Resumo Artigo

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RESUMO: O jogo de futebol pode ser enxergado como “um conjunto de sistemas caóticos determinístico com organização fractal” de forma que pensamos no jogo como um conjunto de sistemas que se interagem (equipes) objetivando manter-se em uma ordem e estabilidade, num contexto (o jogo) que tende para desordem e instabilidade. Por esse motivo a preparação do desportista deixou de estar pautada no pensamento reducionista, tecnicista, da herança cartesiana e passou a ser enxergada no contexto global, sem desintegrar do “todo” (jogo) os componentes que são inerentes a ele, conferindo á preparação uma forma mais integrada e especifica da condição real de competição. De maneira tal que sem desintegrar elementos do todo, os jogos reduzidos proporcionam um ambiente rico em todas as ações específicas do jogo (saltos, giros, arranques, desacelerações) podendo ser manipulado (por meio das regras que se impõem) de acordo com as particularidades da ideia de jogo de cada equipe (conceitos táticos), do momento de preparação (variando intensidades de esforço), e das potencialidades e/ou dificuldades técnicas presentes dentro de um grupo (equipe), conferindo ao jogo reduzido uma característica de muita plasticidade. Ainda não foi demonstrado na literatura á respeito se apenas o treinamento por meio dos jogos reduzidos é capaz de gerar uma sobrecarga ideal para o desenvolvimento da força necessária para o jogo. Objetivo: Quantificar qual o impacto agudo de diferentes formas de treinamento por meio dos jogos reduzidos na capacidade de gerar potencia e também no índice de fadiga através da analise dos resultados do teste RAST (Running Anaerobic Sprint Test).Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo analítico de intervenção experimental onde os sujeitos com media de idade de 19,09 anos ± 1,53, 69,48 kg de peso corporal ± 6,31, 176,16 cm de estatura ± 7,03 e 22,40 kg/m² de IMC ± 1,76, foram divididos em dois grupos (G1 = Pequenos Jogos n=16 e G2 = Jogos Médios n=16). O grupo 1 (PJ = Grupo Treinamento de Pequenos Jogos) realizavam o test de RAST (Running Anaerobic Sprint Test) e então realizavam uma sessão de treinamento de jogos reduzidos curtos (1:1, 2:2, 3:3, 4:4). O grupo 2 (JM = Grupo Treinamento de Jogos Médios) realizavam o teste de RAST e então realizavam uma sessão de treinamento de jogos reduzidos médios (5:5, 6:6, 7:7, 8:8). Após a realização da sessão de treinamento, ambos os grupos voltaram a realizar uma bateria de testes do RAST. Resultados: Tanto para o grupo 1 quanto para o grupo 2, observou-se uma melhora nos índices de potencia máxima e aumento em índice de fadiga após a sessão de treinamento, e assim também se percebeu um aumento dos valores da taxa de percepção subjetiva de esforço. Embora em ambos os grupos os aumentos dos níveis de potencia terem sido perceptíveis, os valores de potencia máxima após a sessão de treino foram maiores para o grupo 1. Inversamente proporcional á isso, os valores de índice de fadiga foram maiores para o grupo 2 quando comparados ao valores do grupo 1. Discussão: O tempo de estímulo da sessão de treinamento mostrou-se satisfatório para que ocorressem respostas fisiológicas importantes para ambos os grupos. Ambas as formas de treinamento demonstraram ser capazes de aumentar num espaço agudo de tempo os valores de potencia máxima. Isso se deve á diversos ajustes bioquímicos, metabólicos, fisiológicos do treinamento. Conclusão: Conclui-se da presente pesquisa que ambas as formas de jogo reduzido são capazes de induzir aumentos perceptíveis, embora não significativos na capacidade de gerar potencia máxima em atletas de futebol em um período agudo pós-jogo. No entanto, percebeu-se um aumento mais expressivo na ocasião em que houve jogo reduzido menor. Palavras-chave: Futebol. Jogo Reduzido. Força. Fadiga.

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Impacto agudo de duas formas de jogo reduzido diferentes na capacidade de gerar potencia em atletas jovens de futebol.

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RESUMO: O jogo de futebol pode ser enxergado como “um conjunto de sistemas caóticos

determinístico com organização fractal” de forma que pensamos no jogo como um conjunto de sistemas

que se interagem (equipes) objetivando manter-se em uma ordem e estabilidade, num contexto (o jogo)

que tende para desordem e instabilidade. Por esse motivo a preparação do desportista deixou de estar

pautada no pensamento reducionista, tecnicista, da herança cartesiana e passou a ser enxergada no

contexto global, sem desintegrar do “todo” (jogo) os componentes que são inerentes a ele, conferindo á

preparação uma forma mais integrada e especifica da condição real de competição. De maneira tal que

sem desintegrar elementos do todo, os jogos reduzidos proporcionam um ambiente rico em todas as

ações específicas do jogo (saltos, giros, arranques, desacelerações) podendo ser manipulado (por meio

das regras que se impõem) de acordo com as particularidades da ideia de jogo de cada equipe

(conceitos táticos), do momento de preparação (variando intensidades de esforço), e das

potencialidades e/ou dificuldades técnicas presentes dentro de um grupo (equipe), conferindo ao jogo

reduzido uma característica de muita plasticidade. Ainda não foi demonstrado na literatura á respeito se

apenas o treinamento por meio dos jogos reduzidos é capaz de gerar uma sobrecarga ideal para o

desenvolvimento da força necessária para o jogo. Objetivo: Quantificar qual o impacto agudo de

diferentes formas de treinamento por meio dos jogos reduzidos na capacidade de gerar potencia e

também no índice de fadiga através da analise dos resultados do teste RAST (Running Anaerobic Sprint

Test).Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo analítico de intervenção experimental onde os

sujeitos com media de idade de 19,09 anos ± 1,53, 69,48 kg de peso corporal ± 6,31, 176,16 cm de

estatura ± 7,03 e 22,40 kg/m² de IMC ± 1,76, foram divididos em dois grupos (G1 = Pequenos Jogos n=16

e G2 = Jogos Médios n=16). O grupo 1 (PJ = Grupo Treinamento de Pequenos Jogos) realizavam o test de

RAST (Running Anaerobic Sprint Test) e então realizavam uma sessão de treinamento de jogos reduzidos

curtos (1:1, 2:2, 3:3, 4:4). O grupo 2 (JM = Grupo Treinamento de Jogos Médios) realizavam o teste de

RAST e então realizavam uma sessão de treinamento de jogos reduzidos médios (5:5, 6:6, 7:7, 8:8). Após

a realização da sessão de treinamento, ambos os grupos voltaram a realizar uma bateria de testes do

RAST. Resultados: Tanto para o grupo 1 quanto para o grupo 2, observou-se uma melhora nos índices de

potencia máxima e aumento em índice de fadiga após a sessão de treinamento, e assim também se

percebeu um aumento dos valores da taxa de percepção subjetiva de esforço. Embora em ambos os

grupos os aumentos dos níveis de potencia terem sido perceptíveis, os valores de potencia máxima após

a sessão de treino foram maiores para o grupo 1. Inversamente proporcional á isso, os valores de índice

de fadiga foram maiores para o grupo 2 quando comparados ao valores do grupo 1. Discussão: O tempo

de estímulo da sessão de treinamento mostrou-se satisfatório para que ocorressem respostas

fisiológicas importantes para ambos os grupos. Ambas as formas de treinamento demonstraram ser

capazes de aumentar num espaço agudo de tempo os valores de potencia máxima. Isso se deve á

diversos ajustes bioquímicos, metabólicos, fisiológicos do treinamento. Conclusão: Conclui-se da

presente pesquisa que ambas as formas de jogo reduzido são capazes de induzir aumentos perceptíveis,

embora não significativos na capacidade de gerar potencia máxima em atletas de futebol em um

período agudo pós-jogo. No entanto, percebeu-se um aumento mais expressivo na ocasião em que

houve jogo reduzido menor.

Palavras-chave: Futebol. Jogo Reduzido. Força. Fadiga.

Page 2: Resumo Artigo

Participaram do estudo 32 atletas ambos dos sexo masculino media de idade de 19,09 anos ±

1,53, 69,48 kg de peso corporal ± 6,31, 176,16 cm de estatura ± 7,03, e 22,40 kg/m² de IMC ± 1,76, de

um clube de futebol profissional (com registro na Federação Estadual) do interior de São Paulo todos

das categorias de base (formação) do respectivo clube que disputavam o campeonato oficial da

federação paulista de futebol, á qual o clube era vinculado.

Tabela 1 - Característica dos sujeitos da pesquisa.

IDADE (anos) PESO (kg) ALTURA (cm) IMC (kg/m²)

MEDIA 19,09 69,48 176,16 22,4

DP 1,53 6,41 7,03 1,76

RESULTADOS

De acordo com os resultados encontrados os valores de potencia máxima após a sessão de

treinamento foram maiores tanto para o grupo 1 quanto para o grupo 2 quando comparados com os

valores registrados inicialmente, sugerindo que independente do numero de jogadores no jogo

reduzido, este foi capaz de provocar aumentos agudos nos níveis de potencia embora esses aumentos

não tenham representado diferenças estatísticas significativas. O gráfico a seguir apresentam os valores

para ambos os grupos.

Page 3: Resumo Artigo

Gráfico 1 – Valores médios de potencia máxima (watts) obtidos durante o pré-treino e pós-treino para

ambos os grupos.

Os resultados também mostraram que para ambos os grupos ocorreram aumentos nos valores de

índice de fadiga após a sessão de treinamento, sugerindo que independentemente dos tipo de jogo

reduzido, este foi capaz de promover um impacto suficiente para causar a fadiga. O gráfico abaixo

representa os valores para ambos os grupos.

Gráfico 2 – Valores de índice de fadiga (watts/seg) obtidos durante o pré-treino e o pós-treino para

ambos os grupos.

740,00

760,00

780,00

800,00

820,00

840,00

860,00

880,00

900,00

G1-pré G1-pós G2-pré G2-pós

Po

ten

cia

Ma

xim

a (

wa

tts)

G1 Pré-Treino

G1 Pós-Treino

G2 Pré-Treino

G2 Pós-Treino

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

G1-pré G1-pós G2-pré G2-pós

Ind

ice

de

Fa

dig

a (

wa

tts/

seg

)

G1 Pré-Treino

G1 pós-treino

G2 pré-treino

G2 pós-treino

Page 4: Resumo Artigo

Semelhantemente á isso, como era de se esperar, foi observado aumentos para ambos os grupos nos

valores da taxa de percepção subjetiva de esforço assim como mostra os gráficos abaixo. Esses valores

demonstram que independente do numero de jogadores envolvidos no jogo reduzido, a sobrecarga

deste foi capaz de levar os atletas, ao menos em um estado mental, mais desgastado.

Gráfico 3 – Valores de taxa de percepção subjetiva de esforço pré-treino e pós-treino para o grupo 1

(Pequenos Jogos).

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

Pré-Treino 4,00

Pós-Treino 7,20

Escala de Omni (Percepção Subjetiva de Esforço)

Page 5: Resumo Artigo

Gráfico 4 – Valores de taxa de percepção subjetiva de esforço pré-treino e pós-treino para o grupo 2

(Jogos Médios).

Quando comparados entre si, os resultados obtidos mostraram que embora independentemente

do número de atletas envolvidos no jogo reduzido tenha sido suficiente para causar aumentos

principalmente nos níveis de potencia máxima, essa foi expressa mais acentuadamente na ocasião em

que os atletas realizaram uma sessão de jogos reduzidos pequenos, de forma que os valores

encontrados no pós-treino foram maiores para o grupo 1 se comparados aos valores encontrados no

pós-treino para o grupo 2, assim como mostra o gráfico abaixo.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

Pré-Treino 5,06

Pós-Treino 6,56

Escala de Omni (Percepção Subjetiva de Esforço)

Page 6: Resumo Artigo

Gráfico 5 – Valores de potencia máxima (watts) comparando-se os valores obtidos entre os dois grupos

no pós-treino.

Vale ressaltar que inversamente proporcional aos valores encontrados para potencia máxima, o

índice de fadiga no pós-treino foi superior no grupo 2 se comparado ao grupo 1. O gráfico a seguir

representa esses valores.

Gráfico 6 – Valores de índice de fadiga (watts/seg) obtidos com os valores dos dois grupos no pós-treino.

872,00

874,00

876,00

878,00

880,00

882,00

884,00

886,00

888,00

Po

ten

cia

Maxim

a (

watt

s)

Grupo 1 886,27

Grupo 2 877,69

Potencia Máxima

12,10

12,20

12,30

12,40

12,50

12,60

12,70

12,80

Indice de Fadiga

(watts/seg)

Grupo 1 12,31

Grupo 2 12,72

Indice de Fadiga

Page 7: Resumo Artigo

CONCLUSÃO

Conclui-se da presente pesquisa que ambas as formas de jogo reduzido são capazes de induzir

aumentos perceptíveis, embora não significativos na capacidade de gerar potencia máxima em atletas

de futebol em um período agudo pós-jogo. No entanto, percebeu-se um aumento mais expressivo na

ocasião em que houve jogo reduzido menor. Ainda não foi demonstrado se esse efeito se mantém

durante um período maior pós-treino ou por quanto tempo esse efeito ainda se mantém. Também não

foi demonstrado se apenas os jogos reduzidos são suficientes para manter níveis ótimos de potencia

durante o decorrer de um macrociclo de treinamento. Mais pesquisas são importantes para comprovar

esses efeitos aqui observados.