Resenha o Sistema Dos Objetos

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O SISTEMA DOS OBJETOS - JEAN BAUDRILLARDO Baudrillard diz que podemos classificar a imensa vegetação dos objetos como fauna e flora, proliferando conforme as necessidades humanas se multiplicam. Todo o objeto transforma alguma coisa. A analise formal, estrutural e funcional, dos objetos em sua evolução histórica, assinala as mudnças de estruturas sociais ligadas a evolução técnica, mas não diz como os objetos são vividos, a quais necessidades alem das funcionais atendem, que estruturas mentais misturam-se as funcionais, e as contradizem, qual o sistema cultural ou transcultural lhe fundamenta a continuidade vivida. O objetivo do texto é analisar os processos pelos quais as pessoas entram em relação com eles e da sistemática das condutas e das relações humanas que resultam dessas relações. O estudo do sistema de significações coerentes que os objeos instauram supõe um plano distinto do sistema falado e mesmo do sisstema funcional dos objetos, supoe um plano estrutural da descrição funcional: o plano tecnológico, que é uma abstração, pois que somos inconsientes na vida de todo o dia desta realidade tecnológica dos objetos.Éesta abstração que e´uma realidade fundamental, dirigindo as transformações do meio ambiente Baudrillard diz que o que ocorre nos níveis psicológico e sociológico não é essencial, mas as mudanças tecnológicas que ocorrem no objeto sim. Ele também distingue os objetos dos tecnemas, que seriam as peças ou pequenos objetos que fazem parte de estruturas tecnológicas maiores, sendo impressindiveis para o perfeito funcionamento destas. Mas mesmo existindo nos objetos esta necessidade de seerem objetos tecnológicos cuja função é satisfazer as

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O SISTEMA DOS OBJETOS - JEAN BAUDRILLARDO

Baudrillard diz que podemos classificar a imensa vegetação dos objetos como fauna e flora, proliferando conforme as necessidades humanas se multiplicam. Todo o objeto transforma alguma coisa.

A analise formal, estrutural e funcional, dos objetos em sua evolução histórica, assinala as mudnças de estruturas sociais ligadas a evolução técnica, mas não diz como os objetos são vividos, a quais necessidades alem das funcionais atendem, que estruturas mentais misturam-se as funcionais, e as contradizem, qual o sistema cultural ou transcultural lhe fundamenta a continuidade vivida.

O objetivo do texto é analisar os processos pelos quais as pessoas entram em relação com eles e da sistemática das condutas e das relações humanas que resultam dessas relações.

O estudo do sistema de significações coerentes que os objeos instauram supõe um plano distinto do sistema falado e mesmo do sisstema funcional dos objetos, supoe um plano estrutural da descrição funcional: o plano tecnológico, que é uma abstração, pois que somos inconsientes na vida de todo o dia desta realidade tecnológica dos objetos.Éesta abstração que e´uma realidade fundamental, dirigindo as transformações do meio ambiente

Baudrillard diz que o que ocorre nos níveis psicológico e sociológico não é essencial, mas as mudanças tecnológicas que ocorrem no objeto sim.

Ele também distingue os objetos dos tecnemas, que seriam as peças ou pequenos objetos que fazem parte de estruturas tecnológicas maiores, sendo impressindiveis para o perfeito funcionamento destas.

Mas mesmo existindo nos objetos esta necessidade de seerem objetos tecnológicos cuja função é satisfazer as necessidades, é possível perceber uma perturbação que se desenvolve na racionalidade dos objetos em luta com a irracionalidade das necessidades e como tal contradição surge um sitema de significações que se aplica em resolver.

Cada um dos objetos práticos, no meio ambiente cotididano, permanece num sistema abstrato ounde os múltiplos objetos acham-se em geral isolados de sua função, onde o homem lhes assegura sua coexistência em um contexto funcional.

Ele aidna diz que a tendência atual é a de atender necessidades sucessivas por meio de objetos novos.

Objetos-função podem especificar-se em diversas formas. Baudelaire diz que estamod no domínio da personalização, da conotação formal,que é o do inessencial.

O que difere o objeto industrial do artesanal é a sistematização da produção, combinada com a moda, o que assegura sua finalidade.

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O fato do sistema ter metas um domínio do mundo e uma satisfação de necessidades fins concretos, e de a tecnologia depender de uma evolução da ordem global de produção e de consumo, coerção externa que não se exerce de forma diferente ao da linguagem por exemplo, que necessita da práxis da comunicação, Baudelaire faz assim uma comparação a uma linguagem do objeto, mas questiona quando a língua e fala ou o sistema da fala se pode ser comparado ao do sistema dos objetos. Ele chama a isso sistema de língua dos objetos, pois eles possuem a característica de comunicar assim como a língua falada. Por isso a contradição no sistema dos objetos.

Em “As estruturas do arranjo”, Baudrillard ira tratar das estruturas em que os objetos se manifestam.

Diz ele que “As configurações dos mobiliário é imagem fiel das estruturas familiares e sociais de uma época”. Os arranjos surgem para compor relações organismos curja estrutura é a relação entre os indivíduos que ali habitam. Uma complexa rede afetiva que liga todos os seus membros. O recinto é o espaço especifico que tem em conta um arrajo objetivo com moveis e ogjetos que personificam as relações humanas. (p.22)

Vários signos e complexas redes de relações existem a partir destas definições que Baudrillard utiliza para tecer suas observações sobre o espaço composto que representa a ordem da casa, família, propriedade privada particular em que os membros humanos compõem seu universo de bens e moveis, enfim, objetos que simbolizam igualmente seu comportamento psicológico. O espaço tradicional é uma transcendência fechada.

Chama de antropomórficos aos deuses domésticos, que são os objetos dentro dos laços afetivos da permanência do grupo, que pode mudar assim como as gerações se sucedem e fazer estes objetos serem dispersados ou resgatados de acordo com os novos laços afetivos que ali se formarem.

Em “o objeto moderno liberto em sua função”, Baudrillard começa dizendo que de acordo com as mudanças que ocorrem no individuo ocorrem mudanças também nos moveis. A antiga ordem simbólica da lugar a nova ordem de economia de espaço e objetos. Esta e a liberação do objeto e do individuo, dos padrões seculares. Os objetos hoje transparecem claramente sua serventia (p.24) são livres enquanto objetos de função.

O espaço só existe por uma relação entre seus objetos. Sem estas relações segundo Baudrillard não há espaço.

Em “O interior modelo”, Baudrillard fala da superação do objeto-função por uma nova ordem pratica de organização, que engendra os valores simbólicos, e os de uso, por valores organizacionais. As relações entre os objetos e seu uso são táticas, fazem parte de um jogo organizacional. Agora o espaço torna-se o definidor dos valores destes objetos, para onde os mesmos devem voltar suas especificidades, quando os objetos perdem sua substancia que os fundava, a forma que os encerrava e por onde o homem os anexava a imagem de si.

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O espelho além de ser objeto de ordem simbólica, não somente reflete os traços do individual como também acompanha seu desenvolvimento, o desenvolvimento histórico de sua consciência individual.

Baudrillard diz que hoje o valor não é mais de apropriação nem de intimidade mas de informação, invenção controle, disponibilidade continua para com as mensagens objetivas e encontram-se no calculo sintagmático que funda convenientemente o discurso do habitante moderno.

Toda a concepção de decoração muda.

O gosto pelo belo no ambiente traduz-se no discurso poético como uma evocação de objetos fechados que se correspondiam.

Hoje os objetos nãos se correspondem mais comunicam: não tem mais presença singular, mas, no melhor dos casos, uma coerência de conjunto feita de sua simplificação como elemento de código e calculo de suas relações. Segundo uma combinatória ilimitada o homem com eles conduz seu discurso estrutural. p.31

No ambiente moderno o objeto é consumido pelo ambiente, e o homem moderno e levado a acredita que não mais necessita de seus objetos, e que lhes basta operar entre eles.

“O objeto: este figurante humilde e receptivo, esta espécie de escravo psicológico e de confidente tal como foi vivido na cotidianidade tradicional e ilustrado em toda a arte ocidental até os nossos dias, tal objeto refletiu uma ordem total ligada a uma concepção bem definida do cenário e da perspectiva, da substancia e da forma.Segundo sua concepção, sua forma é a demarcação absoluta entre o interior e o exterior, é continente fixo, o interior é substância. Os objetos têm assim – os moveis especialmente – além e sua função prática, uma função primordial de vaso, que pertence ao imaginário e que corresponde sua receptividade psicológica.(...)” p.33.34

São reflexos de visão de mundo onde cada ser é concebido como um vaso de interioridade e as relações como correlações transcendentes de substancias.

“(...) O homem acha-se então ligado aos objetos ambientes pela mesma intimidade visceral (guardadas as devidas proporções) que aos órgãos do próprio corpo e a ‘característica’ do objeto tende sempre virtualmente à recuperação desta substancia por anexação oral e ‘assimilação’.”p.34

As ligações os do homem moderno com seu ambiente são de fim da ordem da natureza ruptura da forma, e anulação dos limites formais interior exterior. No mundo do objeto existem obsessões em torno de certas ordens. Baudrillard situa a ordem fálica ligada ao sentido de superação de transformação, de estruturas objetivas de domínio, e uma ordem

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da fecalidade, fundamentada sobre a abstração, partição da matéria, agressividade anal sublimada no jogo, no discurso ordem classificação e distribuição.

A organização das coisas gera o discurso de arranjos, que e composto por um projeto organizacional

Dentre os valores de ambiência que Baudrillard destaca, os materiais são os mais imperativos. Objetos são feitos de materiais, e estes são o que são. “(...) No fundo a nobreza hereditária da matéria existe somente por uma ideologia cultural análoga á do mito aristocrático há hierarquia humana, e mesmo este preconceito cultural declina com o tempo.”p45

No arranjo objetivo da organização espacial não há objeto velho, móvel ou bibelo que não participe do jogo e não testemunhe a ilimitada possibilidade de integração abstrata. Os conjuntos de objetos que compõem a ambiência passam por sistemas simbólicos de significância. Mas e incontestável que a lógica de combinatória dos signos faça parte desta organização, e seja irreversível e ilimitada. “(...) Nenhum objeto pode subtrair-se a ela assim como nenhum produto escapa à lógica formal da mercadoria.”p.47

Baudrillard cita a “culturalidade’ como peça fundamental e impositiva para os objetos.

“(...) Ao ler de perto os móveis e os objetos contemporâneos, vê-se que já conversam com o mesmo talento dos convidados à noite, que se misturam e se soltam com a mesma liberdade – e que não há necessidade de trabalhar para viver.”p53

A cultura desempenha um papel ideológico de apaziguamento em uma civilização técnica. Todos os procedimentos tem por mediação pratica histórica ao nível dos objetos, a elisão fundamental do gestual do esforço para um gestual de controle,terminando o estatuto do objeto no estatuto antropomórfico, onde ocorre a abstração das fontes de energia.

A ferramenta mantem-se atolada na relação humana. O estatuto da ferramenta ou do objeto manual não muda quase nada através dos séculos.

“(...) Ora, esta relação profunda, gestual, do homem com os objetos, que resume a integração do homem com o mundo e com as estruturas sociais, pode ser de uma grande plenitude, que lemos na sua beleza recíproca no seu ‘estilo’. Ocorre porem que tal relação é uma coerção que, paralelamente à das estruturas sociais, impede a verdadeira produtividade. Complexos de gestos e de forças, de símbolos e de funções, ilustrados, estilizados pela energia humana – admiramos estas foices, estes cestos, estes cântaros, estes arados que esposavam as formas do corpo, o esforço e a matéria que transformavam, mas o esplendor desta relação de conformidade permanece subordinada à coerção relacional. O homem não é livre quanto aos seus objetos, os objetos não são livres quanto ao homem.(...)”p54

O objeto funcional é o objeto real. As relações do homem e objeto são postas por uma dialética social, e das forças de produção.

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Em “Um novo campo operatório”, Baudrillard ira dizer que a despeito de todas as mudanças na funcionalidade do objeto, o contato do homem com a funcionalidade do mecanismo será minimizado, ao ponto de simples comando. O homem torna-se menos coerente que seus objetos. Estes dominam sua conduta pela autonomia que assumem. Assim, as operações onde se necessitam o toque humano se minimizam. Os objetos técnicos se organizam entre si, independente ente dos homem, que se limita a exercer um controle mecânico.

“(...) A abstração do homem diante de seus objetos (técnicos), sua ‘espetaculosa alienação’ não vem pois tanto do fato de seus gestos terem sido substituídos, mas sim da abstração da própria partição funcional e da impossibilidade de uma intuição analógica desta partição com referencia aos gestos anteriores.(...)”p56

Neste contexto, surgem objetos miniaturizados, caa vez mais consagrados a complexidade das mensagens a semelhança do cérebro. São mecanismos libertos da referencia humana espacialmente feitos para dominar o mundo em profundidade. Ele cita A Eletrônica, cibernética e os microprocessadores por extensão de sua habilidade fundamentada na analise do mundo. Mecanismos ínfimos, mas de grande utilidade no campo maximal

“(...) Caminhamos para um absolutismo da forma: só ela é exigida, so ela é lida, e é marcadamente a funcionalidade das formas que define o ‘estilo’”.p.60

E através da forma que nossa civilização tenta compensar o desparecimento das relações simbólicas ligadas ao gestual tradicional de trabalho, e o vazio simbólico do poderio da tecnologia. Todo o ritmo simbólico fálico, que pertence aos gestos através de penetração e resistência e no esforço através de esquemas de modelagem e atrito, onde a rítmica sexual era o modelo, e toda a práxis tecnológica é por ela determinado, acaba sendo suplantado pelo objeto técnico. Objetos e utensílios que por mobilizarem o corpo inteiro no esforço retém algo do investimento libidinoso, são desencorajados pelo objeto técnico. “(...) A forma ao se extinguir terá relegado ao homem à contemplação de seu poderio.”p61

Baudrillard diz que esta euforia do domínio do objeto técnico, espetáculo passivo de seu poderio, gera por alguma razão uma melancolia, angustia particular que nasce com os aspectos miraculosos dos objetos. O rompimento com certos ritmos do cotidiano e da vida, levam a conseqüências psicológicas profundas.

“(...) hoje os objetos tornam-se mais complexos que o comportamento do homem a eles relativo. Os objetos são cada vez mais diferenciados, nossos gestos o são cada vez menos. (...)”p62

“(...) Em face do objeto funcional o homem torna-se disfuncional, irracional e subjetivo, uma forma vazia e aberta então aos mitos funcionais, às projeções fantasmáticas ligadas a esta estupefaciente eficiência do mundo.”p63

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Pela funcionalidade somos induzidos a esperar o mundo. Assim um mundo sem esforços pela interposição do objeto. “(...) O modo de uso cotidiano dos objetos constitui um esquema quase autoritário de suposição do mundo.(...)”p64

Baudrillard conclui sua analise dizendo que tudo se baseia no conceito de Funcionalidade. Que “(...) Todos os objetos se pretendem funcionais como todos os regimes se pretendem democráticos. (...)”p.69

A funcionalidade pressupõe que todos os objetos se realizem na sua exata relação com o mundo real e as necessidades do homem, que se adapta a um sistema, como faculdade de se integrar a um conjunto. Baudrillard diz que o sistema funcional “(...) Para o objeto, é a possibilidade de ultrapassar precisamente sua ‘função’ para uma função segunda, de se tornar elemento de jogo, de combinação, de cálculo, em um sistema universal de signos.”p70

Baudrillard acredita que cada objeto funcional comporta uma sobre determinação de poder. Ele faz uma analise do automóvel, como objeto fálico, que assim como todos os objetos, faz-se mulher, para serem comprados, num sistema cultural, onde o desejo e o fetiche andam juntos, num investimento de poder, simbólico, objeto de manipulação desvelo e fascinação.

Na parte B do livro, Baudrillard fala sobre os objetos não funcionais, entre estes o objeto antigo, que faz parte de uma categoria de objetos que escapam ao sistema funcional, que são os objetos singulares, barrocos, folclóricos, exóticos, antigos, que são testemunhos, lembranças, nostalgia evasão. São simbólicos.

Historicidade do objeto antigo. O objeot antigo é puramente mitológico na sua referencia ao passado. Estes objetos acham-se simplesmente para significar, sem finalidade funcional. Todavia não é afuncional nem puramente decorativo, mas possui um significado específico, dentro do quadro do sistema: signfica tempo. Signos e indícios culturais do tempo são retomados pelo objeto antigo.

“(...) O objeto antigo tem sempre o ar de estar sobrando.(...)”p82

O objeto antigo é sempre um ‘retrato de família’, no sentido de representar o ocorrido outrora.

O valor do objeto antigo se reveste no meio ambiente em que se insere como uma célula mãe.

“(...) Assim como a relíquia a qual seculariza a função, o objeto antigo reorganiza o mundo de um modo constelado, oposto à organização funcional em extensão, e visando preservá-lo desta irrealidade profunda, essencial sem dúvida, do foro intimo. Simbólica do esquema de inscrição do valor num circulo fechado e num tempo perfeito, o objeto mitológico não é mais um discurso para os outros mas para si mesmo. Ilhas e lendas, tais objetos devolvem, quando não a uma anterioridade mais profunda ainda, a de um

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pré-nascimento em que a subjetividade pura se metamorfoseia livremente na ambiência e em que esta ambiência é tão somente o discurso do ser para consigo mesmo.”p88.

Objetos antigos são evasão da cotidianidade, diferentes dos objetos de arte, que requer uma leitura racional. O objeto antigo assim se difere da obra de arte por não ter exigência desta leitura, por ser lendário, haja visto que é designado por seu coeficiente mítico e de autenticidade.

Baudrillard faz uma comparação entre os processos de valorização do objeto quando da perda de sua função para adquirir uma virtude, e se tornar signo. Isso ocorre nas camadas populares por exemplo, quando desejam adquirir objetos funcionais, e nas camadas favorecidas quando percebem o valor de colecionismo em certos objetos antigos. Ele questiona se não se trata do mesmo processo de aculturação impulsiva e de apropriação mágica que impele os civilizados para as madeiras de lei do século XVI ou para ícones?

“(...) Aquilo que ambos, o ‘selvagem’ e o ‘civilizado’ captam sob a forma de objeto, é uma ‘virtude’, um, sob caução de modernidade técnica, o outro, de ancestralidade. Contudo esta ‘virtude’ aqui e lá não é a mesma. (...)”p90

Grande parte da preferência por objetos antigos, e de sua valorização mercadológica advém do valor simbólico hereditário destes objetos. Com signos materiais, eles são transcendentes. Móveis, objetos, joias, obras de arte de todos os tempos e lugares, enfim, em nome de referenciais ideológicos de ascensão social através do colecionismo dos interiores burgueses do mundo ocidental, como diz Baudrillard.

Em O sistema marginal: a coleção, Baudrillard trata das ligações do individuo com seus objetos de paixão, os de propriedade privada.

Nesta medida “(...) A posse jamais é a de um utensílio, pois este me devolve ao mundo, é sempre a de um objeto abstraído de sua função e relacionado ao individuo. Neste nível todos os objetos possuídos participam da mesma abstração e remetem uns aos outros na medida m que somente remetem ao individuo. (...)”p94.

Todo o objeto tem duas funções: a primeira pratica a segunda abstrata.

Objetos puro, privado de sua função ou abstraído de seu uso, toma o estatuto subjetivo, e torna-se objeto de coleção.

Os objetos para o colecionador são como animais de estimação castrados. Retribuem ao seu modo o afeto que lhes é dispensado.

De acordo com Baudrillard, a posse do objeto raro único, é o fim ideal para toda apropriação. Em “O objeto único” ele diz o objeto único é o termo final onde se resume toda a espécie, o final de um paradigma.p. 99. Mas ele se contradiz, já que afirma que

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objeto verdadeiramente único numa coleção, absoluto que se apresenta sem copias em serie, é impensável. Não existe, tal como não existe som puro, diz Baudrillard.

“(...) Os objetos não nos auxiliam apenas a dominar o mundo por sua inserção nas series instrumentais – auxiliam-nos também, por sua inserção nas series mentais, a dominar o tempo, tornando-o descontinuo, classificando-o do mesmo modo que os hábitos, submetendo-o às mesmas forças de associação que regem o arranjo no espaço”.p102

O objeto referencia-se num processo-refúgio, onde o homem encontra a garantia de viver a partir de então continuamente em uma forma cíclica e controla da o processo de sua existência, e de ultrapassar simbolicamente esta existência real irreversível.p104-105. Baudrillard cita o exemplo que Freud cuja analise fez sobre a angustia da vida e morte através da bola e da criança que ao faze-la aparecer e desaparecer, vive alternadamente a presença e ausência da mãe.

O que representa o objeto seqüestrado pelo colecionador? (...) Se ninguém empresta o carro, a caneta, a mulher é que esses objetos são, no ciúme, o equivalente narcisista do eu: se este objeto se perde ou se e é deteriorado, é a castração. (...) O que o ciumento seqüestra e guarda consigo é, sob a efígie de um objeto, sua própria libido que procura conjurar em um sistema de reclusão – o mesmo sistema graças ao qual a coleção resolve a angustia da morte.”(...)p106

Existem relações muito estreitas entre a posse do objeto e o desejo sexual. Uma substituição do desejo pelo objeto. Inclusive, Baudrillard não descarta a objetivação da mulher em partes descontinuadas.

Até então, Baudrillard analisou os objetos e sua sistematização objetiva com o arranjo e a ambiência, e depois sua sistematização subjetiva, no capitulo sobre coleção.

No capitulo C – O sistema meta e disfuncional gadgets e robôs, Baudrillard se propõe a analisar o campo de suas conotações, logo de sua significação ideológica.

Automatismo = conceito maior do triunfalismo mecanicista e ideal mitológico do objeto moderno. (p118)

O grau de perfeição de uma maquina é equivalente ao seu grau de automatismo. P118

Ate que um objeto seja automatizado, ele e suscetível de reparo de superação por um conjunto funcional maior. P119

O objeto autônomo tem a pretensão de se parecer com o homem.

Baudrillard chamara de machin, ou o equivalente a “troço”, os gadgets ou maquinas que possuem o tipo de funcionalismo vazio. Apesar de dotados de virtudes operatórias, mas que não se sabe ao certo para que servem. Cada vez mais existem objetos, e cada vez

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menos termos para designá-los. Não importa para que o objeto a principio viesse a ser. (...) Basta que a sua pratica concreta se perca para que o objeto seja transferido às praticas mentais. Isto é o mesmo que dizer que atrás de cada objeto real existe um objeto sonhado.”p126

Uma diferença básica entre os objetos tradicionais e os técnicos, é que os objetos tradicionais forma antes testemunhos de nossa presença, símbolos de nossos órgãos de nosso corpo, prolongamento de nós mesmos, ferramentas. Já os objetos técnicos exercem uma diferente fascinação e rementem a uma energia virtual desta forma não sendo receptáculos de nossa presença, mas portadores de nossa própria imagem dinâmica.

Baudrillard visualiza um futuro onde aos modos do imaginário seguem-se aos da evolução tecnológica em que esta eficiência técnica também suscitara um novo imaginário.

Ele diz ainda que existe um câncer do objeto, na proliferação de elementos estruturais que faz o triunfalismo do objeto. O circuito social da moda e do consumo dirigido se faz com o estes elementos inestruturais como o automatismo, os acessórios, diferenças inessenciais. O capitalismo faz das mudanças de forma e estilo, que são sinais de falta de maturidade de um período de transição, um período permanente.

“É aqui que aparece a vocação dos objetos ao papel de substitutos da relação humana. Na sua função concreta o objeto é solução de um problema prático. Nos seus aspectos inessenciais é solução de um conflito social ou psicológico (...)”.p134

“(...) Nossa civilização ‘técnica’ , tal como se pode pressenti-la através do modelo americano, é a um só tempo um mundo sistemático e frágil. O sistema dos objetos ilustra esta sistemática da fragilidade, da efemeridade, da recorrência cada vez mais breve e da compulsão de repetição. Da satisfação e da recepção. Da conjuração problemática dos verdadeiros conflitos que ameaçam as relações individuais e sociais.(...)”p.140