[RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

142
 Arli ndo Ugul ino Netto; Lui z Gu stav o B arro s; Y uri Leit e El oy € HEM ATO LOG IA MED ICI NA P8 € 2011. 1 99 MED RESUMOS 2011 ARLINDO UGULINO NETTO LUIZ GUSTAVO C. BARROS € YURI LEITE ELOY MEDICINA • P8 • 2011.1 HEMATOLOGIA REFERÊNCIAS 1.  Material baseado nas aulas ministradas pelas Professoras Flávia Pimenta e Angelina Cartaxo na FAMENE durante o período letivo de 2011.1. 2.  LORENZI, T. Manual de Hematologia • proped‚ utica e clƒnica.  3ª ed., Atheneu: 2003. 3.  GODMAN, C. Tratado de Medicina Interna. 21ª ed., Guanabara: 2001. 4.  ZAGGO. Fundamentos de Hematologia.  19ª ed., Atheneu: 2001

Transcript of [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    1/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arro s; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011.1

    99

    MED RESUMOS 2011

    ARLINDO UGULINO NETTO

    LUIZ GUSTAVO C. BARROS YURI LEITE ELOY

    MEDICINA P8 2011.1

    HEMATOLOGIA

    REFERNCIAS

    1. Material baseado nas aulas ministradas pelas Professoras Flvia Pimenta e Angelina Cartaxo na FAMENEdurante o perodo letivo de 2011.1.

    2. LORENZI, T. Manual de Hematologia propedutica e clnica.3 ed., Atheneu: 2003.3. GODMAN, C. Tratado de Medicina Interna. 21 ed., Guanabara: 2001.4. ZAGGO. Fundamentos de Hematologia.19 ed., Atheneu: 2001

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    2/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    100

    MED RESUMOS 2011NETTO, Arlindo Ugulino.

    HEMATOLOGIA

    SISTEMA SANGUNEO E HEMATOPOIESE(Professora Flvia Pimenta)

    O sistema hematolgico, por definio, consiste no conjunto de estruturas representadas pelo sangue e pelos

    locais onde este produzido, incluindo a medula ssea e o sistema reticuloendotelial (SRE).Hematopoiese (hematopoese ou hemopoese), o processo de formao, desenvolvimento e maturao dos

    elementos do sangue (eritrcitos, leuccitos e plaquetas) a partir de um precursor celular comum e indiferenciadoconhecido como clula hematopoitica pluripotente, ou clula-tronco (stem-cell). As clulas-tronco que no adultoencontram-se na medula ssea so as responsveis por formar todas as clulas e derivados celulares que circulam nosangue.

    RGOS DO SISTEMA SANGU NEOOs rgos que compem o sistema sanguneo so tambm a sede de formao da maioria das clulas

    sanguneas. Deles, podemos citar: medula ssea, timo, bao e linfonodos.

    MEDULA SSEA VERMELHAA m edu la s sea v erm el ha,

    popularmente conhecida como "tutano", umtecido gelatinoso que preenche a cavidadeinterna de vrios ossos e fabrica os elementosfigurados do sangue perifrico como:hemcias, leuccitos e plaquetas.

    A medula ssea constituda por umtecido esponjoso mole localizado no interiordos ossos longos. nela que o organismoproduz praticamente todas as clulas dosangue: glbulos vermelhos (Eritrcitos),glbulos brancos (Leuccitos) e plaquetas(Trombcitos). Estes componentes do sangueso renovados continuamente e a medulassea quem se encarrega desta renovao.

    Trata-se portanto de um tecido de grandeatividade evidenciada pelo grande nmero demultiplicaes celulares.

    TIMOO t imo um rgo linftico bilobulado que est localizado na poro antero-superior da cavidade torcica. Ele,

    que apresenta como funo principal a maturao do linfcito T, possui uma cpsula de tecido conjuntivo denso nomodelado de onde partem septos que dividem os lobos em lbulos.

    No ambiente lobular, pelo contato com clulas do epitlio tmico, macrfagos e clulas dendrticas interdigitantes,percusores dos linfcitos T oriundos da medula ssea (ainda denominados t imcitos) so submetidos aos processos dematurao, seleo e diferenciao.

    LINFONODOOs linfonodos so rgos pequenos em forma de feijo que aparecem no meio do trajeto de vasos linfticos.

    Eles filtram a linfa que chega at eles, e removem bactrias, vrus, restos celulares, etc. So caracterizados porconcentrar os folculos linfides (linfcito B) e as regies interfoliculares (linfcito T) ao longo dos vasos linfticos,exercendo a funo de filtrao da linfa.

    BAOO bao um rgo linfide secundrio presente no quadrante superior esquerdo do abdome e responsvel pela

    remoo tanto de partculas estranhas do sangue como de hemcias e plaquetas envelhecidas. o maior dos rgos linfticos e faz parte do Sistema Retculo-Endotelial, participando dos processos de

    hematopoiese (produo de clulas sanguneas, principalmente em crianas) e hemocaterese (destruio de clulasvelhas, como hemcias senescentes - com mais de 120 dias). Tem importante funo imunolgica de produo deanticorpos e proliferao de linfcitos ativados, protegendo contra infeces.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    3/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    101

    ETAPAS DA HEMATOPOIESE COM RELAO FAIX A ETRIASabe-se que a medula ssea o rgo produtor das clulas sanguneas. At os cinco anos de idade, a medula

    de todos os ossos do corpo participa deste processo. A medida em que os anos avanam, ocorre uma substituiogordurosa na medula dos ossos longos, at que, na idade adulta, somente os ossos da pelve (como o ilaco), o esterno,os ossos do crnio, os arcos costais, vrtebras e as epfises femorais e umerais so capazes de gerar clulassanguneas.

    Portanto, a depender da fase de desenvolvimento na qual se encontra o ser humano, a formao das clulas dosangue pode variar de localizao, como mostrado no esquema abaixo.

    Desenvolvimento embrionrio: 3 semana de gestao: ilhotas sanguneas, presentes no saco vitelino, so responsveis pela hematopoiese. 3 ms: migrao destas clulas primordiais para o fgado; pouco depois, ocorre hematopoiese tambm no bao,

    timo, linfonodos. 6 ms: incio do perodo medular 7-8 ms: perodo hepatoesplnico-tmico chega ao seu ponto mnimo.

    Ao nascimento, h hemopoese em praticamente todos os ossos do corpo. Ocorre ainda uma hematopoieseresidual ou nula no fgado e bao (ver OBS1); os rgos recuperaro a capacidade hemopotica no adulto, emcaso de necessidade (situaes patolgicas), com exceo do timo.

    2 - 4 anos de idade: comeam a aparecer adipcitos na medula ssea (MO), reduzindo a medula sseavermelha (que a medula ssea metabolicamente ativa). Esta reduo da medula ssea vermelha progressivae fisiolgica, sendo ela substituda, gradativamente, por medula ssea amarela (ou adiposa), que no produz

    clulas sanguneas.

    Criana adulto jovem: com o progredir da idade, a medula vermelha comea reduzir de forma centrpeta,passando a se localizar mais no esqueleto axial. Ocorre, com isso, reduo da hematopoiese nos ossos longose, no adulto, esta permanece apenas em ossos especficos (crnio, vrtebras, costelas, esterno, osso ilaco eepfises de ossos longos). A hemopoese volta a ocorrer nos ossos longos apenas em situaes patolgicas,hemlise e hemorragias.

    Adulto maduro: a relao entre medula ssea vermelha e medula ssea amarela se estabiliza na 2 dcada devida, a no ser que haja patologias. Na 7 dcada, h, na medula ssea, cerca de 1/3 de tecido adiposo e 2/3 dehematopoitico aps 7 dcada; a hemopoese decai e ocupa de a 1/3 do volume medular.

    OBS1: O fato de a criana ainda apresentar uma hematopoiese residual no bao e no fgado, justifica a facilidade com aqual elas apresentam hepato-esplenomegalia diante de qualquer situao que exija a maior produo de clulas

    sanguneas, como uma infeco, por exemplo. Alm do mais, todos os ossos esto ocupados por medula sseavermelha na infncia, sendo impossvel a expanso da mesma para um maior aporte na produo de clulas do sangue da a necessidade da hiperplasia daqueles rgos que j foram hematopoiticos no perodo embrionrio (fgado ebao).

    HEMATOPOIESEJ se sabe que a medula ssea com atividade hematopoitica denominada medula ssea vermelha (medula

    metabolicamente ativa), devido presena de grande quantidade de hemcias e precursores eritrides. O restante dosossos contm a denominada medula ssea amarela, preenchida por tecido adiposo, porm com potencial para voltar aproduzir clulas sanguneas sob determinados estmulos.

    Sabemos que todos os elementos do sangue (hemcias, plaquetas e leuccitos) originam-se de uma nicaclula progenitora, denominada clula-tronco (stem cell ou clula-me). Estas clulas apresentam duas propriedadesque as distinguem das demais clulas do organismo elas so pluripotentes e autoperpetuantes. Isso significa que as

    clulas-tronco so capazes de produzir clulas de diferentes linhagens por mitose e, diferentemente do conceitotradicional de mitose (em que uma clula d origem a duas idnticas, morfologicamente e funcionalmente iguais), aclula tronco, ao se dividir, produz uma clula de linhagem sangunea (a depender da necessidade do organismo) eoutra semelhante a si, mantendo a quantidade de clulas-tronco na medula ssea.

    A clula tronco, existente apenas em pequena quantidade na medula ssea, tem a capacidade de se reproduzirquando necessrio e dar incio a um processo de diferenciao em mltiplas linhagens celulares hematolgicas. Otransplante de medula ssea (ou "transplante de clulas-tronco"), a grande revoluo da terapia hematolgica nasltimas dcadas, baseia-se na propriedade de um pequeno grupo de clulas-tronco do doador produzir novamente todasas clulas hematolgicas, reconstituindo a medula ssea do receptor. Assim, um paciente com leucemia pode sertratado com doses absurdamente altas de quimioterpicos, capazes de destruir quase todas as clulas de sua medula,recebendo em seguida estas clulas progenitoras.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    4/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    102

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    5/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    103

    Inicialmente, a clula-tronco se diferencia em dois tipos de clulas comissionadas, cada uma comprometida com formao de uma grande linhagem hematolgica: a clula comissionada de tecido mielide (que dar origem shemcias, plaquetas, granulcitos e moncitos) e a clula comissionada de tecido linfide (que dar origem aoslinfcitos). Estas clulas, diferentemente da clula-tronco que as originou, no apresentam a pluripotencialidade ouseja: uma clula de tecido mielide no capaz de formar linfcitos, assim como a clula de linhagem linfide no formaeritrcitos, plaquetas, granulcitos ou moncitos.

    A diferenciao das clulas troncos em cada um dos componentes se d atravs de fatores de crescimento,produzidos por rgos como o fgado e os rins, obedecendo a estmulos do meio. Por exemplo:

    A eritropoetina (EPO) produzida no rim quando h baixa concentrao de O2 e estimula a diferenciao daclula totipotente para Unidade Formadora de Colnias de Eritrcitos (CFU-E).

    Fatores como a IL-1 e o TNF (fator de necrose tumoral) agem sobre clulas estromais da medula, estimulando-as a produzirem o fator de estmulo formao de colnias granulocticas (G-CSF) e granulocticas/macrofgicas (GM-CSF).

    Os fatores de crescimento podem agir na diferenciao e na regulao do crescimento de clulas mais

    maduras, atravs da inibio da apoptose.

    Estes fatores so usados na prtica clnica para estimular a produo em casos de produo ineficaz pelamedula.

    PRODUO DAS CLULAS DO TECIDO MIELIDEA clula progenitora mielide se diferencia em mais dois tipos: um comprometido com a linhagem eritride-

    megacarioctica (que a unidade formadura de surtos BFU, responsvel pela formao de hemcias e plaquetas) ea outra comprometida com a linhagem granuloctica-monoctica (que a unidade formadora de colnias CFU,responsvel pela formao dos granulcitos e moncitos).

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    6/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    104

    Formao das hemcias (eritrcitos ).As hemcias ou eritrcitos derivam, obviamente, da clula comissionada de tecido mielide. Esta se divide por

    mitose na unidade formadora de surtos de eritrcitos (BFU, responsvel pela formao de clulas da linhagem eritride-megacarioctica) que, por sua vez, d origem a clula mais rudimentar da escala de formao dos eritrcitos: o pr-eritroblasto. Esta clula, assim como todas as clulas da linhagem mielide, apresenta as caractersticas de uma clula

    jovem: grande, com ncleo ocupando quase todo seu citoplasma e com a presena de nuclolo. O pr-eritroblasto sofre mitose para formar o eritroblasto basfilo, clula rica em RNA por j possuir uma

    sntese protica considervel (por produzir protenas de carter cido, ela apresenta maior afinidade porcorantes bsicos).

    O pr-eritroblasto sofre mitose para formar o eritroblasto policromatfilo, umaclula mais madura, mas que ainda apresenta uma grande quantidade deprotenas cidas, tendo maior afinidade por corantes bsicos.

    O eritroblasto policromatfilo, tambm por mitose, forma o eritroblastoortocromtico, uma clula que j apresenta caractersticas morfolgicas de umahemcia, mas que ainda apresenta ncleo.

    O eritroblasto ortocromtico, atravs de um processo conhecido como extrusonuclear, forma o reticulcito, uma clula anucleada. O reticulcito pode estarpresente tanto na medula ssea como no sangue perifrico (por cerca de 48 horasaps formado, em situaes de normalidade) e, por possuir ainda uma grandequantidade de RNA sem seu citoplasma, pode ser identificado por um coranteespecfico que o azul de cresil-brilhante.

    O reticultico, aps 24 48h no sangue perifrico, dar origem ao eritrcito (ouhemcia).

    OBS2: As clulas mais imaturas apresentam alta sntese protica (para formao da hemoglobina), enquanto as maismaduras vo adquirindo ferro e, por fim, perdem os ncleos e originam as hemcias. O tipo de hemoglobina varia deacordo com a fase da vida: na vida fetal precoce, surgem as hemoglobinas embrionrias; na fetal tardia surge ahemoglobina fetal (constituda por 2 cadeias a e duas g); aos 3-6 meses de vida ocorre a converso da hemoglobinapara a adulta, HbA, constituda por duas cadeias a e duas b. A HbF tem maior afinidade para O2 que a HbA. Aconcentrao aumentada de CO2 diminui a afinidade da hemoglobina por O2, permitindo a liberao de oxignio para otecido.

    Em condies normais, devemos encontrar apenas eritrcitos e reticulcitos no sangue perifrico. Desta forma, oreticulcito funciona, para o mdico hematologista, como um espelho da funo da medula ssea: quanto maisreticulcitos estiverem presentes no sangue perifrico, significa dizer que maior a atividade medular. Pacientes quesofreram hemorragia severa, por exemplo, com cerca de 7 a 10 dias, apresentaro uma grande quantidade dereticulcitos em seu sangue perifrico.

    Desta forma, fcil de identificar que uma possvel causa desta anemia foi uma hemorragia ou uma hemlise,desde que haja uma grande quantidade de reticulcitos no sangue perifrico. Por exemplo, se um paciente apresentaanemia, mas possui um grande nmero de reticulcitos no sangue, significa dizer que a medula ssea est perfeita(anemia regenerativa), trabalhando normalmente para suprir a falta de hemcias. Entretanto, na carncia decomponentes bsicos para formao de clulas do sangue (como ferro, vitaminas, DNA, etc.) ou na presena detumores, os reticulcitos estaro reduzidos (caracterizando as anemias arregenerativas), assim como as hemcias.

    Os reticulcitos, embora sejam maiores que as hemcias, conseguem exercer a mesma funo que elas.Contudo, a diferena de tamanho no capaz de diferenciar estas clulas em exames laboratoriais. A indicativa depresena de policromatofilia em um hemograma de um paciente com anemia, por exemplo, indica a presena dereticulcitos, caracterizando, assim, uma anemia regenerativa.

    Em resumo, trs condies clnicas podem causar esta reticulocitose na decorrncia de uma anemia: Sangramentos (hemorragias); Hemlise; Paciente que fez uso de medicamentos e suplementos para melhorar a funo sangunea cerca de uma semana

    antes da realizao do exame.

    No que diz respeito hemcia, esta apresenta, normalmente, cerca de 7m (enquanto que o reticulcitoapresenta, aproximadamente, 9m). A hemcia uma clula anucleada que tem cerca de 90 - 120 dias de sobrevida. Ofato de uma hemcia ser maior que a outra (macrocitose) diminui a sobrevida da maior, pois o bao, responsvel pelahemocaterese, extremamente rigoroso quanto ao dimetro da hemcia: o dimetro dos capilares do bao varia de 1 a3m. O reticultico, independente de seu tamanho, resistente a esta seleo, e consegue sobreviver por 48 horas atperder seu RNA, diminuir e formar a hemcia.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    7/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    105

    Produo dos granulcitos.Os leuccitos granulocticos (basfilos, eosinfilos e neutrfilos) tambm derivam da clula comissionada de

    tecido mielide. Contudo, neste caso, esta clula se diferencia na unidade formadora de colnias (CFU, responsvelpela formao de clulas da linhagem granuloctica-monoctica) que, por sua vez, dar origem a clula mais rudimentarda escala de formao do setor granuloctico: o mieloblasto .

    O mieloblasto sofre mitose e forma o pr-mielcito. O pr-meiolcito sofre mitose e forma o mielcito. A partir desta clula, passa a ocorrer a formao da

    chanfradura que dar origem ao formato caracterstico do ncleo das clulas do setor granuloctico. O mielcito se transforma em metamielcito (com ncleo em formato de feijo). O metamieltico forma, ento, a clula com ncleo em basto (bastonete, com ncleo em formato de

    bumerangue). O bastonete d origem s clulas com ncleo segmentado, que so: basfilo, neutrfilo e eosinfilo.

    Como podemos ver neste esquema, as clulas formadas at o mielcito inclusive (mieloblasto, pr-mielcito emielcito) so agrupadas no chamado compartimento mittico (em comum, todas estas clulas se formam por mitosee no realizam fagocitose de agentes estranhos). J as clulas que vo desde os metamielcitos at os segmentadosso clulas do chamado compartimento de reserva medular (CRM), e que existem na medula ssea com o objetivo desuprir uma necessidade na vigncia de um processo infeccioso, por exemplo. Isso se faz importante pois, diferentemente

    das hemcias, os granulcitos vivem apenas poucas horas: o segmentado neutrfilo, por exemplo, vive apenas 6 horas.Por esta razo, na vigncia de uma infeco, no seria possvel a medula ssea fabricar uma grande demandade granulcitos para debelar esta infeco em poucas horas. Da a necessidade deste compartimento de reserva celularmedular.

    OBS2: comum observar no hemograma de pacientes com infeco grave (apendicite, colecistite, amigdalite grave, pneumonia, etc.)uma maior produo de granulcitos. Os mdicos, ao analisarem o hemograma, procuram logo a eventual presena de desvio. Otermo desvio para esquerda significa a liberao e aumento das clulas do compartimento de reserva medular. Isso ocorre porque,em situaes normais, as clulas encontradas no sangue perifrico sero apenas segmentados neutrfilos (cerca de 75%) e, nomximo, bastonetes (1 5%). Quando h desvio para esquerda (esquerda com relao ao esquema da granulocitopoeseapresentado anteriormente, como era mostrado em hemogramas mais antigos), quer dizer que mais clulas do compartimento dereserva esto alcanando o compartimento vascular perifrico no intuito de atender melhor emergncia infecciosa. Portanto, o termodesvio para esquerda, no que diz respeito ao hemograma, quer dizer aumento de segmentados, bastonetes e metamielcitos (nomximo, podemos encontrar at mielcitos) no sangue perifrico, traduzindo uma resposta da medula ssea frente a uma infeco,fazendo com que haja uma maior produo de neutrfilos jovens no sangue, aumentando a porcentagem de bastes, metamielcitose mielcitos, com relao aos segmentados.

    OBS3: Tambm pode ocorrer desvio para direita. O termo "desvio para direita" significa um aumento das formas maduras deneutrfilo, ou seja, maior percentual de segmentados (polimorfonucleares) e menor percentual de bastes. O "desvio para direita" caracterstico da anemia megaloblstica (muito embora a ausncia deste desvio jamais poder descartar o diagnstico da anemiamegaloblstica). Quando presente em um paciente com anemia macroctica, passa a ser um dado sugestivo.

    As clulas segmentadas, assim que so formadas, passam a ocupar a circulao perifrica ao longo de 6 horas,aproximadamente (tempo que dura a sua sobrevida). Na vigncia de uma infeco localizada, os segmentados de todo ocorpo so destinados para este foco no intuito de debel-lo. Aps 6 horas, os segmentados se aderem s paredes dosvasos com o objetivo de alcanar os tecidos, onde vo sofrer catabolismo e serem destrudas.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    8/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    106

    Durante este perodo em que os segmentados se encontram na circulao, eles passam a integrar ocompartimento circulante; quando ele se encontra aderido s paredes dos vasos, eles passam a constituir ocompartimento marginal (nesta forma, estes leuccitos no so determinados ou mensurados pelo hemograma, masna presena de uma infeco, eles podem retornar ao compartimento circulante vide OBS4). Contudo, estescompartimentos sempre esto em renovao constate: assim que um leuccito passa a integrar o compartimentomarginal, outro leuccito ocupa seu lugar no compartimento circulante.

    OBS4: Dois fatos fazem com que o leucograma de um indivduo com infeco apresente uma grande leucocitose em um curtointervalo de tempo: (1) as clulas do compartimento marginal que esto aderidas ao endotlio tm a capacidade de voltar para o

    compartimento marginal na presena da infeco; (2) quando estas clulas do compartimento marginal voltam para o compartimentovascular, elas se somam aos leuccitos que j tinham as substitudo no momento em que elas se tornaram do compartimentomarginal. Portanto, na presena de uma infeco, estas clulas passam a compor o compartimento circulante, sendo ento, possvel asua mensurao quantitativa atravs do leucograma, aumentando, assim a leucometria logo na fase inicial dos processos infecciosos.Se o processo infeccioso se perpetuar, entra em foco as clulas do compartimento de reserva medular.

    OBS5: Existem determinadas situaes variantes de uma condio normal em que se possvel provocar o aumento da leucometria.Como exemplo de tais situaes, temos: alimentao, exerccio fsico, estresses orgnicos ou psicolgicos, etc. Estas situaescursam, de um modo geral, com a liberao de ACTH e adrenalina, que impedem a marginao dos leuccitos, podendo promovereste vis no leucograma, com aumento da leucometria em virtude da soma das clulas do compartimento circulante e marginal,fazendo com que o indivduo se apresente com leucocitose sem ser portador, necessariamente, de uma infeco (caracterizando achamada leucocitose fictcia). Por este motivo, a interpretao de hemogramas no deve ser feita sem antes ter sido realizada umaavaliao clnica minuciosa da paciente.

    OBS6: Existe tambm a chamada leucocitose iatrognica, promovida por ao do mdico. Podemos exemplificar estes casos com

    aquelas crianas com crise asmtica que chegam ao pronto-socorro, so receitadas com corticides e adrenalina, e fazem, logo emseguida, um hemograma. Estas, sem dvida, apresentaro uma leucometria extremamente exagerada, mas que no significa motivopara pnico, no que diz respeito a infeces. Com isso, a utilizao de medicaes como corticides (Prednisona, Dexametasona,etc.) tambm faz com que haja aumento da leucometria, pois os corticosterides impedem a marginao dos leuccitos.

    Produo dos moncitos.Os moncitos se originam a partir de unidades formadoras de moncitos-granulcitos, que formam os

    monoblastos, pr-moncitos e, por fim, moncitos. Os moncitos circulam de 20-40 horas, quando entram nos tecidos ematuram para macrfagos teciduais. O sistema reticuloendotelial corresponde ao conjunto formado por clulas derivadasde moncitos e distribudas pelo corpo, como as clulas de Kupffer, macrfagos do bao, pulmo, medula ssea, etc.

    Suas funes so: fagocitose de elementos estranhos e restos celulares, apresentao de antgenos paraclulas linfides, produo de citocinas, que atuam na regulao da hemopoese, inflamao e resposta imune.

    Produo das plaquetas.As plaquetas (trombcitos), assim como as hemcias e os leuccitos granulocticos, tambm so formadas a

    patir da clula comissionada de tecido mielide. Sua clula mais imatura a chamada megacarioblasto que, pormitose, forma o megacaricito. As plaquetas, por sua vez, so fragmentos da membrana citoplasmtica e do citosoldestes megacaricitos.

    Os megacaricitos so clulas grandes, de ncleos multilobados, cuja proliferao estimulada pelatrombopoetina, produzida principalmente no fgado. O citoplasma dos megacaricitos, ento, se fragmenta e liberadona circulao, originando as plaquetas, importantes no processo de hemostasia. Estas circulam por 6-8 dias e soretiradas da circulao pelo sistema reticuloendotelial do bao e pulmo. Sua vida mdia est reduzida durantetromboses, infeces e hiperesplenismo.

    PRODUO DAS CLULAS DO TECIDO LINFIDEOs linfcitos so clulas relacionadas resposta imune humoral (B) e

    celular (T). Em resumo, a clula comissionada para o tecido linfide produz olinfoblasto (e clulas dendrticas linfides). Este linfoblasto forma oprolinfcito, o qual forma as clulas exterminaduras naturais (natural killers) eo linfcito maduro.

    As clulas linfides precursoras maturam para os linfcitos B naprpria medula ssea, enquanto que as dos linfcitos T se maturam no timo.Portanto, estes rgos so considerados rgos linfides primrios (oslinfonodos, a polpa branca do bao, tecido linfide das mucosas e pele sorgos linfides secundrios).

    Os linfcitos apresentam o maior tempo de sobrevivncia, sendo quealguns linfcitos de memria sobrevivem por muitos anos.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    9/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    107

    COMPONENTES DO SANG UEO sangue composto por, basicamente, dois

    componentes: o componente lquido e o componente celular. Emresumo, temos:

    Componente lquido (55% do volume): representadopelo plasma.

    Componente celular (45% do volume): eritrcitos

    (Hemcias), leuccitos (clulas brancas) e trombcitos(plaquetas).

    PLASMAO plasma sanguneo o componente lquido do sangue, no qual as clulas sanguneas esto suspensas. O

    plasma um lquido de cor amarelada e o maior componente nico do sangue, compondo cerca de 55% do volumetotal de sangue. Os principais componentes do plasma so:

    gua (90%) Protenas: albuminas; globumina; aglutininas; fribrinognio / protrombina. Outras substncias orgnicas: enzimas; anticorpos; hormnios; vitamina;. Aminocidos Substncias nitrogenadas e excreo: uria; cido rico; creatina. Lipdios: colesterol e triglicrides. Glicdios: glicose. Gases: O2 dissolvido

    ERITRCITOSOs eritrcitos ou glbulos vermelhos so unidades

    morfolgicas da srie vermelha do sangue, tambm designadas poreritrcitos ou hemcias, que esto presentes no sangue em nmerode cerca de 4,5 a 6,5 x 106/mm, em condies normais. Porapresentarem a hemoglobina, possui a funo de transportar o oxignio(principalmente) e o gs carbnico (em menor quantidade) aos tecidos.Os eritrcitos vivem por aproximadamente 90 - 120 dias.

    Suas principais caractersticas so: Principal funo: transporte de oxignio dos pulmes para os

    tecidos. Principal componente: a protena Hemoglobina. Origem (eritropoese): medula ssea Fim: bao e fgado.

    LEUCCITOSOs leuccitos (de leuco = branco + cito = clula), tambm conhecidos por glbulos brancos, so clulas

    produzidas na medula ssea e presentes no sangue, linfa, rgos linfides e vrios tecidos conjuntivos. Um adultonormal possui entre 3.800 e 9.800 mil leuccitos por milmetro cbico de sangue. Suas principais caractersticas so:

    Principal funo: combate infeco. Tipos de clulas:

    Granulcitos (65%): Neutrfilo, Eosinfilo e Basfilo. Agranulcitos (35%): Moncito e Linfcito (B e T).

    Neutrfilo. Previne ou limita infeco via fagocitose de elementos estranhos (bactrias).

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    10/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    108

    Eosinfilo. Envolvido em reaes alrgicas; Libera histaminase; Digere elementosestranhos.

    Basfilo. Contm histamina; parte integral das reaes de hipersensibilidade.

    Moncito. Diferenciam-se em macrfagos, que so clulas altamente fagocitrias (fungos,vrus).

    Linfcito T. Responsvel pela imunidade celular; Rejeio de tecidos estranhos;Destruio de clulas tumorais.Linfcito B. Responsvel pela imunidade humoral; muitas diferenciam-se em plasmcitos.Plasmcito. Secretam anticorpos (imunoglobinas).

    PLAQUETASA plaqueta sangunea ou trombcito um fragmento citoplasmatico anucleado, presente no sangue que

    formado na medula ssea. A sua principal funo a formao de cogulos, participando portanto do processo decoagulao sangunea.

    Uma pessoa normal tem entre 150.000 e 400.000 plaquetas por mm (ou por ml) de sangue. Sua diminuio oudisfuno pode levar a sangramentos, assim como seu aumento pode aumentar o risco de trombose.

    OBS7: Hemostasia: o processo de prevenir a perda de sangue pelos vasos intactos e de parar o sangramento devasos rompidos. Processos: (1) Vasoconstrio; (2) Agregao de plaquetas; (3) Coagulao sangunea.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    11/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    109

    MED RESUMOS 2011NETTO, Arlindo Ugulino.

    HEMATOLOGIA

    SISTEMA ABO(Professora Flvia Pimenta)

    O Sistema ABO foi o primeiro dos grupos sanguneos descobertos, ainda no incio do

    sculo XX em 1900), pelo cientista austraco Karl Landsteiner.Fazendo reagir amostras de sangue de funcionrios do seu laboratrio, ele isolou osglbulos vermelhos (hemcias) e fez diferentes combinaes entre plasma e hemcias, tendo comoresultado a presena de aglutinao dos glbulos em alguns casos, e sua ausncia em outros.

    Assim, Landsteiner classificou os seres humanos em trs grupos segundo uma polialelia:A,B e O, e explicou o porqu que algumas pessoas morriam depois de transfuses de sangue e outrasno. Em 1902, seus colaboradores von Decastello e Sturli encontraram e descreveram o grupo AB,mais raro. Em 1930, Landsteiner ganhou o Prmio Nobel por seu trabalho.

    Partindo do pressuposto que o sangue, ao longo do sculo XX, tornou-se uma importanteferramenta para tratamento de algumas doenas e situaes de hemorragias, a descoberta destesistema (e das demais classificaes do sangue) auxiliou na propedutica da transfusosangunea, diminuindo a incidncia de complicaes e mortalidade do procedimento.

    FUNDAMENTOS DO

    SISTEMA

    ABOAnalisando o comportamento do sangue e do plasma de alguns de seus tcnicos de laboratrio, Landsteinerverificou que as hemcias humanas podem apresentar, na sua membrana, substncias qumicas que ele chamou deaglutinognios (funcionando como um antgeno), que constituem o glicoclix (acares) de sua membrana celular.Seus experimentos revelaram a existncia de pelo menos dois tipos de aglutinognios: o A e o B. Com isso, associando-se estudos feitos mais tarde, percebeu-se que, a depender da presena destes aglutinognios, haveria a coexistncia noplasma de substncias qumicas chamadas de aglutinina (funcionando como anticorpo).

    Desta observao, o sangue passou a ser classificado, deacordo com a presena ou no do aglutinognio na parede da hemcia,da seguinte forma:

    Sangue tipo A: suas hemcias apresentam o aglutinognio A eseu plasma possui a aglutinina anti-B (ver OBS1), que reagecontra o aglutinognio B.

    Sangue tipo B: suas hemcias apresentam o aglutinognio B e

    seu plasma possui a aglutinina anti-A (ver OBS

    1

    ), que reagecontra o aglutinognio A. Sangue tipo AB: suas hemcias apresentam os aglutinognio

    A e B, e seu plasma no apresenta aglutinina. Sangue tipo O: suas hemcias no apresentam aglutinognio,

    mas seu plasma possui os dois tipos de aglutinina: anti-A e anti-B (ver OBS1).

    Do ponto de vista gentico, observou-se que a tipagem sangunea respondia a uma polialelia de heranamendeliana, que ocorre quando existem trs ou mais tipos de alelos diversos para o mesmo locus cromossmico. Alelosso formas que um gene pode apresentare que determina caractersticas diferentes. Um conjunto de trs ou mais alelospertencente a um mesmo gene, ocorrendo de dois a dois em um organismo diplide, denominado alelos mltiplos. Osalelos mltiplos so responsveis pela herana gentica no sistema ABO, Rh e MN (todos eles localizados nocromossomo 9).

    Desta forma, os aglutinognios A e B so gerados pelos alelos I

    A

    ou I

    B

    , respectivamente. Na relao allicaexistente, o alelo i recessivo aos seus alelos IA e IB. Assim, quando em um indivduo encontrado homozigose do alelorecessivo i, esse pertencer ao grupo O (gentipo ii). Caso sejam encontrados em heterozigose os alelos IA e IB, ambosmanifestam seu carter dominante, e o indivduo ser do grupo sanguneo AB (gentipo IA IB).

    Desta forma, um indivduo pertencer ao grupo sanguneo A, se enquadrado em duas situaes: quando emhomozigose dominante IA IA, ou em heterozigose do alelo dominante IA com o recessivo i, apresentando gentipo IA i. Damesma forma para o grupo sangneo B: quando em homozigose dominante I B IB, ou em heterozigose do alelodominante IB com o recessivo i, apresentando gentipo IB i.

    OBS1: A formao dos anticorpos (aglutininas) se d no perodo neonatal, em torno de 3 a 6 meses de vida, graas reaes cruzadas com determinados antgenos bacterianos.

    http://www.brasilescola.com/biologia/sistema-abo.htmhttp://www.brasilescola.com/biologia/alelos-multiplos-ou-polialelia.htmhttp://www.brasilescola.com/biologia/alelos-multiplos-ou-polialelia.htmhttp://www.brasilescola.com/biologia/sistema-abo.htm
  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    12/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    110

    BASES BIOQUMICAS DO SISTEMA ABOOs antgenos do sistema ABO so, por natureza, hidratos de carbono, sintetizados por influncia de genes

    autossmicos correspondentes e que esto presentes na membrana plasmtica das hemcias (na forma de glicoclix). Adeterminao antignica do sistema ABO, que inicialmente se acreditou ser bastante simples, envolve certascomplexidades, pois para ela, contribuem dois pares de alelos:

    Os genes H (dominante) e h (recessivo) condicionam a presena de uma substncia, denominada antgeno ousubstncia H (glicoprotena H). Essa substncia formada por meio da ao da enzima fucosil transferase,produzida por esses genes quando h uma relao de dominncia (HH e Hh) e responsvel por transferir umafucose uma substncia precursora do glicoclix das hemcias (formada pela seguinte sequencia: N-acetilgalactosamina, D-galactose, N-acetilglicosamina, D-galactose),formando a substncia H. A partir dessa sequncia de acares, tem-se odepsito de mais um aucar, que determinar o tipo sanguneo do indivduo:quando ocorre a adio de uma N--glicosamina pela enzima A-transferase,tem-se um grupo sanguneo A; a partir da adio de uma N--galactosaminapela enzima B-transferase, tem-se um grupo sanguneo B; e a partir daadio desses dois acares simultaneamente, tem-se o grupo AB.Desta forma, temos:

    Indivduos de composio gentica HH ou Hh produzem essa substncia, que serve de base para amanifestao de todos os antgenos do sistema ABO; Seu grupo ser ento determinado pela presenaou no dos genesA e B.

    Indivduos de composio gentica hh (gentipo muito raro) no produzem o antgeno H. Estesindivduos sero enquadrados no grupo denominado fentipo falso O ou O-Bombay(observado pelaprimeira vez em Bombaim, na India, conhecida atualmente como Mumbai). Este grupo tambm pode serdesignado como Oh. Idependentemente de sua composio gentica em termos dos genes A e B, nopodem produzir nem o antgeno A nem o antgeno B (por falta da fucose na substncia precursora, queseria instalada pela fucosil transferase ausente, nestes casos). Estes indivduos desenvolvem osanticorpos Anti-A e Anti-B, da mesma maneira que todos os indivduos do grupo O. Entretanto,desenvolvem tambm o anticorpo Anti-H e no podem receber transfuses de sangue do grupo Ocomum (que rico neste antgeno). Este fentipo constitui um problema para os hemoterapeutas eocorre em uma frequncia de 1 para 10.000 indivduos na ndia e 1 para 1.000.000 na Europa. Suadeteco no feita atravs do teste de aglutinao, o que dificulta ainda mais seu manejo.

    Os genes IA e IB (codominantes) condicionam a produo dos antgenos A e B, pela adio de carboidratos aoantgeno H; sua ausncia (gene recessivo i) condiciona a no adio de carboidratos a esta substncia base.Sua ao se d sobre os indivduos de composio gentica HH e Hh, que representam a quase totalidade dapopulao humana. Assim:

    Indivduos de composio gentica ii (duplo recessivo) produzem apenas o antgeno H. Estes indivduossero do grupo O.

    O Gene A (IA) condiciona a adio de uma molcula do carbohidrato N-acetilgalactose a algumas (masno todas) molculas de antgeno H. Indivduos de composio gentica IA IA (homozigoto dominante)ou IAi (heterozigoto) produzem o antgeno A, que ocupar parte dos stios representados pelo antgenoH. Estes indivduos so do Grupo A. Entrentanto, como nem todos os stios do antgeno H soocupados, estes indivduos apresentam tambm o antgeno H, e no desenvolvero anticorpos anti-H.

    O Gene B (IB) condiciona a adio de uma molcula do carboidrato D-galactose a algumas (mas notodas) as cadeias do antgeno H. Indivduos de constituio gentica IB IB ou IBi produzem o antgeno B.Estes indivduos so do Grupo B. Da mesma forma que os do grupo A, apresentam tambm o antgenoH e no desenvolvem anti-H.

    Por fim, indivduos de constituio gentica AB possuem ambos os alelos em codominncia (IAIB).Produzem, assim, os antgenos A, B e H, e no produzem anticorpos contra antgenos A nem B.

    Desta forma, em resumo, temos:

    Gene H Genes I , I e i Gentipo HH e Hh: produzem a fucosil

    transferase e, portanto, so capazes de gerar asubstncia H (adio de uma fucose substncia precursora).

    Gentipo hh: no produzem a fucosiltransferase (e, portanto, so classificadas,fenotipicamente, como falso O, caracterizandoo efeito Bombaim).

    Gentipo I I e I i: produzem a enzima que transferea N--glicosamina para a substncia H.

    Gentpio IBIB e IBi: produzem a enzima que transferea N--galactosamina para a substncia H.

    Gentipo IAIB: produzem enzimas que transferem N--glicosamina e N--galactosamina, ao mesmotempo, para a substncia H.

    Gentipo ii: no produzem enzimas para transferirestes aucares para a substncia H (O verdadeiro).

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    13/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    111

    A seguinte tabela, de forma sumria, esquematiza as possibilidades entre os alelos para determinao dosistema ABO.

    Tipo sanguneo Gentipo Estrutura do glicoclix Aglutinognio Aglutinina

    AIA IA ou IA iHH ou Hh

    R Glc Gal GalNac Gal - GalNac|

    FucA Anti-B

    BIB IB ou IB iHH ou Hh

    R Glc Gal GalNac Gal - Gal|

    FucB Anti-A

    AB IA IB

    HH ou Hh

    R Glc Gal GalNac Gal - GalNac|

    FucR Glc Gal GalNac Gal - Gal

    |

    Fuc

    AB -

    Oii

    HH ou Hh

    R Glc Gal GalNac Gal|

    Fuc- Anti-A e Anti-B

    Falso O hh R Glc Gal GalNac Gal - Anti-A, Anti-B e Anti-H

    IDENTIFICAO DO SISTEMA ABOA determinao do grupo sanguneo ABO era realizada fazendo-se reagir as hemcias do paciente com soros

    Anti-A e Anti-B produzidos em laboratrio, em lminas limpas de microscopia, como mostra o modelo abaixo.Atualmente, o mtodo mais apurado e bem mais especfico.

    Na prova direta, faz-se reagir uma poro das hemcias (de tipagem conhecida) com soros anti-A (coloraoazul), anti-B (colorao amarela) e anti-AB (colorao clara). Hemcias que reagem com o soro anti-A so ditas do grupo

    A, e hemcias que reagem com o soro anti-B so do grupo B. Hemcias do grupo AB reagem com ambos os anti-soros,e hemcias do grupo O no reagem com nenhum dos anti-soros. O soro divalente anti-AB usado como confirmatrio, e

    somente no reagir com hemcias do grupo O.

    EPIDEMIOLOGIAO grupo sanguneo O o mais frequente. Quanto aos demais, na ordem do segundo mais frequente para o

    menos frequente, temos: grupo A, grupo B e grupo AB.Tipo sanguneo Caucasianos Africanos Americanos AsiticosGrupo O 45% 49% 41% 47%Grupo A 41% 27% 28% 38%Grupo B 10% 20% 26% 11%Grupo AB 4% 4% 5% 4%

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    14/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arro s; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011.1

    112

    SISTEMA RHESUS (RH)O sistema Rhesus recebeu este nome por ter sido o resultado de pesquisas feitas com uma espcie de

    macacos, o Macacus rhesus.Levin e Stone (1939)

    relataram o caso de um fetonatimorto gerado por uma mulher queposteriormente manifestou reaohemoltica transfusional ao recebersangue de seu marido (compatvelquanto ao sistema ABO, o nicoento conhecido). Landsteiner eWiener (1940) descreveram umanticorpo produzido no soro decoelhos e cobaias, pela imunizaocom hemcias de Macacus rhesus,que era capaz de aglutinar ashemcias de 85% das amostrasobtidas de um grupo de caucasidesamericanos. Wiener e Peters (1940)aproximaram as duas observaes,determinando tratar-se do mesmoantgeno.

    Destes experimentos, os pesquisadores concluram que no sangue do macacoreso havia um antgeno que induzia a produo de anticorpos na cobaia. Esse antgenofoi denominado fator Rh e o anticorpo, anti-Rh. Os sangues que aglutinaram empresena do fator Rh (que correspondem aproximadamente 85% da populao) foramdenominados Rh positivos (Rh+) e os 15% que no apresentaram reao foramdenominados negativos (Rh-) por no possurem fator Rh.

    O anticorpo produzido no sangue da cobaia foi denominado de anti-Rh. Osindivduos que apresentavam o fator Rh passaram a ser designados Rh+, o quegeneticamente acreditava-se corresponder aos gentipos DD ou Dd. Os indivduos queno apresentam o fator Rh foram designados Rh- e apresentavam o gentipo dd, sendoconsiderados geneticamente recessivos.

    Os antgenos do sistema Rh so de natureza glicoprotica, de grande variabilidade. Com o avanar daspesquisas, o sistema se revelou na prtica bem mais complexo do que a tipificao simplesmente em Rh Positivo e Rhnegativo. Hoje, conhecem-se mais de 40 antgenos diferentes pertencentes a este sistema. Mas em resumo, temos:

    Fator Rh+: gentipo DD, Dd (85%). O indivduo possui o fator Rh e no produz anticorpos anti-Rh. Fator Rh-: gentipo dd (15%). O indivduo no possui o fator Rh e produz anticorpos Rh a depender do contato

    (ver OBS2).

    O fator Rh encontrado nas hemcias, verificando esses pesquisadores que ele obedece s leis dahereditariedade, sendo o Rh positivo um fator dominante em relao ao Rh negativo. O soro anti-D usado paradeterminar o fator Rh (ver figura abaixo). O sangue que no reage ao soro anti-D, Rh-. O que reage, Rh+.

    OBS 2: O anticorpo anti-Rh, diferentemente das aglutininas do sistema ABO, no so formados de maneira natural. Paraa formao destes anticorpos, necessrio que haja uma sensibilizao prvia. Portanto, para que um indivduo Rhnegativo produza anticorpos anti-Rh, necessrio que ele tenha entrado em contato com um sangue Rh-positivo ou, nocaso da mulher, tenha abrigado um feto Rh-positivo durante uma gestao (com tudo, em uma outra gestao, podeocorrer a chamada eritroblastose fetal, que veremos com maiores detalhes mais a frente, ainda neste captulo).

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    15/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    113

    COMPATIBILIDADE NO SISTEMAABOE TRANSFUSO SANG UN EAPortanto, como vimos at ento, o

    sistema ABO se caracteriza pela presenaou ausncia de dois antgenos (A e B) chamados aglut ingenos isolada ousimultaneamente, em cada indivduo.

    A maioria dos seres humanos(excetuados os lactantes at uma idadeaproximada de 3 a 6 meses, eeventualmente os indivduos queapresentam imunossupreso ou outrascircunstncias especiais) apresentatambm anticorpos naturais ou aglutininas,dirigidos contra o(s) antgeno(s) que cadaindivduo no possui, estabelecendo assimas conhecidas regras de compatibilidadesangunea para este grupo.

    A presena ou ausncia do fator-Rh e do anticorpo anti-Rh (ou anti-D)tambm influencia na compatibilidadesangunea.

    Desta forma, temos, em resumo:

    Doador Receptor O-negativo Todos os tipos sanguneosO-positivo Todos os tipos sanguneos com fator Rh+

    A-negativo A-, A+, AB-, AB+A-positivo A+ e AB+B-negativo B-, B+, AB-, AB+B-positivo B+ e AB+

    AB- AB- e AB+AB+ AB+

    ERITROBLASTOSE FETAL

    A importncia do fator Rh em populaeshumanas reside no aparecimento, em certas condies,da doena hemoltica do recm-nascido (DHRN) oueritroblastose fetal (EF). Para que haja a eritroblastose, Acondio primordial para a ocorrncia dessa anomalia aseguinte: me Rh-negativa (ver OBS3); pai Rh-positivo; ofilho Rh-positivo.

    A eritroblastose fetal (do grego eritro, "vermelho"e blastos, "broto") ocorre quando uma me de Rh-negativo que j tenha tido uma criana com Rh+ (ou quetenha tido contato com sangue Rh+, numa transfuso desangue que no tenha respeitado as regras devidas) d luz uma criana com Rh positivo. Depois do primeiroparto, ou da transfuso acidental, o sangue da me entra

    em contato com o sangue do feto e cria anticorpos contraos antgenos presentes nas hemcias caracterizadaspelo Rh+.

    Como na primeira gestao a me no ficou muito sensibilizada pelo fator Rh, a criana sobrevive, mas deve sersubmetida a uma transfuso de sangue Rh. Assim, os anticorpos anti-Rh que, porventura, estejam no sangue fetal notero hemcias para aglutinar. Com o decorrer do tempo, esse sangue ser substitudo por novo sangue que o fetopassa a produzir.

    Durante a segunda gravidez, esses anticorpos podem atravessar a placenta e provocar a hemlise dashemcias da segunda criana. A destruio em massa desses eritroblastos causa uma anemia perinatal severa,podendo cursar com anasarca, ictercia, insuficincia cardaca, esplenomegalia, hepatomegalia e, em boa parte dasvezes, morte.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    16/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    114

    Como resposta anemia, so produzidas e lanadas no sangue hemcias imaturas, chamadas de eritroblastos.A doena chamada de eritroblastose fetal pelo fato de haver eritroblastos em circulao.

    O tratamento da criana consiste, basicamente, na observao, com controle dos nveis de bilirrubina;fototerapia, se necessrio; transfuso simples de concentrado de hemcias. Em casos graves, proceder com transfusode substituio total ou exsanguneo transfuso.

    Para prevenir a Eritroblastose fetal, a me Rh negativo que tem parceiro Rh positivo pode receber gamaglobulinaanti-RH por via injetvel logo aps o nascimento do primeiro beb RH positivo. Essa substncia bloqueia o processo queproduz anticorpos contra o sangue RH positivo do feto. A me recebe uma dose passiva temporria de anticorpos quedestroem clulas sanguneas RH positivo, impedindo assim que a me produza anticorpos permanentes.

    OBS3: A herana gentica do gene D para o fator Rh se d na forma de uma trinca de genes (D ou d, C ou c, E ou e).Os genes c e e, mesmo quando recessivos, so antignicos. Desta forma, a doena hemoltica perinatal no umacondio exclusiva das mulheres Rh-negativas, pois podem haver reaes relacionadas com antgenos produzidos porestes outros genes (desde que o marido apresente os genes C e E dominantes), embora sejam reaes muito raras.

    OBS4: Os anticorpos anti-Rh no existem naturalmente no sangue das pessoas, sendo fabricados apenas por indivduosRh-negativos, quando estes recebem transfuses de sangue Rh+ ou quando a mulher entra em contato com ashemcias do filho Rh-positivo. Afora estas condies, pessoas Rh-positivo nunca produziriam anticorpos anti-Rh, pois seo fizessem provocariam a destruio de suas prprias hemcias.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Anemiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sanguehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hem%C3%A1ciashttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Eritroblastos&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Eritroblastos&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Eritroblastos&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Eritroblastos&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Hem%C3%A1ciashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sanguehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Anemia
  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    17/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    115

    MED RESUMOS 2011NETTO, Arlindo Ugulino.

    HEMATOLOGIA

    HEMOGRAMA(Professora Angelina Cartaxo)

    O hemograma definido como o estudo qualitativo e quantitativo das clulas sanguneas, objetivando ajudar o

    mdico no diagnstico ou no controle das doenas. O uso do hemograma por praticamente quase todas asespecialidades da medicina pode ser explicado pelo fato de que, alm de ser um exame barato e bastante acessvel, capaz de avaliar o paciente de uma forma global, nos dando uma idia mais especfica do estado sanguneo dopaciente.

    A anlise do hemograma se faz importante no s para as especialidades clnicas, como tambm para ascirrgicas: avaliar se um paciente est anmico antes de um procedimento bastante pertinente, partindo-se do pontode vista que h um risco iminente de sangramento em tal procedimento, o que poderia complicar ainda mais o quadro domesmo. Avaliar o estado plaquetrio o que tambm possvel por meio do hemograma tambm essencial, umavez que ela a clula responsvel pela hemostasia primria. Um outro exemplo importante mostra o papel dohemograma para o diagnstico e segmento das infeces: um paciente que apresente um determinado quadroinfeccioso tende a apresentar uma leucometria elevada (leucocitose). O diagnstico de uma anemia em uma crianatambm se faz importante, uma vez que ela pode interferir de maneira negativa no seu desenvolvimento.

    Portanto, vrios dados clnicos e cirrgicos importantes podem ser levantados a partir de uma anlise dohemograma, uma vez que ele disponibiliza ao mdico informaes relacionadas aos seguintes parmetros:

    Eritrograma: estuda as alteraes quantitativas e morfologia dos eritrcitos, as alteraes na hemoglobina , nohematcrito e nos ndices globulares. Leucograma: estuda a contagem (leucometria) em valor absoluto e em percentual dos leuccitos e sua

    morfologia. Plaquetograma: estuda a contagem e morfologia das plaquetas.

    RESUMO DA HEMATOPOIESEComo vimos a propsito do primeiro captulo deste material, a hematopoiese consiste processo de formao,

    desenvolvimento e maturao dos elementos do sangue (eritrcitos, leuccitos e plaquetas) a partir de uma clula-troncopercursora, conhecida como clula hematopoitica pluripotente.

    Ela d origem a pelo menos dois tipos de clulas: a clula comissionada de tecido mielide e a clulacomissionada de tecido linfide. A primeira d origem a clulas do tecido mielide (eritrcitos, basfilos, eosinfilos,neutrfilos, moncitos e plaquetas). A segunda, da origem a clulas da linhagem linfide (linfcitos, clulas NK, etc.).

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    18/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    116

    Desta forma, temos, em resumo: O eritroblasto, derivado da clula comissionada mielide, d origem ao pr-eritroblasto, eritroblasto basfilo,

    eritroblasto policromtico, eritroblasto ortocromtico e, por fim, reticulcito, que constitui a ltima fase dediferenciao das clulas vermelhas antes da hemcia. possvel encontrar, alm das hemcias, determinadasporcentagens de reticulcitos no sangue perifrico normal. A sua dosagem (solicitada a parte, e no analisadadiretamente no hemograma) se faz importante pois eles refletem a atividade da medula ssea.

    O mieloblasto, tambm derivado da clula comissionada mielide, d origem ao pr-mielcito, mielcito,metamielcito (com ncleo j em formato de feijo) e, por fim, em clula com ncleo em basto (bastonete).Este, por sua vez, dar origem as clulas com ncleo segmentado, que so basfilos, eosinfilos e neutrfilos.

    O monoblasto, tambm originado a partir da clula comissionada mielide, d origem ao pr-moncito e aomoncito, o qual, a depender de estmulos quimiotxicos inflamatrios, migra para o tecido e forma o macrfago.

    O megacarioblasto, derivado da clula comissionada mielide, converte-se em pr-megacaricito e, por fim, emmegacaricito, cujos fragmentos membranosos d origem s plaquetas.

    J a clula comissionada de tecido linfide d origem ao linfoblasto, que por sua vez dar origem ao pr-linfcitoe, por fim, ao linfcito B (se for maturado na medula ssea) e T (se for maturado no timo).

    Destas clulas, o hemograma normal capaz de visualizar e de trazer dados quantitativos e qualitativosreferentes s hemcias, basfilos, eosinfilos, neutrfilos, moncitos, plaquetas e linfcitos.

    COLETA DE SANGUE E MTODOS DEANLISEO sangue perifrico do indivduo colhido em tubo de ensaio de

    vidro contendo anticoagulante (EDTA) e que dever ser rotulado,contendo o nome do paciente e lacrado com tampa. A identificao dopaciente deve conter, pelo menos, os seguintes dados: Nome completo;Sexo; Idade; Endereo completo, telefone; Nome do mdico que solicitouo hemograma; Nmero do registro do paciente no laboratrio.

    Os mtodos de anlise do sangue podem ser automatizado ouno-automatizado (manual). Obviamente, o primeiro mais utilizado naprtica atual.

    Mtodo no-automatizado: consiste na contagem manual donmero de hemcias, plaquetas e leuccitos. Os instrumentosutilizados so: microscpio, centrfuga e espectrofotmetro oufotocolormetro.

    Automatizada: so utilizados aparelhos que usam uma pequena quantidade de sangue. Neles, h doissensores principais: um detector de luz e um de impedncia eltrica. A contagem baseada nas diferenas detamanho das clulas. Em relao a srie vermelha, o aparelho mede a quantidade de hemoglobina, o nmero dehemcias e o tamanho destas, realizando clculos para chegar ao valor do hematcrito e os outros ndiceshematimtricos. As plaquetas tambm so contadas por aparelhos.

    ERITROGRAMAO eritrograma o estudo da srie vermelha (eritrcitos ou hemcias). Ao microscpio, as hemcias tem

    colorao acidfila (afinidade pelos corantes cidos que do colorao rsea) e so desprovidos de ncleo. As hemciasapresentam colorao central mais plida e colorao um pouco mais escura na periferia, sendo clulas bicncovas. Emindivduos normais, possuem tamanho mais ou menos uniforme. Quando uma hemcia tem tamanho normal ela chamada de normoctica; quando ela apresenta colorao normal chamada de normocrmica.

    O estudo da srie vermelha revela algumas alteraes relacionadas como por exemplo anemia, eritrocitose(aumento do nmero de hemcias). Os resultados a serem avaliados so: hematometria, hematcrito, hemoglobina,VCM (volume corpuscular mdio), HCM (hemoglobina corpurscular mdia), CHCM (concentrao de hemoglobinacorpuscular mdia) e RDW (Red Cell Distribution Width).

    Destes parmetros, a hemoglobina um dos mais importantes at mais que a hematometria. Isso porque oindivduo pode ter 5 milhes de hemcias mas, mesmo assim, ter anemia (definida por nveis reduzidos dehemoglobina), o que se mostra como um quadro mais importante pois a hemoglobina a principal responsvel pelotransporte dos gases respiratrios.

    Desta forma, os principais valores a serem avaliados, com mais detalhes, so: Hematometria (contagem do nmero de hemcias): os valores normais variam de acordo com o sexo e com

    a idade. Valores normais: Homem de 5.000.000 - 5.500.000 e Mulher de 4.500.000 - 5.000.000. Seu resultado dado em nmero por mililitro (ml).

    Hemoglobina g/dl: segundo a Organizao Mundial de Sade, os valores normais de Hb so: >13g/dl parahomens; >12g/dl para mulheres; >11g/dl para grvidas e crianas.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    19/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    117

    Hematcrito % : um ndice, calculado em porcentagem, definido pelo volume de todas as hemcias de umaamostra sobre o volume total desta amostra (que contm, alm das hemcias, os leuccitos, as plaquetas e, claro, o plasma, que geralmente representa mais de 50% do volume total da amostra). Os valores variam com osexo e com a idade. Valores: Homem de 40 - 50% e Mulher de 36 - 45%. Recm-nascidos tem valores altos quevo abaixando com a idade at o valor normal de um adulto.

    VCM (Volume Corpuscular Mdio) fl: o ndice que ajuda na observao do tamanho das hemcias e nodiagnstico da anemia: se pequenas so consideradas microcticas (< 80fl, para adultos), se grandesconsideradas macrocticas (> 100fl, para adultos) e se so normais, normocticas (80 - 100fl). A anisocitose

    denominao que se d quando h alterao no tamanho das hemcias. As anemais microcticas mais comunsso a ferropriva e as sndromes talassmicas. As anemias macrocticas mais comuns so as anemiamegaloblstica e perniciosa. O resultado do VCM dado em fentolitro (fl).

    HCM (Hemoglobina Corpuscular Mdia) pg: o peso da hemoglobina na hemcia. Seu resultado dado empicogramas. O intervalo normal 26-34pg

    CHCM (concentrao de hemoglobina corpuscular mdia) %: a concentrao da hemoglobina dentro deuma hemcia. O intervalo normal de 32 36%. Como a colorao da hemcia depende da quantidade dehemoglobina elas so chamadas de hipocrmicas (< 32), hipercrmicas (> 36, embora seja um termo que no to utilizado) e hemcias normocrmicas (no intervalo de normalidade). importante observar que naesferocitose o CHCM geralmente elevado.

    RDW (Red Cell Distribution Width): um ndice que indica a anisocitose (variao de tamanho), sendo onormal de 11 a 14%, representando a percentagem de variao dos volumes obtidos. Nem todos os laboratriosfornecem o seu resultado no hemograma.

    Normalmente realiza-se uma anlise estatstica em testes realizados em um grande grupo de indivduos normaispara se chegar aos lmites estabalecidos para hemoglobina, hematcrito e nmero de hemcias, isto quer dizer quecada regio possui um lmite de normalidade.

    RELAES MATEMTICASPor meio de frmulas matemticas, possvel obter as relaes entre alguns dos parmetros analisados no

    eritrograma. Desta forma, temos: Em um indivduo normal, a hematimetria pode ser empiricamente estipulada somando-se 4 ao valor absoluto do hematcrito.

    Ao resultado, podemos multiplicar por 100.000.

    Ex: Ht=40%.No de hemcias = (40% + 4) x 100.000

    No

    de hemcias = 44 x 100.000

    No de hemcias = 4,4 milhes.

    Em um indivduo normal e sem anemia, o Hematcrito cerca de 3 vezes o valor absoluto da hemoglobina. Seu valor dereferncia : 40 50% no homem; 36 45% na mulher. Antigamente, o hematcrito era muito utilizado como parmetro.

    Atualmente, entretanto, no mais to utilizado devido s disparidades das comparaes entre os resultados dos mtodosautomatizados e no-automatizados.

    Ex: Hb = 14,8.Hematcrito = 3 x 14,8 = 44,4%

    O VCM ndice que ajuda na observao do tamanho das hemcias (Valor de referncia: 80 100fl). Se a hemcia formaior que esta faixa, diz-se que ela macroctica; se for menor que esta faixa, diz-se que microctica. Seu valor pode serestipulado a partir da relao entre o hematcrito sobre a hematimetria. Desta formulao, conclui-se que: o VCM diretamente proporcional ao hematcrito e inversamente proporcional hematimetria. Desta forma, se o paciente analisado

    tem um valor fixo de hematcrito (constante e igual a um outro paciente com hematcrito e hemcias normais), masapresenta uma hematimetria aumentada (com relao ao outro paciente), quer dizer que suas hemcias so menores (poispara ocupar uma mesma proporo calculada no hematcrito em um tubo de ensaio, mas com um nmero maior dehemcias, elas devem ser menores); o contrrio tambm verdadeiro.

    Ex: Ht = 35%; Hematimetria: 3,8 milhes de hemcias.VCM = 35 x 100/38 = 92fl.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    20/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    118

    A HCM diz respeito ao peso de hemoglobina em cada hemcia (VR = 26 34pg). Seu valor pode ser estimado a partir darelao entre a hemoglobina sobre a hematimetria. Sua anlise poder determinar se a eventual anemia normocrmica ouhipocrmica. Contudo, uma prova com menor valor do que o CHCM.

    Ex: Hb = 11g/dl; Hematimetria = 3,8 milhes de hemcias.HCM = 11 x 100/38 = 28,9

    A CHCM calcula a concentrao da hemoglobina dentro de uma hemcia (VR = 32 36%). Seu valor obtido atravs darelao entre a hemoglobina e o hematcrito. Sua anlise tem mais valor clnico do que o HCM.

    Ex: Hb = 11g/dl; Ht = 35%.CHCM = 11/35 (x 100) = 31,4%

    VALORES DE REFERNCIA DO ERITROGRAMA

    Parmetros hematimtricos em adultos normaisParmetro laboratorial Homens MulheresHematimetria 4.400 000 a 5.900 000/mm 3.800 000 a 5.200 000/mm

    Hematcrito 40 a 52% 34 a 47%Hemoglobina 13 a 18g/dl

    12 a 16g/dl(grvida = 11 a 16g/dl)

    VCM 80 a 100 fl 80 a 100 flHCM 26 a 34 pg 26 a 34 pgCHCM 32 a 36% 32 a 36%RDW 11,5,a 14,5 11,5 a 14,5

    OBS2: Note que existem diferenas importantes entre alguns valores de referncia da mulher e do homem. Estasdiferenas podem ser explicadas por, pelo menos, dois fatores: (1) presena da menstruao no sexo feminino; (2) nasamostragens, a mulher se mostra menor (no que diz respeito a massa corporal) do que o homem.

    ANLISE DO ESFREGAO E ESTUDO MORFOLGICO DAS HEMCIASA colorao do esfregao da amostra de sangue

    efetuada com corantes que tm em sua composio o azul demetileno, a eosina e o metanol. Os principais mtodos decolorao so: Leishman, Giemsa, May-Grunwald, Wright,pantico. O esfregao ideal deve conter trs reas de distribuioregular (como mostra a figura ao lado). A anlise microscpica dalmina deve ser feita no ponto mdio, onde as clulas se mostrambem distribudas, em nmero proporcional.

    A anlise da lmina de esfregao importante poisexistem informaes obtidas atravs desta anlise que no sopossveis de serem levantados atravs da anlise dos valoresnumricos dos demais parmetros do eritrograma, como amorfologia da hemcia. A sequncia de anlise da morfologiaconsiste em:

    Tamanho: microctica, normoctica ou macroctica. Forma: presena de poiquilocitose ou pecilocitose

    (alterao na forma da hemcia) Colorao celular: hipocromia, normocromia, policromasia. Incluses

    A morfologia das hemcias (ou estudo da forma das hemcias) feita em microscpio, analisando o esfregaode sangue. As formas encontradas so:

    Drepancitos (forma de foice): aparece somente nas sndromes falciformes (no aparecendo no traofalciforme).

    Esfercitos (forma esfrica, pequena e hipercrmica): em grande quantidade comum na anemia esferoctica(esferocitose), em menores quantidades podem estar presentes em outros tipos de anemias hemolticas.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    21/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    119

    Eliptcitos (forma de charuto): em grandes quantidades comum na eliptocitose. Em menores quantidades podemaparecer em qualquer tipo de anemia.

    Hemcias em alvo (clulas cujas membranas so grandes havendo uma palidez e um alvo central mais corado):aparece em hemoglobinopatias C, E ou S, nas sndromes talassmicas e em pacientes com doena heptica.

    Dacricitos (forma de lgrima): em grande quantidade na mielofibrose. Em pequena quantidade podem aparecerem qualquer tipo de anemia.

    Hemcias policromticas (forma normal mas com colorao azul devido a presena de RNA residual): soreticulcitos, formas imaturas dos eritrcitos. Aparece quando grandes quantidades de hemcias novas esto

    sendo produzidas. Comuns em anemias hemolticas. Esquizcitos (hemcias fragmentadas): aparecem quando nas hemcias h uma leso mecnica, em casos de

    hemlise, ou em casos de pacientes que sofreram queimaduras. Hemcias mordidas: quando ocorre a formao um precipitado de hemoglobina nas hemcias (chamados de

    Corpsculos de Heinz) ocorre remoo destes precipitados pelo bao formando um aspecto de hemciamordida.

    Acantcitos (hemcias com pontas de diversos tamanhos): nas hepatopatias, hipofuno esplnica,esplenectomizados.

    Crenadas (hemcias com vrias pontas pequenas): na uremia, quando o paciente faz tratamento com heparina,deficincia de piruvatoquinase.

    Hemcias norm ais.

    Reticulcitos. So as clulas precursoras imediatas das hemcias, sendo elas oltimo ponto da diferenciao do pr-eritroblasto. Sua anlise na decorrncia de uma

    anemia determina o grau de produo das clulas na medula ssea: se ela estiverpresente, significa dizer que a anemia regenerativa (anemia decorrente de umahemorragia; anemia hemoltica, etc.) e, com isso, h produo normal de clulas namedula ssea; se ela estiver ausente, significa dizer que a anemia arregenerativa(tumores de medula ssea, etc.), indicando uma produo deficiente de clulas namedula.

    Microcitose com hipocromia. A lmina mostra hemcias pequenas e hipocoradas,

    mas sem anisocitose (alteraes entre as dimenses das hemcias analisadas) e sempoiquilocitose (alteraes na forma das hemcias).

    Macrocitose. Lmina mostrando hemcias aumentadas (VCM > 110), como ocorre naanemia megalobstica.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    22/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    120

    An is oc it ose. Ocorre diferenas entre os tamanhos das hemcias, mas sem alteraoda forma.

    Poiquilocitose. Lmina mostrando alteraes na forma das hemcias.

    Policromasia, caracterizada por alteraes na colorao no interior da hemcia,podendo caracterizar uma anemia hemoltica (hereditria ou adquirida).

    Drepancitos . Lmina mostrando hemcias em forma de foice, caracterstico daanemia falciforme.

    Eliptcitos ou ovalcitos. Defeito hereditrio da membrana (Eliptose hereditria ouadquirida: anemia ferropriva, anemia megalobstica.

    Esfercitos. Defeito de membrana por alterao gentica da espectrina(caracterizando a esferocitose, uma anemia hemoltica hereditria na qual existe umdefeito na produo da membrana plasmtica da hemcia, a qual se torna maisfrgil, formando clulas pequenas com grande concentrao de hemoglobina) ouagresso por anticorpos (anemia hemoltica auto-imune - AHAI).

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    23/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    121

    Dacricitos, que so hemcias em forma de lgrima. Comum na mielofibrose e naanemia mieloblstica.

    Hemcias em alvo . Achado caracterstico nas hemoglobinopatias e naTalassemia.

    Equincitos ou hemcias crenadas. So hemcias com vrias pontas pequenascomuns nas hepatopatias, mas pode ser encontrada em caso de uso de heparinaou artefatos em lminas por substncia alcalina.

    Acantc it os . Hemcias com pontas de diversos tamanhos. Podem ser vistas nashepatopatias e em pacientes esplenectomizados.

    Esquizcitos ou hemcias fragmentadas. So hemcias com forma irregular, deformato esquisito. comum na anemia microangioptica e na coagulaointravascular disseminada (CIVD).

    Eritroblastos. So clulas jovens que, quando presentes na circulao perifrica,podem indicar uma produo medular exageradamente aumentada (como ocorrena anemia hemoltica). Isso ocorre pela maior liberao de clulas jovens pelamedula na medida em que as hemcias so destrudas.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    24/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    122

    OBS2: Outros achados no relacionados a forma: Hemcias aglutinadas (agrupamentos de hemcias): quando a hemlise causada por um anticorpo contra

    hemcias, elas acabam se agrupando (crioaglutininas). Hemcias em Roleux (hemcias em rolos, formam pilhas de rolos de hemcias): aparece em alta

    concentrao de globulinas anormais, mieloma mltiplo e macroglobulinemia.

    OBS3: Incluses nas hemcias:

    Corpsculos de Howell-Jolly: aparecem como se fossem um boto azul escuro junto membrana da hemcia,por fragmento nuclear ou DNA condensado. So comuns aps esplenectomia, anemias hemolticas severas. Hemcias com pontilhados basfilos: caracterizadas por vrios pontos roxos dentro da hemcia, pela

    precipitao dos ribossomos ricos em RNA. Aparecem na talassemia beta, intoxicao por chumbo, anemiahemoltica por deficincia de pirimidina-5-nucleotidase.

    Anel de Cabot : caracterizada pela forma de uma anel ou em oito dentro da hemcia, por restos nucleares.Ocorrem em em anemias hemolticas severas.

    APLICAES PRTICASCom o que foi visto at ento, o hemograma, atravs da anlise do eritrograma, nos permite avaliar as seguintes

    situaes no que diz respeito aos valores de hemoglobina: Hemoglobina diminuda ( < 13g/dl; < 12g/dl; grvidas < 11g/dl) indica a presena de anemia. Esta pode

    ser classificada em:

    Microctica e hipocrmicaa) Reticulcitos diminudos: anemia ferropriva.b) Reticulcitos aumentados: talassemia, anemia falciforme, esferocitose.

    Normoctica e normocrmicaa) Reticulcitos diminudos ou normais: doenas crnicas (diabetes, hipotireoidismo, insuficincia

    renal crnica, cncer, etc.).b) Reticulcitos aumentados: anemia hemoltica auto-imune (AHAI)

    Macroctica e normocrmica (anemia megalobstica)a) Reticulcitos diminudos: deficincia de cido flico e/ou deficincia de vitamina B12 (ingredientes

    fundamentais na constituio do material gentico). A deficincia destas duas vitaminas tambmgera um quadro de pancitopenia.

    b) Reticulcitos aumentados: AHAI.

    Hemoglobina normal ( 13 - 18g/dl; 11 - 16g/dl)

    Hemoglobina aumentada ( > 18g/dl; > 16g/dl) indica poliglobulia, que pode ser funcional (comum emindivduos que residem em grandes altitudes) como tambm pode sugerir doenas, como a DPOC(desencadeada por deficincias de trocas gasosas por problemas nos alvolos) e policitemia vera (causaprimria na medula ssea caracterizada por uma alterao gentica que faz com que ela produza hemcias emgrandes quantidades, fazendo com que o sangue se torne mais viscoso e aumente chances de doenascardiovasculares, como AVCs e infartos).

    A B C Analisando os dados laboratoriais da tabela, podemos chegar s seguintes concluses: O paciente A apresenta um eritrograma normal. necessrio, contudo, avaliar o

    esfregao da lmina para avaliar a morfologia das hemcias. O paciente B se apresenta com anemia (Hb de 10 g/dl), normoctica (VCM

    normal = 95fl) e normocrmica (HCM = 34pg) O paciente C apresenta uma poliglobulia (Hb = 19g/dl).

    Hb g/dl 12,9 10 19Ht % 37 30 57VCM 93 95 85HCM 32,4 34 36

    CHCM 34,9 36 37

    D E F Analisando os dados laboratoriais da tabela, podemos chegar s seguintes concluses: O paciente D apresenta uma anemia (Hb = 9,0g/dl), microctica (VCM = 68,3fl)

    e hipocrmica (HCM = 21,6pg). O paciente E apresenta uma anemia (Hb = 10g/dl), normoctica (VCM = 90fl) e

    normocrmica (HCM = 32pg). O paciente F apresenta uma anemia severa (Hb = 5,7g/dl), macroctica (VCM =

    124fl) e normocrmica (HCM = 36), sugerindo uma anemia megaloblstica.

    Hb g/dl 9,0 10 5,7Ht % 28,4 30 18,7VCM 68,3 90 124HCM 21,6 32 36

    CHCM 15,7 33 36

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    25/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arro s; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011.1

    123

    LEUCOGRAMA

    O leucograma o estudo da srie branca (ou leuccitos), em que se faz uma contagem total dos leuccitos euma contagem diferencial contando-se 100 clulas. O adulto normalmente apresenta de 5.000-10.000 leuccitos pormm de sangue aproximadamente.

    Como vimos a propsito de captulos anteriores, as clulas da linhagem linfide formadas at o mielcitoinclusive (mieloblasto, pr-mielcito e mielcito) so agrupadas no chamado compartimento mittico medular (emcomum, todas estas clulas se formam por mitose e no realizam fagocitose de agentes estranhos). J as clulas quevo desde os metamielcitos at os segmentados so clulas do chamado comparti mento de reserva medular (CRM),e que existem na medula ssea com o objetivo de suprir uma necessidade na vigncia de um processo infeccioso, porexemplo. Isso se faz importante pois, diferentemente das hemcias, os granulcitos vivem apenas poucas horas: osegmentado neutrfilo, por exemplo, vive apenas 6 horas.

    Alm disso, os leuccitos, quando chegam ao sangue perifrico, podem se comportar de duas maneiras: podem

    integrar o compartimento circulante (ocupando a circulao sangunea propriamente dita) ou integrar ocompartimento marginal (quando se encontra aderido s paredes dos vasos). Nesta forma, os leuccitos no sodeterminados ou mensurados pelo hemograma, mas na presena de uma infeco, eles podem retornar aocompartimento circulante. Estes compartimentos sempre esto em renovao constate: assim que um leuccito passa aintegrar o compartimento marginal, outro leuccito ocupa seu lugar no compartimento circulante.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    26/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    124

    OBS4: Quando os leuccitos ocupam o compartimento marginal na circulao sangunea, eles no podem ser mensurados noleucograma. Eles assim permanecem em situaes de jejum e repouso, podendo interferir nos resultados dos exames, mostrando-secomo uma leucopenia distributiva. Ao contrrio disso, alguns fatores podem fazer com que o leucograma de um indivduo normalapresente uma leucocitose fictcia: alimentao, exerccio fsico, estresses orgnicos ou psicolgicos, etc. Estas situaes cursam,de um modo geral, com a liberao de ACTH e adrenalina, que impedem a marginao dos leuccitos, podendo promover este visno leucograma,

    CONTAGEM DIFERENCIAL DE LEUCCITOS

    Em um paciente normal, as clulas encontradas (e seus respectivos valores de referncia) so: Moncitos (120 a 1.000/ml; 3 a 10%): uma das maiores clulas da srie branca, tm citoplasma azulado,

    ncleo irregular (indentado, lobulado, em C ou oval) podem ter vacolos (pela recente fagocitose). Quando estoaumentados usa-se o termo monocitose e ocorre em infeces virais, leucemia mielomonoctica crnica e apsquimioterapia.

    Linfcitos (880 a 4.000/ml; 22 a 40%): se pequenos tm citoplasma escasso, ncleo redondo; se grandes tmcitoplasma um pouco mais abundante. Podem ter grnulos. a clula predominante nos hemogramas decrianas (70% em crianas, contra 30% em adultos, em condies normais). Seu aumento chamado delinfocitose. Em adultos, seu aumento pode ser indcio de infeco viral ou leucemia linfoctica crnica.

    Eosinfilos (40 a 500/ml; 1 a 5%): citoplasma basoflico que no visualizado por causa da presena degrnulos especficos (de colorao laranja-avermelhada), com ncleo com 2-3 lbulos. Quando seu nmeroaumenta chamado de eosinofilia, e ocorre em casos de processos alrgicos ou parasitoses.

    Basfil os (0 a 200/ml; 0 a 2%): citoplasma cheio de grnulos preto-purpreos que cobrem o citoplasma. Em umindivduo normal, s encontrado at uma clula (em termos percentuais); seu aumento ocorre em processos

    alrgicos. Neutrfilos Segmentados (1.800 a 7.500/ml; 45 a 75%): citoplasma acidfilo (rseo), ncleo com vrios

    lbulos (2-5 lbulos) conectados com filamento estreito. a clula mais encontrada em hemogramas deadultos. Seu aumento pode indicar infeco bacteriana, mas pode estar aumentada em infeco viral.

    Neutrfilos.O neutrfilo o leuccito segmentado mais abundante

    no sangue perifrico de adultos (aproximadamente 70% doleucograma). Consiste na principal clula fagoctica emicrobicida das defesas imunes, sendo produzidas na medulassea a partir de clulas progenitoras pluripotenciais sob a aode vrios mediadores G-CSF e GM-CSF, sendo a primeiralinhagem de clulas a alcanar o foco infeccioso. Os leuccitos

    so liberados da medula ssea para o sangue perifrico, ondesua vida mdia de 6 - 7 horas.

    No que diz respeito ao comportamento dos neutrfilos,temos:

    Neutrofilia verdadeira: corresponde ao aumento realdo nmero de neutrfilos, que ocorre quando a medulassea solicitada para produo de neutrfilos,passando a enviar clulas inclusive imaturas. Asprincipais causas de neutrofilia verdadeira so:

    Infeces bacterianas diversas: estafilococos, estreptococos, pneumococos, meningococo, gonococo, E.coli, P. aeruginosa;

    Alguns vrus (vrus da raiva, vrus da poliomielite, herpes zoster). Pseudoneutrofilia: acontece na vigncia de um estmulo adrenrgico, que faz com que os neutrfilos da zona

    marginal tornem-se circulantes, aumentando o leucograma sem que haja, necessariamente uma infeco.

    Tambm h induo pelo uso de glicocorticides. Neutropenia: a diminuio do nmero de neutrfilos pode ocorrer na vigncia das seguintes situaes:

    Algumas infeces bacterianas: febre tifide e paratifide, etc; Infeces virais: a maioria dos vrus causa leucopenia, tais como: vrus da influenza, sarampo,

    mononucleose (esta cursa com leucocitose as custas de linfcitos atpicos), hepatite infecciosa, dengue(que costuma cursar com leucopenia e plaquetopenia).

    Protozorios: malria, calazar (leishmaniose). Infeces graves, como a tuberculose miliar e a sepse. Doenas hematolgicas: anemia aplstica, anemia megalobstica, anemia ferropriva. Doenas auto-imunes: LES, artrite reumatide, sndrome de Sjegren. Alguns produtos qumicos txicos medula ssea (como derivados de petrleo)

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    27/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    125

    Medicamentos: analgsicos e antiinflamatrios (Dipirona, Tributazona), antibiticos (Cloranfenicol,Clindamicina, Gentamicina, Vancomicina), anticonvulsivantes (Carbamazepina, Imipramida, Fenitona),anti-hipertensivos (Propanolol, Captopril, etc.).

    Ao contrrio dos macrfagos, os neutrfilos no residem em tecidos saudveis ou no se apresentam circulandolivremente no sangue. Eles s migram para estes locais na presena de danos teciduais, sendo os tecidos o local deconsumo.

    A principal funo dos neutrfilos impedir ou retardar a introduo de agentes infecciosos ou material estranhono ambiente do hospedeiro. Essa funo realizada atravs da fagocitose e digesto do material.

    A interleucina 8 aumenta a capacidade dos neutrfilos de destruir bactrias pela intensificao fagocitose,liberao de grnulos, que desencadeia assim uma firme adeso dos neutrfilos a clula endotelial, migrao para ostecidos e ativa seu mecanismo efetor.

    Os neutrfilos so atrados pelo estmulo quimiotxico por produtos bacterianos e componentes docomplemento. Isso o incio da resposta imediata que ocorre em menos de uma hora. A cintica dos neutrfiloscaracteriza-se pelas seguintes etapas: (1) Adeso, rolamento e diapedese; (2) Ingesto do agente infeccioso; (3)Desgranulao; (4) Destruio do organismo.

    Eosinfilos.Assim como os neutrfilos, os eosinfilos so

    produzidos e armazenados na medula ssea. Eles soatrados para tecidos, onde exista invaso por parasitas oustios de reao alrgica.

    Trs citocinas tm um papel importante nadiferenciao dos eosinfilos: IL-3, IL-5 e o fator estimuladorde granulcitos e macrfagos (GM-CSF). Os eosinfilos tmatividade proinflamatria e citotxica, participando da reao epatognese de numerosas doenas alrgicas, parasitrias eneoplsicas.

    As alteraes na contagem dos eosinfilos so: Eosinofilia: doenas alrgicas (asmas, doenas cutneas como escabiose, pnfigo, etc.), infeces por

    parasitas, doenas hematolgicas (ateroembolismo), Sndrome de Churg-Strauss, algumas formas de leucemiamielide aguda, leucemia mielide crnica, Linfoma de Hodgkin, Doena de Addison, etc.

    Eosinopenia: no existe uma condio patolgica que cause eosinopenia, uma vez que o seu valor normal vaidesde 1 a 5%.

    Basfilos.Os grandes grnulos dos basfilos so ricos em

    histamina, serotonina e leucotrienos.So, portanto, a principal fonte de histamina na

    circulao, que liberada pela desgranulaodeterminada pela interao de seus receptores Fc comIgE. A histamina, liberada pelos basfilos, um pontenteagente quimiottico para os eosinfilos.

    As alteraes na contagem dos basfilos so: Basofilia: mixedema, cncer, infeces virais como a varicela e influenza, infeces crnicas (tuberculose),

    neopaslias pulmonares, estados inflamatrios (como na artrite reumatide e colite ulcerativa), deficincia deferro, doenas mieloproliferativas, leucemias.

    Basopenia: rara assim como a eosinopenia.

    Moncitos.Os moncitos so clulas originadas na medula ssea,

    onde encontramos as formas imaturas, monoblastos epromoncitos.

    Os moncitos so as clulas circulantes efetivas nosangue; contudo, quando ativadas, elas migram para ostecidos, se transformam em macrfagos e fagocitam antgenospara processamento e apresentao celular. Eles apresentamuma meia vida de 8,4 horas e da vai para os tecidos. Nestessobrevivem por alguns anos como macrfagos tissulares.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    28/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    126

    Elas so clulas ricas em enzimas como fosfatase alcalina, lisozimas e - glicuronidases. So importantestambm pois possuem uma capacidade maior de fagocitose sem um prvio conhecimento do invasor, exercendo afuno de digesto e apresentao de antgeno processado ao linfcitos CD4 (base da resposta imune). So, portanto,as clulas envolvidas na ativao de clulas T virgens especficas para o antgeno.

    A monocitose pode ocorrer nas seguintes condies: tuberculose, endocardite bacteriana, sflis, linfomas eleucemias, doenas do colgeno, sarcoidose, etc.

    Linfcitos.Os linfcitos so produzidos a partir de uma

    clula-tronco progenitora da medula ssea que d origema linhagem linfide com linfcitos B e T. Os linfcitos B,amadurecidos na medula ssea, podem se diferenciar emplasmcitos e produzirem anticorpos; os linfcitos Tamadurecem no timo. impossvel, microscopicamente,diferenciar os linfcitos B e T.

    Os tecidos linfides dividem-se em dois tipos: Tecido linfide primrio: so os rgos onde

    ocorre o amadurecimento dos linfcitos (medulassea e timo)

    Tecidos linfides secundrios: onde os linfcitos maduros se tornam estimulados para responder a patgenosvia apresentao antignica (linfonodos, bao e tecido linfide associado ao intestino).

    Os linfcitos podem participam de dois tipos de respostas: Inata ou imediata: a primeira defesa do organismo, mas nem sempre consegue eliminar a infeco. Adaptativa (tard ia): iniciada nos tecidos linfides (bao e linfonodos), onde os linfcitos patgenos especficos

    encontram os antgenos e so ativados por eles.

    As alteraes na contagem de linfcitos podem ocorrer nos seguintes casos: Linfocitose: infeces como mononucleose (linfcitos atpicos), hepatite infecciosa, tuberculose, leucemias. Linfopenia: LES, AIDS, uso de corticoesterides.

    Outras clulas que podem ser encontr adas. Blasto:

    o Linfoblasto:

    L1: clula pequena, citoplasma basoflico e escasso. Encontrada nas leucemia linfide aguda tipo L1. L2: clula de tamanho mdio, citoplasma de tamanho e basofilia variada. Encontrada na leucemia linfideaguda tipo L2.

    L3: clula grande ou mdia, citoplasma com intensa basofilia e com vacolos. Aparece no linfoma deBurkitt.

    o Mieloblasto: possui citoplasma escasso, azulado (basoflico), ncleo redondo ou oval, com um ou mais nuclolosevidentes. Pode apresentar grnulos no seu citoplasma e basto de Auer (forma de agulha). Os mieloblastosaparecem em casos de leucemia mielide e podem aparecer na sndrome mielodisplsica ou na reao leucemide(infeco grave).

    o Monoblasto: similar a outros blastos mas com ncleo mais contorcido ou irregular que o mieloblasto. Aparece naleucemia mielomonoctica aguda ou na leucemia monoctica aguda.

    Promielcitos neutroflico: O mieloblasto evolui para promielcito, clula maior que o mieloblasto, citoplasma basfilo,grnulos de colorao vermelho-prpura (grnulos primrios), ncleo oval com uma pequena identao.

    Mielcitos neutroflico: O promielcito evolui para mielcito, clula com citoplasma acidfilo (rosa), mais abundante que opromielcito e com poucos grnulos e j no so mais visualizados os nuclelos.

    Metamielcitos neutroflico: citoplasma acidfilo, ncleo identado com forma de feijo, poucos grnulos. Bastonetes Neutroflico: citoplasma acidfilo, ncleo em forma de S ou C. No comum seu achado em sangue de pacientes

    normais, mas aparecem em nmero aumentado em casos de infeco. Linfcitos atpicos: citoplasma mais basoflico que o linfcito normal, ncleo irregular. Aparece em infeces virais. Em

    grande nmero na mononucleose infecciosa, na infeco por citomegalovrus, na toxoplasmose. Clulas plasmticas: citoplasma basoflico, tamanho moderado e ncleo excentrico. Pode aparecer no mieloma m ltiplo. Clulas linfomatosas: citoplasma em quantidade variada, ncleo dobrado, convoluto, clivado ou dobrado. Com um ou mais

    nuclelos. Aparece em linfomas. Hairy cells: citoplasma azul plido, com projees citoplasmticas. Aparece somente na leucemia das clulas cabeludas. Clula cerebriforme: ncleo escuro contendo fendas e dobras (aparncia de crebro). Aparece na sndrome de Szary.

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    29/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLOGIA MEDICINA P8 2011. 1

    127

    INCLUSES CITOPLASMTICAS QUE PODEM SER ENCONTRADAS EM NEUTRFILOS Granulaes Txicas: quando h um aumento na produo dos granulcitos, h uma diminuio no tempo da

    maturao das clulas precursoras dos neutrfilos. Por isso os neutrfilos aparecem no sangue com os grnulosprimrios. Esto presentes em casos de infeces.

    Vaculos: resultandes da fagocitose. Podem aparecer nos neutrfilos e moncitos. Seu relato s importantequando aparece nos neutrfilos. Aparece em casos de infeces graves.

    FUNDAMENTOS DO LEUCOGRAMAO Leucograma fornece a contagem total e diferencial dos leuccitos no sangue perifrico. A contagem global ediferencial varia de acordo os seguintes parmetros: Idade, Estado fisiolgico e Etnia.

    Idade Estado fisiolgico Etnia Recm- nascido: predomnio de

    neutrfilos. Primeiro ms: predomnio de

    linfcitos. A partir dos 4 anos: predomnio

    de neutrfilos. O envelhecimento no altera o

    nmero dos leuccitos, masacompanha um dficit funcional

    Normalmente, a gestante apresenta neutrofiliacom desvio a esquerda

    A alimentao e o exerccio fsico liberamnormalmente os leuccitos do compartimentomarginal para a corrente sangunea, podendoaumentar a contagem

    A raa negra tem 20%a menos de leuccitosque a raa branca

    As etapas da coleta de sangue para realizao do leucograma devem obedecer a seguinte sequncia: coleta dosangue perifrico com EDTA; confeco do esfregao sanguneo; colorao de escolha; aparelho de contagemeletrnica de clulas; microscopia.

    Os valores de referncia para leucometria esto na faixa entre 3600 11000 leuccitos: abaixo de 3600, tem-se leucopenia; acima de 11000, tem-se leucocitose. Os valores de referncia para cada componente do leucograma(utilizando-se uma faixa entre 5000 e 10000 clulas) podem ser encontrados na tabela a seguir:

    Leucometria 5000 a 10.000Relativo Absoluto

    Bastes 0 a 5 % 0 a 500Neutrfilos 54 a 74% 1.500 a 6.500Eosinfilos 0 a 5% 80 a 500Basfilos 0 a 1% 0 a 100

    Linfcitos 18 a 44% 900 a 3.600Moncitos 2 a 9% 100 a 900

    Alteraes quantitativas dos neutrfilos e leuccitosNeutrofilia Leucopenia Aumento reacional: infeco,

    inflamao crnica, necrose Redistribuio do compartimento de

    reserva (estresse, adrenalina,exerccio, corticosterides)

    Doena mieloproliferativa, neoplasias. Infeces: Estafilococo, Estreptococo,

    Pneumococo, Meningococo,

    Gonococo, E. coli, P. aeruginosa,Vrus da raiva, Vrus da Poliomielite,Zoster, Catapora e Varola.

    Deficit de produo medular: anemia Aplstica, deficincia devitamina B12 e cido flico; Mielodisplasia; Hemoglobinriaparoxstica noturna.

    Consumo aumentado: infeces bacterianas (por gram negativas);maioria das infeces virais (Vrus da Dengue, Mononucleose,Citomegalovrus, Vrus hepatite B e C, Vrus HIV).

    Parasitose: Toxoplasmose e esquistossomose (Hiperesplenismo) Doenas auto-imunes: L.E.S, artrite reumatide, Sjoegren,

    tireoidopatias. Exposio a produtos txicos: Benzeno, tner, solventes Drogas: analgsicos e antiinflamatrios (dipirona), indometacina,

    fenilbetazona, antibiticos (Cefalosporina, Clorafenicol,Clindamicina, Gentamicina, Isoniazida, Vancomicina, SMT-TMP),Anticonvulsivantes e anti-depressivos (Carbazepina, Fenitona,Amitriptilina, Imipramida, Clorpromazida), drogas cardiovascularese diurticos (Captopril, Metildopa, Propranolol, Clortalidona,Hidroclorotiazida).

  • 5/27/2018 [RESUMO]HEMATOLOGIA - COMPLETA

    30/142

    Arlindo Ugul ino Netto; Luiz Gu stavo B arros ; Yuri Leite Eloy HEMATOLO