Resumos de textos de Ecologia

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Resumos Outubro, 2009 Resumos de textos de Ecologia Aluno: Francisco Paulo Rodrigues de Jesus

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Textos sobre Ecologia.

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Resumos

Outubro, 2009

Resumos de textos de Ecologia

Aluno: Francisco Paulo Rodrigues de Jesus

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2 Resumos de textos de Ecologia

Brasília, DF2009

Outubro, 2009Universidade UNICESP

Professora Tânia

Resumos

Resumos de textos de Ecologia

Francisco Paulo Rodrigues de Jesus

UNICESP

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3 Resumos de textos de Ecologia

Brasília, DF2009

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4 Resumos de textos de Ecologia

Sumário

INTRODUÇÃO..................................................................................................... 4

1 – O conceito de Bioma......................................................................................... 5

2 – Ecossistemas aquáticos...................................................................................... 8

3 – Biodiversidade aquática e recursos pesqueiros................................................. 15

4 – Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro.......................................... 17

5 – Conversão do Cerrado em pastagens cultivadas e funcionamento de

latossolos................................................................................................................. 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 20

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 21

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5 Resumos de textos de Ecologia

Resumos de textos de Ecologia1

Franscisco Paulo Rodrigues de Jesus2

Introdução

Os textos de modo geral são fontes de informação para os leitores. No ensino de

Ecologia, os textos trazem informações necessárias para o entendimento das relações

ecológicas entre os seres vivos e o meio ambiente. Também servem como estímulos

para que o estudante compartilhe e discuta idéias, compreenda a realidade que o cerca e

construa novos conhecimentos. Os textos são instrumentos de educação que lidos

conforme um roteiro bem definido e estruturado contribuirão para a atualização e o

aprendizado do estudante.

Este é um documento contendo resumos de cinco textos sugeridos para leitura na

disciplina de Ecologia, do curso de Gestão Ambiental. Esses textos foram ordenados

considerando os textos mais simples até os mais complexos.

A leitura dos textos foi feita identificando as principais informações como:

título, sub-título, autor, data de publicação, veículo de comunicação, tipo de publicação,

tema central, informações principais e secundárias, problemas (quando apontados),

resultados e conclusões. De início, foi feita uma leitura flutuante como primeiro contato

verificando as idéias trazidas pelos textos e depois uma leitura profunda dos textos que

permitiu a impregnação dessas idéias e a coleta de informações para fins de elaboração

desse documento. A bibliografia citada pelos autores dos textos também foi observada.

As informações identificadas e selecionadas foram anotadas em fichas de estudo

que foram usadas na elaboração dos resumos dos textos. Nesse trabalho, foram usadas

além das habilidades de leitura as de redação para elaborar esse documento.

Posteriormente, este será usado em estudos e como fonte de informação para outros

trabalhos escolares futuramente.

1 Disciplina: Ecologia2 Estudante de gradução de Gestão Ambiental

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6 Resumos de textos de Ecologia

1. O conceito de Bioma

Com a crescente preocupação ambiental por parte da sociedade, inúmeros

conceitos científicos têm sido usados pela mídia de forma inadequada. Por isso,

necessitam de ser esclarecidos. O entendimento dos conceitos permitirá que medidas de

conservação do meio ambiente sejam tomadas.

O conceito Bioma é usado para designar uma área de espaço geográfico, com

dimensões de até mais de um milhão de quilômetros quadrados, que tem por

características a uniformidade de um macroclima definido, de uma determinada

fitofisionomia ou formação vegetal, de uma fauna e outros organismos vivos

associados, e de outras condições ambientais, como a altitude, o solo, os alagamentos, o

fogo, a salinidade, entre outros. Estas características todas lhe conferem uma estrutura e

uma funcionalidade peculiares, uma ecologia própria (Walter, 1986).

Antes do conceito de bioma, diversos conceitos foram usados inicialmente,

como por exemplo: formas de crescimento, formas de vida, fitofisionomias, unidade

fisionômica, dentre outros. Dessa forma, diversos conceitos buscaram explicar a

evolução das plantas vasculares, caracterizando o predomínio ou a proporção das

diversas formas vegetais e outras características. Os fatores físicos determinantes das

vegetações como clima, solo, fogo, chuvas, também foram considerados.

O termo fitofisionomia é a primeira impressão causada pela vegetação (Allen,

1998). Esse se relaciona à característica morfológica da comunidade vegetal.

São exemplos de bioma:

Biomas que compõem o domínio morfoclimático e fitogeográfico Amazônico:

este bioma não é formado por um único tipo de floresta, por um único bioma, em toda

sua vasta extensão. Há presentes diferentes biomas como: a floresta de terra-firme, um

bioma de floresta tropical pluvial do Zonobioma I, que predomina a floresta de igapó,

inundável, um bioma de floresta pluvial tropical do hidrobioma I; as caatingas do rio

Negro, um bioma de savana arenosa, distrófica, inundável do psamo-peino-hidrobioma

I; os campos rupestres, como os dos picos das serras, nas fronteiras com países vizinhos,

um litobioma do Orobioma I, dentre outros. O bioma Amazônico é um conjunto de

biomas. O mesmo ocorre com o bioma Cerrado.

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7 Resumos de textos de Ecologia

O bioma Cerrado é formado por diversos biomas que se encontram no domínio

do Cerrado. Seriam o Cerrado sensu lato (Cerrado), um bioma de savana do piro-

peinobioma II; as florestas de galeria, um bioma de floresta tropical estacional, sempre

verde, paludosa, do hidro-helobioma II; os campos paludosos, um bioma campestre

tropical do helobioma II; os campos rupestres da Serra do Espinhaço, conhecidos pela

sua alta biodiversidade e riqueza em endemismos, que seriam um bioma savânico do

lito-piro-peinobioma II; as florestas tropicais estacionais sempre verdes, um bioma

desse tipo de florestas do Zonobioma II; as florestas tropicais estacionais semidecíduas,

um bioma desse outro tipo de florestas do litobioma II, características de solos rasos ou

afloramentos de calcário. Embora o macroclima seja o mesmo, tropical com chuvas de

verão e inverno seco, encontram-se vários biomas distintos. São fitofisionomias,

formações, bastante diversas. Seus solos, do ponto de vista físico-químico, hídrico,

biológico, também são muito diferentes. A ocorrência de queimadas, um fator natural,

varia mito de freqüência nestes diversos ambientes. Não se deve duvidar em considerá-

los como biomas individuais, que fazem parte de um mesmo domínio morfoclimático e

fitogeográfico. Por sua vez, este é, também um mosaico de diferentes biomas, uns mais

extensos, outros menos. O mais extenso determinou o nome do bioma Cerrado.

O Cerrado é uma savana, aceitando dois conceitos: um de natureza

fitofisionômica e outro referente a um grande tipo de ecossistema, com seu tipo

particular de vegetação. A fitofisionomia savânica ocupa 67% da área de Cerrado,

dando unidade geográfica à região. Os campos cerrados, sujos e limpos, não incluídos

na fisionomia savânica, perfazem 12%. Os cerradões, 10%. Dessa forma, o Cerrado é

considerado um bioma de savana do tipo de vista fitofisionômico. O Cerrado não é um

bioma único, mas um complexo de biomas, formado por um conjunto de comunidades

pertencentes a um gradiente de formações ecologicamente relacionadas, que vai de

campo limpo a cerradão. Todavia a grande maioria dos autores nacionais e

internacionais aceita o Cerrado como um bioma de savana neotropical, como os Lhanos

venezuelanos, a caatinga nordestina, a caatinga Amazônica do rio Negro. Também há

outros biomas de savana de ocorrência nas zonas paleotropical e australiana, não

conhecidos pelo nome de Cerrado. Para certos autores da África e da Austrália, o termo

savana não tem um significado meramente fitofisionômico, mas refere-se a um tipo de

ecossistema de grandes escala, isto é, aqueles ecossistemas que se encontram entre a

floresta tropical equatorial e os desertos e semi-desertos da África, Austrália e América

do Sul. Essa savana forma uma fisionomia contínua de tipos fechados de florestas com

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vegetação herbácea heliofítica, por cerradões pouco abertos, onde há fogo e cujas

árvores são tolerantes a ele a herbáceas edáficas com poucas árvores. O conceito de

savana acima não inclui florestas densas fechadas como as florestas tropicais estacionais

e os cerradões densos e sombrios. O termo woodland ou arvoredo é usado para a

fitofisionomia cerradão e closed woodland não correspondem aos cerradões fechados,

nem às florestas tropicais estacionais densas e exuberantes, cujas espécies não toleram

ao fogo e exigem solos mais ricos em nutrientes. Além disso, essas formações fechadas,

com dossel contínuo, criam muita sombra em seu interior, o que impede o

desenvolvimento de um estrato herbáceo-subarbustivo heliófilo, característica

fundamental do bioma de savana. A mudança deste estrato, de heliófilo para umbrófilo

estabelece o exato limite entre o bioma de savana e os biomas de florestas tropicais

estacionais densas vizinhos.

O fato dos cerradões densos e fechados conterem espécies de cerrado, não deve

ser critério para incluí-los no bioma savânico do Cerrado, uma vez que a flora não deve

ser levada em conta, segundo os conceitos de bioma. Os cerradões representam

transições entre o bioma de savana do Cerrado e o bioma da floresta tropical estacional

semicaducifólia.

Todas as savanas tropicais do mundo, nos mais diferentes continentes, têm essa

complexidade fitofisionômica, forma esse mosaico, esse gradiente de comunidades

fisionomicamente diversas, e são consideradas como um bioma pela grande maioria dos

autores. É que as comunidades que formam esse gradiente são ecologicamente

relacionadas, têm os mesmos fatores determinantes ou co-determinantes e respondem a

seus gradientes.

Os mapas de distribuição dos biomas no mundo colocam o Cerrado brasileiro e

as caatingas nordestinas exatamente na área correspondente aos biomas do tipo savana.

Walter (1986) considerou o Cerrado como uma savana especial, ao lado de Lhanos do

Orinoco, na Venezuela, das savanas australianas e das savanas da África Oriental

(região de Serengeti). Portanto, ao se considerar o Cerrado como um bioma de savana,

quer do ponto de vista fitofisionômico, quer do ponto de vista ecossistêmico.

As outras fitofisionomias do domínio do cerrado, como as matas de galeria

sempre verdes, os campos paludosos, as florestas tropicais estacionais sempre verdes, as

semicaducifólias e as caducifólias, também chamadas de matas secas, estão fora do

bioma de savana de Cerrado. Estas são florestas de maior porte, de maior complexidade

estrutural, de estrato herbáceo ombrófilo, de troncos mais retilíneos e de maior

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diâmetro, cortiças delgadas, folhas pouco ou nada esclerificadas, fauna de sombra, solos

mesotróficos a eutróficos, mais argilosos e com maior retenção hídrica, fogo natural

ausente ou pontual, ou apenas de serrapilheira, nas bordas de mata em contato com

cerrados queimados.

Portanto, o bioma Cerrado é formado por mais de um bioma, com caráter de

biomas próprios. O bioma é um tipo de ambiente bem mais uniforme em suas

características gerais, em seus processos ecológicos, enquanto que o domínio é muito

mais heterogêneo. Bioma e domínio não são sinônimos e usá-los como tal pode

dificultar a conservação dos diversos tipos de biomas de Cerrado. Como o bioma

Cerrado não é considerado patrimônio nacional, tal qual a Amazônia, o mesmo não está

protegido por lei, necessitando aplicação de legislação específica para proteção dos

diversos tipos de biomas, como florestas.

2. Ecossistemas aquáticos

Os ecossistemas aquáticos abrangem os rios, lagos, lagoas, geleiras, recursos

hídricos superficiais e subterrâneos, ecossistemas marítimos e costeiros. Esses

ecossistemas são analisados de acordo com o bioma a que pertencem, como floresta

amazônica, caatinga, cerrado, pantanal, mata atlântica, campos sulinos, zona costeira e

marinha.

Os ambientes aquáticos, marinhos e continentais abrigam grande diversidade de

seres, incluindo algas, bactérias, macrófitas, artrópodes (crustáceos e insetos) e

vertebrados. Da fauna que habita os ambientes aquáticos, os peixes representam um

pouco mais que a metade das espécies de vertebrados conhecidos no mundo.

No Brasil, os ecossistemas aquáticos constituem um conjunto de bacias e regiões

hidrográficas com características bastante diferenciadas, que contribuem para o

desenvolvimento de inúmeras espécies vegetais e animais. Esses ecossistemas

comportam parte da rica biodiversidade brasileira.

Os ecossistemas aquáticos são analisados de acordo com o bioma ao qual

pertencem, como: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Campos

Sulinos, Zona Costeira e Marinha (MMA, 2002).

A dimensão da Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas e a sua grande

heterogeneidade ambiental são razões de fundamental importância para a manutenção

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de sua alta diversidade. O número de espécies de peixes encontradas na Bacia do Rio

Amazonas, segundo estimativa de Roberts (1972) supera 1.300, quantidade superior à

encontrada nas demais bacias do mundo.

Estudos apontam que a Caatinga é rica em espécies aquáticas. Foram

identificadas 185 espécies de peixes, distribuídas em 100 gêneros, sendo que 57,3% das

espécies registradas são endêmicas. Destaque-se o grande número de espécies de peixes

anuais (família Rivulidae) encontradas apenas ao longo do médio curso do Rio São

Francisco.

A indicação de áreas prioritárias para peixes foi realizada a partir da

identificação da distribuição da ictiofauna, resultando na divisão da Caatinga em quatro

ecorregiões: Maranhão/Piauí; Nordeste Médio Oriental; Bacia do Rio São Francisco; e,

Bacias do Leste. Em cada uma das ecorregiões, foram selecionadas áreas prioritárias

para a conservação da biota aquática, baseada especialmente no diagnóstico biológico,

que inclui a riqueza e o endemismo de espécies; a presença de espécies ameaçadas; e, a

ocorrência de fenômenos biológicos especiais.

A diversidade de espécies no Cerrado e no Pantanal pode ser exemplificada

pelos dados da ictiofauna. Estima-se que existam cerca de 780 espécies nesse bioma, no

entanto este número pode ser maior devido às constantes descobertas de outras espécies.

Atualmente, apenas 0,44% do Cerrado e do Pantanal está contemplado por Unidades de

Conservação genuinamente aquáticas, sendo, portanto, recomendável a criação de novas

Unidades, que considerem as espécies migradoras, com a finalidade de conservar a

riqueza existente. Os sistemas mais ameaçados na região compreendem as cabeceiras

das bacias de drenagem e as planícies de inundações dos grandes rios. Inserem-se ainda

as veredas e os brejos de altitude, pois são habitados por várias espécies anuais de

distribuição muito restrita. Nesse bioma é também recomendável a proteção das áreas

com conexões entre bacias hidrográficas, em especial a do rio Sapão (rio do Sono e rio

Preto), localizada no Chapadão oeste do Estado da Bahia e a região do córrego

Arrependido (rio Preto e rio São Marcos), nas proximidades do Distrito Federal.

Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem uma ictiofauna

rica e variada associada à floresta, que lhe proporciona proteção e alimento. A

característica marcante dessa ictiofauna é seu grau de endemismo, resultante do

processo de evolução histórica das espécies em área geomorfologicamente isolada.

Os ecossistemas aquáticos dos Campos Sulinos fazem parte de grandes

drenagens que atravessam variadas formações vegetais, inclusive a Mata Atlântica. As

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11 Resumos de textos de Ecologia

principais biotas aquáticas dos Campos Sulinos são: parte da bacia do rio

Paranapanema, em São Paulo; o rio Ribeira, no Paraná; o alto do rio Iguaçu, incluindo

seus afluentes no Paraná e Santa Catarina; e, o alto do rio Uruguai, com seus afluentes

formadores em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Com essa conformação torna-se evidente a heterogeneidade da ictiofauna dos

ecossistemas aquáticos do bioma Campos Sulinos, pois compreendem elementos de

drenagens distintas quanto a geomorfologia (alto Paraná, alto Iguaçu, alto Uruguai, por

exemplo), que se mantiveram historicamente isolados de outras bacias hidrográficas. A

região de cabeceiras do rio Iguaçu nos Campos Sulinos possui elevados índices de

diversidade e endemismo, além de um número bastante representativo de espécies raras

e ameaçadas e de comunidades especiais, caracterizando-se como área de extrema

importância biológica. Os dados biológicos apresentados aliados à grande fragilidade do

ecossistema e ao grau de ameaça existente, justificam que essa área seja caracterizada

como de alta prioridade de conservação. As cabeceiras do rio Paranapanema,

parcialmente incluída nas biotas da Mata Atlântica e dos Campos Sulinos, foram

identificadas como prioritárias para a realização do inventário da ictiofauna.

A extensão e a diversidade da Zona Costeira e da Zona Marinha brasileira, em

termos de ecossistemas e espécies, configuram uma situação distintiva, em que à

biodiversidade local e às inúmeras espécies endêmicas se sobrepõem rotas migratórias e

sítios de condicionamento e desova para espécies migratórias de distribuição global.

Assim, a preservação ou a degradação de determinados ecossistemas deixa de ter um

efeito local. A perda de espécies endêmicas implica no empobrecimento da

biodiversidade global, e a devastação ou a fragmentação de habitats pode gerar efeitos

amplificados sobre diversas populações e suas rotas migratórias, interferindo na

dinâmica de ecossistemas muitas vezes distantes das áreas afetadas.

Três ecorregiões costeiras e marinhas do Brasil têm a sua biodiversidade

reconhecida em avaliações internacionais. A primeira corresponde às regiões de

manguezais e às áreas úmidas costeiras que se estendem da Venezuela ao norte do

Brasil, suportando grandes populações de peixes e aves migratórias, alem de tartarugas

e do peixe-boi-marinho. A segunda refere-se integralmente à costa brasileira,

incorporando os ecossistemas costeiros e marinhos do Nordeste, formados por dunas,

restingas, manguezais e recifes de corais. A terceira engloba os ecossistemas do

Atlântico sudoeste, compartilhando áreas da Argentina, do Uruguai e do sul do Brasil,

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12 Resumos de textos de Ecologia

de extrema importância para populações de mamíferos marinhos e aves costeiras e

marinhas.

Além de fornecer parte substancial dos alimentos consumidos no Planeta a Zona

Marinha responde por diversos recursos minerais, com destaque para o petróleo. A

biodiversidade dos oceanos é enorme e ainda pouco investigada. Contudo, é

mundialmente reconhecida a ameaça que paira sobre as tartarugas marinhas e os

mamíferos, com destaque para certas espécies de baleias, alem da sobrepesca que afeta

grande parcela dos estoques pesqueiros. Os acidentes ambientais, principalmente com

produtos químicos e petroquímicos embarcados, representam ameaças constantes tanto

para os oceanos como para as áreas costeiras.

A Zona Costeira brasileira é uma unidade territorial, definida em legislação para

efeitos de gestão ambiental, que se estende por 17 estados e abrange mais de 400

municípios distribuídos do norte equatorial ao sul temperado do País. Tem como

aspectos distintivos sua extensão e a grande variedade de espécies e de ecossistemas. Se

estende por 7.300 km, distância que se eleva para mais de 8.500 km, quando se

considera o recorte litorâneo. A plataforma continental apresenta largura variável, com

cerca de 80 milhas náuticas no Amapá, e 160 milhas náuticas na foz do rio Amazonas,

reduzindo-se para 20 a 30 milhas náuticas na região Nordeste, onde é constituída,

basicamente, por fundos irregulares com formação de algas calcárias. A partir do Rio de

Janeiro, na direção sul, a plataforma volta a se alargar, formando extensos fundos

cobertos de areia e lama. A Zona Costeira mantém forte contato com dois outros

importantes biomas de elevada biodiversidade, o Amazônico e, com expressiva

sobreposição, o da Mata Atlântica, este com o pouco que lhe resta praticamente

concentrado junto ou sobre a Zona Costeira.

É uma região de transição ecológica que desempenha importante função de

ligação e trocas genéticas entre os ecossistemas terrestres e marinhos, fato que a

classifica como ambiente complexo, diversificado e de extrema importância para a

sustentação da vida no mar. A elevada concentração de nutrientes e outras condições

ambientais favoráveis, como os gradientes térmicos e a salinidade variável e, ainda, as

excepcionais condições de abrigo e suporte à reprodução e à alimentação inicial da

maioria das espécies que habitam os oceanos, transformaram os ambientes costeiros

num dos principais focos de atenção no que diz respeito à conservação ambiental e à

manutenção de sua biodiversidade.

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13 Resumos de textos de Ecologia

A preocupação com a integridade e o equilíbrio ambiental das regiões costeiras

decorre do fato de serem as mais ameaçadas do Planeta tanto por representarem elos de

intensa troca das sociedades humanas (mercadorias), como pela exploração desordenada

e muitas vezes predatória de seus recursos naturais (peixes e outros recursos vivos) e

ainda por terem se tornado o principal local de lazer, turismo ou moradia de grandes

massas de populações urbanas.

A Zona Costeira é responsável por ampla gama de ?funções ecológicas?, tais

como: a prevenção de inundações, da intrusão salina e da erosão costeira; a proteção

contra tempestades; a reciclagem de nutrientes e de substâncias poluidoras; e a provisão

de habitats e recursos para uma variedade de espécies exploradas, direta e

indiretamente.

Na região Norte estão incluídas, entre outras áreas, o setor atlântico da costa

norte do Amapá; o golfão amazônico; a ilha de Marajó; as reentrâncias paraenses e

maranhenses; o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e o complexo estuarino

formado pela baia de Tubarão; o golfão maranhense; a área dos pequenos lençóis e

estuários do rio Preguiças; e, o delta do rio Parnaíba. A fauna é representada por

quelônios, mamíferos (peixe-boi-marinho), aves (ocorrência e reprodução de espécies

ameaçadas de extinção, como o guará, e corredores de migração e invernada para outras

espécies) e peixes diversos.

As principais ações antrópicas são: o desmatamento de manguezais, várzeas, de

madeiras de lei para o carvão e a agricultura itinerante; o extrativismo vegetal (açaí e

espécies lenhosas); o contrabando de animais silvestres; a biopirataria; a caça; a pesca

predatória e a captura predatória de caranguejos; a criação de gado bovino e bubalinos

nos campos, apicuns e marismas; a construção de estradas em áreas de preservação

permanente; a drenagem de igarapés e cursos de água; a extração de minerais de uso

direto na construção civil; a expansão urbana desordenada; os resíduos sólidos e esgotos

domésticos; efluentes industriais; especulação imobiliária; e, a ocupação desordenada

nas sedes municipais, nos aterros e no garimpo.

A Zona Costeira do nordeste compreende a área que se estende do delta do

Parnaíba até a divisa da Bahia com o Espírito Santo, englobando oito estados. Ali se

encontram ecossistemas estuarinos, manguezais e lagoas costeiras, considerados de

extrema importância biológica, com alta biodiversidade, riqueza de espécies e

diversidade filética. O delta do Parnaíba foi indicado como área de estrema importância,

caracterizado por expressivo manguezal. No Ceará destacam-se os estuários do rio

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14 Resumos de textos de Ecologia

Jaguaribe e do Coco, além de áreas estuarinas de alta biodiversidade de Aracati,

Camocim e Barroquinha. No Rio Grande do Norte, as áreas de Curimataú/Cunhaú,

lagoa do Guaraíra e o Potengi são caracterizadas por estuários e manguezais ricos em

biodiversidade filética, riqueza de espécies de importância socioeconômica. O Estado da

Paraíba e de Pernambuco apresenta, também, estuários e manguezais importantes, pela

alta biodiversidade e pela riqueza de espécies de interesse econômico e sociocultural. O

litoral de Alagoas inclui o delta do rio São Francisco, compartilhado com Sergipe, e o

complexo estuarino-lagunar Mundaú/Manguaba, apresentando grande piscosidade. Ao

longo do litoral da Bahia ocorrem manguezais com alta riqueza de espécies e

diversidade filética. Nos estuários, algumas espécies endêmicas de peixes, crustáceos e

moluscos, bem como espécies migratórias de tartarugas e garças.

A região Sudeste é a de maior densidade demográfica e constitui o maior pólo

econômico e industrial do País. Destaca-se o eixo Rio - São Paulo que, por sua

localização na zona costeira, exerce influência direta como pressão desestabilizadora

dos ecossistemas aquáticos. Associados a isso, destacam-se a urbanização

descontrolada, os portos (fontes reais e potenciais de poluição química), os terminais

petrolíferos, as atividades de cultivo aquático (incluindo a introdução de espécies

exóticas) e o aporte de águas fluviais contendo fertilizantes e defensivos agrícolas. Três

compartimentos podem ser considerados como extremamente perturbados: a baias de

Santos, a baia da Guanabara e a de Vitória. Outros se encontram em nível crescente de

impacto.

Na região Sul registram-se, também, áreas pouco estudadas ou cuja

disponibilidade de informações não é conhecida, tais como o arroio Chuí, a lagoa

Mirim, o estuário do rio Mampituba-RS e do rio Araranguá e a foz do rio Tijucas-SC.

Apesar da existência de informações sobre a biodiversidade e a relação das espécies da

flora e da fauna registradas para a região estuarina da lagoa dos Patos e para as demais

regiões estuarinas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, essas informações não se

encontram sistematizadas.

Existem diversas espécies endêmicas para a região de convergência do Atlântico

sul ocidental, ressaltando-se as necessidades de programas conjuntos com o Uruguai e a

Argentina para estudos e conservação da biodiversidade nos sistemas estuarino-

lagunares dos três países.

As migrações de crustáceos decápodos (siris, camarões) e peixes que utilizam os

estuários como área de berçário nas marismas no Rio Grande do Sul e manguezais de

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15 Resumos de textos de Ecologia

Santa Catarina, pradarias de espermatófitas submersas e enseadas rasas, constituem-se

em fenômenos biológicos excepcionais nos estuários do Rio Grande do Sul e de Santa

Catarina. A lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, funciona como importante área de

repouso e alimentação de aves migratórias.

As enseadas estuarinas localizadas no entorno das cidades de Rio Grande,

Tramandaí e Torres, no Rio Grande do Sul, e de Itajaí, Laguna e parte dos manguezais

em São Francisco do Sul, em Santa Catarina, encontram-se sob forte pressão antrópica.

No Rio Grande do Sul, o entorno das três regiões urbanas recebe forte contaminação por

efluentes domésticos e industriais. Outro problema que afeta os estuários, em especial as

regiões estuarinas da lagoa dos Patos, Tramandaí e Laguna, é a sobrepesca a que estão

submetidos esses ecossistemas.

Evitar o lançamento de efluentes domésticos e industriais não tratados,

diretamente nas regiões estuarinas; evitar a implementação de loteamentos, construções

de pontes, estradas, obras portuárias, etc., sem os devidos estudos de impacto ambiental;

efetuar o manejo dos recursos naturais renováveis, muitos dos quais encontram-se em

sobreexplotação; implementar estudos com metodologias padronizadas para a obtenção

de informações consistentes sobre a biodiversidade das regiões estuarinas do Rio

Grande do Sul e de Santa Catarina; e, elaborar programas regionais conjuntos de

estudos de diagnóstico e manejo com pesquisadores e instituições do Uruguai e da

Argentina, que possuem ambientes e comunidades naturais semelhantes. O intercâmbio

deve ocorrer desde as fases iniciais de levantamentos, passando pelos diagnósticos até

as etapas de monitoramento e manejo dos recursos e ecossistemas.

Esse ecossistema abrange os banhados, também conhecidos como brejos ou

pântanos, lagoas de água doce, lagoas de água salobra ou salgada sem influência

marinha direta, várzeas, savanas e florestas inundadas (periódicas ou temporariamente)

e campos inundados, localizados na Zona Costeira.

São apontadas 25 áreas de importância para banhados e áreas úmidas costeiras,

basicamente em função da sua fragilidade intrínseca, importância ecológica e funcional

e da existência de fenômenos biológicos excepcionais.

O grau de comprometimento das áreas varia de pouco a muito comprometida,

sendo que as principais formas de impacto mudam conforme a região estudada. No

extremo sul, a ação antrópica que mais contribui para a degradação dos banhados e das

lagoas de água doce é o cultivo do arroz irrigado, com a drenagem das áreas, uso de

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16 Resumos de textos de Ecologia

agrotóxicos e fertilizantes para as lavouras e o retorno dessas águas com os resíduos

para os sistemas naturais.

Ao norte da região Sul e nas regiões Sudeste e Nordeste, o maior impacto é

provocado pela urbanização e pelo turismo, com a drenagem de áreas para expansão

urbana, poluição domestica nas lagoas e banhados e retirada da água das lagoas para

abastecimento da população. Na região Norte, o maior impacto é provocado pela falta

de manejo adequado da pecuária bubalina, que degrada as áreas, formando canais nas

áreas alagadas e mudando a hidrologia do sistema.

Chama a atenção a pouca importância dada aos banhados, que se reflete

diretamente na falta de estudos desenvolvidos nessas áreas. Os estudos existentes tratam

sobre aves limícolas, em especial sobre espécies migratórias do hemisfério norte. O

maior número de estudos concentra-se nas lagoas e nas florestas periodicamente

inundadas.

Incentivar pesquisas científicas nesses ecossistemas, abordando os seguintes

aspectos (além de inventário de espécies nas regiões onde este trabalho não foi

efetuado): dinâmica e funcionalidade; experimentos com uso sustentado de espécies nos

diferentes tipos de banhados e áreas úmidas e segundo as potencialidades

socioeconômicas regionais; avaliação do impacto do cultivo de arroz sobre a

biodiversidade dos sistemas naturais, abordando os diferentes fatores negativos (adubos,

agrotóxicos, drenagem, retirada de água, retorno da água servida da lavoura, entre

outros); e, avaliação do impacto da bubalinocultura sobre a estrutura e a biodiversidade

dos sistemas.

3. Biodiversidade aquática e recursos pesqueiros

Os recifes de coral são ecossistemas, altamente diversificados, tanto a nível local

como regional e também global. Abrigam grande diversidade de seres vivos, plantas e

animais, considerados como o habitat marinho mais diverso do mundo. Possuem grande

importância econômica, pois representam fonte de alimento e renda para muitas

comunidades. Uma de cada quatro espécies marinhas vive nos recifes, incluindo 65% de

peixes. Os recifes são ambientes marinhos tal qual as florestas tropicais são ambientes

terrestres, ou seja, centros de biodiversidade do planeta.

Apesar de sua importância, os recifes vêm sofrendo rápida degradação ambiental

devido à ação humana e econômica. Cerca de 27% dos recifes de coral mundiais está

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17 Resumos de textos de Ecologia

definitivamente perdido em razão das perdas da riqueza biológica. Isso afeta de forma

grave as espécies presentes nos recifes. O aquecimento dos oceanos, provavelmente

associado ao aquecimento global, estressam os corais a ponto de expulsarem as algas

que habitam (as zooxantelas), deixando-os branqueados e danificando grandes áreas de

coral no mundo, aumentando a quantidade de recifes danificados. A poluição de

nutrientes e sedimentos, mineração de areia e rocha e o uso de explosivos e cianeto na

pesca também estressam os recifes mundiais.

Há grande perda de corais que prejudica as perspectivas de uma vida melhor

para as populações costeiras. Quase meio bilhão de pessoas vivem num raio de 100

quilômetros de um recife de coral e muitos dependem deles para alimentação e

emprego. Só no Brasil, 18 milhões de pessoas dependem direta ou indiretamente desses

ambientes. Cerca de ¼ do pescado do pescado nos países em desenvolvimento, dentre

eles o Brasil, vem de áreas de coral que proporcionam alimentos para aproximadamente

1 bilhão de pessoas, só na Ásia. Os recifes também protegem as praias da erosão e

ajudam a produzir as areias finas que as tornam atraentes para o turismo, uma fonte

principal de receita de muitos países tropicais. Em geral, os recifes geram 375 bilhões

de dólares anualmente em bens e serviços. O GCRMN estimou que até 2010 haverá

uma perda de 40% de recifes, caso não sejam adotadas medidas mitigadoras dos danos

ambientais que vêm sofrendo. Alguns dos recifes possuem a chance de serem

recuperados e aproximadamente 11% já são considerados irrecuperáveis.

No Brasil, os recifes de coral se distribuem por aproximadamente 3.000

quilômetros da costa brasileira, do Maranhão ao sul da Bahia, representando uma única

formação de recifes do Atlântico Sul. Esses ambientes são importantes ecologicamente

por abrigarem inúmeras espécies de vegetais e animais, turisticamente e necessitam de

proteção ambiental. Diversas ações vêm sendo feitas considerando esse objetivo:

campanhas educacionais como Conduta consciente em ambientes recifais, o

mapeamento dos recifes de coral do Atlântico Sul em Unidades de Conservação

Brasileiras, conduzidos pelo MMA/Secretaria de biodiversidade e florestas/gerência de

biodiversidade aquática e recursos pesqueiros; o monitoramento dos recifes de coral

brasileiros coordenado pela UFRPE e o Instituto de Recifes Costeiros com apoio do

MMA/Secretaria de biodiversidade e florestas/gerência de biodiversidade aquática e

recursos pesqueiros. Esse objetiva monitorar a saúde dos corais e relacionar esses

resultados às mudanças climáticas globais ou eventos locais (atividades impactantes

decorrentes da ação humana), propondo soluções de manejo para restauração ecológica

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18 Resumos de textos de Ecologia

dos recifes. Nesse programa, há grande

envolvimento de voluntários.

Outros projetos, iniciativas e

diagnósticos tem sido desenvolvidos visando à pesquisa, capacitação, divulgação,

preservação desses ambientes, tais como o Projeto Coral Vivo, a Iniciativa Internacional

para os recifes de coral (ICRI) e a apresentação de diagnósticos sobre a biodiversidade

nos recifes de corais à sociedade e comunidade científica visando identificar ações

prioritárias de conservação. O Projeto Coral Vivo tem como objetivo geral técnicas de

recuperação dos ambientes de recifais degradados.

4. Estimativas de perda da área do Cerrado brasileiro

O Cerrado ainda se encontra pouco valorizado em termos de conservação.

Estudos recentes, com base em dados de Sensoriamento Remoto, realizados pela

Conservação Internacional do Brasil, apontam uma retirada anual de 2,215 milhões de

hectares (assumindo uma taxa conservativa de 1,1% ao ano, considerando a existência

de 34,22% de áreas nativas remanescentes (baseado na estimativa dada para as classes

de cerrado não antropizado e cerrado antropizado dadas por Mantovani e Pereira (1998).

A área desmatada par ao Cerrado até o ano de 2002, era de 54,9% da área original

(cerca de 1,58 milhões de hectares).

Considerando as unidades de conservação que representam 2,2% de Cerrado e as

terras indígenas (que representam 2,3% de Cerrado) mantidas futuramente. Dessa

forma, o bioma deverá ser totalmente destruído no ano de 2030, caso as tendências de

ocupação continuem causando a perda anual de áreas nativas para atividades de

pastoreio, agricultura, mineração, hidroelétricas, carvoarias e áreas urbanas.

Estudos recentes da Embrapa Cerrados, com sensoriamento remoto, apontaram

que as áreas remanescentes de Cerrado totalizam 60,5% da área total do bioma. Foram

identificados 80 milhões de hectares, sob diferentes usos da terra no bioma Cerrado. As

classes mais representativas desse uso foram as pastagens cultivadas e as culturas

agrícolas que ocuparam respectivamente 26,5 e 10,5% do Cerrado.

Essa área remanescente é coberta pela formação típica de savanas, uma mistura

de vegetação arbórea, arbustiva e herbácea. Já a formação florestal, onde há predomínio

das árvores caracterizadas por troncos retorcidos e com casca grossa, responde por 32%

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19 Resumos de textos de Ecologia

do total preservado. Por fim, apenas 7% do total são compostos de vegetação campestre

classificada como campo limpo, sujo ou rupestre.

A vegetação original do bioma está preservada. Dos 207 milhões de hectares

oficialmente reconhecidos, 61 milhões são utilizados como pastagens e 17,5 milhões

para o cultivo de alimentos, totalizando 78,5 milhões de hectares.

O estudo também indicou diferentes níveis de degradação ambiental entre os

estados verificados na pesquisa: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito

Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Tocantins, Maranhão e Piauí. Os estados de

São Paulo e Piauí foram, respectivamente, o mais degradado e o que mais preservou o

bioma, em relação à respectiva área original.

O resultado da Embrapa Cerrados diverge de pesquisa feita pela organização

Conservação Internacional do Brasil que, também com base em imagens de 2002,

concluiu que havia apenas 46% de áreas remanescentes. Esses percentuais não

coincidem porque os critérios das pesquisas são diferentes.

Os dados de ambas as pesquisas corroboram com a classificação do Cerrado

como um hotspot (ecossistema de alta biodiversidade sob muita pressão de degradação e

cuja preservação é considerada prioritária).

A área natural de Cerrado é qualquer espaço com vegetação original preservada,

independentemente de estar sendo utilizada pelo homem.

Já a classificação de hotspots considera o nível de conservação nos diferentes

tipos de cobertura natural.

A atividade que mais degrada o Cerrado é a pastagem. De acordo com a

pesquisa, 60% dos 61 milhões de hectares de pastos estão em processo de degradação

ou degradados. A alternância de pastejo com cultivo agrícola poderia recuperá-los.

5. Conversão do Cerrado em pastagens cultivadas e

funcionamento de latossolos

Estudos feitos sobre o funcionamento do tipo de solo na conversão de vegetação

nativa em pastagens cultivadas com Brachiaria spp indicaram que o fósforo disponível

nesse tipo de solo não é um fator limitante para o desenvolvimento da pastagem. Há

tendência para redução do teor de matéria orgânica reduzindo a disponibilidade de

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20 Resumos de textos de Ecologia

outros nutrientes, confirmando a alteração do funcionamento biogeoquímico do solo em

função dessa conversão.

Os processos biológicos também são alterados, sendo intensos tanto com

vegetação nativa quanto com a pastagem. Isso se dá em função da imensa diversidade

de macrofauna de invertebrados do solo e alterações quantitativas e de natureza da

matéria orgânica adicionada ao sistema pela presença da braquiária. Também houve

declínio do volume de poros do solo e de microagregados decorrentes dos impactos

mecânicos gerados no solo e das mudanças biológicas. Os microporos do solo foram

geralmente conservados.

Dessa forma, o trabalho confirmou a alteração da biomassa vegetal no solo

ocasionada pela conversão da vegetação nativa em braquiária, modificando sua

estrutura física, biológica e química. Também confirmou que a pastagem não sofrerá

declínios de produção em função dessas modificações no solo.

O manejo do solo foi apontado como importante para evitar as perdas de

produção da pastagem e conseqüente forma de evitar a abertura de novas áreas de

Cerrado nativo para gerar novas pastagens. O estudo verificou que o manejo das áreas

de pastagens deverão considerar as mudanças verificadas nos níveis de nutrientes e de

matéria orgânica e nos processos biológicos, físico-químicas identificados. O manejo

adequado do solo é uma das ações de melhoria da condição da pastagem.

De certa forma esse trabalho confirma que é possível converter vegetação nativa

de Cerrado em áreas de pastagens, verificando as modificações geradas no solo por essa

conversão. Mas também identificou um ponto para novos estudos, que é desenvolver o

manejo de solo de forma a assegurar boas condições de desenvolvimento e produção de

pastagem.

Isso permitiu que outros estudos fossem feitos resultando em tecnologias de

manejo de solos com pastagens. Estudos mais recentes indicam que é desnecessária a

conversão de novas áreas de Cerrado em pastagens, uma vez que mudanças no manejo e

no sistema de produção geraram aumento da produção de carne. Citam-se como novo

sistema de produção o sistema de integração lavoura-pecuária e floresta e como

tecnologias disponíveis, a adubação e a correção de solos com pastagens culturalmente

encarada como desnecessária pelo agropecuarista. Essa informação foi lida em artigos e

livros elaborados por pesquisadores da Embrapa Cerrados recentemente (como: Geraldo

Bueno Martha Júnior, Lourival Vilela, Djalma Martinhão, Alexandre Barcellos e Luis

Gustavo Barioni).

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21 Resumos de textos de Ecologia

Considerações finais

O Cerrado é não é um bioma único, é formado por um conjunto complexo de

biomas.

São exemplos de biomas: Amazônia, caatinga, pantanal. Também complexos.

Os ecossistemas aquáticos estão relacionados aos biomas brasileiros em que

aparecem. Existem diversos tipos de ecossistemas aquáticos com características próprias

e métodos de manejo e conservação inerentes. As espécies que de modo geral

representam a maior parte dos ecossistemas aquáticos são os peixes.

Os ecossistemas aquáticos podem gerar fonte de renda e emprego para populações

vizinhas, havendo por isso grandes impactos ambientais originados pela ação humana.

Os ambientes de recifes com corais são um ecossistema, pois abrangem inúmeras

populações de espécies vegetais e animais.

Ações de preservação devem ser feitas tanto para os biomas Brasileiros quanto

nos ecossistemas naturais.

O Cerrado é classificado como um dos hotspots do mundo.

As classes que mais causam impactos sobre as áreas de vegetação nativa do

Cerrado são as pastagens e as culturas agrícolas.

Não existe um fator limitante para o uso de áreas vegetais nativas de Cerrado para

pastagem, mais especificamente braquiária.

O manejo de pastagens e o desenvolvimento de sistema de produção integração

lavoura pecuária e floresta evitam a conversão de áreas nativas de Cerrado em áreas de

pastagens.

Há necessidade de recuperar as pastagens degradadas no Brasil.

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22 Resumos de textos de Ecologia

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