Reservas internacionais do brasil fsb e café 05 fev2017 2
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Reservas Internacionais do Brasil, Fundo Soberano do Brasil e Café Brasileiro. Marco Antônio Jacob 04/02/2017
O momento é único para iniciar uma discussão de estoques reguladores de café pelo Brasil.
No primeiro semestre de 2017, devidos aos leilões de vendas dos estoques da CONAB, os
estoque públicos de café serão zerados, assim sendo, não haverá estoque regulador
governamental.
Discute-se neste momento a necessidade de importação de café pelas indústrias brasileiras,
tanto para atender a indústria de café solúvel destinado à exportação, como também para
atender o mercado doméstico de torrado e moído.
Também até a colheita da safra de 2018/19, isto é, meados de maio de 2018, os estoques
mundiais de café, principalmente nos países importadores, deverão diminuir
consideravelmente, isto se deve a 2 (dois) fatores).
i) Aumento constante do consumo mundial.
É sabido que o crescimento do consumo mundial é de 1,9% ao ano, assim sendo
com um consumo mundial de 155,71 milhões de sacas na safra de 2015/16, são
necessários um crescimento da produção mundial próximo a 3 milhões de sacas por
ano para suprir e equilibrar o mercado.
ii) Diminuição das exportações brasileiras.
Devido a problemas climáticos ocorrido no Brasil desde Janeiro de 2014, houve
enormes perdas do potencial produtivo brasileiro.
Entretanto o Brasil aumentou consideravelmente a suas exportações nas safras de
2014/15 e 2015/16, superando a quantidade de 72 milhões de sacas exportadas no
período de Julho de 2014 até Junho de 2016, e, este aumento de exportações se
deu devido ao uso intensivo dos estoques privados brasileiros. Tomando como base
o ano civil, Janeiro a Dezembro, podemos notar que no biênio de 2014 e 2015, o
Brasil exportou 73,36 milhões de sacas, superior em 21,85% o biênio anterior 2012
e 2013, quando exportou 60,21 milhões de sacas, portanto exportando 13,15
milhões de sacas a mais.
ANO Mil sacas Bienio Mil sacas diferença
2012 28.549
2013 31.662 2012+2013 60.211
2014 36.427
2015 36.939 2014+2015 73.366 21,85%
2016 34.005
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Assim sendo, se projetarmos as exportações brasileiras para o biênio 2016 e 2017 para o ano
safra, que compreende o período de Julho a Junho do ano seguinte, podemos estimar uma
diminuição considerável nas exportações brasileiras.
Nota-se pela singela estimativa acima, que há uma real possibilidade do Brasil exportar apenas
56,40 milhões de sacas no biênio 2016 e 2017, e, se compararmos com o mesmo período de
2014 e 2015 que foi aproximadamente 72 milhões de sacas, esta diminuição será de
aproximadamente 15,60 milhões de sacas, sempre no período safra Julho e Junho.
Diante deste fato, sendo o Brasil o grande fornecedor mundial, e como não houve aumento
expressivos de estoques nos países importadores quando o Brasil exportou mais café no biênio
2014 e 2015, pois existe um aumento latente do consumo mundial, é de se esperar que quando
o Brasil exportar menos café no biênio 2016 e 2017 haverá uma queda drástica nos estoques
dos países importadores.
Assim sendo, voltemos a discussão de estoques reguladores.
Se as condições climáticas forem normais, podemos esperar um excelente safra em 2018/19,
talvez uma safra próxima a 60 milhões de sacas em havendo uma recuperação na produção de
conilon, porem a bianualidade para a safra de arábicos em 2019/20 voltará a existir.
Então é mister, o Brasil refazer seu estoque regulador pelos motivos abaixo:
a) Não permitir que uma produção no ano de bianualidade positiva deteriore os preços
aos cafeicultores, pois é certo que o oligopólio industrial internacional agirá para assim
acontecer.
b) Não permitir que o Brasil exporte em excesso e a preço vil, deteriorando as cotações e
prejudicando todos os cafeicultores no mundo.
c) Não ter que importar café de outras origens produtoras, o que deverá acontecer no
biênio 2016 a 2018.
mil sacas
a estoques totais em 01 de julho de 2016 3.000
b safra de arabica em 2016/17 44.000
c safra de conilon em 2016/17 9.000 severa seca no E.S. e Sul da Bahia
d safra de arabica em 2017/18 34.400 20% menor devido a bienalidade
e safra de conilon em 2017/18 9.000 severa seca no E.S. e Sul da Bahia
a+b+c+d+e Total disponivel para uso no BIENIO 99.400 periodo de julho de 2016 até junho 2018
f estoques totais em 01 de julho de 2018 2.000 minimo estoque no Brasil
g consumo brasileiro : 20,50 milhões ao ano 41.000 periodo de julho de 2016 até junho 2018
h saldo disponivel para exportação no BIENIO 56.400 periodo de julho de 2016 até junho 2018
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Então para não comprometer o orçamento da UNIÃO com despesas de compra de estoque,
sugiro que as compras para formação de estoque seja através do FUNDO SOBERANO DO BRASIL-
FSB .
Alguns podem estar estupefatos e assustados com esta sugestão acima, porque talvez
desconheçam que as reservas internacionais do Brasil, atualmente estão no valor de 375,12
bilhões de dólares, e dentro destas reservas 2,51 bilhões de dólares são constituídas em ouro.
Entendam que a maior parte das reservas internacionais estão aplicados em títulos de dívida
pública de países estrangeiros, rendendo a taxas de juros abaixo de 1% ao ano.
A minha pergunta é, qual traz mais soberania ao Brasil e aos brasileiros, manter 2,5
bilhões de dólares em ouro ou manter 2,5 bilhões de dólares em café nos estoque de
ativos da reserva internacional brasileira?
Vejamos as consequências desta sugestão:
Supondo que o FUNDO SOBERANO DO BRASIL - FSB, resolva comprar até 15 milhões de sacas a
partir de JUNHO de 2018 a preço determinado por saca conforme a qualidade, então os valores
investidos em café será aproximadamente de US$2,5 bilhões, valor aproximado das reservas de
ouro e aproximadamente 0,66% das reservas totais do Brasil, portanto insignificante no
contexto de reservas internacionais líquidas.
Exemplo Preço x Qualidade: café tipo 6 para melhor, da safra 2018/19.
a) Variedade arábico, isentos de copos rio, ao Preço de US$180,00 por sacas.
b) Variedade arábico, sem descrição de bebida, ao Preço de US$165,00 por saca.
c) Variedade conilon, sem descrição de bebida, ao Preço de US$150,00 por saca.
Consequentemente, se o FSB oferece esta oportunidade de comprar, nenhum exportador em
sã consciência poderá vender para seus clientes importadores abaixo da oferta de compra
governamental.
Então teremos a partir de JUNHO de 2018 os seguintes interesses mensais de compra no
mercado cafeeiro brasileiro:
Industrias brasileiras comprando uma quantidade de 1,7 milhões de sacas para atender suas
demandas.
Exportadores de cafés brasileiros comprando uma quantidade de 3 milhões de sacas para
atender suas demandas na exportação.
E o FSB comprando o excedente que o mercado queira vender.
Então criaremos uma demanda de 5 a 7 milhões de sacas mensais que darão sustentação de
preços no mercado cafeeiro brasileiro, e não haverá a transferência a preço vil da produção dos
cafeicultores brasileiros para formação de estoques nos países importadores.
Estes cafés comprados pelo FSB poderão ser exportados para os portos internacionais e lá
ficarem estocados, ou entregues e depositados em armazéns alfandegados dentro do Brasil,
como se estivessem sido exportados.
Poderão vender para o FSB empresas exportadoras, cooperativas exportadoras ou produtores
exportadores, a venda se fará por contrato de compromisso de venda, através da rede bancaria,
com aval dos bancos ao bom cumprimento da venda, isto é, quem vender terá que entregar o
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produto vendido, dentro das especificações, que serão pagos pelo FRB com dólares de nossa
reserva, e os bancos farão o devido cambio para os vendedores receberem em reais.
Quais as consequências deste estoque regulador pelo FSB?
1°) manter um estoque regulador, para atender as necessidades quando houver alguma
frustação de safra devido as condições climáticas.
2°) mitigar a grande volatilidade de preços, trazendo enormes prejuízos aos cafeicultores
brasileiros.
3°) não permitir que os produtores vendam a preço vil o esforço de sua produção, não trazendo
pobreza nas regiões produtoras de café, fazendo assim que as economias locais tenham avanço
e prosperidade, com crescimento virtuoso e ajudando a economia brasileira a crescer, inclusive
fazendo que a União, Estados e Municípios arrecadem mais impostos com o crescimento da
atividade econômica das cidades produtoras de café.
4°) dar dignidade a classe produtora brasileira e seus colaboradores, inclusive fomentando que
as casas das colônias nas fazendas voltem a ser ocupadas (300.000 casas aproximadamente) por
empregados da atividade cafeeira, desafogando um grande problema brasileiro de habitação.
5°) dar condições para que os cafeicultores honrem e regularizem suas dívidas junto ao sistema
bancário brasileiro.
Ademais, vale informar, que no primeiro problema climático que prejudique a produção mundial
de café, o FSB venderá facilmente seu estoque de café a preços superiores a US$250,00 por
saca, então o café será um rentável ativo.
Enfim, uma segunda pergunta, podemos financiar governos estrangeiros através da
compra de títulos públicos internacionais, mas não podemos financiar os cafeicultores
brasileiros , gerando empregos e com consequência beneficiar todas as regiões
produtoras brasileiras trazendo reflexos benéficos na economia brasileira?
*O autor é colaborador da SINCAL