Resumo Das Grandes Obras

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Exame das pesquisas/obras mais importantes de Max Weber Fichamento parcial (p. 44-96) da seção “2. A teoria” do livro KALBERG, Stephen (2010). Max Weber: Uma introdução. Rio de Janeiro: Zahar. Antônio Carlos Luz Costa

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Resumos de grandes obras da sociologi

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Exame das pesquisas/obras mais importantes de Max

Weber Fichamento parcial (p. 44-96) da seção “2. A teoria” do livro KALBERG, Stephen (2010). Max Weber: Uma introdução. Rio de Janeiro: Zahar.

Antônio Carlos Luz Costa

Obras analisadas

1. A ética protestante e o espírito do capitalismo

2. Economia e sociedade 3. A ética econômica das religiões mundiais

1. A ética protestante e o espírito do capitalismo

Tese

• A importância do papel dos valores no desenvolvimento do capitalismo moderno. (44)

Metodologia

• Exemplar para vários trabalhos de Weber. (44)

• “...é a primeira tentativa de Weber de identificar a singularidade do Ocidente moderno e de definir suas origens causais.” (44)

Forças que provocam a diferença do capitalismo moderno em relação a outros capitalismos na história

• expansão das trocas em mercados relativamente livres;

• separação da empresa da economia doméstica;

• contabilidade racional; • uso do trabalho (formalmente) livre; e • o desenvolvimento de um “ethos econômico

especial”. (45)

O ethos econômico especial que produzia o espírito do capitalismo

• rígida organização e abordagem metódica do trabalho;

• ideia de dever do indivíduo de aumentar a riqueza; • trabalho como fim absoluto em si mesmo; • acumulação de dinheiro, evitando-se o desfrutar

espontâneo dele, e tendo-se a ideia de que o sucesso nesse acúmulo é sinal de competência numa vocação.

• “atitude mental que ... se empenha de modo sistemático e racional numa vocação para o lucro legítimo.”

(45-46)

O que está na origem das estruturas sociais

• Não são as estruturas (estamentos, igrejas, seitas, etc.) que estão na origem de tal espírito [do capitalismo], mas as formações de ideias. (46)

A importância do trabalho e a acumulação do capital

• Um significado importante surge: o trabalho numa vocação (trabalho regular e dedicado). Isso funda a ética protestante. (47)

•  A abundância adquirida pelo trabalho e a capacidade para tal representava ao crente um sinal de que Deus lhe favorecera. (48)

• Os valores ligados ao trabalho adquirem máxima importante na vida dos devotos. (49)

A importância do trabalho e a acumulação do capital

• O uso da riqueza segue propósitos divinos. (50)

•  A ação é ordenada para melhor servir aos propósitos divinos. (51)

•  A eliminação da pompa e do consumo irracional favorecia a acumulação do capital. (52)

A especificidade da ética protestante

• organização racional metódica da vida com raízes no ascetismo mundano. (52)

• Nos EUA de Benjamin Franklin, séc. XVIII, o componente especificamente religioso foi enfraquecido e transformado num ethos de matiz utilitarista. (52-53)

Como a ideia de “sentido subjetivo” é aplicada no livro por Weber

• “A Ética Protestante e os Ensaios sobre as seitas estudam, portanto, as ‘origens causais’ do espírito do capitalismo. O sentido subjetivo visado dos crentes conforme apreendido em fontes religiosas e valores – e não por uma análise de fatores socioestruturais, escolhas racionais, interesses econômicos, dominação e poder, classes sociais específicas ou progresso evolucionário – é uma questão central.” [grifo original do autor] (59)

2. Economia e sociedade

Estrutura do livro

• “A primeira parte do livro, mais curta, é dedicada à construção de modelos e muitas vezes se assemelha a um compêndio de conceitos, enquanto a segunda parte, mais longa, focaliza principalmente casos históricos e breves e incompletas análises causais de determinados acontecimentos, que precedem a elaboração dos modelos.” (63)

Objetivos

• Exame das origens causais do desenvolvimento peculiar do Ocidente com base na sistematização dos conhecimentos de Weber sobre a China, a Índia e o Ocidente na Antiguidade, na Idade Média e na Época Moderna, para estabelecer um tratado teórico sólido que sirva à prática da sociologia compreensiva. (61-62)

• Especificar onde ocorrem as regularidades das ações sociais e sua condensação em padrões. (64)

• Formulação de tipos ideais. (66)

Metodologia para atingir o objetivo

• Desenvolve-se um “modelo puro” e se aplica o mesmo em comparações. (72)

• Movimento alternado “entre a conceituação – a formação de modelos – e a pesquisa detalhada de casos e ocorrências empíricas”. (84)

• Primeiro uma delineação dos principais domínios nos quais a ação social se cristaliza primordialmente.

Metodologia para atingir o objetivo

• Depois, identifica os temas, os dilemas ou questões intrínsecas de cada domínio: - Religião: centralidade do sofrimento, da

infelicidade, das angústias. - Dominação: como se dá a legitimação da

ordem e as motivações para obedecer. (64)

Metodologia para atingir o objetivo

• A maioria dos capítulos de Economia e Sociedade discute os aspectos peculiares da ação social específica de cada domínio. (65)

• Cada domínio tem um sentido (Sinnbereich) [que afeta a subjetividade]. (65)

• A identificação dos domínios é só início, pois uma “conceitualização mais rigorosa das orientações regulares da ação dotada de sentido subjetivo deve ser feita por referência aos tipos ideais”. (65)

Tipo ideal

• É o delineamento e identificação de orientações padronizadas/regulares. (66)

• “Cada tipo ideal significa um desenraizamento da ação de seu fluxo amorfo e a demarcação de constelações de ação social.” (66)

• Exemplos: tipo ideal do funcionário burocrático, do líder carismático. (66)

Tipo ideal

• A técnica analítica de Weber permite compreender ações supostamente irracionais como dotadas de sentido. (67)

• Dois tipos ideais de influência especial na sociologia: os tipos de dominação e os estamentos. (68)

Dominação

• Dominação é “a probabilidade de que um grupo determinável de indivíduos (em consequência de vários motivos) oriente sua ação social a emitir ordens, somada à probabilidade de que outro grupo, também determinável, oriente sua ação social para a obediência (em consequência de vários motivos), e que as ordens sejam de fato cumpridas em um nível sociologicamente relevante. Em sua famosa proposição, dominação diz respeito à ‘probabilidade de encontrar obediência a uma ordem, de determinado conteúdo, em determinado grupo de pessoas’.” (68)

Dominação

• E o principal para Weber é a dominação legítima, que se difere do efeito direto do poder, pois na dominação legítima sempre há um mínimo de aquiescência. (68-69)

Dominação

• Interesses materiais conciliados por costume e cálculos racionais (meios-fins) acerca desses interesses provocam uma certa obediência. Mas o estabelecimento da legitimidade da dominação não se dá somente por interesses materiais, pois isso a tornaria instável. É necessário também uma crença mínima na legitimidade. (69)

Dominação

• Por que as pessoas obedecem à autoridade? Elas obedecem à autoridade sob o efeito de princípios de legitimação: racional-legal, tradicional ou carismático. (70).

• Cada um desses tipos puros de dominação é legitimado pelas respectivas crenças (na legalidade de regras sancionadas, na santidade de tradições imemoriais, nas características especiais de uma pessoa ou nas revelações e ordenações por elas emitidos).

• São essas forças que orientam as ações que ocorrem nesses domínios da sociedade.

Dominação

• A dominação racional-legal se manifesta na organização burocrática. (70)

• Há uma superioridade técnica da dominação legal em relação às outras, porque ela inclui ações sociais distintas sob regulamentações estáveis. Há uma determinação hierárquica na emissão de normas impessoais (não emitidas por uma pessoa). (71)

• A dominação legal produz menos ambiguidades e mais estabilidade. (71)

• A burocracia desenvolve-se tanto melhor quanto mais é desumanizada, eliminando elementos puramente pessoais como amor, ódio, irracionalidades. (72)

Estamento

• Desenvolvem-se “quando pessoas compartilham um modo de viver, padrões de consumo, convenções, noções específicas de honra e supostamente detêm monopólios econômicos e de status.” (73)

• Com essas características eles formam uma base independente para a estratificação social, que pode ter um impacto social importante sobre ações voltadas aos interesses materiais de classe. (72-73)

• Exemplo de estamentos que influenciaram fortemente o desenvolvimento de uma civilização: os intelectuais na China, os samurais no Japão, os brâmanes na Índia. (74)

Tipos ideais como modelos para a formulação de hipóteses

• Eles são empregados em Economia e Sociedade como modelos para construção de hipóteses mediante quatro modelos principais: focalizando seu caráter dinâmico, focalizando os modelos contextuais, como meio de explicitar interações lógicas entre padrões de ação dotada de sentido e como meio para detalhar desenvolvimentos analíticos. (75)

Tipos ideais como modelos para a formulação de hipóteses

• Kalberg trabalha somente com apresentação de alguns modelos desenvolvimentais: afinidades eletivas [relações de adequação] (Wahlverwandtsschaften) e antagonismo. (75-76)

• A relação entre economia e sociedade analisada por Weber serve para evidenciar a autonomia [legalidade própria] (Eigengesetzlichkeit) dos domínios sociais perante a economia. Os conceitos de afinidade eletiva e antagonismo (discutidos na obra) definem as relações entre os domínios sociais. (76)

Tipos ideais como modelos para a formulação de hipóteses

• Exemplo de relação de antagonismo: a natureza pessoal das relações dentro da família é antagônica às relações impessoais que caracterizam o mercado e as relações burocráticas. (78)

• Exemplo de relação de afinidade eletiva: entre a ética dos intelectuais e certos caminhos para a salvação. (78)

• Os modelos desenvolvimentais elaboram hipóteses sobre um curso de ação padronizada, descrevendo caminhos que elas teriam seguido se não “tivesse havido a interveniência de certas complicações empíricas ‘irracionais’.” (79)

Tipos ideais como modelos para a formulação de hipóteses

• Exemplo de um desses modelos: os efeitos da rotinização do carisma. Ela leva a uma autoridade instável que produz seu enfraquecimento. (80-81).

• O carisma enfraquecido é preservado pelos seguidores numa forma despersonalizada e se torna “hereditário”, “institucionalizado”, servindo à legitimação de direitos adquiridos. (82)

Forças motrizes: a multicausalidade de Economia e Sociedade

• Somente alguns padrões determinados de ação dotada de sentido se tornam relevantes para o tecido social. (84-85)

• “[...] estamentos, classes e organizações funcionam como ‘portadores’ da ação social. Cada um ‘carrega’ uma configuração de orientações definidas de ação.” (85)

• Multicausalidade trabalhada por Weber em Economia e Sociedade: série de esferas societárias, constelações de tipos ideais específicos e portadores sociais relacionados a, por exemplo, acontecimentos históricos, inovações tecnológicas e fatores geográficos. (86)

• Outras forças causais efetivas importantes: conflito, competição, interesses econômicos, poder. (86)

3. A ética econômica das religiões mundiais

Tema e problematização do livro

• [No primeiro parágrafo da introdução à obra Weber fala de éticas religiosas confucionistas, hinduístas, budistas, islâmicas, cristãs e, como sexta religião, judaicas].

• É um estudo dos diferentes racionalismos [amparados em éticas] para especificar características de cada civilização estudada [e assim explicar o desenvolvimento peculiar do capitalismo no Ocidente e a influência dos domínios sociais nesse desenvovimento]. (94)

Aspectos metodológicos

• Diferentemente da Ética Protestante, a Ética Econômica adota uma metodologia multicausal: os dois lados da cadeia causal: as ideias e os interesses. (91)

• É importante considerar forças que afetam o cotidiano organizacional das pessoas e outras que podem afetar o caminho de orientação desse cotidiano. (92)

Singularidade do Ocidente

• Weber vai destruindo argumentos sobre o desenvolvimento capitalista no Ocidente. (92)

• O que o Ocidente tinha de especial: a origem de um novo ethos econômico aliado a conflitos pluralistas em domínios sociais diferentes e uma abertura social que facilitou a mudança social regular. (94)

• Ver citações páginas 94 e 95.