Resenha Linguística Swiggers e Koerner

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS (FFLCH) SEMINÁRIOS DE TEORIA LINGUÍSTICA (FLL1012) Prof a Dr a . Olga Coelho Júlia Dip Zangari Massariolli 8072732 Swiggers e Koerner: sobre a Historiografia Linguística São Paulo - SP 2013.2

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Resenha dos linguistas Swiggers e Koerner

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO (USP)

    FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CINCIAS HUMANAS (FFLCH)

    SEMINRIOS DE TEORIA LINGUSTICA (FLL1012)

    Profa Dra. Olga Coelho

    Jlia Dip Zangari Massariolli

    8072732

    Swiggers e Koerner: sobre a Historiografia Lingustica

    So Paulo - SP

    2013.2

  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO (USP)

    FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CINCIAS HUMANAS (FFLCH)

    SEMINRIOS DE TEORIA LINGUSTICA (FLL1012)

    Profa Dra. Olga Coelho

    Jlia Dip Zangari Massariolli

    8072732

    Swiggers e Koerner: sobre a Historiografia Lingustica

    O trabalho de resenha que se segue tem seu cerne na

    apresentao de questes e princpios em dois trabalhos

    de Konrad Koerner -"O problema da influncia: George

    von der Gabelentz e Ferdinand de Saussure" e "O

    problema da Metalinguagem em Historiografia da

    Lingustica" - e em um trabalho de Pierre Swiggers -

    "Modelos, Mtodos y problemas en la Historiografa de la

    Lingstica". Pretendo demonstrar a presena de analogia

    e semelhana dos textos em questo.

    So Paulo - SP

    2013.2

  • KOERNER, K. O problema da "influncia": George von der

    Gabelentz e Ferdinand de Saussure

    Koerner levanta questes a respeito da veracidade de concluses de linguistas

    como Coseriu, Christmann, Spitzer, Kainz, Zwirner, Rensch e Reichling quanto

    influncia incontestvel de Gabelentz no Curso de Lingustica e nos estudos de

    Saussure. Os linguistas citados anteriormente teorizaram indcios de que alguns dos

    seus principais conceitos - dentre eles, dicotomias - seriam, no somente ou

    necessariamente oriundos de ensinamentos ou postulados na Lingustica de

    Gabelentz, mas possivelmente uma extenso de seus preceitos. No obstante os fatos

    de que Gabelentz poderia, conforme afirmado por alguns estudiosos, ter sido um dos

    professores de Saussure, e de que Saussure de fato constri uma espcie de vnculo

    entre seus conceitos e os de Gabelentz, Koerner se apoia em argumentos bastante

    crveis para negar qualquer tipo de influncia de Gabelentz em Saussure.

    Para expor seus argumentos, ser interessante penetrar primeiramente nos

    argumentos de Coseriu e daqueles que, assim como ele, afianam a influncia de

    Gabelentz nos conceitos de Saussure: o paralelo entre Gabelentz e Saussure de maior

    investigao a dicotomia parole vs. langue de Saussure e de sprache e rede de

    Gabelentz. Sobre isso, Coseriu e os outros linguistas mencionados acreditaram que os

    conceitos de rede e sprache de Gabelentz teriam influenciado a concepo da

    dicotomia Saussuriana de langue vs. parole. No s isso, mas a distino entre

    langue, langage e parole, levantada por Saussure, teria sua origem na Lingustica

    de Gabelentz. Tambm houve outro paralelo, feito por Zwirner, em que afirma que

    Gabelentz teria previsto a dicotomia sincronia vs. diacronia Saussuriana. As

    sugestes de Coseriu foram levadas em grande considerao por variados linguistas e

    estudadas, de acordo com Koerner, de maneira acrtica, imatura e com uma boa dose

    de ingenuidade.

    Koerner intenciona neste artigo, demonstrar questes que vo de encontro s

    sugestes e convices de Coseriu e de seus seguidores. Se apoia, para isso, em

    argumentos que corroboram a viso de que tal influncia no deve ter de fato

    ocorrido. Koerner ainda menciona Rolf Hiersche com considervel reconhecimento:

    Hiersche criticou as propostas da influncia levantadas por Coseriu, Zwirner e

    Rensch quanto a no investigao idnea dos conceitos de Gabelentz e a demasiada

    confiana na simples cronologia dos trabalhos de Gabelentz e Saussure. Tal crtica,

    destacada por Koerner, favorece a sua demonstrao, assim como seus contra-

    argumentos, a saber: no que diz respeito proposta de Coseriu, Koerner afirma ter

  • havido uma espcie de desconsiderao do ambiente histrico e intelectual na anlise

    da Lingustica de Gabelentz, bem como de sua formao e tradio familiar. Alm

    disso, estudiosos como Coseriu no examinaram a Lingustica de Gabalentz em si,

    isto , aparentemente sua Lingustica foi estudada de maneira comparativa ao Curso

    de Lingustica Saussuriano e no em sua prpria referncia e mbito. Tal

    procedimento, de acordo com Koerner, levou estudiosos a tirarem concluses

    errneas a respeito de conceitos (tanto de Gabelentz quanto de Saussure) de maneira

    que estes procuraram forosamente relacion-los, sem que de fato houvesse algum

    tipo de ligao entre os conceitos. Koerner questiona ainda o fato de um sobrinho de

    Gabelentz ter adicionado conceitos de grande importncia segunda edio de sua

    Lingustica. Ainda argumentando quanto a no influncia de Gabelentz em Saussure,

    Koerner aponta diferena entre parole em Saussure e Sprachvermge (a lngua

    como faculdade humana) de Gabelentz. Esta tem a faculdade da fala como seu objeto

    primordial, enquanto aquela, embora no negue sua importncia, no a tem como

    objeto de estudo.

    Neste artigo Koerner apresenta ainda outras suposies de influncias no

    Curso de Lingustica de Saussure, como Hegel e Humboldt. Tais suposies foram

    aventadas por vezes por Coseriu, mas tambm por Christmann e so

    incontestavelmente desconsideradas por Koerner, j que Coseriu e Christmann se

    apoiam em argumentos falaciosos e insuficientes. Saussure de fato menciona

    Humboldt em um trabalho publicado por Saussure mas este no o faz seno

    deixando claro que suas investigaes tm diferentes naturezas e portanto no

    compartilham nenhuma espcie de interesse. Koerner tambm demonstra, a partir

    de Hugo Mueller que os conceitos de langue, langage ou parole no fazem

    qualquer tipo de aluso ao conceito de atividade Humboldtiana, contrariamente a

    Christmann que classifica Saussure como integrante da corrente Humboldtiana.

    KOERNER, K. O problema da metalinguagem em

    Historiografia da Lingustica

    Koerner, em seu artigo sobre a metalinguagem, aborda a questo da

    importncia da aplicao da metalinguagem e teorias no modernas para o estudo e

    metodologia de uma historiografia da lingustica, haja vista que tal metodologia se

    encontra, principalmente no Brasil, em defasagem. O autor diagnostica tal defasagem

    como um desinteresse geral da parte dos linguistas em relao metalinguagem, que

    tende a ser pensada de forma mais filosfica e menos aplicvel de fato como mtodo.

  • O termo 'metodologia' relativamente recente, tem sua origem no incio do

    sculo XX na filosofia lgica e se refere linguagem utilizada para tratar da

    lingustica, isto , mais tcnica e abstrata do que a nossa linguagem natural. Koerner

    chama a ateno para o fato de que 'metalinguagem' e 'linguagem objeto' so termos

    que podem ser equivocadamente comparados analogamente pois aquele, no mbito

    lingustico, se relacionaria mais intimamente com a tecnicidade da lngua e este,

    embora englobada pela metalinguagem, ainda seria insuficiente para se aplicar a

    teorias lingusticas histricas.

    Koerner parte da compreenso do termo da 'metalinguagem' para uma

    problemtica embrenhada nas pesquisas do historigrafo da lngua que deve decidir

    sobre a metodologia a ser utilizada nas mesmas. Tal problemtica se elucida na

    dvida entre o emprego de teorias e interesses cientficos modernos e aquele to

    'decalcado' quanto possvel das conquistas lingusticas contemporneas, isto , o

    historigrafo se despe dos conceitos de seu tempo e abandona, novamente, tanto

    quanto possvel, uma linguagem mais avanada no tempo em relao quele no qual

    pesquisa. Este delicado dilema se d a partir do momento em que se o historigrafo

    se insere na primeira possibilidade metodolgica, este - e consequentemente, sua

    pesquisa - corre srio risco de deturpar a histria em questo, enquanto, a segunda

    possibilidade oferece pouco no que diz respeito ao mbito de descobertas e progresso

    cientficos.

    Koerner ilustra portanto a questo a partir de exemplos de estudos

    historiogrficos na cincia lingustica atual, nos quais, pesquisadores sucumbiram

    tentao de um exame histrico com uma espcie de filtragem conceitual

    contempornea. Tal exame se refere no s pesquisa em si sobre um determinado

    conceito que se deseja estudar, mas tambm simples leitura de seus antecessores e

    de suas teorias. A mencionada 'tentao' ilustrada, conforme menciona Koerner,

    por Mounin como um reflexo natural do pesquisador de se sentir impossibilitado de

    fugir dos seus saberes posteriores a teorias de outrora. Koerner, no entanto, afirma

    ser completamente possvel se abster de tais armadilhas.

    Exemplos de equvocos incluem a utilizao de referncias e conceitos

    Saussurianos em pesquisas de perodos de anterioridade - como o medieval . Koll em

    1958 realizou sua investigao a respeito da linguagem francesa e latina em perodos

    pr-histricos a partir da viso Saussuriana de 'langue'. Koerner esclarece que uma

  • utilizao de termos e vises posteriores queles contemporneos s teorias de

    outrora geram fracasso na medida em que geram um diagnstico histrico enviesado

    no que diz respeito a intenes, interesses, objetos de estudo, avano e

    disponibilidade de informaes e teorias em estudos passados. Koerner tambm

    aborda equvocos de esfera etimolgica na metodologia de pesquisa, como foi o caso

    de Curtius, em 1954 que olhou para a etimologia medieval fora de seu contexto ento,

    fazendo julgamentos modernos a respeito da mesma, acabou por deturpar a histria

    de uma poca em seu contexto. Ademais, Koerner focaliza a questo da definio de

    'etimologia' que muitos linguistas, equivocadamente, de acordo com Koerner,

    tomaram por um processo derivativo que no final das contas no suficiente para

    explicar e menos ainda justificar a origem de todas as palavras. O que Koerner

    explicita que o processo derivacional d conta, sim, de explicar a derivao de uma

    grande poro lxica da lngua mas no a etimologia das palavras de uma lngua.

    Outro equvoco gerado pela falta do mtodo metalingustico, de acordo com

    Koerner, seriam reedies de alguns textos, que, ao longo do tempo sofrem

    influncias de linguistas de um tempo a frente do seu original e portanto perdem seu

    teor original. Um caso utilizado por Koerner para ilustrar a questo o caso da

    reedio de um manuscrito islands do sculo XIII, conhecido como Primeiro

    Tratado Gramatical, ainda que seja um ttulo duvidoso para muitos quanto

    inteno original do manuscrito. O cerne do equvoco mencionado por Koerner

    estaria na influncia estruturalista dos pesquisadores modernos ao trabalhar com o

    manuscrito, traduzi-lo ou reedit-lo pois desta forma provocaram distoro do

    sentido original do mesmo.

    A metalinguagem, de acordo com Koerner, evitaria equvocos e distores das

    naturezas citadas, j que o pesquisador/historigrafo se destituiria de teorias e

    conhecimentos apriorsticos - investigao - para um exame neutro e concordante

    com seu tempo de origem. Para isso, desenvolve trs princpios bsicos de utilizao

    desta metodologia:

    1)Que se estabelea um 'clima de opinio' do perodo em questo, assim como a

    situao econmica e poltica do mesmo perodo. Este princpio, Koerner denomina

    Princpio de contextualizao.

  • 2)O Princpio de imanncia que consiste num despojamento das referncias e

    conhecimentos lingusticos e uma internalizao e focalizao completa do texto,

    histrica, crtica e - possivelmente - filologicamente.

    3)A contingente insero de aproximaes entre o vocabulrio tcnico e o quadro

    geral da pesquisa em questo. A este princpio Koerner se refere como Princpio de

    adequao.

    importante enfatizar que h ordem em tais procedimentos, isto , embora o

    Princpio de adequao seja facultativo, a ordem na qual eles mais naturalmente se

    desdobram a de 1) Princpio de contextualizao; 2) Princpio de imanncia e (se)

    3) Princpio de adequao.

    SWIGGERS, P. Modelos, Mtodos y problemas en la

    Historiografa de la Lingstica

    Neste trabalho Swiggers pretende demonstrar, de maneira sinttica, modelos,

    problemas e mtodos historiogrficos da Lingustica, assim como as funes e

    percalos que os historigrafos e pesquisadores enfrentam na cincia lingustica. A

    seguir, pontuo as sees de interesse do trabalho de Swiggers a respeito destas

    questes:

    Modelos

    Swiggers se detm, inicialmente, no estudo dos modelos da historiografia

    lingustica em seu trabalho e a situa como um trabalho cientfico, isto , estuda seu

    objeto a partir de um modelo de estudo necessrios. Modelos estes, foram

    introduzidos e caracterizados anteriormente por Koerner (1974), a saber: 1)uma

    historiografia retrospectiva complacente; 2) uma historiografia polmica; 3) uma

    historiografia antolgica e panormica e 4) uma historiografia metodologicamente

    consciente que prope apresentar nosso passado lingustico como uma parte

    integrante da prpria disciplina e ao mesmo tempo uma atividade baseada na

    segurana do mtodo e rigor de aplicao. Swiggers afirma que esta classificao pode

    ser alargada para uma modelizao sxtupla idealizada por Passmore (1967).

    Swiggers, no entanto, chama ateno para o fato de que no h homogeneidade nesta

  • modelizao de Passmore, e que h necessidade, portanto, de uma tipologia de

    formas de que se ocupam a historiografia e que esta deve incluir trs partes

    essencialmente, sobre as quais ele discorre de maneira mais minuciosa.

    Mtodos e Programas

    Outro eixo de importncia do trabalho de Swiggers o da questo da

    metodologia da historiografia lingustica, na qual, desde o incio explica, no se

    deter extensivamente. Contudo, Swiggers destaca conceitos de utilidade

    interpretativa da historiografia, e assim o faz em trs nveis - heurstico (inclui o

    exame de manuscritos, anotaes, cartas, resenhas, publicaes de revistas e

    peridicos e documentos de fonte oral), interpretativo (envolve mtodos de "redes

    intelectuais", "configuraes", "converso de perspectivas" e "estratgias

    adaptadoras") e reconstrutivo-sistemtico (se detm na necessidade de uma

    categorizao ante a preparao de uma historiografia).

    A partir da definio da metodologia, Swiggers trata da conceitualizao de

    definio de objeto central de estudo e suas distines. Nesta proposta, Swiggers

    distingue diferentes aproximaes de lngua ou linguagem e as agrupa em quatro

    diferentes programas, que exemplificarei mais adiante. Swiggers prope que ao longo

    da histria lingustica ocidental, de maneira geral, seja possvel visualizar e identificar

    estas quatro preocupaes principais gerais a partir de trs vises. So elas: ideia

    geral; incidncia e tcnica (princpios metodolgicos gerais). Swiggers denominou

    esta proposta, Proposta de Generalizao.

    A Proposta de Generalizao discerne, conforme mencionado anteriormente,

    quatro diferentes programas bsicos da historiografia lingustica. A saber:

    1)Programa de correspondncia que pode ser caracterizado pelo interesse bastante

    reduzido em concordncia com a diversidade social e com a dimenso histrica das

    lnguas. Exemplos tpicos deste programa podem incluir, Chomsky, Plato,

    Aristteles, os filsofos gramticos do sculo XVII e XVIII, bem como o campo da

    Lingustica Cognitiva. A ideia geral deste programa trata da trplice relao entre

    pensamento, lngua e realidade. As incidncias tratam de relaes entre estruturas

    morfossintticas e o comportamento/processos mentais. A tcnica, ou princpios

    metodolgicos gerais, compreende(m) a semantizao de estruturas gramaticais.

  • 2)Programa Descritivo que fundamentalmente situa as formas lingusticas em um

    campo prprio e autnomo de pesquisa, com abordagens formalista ou funcionalista.

    A ideia a concepo de descrio das lnguas como objetos, as incidncias a anlise

    de formas observadas e a comparao das formas de variadas lnguas, e finalmente,

    sua tcnica abrange a segmentao, estabelecimento de contextos, estudo de relaes

    de proporcionalidade entre os elementos e de relaes entre formas lingusticas e

    funes comunicativas.

    3)Programa sociocultural, que tem como ideia geral uma tentativa de se estudar a

    lngua como um fato social e cultural, como o caso de Labov. A incidncia

    compreende a determinao de usos lingusticos, a competncia comunicativa, a

    variao sociolingustica e a expresso da cultura atravs da lngua. A tcnica

    empregada neste caso lana mo de insero de fatos lingusticos dentro de uma

    anlise social ou cultural ou a insero de anlises lingusticas dentro de uma teoria

    de estratificao social ou de desenvolvimento social ou cultural.

    4)Programa de projeo, que prope uma viso de certos fragmentos de lnguas

    naturais como estruturas lgicas, bem como se pode conferir nos trabalhos de

    Strawson. relevante notar que neste programa a histria e a diversidade cultural

    das lnguas naturais so negligenciadas. A ideia principal envolve as lnguas como

    conjuntos de fragmentos lgicos, e incide em subsistemas gramaticais. A tcnica

    consiste na traduo de estruturas lingusticas em linguagem formalizada.

    Problemas

    Swiggers conclui seu trabalho debatendo problemas em relao

    historiografia lingustica, sejam eles por conta de bibliografia escassa em alguns

    setores (como a ephistoriografia), por conta da equivocada periodizao meta-

    historiogrfica, por questes hermenuticas, de delimitao de campo, ou ainda de

    valorizao acadmica. O autor, no entanto, se detm no campo da meta-

    historiografia, conforme afirma que ali que se encontram maiores questes de

    equvoco.

    Acerca dos problemas da meta-historiografia, Swiggers os identifica como a

    dinmica da histria lingustica, isto , a linearidade cronolgica dos estudos

    historiogrficos, bem como a dinmica entre modelos, ideias e princpios divergentes

    entre si. Outro problema, Swiggers nos diz, diz respeito dinmica de uma dialtica

  • recursiva entre variadas conceptualizaes, como teoria/empirismo,

    realismo/idealismo, geral/particular, dentre outras. Swiggers diagnostica tal

    dinmica como o resultado de discrepncias entre 'capas' que constituem uma

    atividade cientfica e portanto diferencia quatro tipos distintos de 'capas'. A saber: a

    capa terica, a capa tcnica, capa documental e capa contextual ou institucional.

    Swiggers se preocupa com as capas em estado sobreposto, gerando assim rupturas ou

    revolues cientficas. Swiggers faz meno a tal ruptura como base para a concepo

    da histria, pois para que se faa uma reconstruo histrica necessrio abandonar

    padres, pr-concepes e paradigmas. Swiggers aponta ainda para outro problema

    em relao meta-historiografia: a noo de incomensurabilidade terica da meta-

    historiografia e com isso critica Kuhn a respeito do seu pensamento sobre a

    construo da histria atravs da acumulao (e no da ruptura). Swiggers

    argumenta que as teorias do passado so passveis de comparao e que possvel

    que o historiados teorize sobre elas e assim portanto, elas no poderiam ser

    incomensurveis.

    Concluso

    A um primeiro exame, os trs trabalhos aqui apresentados tratam de

    diferentes questes, ainda que faam parte de uma mesma temtica. Contudo, numa

    anlise mais minuciosa, possvel perceber a presena de traos de extrema

    convergncia no que diz respeito funo e responsabilidade que cabe ao

    historigrafo. improdutivo afirmar que o historigrafo deve abandonar por

    completo o que sabe e aprendeu sobre o mundo e sobre a cincia sobre a qual se

    debrua. Esta seria uma tarefa impossvel pois nosso conhecimento se compe de

    constructos e discursos indelveis. No entanto, tanto quanto possvel, tarefa do

    historiador procurar gerar a menor influncia possvel de seu conhecimento do seu

    tempo na histria que estuda e investiga. Koerner e Swiggers apontam para esta

    necessidade em seus ensaios e procuram ainda formular princpios e conceitos que

    evitariam de certa forma a contaminao temporal nos estudos histrico-lingusticos

    e erradicariam, portanto, a deturpao da histria. A investigao de Koerner a

    respeito da influncia de Gabelentz em Saussure no trata, seno, do mesmo debate

    pois Koerner ilustra de maneira clara uma ocorrncia oriunda da falta de princpios e

    inidoneidade de linguistas que realizaram uma leitura ingnua, infundada e

  • precipitada de teorias mais antigas e no fizeram mais que deturpar vises de

    Saussure e Gabelentz.

    BIBLIOGRAFIA

    KOERNER, K. O problema da "influncia": George von der Gabelentz e Ferdinand de

    Saussure. Revista Todas as Letras, 2012, p. 54-70.

  • KOERNER, K. O problema da metalinguagem em Historiografia da Lingustica.

    DELTA 12, 1, p. 95-124.

    SWIGGERS, P. Nuevas aportaciones a la historiografa lingustica. Actas del IV

    Congreso Internacional de la SEHL. La Laguna (Tenerife), 22 al 25 de octubre de

    2003, p. 115-145.