro de 2007, realizou-se seminário na comunidade Buiussu,

município de Porto de Moz, a fim de se aprofundar a discussão sobre a questão fundiária da

região da margem direita do Rio Xingu. Estava presente um total de 141 comunitários,

representando 13 comunidades da margem direita do rio Xingu: 9 comunidades do setor Acay,

3 do Setor Majari e 1 do Setor Baixo Xingu. O evento foi coordenado pela Paróquia de São Braz,

pelo COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSUTENTÁVEL e Sindicato dos Trabalhadores Rurais

23

(STR) e apoiado pelo CIFOR, STR de Porto de Moz, Comitê de Desenvolvimento Sustentável,

CPT - Altamira (Comissão Pastoral da Terra), Associação Comunitária de Desenvolvimento

Sustentável Agroextrativista do Rio Majari, Associação Comunitária da Juçara, Associação

Comunitária do Arimum e Paróquia de São Braz.

Os objetivos principais do encontro foram: (a) sensibilizar as comunidades de pequenos

produtores e suas lideranças quanto à importância de juntarem esforços comuns na luta por

seus direitos fundiários, dentro dos trâmites legais, (b) avaliar a situação fundiária dos

comunitários da margem direita do Rio Xingu, (c) discutir os aspectos positivos e negativos das

diferentes modalidades fundiárias oficiais existentes, e (d) avaliar a proposta de Cartilha sobre

Regularização Fundiária, editada pela equipe técnica do CIFOR.

No primeiro dia, a equipe técnica fez uma apresentação de quais são os órgãos que

juridicamente têm a competência de fazer a titulação das terras e também das diferentes

modalidades de regularização. Discutiu-se a questão fundiária da região e suas implicações para

o manejo dos recursos naturais e a sustentabilidade do modo de vida dos comunitários.

No segundo dia, organizaram-se atividades em trabalhos de grupo. O primeiro trabalho

de grupo teve como meta produzir um mapa da situação fundiária e dos conflitos atuais da

região, incluindo a localização das principais áreas que estão sob o domínio de madeireiros e

fazendeiros. Das discussões feitas por comunitários e representantes de entidades, constatou-

se que há dois interesses distintos: o interesse dos comunitários/extrativistas, que vêem a terra

e seus recursos como parte de sua identidade e necessários a sua reprodução social, e o

interesse dos grandes fazendeiros/comerciantes, que vêem a terra e seus recursos como capital

a ser explorado. Como resultado prático da análise dos mapas produzidos, foi consensual a

necessidade dos comunitários e entidades parceiras de se juntarem na luta em defesa do seu

território, pois ficou claro que a cada ano surgem novas derrubadas de floresta primária.

No terceiro dia, realizou-se outro trabalho em grupo, com o objetivo de se aprofundar

sobre as diferentes modalidades de regularização fundiária e de se aperfeiçoar o conteúdo do

texto para a produção da cartilha sobre regularização fundiária. Dividiu-se em sete grupos que

analisaram a versão preliminar da cartilha, e fizeram-se várias críticas, posteriormente

incorporadas ao texto final da cartilha (Anexo 3).

Como encaminhamento do seminário definiu-se um Grupo de Trabalho, composto por

cinco comunitários (três mulheres e dois homens) com a função de se capacitar sobre o tema

“regularização fundiária”, interagir com as entidades de apoio e coordenar reuniões nas

comunidades, principalmente junto às famílias que não puderam participar deste evento, a fim

de informar e aprofundar as discussões em nível local. Este grupo estudou a questão fundiária,

visitou várias famílias nas comunidades da região e contribuiu para o processo de

24

conscientização sobre a necessidade da regularização fundiária e da relação da modalidade

coletiva com o modo de vida dos comunitários extrativistas.

C. II Seminário de Regularização Fundiária da Margem Direita do Baixo Rio Xingu

O II Seminário de Regularização Fundiária da Margem Direita do Baixo Rio Xingu

realizou-se no município de Porto de Moz nos dias 06 e 07 de Agosto de 2007, coordenado pelo

Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz, pelo Sindicato de Trabalhadores

Rurais (STR) de Porto de Moz, pela Fundação Viver Produzir e Preservar (FVPP) e pelo CIFOR.

O Instituto de Terras do Pará – ITERPA, o principal convidado externo e teve papel

central nas apresentações, discussões e mediação de encaminhamentos, uma vez que a maior

parte das terras a serem regularizadas na margem direita do Rio Xingu pertence ao Estado do

Pará. Reuniram-se também representantes de outras instituições governamentais, como a

Prefeitura e Câmara dos Vereadores de Porto de Moz, Ibama, Incra, Emater, Ministério Público

Estadual e Universidade Federal do Pará – campus Altamira e não-governamentais, como a

FETAGRI, Igreja Católica e Associação Comercial de Porto de Moz.

Os comunitários tiveram participação expressiva, com mais de 300 participantes adultos

de 19 comunidades extrativistas e quilombolas da margem direita do Rio Xingu, e

representantes da RESEX Verde Para Sempre. O encontro teve uma participação significativa de

mulheres, tanto na quantidade (cerca de 30%) como nas discussões.

Os objetivos do evento foram apresentar à sociedade de Porto de Moz, em especial aos

comunitários da margem direita do Rio Xingu, a situação fundiária de município, apresentar a

nova política de regularização do Iterpa e suas novas modalidades de assentamentos estaduais,

apoiar a definição de modalidades fundiárias pelas comunidades e esclarecer os trâmites

burocráticos para encaminhamento dos pedidos de regularização.

O primeiro dia do encontro se dividiu em dois momentos. O primeiro se concentrou na

apresentação do representante do Iterpa sobre a situação fundiária de município, a nova

política de regularização do Iterpa e suas novas modalidades de assentamentos estaduais. O

segundo momento foi a apresentação dos representantes das comunidades presentes,

enfocando a situação atual e suas perspectivas.

No segundo dia do encontro, os comunitários dividiram-se em seis grupos, conforme

sua localização geográfica e afinidade social para trabalharem em grupo a proposta de

modalidade de regularização fundiária para sua região. As discussões em grupos foram

facilitadas pela equipe técnica do CIFOR. Ao final, seis propostas de modalidades de

assentamento foram apresentadas, sendo quatro de uso coletivo (um Território Estadual

25

Quilombola – TEQ e três Projetos Estaduais de Assentamento Agroextrativista – PEAEX) e duas

de uso familiar ou individual.

A Figura 11 mostra (a) a apresentação da política do ITERPA, (b) grupos de trabalho

durante o seminário, e (c) e (d) dois exemplos dos resultados dos trabalhos em grupo durante

o seminário.

Figura 11. II Seminário de Regularização Fundiária da Margem Direita do Baixo Rio Xingu. (a) Discussão das modalidades de regularização fundiária apresentada pelo ITERPA; (b) Grupos de Trabalho discutindo as modalidades e preparando propostas de regularização; (c) e (d) Exemplos das propostas apresentadas. (Fotos (a) e (b): Romy Sato; (c) e (d) Christiane Ehringhaus).

A Figura 12 representa a ordenação de todas as propostas resultantes do Seminário

plotados num só mapa, feita pela equipe técnica do Consórcio. Apesar de observar-se a

sobreposição espacial parcial da proposta do Projeto de Assentamento Individual ao longo da

futura rodovia PA-167, este projeto ainda não foi protocolado nos órgãos de terras do Estado,

enquanto que as quatro propostas de projetos de assentamentos coletivos assessoradas pelo

Consórcio foram todas protocoladas no ITERPA logo após a realização do seminário, com seus

processos de criação em andamento, como discutido em detalhes na sessão 1.2 deste relatório.

26

Figura 12. Este Mapa representa a distribuição das propostas de regularização fundiária das populações rurais de Porto de Moz resultantes do II Seminário de Regularização Fundiária da Margem Direita do Baixo Rio Xingu, realizado em Porto de Moz com apoio do Consórcio.

D. Oficina em Georreferenciamento com fins de Regularização Fundiária

Um dos principais entraves para o processo de regularização fundiária para

comunidades dependentes de floresta é o mapeamento georreferenciado de suas terras. Esse

mapeamento é pré-requisito para a criação de unidades de conservação ou projetos de

assentamento. Além disso, é de suma importância para os comunitários, pois estabelece limites

físicos às ações de expansão e uso dos recursos naturais, e auxilia na resolução de conflitos

entre disputas de território. Devido à base técnica distante da realidade dos comunitários e da

necessidade de equipamentos caros, os comunitários ficam na dependência de que os técnicos

do governo façam esse mapeamento. Contudo, por várias razões, esse processo é moroso e

quando finalmente chega a acontecer, é geralmente realizado em curto espaço de tempo, sem

27

uma participação efetiva dos comunitários na definição final de suas fronteiras e limites, e

muito menos dentro de um processo que permita resolução de conflitos entre os moradores e

entre estes e seus vizinhos.

Assim, dentro deste conceito de protagonismo e apropriação das ferramentas para gerir

suas ações, o CIFOR, em parceria com o Comitê de Desenvolvimento Sustentável e a FASE,

realizou duas oficinas de georreferenciamento com comunitários da margem direita do Rio

Xingu.

A primeira oficina ocorreu entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2006, nas comunidades

Espírito Santo e São João. A oficina concentrou suas atividades na capacitação teórico-prática

em georreferenciamento, mais especificamente sobre as atividades de uso de bússola, GPS,

interpretação de imagens de satélite e mapeamento. Os objetivos desta oficina foram:

(a) capacitar os comunitários no uso do receptor GPS e de bússola e seus usos no

mapeamento,

(b) capacitar os comunitários na interpretação de imagens de satélite,

(c) produzir um mapa georreferenciado da área comunitária delimitada previamente

pelos comunitários, e

(d) fazer o georreferenciamento dos limites de respeito das famílias dentro das suas

comunidades pelos próprios comunitários.

Participaram da capacitação 10 comunitários homens de três comunidades da região do

Majari e do setor Acay, município de Porto de Moz e um diretor do STR de Porto de Moz. A

equipe técnica disponibilizou aos participantes uma cartilha sobre o uso do GPS (Anexo 4), bem

como imagens de satélite dos anos 2000 e 2006, a fim de se discutir o avanço do

desmatamento na região. A capacitação dividiu-se em teoria, com estudo de bússola e GPS e

interpretação de imagens de satélite (Figura 13) e três dias de prática, mapeando-se a área

comunitária (Figura 14).

Um resultado importante da oficina foi o mapeamento da área comunitária, com

8.364,92 ha, com 44% em terras do Estado e 56% incidindo sobre a Floresta Nacional da

Caxiuanã, no município de Melgaço. O mapeamento desta área, cuja demarcação foi realizada

há mais de seis anos, representou para as comunidades do rio Majari a materialização de um

dos maiores feitos da luta do movimento social organizado da região, devido à forte disputa

que enfrentaram com os madeireiros pelo controle desta área rica em madeiras de lei em idade

de corte. A plotagem desta área (Figura 16), que há 6 anos fora definida pelos próprios

comunitários, era um grande anseio das lideranças daquelas comunidades e foi muito

importante para a conquista de confiança entre a equipe do Consórcio e as comunidades e

lideranças locais.

28

Figura 13. Curso de Capacitação em Georreferenciamento com fins de Regularização Fundiária – Interpretação de Imagens de Satélite (Comunidades do Rio Majari, Porto de Moz). (Foto: Westphalen Nunes).

Figura 14. Curso de Capacitação em Georeferenciamento com fins de Regularização Fundiária – Parte Prática, Mapeando-se a Área Comunitária (Comunidades do Rio Majari, Porto de Moz). (Foto: Pedro Vieira).

29

Figura 15. Imagem representando a área comunitária da região do Rio Majari, Porto de Moz, produzido pelos comunitários a partir do curso de capacitação em georreferenciamento. O retângulo representa a área total delimitada pelos comunitários, com 8.364,92 ha, sendo que a parte de contorno vermelho se encontra no município de Porto de Moz, e a parte de contorno azul se encontra no município de Melgaço.

A segunda oficina realizou-se nos dias 26 e 27 de outubro de 2007, coordenado pelo

CIFOR, em parceria com o Comitê de Desenvolvimento Sustentável (CDS). A importância desta

capacitação se deve ao contexto de conflito pela disputa de terras no local. Os quilombolas

buscaram apoio do CDS e do CIFOR, o que resultou nesta oficina, como primeira etapa no

processo do mapeamento.

A capacitação envolveu diretamente 10 quilombolas (homens) de cinco comunidades da

margem direita do Rio Xingu, município de Porto de Moz: Maripi, Tauerá, Buiussu, Taperu e

Turu. Apesar do convite da capacitação se estender às mulheres, somente homens

compareceram. Acreditamos que isso ocorra porque as atividades de georreferenciamento se

concentrem em áreas remotas, no meio da floresta, tendo inclusive que pernoitar, o que,

culturalmente, dificulta a participação de mulheres.

A oficina foi dividida em duas partes: (a) teoria: com noções básicas de cartografia,

GPS, utilização da bússola e marcação de posições, verificação do rumo do ponto de destino

(BRG) e a distância de um ponto ao outro. (b) prática: no fim do primeiro dia, os participantes

puderam se familiarizar um pouco mais com o aparelho, marcando pontos de casa, igreja e

escola da comunidade e percorrendo distâncias. No segundo dia, a primeira atividade foi

percorrer como GPS ligado até uma área de roçado (Figura 16). O encaminhamento tirado foi

30

que a associação dos quilombolas iria se reunir com o Comitê de Desenvolvimento Sustentável

para planejar as atividades de demarcação da área de quilombo.

Figura 16. Capacitação em Georeferenciamento (uso de equipamentos e interpretação de mapas) para comunidades Quilombolas localizadas na Margem direita do Rio Xingu, Porto de Moz (a) Parte teórica, e (b) Parte prática.

Neste momento, a questão chave nesta área de quilombolas é a resolução do conflito

entre os que se autodefinem “quilombolas”, e os que moram na mesma região, não se

consideram quilombolas e são contra a demarcação coletiva das terras. Essas pessoas que são

contra acabam confundindo as famílias que têm pouca informação sobre o assunto, pois criam

rumores de que com a demarcação coletiva, as famílias não poderão mais fazer sua agricultura,

usar a madeira e outros recursos locais. A resolução destes conflitos implica uma atuação

constante e de confiança por parte dos representantes dos comunitários e seus parceiros.

Atividade 1-B: Mecanismos pilotos para fortalecer iniciativas locais para assegurar os direitos fundiários às terras florestadas nas comunidades alvo.

1. Análise de pressão humana

A Reserva Extrativista Verde para Sempre (RVPS), criada no final de 2004, em uma área

de aproximadamente 1.3 milhão de hectare, tinha como objetivo principal por fim no conflito

pela disputa de terra daquela área e promover o uso sustentável dos recursos florestais.

Entretanto, três anos após o decreto de criação da ResEx, os conflitos e a pressão por

desmatamento e retirada de madeira da área continuam. As organizações locais têm

dificuldades para estabelecer os conselhos da ResEx e o Ibama (agora Instituto Chico Mendes),

não conseguem cumprir com as ações de demarcação e fiscalização das atividades ilegais.

31

Para analisar e documentar a pressão humana na Verde para Sempre, o Imazon e IEB

conduziram uma analise por meio do mapeamento na Reserva em Porto de Moz, a partir de

análises de desmatamento, estradas não-oficiais, focos de calor, número e distribuição de

comunidades, cicatriz de exploração.

As informações geradas auxiliaram em campanhas e ações de fiscalização realizadas

pelo IBAMA e ações do Ministério Publico Federal de Altamira, bem como discussão com as

organizações locais sobre o processo de gestão da ResEx e estratégias para regularização

fundiária, identificando os causadores dos desmatamento na ResEx.

Figura 17. Mapeamento do desmatamento na ResEx Verde para Sempre, em Porto de Moz/PA.

Resultados e impactos do Estudo:

A. Sobrevôo para validação das informações

Para validação dos dados foi realizado, em parceira com o Greenpeace, um sobrevôo sobre

as áreas identificadas como críticas em relação ao desmatamento e focos de calor. Foram

tiradas fotos localizadas espacialmente com GPS que confirmaram as áreas identificadas nas

imagens de satélites (Figura 18). Essa metodologia foi importante para que o Ministério Público

Federal possa usar as informações do relatório como prova nas ações indenizatórias de danos

ambientais a ser impetrada pelo Ministério Público de Altamira.

32

Figura 18. Validação das análises de pressão humana da RVPS a partir de sobrevôo em parceria com Greeenpeace.

B. Ações do Ibama e Ministério Público

A partir da divulgação dos resultados do estudo, o Ibama realizou uma ação de

fiscalização por meio de um sobrevôo a área da RVPS. O consórcio foi convidado a participar e

subsidiar os fiscais com os mapas e informações do estudo de pressão humana. Como Produto

dessa ação, os fiscais do Ibama identificaram uma serraria em funcionamento e uma balsa

carregada de madeira sendo retirada de dentro da reserva. A partir da ação de fiscalização e

dos resultados do estudo de pressão humana, o Ibama formalizou inquérito para apurar a

responsabilidade de crime ambiental, usando como parte da prova as informações geradas pelo

Consórcio.

Além disso, o Ministério público Federal em Altamira propôs uma ação para a

responsabilização de crime ambiental pelos fazendeiros ocupantes ilegais da área da RVPS.

C. Divulgação dos resultados

Os resultados foram publicados em eventos técnicos científicos, tais como: II Simpósio

Áreas Protegidas e Inclusão Social (Anexo 5); XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento

Remoto – SBSR (Anexo 6) e em uma reportagem de Marcos de Sá Correia no site O ECO

(Anexo 7).

A ampla divulgação dos resultados levou o Ibama e líderes locais a agilizarem o

processo de instalação do Conselho Gestor e Conselho Consultivo da RVPS. Além disso, o

Ibama prometeu a implantação de um plano emergência para elaborar o plano de manejo de

ResEx.

33

2. Apoio e fortalecimento de iniciativas locais para definição fundiária na Região de

Gurupá

Na região de Gurupá, pequenos produtores estão encontrando formas diferenciadas

para obter a segurança fundiária a partir de processos participativos catalisados pela Fase.

Entre os anos de 2005 e 2006, ocorreram iniciativas piloto para definição fundiária a partir de

organização social e discussão coletiva sobre direitos de propriedades e uso com base no

manejo florestal.

O resultado para este biênio de atuação do Consórcio foi a regularização fundiária de

aproximadamente 228.554 mil hectares, que beneficiou 837 famílias de 31 comunidades, em

modalidades de posse e direito de uso da terra de domínio coletivo e individual com base em

regras locais estabelecidas por meio de discussões coletivas (Tabela 2). Além disso, essa

iniciativa de definição fundiária foi levada para outros municípios da região de várzea, tais como

Portel, Afuá e Breves. A Fase tem liderado esses esforços com a participação do STR, Incra e

Iterpa.

Tabela 2. Modalidades fundiárias estabelecidas com a atuação do Consórcio.

Figura fundiária Ano de

criação

Área (ha) Número de

famílias

beneficiadas

Nº de

comunidades

Reserva de

Desenvolvimento

Sustentável do Itatupã-

Baquiá – Gurupá-PA

2005 64.735 187 7

Reserva Extrativista

Gurupá-Melgaço

2006 145.298 460 13

Projeto de Assentamento

Agroextrativista do INCRA

Cinzas e Pracuubinhas

2006 4.168 40 4

Regularização fundiária

familiar Bacá

2006 2.820 100 4

Projeto de Assentamento

Agroextrativista do INCRA

Urutaí

2006 11.533 50 3

TOTAL 228.554 837 31

34

Os números acima colocam Gurupá numa posição de destaque em relação a terras

regularizadas em favor de famílias agroextrativistas. Em relação às áreas regularizadas antes de

2005, acumulam-se atualmente 40% da extensão de Gurupá protegida e regularizada sob a

forma de reservas, projetos de assentamento e títulos de propriedade coletiva ou privada.

Além dos processos já decretados, ainda tramitam o processo de ampliação da área de

remanescentes de quilombos referente a uma área de 8.073 hectares e que beneficiaram 50

famílias, e a criação de dois projetos de assentamento agroextrativistas na Ilha do Gurupaí e na

região entre os rios Moju e Mararu. Também foi solicitada ao Ibama, a criação de uma Reserva

Extrativista na região dos rios Jaburu e Mucuripi, ao lado da RDS Itatupã-Baquiá.

Figura 19. Mapa fundiário de Gurupá produzido a partir dos processos de legalização fundiária.

3. Apoio e fortalecimento de iniciativas locais para definição fundiária na região de

Porto de Moz

Entre os meses de janeiro e julho de 2007, o CIFOR em parceria com o Comitê de

Desenvolvimento Sustentável, a partir da demanda do intercambio realizado em Gurupá,

assessorou os comunitários desta região a realizar atividades de mapeamento participativo de

suas terras com fins de regularização fundiária. Assim, os extrativistas das comunidades de

35

Espírito Santo e São João trabalharam na delimitação dos limites de respeito e do polígono

externo das comunidades. Nos meses de abril e julho, os técnicos do CIFOR voltaram às

comunidades para plotar no ArcView os pontos de GPS correspondentes aos limites já

demarcados até aquele momento e para discutir os próximos passos para a regularização

fundiária da região.

Os principais produtos destas atividades foram:

• Mapa georreferenciado do polígono externo da área das comunidades do Rio

Majari, correspondente ao limite da área do assentamento coletivo;

• Mapa georreferenciado dos limites de respeito entre famílias dentro de cada

comunidade e das áreas de uso coletivo.

A comunidade decidiu pela regularização coletiva de suas terras e apresentou sua

proposta no Seminário com o ITERPA, em agosto de 2007 e foi protocolada oficialmente no

ITERPA no mesmo mês, com pedido de criação de um PEAEX – Projeto Estadual de

Assentamento Agroextrativista, beneficiando 82 famílias. O processo do Majari foi publicamente

elogiado pela direção do ITERPA durante o I Seminário Sobre Regularização Fundiária Estadual

promovido pelo ITERPA nos dias 23 e 24 de agosto de 2007, em Belém. O processo do PEAEX

Majari foi avaliado como o mais bem estruturado dos processos protocolados até então no

Instituto.

Para as etapas seguintes da criação do PEAEX Majari, necessita-se fazer:

i) Levantamento no cartório para checar possíveis registros de documentos de terra nas

áreas do PEAEX Majari. Essa etapa foi realizada em setembro de 2007, com o apoio do CIFOR

em parceria com o Comitê de Desenvolvimento Sustentável e ITERPA. A equipe técnica

encontrou resistência por parte dos funcionários do cartório. A equipe técnica foi somente

atendida quando foi acompanhada de dois funcionários do ITERPA, após duas tentativas sem

sucesso. Todos os livros do cartório que tratam do registro de terras dos municípios de Porto de

Moz e Gurupá foram checados e fotografados, para o caso de outras consultas (ver anexo 8

para exemplo dos livros). Constatou-se que não havia registro de terras para as áreas a serem

criados os assentamentos.

ii) A arrecadação destas terras pelo Estado para posterior destinação para a reforma

agrária. Esta etapa foi concluída com sucesso, com a arrecadação pelo Estado das terras das

regiões do Camutá do Pucuruí, em Gurupá e do Rio Majari, em Porto de Moz. A arrecadação da

Gleba Majari I foi oficializada pela publicação da Portaria no Diário Oficial do Estado, em 27 de

outubro de 2007.

iii) O Diagnóstico Socioambiental das Comunidades e Vistoria, atividades oficialmente de

responsabilidade do governo.

36

iv) Apresentação de um Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS) do assentamento,

de responsabilidade da comunidade, já em andamento com o apoio do Consórcio. A conclusão

deste Plano, com base em acordos locais sobre os usos dos seus recursos naturais e

zoneamento das atividades será um dos produtos do terceiro ano do Consórcio.

4. Outras ações realizadas pelo Consórcio no tema fundiário

A. Gestão de áreas de Quilombos em Gurupá

A FASE em parceria com o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Gurupá e a

Comunidades Remanescentes de Quilombos de Gurupá –ARQMG, realizaram o monitoramente

dos Planos de Uso Comunitários dos Recursos Naturais existentes nas comunidades de São

Pedro, Alto Pucurui, São Francisco e da Igreja do Evangelho Quadrangular. Foi avaliado o

cumprimento das regras dos planos. Além disso, foram elaborados quadros comparativos das

situações antes e após o estabelecimento dos planos de uso. Os moradores manifestaram que o

respeito do plano de uso está ajudando a aumentar a quantidade de peixe e caça.

O debate sobre os planos de uso fortaleceu também a consciência da necessidade de

combater práticas predatórias. As ações foram expandidas para as comunidades do Carrazedo e

Jocojó, que tem avançado na elaboração de Planos de Uso.

Figura 20. Reunião sobre plano de uso na comunidade Gurupá-miri.

Com os planos de uso das comunidades quilombolas já elaborados, atualmente existem

11 planos em execução em Gurupá, resultados de uma política que há vários anos vêm sendo

implementada no município graças à atuação do STR de Gurupá, associações locais e FASE,

37

com apoio da Prefeitura. A exemplo destas comunidades, dezenas de outras estão discutindo a

elaboração de planos de uso dos recursos naturais.

Contudo, nos últimos tempos, a direção da ARQMG tem se distanciado politicamente dos

tradicionais parceiros locais como o STR, a FASE e a prefeitura. A conseqüência dessa postura é

o isolamento da associação para a gestão de projetos, impedindo uma melhor articulação com

novos parceiros e comprometendo o bom nome da ARQMG, como pode ser constatado pela

divulgação da ARQMG entre aquelas organizações que estão na lista de entidades a serem

investigadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito das Organizações Não Governamentais

(CPI das ONGs).

B. Acompanhamento do processo de criação da RESEX Gurupá-Melgaço.

A criação da RESEX Gurupá-Melgaço teve como ponto de partida as invasões de

madeireiros às áreas de comunidades tradicionais de uma região que abrange os rios Pucuruí,

Marajoí e Tajapuru. Mesmo após o seu decreto, em 2006, as agressões ao meio ambiente não

cessaram. Com o objetivo de definir a área das famílias agroextrativistas. O STR de Gurupá

(com assessoria da FASE) em parceria com o IBAMA / Instituto Chico Mendes, vem executando

um projeto para a demarcação da reserva, com contrapartida de mão-de-obra das comunidades

locais. A seguir são apresentadas as ações que a Fase em parcerias com Ibama e atores locais

vem desenvolvendo.

Em janeiro de 2006 foi realizada, na cidade de Gurupá, a Consulta Pública sobre a

criação da RESEX Gurupá-Melgaço, com participação de duzentos e sessenta e quatro pessoas,

dentre as quais o Prefeito de Gurupá, o Presidente da Câmara Municipal de Gurupá, o

Secretário Municipal de Agricultura, o Assessor da Presidência do IBAMA e Coordenador do

CNPT Nacional, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, o representante da FETAGRI Regional

das Ilhas, o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá, o representante do

Conselho Paroquial de Gurupá, o Presidente da Colônia de Pescadores Z-68 de Melgaço e

moradores da futura ReSex. Manifestaram-se a favor da criação da RESEX duzentos e quarenta

e duas pessoas. A FASE atuou na assessoria técnica do STR de Gurupá e na mobilização das

comunidades dos participantes. Como resultado, em 2006 foi decretada a Reserva Extrativista

Gurupá-Melgaço.

38

Figura 21. Audiência pública em Gurupá para a criação da RESEX Gurupá-Melgaço.

A FASE também participou de reuniões no município de Melgaço para discutir a definição

dos limites da área pretendida para a criação da unidade da ResEx, nos rios Tajapuru e Laguna.

Como resultado o limite foi revisto, excluindo-se a região dos lagos do rio Laguna, fazendo com

a ResEx alcance uma área de 145.500 ha. Os técnicos da FASE e do STR foram decisivos no

georreferenciamento dos limites da RESEX.

Em 2006, através do convênio FASE e STR de Gurupá, o diagnóstico sócio-econômico-

ambiental completou a peça do processo para a criação da ResEx Gurupá-Melgaço. A ResEx foi

criada através de decreto presidencial em novembro.

A FASE, em parceria com o STR de Gurupá e Associação dos Povos Tradicionais

Extrativistas do Pucuruí, Marajoí e Melgaço (ASTREM), realizou treinamentos em legislação

ambiental, plano de uso dos recursos naturais e mapeamento participativo. Como produto desta

ação, foram elaborados mapas temáticos feitos pelas famílias participantes sobre infra-

estrutura, ecossistemas, hidrografia, espécies florestais, recursos faunísticos e limites de

respeito entre comunidades, envolvendo 100 comunitários (21 mulheres e 79 homens).

As atividades ocorreram normalmente até setembro de 2007, quando foram paralisadas

pelas ameaças de morte vindas de madeireiros do rio Laguna, que exploram a floresta, em

Melgaço - onde a organização comunitária é mais frágil.

39

C. Processo fundiário em Camutá do Pucuruí região do estuário amazônico

Em novembro e dezembro de 2007 foi iniciado o processo para criação e implementação

do Projeto de Assentamento do Camutá do Pucuruí que havia recebido a Concessão de Direito

Real de Uso em 2000. Esta atividade encontra-se em etapa de fixação dos marcos de cimento,

levantamento socioambiental e cadastramento das famílias para incluí-las no Plano Nacional de

Reforma Agrária. A FASE trabalha na assessoria do Sindicato de Trabalhadores Rurais e na

revisão e a atualização do plano de uso da comunidade.

D. Processo de regularização fundiária nas de Ilhas de Gurupá

Na Ilha Grande de Gurupá, a discussão sobre regularização fundiária a princípio

direcionava-se para as comunidades do setor Moju e Mararu, entretanto, com o processo de

esclarecimentos que foram feitos sobre o assunto pelo Núcleo de Desenvolvimento Local (NDL)

e Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), a regularização se expandiu também para a costa

oeste da Ilha Grande.

Para a mobilização das comunidades para a ações relacionadas a regularização

fundiária, a FASE assessorou a Associação dos Pequenos Produtores do Alto Mararu e Murupucu

(APROMAM), para aprovar um projeto no fundo DEMA para apoiar reuniões sobre o tema. Os

resultados alcançados foram a sensibilização das comunidades para a gestão territorial e a

elaboração de abaixo-assinado apresentando o apoio das famílias de uma área de

aproximadamente 150.262 ha.

Outra ação nessa região está relacionada aos Projetos de Assentamento da Ilha das

Cinzas, Pracuubinhas e Norte da Ilha Urutaí. Nessas localidades foram realizadas visitas técnicas

do INCRA, regional 1 – tendo apoio da FASE, STR, Associação de Trabalhadores

Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (ATAIC), Associação de trabalhadores Rurais da Ilha de

Santa Bárbara (ATRISB) - para cadastro das famílias e início da implantação dos apoios

financeiros à infra-estrutura e moradia, previstos no Plano Nacional de Reforma Agrária. Estes

projetos são entendidos como os mais adiantados de Gurupá em termos de inclusão ao Plano

Nacional de Reforma Agrária.

Na Ilha de São Salvador, a associação da Trabalhadores Rurais da Ilha de São Salvador

(ATAISS), protocolou o pedido de criação de projeto de assentamento agroextrativista no

INCRA e GRPU. As comunidades da ilha estão relativamente com bom entendimento sobre as

discussões fundiárias e ambientais. Provas desse avanço são o plano de uso dos recursos

naturais aprovado e a rejeição das autorizações de uso da GRPU como políticas de

regularização fundiária.

40

No Itatupã, a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Distrito do Itatupã

(ATAEDI) aprovou um projeto no Ministério da Justiça (Programa Direitos Difusos) para

sensibilizar as comunidades para da RESEX que abrangeria 55.439 ha.

Em todas as ações descritas acima a FASE tem participado efetivamente assessorando

as comunidades e as organizações locais.

E. Ações apoiadas pelo Consócio em outras regiões

Em Porto de Moz, em parceria com o CIFOR e ITERPA, foram levantadas informações

sobre registro imobiliário no cartório de Gurupá referentes aos municípios de Gurupá e Porto de

Moz. Essa ação culminou na arrecadação das terras das regiões do Camutá do Pucuruí (Gurupá)

e Majari (Porto de Moz) a fim de criar projetos estaduais de assentamento agroextrativista.

Além disso, no estuário amazônico, foram realizados ações de regularização fundiária

em comunidades de Portel, Breves e Afuá. Em Portel, mais especificamente no rio Acuti-pereira,

foi solicitado ao IBAMA/ Instituto Chico Mendes a criação de uma Reserva Extrativista, cuja área

é de 68.892 ha. Nessa região, foi elaborado o plano de uso dos recursos naturais para todo o

rio, subsidiado pelos treinamentos em mapeamento participativo e uso de GPS, conduzidos pela

FASE. Foram treinados 30 comunitários.

Figura 22. Diagnóstico Socioeconômico no rio Jaburu, realizada pela ASTARJU, Breves-PA.

Em Breves, a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Rio Jupatituba

(ASTARJU) protocolou, em dezembro de 2007, o pedido de criação de Projeto de Assentamento

no INCRA. A área requerida é de 50.262 ha, com diagnóstico socioeconômico realizado, mas

41

ainda não socializado com as comunidades, além do início dos debates sobre planos de uso dos

recursos naturais. A FASE atuou na capacitação e no apoio à realização do diagnóstico

socioeconômico.

Em Afuá, foram realizados pela FASE e STR eventos de sensibilização sobre

regularização fundiária em duas regiões: Açaizal e Serraria Grande, ambas localizadas na Ilha

do Meio. No Açaizal, foi realizado o diagnóstico socioeconômico e ambiental; e na Serraria

Grande, local de melhor organização comunitária, foi feito seminário sobre modalidades de

regularização fundiária e uso de GPS. No Açaizal participaram 169 comunitários e na Serraria

Grande, 30 trabalhadores agroextrativistas.

Atividade 1-C: Formular políticas para fortalecer iniciativas locais para o reconhecimento legal de direitos fundiários a áreas florestadas das comunidades que dependem da floresta

1. Seminário sobre a Situação Fundiária da Reserva Extrativista Verde para Sempre

O IEB e Imazon, em parceria com o Greenpeace, organizaram o I Seminário sobre a

Situação Fundiária da Reserva Extrativista Verde para Sempre. O evento contou com a

participação de 20 pessoas, entre técnicos de órgãos governamentais relacionados ao tema e à

unidade de conservação (Iterpa, Ibama, Ministério Público), representantes de organizações

locais e movimento social (STR, COMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, CNS),

instituição ambientalista com atuação na Reserva (Greenpeace) e pesquisadores e técnicos de

instituições parceiras no projeto (IEB, Imazon e CIFOR).

O evento serviu para apresentação, pelas organizações locais e seus representantes, dos

principais conflitos socioambientais na ResEx. Além disso, foram apresentados estudos sobre

pressão humana na área da ResEx conduzido pelo Imazon e IEB, e do diagnóstico da situação

fundiária, realizado pelo CNS. As apresentações e discussões serviram para definição de uma

estratégia a ser adotada pelas organizações locais e Ministério Público para pressionar a

regularização fundiária na ResEx.

42

Figura 23. Procurador da República, discutindo estratégia de Regularização fundiária, durante evento promovido pelo Projeto.

O principal resultado do evento foi um plano de ação interinstitucional relacionado ao

tema elaborado e pactuado e será implementado pelas organizações locais e Ibama. Além

disso, o IEB assumiu animação de um Grupo de Discussão Interinstitucional para

encaminhamentos de demandas referentes à ResEx Verde para Sempre. Os resultados e

demais informações estão sistematizadas no relatório do evento, que será divulgado em

diferentes redes.

2. Termo de Cooperação Técnica com o Instituto de Terra do Pará – ITERPA

Em outubro de 2007, O Imazon, representando o Consórcio, firmou um termo de

cooperação técnica com o Iterpa, com dez objetivos que visam facilitar a regularização fundiária

das áreas das comunidades extrativistas no município de Porto de Moz (Anexo 9).

Como resultado prático deste acordo, até o momento, tem-se a arrecadação de terras

para destinação às comunidades extrativistas das regiões do Camutá do Pucuruí, em Gurupá e

do Rio Majari, em Porto de Moz, conforme descrito na seção ações fundiárias em Porto de Moz.

O CIFOR tem assessorado o ITERPA no desenvolvimento do Diagnóstico socioambiental,

com questões quantitativas e qualitativas (Anexo 10), utilizado pelo ITERPA em parceria com o

CIFOR e Comitê de Desenvolvimento Sustentável no processo de criação dos Projetos de

Assentamentos Estaduais em Porto de Moz. Este modelo também foi utilizado para o

diagnóstico em Gurupá e deverá servir de modelo para todos os assentamentos extrativistas a

43

serem criados ou regularizados no estado do Pará, bem como servir de base para o modelo de

diagnóstico a ser criado para a regularização dos territórios estaduais quilombolas (TEQ’s).

3. Participação em processos técnicos e políticas

Os parceiros do Consórcio participaram dos seguintes fóruns e processos:

� Participação no processo de discussão do Projeto de Lei de Gestão de Florestas

Públicas coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA);

� Participação no processo de discussão da revisão da Instrução Normativa para

Manejo Florestal Comunitário, coordenado pelo PNF – MMA;

� Oficina de Discussão e Construção dos Métodos de Avaliação Socioeconômica

dos projetos apoiados pelo Ibama/ProManejo;

� Participação no desenvolvimento das normas e roteiros do ITERPA para

elaboração de diagnósticos e Planos de Desenvolvimento Sustentáveis,

necessários para a criação de projetos estaduais de assentamento.

Resultado 2: Ferramentas e sistemas apropriados de manejo florestal são identificados, testados e disseminados

O setor florestal da Amazônia Brasileira tem passado recentemente por profundas

transformações. Novos mecanismos foram criados para promover a descentralização da gestão

florestal em direção ao monitoramento mais eficientemente do desmatamento e do

comércio/transporte de produtos florestais. Novas perspectivas para o manejo de florestas

públicas surgiram diante da promulgação da Lei de Gestão de Florestas Públicas, que permitem

a concessão dessas florestas para a produção florestal. Esta nova fase do setor florestal abre

uma oportunidade única para que a exploração florestal amazônica, largamente ilegal, passe a

ser gerada a partir de boas práticas de manejo. Nesse contexto, as informações técnicas sobre

boas práticas de manejo florestal, especialmente sobre produtos florestais não-madeireiros,

devem ser identificadas, testadas e disponibilizadas para as comunidades que dependem

diretamente da floresta para a sua sobrevivência.

A presente seção descreve as principais atividades desenvolvidas e resultados

obtidos pelo Consórcio Comunidades e Florestas na área de manejo florestal.

44

Atividade 2-A: Sintetizar informações relevantes sobre espécies prioritárias localmente valiosas e sistemas de manejo florestal de usos múltiplos existentes _____________________________________________________________________________

1. Estudos sobre espécies prioritárias de interesse das comunidades na região de

Gurupá

A partir da definição das espécies definidas pelas comunidades e dos mapas gerados

foram definidos os locais para instalação das parcelas a serem inventariadas. De acordo com a

classificação local de ambientes e histórico de uso - identificados no mapeamento participativo -

realizou-se um inventário estratificado, considerando-se quatro diferentes tipos de floresta e

dois níveis de intensidade de exploração florestal (alto e baixo). Dessa forma, para cada tipo

florestal e nível de exploração existente, foram distribuídas três parcelas de 1 hectare cada,

totalizando 24 hectares de floresta inventariados. As atividades de levantamentos de dados

foram continuados ou concluídos.

A. Finalização dos Inventários Florestais das espécies prioritárias

Nos meses de agosto e setembro de 2006 foram inventariados os últimos transectos de

inventário florestal nas áreas mais exploradas, tendo sido completados todos os dados para

análises. Foram inventariados 24 hectares de florestas para levantamentos das três espécies

andiroba (Carapa guianensis), açaí (Euterpe oleraceae) e virola (Virola surinamensis), que

foram consideradas como prioritárias pela sua importância econômica e de subsistência para as

famílias. Para essas três espécies, serão realizados estudos ecológicos a fim de definir diretrizes

de manejo ao longo dos três primeiros anos do projeto.

B. Continuação da coleta de dados de andiroba - safra de 2006

O monitoramento do estudo de produção de andiroba iniciado em março se estendeu

ate o mês de setembro de 2006, tendo sido completados todos os dados da safra de 2006 para

a execução de análises preliminares.

C. Preparo para a ampliação da amostra intensiva do estudo da produção da andiroba - safra

2007

Foram compradas e confeccionadas mais redes, selecionadas e cercadas mais 16

arvores de andiroba para a ampliação da amostra intensiva de produção.

45

2. Estudo da produção da andiroba: instalação da amostra extensiva - 507 árvores

selecionadas, monitoramento do segundo ano de produção.

Para a safra de 2007, além da ampliação da amostra intensiva de andirobas cercadas,

uma amostra extensiva de 507 árvores, distribuídas nos três tipos de floresta, foi selecionada

para a condução de observações mensais da atividade produtiva. Entre os meses de janeiro a

setembro de 2007, a amostra intensiva de 45 árvores foi monitorada quinzenalmente, enquanto

que a amostra extensiva foi monitorada mensalmente. A partir do cruzamento dos dados

desses dois tipos de amostragem, espera-se ter um resultado mais preciso e acurado da

produção média de frutos por árvore e das variações de produção entre ambientes e condições

das árvores, além de variações temporais. Deve-se observar que informações empíricas que a

produção de um mesmo indivíduo e de uma mesma população de andibora varia de safra para

safra.

Atividade 2-B: Preencher as lacunas de informação, aumentar a capacidade local e regional e desenvolver ferramentas necessárias para implantar sistemas de manejo florestal de uso múltiplo _____________________________________________________________________________

1. Análise dos dados de inventário e do estudo da andiroba e preparação para a

devolução dos resultados - Região de Gurupá/2006

Foram realizadas análises preliminares para a devolução dos resultados para a

comunidade. Com base nas informações obtidas por meio dessas análises, foram planejadas as

oficinas e estruturada a estratégia de devolução dos resultados.

Os principais resultados obtidos e repassados para a comunidade nesta etapa estão

descritos abaixo.

A. Mapeamentos participativos

Através do processo de mapeamento participativo na comunidade e da digitalização e

confecção dos mapas temáticos no laboratório de geoprocessamento do Imazon, foi gerado um

conjunto de 33 mapas temáticos (Figura 24). Esses mapas foram repassados para a

comunidade, com diferentes copias para as escolas locais e para as lideranças. Além disso, será

editado um atlas com todos os mapas descrevendo a metodologia e os ambientes identificados

nos mapas. O atlas está previsto para ser publicado no terceiro ano de atividade de consórcio.

46

Figura 24. Mapa produzido de forma participativa sobre a distribuição geográfica e densidade de andiroba na Comunidade do Jaburu.

B. Levantamento de espécies madeireiras

As análises mostram que cada tipo de floresta na comunidade São João do Jaburu

apresenta diferentes quantidades de espécies madeireiras de valor comercial por hectare. A

Figura 26 ilustra essas diferenças. Além disso, os dados também mostraram que cada tipo de

floresta apresenta diferenças em termo de volume comercial de madeira para cada espécie

(Tabela 3). Combinando essas duas informações será possível inferir que a intensidade de

exploração deve ser diferente para cada tipo de floresta para que o manejo seja realmente

sustentável.

Foi realizada também, uma comparação entre a exploração atual e o estoque estimado

de madeira comercial de cada posse. Nessa análise, ficou claro que os padrões atuais de

exploração, mesmo dentro de planos de manejo, estão longe de ser sustentáveis. Essa

informação é vital para a elaboração dos planos de manejo futuros e revisão dos planos atuais.

A Tabela 4 apresenta exemplos de como vem sendo feita a exploração (quais espécies e

em que quantidades) e quantos anos de estoque de madeira comercial de cada espécie restam

baseado na atual intensidade de exploração.

47

Figura 25. Volume de madeira comercial por diferente tipo de florestas analisadas.

Tabela 3. Volume de especies lentado para cada espécie de valor comercial.

Volume de Cada Espécie (m3/ha)

Baixio Igapó Restinga Terra

Preta Açacu 11.57 8.65 3.41 12.30 Ananim 13.41 0.30 1.25 0.00 Andiroba 1.39 0.00 0.82 14.51 Jacareuba 1.06 0.00 0.00 0.00 Macacauba 0.00 0.00 0.31 4.05 Muratinga 0.00 0.00 1.22 7.96 Pau Brasil 0.00 0.00 0.00 1.60 Pau Mulato 0.00 0.00 0.00 14.11 Pracaxi 0.00 0.00 0.28 0.17 Pracuuba 5.24 0.00 20.62 47.07 Pracuuba - A 0.00 0.00 1.03 0.00 Sapucaia 0.00 0.00 0.00 0.84 Tamaquare 0.56 0.00 0.51 0.00 Taperebá 0.00 0.49 2.72 3.52 Virola 2.96 46.09 1.23 8.89 TOTAL 36.17 55.53 33.40 115.01

48

Tabela 4. Análise da pressão sobre as espécies de valor comercial.

Posseiro Área da

posse

Volume total

autorizado (m3)

Ambiente Espécie explorada

Volume (m3/ha) no ambiente

Volume autorizado por

Espécie

Intensidade exploração

Estoque da posse (m3)

Anos de estoque

Adriano 150 197.8 Terra preta

Virola 8.9 197.8 1.3 1333.4 7

José Costa 60 92.4 Terra preta Virola 8.9 92.4 1.5 533.4 6

Macacaúba 4.1 54.9 0.4 607.7 11 Codó 150 190.0 Terra

preta Virola 8.9 135.1 0.9 1333.4 10 Açacu 11.6 7.2 0.1 1156.8 161 Anani 13.4 17.2 0.2 1340.7 78

Jacareuba 1.1 28.6 0.3 105.5 4 Pracuuba 5.2 3.5 0.0 523.7 149 Tamaquare 0.6 14.4 0.1 55.8 4

Lauro 100 81.2 Baixio

Virola 3.0 10.3 0.1 295.9 29

Deodato 50 198.8 Terra preta

Virola 8.9 198.8 4.0 444.5 2

Jacareuba 1.1 37.7 0.4 105.5 3 Tamaquare 0.6 21.9 0.2 55.8 3 João Gama 100 117.4 Baixio

Virola 3.0 57.9 0.6 295.9 5 Anani 13.4 6.0 0.1 804.4 135

Jacareuba 1.1 80.5 1.3 63.3 1 Pracuuba 5.2 13.3 0.2 314.2 24 Tamaquare 0.6 31.6 0.5 33.5 1

Oséias 60 143.1 Baixio

Virola 3.0 11.7 0.2 177.5 15

49

C. Levantamento de espécies de produtos não madeireiro

A exemplo das espécies madeireiras, as análises preliminares para espécies não

madeireiras mostram que a quantidade e diversidade de espécies variam de acordo com o tipo

de floresta (Tabela 5).

Tabela 5. Número de indivíduos de espécies não madeireiras para diferentes ambientes de florestas.

Espécie Baixio Igapó Restinga Terra preta

Andiroba 1 0 6 9 Bacuri 0 0 0 0 Cupuçurana 0 0 6 0 Pau mulato 0 0 2 1 Pracaxi 0 0 6 1 Sapucaia 0 0 0 1 Seringueira 1 0 4 1 Tapereba 0 0 3 1 Virola 12 45 6 3 Açaí 156 232 187 150 Buçu 5 2 21 13 Buriti 11 9 10 0 Carana 0 1 0 0 Murumuru 2 0 56 72 Paxiuba 2 0 4 2 Urucuri 0 0 2 11

TOTAL/ha 3 0 10 11

D. Levantamento de dados e análises para a espécie andiroba

Para analisar o potencial de produção da andiroba, realizamos continuamos os

levantamentos de dados de produção em 2006. Com base nesses dados, é possível ter uma

estimativa da produção total de frutos de andiroba na comunidade São João do Jaburu

(aproximadamente 591 toneladas de sementes viáveis por ano). A partir desse dado, foi

possível apresentar cenários para o aumento de produção de frutos de andiroba, com base em

manejo sustentável, com respectivos incrementos na renda familiar. O manejo nesse caso

refere-se a melhorar as técnicas de coletas de fruto. Deve-se observar que a análise completa

será apresentada no quarto ano do consórcio e prevê mitigação de possíveis impactos a serem

gerados com aumento da intensidade de colheita de frutos. No Tabela 6 estão apresentados

esses cenários.

50

Tabela 6. Cenários de aumento de produção para frutos de andiroba.

Cenários

de aumento

de produção

Produção sementes

Kg explorados

Latas explorados/

Familia

Litros de

óleo

Litros de óleo/Familia

Receita líquida (R$)

Média por

família (R$)

Em 2004: 0.16% 591,269

949 4

171 7

2,392 92

se 0.4% 591,269 2,365 9 426 16 5,960 229 se 0.7% 591,269 4,139 16 745 29 10,430 401 se 1% 591,269 5,913 23 1,064 41 14,900 573 se 5% 591,269 29,563 114 5,321 205 74,500 2,865 se 10% 591,269 59,127 227 10,643 409 149,000 5,731 se 30% 591,269 177,381 682 31,929 1,228 447,000 17,192 se 50% 591,269 295,635 1,137 53,214 2,047 744,999 28,654

E. Levantamento de dados e analises para a espécie Açaí

Os resultados evidenciaram que uma das espécies mais importantes da comunidade é o

açaí (Euterpe edulis), e que vem sofrendo forte impacto devido a exploração desordenada do

palmito (para explorar o palmito, é preciso cortar a palmeira). A Figura 26 mostra a diferença

de densidade de estipes de açaí em áreas mais e menos exploradas para palmito. Esse cenário

é preocupante considerando que o fruto de açaí, além de ser uma promissora fonte de renda

através de exploração em bases sustentáveis, é um dos alimentos mais importantes na dieta da

população local. Devido a intensa exploração do palmito, a espécie esta ficando cada vez mais

escassa e inacessível as famílias local.

Combinando os dados do inventario florestal realizado na comunidade com dados

disponíveis na literatura, foi possível comparar o ganho estimado explorando-se fruto vs.

palmito em um hectare de floresta do Jaburu. Na tabela 7 apresenta-se o resultado dessa

comparação.

51

Figura 26. Diferença de densidade de estipes de açaí em áreas mais e menos exploradas para palmito

Tabela 7. Comparação do ganho estimado explorando-se fruto vs. palmito de açaí em um hectare de floresta.

EXPLORADO POUCO EXPLORADO

Fruto (R$/ha)

Palmito (R$/ha)

Fruto (R$/ha) Palmito (R$/ha)

712,00 35,00 1.214,00 70,00

2. Atividades de devolução de resultados, treinamento e capacitação de

comunitários.

A. Devolução dos resultados

A estratégia de devolução dos resultados foi desenvolvida objetivando-se acessar

separadamente diferentes grupos, para depois apresentar e discutir os resultados com a

comunidade toda. Os públicos alvos para apresentação e discussão dos resultados foram:

1. Monitores locais

52

Foram conduzidas quatro oficinas para que os monitores locais pudessem acessar e

entender o processo de análise dos dados e os resultados da pesquisa em ecologia

florestal. Esse processo motivou os monitores a atuarem como multiplicadores do

conhecimento e consolidou o processo participativo da pesquisa. Além disso, ao

entenderem os resultados da pesquisa e o conseqüente o potencial impacto na

realidade local, os monitores melhoraram muito a performance e a qualidade da

coleta dos dados ecológicos.

2. Lideranças

Foram realizadas duas oficinas de devolução dos resultados apenas com as

lideranças locais, a fim de se validar os resultados e assegurar o entendimento entre

as pessoas mais influentes na comunidade. Participaram seis lideranças locais.

3. Grupo de mulheres

Com o mesmo objetivo de capturar diferentes grupos-foco no entendimento e

assimilação dos resultados, foi conduzida uma oficina apenas com o grupo de

mulheres na comunidade São João do Jaburu. Participaram noves mulheres que

trabalham no grupo de andiroba. Nessa oficina, foram abordados temas que são

considerados de maior interesse entre as mulheres, principalmente relacionados a

produção de andiroba.

4. Toda a comunidade

Finalmente, foi conduzida uma oficina na qual toda a comunidade foi convocada a

participar. Nessa oficina de devolução, discussão e validação dos resultados,

compareceram mais de 40 pessoas, incluindo homens, mulheres, lideranças,

professores e representantes da Escola Familiar Rural de Gurupá. Nessa oficina, os

resultados apresentados tiveram significativo impacto na percepção dos moradores

locais em relação aos temas: (i) quais são os atuais padrões de exploração, (ii) quais

são os impactos desses padrões e como a realidade pode ser melhorada para que a

comunidade possa desenvolver sistemas de manejo sustentáveis ecologicamente e

de forma rentável. A partir das discussões a comunidade tomou a iniciativa de

realizar reuniões de encaminhamento, para decidir o que deve ser feito para

melhorar a realidade local com base no uso responsável dos recursos florestais. As

informações dessas reuniões serão úteis para revisão do plano de uso das áreas das

comunidades.

53

B. Desenvolvendo capacidades locais

Os monitores locais da comunidade São João do Jaburu, além de trabalharem

voluntariamente em nome da comunidade, atuam como pesquisadores locais, multiplicadores

do conhecimento e representam potenciais lideranças futuras na região. Como parte do

processo da pesquisa participativa, e como forma de contribuir para aumentar a capacidade

local, foi conduzido um treinamento em ecologia florestal aplicada ao manejo florestal, no qual

participaram os monitores e algumas lideranças locais.

Atividade 2-C: Influenciar políticas públicas relativas a sistemas de manejo florestal de uso múltiplo _____________________________________________________________________________

Os dados levantados em campo neste primeiro ano do consórcio estão em processo de

análise. Os dados preliminares estão sendo utilizados em processos de formulação de políticas e

legislação florestal, tais como:

i) Membros do consórcio participam de um grupo de especialistas, o qual está

elaborando a nova norma de manejo florestal para a Amazônia brasileira;

ii) Um membro do consórcio participa da Comissão Estadual de Floresta do Estado do

Pará.

iii) A Fase realizou reuniões no Ibama de Macapá/Amapá com a participação de

lideranças comunitárias e sindicais, a fim de pressionar os órgãos competentes para adaptar a

legislação à realidade dos pequenos produtores do estuário do Rio Amazonas.

Resultado 3: Estratégias para capturar maior valor de mercado para produtos

florestais testadas e desenvolvidas

As atividades de mercado se concentraram no município de Gurupá, incluindo

investigação e disseminação de informação sobre mercados regionais e apoio para

comercialização na comunidade São João do Jaburu. No que se refere as atividades previstas

para serem executadas em Marabá, não foi possível a identificação das comunidades-alvo

devido ao atraso da liberação de recursos, e conseqüentemente, não foi possível desenvolver as

atividades.

54

Atividade 3-A - Identificar nichos locais e regionais para produtos florestais _____________________________________________________________________________

Visando identificar nichos de mercado de produtos florestais que possam atingir os

comunitários proporcionando auxílio na renda e a conservação dos recursos florestais, foi

necessário, primeiramente, realizar um levantamento de informações na comunidade-alvo, São

João do Jaburu – Gurupá, com a finalidade de obter informações necessárias para a realização

de análises referentes a: tipos de produção, época de produção, potencial produtivo,

compradores da produção, condições de renda dos comunitários e programas de rádio ouvidos

pelos comunitários (informações importantes para auxilio na implementação do programa de

divulgação de preços de Produtos Florestais Não-Madeireiros - PFNMs). Tais informações

levantadas foram importantes para identificar os produtos passíveis de serem comercializados,

as estimativas de produção, potencial produtivo e as principais fontes de renda de cada família,

além de traçar o perfil da comunidade para a divulgação do seu potencial e selecionar o

mercado possível de ser atendido pela mesma. Para isso foi realizada, entre as datas de

30/07/07 a 03/08/07, uma entrevista com cada família da comunidade, atingindo 40 de um

total de 53 famílias (as 13 famílias restantes não foram encontradas).

Ainda para auxiliar as estimativas de potencial de exploração dos PFNMs pela

comunidade, foi realizada uma oficina de Mapeamento Participativo dos Limites das áreas de

exploração da comunidade (Figura 27), contando com a participação de 58 comunitários, entre

os quais se teve a participação de 27 mulheres e 31 homens, com o intuito de obter a

delimitação das áreas das famílias comunitárias para posteriormente realizar o cruzamento das

estimativas de produção de madeireiros e não madeireiros por ambiente (estudo realizado no

primeiro ano de projeto pela atividade 2-A) e com dados das entrevistas sobre outros recursos

(transporte, mão-de-obra) disponíveis por família, e obter como produto as estimativas de

produção de madeireiros e não-madeireiros atual e potencial por áreas e por família,

conhecendo assim, o potencial de exploração da região. Com essas informações será possível

que cada comunitário conheça o estoque de PFNMs nas áreas que lhes são destinadas à

exploração e conseqüentemente estimar o potencial produtivo para cada espécie desejada.

Na oficina, 52 áreas foram mapeadas por meio de interpretação de imagens de satélite

e transferidos para o computador pela digitalização no software ArcGis para a geração dos

mapas que serão usados pela comunidade para definir e planejar o uso dos recursos florestais

(Anexo 11). Com a identificação de possíveis pontos de incerteza que surgiram no decorrer da

delimitação, pelos comunitários, foi necessário realizar a validação dos limites traçados por meio

da coleta de pontos de GPS - Global Positioning System, visando corrigir a localização das linhas

de limites. Para a validação das 52 áreas foram mobilizados 13 monitores que detinham o

conhecimento de utilização do GPS e habilidade de andar na mata. A atividade de

55

redigitalização dos limites a partir dos pontos coletados, para obtenção do mapa final, será

realizada no terceiro ano de atividades do projeto.

Figura 27. Oficina sobre mapeamento participativo de limites realizada na comunidade São João do Jaburu, Gurupá, Pará.

Conhecendo as oportunidades de produção da comunidade, fez-se uma busca de

potenciais compradores de PFNMs, montando então um banco de dados compilando

informações como: empresas potenciais; e-mails e telefones, na expectativa de estabelecer

futuros contatos que consolidem o ingresso da comunidade no comércio de PFNMs.

A partir das informações coletadas por intermédio dos estudos e análises realizadas,

foram selecionados, em conjunto com a comunidade, alguns potencias produtos florestais não-

madeireiros passíveis de serem comercializados, tais como: Andiroba (Carapa guianensis Aubl.);

Ucuúba (Virola surinamensis Warb.); Murumuru (Astrocaryum murumuru Mart.) Buriti (Mauritia

flexuosa L.) e Pracaxi (Pentaclethra macroloba (Willd.) O. Kuntze). Entre estes, três produtos

(andiroba, buriti e murumuru) foram objetos do estudo de mercado elaborado para a

comunidade São João do Jaburu, visando assessorá-la na comercialização destes produtos

florestais. O relatório final contém as principais características destas espécies, seus principais

56

usos, cadeias de valor, aspectos da produção e mercados local, regional e nacional. O referido

banco de dados de potenciais compradores de PFNMs serviu de auxilio para a elaboração do

estudo de mercado.

Para a elaboração do estudo de mercado foi necessária a mobilização das lideranças da

comunidade para definir o escopo do estudo, a realização de uma oficina para coletar dados e

formação de preços com a participação de 26 comunitários, sendo 10 mulheres e 16 homens

(Anexo 12) e a identificação, avaliação de relevância e estabelecimento de contatos com

potenciais compradores em Macapá, Belém e São Paulo.

As identificações do estudo foram apresentadas para os comunitários em uma oficina de

retorno dos resultados (Figura 28), a qual foi avaliada satisfatoriamente por mostrar as

demandas locais e regionais para a andiroba, buriti e murmuru, sendo uma grande ajuda para

os membros da comunidade nas decisões de qual, quando e se devem coletar e vender estes

PFNMs pelos comunitários.

A principal fonte de renda da comunidade é a exploração dos PFNMs - açaí e palmito,

por isso, observou-se a necessidade de estudar também o comércio destes produtos. Com a

avaliação dos produtos comercializados pelos comunitários, foi possível identificar algumas

dificuldades no processo de comercialização desses dois produtos com relação ao custo-

benefício. O açaí, principal fonte de renda e alimento, pelas percepções dos comunitários, não

tem trazido grandes lucros devido a atuação de atravessadores. O palmito é a opção de renda

dos comunitários na entressafra do açaí, tem se mostrado insustentável por reduzir

consideravelmente a produção devido a retirada da palmeira. Os membros da comunidade

também acreditam que a produção de palmito também tem o potencial de criar uma

dependência em relação aos atravessadores, já que o atravessador de palmito compra a

produção a baixos preços e troca o palmito por outros produtos de necessidades básicas a

preços bastante altos.

57

Figura 28. Oficina de retorno dos resultados do Estudo de Mercado realizada na comunidade São João do Jaburu, Gurupá, Pará.

Para entender as relações de atravessadores entre si e com produtores, foi realizado um

estudo de caracterização tipológica de atravessadores. Para este estudo foram realizadas

entrevistas com 30 atravessadores e 18 informantes chaves (Figura 29), com a intenção de

compreender: Como as diferentes estratégias de trabalho de distintos tipos de atravessadores

afetam as estratégias de negociações de açaí dos produtores da região do estuário?

Assim, o estudo de atravessadores tem como finalidade dar conhecimento aos

produtores de como funcionam as relações entre atravessadores e destes com produtores,

capacitando-os para obterem melhores condições de negociar ao compreenderem o contexto

de seu entorno e os fatores que o influenciam. Os resultados deste estudo ainda serão

apresentados para os comunitários.

58

Figura 29. Levantamento de informações com atravessadores para estudo de caracterização tipológica de atravessadores em Gurupá, Pará.

1. Identificar fatores que determinam a demanda de longo prazo de produtos

florestais em mercados regionais-chave, para embasar projeções sob cenários de

produção, demanda e renda.

A. Identificação de demanda de PFNM em mercados regionais

Para identificar a demanda de PFNM em mercados regionais chaves, foram realizados

estudos de mercado de sete PFNMs (açaí, bacuri, piquiá, andiroba, copaíba, castanha-do-pará e

uxi) em dezesseis pontos de demanda de consumo, entre eles: feiras livres, mercados, portos e

supermercados, além de outros estabelecimentos que vendem PFNMs de interesse na cidade de

Belém (Tabela 8), com a finalidade de compreender como funciona a demanda por esses

produtos e a cadeia de comercialização de cada um deles. A escolha dos produtos foi feita

baseada em uma lista de produtos potenciais de algumas comunidades selecionadas no

primeiro ano de atividades e conhecimentos preliminares de espécies com potencial de

mercado. Assim, após a definição da metodologia a ser empregada, duas estagiárias foram

treinadas em estudos de mercado e pesquisas de marketing para coleta de dados. O estudo

não foi realizado nos mesmos centros de demanda do primeiro ano devido a limitações

orçamentárias, uma vez que o recurso somente foi liberado após a safra destes produtos.

Recursos de outras fontes de financiamento foram mobilizados para manter a continuidade do

estudo de mercado em Belém

59

Tabela 8. Questionários aplicados a comerciantes e consumidores em pontos de demanda em Belém.

Feiras/ Mercados/ Portos/ Supermercados Comerciantes Consumidores

Feira da Pedreira 2 51

Feira de São Brás 4 43

Feira do Telegráfo 4 44

Feira da Providência 3 40

Feira do Ver-o-Peso 28 64

Feira da 8 de Maio 5 40

Feira da 25 de Setembro 8 44

Feira Parque União 2 40

Mercado de Mosqueiro 5 40

Porto do Açaí 25 -

Porto da Palha 7 -

Porto de Icoaraci 9 -

Supermercado Líder 1 84

Supermercado Yamada 1 42

Supermercado Nazaré 1 58

Supermercado Formosa 1 42

Outros estabelecimentos 21 12

Para o levantamento das informações necessárias, as estagiárias realizaram 770

entrevistas no total, sendo destas 653 entrevistas com consumidores e 117 entrevistas com

comerciantes. Além das entrevistas, foi feito um levantamento de preços nos locais

selecionados para o estudo e venda informal dos PFNM em quadras selecionadas

aleatoriamente na cidade de Belém (Figura 30).

60

Figura 30. Levantamento de mercado com aplicação de questionários nas feiras, mercados, portos e supermercados da cidade de Belém, Pará.

Durante a aplicação dos questionários, semanalmente, foram realizadas compras de

PFNMs nos referidos pontos de levantamento de informações, para validar as informações de

preços que estavam sendo fornecidas pelos comerciantes, assim como analisar sua variação.

2. Analisar casos bem sucedidos de esforços comunitários na comercialização de

produtos florestais de outros locais na Amazônia brasileira.

A análise de casos bem sucedidos de comercialização de PFNMs por comunitários na

Amazônia visa identificar as potencialidades e riscos de empreendimentos comunitários

observando os obstáculos e erros a serem evitados. Com este intuito, foi realizado um

levantamento do estado atual de 21 comunidades na Flona Tapajós, uma Unidade de

Conservação de Uso Sustentável com bom histórico de participação comunitária, no primeiro

ano de atividades do projeto. Para a coleta de informações foram selecionados e treinados seis

estagiários (três mulheres e três homens) para auxiliar na aplicação dos questionários

socioeconômicos. Como resultado dessa ação, pretende-se obter conhecimentos sobre produtos

e projetos que foram bem recebidos pelas comunidades da Flona, no que se refere à

61

comercialização, bem como identificar potenciais entraves e problemas que possam ser

evitados no desenvolvimento do projeto nas comunidades de Gurupá e Porto de Moz.

Pelas informações até então coletadas, foi possível identificar que a renda das famílias

da Flona Tapajós se compõe por seis fontes principais: agropecuária, pesca, atuação de

projetos, renda passiva, renda florestal, renda de salários e diárias. No que se refere a atuação

de projetos, análises preliminares sugerem que os projetos de geração de renda focados em

ecoturismo, móveis, couro ecológico e de produção de óleos têm um impacto positivo e

estatisticamente significativo na renda das famílias participantes.

Em análises a utilização de PFNMs, observou-se que, por intermédio do projeto de

produção de óleos algumas comunidades (Nazaré, São Domingos e Pedreira) puderam

comercializar óleo de Andiroba e Copaíba. A exploração de tais PFNMs decorreu da aprovação,

pelo Ibama, do plano de manejo florestal autorizando a exploração dos produtos em áreas

designadas dentro da Flona. O ProManejo apoiou as comunidades na construção de infra-

estrutura e na capacitação para o beneficiamento adequado dos óleos, viabilizando a

comercialização dos óleos a várias empresas internacionais como Croda e Coggins. Em 2004, as

comunidades participantes produziram cerca de 660 litros de Andiroba.

Com relação à produção do Couro Ecológico, obtido pelo processamento do látex, os

comunitários fabricam bolsas, cintos, e peças de vestuário, envolvendo pessoas na coleta da

borracha, no processamento da matéria prima e na fabricação das peças. Tais atividades foram

desenvolvidas apenas na comunidade Maguari. Outra observação cabível é da necessidade de

projetos turísticos para que as atividades envolvessem PFNMs, de fato tragam renda

complementar para as famílias envolvidas.

Outra análise que esta sendo realizada com os dados coletados na Flona, se refere a

validade de perguntas retrospectivas. Tal análise é possível comparando as mesmas perguntas

feitas em dois momentos diferentes. No caso da Flona do Tapajós, o primeiro levantamento foi

realizado em 1997 e entre as diversas perguntas os comunitários foram questionados quanto

aos bens que possuíam. As mesmas famílias foram procuradas em 2006 e questionadas quanto

aos bens que possuíam em 1997. As respostas estão sendo comparadas para avaliar o grau de

erros apresentados nas respostas fornecidas e identificar porque alguns bens e/ou comunidades

apresentaram menos erros que outros.

62

Atividade 3-B: Desenvolver planos de comercialização para a venda de produtos madeireiros e não-madeireiros das comunidades-alvo, incluindo-se discussões sobre custos e benefícios para essas comunidades. _____________________________________________________________________________

Como esta atividade tem como principal impacto a capacitação das comunidades-alvo do

projeto para a comercialização da produção de PFNMs, o passo a ser dado, foi identificar o grau

de conhecimento e experiências dos comunitários, no que concerne a comercialização de

PFNMs, para planejamento do nível de capacitação a ser ministrado.

1. Desenvolver métodos inovadores para incorporar perspectivas comunitárias nas

análises de custo-benefício

Por intermédio das observações realizadas no decorrer da realização da oficina para

levantamento das informações necessárias à elaboração do estudo de mercado, e também

reunião posterior, foi possível fazer um levantamento das principais demandas da comunidade

São João do Jaburu. Para esse processo de identificação foram realizadas duas reuniões, a

primeira contando com a participação de 26 comunitários, sendo 15 homens e 11 mulheres

(Anexo 13), na qual se discutiu a necessidade da busca de mercados de PFNMs como estímulo

aos comunitários a participarem e entenderem o processo de comercialização. A segunda

reunião foi conseqüência da primeira, com a participação de 26 comunitários, sendo 11

mulheres e 15 homens (Anexo 14). Nestas, as demandas identificadas foram: i) conhecer os

procedimentos para emissão de nota fiscal; ii) conhecer os tributos incidentes; iii) deter técnicas

de manuseio de planilha de custo de produção; iv) treinamento para negociação com

empresas; v) aprender a estabelecer controle de qualidade do produto; vi) traçar logística de

transporte e vii) conhecer os procedimentos legais exigidos pelos órgãos de fiscalização

ambiental no que concerne a exploração e transporte de PFNMs.

Para atender tais demandas, visando a capacitação das comunidades em

comercialização, foi realizada uma oficina, com a participação de 40 comunitários, sendo 18

mulheres e 22 homens (Anexo 15), com o intuito de esclarecer as principais dúvidas da

comunidade sobre comercialização de PFNMs e trabalhar ferramentas participativas para

levantamento do custo de produção com a comunidade.

Na primeira reunião para discussão das demandas, foi levantada a formação de uma

comissão de comercialização com os comunitários envolvidos para o acompanhamento das

vendas a serem realizadas na comunidade. Para esse processo de organização os comunitários

envolvidos foram divididos em cinco equipes assim organizadas: i) equipe 1 – Organização de

63

Mutirões e Estabelecimento de Controle de Qualidade; ii) equipe 2 – Emissão de Nota Fiscal; iii)

equipe 3 – Abertura, Manuseio de Conta Bancária e Fundo fixo; iv) equipe 4 – Manuseio da

Planilha de Custo de Produção e v) equipe 5 – Negociação com Empresas e Logística de

Transporte. Para todas as equipes foram atribuídas as responsabilidades cabíveis no processo

de produção e comercialização dos PFNMs.

Ainda com o intuito de auxiliar na comercialização e divulgação de PFNMs, implementou-

se um programa de rádio para divulgação de preços e informações. Este programa está sendo

veiculado nas rádios comunitárias de Gurupá e Porto de Moz, tendo como público-alvo os

produtores rurais localizados em diferentes comunidades nestes dois municípios. Os preços

divulgados são coletados em cinco localidades: Gurupá, Porto de Moz, Belém, Santana e Breves

e envolvem o Açaí (fruto e vinho), a farinha e outro PFNMs escolhido aleatoriamente. Para a

pesquisa dos preços foram mobilizados 7 monitores, desses 4 mulheres e 3 homens, para

coletar e repassar as informações referentes aos produtos selecionados, com posterior

formulação do programa.

Espera-se que conhecendo o preço de alguns PFNMs de várias localidades, os

produtores possam tomar o poder de decisão no estabelecimento de preço mais justo e

viabilidade do transporte da produção para serem comercializados em outras localidades. O

impacto da divulgação dos preços será avaliado e, conforme apropriado, a programação será

expandida para incluir mais recomendações sobre manejo e marketing, no terceiro ano de

atividade do projeto.

As previsões futuras para melhoria do programa de rádio são: i) incluir outros PFNMs

como o bacuri, piquiá e uxi. Para algumas localidades como Gurupá e Porto de Moz há também

a demanda de incluir preços de peixe e madeira respectivamente; ii) evolução do programa de

rádio para se tornarem independentes do projeto, incentivando entrevistas gravadas pelos

jovens com comerciantes e produtores em suas cidades e inseridas no programa; iii) a

veiculação do programa por rádio amador, a fim de que as comunidades que não têm acesso as

programações das rádios comunitárias, possam também ter acesso as informações dos PFNMs;

iv) ter um programa próprio com maior duração e maior volume/diversidade de informações, já

que o programa tem duração de dez minutos, no horário da divulgação do programa do

Sindicato dos Trabalhadores Rurais; e v) colaborar com especialistas em comunicação rural

para adaptar informações específicas e de mercado de PFNMs para o formato de rádio a ser

incluido no programa expandido.

64

2. Desenvolver planos de comercialização com a participação plena das

comunidades-alvo, inclusive intercâmbios entre as comunidades e visitas a

mercados.

Complementando o processo de capacitação, já que as comunidades carecem não

apenas de informações básicas de mercado, mas também de contatos comerciais diretos, foi

articulado uma visita de algumas lideranças comunitárias a empresas potenciais em adquirir

PFNMs em Belém, a fim de entender as principais exigências do mercado. Como as

comunidades possuem produtos diferentes e características próprias de produção e

comercialização, o intercâmbio propicia a inclusão da estratégia de marketing mais apropriada

ao seu tipo de produto, produção e comercialização, além de integrar os conhecimentos locais

atendendo às exigências mercadológicas.

Para divulgação da atuação da comunidade foi elaborado um folheto informativo, a ser

apresentado para as empresas visitadas (Anexo 16) contendo fotos e informações mais

detalhadas da comunidade (organização e situação fundiária), envolvimento de projetos de

pesquisa e extensão dos potencias produtos - safra, capacidade produtiva e quantidades de

famílias envolvidas.

As visitas foram realizadas às empresas: Beraca, que divulgou estar demandando

murumuru, sendo a mesma colocada em contato direto com a comunidade para

estabelecimento de relações comerciais; Natura, que esclareceu várias dúvidas das lideranças

quanto as exigências para se tornar um fornecedor da empresa apresentando, por sua vez,

interesse em visitar a comunidade e negociar a compra de produtos para a próxima safra; e

COFRUTA, uma cooperativa de produção de polpa de frutas, principalmente o açaí.

Como resultado do contato das lideranças comunitárias com as empresas a Comunidade

São João do Jaburu, a empresa Beraca firmou a compra de 710 kg de amêndoas de murumuru

(Figura 31). A compra foi efetivada e mesmo diante das dificuldades, desânimos e

desentendimentos no decorrer da negociação, para o grupo de comercialização, a experiência

foi gratificante, por contribuir com o processo de capacitação para a comercialização, servir de

experiência para identificação dos erros e acertos e, principalmente pela finalização da compra

ter vindo em um bom momento, já que na referida época, era a entressafra do açaí e eles não

contavam com outros recursos financeiros, exceto o corte do palmito e caça para manterem o

sustento da casa.

Dessa forma chegou-se a conclusão que a comercialização de PFNMs é uma atividade

que deve ser inserida na dinâmica da comunidade de forma organizada para intercalar a

65

produção do murumuru com outros produtos como a virola, o buriti e o pracaxi, visando ser um

auxílio na renda da comunidade quando não estiverem na época da principal produção, o açaí e

contribuir para a sustentabilidade dos recursos florestais.

Figura 31. Produção de Murumuru e Grupo de Comercialização da Comunidade São João do Jaburu, Gurupá, Pará.

Durante todo o processo da comercialização do murumuru, visando orientar os

comunitários envolvidos na comercialização do produto, o componente de mercado estabeleceu

um sistema de comunicação semanal com a comunidade, para o repasse do andamento do

processo pelos comunitários e esclarecimentos das decorrentes dúvidas que foram surgindo,

principalmente no que se referiram as obrigações dos comunitários no acordo de

comercialização. Os contatos estabelecidos no decorrer da formulação do banco de dados de

potenciais compradores de PFNMs, também foram um auxílio fundamental para esclarecimentos

que potencializassem a finalização da venda do murumuru, assim como as orientações para

66

estabelecer os cálculos de custo de produção do produto, que serviu de estímulo para que os

comunitários entrassem em contato com a empresa e renegociassem o valor da produção.

3. Síntese de metodologias participativas, informação de mercado, análise de

custo/benefício e planos de comercialização modelo disseminados através de vários

meios de comunicação, incluindo manual ilustrado e vídeo educativo.

Na repetição do estudo de mercado objetivando identificar demanda de PFNMs,

realizado nas feiras, mercados, supermercados e portos, entre outros estabelecimentos na

cidade de Belém, foi divulgada uma cartilha de resultados (Anexo 17) elaborada com base nas

principais informações levantadas no primeiro ano de estudo como: locais de levantamento das

informações; PFNMs mais e menos vendidos; as formas de pagamentos para o PFNMs; quais

foram os preços pagos para os PFNMs; quais os municípios de origem dos PFNMs; entre outras

informações.

A finalidade da elaboração da cartilha de resultados foi retornar as análises feitas, a

partir das informações fornecidas, para os vendedores, dando-lhes ciência da importância de

analisar o mercado, frente suas variações, o que pode influenciar até mesmo na escolha do

produto a ser comercializado ano a ano, e assegurar sua cooperação e participação no estudo

de mercado.

A mesma cartilha de resultados foi divulgada na comunidade São João do Jaburu, para

que os comunitários tomassem conhecimentos das principais informações obtidas no primeiro

ano do projeto sobre os PFNMs no centro comercial de Belém e interpretação das variações.

A fim de compilar as principais informações a serem consideradas para a

comercialização de PFNMs, foi realizado um levantamento bibliográfico para a formulação de

um guia “Algumas Orientações para uma melhor Comercialização de Açaí: Comunidade São

João do Jaburu”, detendo informações sobre atravessadores, estabelecimento de preços para o

açaí, as principais preferências dos compradores entre várias recomendações para a

comercialização. O guia é direcionado para orientar comunidades na comercialização de

produtos florestais, usando como exemplo o açaí, que é a principal renda da comunidade-alvo,

São João do Jaburu, facilitando o entendimento do mercado e o ingresso das comunidades no

comércio de PFNMs. A diagramação do guia será realizada com a disposição do recurso do

terceiro ano de atividades do projeto.

67

Atividade 3-C: Aumentar a consciência sobre os produtos florestais por meio

do desenvolvimento da capacidade e elaboração de políticas públicas

O levantamento de opiniões do setor público municipal a respeito de manejo florestal

realizado no primeiro ano em Porto de Moz foi desenvolvido no segundo ano em Gurupá. Foram

realizadas 10 entrevistas com políticos e lideranças do município visando elucidar as opiniões a

respeito de manejo florestal, manejo comunitário e conhecimento sobre estas atividades no

município.

O levantamento de informações compreendeu opiniões e entraves a respeito de: leis e

regulamentações florestais no Brasil; fiscalização do Ibama, dificuldade na obtenção de licença

de desmatamento; efetividade do manejo florestal; participação em organizações local ou

regional, entre outros levantamentos.

No estudo de caracterização tipológica de atravessadores, foi realizada uma análise da

incidência de Políticas Púbicas na estratégia de vida e trabalho dos atravessadores de PFNMs,

detalhando as principais barreiras enfrentadas pelos agentes participantes da cadeia de

comercialização de PFNMs, as quais foram identificadas como: barreiras de mercado; barreiras

financeiras; barreiras técnicas; barreiras culturais; barreiras institucionais; e barreiras políticas e

legais.

Para divulgação das análises referentes à algumas atividades realizadas no segundo ano

do projeto foram apresentado, em congressos, os seguintes estudos: “Buying Direct from the

producer: choice of supplier in a regional market for Non Timber Forest Products” (3rd Latin

American and Caribbean Association of Environmental and Natural Resource Economists

Congress. Talca, Chile. 2007.) e “Middlemen of Non Timber Forest Products: Supply and Market

Inneficiencies” (45th Annual Conference of the Brazilian Society of Rural Economics, Sociology

and Management. Londrina, Brazil. 2007.). O artigo “The power of knowledge: information

transfer and açaí intensification in the peri-urban interface of Belém”, foi publicado na revista

internacional Agroforestry Systems.

O estudo de mercado realizado, assim como o estudo de caracterização tipológica de

atravessadores, servirá como fonte para elaboração de um Estado da Amazônia, artigo que

trata de temas abordados pelo Imazon tais como economia de recursos naturais, políticas

públicas, direito ambiental, monitoramento da paisagem, conservação biológica, ecologia e

manejo florestal, com ênfase a gerar abordagens inovadoras e sugestões originais para políticas

68

públicas. A elaboração do documento depende de validação das informações que serão

realizadas no terceiro ano de atividades.

Os resultados do diagnóstico realizado no primeiro ano do projeto foram apresentados

nas comunidades de São João e Espírito Santo no Rio Majari, no município de Porto de Moz,

para comunitários. O enfoque da apresentação foi mostrar a importância da floresta para a

comunidade. Este levantamento servirá de base para o levantamento socioeconômico final para

regulamentação fundiária das comunidades junto ao Iterpa. A apresentação foi realizada na

sede do município de Porto de Moz no dia 6 de agosto de 2007.

Para manter boa comunicação dentro do projeto e receber comentários e sugestões,

todos os participantes do componente apresentaram seminários no Imazon. Além disso, Erin

Sills, Francy Nava e duas estagiárias fizeram apresentações como parte de uma série de

seminários na Embrapa chamado de Café Não-Madeireiro.

3. Resultados previstos do projeto e resultados alcançados no segundo ano

de atividade.

Resultados esperados

Objetivo Meios de verificação

Resultados alcançados

I - Definição da situação fundiária para garantir o planejamento do uso dos recursos florestais comunitários.

Ampliar as ações do componente fundiário para outras regiões do estuário amazônico e auxiliar no processo de regularização fundiária. Comunidade tem situação fundiária definida. Experiências inovadoras e informações técnicas para fortalecimento dos direitos fundiários das comunidades. Mapeamento participativo de comunidades para fins de regularização

Seminários sobre regularização fundiária realizados. Planos de uso elaborados e aprovados pela comunidade. Mapas de pressão humana elaborados e validados. Definição fundiária ampliada.

4 Seminários. (611 participantes). 3 Oficinas. (38 pessoas capacitadas). Sistematização das experiências comunitárias de regularização fundiária. Intercambio entre comunidades sobre a modalidade de regularização fundiária. Sobrevôo para validar informação das analises de desmatamento, estradas não oficiais, foco de calor, numero e distribuição de

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fundiária. Organização de eventos e capacitação sobre regularização fundiária.

comunidades e cicatrizes de exploração. Regularizações fundiárias de aproximadamente 228.554 mil hectares, beneficiando 837 famílias de 31 comunidades. Participação em seminários, oficinas, fóruns e processos de regularização fundiária. 2 processos de regularização fundiária em andamento. 11 planos de uso em execução.

II – Sistemas de manejo florestal de uso múltiplo adaptados e praticado pelas comunidades.

Preencher as lacunas de informação, aumentar a capacidade local e regional e desenvolver ferramentas necessárias para implantar sistemas de manejo florestal de uso múltiplo.

Relatório de monitoramento ambiental e sócio-economico elaborado. Área experimental ampliada. Dados de inventario analisados e sistematizados para a devolução dos resultados a comunidade. 33 mapas temáticos elaborados e repassados a comunidade.

Inventario completo das espécies prioritárias (24 hectares de floresta inventariada). Monitoramento e ampliação amostral do estudo de produção. Geração de 33 mapas temáticos (georeferenciados). Estimativas de produção de frutos de andiroba e açaí. 5 Oficinas (aproximadamente 60 participantes). Treinamentos.

III - Estratégias para capturar maior valor de mercado para produtos florestais testadas e desenvolvidas.

Investigação e disseminação de informação sobre mercados regionais e apoio para comercialização. Identificar nichos

Monitoramento da qualidade, quantidade e volume de vendas nas comunidades envolvidas. Fórum de

Levantamento situacional da comunidade São João do Jaburu-Gurupá. (40 famílias entrevistadas). 3 Oficinas (124 pessoas, sendo 55

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locais e regionais para produtos florestais. Desenvolver planos de comercialização para a venda de produtos madeireiros e não-madeireiros das comunidades-alvo, incluindo-se discussões sobre custos e benefícios para essas comunidades.

comercialização da produção de PFNMs. Intercâmbios entre as comunidades e visitas a mercados. Programa de radio veiculado para divulgação de preços de PFNMs em parceria com o sindicato dos produtores rurais de Gurupá.

mulheres). Identificação de demanda do PFNM em mercados regionais. Treinamento (6 pessoas, sendo 3 mulheres). Reuniões (26 pessoas, sendo 11 mulheres). Divulgação de preços e informações através de programa de radio comunitária. Intercambio de algumas lideranças comunitárias a 3 empresas potenciais a aquisição dos PFNMs em Belém.

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4. Custos por Atividades Realizadas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12Result 1: Innovative experiences and technical information for strengthening local community tenure rights to forest land are identified, piloted and used to inform policy decision-making 357.185,26 65%

Activity 1-A: Identify, document and communicate innovative experiences for local communities to strengthen tenure rights to forestlands 172.912,39 31%

Activity 1-B: Pilot mechanisms to strengthen local initiatives forsecuring forestland tenure rights in target communities 119.225,28 22%

Activity 1-C: Formulate policies to strengthen local initiatives for legalrecognition of tenure rights to forestland by forest dependentcommunities 65.047,59 12%

Result 2: Appropriate tools and systems for forestmanagement are identified, tested and disseminated. 136.864,60 25%

Activity 2-A: Synthesize relevant information about locally valuedpriority species and existing multiple-use forest management systems 91.483,92 17%

Activity 2-B: Fill gaps in information, increase local and regionalcapacity and develop tools necessary to implement multiple-useforest management systems 38.761,61 7%

Activity 2-C: Influence public policy concerning multiple-use forestmanagement systems 6.619,07 1%

Result 3: Strategies to capture greater market value forforest products developed and tested. 57.129,86 10%

Activity 3-A: Identify local and regional niches for marketing forestproducts 37.526,50 7%

Activity 3-B: Develop marketing plans for sale of timber and non-timber forest products by target communities, including discussion offull costs and benefits to those communities. 17.786,93 3%

Activity 3-C: Increase awareness of forest products through capacitybuilding and design of public policy that reflects the value of foreststo both rural and urban populations. 1.816,43 0%

Total 551.179,72 100%

Preparatory phase

Implementation phase

ACTIVITY EXPENSES (EUR) %

DURATION AND ACTION PLAN

Semester 1 Semester 2

72

5. Cronograma de atividades proposto para o terceiro ano de atividade do

Projeto.

YEAR 3

Semester 1 Semester 2 ACTIVITIES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1

0

1

1

1

2

Implemen

ting Body

COMPONENT 1

Analyze local processes (case studies) for land tenure definition in Gurupá, Porto de Moz and Marabá.

CIFOR, FASE, IEB

Hold a local seminar to analyze opportunities and legal obstacles of the local arrangements for land tenure definition.

CIFOR, FASE, IEB, IMAZON

Implement and test of Participatory Assessment methodologies to support the creation of the State Agroextractive Settlement Project (Porto de Moz).

CIFOR

Implement and test methodologies of a Sustainable Development Plan for the State Agroextractive Settlement Project (Porto de Moz).

CIFOR

Support Local Partners to implement Needs Assessment and Development Plans for three Settlement Projects (Porto de Moz).

CIFOR, IMAZON

Evaluate the land tenure regularization model of the Right Margin of the Xingu River, Porto de Moz, for dissemination to similar areas in the state of Pará.

CIFOR, IMAZON

Identify promising local initiatives of land tenure definition in the Amazon.

CIFOR, IMAZON,

IEB Conduct Workshop with local communities focused on land tenure definition.

Conduct Workshop with specialists to analyze opportunities and limits of local arrangements for land tenure definition.

CIFOR, FASE, IEB, IMAZON

Present propositions for land tenure public policies.

CIFOR, FASE, IEB, IMAZON

Disseminate experiences and lessons learned on land tenure rights in existing networks.

IEB

Analyze management and land tenure processes of rural settlements in Marabá.

IEB

Offer course on participatory mapping and usage plans development in the communities of Porto de Moz and Gurupá.

CIFOR, FASE, IEB,

Publish methodological guide on participatory mapping.

FASE, IMAZON,

CIFOR, IEB

73

Analyze land tenure regularization processes at the ResEx Verde para Sempre.

IMAZON, IEB, CIFOR,

FASE Analyze land tenure regularization processes at rural settlements in Marabá.

Publish guide on land tenure regulation. FASE,

IMAZON, IEB, CIFOR

COMPONENT 2

Finalize GIS map bank (Porto de Moz,

community 2 Estuary).

IMAZON

Test maps (Marabá, Porto de Moz,

community 2 Estuary)

IMAZON

Document local knowledge (all sites) IMAZON

Summarize scientific information on species. IMAZON,

CIFOR, IEB

Inventory of species valued by the

community residents (Marabá, Porto de Moz,

community 2 Estuary).

IMAZON,

CIFOR

Production studies (all sites) on NTFP. IMAZON

Promote Exchanges between communities

from different regions on management

alternatives and marketing of forest species.

CIFOR,

FASE

Build capacity at community level on Ecology

and Forest Management (Porto de Moz).

CIFOR,

IMAZON,

FASE?

Research on formal and informal forest

management systems developed by the

community l(Porto de Moz) (timber and non-

timber)

CIFOR

Formulate proposals on forest regulations.

IMAZON,

FASE, IEB,

CIFOR

Produce summaries on key political issues. IMAZON,

IEB

Publish atlas with thematic maps of key

species, which express the relationship

between occurrence, production and

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management in the community of Jaburú.

Disseminate information to social

movements and communities.

CIFOR,

IMAZON

COMPONENT 3

Analyze data from the Tapajós Flona IMAZON

Analyze market information* IMAZON

Analyze information on families and forest

resources in Jaburú

IMAZON

Increase awareness about forest products

through internet website, seminars and

portfolios on public policies, as well as

scientific articles and presentations

IMAZON

Disseminate market information through

workshop in Jaburú

IMAZON

Workshop in Jaburú to train community

residents in production cost calculations

IMAZON

Dissemination of market information

through radio programs in Gurupá and

eventually in Porto de Moz (including

collaboration with Monica)

IMAZON,

FASE

Radio Kit: program schedules, information,

and key points to enable other community

radios to formulate their programs.

IMAZON,

CIFOR

Dissemination of market information through

primers (including testing workshop in

Jaburú)

IMAZON

Assistance with marketing issues in Gurupá

(accompany the process, answer questions,

help establish and maintain commercial

contacts)

IMAZON

Legal advice to communities on marketing

issues (internship, consultation with

lawyer/Sebrae, workshop with organizations

that provide technical assistance to

communities)

IMAZON

Participation in events and political IMAZON,

75

processes related to the formulation of

public policies related to the NTFP market

FASE, CIFOR

Training apprentices (Mariana and Marcelo) IMAZON

Data collection of merchants and consumers

in Belém

IMAZON

Exchange with IBGE regarding data on

forest products

IMAZON

6. Equipe Técnica e Administrativa do Projeto.

Imazon

Paulo Amaral – M.Sc. Manejo Florestal e Conservação da Biodiversidade.Coordenador Geral do

Projeto

Marina Londres – Engenheira Florestal

Simone Bauch – Engenheira Florestal

Francy Nava – Engenheira Ambiental

Waldir Pinto – Técnico Comunitário

Edson Vidal – Dr. Ciências da Engenharia Ambiental. Pesquisador Associado

Mark Schulze – Dr. Ecologia. Pesquisador Associado

Rodney Salomão – Engenheiro Florestal

Ana Cláudia Rodrigues – Contadora

Elson Vidal – Gerente Financeiro

Isabelle Correa – Assistente Financeira

Verônica Oki – Controller

Wanessa Ferreira – Assistente Financeira.

IEB

Manuel Amaral – Ms. Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável. Coordenador

Katiuscia Fernandes – Engenheira Ambiental

Sybele Menezes – Secretária

Ailton Dias – Especialista em Desenvolvimento Rural

Lidiane Melo – Bacharel em Ciências Políticas

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CIFOR

Tadeu Melo, Agronomist, specialist in community-based NTFP managment

Patrícia Shanley, PhD, Ecologist, specialist in community-based NTFP managment

Pablo Pacheco, PhD Geografer, specialist in land tenure

Christiane Ehringhaus, PhD Environmental Scientist, specialist in community-based NTFP

managment and forest land tenure

Cristina Ribeiro, Adminstrator

FASE

Carlos Augusto Ramos – Engenheiro Florestal - Coordenador

Lucidéa da Silva – Técnica em Gestão em turismo. Assistente Administrativa

Girolamo Treccani – Advogado. Consultor jurídico

Francisco Barbosa – Engenheiro agrônomo. Consultor

Nilza Miranda – Técnica Agrícola e Florestal

Adamor da Silva – Agente Comunitário de Desenvolvimento Local

Manoel da Costa – Agente Comunitário de Desenvolvimento Local

Pedro Vieira – Agente Comunitário de Desenvolvimento Local

Maria Antônia do Nascimento – Secretária Executiva

7. Parcerias e instituições colaboradoras com a ação

O Projeto na realização das atividades contou com a parceria ou colaboração das seguintes

instituições:

CPT. Comissão Pastoral da Terra – Prelazia do Xingu Greenpeace. Organização Ecologista Paz Verde Ibama. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (CNPT) Laet. Laboratório Agroecológico da Transamazônica Neaf. Núcleo de Estudos Integrados sobre Agricultura Familiar

8. Visibilidade

- Apoio a realização do encontro anual de manejo florestal comunitário do estuário

amazônico,

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- Publicação do documento com a sistematização das experiências comunitária de

regularização fundiária em Gurupá,

- Elaboração e distribuição de um folder do projeto para parceiros e comunidades locais,

- Divulgação dos resultados do projeto em eventos técnicos e científicos em um total de

20 eventos com um público estimado de 850 pessoas.

- Participação efetiva no Grupo de Apoio a Ações da ResEx Verde para Sempre.

ANEXOS