RESUMO Palavras-chave 1 INTRODUÇÃO · do Exército para a recuperação operacional das Forças...

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1 Formatado: Fonte: 10 pt Projetos Estratégicos de Defesa e seus reflexos na formação do comandante de fração 1 RESUMO O trabalho a seguir apresentado trata da implementação dos Projetos Estratégicos do Exército para a recuperação operacional das Forças Armadas, tendo como objetivo analisar qual é a influência no planejamento da transformação da formação do futuro oficial do Exército Brasileiro para que o Cadete tenha um maior contato com a nova doutrina, para que esteja preparado para o combate na Era do Conhecimento. A pesquisa foi realizada a partir da análise bibliográfica e documental de trabalhos relevantes inseridos na temática Defesa Nacional, documentos disponibilizados pelo Escritório do Projeto do Exército e publicações periódicas sobre o tema. As principais conclusões a que se chegou que, o Brasil vem desempenhando um papel cada vez mais relevante no contexto político-econômico. Para tanto faz-se necessário o desenvolvimento adequado, de diversos setores considerados essenciais para garantia da soberania e também, uma reestruturação das atividades do currículo acadêmico da Academia Militar das Agulhas Negras, registrando alterações percebidas e algumas de suas implicações práticas no dia-a-dia do Cadete. Palavras-chave: Projetos Estratégicos do Exército, Transformação, Era do Conhecimento, Doutrina 1 INTRODUÇÃO O acelerado crescimento econômico que o Brasil atingiu na primeira década do Século XXI fez com que o País fosse projetado no cenário internacional, assumindo um lugar de destaque no cenário político regional e também mundial. A nova relação de forças de mercado, em que a riqueza de países desenvolvidos é transferida para os países emergentes, faz com que o Brasil se destaque com a grande possibilidade de produção de energia, larga produção de alimentos e detentor das principais reservas de água doce mundiaisaumentando o peso do país nos processos decisórios mundiais em um futuro próximo (Revista Verde- Oliva, 2013, p 3). Assim, cresceu a importância de o Brasil estar preparado para enfrentar os novos desafios da Era do Conhecimento, que possui como características “maior velocidade, confiabilidade e baixo custo de transmissão e armazenamento de informação e conhecimento”. Nesse contexto, o Estado Brasileiro, em 2008, redigiu a Estratégia Nacional de Defesa (END), em que projetou um processo de renovação e transformação das Forças Armadas. A END estabelece de forma sistemática: a reorganização e a reorientação das Forças Armadas, a organização de material de defesa, para assegurar uma autonomia operacional diante da dependência tecnológica e uma política de composição dos seus efetivos em relação ao Serviço Militar Obrigatório. Além disso, a END pauta-se principalmente pela diretriz da dissuasão, equipando as Forças Armadas com poderio militar a fim de desencorajar ações de forças externas sobre o nosso território. (BRASIL, 2008) __________________________ 1 Elaborado por: Francisco Bento Ferreira Neto, Fábio Bonfim de Lima, Rodrigo Coutinho Rosa, Rafael Paiva de Oliveira e Gabriel Felipe Engelke, todos Cadetes de Infantaria do 4º ano da AMAN,

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Formatado: Fonte: 10 pt

Projetos Estratégicos de Defesa e seus reflexos na formação do comandante de fração1

RESUMO O trabalho a seguir apresentado trata da implementação dos Projetos Estratégicos

do Exército para a recuperação operacional das Forças Armadas, tendo como objetivo analisar

qual é a influência no planejamento da transformação da formação do futuro oficial do

Exército Brasileiro para que o Cadete tenha um maior contato com a nova doutrina, para que

esteja preparado para o combate na Era do Conhecimento. A pesquisa foi realizada a partir da

análise bibliográfica e documental de trabalhos relevantes inseridos na temática Defesa

Nacional, documentos disponibilizados pelo Escritório do Projeto do Exército e publicações

periódicas sobre o tema. As principais conclusões a que se chegou que, o Brasil vem

desempenhando um papel cada vez mais relevante no contexto político-econômico. Para tanto

faz-se necessário o desenvolvimento adequado, de diversos setores considerados essenciais

para garantia da soberania e também, uma reestruturação das atividades do currículo

acadêmico da Academia Militar das Agulhas Negras, registrando alterações percebidas e

algumas de suas implicações práticas no dia-a-dia do Cadete.

Palavras-chave: Projetos Estratégicos do Exército, Transformação, Era do Conhecimento,

Doutrina

1 INTRODUÇÃO

O acelerado crescimento econômico que o Brasil atingiu na primeira década do

Século XXI fez com que o País fosse projetado no cenário internacional, assumindo um lugar

de destaque no cenário político regional e também mundial. A nova relação de forças de

mercado, em que a riqueza de países desenvolvidos é transferida para os países emergentes,

faz com que o Brasil se destaque com a “grande possibilidade de produção de energia, larga

produção de alimentos e detentor das principais reservas de água doce mundiais” aumentando

o peso do país nos processos decisórios mundiais em um futuro próximo (Revista Verde-

Oliva, 2013, p 3).

Assim, cresceu a importância de o Brasil estar preparado para enfrentar os

novos desafios da Era do Conhecimento, que possui como características “maior velocidade,

confiabilidade e baixo custo de transmissão e armazenamento de informação e

conhecimento”. Nesse contexto, o Estado Brasileiro, em 2008, redigiu a Estratégia Nacional

de Defesa (END), em que projetou um processo de renovação e transformação das Forças

Armadas. A END estabelece de forma sistemática: a reorganização e a reorientação das

Forças Armadas, a organização de material de defesa, para assegurar uma autonomia

operacional diante da dependência tecnológica e uma política de composição dos seus

efetivos em relação ao Serviço Militar Obrigatório. Além disso, a END pauta-se

principalmente pela diretriz da dissuasão, equipando as Forças Armadas com poderio militar a

fim de desencorajar ações de forças externas sobre o nosso território. (BRASIL, 2008)

__________________________

1Elaborado por: Francisco Bento Ferreira Neto, Fábio Bonfim de Lima, Rodrigo Coutinho Rosa,

Rafael Paiva de Oliveira e Gabriel Felipe Engelke, todos Cadetes de Infantaria do 4º ano da AMAN,

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Formatado: Fonte: 10 pt

sob orientação de Guilherme Pereira Calixto, 1º Tenente de Infantaria, Instrutor do Curso Básico da

AMAN

Alinhado com a END, o Exército Brasileiro, através do seu Estado-Maior,

vislumbrou várias ações estratégicas que direcionariam essas transformações. Os Projetos

Estratégicos do Exército (PEE) definidos então foram: Sistema Integrado de Monitoramento

de Fronteiras (SISFRON), Defesa Cibernética, Guarani, ASTROS 2020, Sistema Integrado de

Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestre (PROTEGER) e Projeto de Recuperação da

Capacidade Operacional da Força Terrestre (RECOP).

O SISFRON é um sistema integrado de sensoriamento, de apoio à decisão e de

emprego operacional, cujo propósito é fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado

na faixa de Fronteira, produzindo informações confiáveis e oportunas para reduzir

vulnerabilidades e otimizar a atuação do Exército Brasileiro e o apoio às operações conjuntas

e interagência - cada vez mais frequente na faixa fronteiriça.

O Projeto Defesa Cibernética visa prover a capacitação tecnológica e de

recursos humanos, o desenvolvimento de doutrina de proteção de ativos e estruturas, pela

operacionalização de sistemas de segurança da informação e pelo incentivo à produção

nacional no setor de defesa cibernética, permitindo assim a comunicação em rede com

segurança entre os diversos setores da Forças Armadas.

O Projeto Guarani tem como objetivo dotar o Exército Brasileiro de uma nova

família de blindados sobre rodas, para o emprego desses veículos como material de defesa na

proteção das infraestruturas do país, fortalecendo as ações do Estado na segurança e defesa do

território nacional ampliando sua capacidade dissuasória, além de apoiar as ações de Defesa

Civil e as operações de Garantia da Lei e da Ordem. O Projeto ainda introduz e moderniza

uma doutrina em diversas Organizações Militares.

O Projeto ASTROS 2020 pretende equipar a Força Terrestre de meios capazes

de prestar um apoio de fogo de longo alcance, com elevada precisão e letalidade com o

desenvolvimento nacional de míssil tático, foguete guiado e das viaturas lançadoras. Seu

sistema de lançamento busca integrar a interoperabilidade com a Marinha e a Força Aérea

aumentando assim a capacidade dissuasória extra regional.

Dessa forma os PEE estão alinhados com que estabelece a doutrina do Exército

Brasileiro, que prioriza a capacidade de dissuasão terrestre compatível com a projeção

internacional em apoio à política exterior do País, atuação no espaço cibernético com

liberdade de ação e interoperabilidade com as demais Forças Singulares, e

complementariedade com outros órgãos e agências mantendo assim uma gestão integrada em

todos os níveis. Assim os PEE estão inseridos dentro de um planejamento político-estratégico,

em matéria de Defesa, adequados para os novos desafios da Era do Conhecimento. (BRASIL,

2014)

Com a finalidade de preparar os futuros oficiais da linha militar bélica, a

Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) vem desenvolvendo uma série de ações, a

fim de promover a capacitação profissional dos Oficias e Cadetes para que esse conhecimento

possa ser aplicado no corpo de tropa. A AMAN realiza anualmente a Manobra Escolar, com a

participação de diversos estabelecimento militares de ensino do Exército Brasileiro,

empregando os mais modernos equipamentos como a Viatura VBTP Guarani, Fuzil I-A2,

Lançador Múltiplo de Foguetes Astros e Radar Saber M60. A Academia investiu também na

montagem de modernos laboratórios de informática e adequou a grade curricular dos Cadetes

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com a criação de cadeiras específicas voltadas para os Projetos Estratégico. Além de

promover a realização de estágios, para os Cadetes do 4º Ano, de forma presencial, nas

diversas Organizações Militares que estão implementando os PEE, a fim de adquirir um

conhecimento prático da doutrina.

Em suma, o cenário político-econômico mundial vem sofrendo diversas

alterações nos últimos anos, influenciado por diversos fatores, como a mudança climática

global, surgimentos de novos atores globais não-estatais e o crescimento da velocidade de

transmissão de informações. Assim, para adequar-se a essas transformações, o Brasil realiza

um processo de reorganização e reorientação de suas Forças Armadas, estabelecendo Projetos

Estratégicos nos setores prioritários da Defesa Nacional, inserindo-se de melhor maneira na

Era do Conhecimento, cujas características marcantes são a imprevisibilidade do conflito e

opinião pública como condicionante para o sucesso das operações militares. Os Projetos

Estratégicos do Exército são responsáveis por estimular a inovação e a produção focando no

desenvolvimento da indústria nacional, a fim de diminuir a dependência da aquisição de

materiais de outros países. Outro fator que os PEE buscam é a utilização de meios

tecnológicos avançados e de alta complexidade, entretanto utilizando-os como instrumento no

combate decisivo nas operações de amplo espectro.

2 SISFRON

O Brasil é um país com dimensões continentais, com mais de 8.000.000 Km²,

sendo o quinto maior país do mundo, ocupando 48% de toda a área da América do Sul, e por

consequência, uma fronteira extensa, 16.886 km distribuídos em 11 estados brasileiros, 122

cidades limítrofes que fazem divisa com 10 países.

Com uma área dessa magnitude, as fronteiras acabam se tornando pontos

sensíveis para a pratica de crimes transnacionais e transfronteriços, onde ocorre tráfico de

drogas, de animais, plantas, entrada e saída de armamentos. Diante disso, visando proteger as

áreas sensíveis para a nação, que são delimitadas a 150km ao longo de nossa fronteira,

segundo o Art. 20, § 2 da Constituição Federal de 88, o país conta com o Exército Brasileiro

para realizar sua segurança. Para isso, o Exército Brasileiro implementou o SISFRON,

Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras.

O projeto visa o monitoramento das nossas fronteiras contra qualquer tipo de

ameaça e será integrado com informações de vários tipos de sensores, no qual será realizado

com a cooperação e coordenação com várias agências.

No site do EPEX (Escritório de Projetos do Exército Brasileiro), pode-se

observar algumas informações sobre o projeto, como: O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras – SISFRON é

um sistema de sensoriamento e de apoio à decisão em apoio ao emprego

operacional, atuando de forma integrada, cujo propósito é fortalecer a presença e a

capacidade de monitoramento e de ação do Estado na faixa de fronteira terrestre,

potencializando a atuação dos entes governamentais com responsabilidades sobre a

área. Foi concebido por iniciativa do Comando do Exército, em decorrência da

aprovação da Estratégia Nacional de Defesa, em 2008, que orienta a organização das

Forças Armadas sob a égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e

presença.

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Para o Exército, o SISFRON deverá, além de incrementar a

capacidade de monitorar as áreas de fronteira, assegurar o fluxo contínuo e seguro

de dados entre diversos escalões da Força Terrestre, produzir informações confiáveis

e oportunas para a tomada de decisões, bem como, apoiar prontamente em ações de

defesa ou contra delitos transfronteiriços e ambientais, em cumprimento aos

dispositivos constitucionais e legais que regem o assunto, em operações isoladas ou

em conjunto com as outras Forças Armadas ou, ainda, em operações interagências,

com outros órgãos governamentais.

[..]

Ressalta-se que os modernos recursos tecnológicos incluídos no

SISFRON habilitam o combatente da Força Terrestre a operar em ambiente de alta

complexidade tecnológica, adaptando-o às demandas de consciência situacional

instantânea e ao conceito da guerra centrada em redes. O conceito de emprego é

dual, ou seja, permite iniciativas de defesa externa, em conjunto com as demais

Forças Armadas, bem como o apoio à atuação de órgãos públicos de segurança, em

operações interagências, contra delitos transfronteiriços.

O Programa contribuirá para o aumento da capacitação tecnológica, da

autonomia e da sustentabilidade da base industrial de defesa, com a aquisição de

itens de alto valor agregado e com a diversificação da pauta de exportação nacional,

contribuindo assim para a geração de empregos e de renda nos setores de tecnologia

e infraestrutura.

Mais recentemente, o Programa de Proteção lntegrada de Fronteiras

(Decreto N° 8.903, de 16 de novembro de 2016) reenfatizou a importância das ações

de prevenção, do controle, da fiscalização e da repressão dos delitos transnacionais e

ambientais na faixa de fronteira. A diretriz principal desse diploma legal é a atuação

integrada dos órgãos de segurança pública, das Forças Armadas e da Receita

Federal, além de outras agências federais, estaduais e municipais. O SISFRON,

desde a sua concepção, está alinhado com o Programa.

Ainda sobre o projeto, em artigo sobre o projeto publicado na edição especial

de 2013 da revista Verde Oliva, o centro de comunicação do Exército cita que o projeto

contará com o investimento de aproximadamente R$ 12 bilhões de reais, tendo um período de

implantação de 10 anos. O artigo cita também que o projete é considerado um sistema de

sistemas, onde seus principais sistemas serão:

- Subsistema de sensoriamento, que empregara radares de vigilância terrestre e

área de baixa altura, sensores óticos, optrônicos e sensores de sinais eletromagnéticos, dentro

outros meios, para apoiar as ações de vigilância, reconhecimento e monitoramento da faixa de

fronteira;

- Subsistema de Apoio a Decisão, que irá tratar os dados coletados pelos

sensores, com o intuito de prover ao decisor, em cada nível organizacional, a consciência

apurada de cada situação apurada;

-Subsistema de Tecnologia da Informação e Comunicações, que realizará o

tráfico de dados entre os componentes do SISFRON, possibilitando a integração do sistema e

disseminação das informações. O sistema ainda compreenderá redes de comunicação fixas e

moveis, inclusive em carentes de infraestrutura, proporcionando uma melhoria na largura da

banda disponível;

- Subsistema de Segurança de Informações e Comunicações (SIC) e Defesa

Cibernética, que irá assegurar confidencialidade, autenticidade, integridade e disponibilidade

das informações do sistema. Esse sistema conta com a supervisão experiente do Setor

Cibernético do Exército Brasileiro;

- Subsistema de Simulação e Capacitação, que será responsável pela formação

e especialização do pessoal envolvido na gestão, operação, logística e desenvolvimento do

SISFRON;

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-Subsistema de Logística, compreende a infraestrutura necessária para a

realização das atividades de manutenção, suprimento e transporte, a fim de assegurar a

manutenção continua do sistema;

- Subsistema de Atuadores, que irá compreender as forças militares, os

integrantes de órgãos e agências, os produtos de defesa e segurança e os procedimentos

operacionais necessários para o cumprimento das missões constitucionais e legais do Exército

Brasileiro, na faixa de fronteira.

Aliado a concepção do sistema, há a implementação de novas estruturas

organizacionais, entre elas: Centro de Monitoramento de Fronteiras, Centros Regionais de

Monitoramento e Centros Regionais de Interação.

O projeto prevê como benefícios o aumento do poder de dissuasão nacional,

além de ampliar a operacionalidade da Força Terrestre, acaba dando oportunidades de

crescimento para as indústrias de defesa nacionais, e como consequência uma geração de

empregos na indústria nacional e desenvolvimento da tecnologia nacional, criando uma

sustentabilidade tecnológica.

3 DEFESA CIBERNÉTICA

O crescimento exponencial e a modernização dos recursos tecnológicos

(computadores, smartphones, tablets), é a maior representação do avanço 'high-tech'

(tecnologia de alta definição) no mundo. Estão presentes, num caráter indispensável, nos

processos utilizados em empresas, indústrias, e principalmente, nas instituições

governamentais.

Assim, o número de vulnerabilidades cibernéticas e as ameaças a esses

processos vieram em ascendência nos últimos anos, provocando um estado de alerta

permanente para as nações que não possuíam uma estrutura adequada para lidar com esses

riscos. Tais acontecimentos demonstraram que, os Estados que detém uma organização

sistemática para enfrentar o perigo configurado à segurança nacional, são os mais influentes

na política mundial, uma vez que possuem ampla capacidade para atacar virtualmente

materiais eletrônicos e redes de computadores pelo mundo afora.

Visando uma adequada preparação e capacitação das Forças Armadas à

garantia da segurança do país em tempo de paz ou em situações de crise, estabeleceu-se a

END, que instituiu ações de médio e longo prazo além de atitudes objetivas de modernização

da estrutura nacional de defesa. Dentro desse escopo foram firmados três setores estratégicos

para a Defesa Nacional: Nuclear, espacial e cibernético - onde este último foi o capitaneado

pelo Exército Brasileiro, incumbido de gerenciar o processo de estruturação do campo.

O setor cibernético compreende a utilização da rede de computadores e de

comunicação destinada a movimentação de informações pelas diversas instituições do país,

abrangendo aquelas ligadas aos setores estratégicos, como a Defesa Nacional. Logo, graças

definição do campo cibernético como uma esfera de importância estratégica para a defesa

nacional, nasceu o Projeto Estratégico de Defesa Cibernética. A partir desses eventos foram

estabelecidos diversas portarias e decretos a fim de melhor estruturar o sistema de defesa

cibernética. Em 2010 foram dados os primeiros passos, quando em cumprimento a diretriz da

END foi criado o Núcleo do Centro de Defesa Cibernética, órgão que deu origem, através de

decreto presidencial, ao atual Centro de Defesa Cibernética, nascendo assim o organismo

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responsável pela coordenação e integração das atividades de defesa cibernética, no âmbito do

Ministério da Defesa.

A criação do centro proporcionou o processo de capacitação de pessoal, para

atuar na área através dos cursos e estágios realizados e o incentivo à pesquisa científica no

setor - graças ao estímulo à realização de simpósios e seminários que proporcionam a

aproximação com instituições civis e empresas que atuam no campo cibernético. Os reflexos

da criação da unidade atingiram vários níveis dentro do Exército, na Academia Militar das

Agulhas Negras, como na criação de uma Cadeira de Ensino específica para o ensino de

cibernética para os cadetes, construção de laboratórios e abriu-se a possibilidade dos discentes

realizarem o estágio de especialização na área no Centro de Defesa Cibernética.

Devido a esse fracionamento das atividades, dez projetos ganharam forma

dentro do Projeto Estratégico dos quais o desenvolvimento de equipamento de Rádio Definido

por Software (RDS), a criação de uma Rede Nacional de Segurança da Informação e

Criptografia (RENASIC) e o desenvolvimento de doutrina para essas atividades são os que

mais se destacam.

O RDS é um sistema de comunicação onde os componentes de hardware

(misturadores de frequência, detectores, moduladores etc.) são implementados por meio de

software, basicamente, consiste em um computador pessoal equipado com uma placa de som

onde uma quantidade relevante de processamento de sinal é entregue a um software em vez de

ser feito em especial para o hardware. A intenção é produzir um rádio que receba e transmita

protocolos de rádio amplamente diferentes além de ser flexível ao ponto de evitar a limitação

do espectro, resolvendo problemas de interferência. O ajuste da potência dinâmica do

transmissor com bases nas informações do receptor e bloqueio de sinal direcional pela antena

são exemplos de outras vantagens desse rádio.

A RENASIC tem como objetivo ascender o a Segurança da Informação e

Criptografia (SIC) brasileira aos níveis dos países mais desenvolvidos nessa área, através da

integração das diversas instituições que atuam na área de pesquisa de SIC. Para realizar tal

integração a rede possui cerca de oito projetos em andamento, são eles: VIRTUS, PROTO,

QUANTA, LAPAD, ASTECA, LATIM, LAPROJ e o LABIN.

Além da criação do Centro de Defesa Cibernética, outros objetivos são alvos

do Programa de Defesa Cibernética, como: a dotação do Ministério da Defesa e das Forças

Armadas da estrutura de defesa necessária para execução da atividade, a busca por inovação

na área de segurança da informação e comunicações, implantação de um sistema de

homologação e certificação de produtos de defesa cibernética, promoção da interação das

diversas instituições que trabalham no campo cibernético, e ainda, a criação, já realizada, do

Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) e a Escola Nacional de Defesa Cibernética

(ENaDCiber). O ComDCiber é o organismo responsável pelas atividades de ciência,

tecnologia e inovação, doutrina, recursos humanos, operações e inteligência de defesa

cibernética. A ENaDCiber já possui seu núcleo de formação e será responsável pela criação

de uma “célula nacional”, capaz de absorver e disseminar as capacitações relativas à defesa

cibernética.

Dessa maneira, pode-se perceber o grau de importância da existência de

investimentos no setor cibernético, visto que, acontecimentos como os de espionagem

americana contra o Brasil (onde pessoas ocupantes de importantes cargos na esfera pública

tiveram suas ligações monitoradas), não podem voltar a acontecer, pois ameaçam a segurança

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Formatado: Fonte: 10 pt

nacional e passam uma imagem de país fraco e inseguro na área de defesa. À vista disso, a

criação dos projetos estratégicos na área proveu ganhos em coordenação, visão e relevância

permitindo ao Estado brasileiro possuir uma estrutura operacional, pessoal capacitado,

instrumentos táticos de vigilância e reposta, bem como, a instituição de uma linha

orçamentaria específica para a área, aproximando o Brasil do que também é realizado nos

países desenvolvidos.

4 PROJETO GUARANI

Associado ao contexto dos novos projetos estratégicos de defesa surge o

Projeto Guarani, que vem desenvolvendo novas famílias de viaturas blindadas de rodas para

dotar a força terrestre com modernos meios de dissuasão e de defesa do território nacional. O

projeto irá contribuir para o crescimento da indústria nacional de defesa e criará condições

para que o Exército Brasileiro tenha uma maior capacidade de se adequar às novas exigências

decorrentes da era do conhecimento.

O Projeto tem como principal objetivo transformar as Organizações Militares

de Infantaria motorizada em mecanizada e modernizar as Organizações Militares de Cavalaria

Mecanizada. A incorporação das novas viaturas implicará em uma reestruturação das

Brigadas do EB, e consequentemente trará mudanças no aspecto operacional, proporcionando

maior mobilidade tática, proteção blindada, relativa ação de choque e aumento do poder de

combate.

É dotado com tecnologia de ponta, com viaturas que apresentam robustez,

simplicidade no emprego e custo reduzido de manutenção; tem como principais

características: plataforma – chassi- versão 6x6, que permite uma migração, com facilidade,

para a versão 8x8; transmissão automática, ar condicionado, capacidade anfíbia e noturna,

velocidade elevada em estrada e em terreno variado (Máx:100km/h), aerotransportável,

proteção blindada STANAG 2 (munição perfurante, incendiaria, minas anticarro e explosivos

improvisados), baixa assinatura térmica, capacidade de navegação GPS ou inercial,

capacidade de deslocamentos a grandes distâncias (600 km de autonomia) e baixa

dependência de apoio logístico e facilidade de manutenção, conforme a figura abaixo:

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Formatado: Fonte: 10 pt

Figura 1: Infográfico – Ministério da Defesa, 2013

Apresenta um sistema de comando e controle que possibilita a aplicação do

conceito de “consciência situacional”, que pode ser definida como “a percepção dos

elementos do ambiente, a compreensão do seu significado e a projeção de seu estado no

futuro próximo” (Endsley, Bolté; Jones, 2005) e um sistema de armas que de acordo com o

tipo de viatura poderá conter um canhão 30mm, metralhadoras .50 ou 7.62mm, lançadores de

granadas e um sistema de armas remotamente controlado (REMAX) desenvolvida e

produzida no Brasil, dando assim uma maior segurança a guarnição, principalmente em

ambientes urbanos que são enfrentados hoje com operações de garantia da lei e da ordem no

território nacional e de pacificação em território internacional. Tal tecnologia, estação

REMAX, é o único sistema de armas de sua modalidade que é desenvolvido no hemisfério

sul.

Outra possiblidade marcante do novo projeto é a capacidade de emprego dual

que ele possui, podendo ser utilizado tanto pelas forças armadas quanto por órgãos de

segurança pública. Tal fato permite a realização de operações conjuntas e interagências em

melhores condições, o que é de fundamental importância na atual conjuntura de emprego do

Exército Brasileiro em operações de garantia da lei e da ordem.

O projeto contempla ainda uma subfamília média, com as versões de

reconhecimento, de transporte de pessoal, morteiro, socorro, posto de comando, de artilharia

antiaérea, central de tiro, oficina e ambulância; e uma subfamília leve, com as versões

reconhecimento, anticarro, morteiro leve, radar, posto de comando e observação avançada.

(BRASIL, 2013), conforme a figura:

Figura 2: Versões previstas para a VB-MR Guarani. Fonte: ROSA, 2013.

Dessa forma o Exército Brasileiro busca substituir com 3893 novas viaturas da

família GUARANI suas atuais de transporte de pessoal (VBTP) URUTU e CASCAVEL,

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fabricadas pela ENGESA na década de 80, que estão obsoletas com aproximadamente

quarenta anos de utilização. Desenvolvido pelo Sistema de Ciência e Tecnologia do EB, o

novo projeto proporcionará um avanço no que tange a capacidade de dissuasão e de combate

da tropa pois incorporará uma série de aparatos tecnológicos que são indispensáveis para o

cumprimento de missões complexas e incertas que serão enfrentadas no século XXI. Segundo

a Portaria 165-EME, de 15 de agosto de 2014, a reestruturação das Forças Mecanizadas

deverá ocorrer até o ano de 2031.

Para a implementação do Projeto, o Exército Brasileiro, em 2007, instalou em

Sete Lagos (MG) uma fábrica dedicada a tal projeto, definiu todos os requisitos necessários ao

produto e escolheu como fabricante a empresa Iveco; além disso, participou de todas as etapas

do projeto e por deter sua propriedade intelectual possui direito a royalties em caso de

exportação. Já existe previsão para a exportação do produto tendo em vista o interesse de

outros países no projeto, como, por exemplo, a Argentina.

Paralelamente ao desenvolvimento das novas viaturas blindadas GUARANI

torna-se necessário a instrução e adestramento dos corpos de tropas para o correto emprego

desse novo material. Com isso inicia-se nos bancos escolares das escolas de formação dos

futuros comandantes de fração, AMAN e Escola de Sargento das Armas (EsSA), a preparação

dos futuros líderes para o emprego tático da Infantaria Mecanizada no amplo espectro da

força e da era do conhecimento. Os cadetes do 4º ano da AMAN têm como matéria eletiva um

estágio realizado no 33º Batalhão de Infantaria Mecanizada em Cascavel (PR), onde podem

travar contato com tal material e têm instruções de emprego tático e técnico da nova VBTP;

além do estágio os cadetes da AMAN e os alunos da EsSA tem contato com o material

durante a Manobra Escolar realizada na AMAN e coordenada pelo Departamento de

Educação e Cultura do Exército (DECEX). Durante o exercício, os futuros líderes de fração

podem contar com instruções preliminares e práticas do emprego do grupo de combate, do

pelotão e da companhia mecanizada, desenvolvendo competências necessárias para que em

um futuro próximo possam comandar frações mecanizadas e ministrar instruções nos corpos

de tropas acerca do assunto.

Por fim, de acordo com a Revista Verde-Oliva (2013), o projeto GUARANI

constitui um fato inédito no Brasil e trará novas oportunidades de desenvolvimento

tecnológico à indústria nacional, contribuindo, de forma decisiva, para a transformação do

Exército Brasileiro.

5 ASTROS 2020

O projeto Astros 2020 é uma variação mais moderna do Sistema Astros II. O

Sistema Astros começou a ser desenvolvido no início dos anos 80 pela empresa AVIBRAS,

com o objetivo de atender um pedido de Saddam Hussein. Naquela época o Irã e o Iraque

estavam envolvidos em uma guerra brutal e o Iraque estava tendo grandes dificuldades em

conter os constantes ataques de infantaria do Irã, sendo as posições defensivas iraquianas

frequentemente conquistadas pelas forças iranianas. Por isso, Saddam Hussein estava à

procura de um veículo lançador de foguetes que fosse modular, barato e de fácil manutenção

no campo de batalha. Além disso, deveria ser robusto o suficiente para suportar as duras

condições da guerra no deserto.

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Formatado: Fonte: 10 pt

Em resposta a essas exigências, a AVIBRAS apresentou ao mundo em 1983 o

sistema Astros II. Ao contrário de outros sistemas similares, o ASTROS podia disparar, ao

mesmo tempo, projéteis de calibres diferentes e a distâncias diferentes, tornando-o muito

versátil no campo de batalha. O ASTROS II foi um sucesso instantâneo, com o Iraque

adquirindo 66 unidades.

O Brasil caminha para ser uma importante nação, com grande projeção no

contexto internacional. Seja pela sua economia, pela sua dimensão territorial, pela grandeza

de suas riquezas ou por sua liderança regional no continente sul-americano. Tais fatores

demandam que o país possua Forças Armadas estruturadas, treinadas, equipadas e com grande

poder de fogo, respaldando o país em suas decisões a nível internacional.

Dentre as capacidades elencadas no projeto de transformação do Exército

Brasileiro, a mais importante é a dissuasão extra regional, que é a capacidade de dissuadir

forças hostis junto às fronteiras nacionais, às águas jurisdicionais e o espaço aéreo brasileiro.

Nesse contexto, nasceu o projeto ASTROS 2020, visando a criação de um sistema de apoio de

fogo de longo alcance e com elevado nível de precisão.

O projeto ASTROS 2020 é estruturado nas seguintes etapas: criação e

implantação de uma Unidade de Mísseis e Foguetes, um Centro de Instrução de Artilharia de

Mísseis e Foguetes, um Centro de Logística de Mísseis e Foguetes, uma Bateria de Busca de

Alvos, paióis de munição, e uma Base de Administração e Campo de Instrução de Formosa;

modernização do atual 6º Grupo de Lançadores Múltiplos de Foguetes, transformando-o em

6º Grupo de Foguetes; desenvolvimento do foguete guiado e do míssil tático de cruzeiro e

construção de Próprios Nacionais Residenciais (PNR) e outras instalações para a acomodação

dos militares e suas famílias em Formosa (GO), (Revista Verde-Oliva, 2013, p 3).

A palavra ASTROS é formada pela abreviação das palavras em inglês Artillery

Saturation Rockets System, e, por ser modular, pode receber de 4 a 32 lança foguetes. Os

módulos com os lança-foguetes são instalados no topo de uma estrutura rotativa que pode ser

elevada de forma livre, com múltiplos graus de inclinação. Toda essa estrutura é montada na

nova viatura lançadora múltipla universal na versão MK-6, cuja cabine é revestida por uma

blindagem leve, capaz de proteger a população de estilhaços e de armas de baixo calibre. Esse

veículo de transporte pode atingir cerca de 100km/h em estrada e tem uma autonomia de

aproximadamente 500km. Conta também como uma metralhadora calibre .50 para fins

defensivos. O processo de recarregamento é simples e rápido. Existem quatro variações

básicas em produção: a SS30, capaz de disparar até 32 foguetes de 127mm cada, a SS-40,

com uma capacidade para lançar 16 foguetes de 180mm cada, e a SS-60 e SS-80, capazes de

lançar até 4 foguetes de 300mm cada uma. Esses foguetes tem um alcance que varia entre 9 e

90 quilômetros. Em fase final de desenvolvimento, está a versão MTC 300, que será capaz de

lançar mísseis de cruzeiros com o alcance de até 300 quilômetros.

Ainda dentro do âmbito do projeto ASTROS 2020, para o lançamento de

mísseis de cruzeiro estão sendo desenvolvidos mísseis guiados por GPS AVI-40, e ainda

integração com os sistemas para defesa antiaérea. Após a conclusão de todos esses

desenvolvimentos, o sistema Astros, que já é um dos mais completos a nível internacional, se

transformará em uma das plataformas de foguetes mais versátil do mundo.

O Projeto ASTROS 2020 está concentrado na área norte e é denominado Forte

de Santa Bárbara, em homenagem à padroeira dos artilheiros. O projeto iniciou em 2012 e

tem previsão para a conclusão de todas as suas etapas em 2018.

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Apesar de ter sido criado por uma empresa brasileira e de ser construído no

Brasil, o Exército Brasileiro opera apenas 20 ASTROS II e 18 ASTROS 2020, com os

fuzileiros navais preparando-se para receber 6 ASTROS 2020, especialmente adaptados.

Além do Iraque com seus 66, e da Arábia Saudita com seus 76 veículos, a Malásia possui o

arsenal de 54 lançadores, com a Indonésia também tendo outros 36. A Angola, Catar e

Bahrein também adquiriram diversas unidades, mas o número exato não foi divulgado.

Até o momento, a AVIBRAS já construiu cerca de 170 Astros, com dezenas de

outros em fase de construção. Todo o sistema é formado por diferentes tipos de veículos, cada

um para uma função específica. Transporte dos militares, o veículo lançador em si, o veículo

de transporte de munição e recarregamento e unidades dedicadas ao controle e monitorização

dos disparos. Trata-se, sem dúvida, de um dos sistemas mais avançados disponíveis no

momento, sendo mais versátil que muitos sistemas mais caros e complexos.

5.1 Criação do SIMAF na AMAN como ferramenta de apoio à instrução

Quase que paralelamente ao projeto ASTROS 2020, foi colocado em prática o

projeto SIMAF (Simulador de Apoio de Fogo). O Projeto teve início em de outubro de 2010,

no Quartel-General do Exército, onde foi lançado, formalmente, com a presença do

Comandante da Força, dos Oficiais Generais do Alto Comando, de autoridades diplomáticas e

de empresários espanhóis, com a assinatura do Termo de Abertura do primeiro módulo do

sistema.

Em 2015, todos os equipamentos de simulação foram instalados e integrados

ao prédio do SIMAF/AMAN, permitindo o adestramento seus quadros de maneira muito

eficiente e real.

A principal vantagem do Simulador de Apoio de Fogo é a otimização do uso da

munição, já que não é necessário o uso de munição real, podendo o militar realizar o tiro

simulado por diversas vezes até que esteja realmente pronto para executar o tiro real, para

finalizar seu adestramento/aprendizagem.

A escolha de instalar o SIMAF na AMAN trouxe grandes benefícios para os

Cadetes e, principalmente, para o Exército. De posse dessa ferramenta, o futuro oficial deixa

academia com uma preparação mais adequada e com uma base muito mais sólida de

conhecimentos, tendo em vista a prática continuada e o contato com técnicas de tiro de

armamentos que utilizam tecnologias extremamente avançadas, como os mísseis antiaéreos do

projeto ASTROS 2020.

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6 CONCLUSÃO

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como o

Brasil está inserido no contexto político-econômico mundial e como o desenvolvimento

tecnológico-militar vem contribuindo, através dos Projetos Estratégicos, para uma maior

participação brasileira no cenário internacional. Além disso, também permitiu um estudo da

mudança curricular que os futuros comandantes de fração do Exército Brasileiro vêm

sofrendo para se adequar a essas mudanças e a Era do Conhecimento.

O projeto de Defesa Cibernética traz inovações que refletem na evolução do

setor cibernético brasileiro e implica na produção de sistemas de proteção das infraestruturas

críticas da nação, nota-se que com a criação da disciplina de Cibernética na AMAN e

instalação de modernos laboratórios de informática, a formação do Cadete busca se adequar a

tal necessidade criada com tal projeto.

O projeto GUARANI traz uma nova família de blindados para o Exército

Brasileiro e transforma as unidades motorizadas em mecanizadas, dando assim uma maior

ação de choque e proteção blindada a tropa, para se adaptar a tal transformação os futuros

líderes de pelotão participam de estágios nas novas Unidades mecanizadas, travando contato

com o material e o empregando taticamente, e utilizam os novos blindados na Manobra

Escolar anualmente, quando tem a oportunidade de ter instruções teóricas e práticas com o

Guarani.

O projeto ASTROS 2020 contribui para o reaparelhamento do Exército

Brasileiro e para aumentar a dissuasão da força terrestre. Na AMAN, a criação do SIMAF dá

a oportunidade de o Cadete ter uma instrução mais realista e adequada, além de economizar

meios e recursos.

De um modo geral, pode-se concluir que os Cadetes da Academia Militar Das

Agulhas Negras (AMAN) estão se adaptando, tanto em seus currículos acadêmicos quanto em

seu dia-a-dia a nova doutrina militar que vem surgindo com a elaboração da nova Estratégia

Nacional de Defesa. Essa adequação ocorre com a implementação das disciplinas de

Sociologia, Ética Profissional Militar, Direito Internacional dos Conflitos Armados e

Sociologia, o que prepara o futuro chefe militar para os desafios e as incertezas das missões

atuais, com a realização de estágios em Organizações Militares que estão dotadas com novo

material e empregando em missões reais ou adestramento; e com instruções em salas de

Informática de última geração e no novo Simulador de Apoio De Fogo.

Dessa forma, os futuros comandantes de fração estarão preparados não só para

utilizarem os materiais e emprega-los taticamente, mas também para ministrar instruções e

disseminar o conhecimento por todos os corpos de tropas do Exército Brasileiro. Tal fato

contribui para a implementação da nova Estratégia Nacional de Defesa.

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REFERÊNCIAS

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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6703.htm>. Acesso em:

20 abr. 2017.

_____. Centro de Comunicação Social do Exército. Os Projetos Estratégicos Indutores da

Transformação do Exército. 3º Edição Ago/13. Brasília: Revista Verde-Oliva, Ano XL, Nr

217 Especial, 2013a. 62p

_____. EB20-MF-10.102 – Doutrina Militar Terrestre. 1 ed. Brasília, 2014

ESCRITÓRIO DE PROJETOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO. ASTROS 2020: Alcance -

Precisão – Poder. Disponível em: <http://www.epex.eb.mil.br/index.php/astros-2020>.

Acesso em: 20 abr. 2017.

_____. Coordena e integra a Defesa Cibernética. Disponível em:

<http://www.epex.eb.mil.br/index.php/defesa-cibernetica/defesa-cibernetica>. Acesso

em: 20 abr. 2017

_____. Nova família de blindados sobre rodas – Programa Guarani. Disponível

em:<http://www.epex.eb.mil.br/index.php/guarani>. Acesso em: 20 abr. 2017

MINISTÉRIO DA DEFESA. Projetos estratégicos do Exército. Disponível em:

<http://www.defesa.gov.br/industria-de-defesa/paed/projetos-estrategicos/projetos-

estrategicos-do-exercito-brasileiro#programa1>. Acesso em: 20 abr. 2017.

ROSA, Paulo Sérgio Ortiz. A gestão dos Projetos Estratégicos do Exército. Artigo Científico

do CPAEx, Rio de Janeiro, 2013.

GERVAZONI, MOISES FELIPE VIANA. Os Projetos Estratégicos do Exército Brasileiro e

suas contribuições para a implementação da Política Nacional de Defesa. Artigo Científico da

ECEME, Rio de Janeiro, 2014.