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1 Semiótica e transdisciplinaridade em revista, São Paulo, v.8, n.1, p.150-163, Jul. 2018 | ISSN 2178-5368 semeiosis SEMIÓTICA E TRANSDISCIPLINARIDADE EM REVISTA TRANSDISCIPLINARY JOURNAL OF SEMIOTICS resumo Um processo de design participativo realizado na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Santa Luzia desenvolveu duas estampas para ecobags. Essas estampas foram totalmente concebidas, desenhadas e idealizadas por presos que cumprem sua pena nesse modelo alternativo representado pela APAC. Assim, o objetivo deste artigo é compreender os sistemas de significação presentes nestas estampas e as mensagens que elas podem transmitir. Para tal, foi realizada uma pesquisa teórica sobre o contexto prisional da APAC e princípios da semiótica. Essa base fundamentou a etapa seguinte de análise semiótica das estampas desenvolvidas na APAC. Observou-se que as duas estampas atingiram seu objetivo de comunicação, porém com abordagens distintas. PALAVRAS-CHAVE: Análise Semiótica, Estampas, Design, Prisão, APAC. abstract A participatory design process conducted at the Protection and Assistance to the Condemned Association (APAC) of Santa Luzia has developed two prints for ecobags. These prints were totally designed and idealized by prisoners who serve their sentence in this alternative model represented by APAC. Thus, the purpose of this paper is to understand the systems of signification present in these prints and the messages they can convey. For that, a theoretical research was carried out on the prison context of APAC and the semiotics principles. This basis based the next stage of semiotic analysis of the prints developed in the APAC. For that, a theoretical research was carried out on the prison context of APAC and principles of semiotics. This basis grounded the semiotic analysis stage of the prints developed in the APAC. It is observed that the two prints reached their goal of communication, but with different approaches. KEYWORDS: Semiotic Analysis, Design, Stamps, Prison, APAC. Design participativo e Semiótica no contexto prisional: uma análise de estampas desenvolvidas em um processo de design participativo na APAC Santa Luzia Thaís Falabella Ricaldoni, UEMG | [email protected]; Sérgio Antônio Silva, UEMG | [email protected]; Edson José Carpintero Rezende, UEMG | [email protected]. Semiótica e transdisciplinaridade em revista, São Paulo, v.8, n.1, p.150-163, Jul. 2018 | ISSN 2178-5368

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Semiótica e transdisciplinaridade em revista, São Paulo, v.8, n.1, p.150-163, Jul. 2018 | ISSN 2178-5368

semeiosisSEMIÓTICA E TRANSDISCIPLINARIDADE EM REVISTA

TRANSDISCIPLINARY JOURNAL OF SEMIOTICS

resumoUm processo de design participativo realizado na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Santa Luzia desenvolveu duas estampas para ecobags. Essas estampas foram totalmente concebidas, desenhadas e idealizadas por presos que cumprem sua pena nesse modelo alternativo representado pela APAC. Assim, o objetivo deste artigo é compreender os sistemas de significação presentes nestas estampas e as mensagens que elas podem transmitir. Para tal, foi realizada uma pesquisa teórica sobre o contexto prisional da APAC e princípios da semiótica. Essa base fundamentou a etapa seguinte de análise semiótica das estampas desenvolvidas na APAC. Observou-se que as duas estampas atingiram seu objetivo de comunicação, porém com abordagens distintas.

PALAVRAS-CHAVE: Análise Semiótica, Estampas, Design, Prisão, APAC.

abstractA participatory design process conducted at the Protection and Assistance to the Condemned Association (APAC) of Santa Luzia has developed two prints for ecobags. These prints were totally designed and idealized by prisoners who serve their sentence in this alternative model represented by APAC. Thus, the purpose of this paper is to understand the systems of signification present in these prints and the messages they can convey. For that, a theoretical research was carried out on the prison context of APAC and the semiotics principles. This basis based the next stage of semiotic analysis of the prints developed in the APAC. For that, a theoretical research was carried out on the prison context of APAC and principles of semiotics. This basis grounded the semiotic analysis stage of the prints developed in the APAC. It is observed that the two prints reached their goal of communication, but with different approaches.

KEYWORDS: Semiotic Analysis, Design, Stamps, Prison, APAC.

Design participativo e Semiótica no contexto prisional: uma análise de estampas desenvolvidas em um processo

de design participativo na APAC Santa Luzia

Thaís Falabella Ricaldoni, UEMG | [email protected];Sérgio Antônio Silva, UEMG | [email protected];

Edson José Carpintero Rezende, UEMG | [email protected].

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IntroduçãoA semiótica é uma teoria dos signos (PINTO; NOVA, 2009), ou seja,

uma pragmática que pensa sobre os signos, verbais ou não verbais, em relação aos contextos, condições de produção e recepção (MARTINS, 2016). A teoria da semiótica e suas aplicações, presentes nas análises semióticas, auxiliam a compreender uma mensagem em vários níveis, destrinchando os recursos utilizados, palavras, imagens, sons, e a relação entre eles (SANTAELLA, 2005).

Devido a essas características, a semiótica é de grande valia para a área de design, uma vez que dá subsídio teórico à construção de sentido (NIEMEYER, 2007). Segundo Martins (2016), compreender os processos interpretativos que constituem a mensagem de uma marca para o público, ou seja, os sistemas de significação desta marca, é de suma importância para o design. As marcas funcionam como um signo, portanto têm como vocação significar, construir e veicular significados, e é por meio das informações e atributos transmitidos ao público, que uma marca cria relações emocionais e influencia a decisão de compra.

Nota-se que as estampas presentes em artigos de moda agem de maneira análoga às marcas. Apesar de não representarem tão diretamente uma organização, como as marcas, as estampas têm a função de construir e veicular significados, por meio dos quais o público pode se identificar afetivamente com as peças e sentir o desejo de compra.

Assim, este artigo busca fazer uma análise semiótica das estampas criadas na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Santa Luzia, por meio de um processo de design participativo. Dessa forma, busca compreender como informações sobre o contexto do modelo alternativo e humanizado de cumprimento penal representado pela APAC e a fundamentação teórica da área da semiótica podem colaborar com a compreensão das mensagens e signos das estampas criadas

Contexto da APAC O sistema penitenciário brasileiro possui uma legislação protetiva. A Lei

de Execução Penal (LEP - Lei número 7.210, de 1984) é considerada avançada em relação ao estabelecimento de garantias de direitos aos condenados e supostamente busca a reintegração social dos mesmos. Entretanto a prática está distante do que ela prevê. Nas penitenciárias brasileiras, os problemas são inúmeros. Entre os mais comuns estão a superlotação, violência, infraestrutura precária e péssimas condições de vida. Isso fere, inclusive, parte dos Direitos Humanos e da Constituição Federal Brasileira. Desse modo, a função social das penas não é cumprida. Isso pode ser evidenciado pela alta taxa de reincidência e crescimento das ocorrências criminais (ASSIS, 2007; VEYL, 2016).

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Nesse contexto precário e de descaso das autoridades, destaca-se a APAC. Trata-se de uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, que surgiu na década de 1970 a partir de um trabalho do advogado Mário Ottoboni na cadeia de São José dos Campos/SP. Até 1974 a APAC era um grupo da Pastoral Penitenciária Católica, cuja sigla representava Amando ao Próximo Amarás a Cristo. Nesse mesmo ano ela se transformou em uma ONG que administrava o Presídio de Humaitá, no qual foi desenvolvido o método da APAC (OTTOBONI, 2006; SILVA, 2014).

O foco da APAC é a reeducação e reintegração social dos condenados que cumprem penas de privação de liberdade em suas dependências, possuindo, para tal, uma metodologia própria que tem como princípios a valorização humana, a evangelização e o fornecimento de condições de recuperação aos indivíduos (TJMG, 2009). A metodologia própria da APAC é direcionada por doze elementos fundamentais: participação da comunidade, integração da família, voluntariado, trabalho, ajuda mútua entre os recuperandos, mérito, o Centro de Reintegração Social (CRS – nome dado à estrutura de uma unidade prisional da APAC), assistência jurídica, assistência à saúde, valorização humana, religião e a Jornada de Libertação em Cristo (curso de imersão com palestras, testemunhos e meditação, que ocorre periodicamente estimulando a reflexão e adoção de uma nova filosofia de vida) (SILVA, 2014; VEYL, 2016).

Outra característica do modelo APAC é dar maior liberdade e responsabilidades aos recuperandos, uma vez que não há policiais ou agentes penitenciários no local. São os próprios detentos quem assumem funções de segurança, limpeza, cozinha, jardinagem, entre outras. O método também exige uma disciplina rígida para o cumprimento de regras, tarefas e atividades nas laborterapias (espaços onde os internos aprendem e se dedicam a ofícios como pintura, marcenaria, serralheria, entre outros) que ocupam boa parte do dia dos recuperandos, assim como a continuidade dos estudos (SILVA, 2014).

Além disso, dentro da proposta da APAC de valorização humana, seu fundador defendia a substituição de termos depreciativos, como preso ou condenado, pelo eufemismo “recuperando”, enfatizando a proposta de “matar o criminoso e salvar o homem” (OTTOBONI, 1984). Seguindo a proposta, nas unidades da associação, os encarcerados são chamados de recuperandos e tratados pelo próprio nome.

A principal crítica em relação ao método APAC é seu caráter religioso. Por mais que a associação se posicione como ecumênica, toda sua estrutura e ritos são arraigados na crença católica, o que viola a laicidade e o princípio da igualdade, enquanto direito à diferença, assegurados pelo Estado (VEYL, 2016).

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De toda forma, o método obtém bons resultados se comparado ao sistema convencional, principalmente em relação aos custos e à reincidência dos reclusos (VEYL, 2016). Com a difusão e reconhecimento dos resultados positivos alcançados pelo método da APAC, a proposta se espalhou por diversas localidades do Brasil, estando presente em mais de 150 cidades. Minas Gerais, especificamente, é o estado com maior número de unidades (mais de trinta), principalmente devido ao Projeto Novos Rumos, que visa incentivar a expansão das APACs pelo Estado (TJMG, 2011).

A APAC de Santa Luzia, pano de fundo do processo de desenvolvimento de estampas aqui analisado, foi inaugurada em 2006. A implementação da sede da APAC na região metropolitana de Belo Horizonte - MG foi viabilizada pela iniciativa da congregação Maristas e da PUC-Minas, liderada pelo professor da PUC, Fábio Alves, que, em parceria com a Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais, conquistaram, junto à Prefeitura de Santa Luzia, a doação de um terreno para o projeto e, com o Ministério da Justiça, a aprovação e verba para a construção do prédio. Nota-se que esta é a primeira sede da APAC com projeto arquitetônico construído especificamente para o projeto, feito pelo arquiteto Flávio Agustini (SILVA, 2014).

As instalações comportam até 200 internos, 120 em regime fechado e 80 no semiaberto, porém, a Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) regulamentou como lotação máxima 141 internos. A estrutura física conta com uma ampla área de convivência, refeitório, laborterapias, salas de aula, áreas de lazer (quadra poliesportiva e academia, dentre outros), área para visita íntima, consultórios médicos (SILVA, 2014). Além disso, frases motivacionais e religiosas cobrem as paredes do ambiente, como apresenta a Figura 1.

O processo de desenvolvimento de estampas na APACNeste cenário e contexto, foi desenvolvido um processo de design

participativo com um grupo de recuperandos, do qual sete se destacaram pela assiduidade, durante a pesquisa de mestrado da autora deste artigo, no período de maio a dezembro de 2017.

Figura 1: Frases na parede da APAC.Fonte: http://www.avsibrasil.org.br.

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A vertente do design participativo é caracterizada justamente pela participação intensa do usuário no processo do design, o que agrega ao projeto diferentes perspectivas (SANDERS; STAPPERS, 2008). Nela, o designer assume o papel de facilitação e condução, auxiliando o grupo a levantar problemas com os quais convivem e buscar soluções para tais, de forma que o grupo é autor dos processos e resultados (LANGLEY, 2016).

Esse processo seguiu a metodologia apresentada pelo guia Human Centered Design (HCD - Design Centrado no Ser Humano), construído com base em experiências práticas da empresa Ideo com comunidades, para a criação de inovações sociais. Sinteticamente o processo proposto pelo HCD parte da definição de um desafio estratégico específico e tem três fases principais: ouvir, criar e implementar (IDEO, 2011).

Assim, o processo de design se deu em oficinas realizadas na APAC com o grupo participante, com a aplicação de diversas ferramentas, seguindo essas três grandes fases. O processo buscou gerar um projeto de inovação e negócio social coletivo que surgisse da participação e protagonismo dos recuperandos, e apontasse possíveis soluções para problemas da APAC.

Durante a primeira etapa, ouvir, ilustrada pela Figura 2, no processo de aplicação de ferramentas de diagnóstico, os recuperandos levantaram como problema a pouca visibilidade da APAC, que leva a uma diminuição de visitas, voluntários, apoiadores e integração com a sociedade, prevista pelo próprio método da associação. Assim, o grupo optou por criar um brinde que auxiliasse a divulgar a APAC Santa Luzia, que chamasse atenção e transmitisse a identidade da APAC e fosse financeiramente sustentável.

Na etapa seguinte, criar, por meio da aplicação de várias ferramentas e sessões de brainstorming, ilustradas na Figura 3, todo o grupo optou pela criação de um projeto baseado na comercialização de sacolas personalizadas com estampas e frases de autoria dos recuperandos. Após essa escolha, foram analisadas referências, realizadas algumas sessões de cocriação, culminando na criação de um painel de ideias de estampas. Na sequência foi realizada uma oficina de refinamento das ideias e confeccionados modelos digitais das propostas de estampas.

Figura 2: Recuperandos na etapa ouvir do processo de design participativo. Fonte: da autora.

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Por fim, na etapa de implementação, ilustrada na Figura 4, foram feitas pesquisas do processo produtivo e realizado um teste com usuários para observar suas percepções a respeito das propostas de estampas. Com base no retorno deste teste, algumas ilustrações e frases foram escolhidas, novos modelos digitais foram criados, incluindo uma composição que mesclava texto e imagem, e, por fim, protótipos físicos foram confeccionados.

Assim, o processo de design participativo teve como um dos resultados a elaboração de dois modelos de sacolas, também chamadas de ecobags, totalmente desenvolvidos por recuperandos da APAC Santa Luzia, apresentados na Figura 5. A proposta, concepção da estampa, os desenhos, as frases e grafia foram todos feitos pelos recuperandos. Além das sacolas em si, o modelo de negócios também foi pensado. As sacolas foram criadas para atender as próprias famílias dos recuperandos, que levam itens nas visitas, e ao público geral que apoia a APAC. Sua intenção de comunicação é transmitir esperança e provocar reflexão, sensibilizando as pessoas sobre questões que tangem o projeto da APAC, e potencialmente conquistando mais apoio e visibilidade à causa.

Figura 3: Recuperandos na etapa criar do processo de design participativo. Fonte: da autora.

Figura 4: Recuperandos na etapa implementar do processo de design participativo. Fonte: da autora.

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Por fim, na etapa de implementação, ilustrada na Figura 4, foram feitas pesquisas do processo produtivo e realizado um teste com usuários para observar suas percepções a respeito das propostas de estampas. Com base no retorno deste teste, algumas ilustrações e frases foram escolhidas, novos modelos digitais foram criados, incluindo uma composição que mesclava texto e imagem, e, por fim, protótipos físicos foram confeccionados.

Assim, o processo de design participativo teve como um dos resultados a elaboração de dois modelos de sacolas, também chamadas de ecobags, totalmente desenvolvidos por recuperandos da APAC Santa Luzia, apresentados na Figura 5. A proposta, concepção da estampa, os desenhos, as frases e grafia foram todos feitos pelos recuperandos. Além das sacolas em si, o modelo de negócios também foi pensado. As sacolas foram criadas para atender as próprias famílias dos recuperandos, que levam itens nas visitas, e ao público geral que apoia a APAC. Sua intenção de comunicação é transmitir esperança e provocar reflexão, sensibilizando as pessoas sobre questões que tangem o projeto da APAC, e potencialmente conquistando mais apoio e visibilidade à causa.

Análise semióticaA semiótica é uma teoria dos signos (PINTO; NOVA, 2009). Um signo

pode ser conceituado como alguma coisa que substitui outra, representando ela para alguém, desencadeando um complexo análogo de reações, em determinadas situações e proporções (PIGNATARI, 2008).

A própria linguagem humana é um sistema de signos amplo e de extrema importância, tanto que para Barthes (2006) qualquer sistema semiológico no ato de significar se conecta a linguagem. “O mundo dos significados não é outro se não o da linguagem” (BARTHES, 2006: 12).

Nos estudos da semiótica há duas linhas de pensamento bem conhecidas. A linha de Saussure propõe um sistema dicotômico de análise semiótica e a de Pierce um sistema tricotômico. Neste artigo usaremos como referência a abordagem dicotômica, apresentada por Saussure e aplicada por Roland Barthes.

No sistema dicotômico, o signo é formado pelo significante e significado. O significante está no plano de expressão, e é percebido mentalmente, já o significado, está no plano de conteúdo e representa o conceito. Assim, a significação está na relação entre esses dois planos, que são indissociáveis. É justamente por meio do significante que temos acesso ao significado (BARTHES, 2006).

Figura 5: Sacolas desenvolvidas pelos recuperandos no processo de design participativo.Fonte: da autora.

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Os significados podem ser denotativos ou conotativos. São denotativos os significados inerentes, atrelados historicamente e diretamente a um significante e a função principal do objeto. São conotativos os significados aderentes, aqueles atribuídos a novos contextos e modos de uso (BARTHES, 1990).

Corroborando com esses conceitos, Cardoso (1998) aponta que o design, no seu processo, investe os objetos de significados, alheios a sua natureza essencial. Desse modo, pode-se afirmar que há, nos produtos projetados pelo processo de design, significados denotativos e conotativos. Assim, a análise semiótica se torna interessante para esses produtos, inclusive para as estampas criadas no processo de design na APAC.

Análise semiótica é o nome dado ao estudo das relações existentes entre os signos de um objeto de análise e o sistema de significação amplo no qual estes signos estão inseridos. Refere-se à análise de um signo e se faz a partir da correlação deste com o sistema de código simbólico do qual ele faz parte. Isso só é possível através da identificação dos elementos constitutivos das formas simbólicas e das relações entre elas, destrinchando a mensagem transmitida (DOMINGUES, 2011).

Na semiótica não se pode analisar sistemas que produzem significação desassociados de sua forma de produção e recepção (PINTO; NOVA, 2009). Um exemplo disso é como em campanhas publicitárias, cinema, histórias em quadrinho e, inclusive em peças de moda, é comum observar que a substância visual aponta suas significações por meio da reafirmação da mensagem linguística (BARTHES, 2006). Toda imagem é polissêmica, tendo uma cadeia flutuante de significados. A função do texto que a acompanha, normalmente, é de conduzir o leitor por entre os significados da imagem (BARTHES, 1990).

Na publicidade, a mensagem deve ser enfática, assim, a significação da imagem é intencional, uma vez que o criador da peça quer transmitir o significado o mais claro possível para atingir os objetivos de divulgação (BARTHES, 1990). Nota-se uma similaridade na forma de significação das peças de publicidade e das peças de moda, como as que são analisadas neste estudo.

Roland Barthes em seu livro O óbvio e o obtuso (1990), especificamente no capítulo “A retórica da imagem”, faz uma análise semiótica de uma peça publicitária. Como conclusão dessa análise, identifica diversos signos, um focando o significante presente na linguística e conteúdo dos textos, outro nas cores da imagem, outro observando o que está representado na imagem, e, por fim, um notando a composição da imagem. Tomando esse exercício como referência, este artigo busca fazer uma análise semiótica das estampas criadas na APAC.

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Análise semiótica das estampas desenvolvidas na APACObservando as estampas desenvolvidas pelos recuperandos da APAC

Santa Luzia no processo descrito anteriormente, apresentadas na Figura 6, nota-se que há uma similaridade entre ambas. As duas estampas são pretas e brancas, mesclam um texto curto com um desenho simples. Ambos desenhos têm linhas grossas, poucos detalhes, e os textos utilizam uma grafia similar. Há também diferenças entre elas. A composição da estampa 1 (estampa à esquerda) é mais sintética e traz uma continuidade no texto, enquanto a estampa 2 (estampa à direta) tem uma repetição do elemento gráfico (quatro unidades distinguíveis e similares de desenhos) e divide o texto em três trechos.

As estampas revelam uma mensagem de substância linguística, cujos significantes são as frases integradas ao desenho. “Você se diria inocente” na estampa 1 e “O amor transcende as grades” na estampa 2. Essa mensagem está expressa no código da língua portuguesa, e para entendê-la é preciso apenas saber ler em português. Além disso, há escrito APAC, no canto inferior das estampas, logo abaixo de sua marca. Um receptor sem conhecimento sobre a APAC, possivelmente conseguiria reconhecer que este é o nome de uma organização de alguma forma relacionada com essas sacolas estampadas. Talvez, esse receptor chegasse a identificar o termo “APAC” como uma sigla, embora não soubesse seu significado.

Por outro lado, um repertório aprofundado sobre a APAC possibilitaria o reconhecimento de que foi utilizada na estampa a nova marca da APAC. Essa nova marca é fruto de um redesenho da marca anterior, como mostra a Figura 7, e sinaliza uma atualização da instituição e investimento em design.

Figura 6: Estampas criadas pelos recuperandos no processo de design participativo.Fonte: da autora.

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Além disso, esse conhecimento sobre a organização permite notar a conexão das frases e dos desenhos com o contexto prisional e a metodologia da APAC. Com esse repertório, é possível notar que a frase da estampa 1 (“Você se diria inocente”) está relacionada a uma frase famosa do fundador da APAC Mário Ottoboni “Se fosse possível analisar o homem por dentro e por fora, certamente ninguém se diria inocente”. Assim como, a frase da estampa 2 (“O amor transcende as grades”) está alinhada à proposta de valorização humana dos recuperandos, independente dos delitos cometidos.

Ainda com esse conhecimento do contexto da APAC, é possível observar que o teor de ambas as frases e suas grafias se assemelham às frases espalhadas pela APAC (apresentadas na Figura 1) e às tatuagens que os recuperandos têm em seus corpos, ilustradas na Figura 8.

Analisando as estampas separadamente, e os desenhos em si, observa-se alguns signos bem evidentes. Na estampa 1, é possível identificar o sinal de pontuação da interrogação, ainda que estilizada. Este significante “?” é utilizado por diversas línguas de origem romana e expressa o tom de dúvida ou pergunta à sentença que lhe antecede. O significado de questionamento atribuído ao significante “?” é denotativo, devido a seu intenso uso na língua. Dessa forma, a mensagem linguística da estampa 1: “Você se diria inocente” é complementada pelo desenho que contém uma interrogação. Desse modo, é possível interpretar que a frase indaga ao leitor “Você se diria inocente?”.

Figura 8: Recuperando da APAC Santa Luzia com tatuagem.Fonte: da autora.

Figura 7: Marca antiga da APAC e nova marca redesenhadaFonte: cedida pela APAC Santa Luzia.

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Além disso, é possível identificar, no desenho da estampa 1, o contorno sintético de um coração. O coração é um significante de uso extensivo na cultura global e pode ter diversos sistemas de significação. São significados conotativos de coração amor e paixão. Entretanto, para essa aplicação específica, considerando a frase atrelada e o contexto, seu significado aderente pode estar mais relacionado a sentimentalidade, ao apelo emocional, aos valores e ao que está “no seu coração”.

Nesse sentido, nota-se que na estampa 1 o texto e a imagem se complementam, deixando a mensagem mais enfática, assim como foi observado por Barthes (1990) nas peças publicitárias. Desse modo, ao sobrepor esses signos, entende-se que a estampa 1 propõe uma reflexão: em relação aos seus sentimentos, “no fundo do seu coração”, “você se diria inocente?”.

Observa-se que essa reflexão proposta tira o sujeito receptor da mensagem da sua zona de conforto, provocando-o a pensar sobre o significado real da inocência. Caso esse receptor tenha consciência do contexto do sistema penitenciário que envolve a estampa, ele pode ser, de certa forma, incitado a uma ponderação sobre a punição na sociedade e sobre as próprias prisões.

Analisando a estampa 2, também é possível identificar a presença de corações, no caso quatro corações diferentes, bem evidentes. Além de linhas paralelas que ficam posicionadas atrás desses elementos. Nessa estampa, o texto tem a função clara de direcionar o entendimento dos significados do desenho, que é, de fato, a reafirmação da mensagem linguística, como apontado por Barthes (2006). A frase “O amor transcende as grades” conduz o receptor a compreender que o significante coração nesta estampa tem o significado de amor e que as linhas paralelas representam grades. Corroborando com essa ideia, nota-se que o elemento do coração está posicionado à frente das linhas paralelas, representando o ato de transcendê-las. Além disso, o fato de o significante desta estampa conter quatro corações sobre as grades pode representar o volume de pessoas que se encontram nessa situação, presos por uma grade.

Tendo consciência do contexto prisional que permeia a estampa 2, o receptor pode compreender que ela apresenta como o sentimento do amor ultrapassa a barreira física imposta pela prisão. Ao compreender mais a fundo a proposta da APAC, a mensagem da estampa 2 também pode ser interpretada como uma representação do recuperando, como um ser humano com sentimentos, que sente amor, e está acima do delito cometido que o colocou na prisão. Independente da interpretação, nota-se que a estampa 2 transmite esperança às pessoas que estão encarceradas, com parentes nesta condição ou inseridas no ambiente prisional, pois “o amor transcende as grades”.

Por outro lado, caso o receptor não conheça o cenário que cerca a

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estampa 2, ele pode interpretar essa mensagem de outras maneiras, atribuindo significados aderentes. Por exemplo, alguém pode entender que a estampa trata de uma questão romântica, e identificar como mensagem o amor ultrapassando as barreiras imateriais de um relacionamento, “as grades de um relacionamento”.

ConclusõesObserva-se que a análise semiótica permite um aprofundamento nos

elementos, contextos, mensagens e possibilidades de interpretação que uma peça criada pelo processo de design pode ter. Esse exercício é muito rico para a área do design, podendo contribuir tanto no processo de criação, como na compreensão das mensagens existentes em um projeto já finalizado, como é o caso das estampas desenvolvidas pelos recuperandos da APAC.

Além disso, durante a elaboração do presente artigo foi possível notar que, na abordagem semiótica, estampas presentes em peças de moda têm similaridades com as marcas e com a publicidade. Assim como as marcas, as estampas têm a função de construir e veicular significados para atrair o público. Da mesma maneira que a publicidade, as estampas tendem a ser enfáticas na transmissão da mensagem.

Especificamente em relação às estampas desenvolvidas na APAC e aqui analisadas, nota-se que ambas atingiram o objetivo de alertar as pessoas, mesmo que de modo indireto, sobre questões que tangem o projeto da APAC, porém, com duas abordagens distintas. Uma mais crítica e reflexiva, que utilizou a complementariedade entre texto e imagem para instigar o receptor. A outra mais emotiva e positiva, que utilizou a ambiguidade, ou seja, a imagem com repetição do texto, para sensibilizar o receptor

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autoresTHaís Falabella Ricaldoni. 

Mestre em Design, Inovação e Sustentabilidade na Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG | [email protected]

Sérgio Antônio Silva.Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Design, Inovação e

Sustentabilidade da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG | [email protected]

Edson José Carpintero Rezende.  Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em Design, Inovação e

Sustentabilidade da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG | [email protected]

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