Resenha Artigo Custos II

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE CIÊNCIASECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIASCONTÁBEIS E ATUARIAIS RESENHA SOBRE O ARTIGO O USO DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC – ACTIVITY BASED COSTING) NA ANÁLISE DO PROCESSO DE TRANSPLANTES DE FÍGADO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Porto Alegre, 10 de maio de 2014.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADEDE CIÊNCIASECONÔMICAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIASCONTÁBEIS E ATUARIAIS

RESENHA SOBRE O ARTIGO O USO DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC – ACTIVITY BASED COSTING) NA ANÁLISE DO PROCESSO DE TRANSPLANTES DE FÍGADO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Porto Alegre, 10 de maio de 2014.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADEDE CIÊNCIASECONÔMICAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIASCONTÁBEIS E ATUARIAIS

RESENHA SOBRE O ARTIGO O USO DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES (ABC – ACTIVITY BASED COSTING) NA ANÁLISE DO PROCESSO DE TRANSPLANTES DE FÍGADO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Trabalho elaborado para a disciplina de Contabilidade de Custos II do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Integrantes do Trabalho: Fernanda Bordignon SoaresFernanda da Silva MomoLuana dos Santos

Porto Alegre, 10 de maio de 2014.

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Introdução

A saúde pública é um tema corriqueiro e de grande complexidade para estudos. Envolvendo diversas estruturas gerenciais, como por exemplo: a administrativa, a financeira e a de logísticas e que ainda somadas à burocracia comum do poder público torna-se de difícil gestão, além de trazer um grande questionamento por parte da população que usufrui desse sistema.

Por parte desses problemas o artigo “O uso do Custeio Baseado em Atividades (ABC – Activity Based Costing) na análise do processo de transplantes de fígado do Estado de Minas Gerais” propôs um estudo utilizando como base o método ABC a fim de realizar um gerenciamento eficaz desde a estratégia até a operação dos transplantes realizados em Minas Gerais através da instituição responsável MG Transplantes (MGTx). A MGTx trabalha como um Complexo Hospitalar atuando na regulamentação do processo de notificação, logística, doação e repartição, objetivando o acompanhamento dos resultados na atividade de transplantes.

Ao longo do artigo será possível evidenciar com maior clareza o uso do método ABC, o qual foi constantemente trabalhado em sala de aula para a disciplina de Contabilidade de Custos II, e sua eficácia.

Metodologia De Pesquisa

Segundo o artigo, o Brasil possui o maior programa de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, sendo o único país que acompanha seus pacientes desde o início do tratamento, o pós-operatório e as etapas subsequentes. Na lista de doação a cidade de São Paulo é a primeira colocada, com 22 doadores por milhão de habitantes. A cidade de Minas Gerais está a caminho de conquistar um lugar entre os 4º primeiros lugares da lista, no momento ela conta com 9 doadores por milhão de habitantes. (FHEMIG, 2012)

Um dado interessante e, que não há grande divulgação nos meios normais de propaganda, apontado no estudo é que o Brasil desponta como um dos maiores países em número de transplantes no mundo desde a criação do Sistema Nacional de Transplantes. Podemos ver um crescimento absurdo de transplantes e de gastos para financiar essas operações com os dados abaixo relacionados:

Ano Nº de Transplantes Valor em R$

1996 3.979 75,4 milhões

2002 7.981 280,5 milhões Um aumento de mais de 100%

Esses valores foram custeados pelo SUS (Sistema único de Saúde), em relação aos outros anos esses dados podem ser consultados no site do Ministério da Saúde.

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O procedimento de transplante envolve diversas partes desde o Pré-Transplante até a fase do tratamento ambulatorial do transplantado. Essas fases não são realizadas somente por uma instituição e sim por diversas instituições, fazendo-se necessário uma logística enorme para que no final tudo ocorra bem, pois o sucesso dessa operação é imprescindível não só para o paciente como para as instituições envolvidas. Por este motivo torna-se de grande relevância um estudo aprofundado dessas instancias e de suas complexidades.

O artigo visando esses princípios almeja promover investimentos nos pontos certos para obter um efetivo e eficaz gerenciamento dos recursos despendidos nessas etapas.

A metodologia de pesquisa, como objetivo, foi realizar uma revisão conceitual da literatura em relação ao ABC, utilizada para embasar todo o estudo, e explanar os resultados obtidos através desse método aplicando esse conceito no processo de transplante de fígado em Minas Gerais.

Para que este estudo funcionasse foi utilizado duas tecnologias de gestão: a de processos e o método de custeio ABC. Eles perceberam as seguintes necessidades para análise e estudo do caso, são elas: a evidenciação das fases do processo do transplante, a interligação entre as instituições, o consumo de recursos nas atividades (pessoas, materiais, serviços e tecnologias), a identificação de gargalos (problemas), e o custeamento das atividades (rastrear esses custos) constitutivas do processo. Elaborar, por fim, os indicadores de processos, resultados e de desempenho.

“O ABC, embora muito usado em ambiente hospitalar, aqui é inovador, na medida em que busca sustentar a Visão Sistêmica da organização. Trata-se de metodologia que trabalha o Mapeamento dos Processos em primeira instância e, em segunda instância, a origem e formação de custos dos eventos (bens e/ou serviços).”

“Por meio de refinamentos sucessivos, o ABC cobra compreensão destes processos por meio da geração dos números e dos mecanismos que conduziram a estes números. Isso caracteriza o ABC no seu desenho fundamental a uma obediência à estratégia de abstração e modelagem bottom-up de concepção de sistemas.”

É interessante afirmar que se utilizou a informação de custos para algo muito além do tradicional “cortar-custos”, e, sim, conforme dito no artigo, como “meta-informação” que visa o seu uso como suporte da qualidade do gasto focado na gestão dos recursos e principalmente na eficiência da aplicabilidade eficaz desses valores nas etapas e no processo como um todo.

Como estratégia de pesquisa o artigo apresentou um estudo exploratório, baseando-se em estudos bibliográficos, exploração de campo e uso de cognição livre.

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Classifica-se como transversal, pois a pesquisa realizou-se de forma episódica uma vez, em tempo de conveniência.

Para que fosse possível alcançar os objetivos que os pesquisadores se propuseram e também, aos resultados almejados, eles adotaram uma abordagem quantitativa e qualitativa.

No enfoque qualitativo foram realizadas entrevistas e uma Análise Documental na busca por manuais, legislação e outros.

Na parte quantitativa obtiveram resultados através de Mineração ao Acaso devido a utilização de bancos de dados disponíveis. E a aplicação do método de custeio ABC.

O trabalho foi realizado na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais e obtiveram grande ajuda e parceria por parte da fundação durante toda a pesquisa.

Referencial Teórico

O método Activity Based Costing (ABC) abordado pelo estudo apresentou como definição bibliográfica o conceito definido por Gonçalves.

No ambiente organizacional a gerência de custos deixou de ser utilizada como uma simples ferramenta de avaliação de estoques, com o objetivo restrito de suprir as obrigações da contabilidade fiscal ou societária, para tornar-se uma importante ferramenta de auxílio na busca de objetivos pré-definidos e de vantagem competitiva. Nesse sentido, o ABC que pode ser considerado uma forma de custeio mais contemporâneo e voltado para a contabilidade gerencial passou a ser usado, muitas vezes, em conjunto ou paralelamente ao custeio mais convencional da contabilidade financeira nas empresas de produção para dar sustentação à tomada de decisão gerencial. (Gonçalves et.al.,2006, p.1).

O ABC foi considerado o método mais completo a ser utilizado para o caso

analisado, pois ele foi desenvolvido para auxiliar a análise estratégica de custos por atividades, a qual é a mais impactante em relação ao consumo dos recursos das empresas.

Destacado por Nakagawa, 2001. a gestão por atividade teve uma contribuição significativa no campo gerencial de todas as áreas, pois possibilita a combinação dos custos com as medidas de desempenho tanto da produção, diretamente das atividades ou da própria comercialização de produtos, abrindo novas perspectivas em relação as medidas aprimoradas no uso e na eficiência do consumo de recursos.

O Custeio Baseado em Atividades tem como objetivo identificar as atividades mais relevantes e, ao analisá-las, encontrar o melhor método gerencial para que seja possível utilizar o recurso da empresa de uma forma eficiente e eficaz ao mesmo tempo. Os dois princípios são relevantes para o sucesso final de cada projeto, o qual seria otimizar o lucro dos investidores e a criação de valor para os clientes, por meio dos produtos e serviços desempenhados e distribuídos no mercado.

Direcionado ao foco do presente estudo, Martins, 2002. identifica que o ABC aplicado a hospitais representa, também, um sistema de custeio por atividades fornecendo informações do que, como e quão bem faz suas atividades.

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Elaboração do projeto e implantação do ABC

Para a elaboração do projeto e implementação do ABC, o artigo indicou que o primeiro a ser feito é o seu escopo o qual define o grau de envolvimento (tempo) dos gestores de áreas e especialistas, áreas de atuação e intensidade podendo ser muito diferentes entre si (Nakagawa,2001).

Definição da forma de coleta de informações

Definido o escopo do projeto, deve-se planejar as estratégias de coleta das informações necessárias ao desenvolvimento do projeto e do custeio ABC. São diversas as formas de obter essas informações, entre elas Nakagawa (2011, p122) define algumas técnicas relevantes como a Observação, Registro de Tempos, Questionários, Grupo de foco e Entrevistas. Já segundo Gonçalves ET.al. (2006, p7) algumas estratégias podem complementar a aplicação do ABC e fortalecer o fluxo de ocorrência das atividades e sua inter-relação, são elas: Follow-up e Storyboards.

Mapeamento e Compilação dos recursos consumidos

Mediante as estratégias e os parâmetros definidos acima a pesquisa assume que faz-se necessário implementar a busca dos recursos consumidos em cada atividade e gerar valores mínimo e máximos de acordo com a utilização desses recursos observando a sua complexidade e frequência. Esses dados geralmente são obtidos através de anotações e planilhas de controle, destacando, também, a importância de realizar entrevistas com os gerentes dos setores aos quais se está estudando.

Trazendo esse conceito para o objeto estudado, o hospital, essa coleta de dados deve ser feita em relação a quanto um paciente consome, de recursos, por cada atividade utilizada. Para medir esses custos hospitalares, deve-se rastrear todos os valores gastos em todos os processos, por exemplo: o parto normal, consumirá uma quantidade de materiais cirúrgicos, farmacêuticos e de lavanderia, assim como o parto cirúrgico usará quantidades diferentes de cada material descrito. (Martins, 2002)

Definição dos Direcionadores de Recursos e sua Alocação as atividades

Para a definição dos direcionadores de recursos e sua alocação as atividades, utilizaram o Cost driver (ou direcionador de custos) “é um evento ou fator causal que influencia o nível e o desempenho de atividades e o consumo resultante de recursos (...) todo fator que altere o custo de uma atividade”. (Nakagawa, 2001, p.74).

Com base nesse conceito e adequando a visão hospitalar, o cost drive seria o serviço/produto prestado. É o que o paciente recebe a partir do que foi produzido ou podendo ser utilizado o produto dessa produção em outra atividade que não seja direcionada ao paciente.

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O cost driver pode ser de recursos, quando este indicar os recursos utilizados pelas atividades de cada setor ou de atividades quando indicar as atividades necessárias para a fabricação dos produtos e serviços. (Nakagawa, 2001, p. 74)

Painel de Especialistas

Posterior à pesquisa e direcionando o projeto para a possibilidade de execução, indicou-se como fase final levar todo o estudo montado e completo para especialistas da área com o intuito de o validarem e consequentemente o incluírem como nova estratégia na tomada de decisões. Observando, sempre, para que as informações geradas com esta pesquisa sejam fidedignas e de acordo com a realidade do Hospital, meio que está sendo abordado pelo trabalho.

Aplicação Empírica

Para o entendimento do funcionamento de todo o processo de transplante e para a alimentação dos dados para futura análise dos custos foram entrevistados 6 profissionais do Núcleo de Transplante do Estado de Minas gerais, essa escolha se deu pelo profundo conhecimento na área pesquisada e por sua elevada experiência, as entrevistas ocorreram duas a três vezes por mês durante um ano. Além das entrevistas uma gama de documentos foram coletados e utilizados como base de estudo.

Contextualização

O artigo elaborou sua análise no Complexo de MG Transplantes (MGTx), ele é um dos seis complexos assistenciais pertencentes a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) a qual é a maior rede de hospitais públicos da América Latina.

O MGTx é composto por centros de notificações, captação e distribuição de órgãos (CNCDO), atuando 24 horas por dia, são os responsáveis pela política de transplante de órgãos e tecidos no Estado de Minas Gerais além de contar com uma equipe altamente qualificada quanto a enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e atua na captação e busca de órgãos e tecidos dentro de algumas regiões de Minas Gerais.

Mapeamento do processo e atividades:

Apresentado pela pesquisa, as principais etapas, de acordo com o Painel de Especialistas, são: 1ª Etapa– Pré-transplante; 2ª Etapa– Lista de Espera; 3ª Etapa–Doação e entrega do corpo à família; 4ª Etapa– Transplante propriamente dito (Cirurgia); 5ª Etapa– Acompanhamento Ambulatorial. Após essa primeira análise, o estudo começa a focar na área principal pesquisada que seria os micros processos de fígado e rim, nas particularidades das atividades constitutivas e os recursos e custos.

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Em relação a 1ª Etapa– Pré-transplante, os aspectos principais são o encaminhamento de alta complexidade para a prefeitura, primeiras consultas do paciente e realização de exames para verificar os critérios legais clínicos mínimos. Sendo o paciente considerado apto, ele será incluído na lista de espera, caso negativo ele será julgado pela Câmara Técnica Estadual e, sendo negado novamente, sua última instância seria a Câmara Técnica Federal e, mantendo o mesmo parecer o processo é encerrado. O parecer sendo positivo, ele iniciará o processo de exames e lista de espera. O MGTx acompanha todas as etapas desse processo e o obtido pode ocorrer ao longo desse período.

Na 2ª Etapa– Lista de Espera, em paralelo com a Fase 3 – Doação, a MGTx faz o acompanhamento da lista de espera e do paciente. É iniciada com a inscrição do receptor, podendo ser com prioridade para os casos mais graves como suficiência hepática fulminante e anepático por trauma. Ao longo dessa espera exames de medição de risco de morte são feitos nos primeiros 3 meses, para definir o critério de urgência.

Com a 3ª Etapa–Doação que inicia ao identificarmos um possível doador, sendo ele vivo ou não. Esse doador é submetido a testes para confirmar a morte encefálica, ou seja, diagnosticar a morte cerebral. A identificação pode ser feita por notificação ou por busca ativa e o MGTx tem uma grande equipe 24 horas monitorando esse processo.

Após a confirmação do óbito, a família é assistida por profissionais para a possibilidade da assinatura do termo de doação. O doador torna-se efetivo a partir do fechamento do protocolo de morte encefálica e assinatura do termo de autorização do doador. São feitos diversos exames para atestar a saúde do órgão. Se o órgão não for saudável o procedimento é abortado.

A MG Transplantes realiza a retirada e transporte dos órgãos e das equipes envolvidas no processo, a seleção do recepto é feita através de ranking e com a efetivação do doador iniciasse o processo

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