Resenha

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Resenha DUBY, Georges. Damas do século XII: a lembrança das ancestrais/ Georges Duby : tradução Maria Lúcia Machado. - São Paulo : Companhia das Letras, 1997. Titulo Original: Dames du XII siècle.ISBN 85-7164-676- 7 1. França - História - Século 12 2. Mulheres - França - Condições sociais - Século 12. Título. Em Damas do século XII: lembranças das ancestrais , Georges Duby - historiador francês especialista em Idade Média - resalta os principais pontos da vida das mulheres em uma sociedade completamente machista. Começando pela parte mais comovente em um circulo social - a morte - o autor nos mostra o importante papel das mulheres no cuidado com os defuntos e no pensamento que a sociedade tinha em relação a isso. Para os estudiosos (religiosos) da época, a morte era como o nascimento. As mulheres dão a luz, de seus ventres, a novos seres humanos e, portanto, era a elas que cabiam os cuidados com os defuntos, pois acreditava-se que esses voltariam de onde vieram: para as próprias mulheres. Outro ponto muito bem colocado pelo autor é o fato das mulheres, no século XII, serem ligadas diretamente às práticas mágicas, feitiçarias e bruxarias, devido ao grande mistério que os homens da época viam no sexo feminino. Era complicado entender como uma mulher seduzia homens, e tirava-os de seus propósitos utilizando de sua beleza e delicadeza. Eram vistas, no entanto, como seres propensos às artes do Maligno e por isso deveriam sempre ser censuradas, viver uma vida ditada por regras de

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Resenha

DUBY, Georges. Damas do século XII: a lembrança das ancestrais/

Georges Duby : tradução Maria Lúcia Machado. - São Paulo : Companhia das

Letras, 1997.

Titulo Original: Dames du XII siècle.ISBN 85-7164-676-7

1. França - História - Século 12 2. Mulheres - França - Condições sociais

- Século 12. Título.

Em Damas do século XII: lembranças das ancestrais , Georges Duby - historiador francês especialista em Idade Média - resalta os principais pontos da vida das mulheres em uma sociedade completamente machista.

Começando pela parte mais comovente em um circulo social - a morte - o autor nos mostra o importante papel das mulheres no cuidado com os defuntos e no pensamento que a sociedade tinha em relação a isso. Para os estudiosos (religiosos) da época, a morte era como o nascimento. As mulheres dão a luz, de seus ventres, a novos seres humanos e, portanto, era a elas que cabiam os cuidados com os defuntos, pois acreditava-se que esses voltariam de onde vieram: para as próprias mulheres.

Outro ponto muito bem colocado pelo autor é o fato das mulheres, no século XII, serem ligadas diretamente às práticas mágicas, feitiçarias e bruxarias, devido ao grande mistério que os homens da época viam no sexo feminino. Era complicado entender como uma mulher seduzia homens, e tirava-os de seus propósitos utilizando de sua beleza e delicadeza. Eram vistas, no entanto, como seres propensos às artes do Maligno e por isso deveriam sempre ser censuradas, viver uma vida ditada por regras de comportamento desde que nasciam, para que não levassem a humanidade ao caos.

Essas mulheres também não possuíam quaisquer direitos, nem mesmo de andar desacompanhadas. Eram tidas como seres frágeis e propensos ao mal, e por isso deveriam sempre estar acompanhadas de um homem, fosse ele seu marido, um dos vassalos de seu marido ou alguém de sua linhagem. As virgens não eram donas de seus corpos, assim como as esposas. Não podiam escolher quem deveriam entregar seu amor, essa parte era destinada ao homem da família, (o pai da moça) que escolhia quem desposaria a filha. Após o casamento, a Dama também não tinha direito algum, deveria se entregar aos caprichos amorosos de seu esposo, e dar-lhe filhos, o que era visto como

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utilidade para as mulheres: serem férteis, e presentear seus maridos com filhos saudáveis.

Sendo tão flageladas pelo domínio masculino enquanto esposas, quando se tornavam viúvas, viam-se obrigadas a dirigir-se para um mosteiro, renunciar a casa e dar espaço para que outro casal jovem e forte ocupasse o leito conjugal e prosseguisse a linhagem. Tornavam-se então monjas, sem um propósito bem específico, já que não tinham marido, e eram tidas como maléficas as mulheres que se relacionavam com outros homens, sem ser o seu Senhor.

Contudo, ainda existiam as amigas (concubina), que viviam para alegrar a vida de homens - casados ou não - as prostitutas, as mulheres sem lei, sem casa, sem dominador. Muitos reis e homens da nobreza foram pais de filhos nascidos no concubinato, nas relações fora do casamento, às escondidas.

É de extrema importância destacar o papel da Igreja em relação ao casamento e em relação aos direitos das mulheres. O que o autor aponta, com grande ênfase, é como a Igreja fazia os homens acreditarem na privatização do prazer. Os homens e mulheres estavam juntos apenas para a procriação da espécie, e não para sentir prazer. Os homens eram proibidos de excitarem as suas damas, essas deveriam ceder aos caprichos de seus senhores de bom grato, eram sortudas por terem tido um casamento e não ficarem largadas, eram eternas devedoras como esposas e sua posição em relação aos homens era de pura e simples subordinação.

Resenha

Duby, Georges.

Idade Média, idade dos homens: do amor e outros ensaios/ Georges

Duby; tradução Jônatas Batista Neto. -- São Paulo : Companhia das

Letras,1989.

Nesse livro, Georges Duby resalva muito bem a importância da

virgindade para as moças e a fidelidade para as esposas. Sendo as mulheres

seres perversos e propensos a disseminar o mal, gerando filhos de homens

alheios ao casamento, deveriam ser instruídas e regradas desde pequenas.

Deveriam ser ensinadas com exemplificações de Maria ( ou de santas), que

fora a mãe de Cristo e fora virgem. Maria deveria ser seguida como exemplo da

mulher ideal para a sociedade da época. Era de fato, evidente que a mulher

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tinha dois donos: seu Senhor esposo, e acima dele Deus, e quando havia

infidelidade, ela não traia apenas seu esposo, mas também Deus.

É resaltado também que nenhuma mulher tinha direito sobre si mesma,

não poderia jamais empunhar uma espada ou soltar os cabelos ao vento em

público, seria uma fera indomável se o fizesse, e algumas das que se julgaram

capazes de tal ato, foram condenadas e executadas. Os homens,

principalmente os religiosos, temiam o poder da feminilidade, e é fato de que

com o passar dos anos, algumas coisas mudaram, houveram algumas

promoções da condição feminina, porém essas são tão mínimas que acabam

sendo ocultadas pelas promoções da condição masculina. Uma dessas

promoções, referentes ao amor cortês, era a dama ser vista como prêmio ante

a uma batalha de senhores, que brandiam suas espadas para ganhar a virgem

como recompensa e assim, a mulher sempre acaba sendo "a escolhida" sem

nunca ter o direito de escolher, ou mesmo recusar.

O fato é, indiscutivelmente, que todo o prazer era tido aos cavaleiros, um

prazer medido pela Igreja, que só pertencia aos homens. Não há textos

escritos por mulheres nesse período da Idade Média, todos são narrados por

homens, e decorrente disso, temos apenas a visão masculina do que eram as

mulheres. Até mesmo a visão de que, o único domínio de uma mulher era sua

casa, suas criadas, seus utensílios doméstico. Era apenas isso que pertencia a

mulher guardar e mesmo assim, não foram elas quem os descreveram, e sim

os letrados, homens letrados.