Resumo Geografia

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América do Sul: integração física e energética

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Amrica do Sul: integrao fsica e energtica

Introduo A integrao econmica entre os pases sul-americanos uma das prioridades da poltica externa brasileira desde o comeo do sculo XX. Um dos fatores essenciais para que esse processo se consolide a construo de uma infraestrutura moderna e integrada de energia, transportes e comunicaes.

Infraestrutura e integraoOs parceiros do Nafta, por exemplo, compartilham ferrovias, hidrovias, assim como sistemas de gerao e distribuio de energia. Na Amrica do Sul, porm, a realidade bem diferente. Veja-se o caso das redes virias brasileiras: elas apresentam raras conexes com as redes dos pases vizinhos, dificultando a circulao de pessoas e mercadorias.No caso da energia, as iniciativas oficiais de integrao tiveram incio em meados da dcada de 1960, quando foi criada a Comisso de Integrao Eltrica Regional (Cier), organizao que englobou quase todos os pases sul-americanos com o intuito de intercambiar formaes e tecnologias de produo e distribuio no setor de eletricidade, ento comandado por em presas estatais. Em 1973, surgiu a Organizao Latino-Americana de Desenvolvimento (Olade), sediada em Quito, no Equador. Seu principal objetivo era promover mecanismos de cooperao entre os pases-membros na formulao de estratgias de aproveitamento eficiente e racional de seus recursos energticos.. Os estudos que deram origem aos projetos de importantes usinas hidreltricas binacionais, tais como Itaipu (Brasil e Paraguai). Apesar dessas iniciativas, a deficincia na integrao efetiva das infraestruturas um empecilho integrao econmica e cultural dos pases sul-americanos. Os eixos de integrao A Iniciativa para a Integrao da Infraestrutura Regional Sul-americana (Iirsa), criada em 2000, busca suprir essa deficincia. Criada na Conferncia Sul-americana de Braslia, em 2000, a Iirsa tem como meta integrar a infraestrutura de transportes, energia e comunicaes entre os doze pases signatrios. Para tanto, foram estabelecidos dez eixos prioritrios de integrao viria. Entre os eixos prioritrios, destacam-se os que conectam o Sul e o Sudeste do Brasil aos pases da Amrica do Sul.Eixo Mercosul-Chile liga So Paulo, Rio de Janeiro, Montevidu, Buenos Aires, Santiago e termina no porto chileno de Valparaso. Concentra os mais importantes fluxos comerciais da Amrica do Sul.Eixo interocenico Central estabelece conexo com Bolvia, Paraguai, Peru e Chile.Eixo do Escudo das Guianas destaca-se a ligao rodoviria entre Manaus e Caracas, na Venezuela, e a ligao entre Manaus e Suriname, em projeto.Eixo do Amazonas conecta a navegao fluvial amaznica s redes dos portos do Peru e do Equador.Eixo Peru-Brasil-Bolvia (engloba a Rodovia interocenica) abre uma nova alternativa para o escoamento da soja e de outros gros produzidos no Centro-Oeste brasileiro.Alm dos projetos de integrao viria, esto em andamento importantes iniciativas para a integrao energtica. Uma delas a expanso do Gasoduto Bolvia-Brasil, que dever chegar at o Rio Grande do Sul e integrar-se rede de gasodutos da Argentina, j conectada com a do Chile e a da Bolvia. A Unio das Naes Sul-americanasEm abril de 2007, durante Cpula Energtica Sul-americana, foi criada a Unio das Naes Sul-americanas (Unasul), integrada por Brasil, Argentina, Bolvia, Chile, Colmbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. O Mxico e o Panam participam na condio de observadores.Alm da integrao comercial e econmica, a Unasul prev:. Coordenao poltica entre os pases-membros, com a criao de um Conselho de chefes de Estado e de governo, um Conselho de ministros de relaes exteriores e um Conselho de delegados;. Livre-comrcio entre os pases-membros, com a perspectiva de criao de uma moeda nica;. Integrao fsica, energtica e em comunicaes;. Harmonizao de polticas para desenvolvimento rural e agroalimentar;. Cooperao em tecnologia, cincia, educao e cultura;. Criao de uma cidadania sul-americana mediante o reconhecimento progressivo de direitos civis, polticos e trabalhistas dos cidados de um pas em qualquer outro Estado-membro. O Plano Puebla-Panam Assim como o Iirsa, o Plano Puebla-Panam (PPP), tambm conhecido como Projeto Mesoamrica, uma proposta de desenvolvimento massivo de infraestrutura regional da Amrica Central. Alm da integrao energtica e comunicacional, visa interconexo de cidades por meio de corredores terrestres que vo de Puebla, no sul do Mxico, at o Panam, na Amrica Central. Abrange outros seis pases mesoamericanos: Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicargua e Costa Rica.O plano, lanado em 2001 pelo ento presidente do Mxico, no conseguiu reunir recursos necessrios na poca e contou com forte repdio da populao, principalmente atingida pelo projeto.Em tese o plano contempla o desenvolvimento social, o uso sustentvel dos recursos naturais, a preveno de desastres, o combate pobreza e a proteo ambiental. A populao dessa regio da Amrica Central (65 milhes de habitantes, dos quais 60% em situao de extrema pobreza), composta por numerosos povos indgenas, conta com os indicadores sociais mais baixos do continente. Integrao e diplomaciaPara o Brasil, a integrao energtica sul-americana j uma realidade, apesar de ainda existirem muitos obstculos a solucionar.A Usina Binacional de Itaipu, pioneira na integrao energtica da Amrica do Sul, um exemplo. O Brasil compra quase toda a energia que cabe ao Paraguai, mas paraguaios reclamam que a tarifa paga a eles muito menor que os valores de mercado. Do ponto de vista do governo brasileiro, no h razo para polmica, j que o Brasil custeou a construo da usina e todos os itens do acordo esto sendo respeitados. No entanto, o governo paraguaio insiste em renegociar o acordo que fixa o preo da energia vendida para o Brasil. A cooperao energtica acabou por se transformar em tenso diplomtica. Outro exemplo importante o do gs natural boliviano, que o Brasil importa desde 1999. Em 2006, o governo da Bolvia nacionalizou todas as empresas que exploram hidrocarbonetos nesse pas, inclusive as refinarias da Petrobras, tambm provocando tenso diplomtica entre os dois pases.Entre os principais projetos de integrao fsica e energticos j concludos na Amrica do Sul, destacam-se:. O Gasoduto Bolvia-Brasil, por meio do qual as reservas de gs natural de Santa Cruz de Ia Sierra, na Bolvia, abastecem indstrias e termeltricas localizadas nos estados de Mato Grosso do Sul, So Paulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.. A Rodovia Brasil-Venezuela (BR-i 74), com extenso de 2.331 quilmetros, que ajuda a escoar os produtos da Zona Franca de Manaus at os pases do Caribe e da Amrica do Norte.. A Linha de transmisso de Guri, de 780 quilmetros, ligando a Hidreltrica de Guri, na Venezuela, a Boa Vista, em Roraima. Integrar para entregar?A integrao sul-americana pode, por um lado, contribuir de muitas formas para o desenvolvimento econmico e social do continente. Por outro, de acordo com seus crticos, o processo de integrao em curso est sendo comandado por grandes empresas ligadas ao capital internacional, que esto assumindo o controle sobre uma parcela cada vez mais significativa do patrimnio ambiental sul-americano.Desde o incio da dcada de 1990, tais empresas vm se beneficiando largamente com a desregulamentao dos mercados, com a abertura econmica e com a privatizao progressiva dos setores eltricos.Nesse contexto, os eixos de integrao previstos pela Iirsa podem assumir a feio de corredores de exportao, destinados a facilitar o escoamento de bens primrios para os mercados dos pases ricos.

ConclusoEntretanto, ainda tempo de redimensionar a iniciativa, de forma que se consolide um processo de integrao menos voltado para os interesses das grandes empresas e mais voltado para o interesse do conjunto da populao, priorizando a interligao entre pases e regies da Amrica do Sul. Isso repercutiria em uma maior dinamizao das economias nacionais, alm de considerar, como parte do processo de desenvolvimento econmico, parmetros ambientais e respeito aos povos e culturas que compartilham o continente.

BibliografiaFonte: Livro Conexes Estudos de Geografia Geral e do Brasil. De Lygia Terra, Regina Arajo e Raul Borges Guimaraes. Editora Moderna, 1 Edio, 2010.