Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo …£o... · Rocha E co-orientação...
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Universidade do Minho
Escola de Engenharia
Sara Cristina Torres Pereira
Revisão do SGQ e Segurança
Alimentar em empresas do Grupo
IDIS
Dissertação de Mestrado Integrado em
Engenharia Biológica
Trabalho realizado sob a orientação da:
Professora Doutora Isabel Cristina Almeida Pereira
Rocha
E co-orientação da:
Engenheira Sara Isabel Carvalho Antunes
Novembro de 2013
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Declaração
Nome: Sara Cristina Torres Pereira
Endereço eletrónico: [email protected] Telefone: 913590061
Número do Bilhete de Identidade: 13557498
Título da dissertação: Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
Orientador(es): Professora Isabel Cristina Almeida Pereira Rocha e Engenheira Sara Isabel
Carvalho Antunes
Ano de conclusão: 2013
Designação do Mestrado: Mestrado Integrado em Engenharia Biológica – Ramo da
Tecnologia Química e Alimentar
DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A
REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA TESE/TRABALHO
Universidade do Minho, ___/___/______
Assinatura:_________________________________________________________________
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“Nunca te esqueças... Na vida podemos ser o I ou o D...
O I de igual ou o D da diferença…”
Aos meus Pais e irmã
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AGRADECIMENTOS
Um trabalho de estágio requer um grande empenho e dedicação, um esforço de trabalho para
que este se torne uma mais-valia. No final desta etapa, que trouxe tantos novos
conhecimentos, é o momento de a todos que permitiram que este percurso fosse concluído
com sucesso, deixar um grande obrigado.
À minha orientadora, Professora Doutora Isabel Rocha, pela sua disponibilidade e orientação
prestada ao longo da realização deste trabalho.
À Engenheira Sara Antunes, pelo seu constante apoio, prontidão e ensinamentos. Por sempre
me ajudar, motivar e mostrar que nos momentos mais difíceis há sempre uma solução. Pelas
suas ideias e dicas que tornam o trabalho sempre mais profissional. Pela amizade,
preocupação e cuidado que sempre teve com a sua pupila.
A toda a gerência da empresa por disponibilizar meios e tempo para me receber. Aos meus
colegas de trabalho, que nestes meses foram um grande apoio, sempre com palavras de
motivação que me ajudaram a integrar o meio laboral. A eles por me fazerem sentir parte de
uma equipa.
A todos os meus colegas e amigos de curso, em especial à Mariana, à Cláudia, à Noémia, ao
Príncipe e ao Simão, que ao longo de 5 anos partilharam comigo muitos momentos difíceis e
outros inesquecíveis momentos de alegria. Em especial, neste trabalho pelo apoio, ajuda e
troca de ideias.
Às minhas Marias, a Duda, a Dani e a Sónia que se tornaram muito mais que amigas,
obrigado por todos os momentos de animação e parvoíce, apoio, ajuda e amizade que tivemos
sempre juntas.
E por fim, mas não menos importante, ao meu Pai e à minha Mãe que fizeram um esforço
enorme para me conseguir proporcionar este caminho. Pelo incentivo, preocupação e carinho
que sempre tiveram para comigo, dedico-lhes este trabalho como pequena forma de
agradecimento pelo grande sacrifício que tiveram. À minha irmã, Claudia, que sempre me
acompanhou, alegrou e motivou, obrigado por sempre estares comigo. Ao Miguel que ao
longo destes anos me fez lutar e batalhar por sempre querer mais. Obrigado por me aturares,
pelo companheirismo, amizade e por tanto me fazeres rir em todos os momentos.
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RESUMO
A segurança e qualidade alimentar apresentam-se como requisitos da máxima importância no
sector alimentício. Ao longo dos anos foram sendo introduzidas novas normas neste setor e
com novos campos de aplicação, pelo que as empresas e os consumidores exigem cada vez
mais a sua implementação. Desta forma, atualmente são várias as empresas que implementam
normas quer de qualidade quer de segurança alimentar, de forma a que se obtenham alimentos
mais seguros e com a maior qualidade possível.
Neste trabalho pretendeu-se realizar a revisão da implementação de métodos para a
manutenção de certificação das empresas do Grupo IDIS, SGPS através dos sistemas de
gestão da qualidade (SGQ) e segurança alimentar. Para isso, reviu-se o sistema HACCP
implementado segundo o Regulamento (CE) N.ᵒ 852/2004 e o código de boas práticas do
Codex Alimentarius e o SGQ segundo a Norma NP EN ISO 9001:2008.
Foram revistos todos os procedimentos internos da empresa, registos e modelos utilizados,
bem como os planos de HACCP e plano de inspeção à receção. Os processos de controlo de
temperatura, higiene de colaboradores e infraestruturas, manutenção de equipamentos, fichas
técnicas de produto, aquisição de novos produtos e fornecedores foram acompanhados e
controlados durante todo o trabalho. Uma das fases mais importantes deste trabalho prendeu-
se com o acompanhamento à auditoria interna e externa das empresas FineCook Ingredients e
GoodFood Horeca. Este contacto com auditorias proporcionou um melhor conhecimento,
assim como a avaliação a todo o sistema de gestão da qualidade e segurança alimentar.
No final deste trabalho pode concluir-se que o ponto crítico da empresa é o controlo de
temperaturas nas câmaras e nas viaturas de distribuição. Assim, a etapa de carregamento foi
identificada como a etapa mais crítica do processo devido ao tempo de exposição a
temperaturas inadequadas. Pode ainda concluir-se que as falhas no momento da receção e
manuseamento de produto originam muitos problemas aquando da expedição do mesmo.
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ABSTRACT
The food safety and quality are very important requirements in the food sector. Over the
years new standards have been introduced with new fields of application in industry, which
companies and consumers increasingly demand their implementation. Nowadays there are
many companies that implement standards of quality or food safety.
This work aims were to conduct the review of the implementation of methods for
maintaining the certification of companies from the IDIS Group, SGPS through quality
management systems (QMS) and food safety systems. In this project, the HACCP system
was reviewed, implemented in accordance with the Regulation (EC) No 852/2004 and the
code of practice of the Codex Alimentarius and the QMS according to NP EN ISO
9001:2008.
For that, all the company's internal procedures, records and models were reviewed, as well
as the HACCP plans and reception inspection plans. The processes of temperature control,
hygiene of employees and infrastructure, equipment maintenance, product data sheets,
purchase of new products and suppliers were monitored and controlled throughout the
work. One of the most important phases of this work was related to follow the internal and
external audits to the companies FineCook Ingredients and GoodFood Horeca. This contact
with audits provided a better understanding, as well as the opportunity of evaluating the
entire system of quality management and food safety.
At the end of this study, it can be concluded that the critical points in the companies are the
control temperatures in the chambers and the distribution car. The load stage is the most
critical step of the process, because of the time of exposure to inappropriate temperatures.
It can also be concluded that the failures at the time of reception and handling of product,
cause many problems dispatching the same.
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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... vi
ABSTRACT ....................................................................................................................... viii
ÍNDICE ................................................................................................................................. x
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1 OBJETIVO .................................................................................................................... 1
1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................................................ 2
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ............................................................................. 3
2.1 QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR .......................................................... 3
2.2 GESTÃO DA QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR .................................. 3
2.2.1 Sistema de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos - HACCP ................ 4
2.2.2 Norma Portuguesa EN ISO 9001:2008 .................................................................... 9
2.2.3 Norma Portuguesa EN ISO 22000:2005 ................................................................ 13
3. GRUPO IDIS SGPS ................................................................................................... 15
3.1 AS EMPRESAS .......................................................................................................... 15
3.2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS ............................................. 18
4. REVISÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE QUALIDADE E SEGURANÇA
ALIMENTAR .................................................................................................................... 21
4.1 INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS ........................................................................ 21
4.1.1 Controlo de equipamentos de frio .......................................................................... 24
4.2 HIGIENIZAÇÃO .................................................................................................................. 27
4.2.1.1 Exames médicos ................................................................................................... 28
4.2.2 Higienização das infraestruturas ............................................................................ 29
4.3 GÉNEROS ALIMENTÍCIOS ..................................................................................... 29
4.3.1 Receção de produto ................................................................................................. 30
4.3.2 Armazenamento e Manuseamento do produto ....................................................... 32
4.3.3. Expedição do produto ............................................................................................ 34
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4.4 DISTRIBUIÇÃO DE GÉNEROS ALIMENTÍCIOS ....................................................... 35
4.5 RESÍDUOS ................................................................................................................. 36
4.6 PLANO HACCP ......................................................................................................... 36
4.7 GESTÃO DA MELHORIA ................................................................................................. 44
4.7.1 Auditoria interna e externa ...................................................................................... 44
4.7.2 Não Conformidade e Reclamações ......................................................................... 46
4.8 DESENVOLVIMENTO DE MARCA PRÓPRIA ........................................................... 48
4.9 MELHORIA CONTINUA ................................................................................................... 49
5. CONCLUSÕES FINAIS ........................................................................................... 51
5.1SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................................................... 53
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 55
ANEXO A ........................................................................................................................... 61
ANEXO B ........................................................................................................................... 65
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LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processos [4] ..... 26
Figura 3.2 - Silos de armazenamento da Cergold Industries ............................................... 33
Figura 3.3 - Instalações da Irca Ibérica e Leopoldo Bakery Ingredients. ............................ 34
Figura 3.4 - Instalações da FineCook Ingredients, Lda e GoodFood Horeca, Lda ............. 34
Figura 4.5 - Cais de receção de mercadoria ........................................................................ 38
Figura 4.6 - Cais de expedição de produto para cliente. ..................................................... 39
Figura 4.7 - Armazenamento de guloseimas e chocolates. ................................................. 39
Figura 4.8 -Armazenamento de produtos secos. ................................................................. 40
Figura 4.9 - Câmaras de armazenamento de frio ................................................................ 40
Figura 4.10 - Registador de temperatura adquirido. ............................................................ 42
Figura 4.11 - Lamelas das câmaras de frio. ......................................................................... 43
Figura 4.12 - Esquema de receção do produto. ................................................................... 48
Figura 4.13 – Armazenamento do produto .......................................................................... 49
Figura 4.14 - Viaturas de distribuição. ................................................................................ 52
Figura 4.15 - Fluxograma de processo da empresa. ............................................................ 53
Figura 4.16 - Fluxograma de processo com indicação de PCC's ........................................ 61
Figura 4.17 – Marcas da própria empresa ........................................................................... 69
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LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas na receção do
produto ................................................................................................................................ 38
Tabela 4.2 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas no armazenamento
do produto ........................................................................................................................... 39
Tabela 4.3 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas no armazenamento
(continuação) ....................................................................................................................... 39
Tabela 4.4 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas no armazenamento
(continuação) ....................................................................................................................... 40
Tabela 4.5 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas na preparação da
encomenda, expedição e transporte ..................................................................................... 42
Tabela A.6 - Plano de inspeção à receção de lacticínios, banhas, gorduras ,charcutaria ... 78
Tabela A.7 - Plano de inspeção à receção para produtos secos, água, leites e chocolates . 79
Tabela A.8 - Plano de inspeção à receção para produtos lácteos, banhas, gorduras e
charcutaria .......................................................................................................................... 80
Tabela B.9 - Análise dos pontos críticos ............................................................................ 82
Tabela B.10 - Análise dos pontos críticos .......................................................................... 83
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NOMENCLATURA
DC - Departamento Comercial
DGA – Departamento de Gestão de Armazém
DQSA – Departamento de Qualidade e Segurança Alimentar
HACCP – Hazard Analysis and Critical Control Points - Análise de Perigos e Controlo de
Pontos Críticos
ISO – International Standardization Organization - Organização Internacional de
Normalização
NP – Norma Portuguesa
PCC- Ponto Critico de Controlo
SGQ - Sistema de Gestão da Qualidade
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1. INTRODUÇÃO
Hoje em dia, a segurança alimentar e a qualidade são parâmetros da máxima importância
no sector alimentar pois permitem evitar doenças provocadas pelo consumo de alimentos
contaminados. Tal facto levou a que os consumidores estivessem igualmente mais atentos
quer ao consumo de alimentos quer aos produtos que adquirem. Assim, são implementadas
e cumpridas pelas empresas normas de segurança e qualidade para a produção de alimentos
mais seguros e de maior qualidade.
1.1 OBJETIVO
Este trabalho teve como principal objetivo realizar a revisão da implementação de métodos
para o acompanhamento a certificação de empresas do Grupo IDIS, FineCook Ingredients
e GoodFood Horeca, pelos sistemas de gestão da qualidade (SGQ) e segurança alimentar.
Para isso, reviu-se o sistema HACCP implementado segundo o Regulamento (CE) N.ᵒ
852/2004 e o código de boas práticas do Codex Alimentarius e o SGQ segundo a Norma
NP EN ISO 9001:2008, com o intuito de responder aos requisitos de segurança e qualidade
alimentar. Foram implementadas ações de melhoria que resultaram numa melhor prestação
de serviços.
Neste sentido foi necessário averiguar todos os procedimentos internos da empresa,
registos e modelos utilizados, bem como controlar as práticas diárias referentes ao plano
HACCP e o plano de inspeção à receção. Os processos de controlo de temperatura, higiene
de colaboradores e infraestruturas, manutenção de equipamentos, fichas técnicas de
produto, aquisição de novos produtos e fornecedores foram acompanhados e controlados
durante o trabalho. Uma fase importante do trabalho foi o acompanhamento de uma
auditoria interna e outra externa à empresa. Este contacto com a auditoria proporcionou um
melhor conhecimento de como é avaliado e rastreado todo o sistema de gestão da
qualidade e segurança alimentar.
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1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A presente dissertação está organizada em 5 capítulos:
No presente capítulo 1, realiza-se um enquadramento, apresentam-se os objetivos bem
como a estrutura da dissertação.
No capítulo 2 efetua-se uma revisão bibliográfica sobre a importância da segurança
alimentar nos dias de hoje e os documentos normativos para a implementação de um SGQ.
No capítulo 3 é apresentado o Grupo IDIS, as suas empresas, mercados a que se dedicam e
produtos que comercializam; são pormenorizadas as empresas nas quais o trabalho
decorreu efetivamente.
No capítulo 4 é detalhado toda a revisão do SGQ, englobando infraestruturas, pessoal e
géneros alimentícios. É apresentado o Plano HACCP e os pontos críticos da empresa a
controlar e melhorar continuamente.
No capítulo 5 apresentam-se as conclusões do trabalho realizado e sugestões de melhoria.
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2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1 QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR
Todos os anos a ocorrência de casos de Doenças de Origem alimentar (DOA) - problemas
de saúde com origem no consumo de alimentos contaminados - é comum e pode resultar
de um incorreto manuseamento, processamento ou armazenamento, por parte dos
operadores da indústria alimentar.
Hoje em dia, são conhecidas cerca de duzentas DOA que se transmitem através de
alimentos e que afetam gravemente a população em particular grupos mais vulneráveis
como bebés, crianças e idosos [1,2].
Tais contaminações podem ser provocadas por diversos agentes químicos, físicos e
biológicos tais como bactérias, vírus, animais e plantas que podem provocar tanto
gastroenterites como doenças renais ou neurológicas [1,3]. Contudo, sabe-se já que grande
parte das doenças são provocadas por organismos patogénicos, como o Campylobacter
jejuni, a Escherichia coli, a Listeria monoctyogenes e a Cyclospora cayetanensis. [1].
Assim, com o intuito de evitar situações de contágio pela ingestão de alimentos
contaminados e contribuir para a satisfação do consumidor deve efetuar-se o
processamento de acordo com regras estipuladas para uma maior segurança e qualidade
alimentar. Nos dias de hoje, essas regras surgem da implementação de sistemas de gestão
de segurança e qualidade (SGQ), como o sistema HACCP segundo o Regulamento (CE)
N.ᵒ 852/2004 e o código de boas práticas do Codex Alimentarius, Programas de Pré-
Requisitos (PPR) estipulados pela empresa e as NP EN ISO 9001:2008 e NP EN ISO
22000:2005, em que são aplicados métodos que permitem detetar perigos e evitar riscos
para o consumidor. Estes documentos contemplam regras com aplicação tanto para
empresas de produção de bens alimentares como para empresas de distribuição alimentar.
2.2 GESTÃO DA QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR
Numa fase inicial a legislação incidia somente no controlo da composição dos alimentos e
do seu peso, de forma a prevenir a comercialização de produtos fraudulentos. Só mais
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tarde, se começou a pensar na saúde pública e em controlar transmissões de organismos
patogénicos nos alimentos [3].
As primeiras metodologias de controlo foram criadas na década de 60 pela Pillsbury
Company, Laboratórios do Exército dos Estados Unidos da América (EUA) e pela
National Aeronautics and Space Administration (NASA), aquando do desenvolvimento do
programa Alimentos Seguros. Nesta fase nasce, também, o sistema de Análise de Perigos e
Controlo de Pontos Críticos ou Hazard Analysis and Crítical Control Point, HACCP. Este
sistema tem uma visão diferente do praticado até então, uma vez que a partir deste
momento o produto é visto em todas as fases de produção e armazenamento, são
analisados os seus componentes e verificados todos os pontos críticos. Em 1971, o HACCP
é tornado público, pela primeira vez, numa conferência sobre Segurança Alimentar nos
EUA. Atualmente, esta metodologia constitui uma referência internacional muito bem
aceite para a implementação de sistemas de segurança alimentar [5-7].
A Food and Agriculture Organization (FAO) e a World Health Organization (WHO)
criaram também a Comissão do Codex Alimentarius que tem como objetivo proteger a
saúde dos consumidores e permitir uma comercialização de alimentos equitativa. Este
serve de apoio na aplicação do sistema HACCP, contém o código de práticas
recomendadas, bem como os principais requisitos gerais de higiene e segurança alimentar
[8].
2.2.1 Sistema de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos - HACCP
O sistema de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos, HACCP, permite a
identificação e o controlo de qualidade e segurança alimentar de forma preventiva e
sistemática de perigos, tanto biológicos, como físicos e químicos, que representem uma
ameaça, em vez de se efetuar apenas uma inspeção e testes ao produto final [5, 15]. Este
controlo é feito tendo em conta que os procedimentos utilizados devem basear-se no risco,
submetidos a uma escala de prioridades e concentrar-se no que é importante para a
segurança dos alimentos numa indústria alimentar [9]. No caso particular de empresas que
não transformam alimentos, o controlo de perigos pode ser feito através da aplicação de
requisitos pré-determinados de higiene alimentar. Por isso, este é um sistema com a
ideologia de prevenção, através de identificação de possíveis perigos.
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Os requisitos de higiene determinam o suporte para a correta implementação do HACCP,
sendo denominados de pré-requisitos de higiene ou boas práticas de higiene (BPH). Para a
implementação do sistema de HACCP, existe o Regulamento (CE) N.ᵒ 852/2004 do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril de 2004, relativo à higiene dos géneros
alimentícios, que permite que os princípios do HACCP sejam aplicados com flexibilidade,
para grandes ou pequenas empresas. Este regulamento requer que os operadores criem,
apliquem e mantenham um processo permanente baseado nos princípios descritos [9,10].
A implementação deste sistema está diretamente ligada ao Codex Alimentarius, visto que
nele é descrito o código de práticas recomendadas.
Um aspeto importante definido é o conceito de rastreabilidade, em que tanto a indústria
alimentar como as autoridades devem ser capazes de localizar e autenticar produtos e
matérias-primas utilizadas para que estes cumpram com a legislação e com os requisitos de
segurança e qualidade alimentar. Uma empresa que adote este conceito é capaz de
identificar o fornecedor e o recetor do produto [11].
A metodologia HACCP é baseada em sete princípios fundamentais:
Princípio 1: Análise de Perigos
Princípio 2: Determinação de Pontos Críticos de Controlo (PCC);
Princípio 3: Estabelecimento de Limites Críticos;
Princípio 4: Estabelecimento do Sistema de Monitorização;
Princípio 5: Estabelecimento de Ações Corretivas;
Princípio 6: Estabelecimento de Procedimentos de Verificação;
Princípio 7: Documentação e Registo [8,16].
Para a implementação dos princípios do HACCP devem ser seguidas uma sequência de
etapas descritas que são recomendadas pelo Codex Alimentarius, onde são englobados os
princípios fundamentais, sendo elas [7, 8, 17-21]:
I. Definição do âmbito do plano HACCP: o âmbito do plano deve ser defenir
claramente qual a linha do processo, o produto e quais os perigos que se devem
considerar. O limite do plano deve também ser definido como o produto à saída da
fábrica, no ponto de venda ou no momento do consumo.
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II. Constituição da Equipa HACCP: a empresa deve certificar-se que possui os
conhecimentos necessários apropriados para que possam elaborar um plano HACCP
eficaz. Assim, é seu dever constituir uma equipa multidisciplinar, isto é, formada
por técnicos especialistas em áreas distintas e importantes para o processamento
industrial dos alimentos (microbiologia, química, qualidade, produção, manutenção
e tecnologia). Na constituição da equipa é deveras importante que exista pelo menos
uma pessoa diretamente ligada à produção, visto que esta é quem conhece melhor o
processo produtivo. Esta equipa HACCP é responsável pela elaboração,
implementação e manutenção do sistema HACCP na empresa. É ainda da
competência desta a elaboração do plano HACCP, o supervisionamento o
funcionamento do sistema, o arquivo da documentação (registos do sistema), a
elaboração de informação periódica para a direção, a modificação e revisão do plano
com motivação e formação do pessoal envolvido e agendar e conduzir auditorias
internas.
III. Descrição do produto: A equipa HACCP tem de conhecer bem o produto e o
processo produtivo. Para tal, deverá reunir o máximo de informação sobre a sua
composição (matérias-primas, ingredientes), estrutura e características
físico/químicas (aW, pH), tratamentos (cozedura, pasteurização, congelação),
embalagem (vácuo, atmosfera modificada), durabilidade (validade), condições de
armazenamento e distribuição, e instruções de utilização do produto.
IV. Identificação do uso pretendido: são analisadas as condições de utilização do
produto por parte do consumidor. É da responsabilidade da equipa HACCP
descrever qual modo de utilização do produto, assim como o grupo alvo de
consumidores a que este se destina (grávidas, idosos, bebés, e outros).
Relativamente ao uso pretendido do produto deve estar especificado no rótulo o
modo de conservação e armazenamento, o modo de preparação do mesmo e se este
é impróprio para grupos sensíveis ou de risco.
V. Construção de fluxograma de produção: O fluxograma do processo deve
contemplar todas as etapas do processo de forma sequencial.
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VI. Confirmação do fluxograma in loco: após a elaboração do diagrama de fabrico,
este deverá ser confirmado no local, para que pormenores importantes possam ser
corrigidos ou adicionados.
VII. Identificação e análise de perigos, identificação de medidas preventivas e de
controlo para os perigos identificados (Princípio 1): na análise de perigos faz-se a
identificação de potenciais perigos associados a todas as fases do processamento dos
alimentos, desde a receção da matéria-prima até ao produto final. Nesta fase
determina-se também o risco em função da probabilidade de ocorrência e da
severidade do perigo identificado, no sentido de se determinar a significância do
mesmo, usando-se para isso uma matriz de risco.
VIII. Determinação dos pontos críticos de controlo (PCC’s) utilizando a árvore de
decisão (Princípio 2): para a determinação dos PCC’s deve utilizar-se a árvore de
decisão do Codex Alimentarius. A árvore de decisão deve ser aplicada a cada etapa
do processo e para todos os perigos identificados, para se determinar se a etapa do
processo constitui um PCC.
IX. Estabelecimento dos limites críticos para cada PCC (Princípio 3): após a
identificação de PCC’s são estabelecidos limites críticos (valor ou critério que
diferencia a aceitação ou não do processo), que devem ser assegurados de forma a
garantir que cada PCC se encontra controlado.
X. Estabelecimento do sistema de monitorização (Princípio 4): determinação de um
sistema que permita verificar o cumprimento do Limite Crítico estabelecido para o
PCC.
XI. Estabelecimento de ações corretivas (Princípio 5): com perspetiva da
possibilidade de ocorrerem desvios, é necessário estabelecer ações corretivas
especificas para cada PCC. Estas devem assegurar que o PCC esteja novamente
controlado, e devem ser aplicadas sempre que os resultados da monitorização
indiquem perca de controlo num PCC. Um plano de ações corretivas explica o que
fazer em caso de desvio, e deve contemplar o seguinte:
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Ação a tomar de imediato;
Quem deve ser informado e o tipo de relatório a fazer;
O que fazer com o produto que foi produzido e não está conforme;
Investigar sobre a possível causa do problema e como pode ser evitado;
Quem assume a responsabilidade da decisão tomada.
XII. Estabelecimento de procedimentos de verificação (Princípio 6): etapa crucial na
aplicação da metodologia HACCP. É importante que existam ações para verificar se
o sistema HACCP está a funcionar de forma correta e eficaz. Este tipo de
procedimentos deve ocorrer no final do estudo HACCP e posteriormente em
intervalos predefinidos. São exemplos de procedimentos de verificação:
Auditorias ao plano HACCP;
Auditorias ao Sistema HACCP e seus registos;
Revisão de desvios e ações corretivas;
Confirmação de que os PCC’s estão sob controlo;
Testes microbiológicos a produtos intermédios e produto final;
Pesquisa de problemas aos produtos na cadeia de distribuição/postos de
venda;
Análise do uso do produto por parte do consumidor [14, 17-19].
XIII. Estabelecimento de um sistema de registo e arquivo que documentam o plano
HACCP (Princípio 7): estabelecimento de documentação sobre todos os
procedimentos e dos registos apropriados a estes princípios e à sua aplicação. Todas
as práticas, instruções operacionais e procedimentos devem ser documentadas, de
modo a garantir que são sempre monitorizadas, da mesma forma.
XIV. Revisão do plano HACCP: esta etapa serve para verificar se o sistema
implementado está apropriado ou se será necessário adicionar um novo processo de
verificação. Num processo de revisão do sistema HACCP deverão ser abrangidas as
seguintes áreas: ambiente das instalações, programa de limpeza e desinfeção,
sistema de processamento, riscos de envenenamento associado com o produto,
alterações de equipamento processual, nova informação de perigos e riscos.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
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Neste sistema são estabelecidas medidas preventivas que possibilitam reduzir ou eliminar a
probabilidade de ocorrência de riscos e perigos, e que maximizam a segurança e qualidade
dos produtos, e por consequência a saúde dos consumidores [5,14].
2.2.2 Norma Portuguesa EN ISO 9001:2008
A norma ISO 9001:2008 é alicerçada em oito princípios de gestão da qualidade: a
focalização no cliente, a liderança, o envolvimento das pessoas, a abordagem por
processos, a gestão sistémica, a melhoria contínua, a tomada de decisões baseada em factos
e relações mutuamente benéficas com os fornecedores. [4]
“Visa aumentar a satisfação do cliente através da aplicação eficaz do
sistema, incluindo processos para a melhoria contínua do sistema e
para garantir a conformidade com os requisitos do cliente,
estatuários e regulamentares aplicáveis.” [4]
Um dos mais inovadores e importantes princípios da gestão da qualidade é a abordagem
por processos, sendo a mesma caracterizada pela eficácia da gestão das atividades que
qualificam a organização e pelo controlo da interação entre os processos [4]. Tal pode
observar-se na Figura 2.1.
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
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A série ISO 9000 representa um conjunto de normas que formam um modelo de gestão da
qualidade para organizações, independentemente do tipo, dimensão e produto que
proporcionam. As primeiras normas da família ISO 9000 foram publicadas em 1987 e
revistas em 1994, 2000 e 2008 (ISO 9001:2008) [4].
Como referido, a norma ISO 9001 trata de sistemas de gestão da qualidade e fomenta a
adoção de metodologias que melhorem continuamente a eficácia destes para aumentar a
satisfação do cliente. É um modelo para a garantia da qualidade em projetos no seu
desenvolvimento, produção, instalação e assistência técnica. Nela existem especificações
sobre os requisitos para quando uma organização necessita de demonstrar a sua capacidade
para produzir e/ou distribuir produtos de alta qualidade [4].
Os objetivos da implementação de um sistema da qualidade, de acordo com a ISO 9001,
são principalmente:
Penetração em novos mercados, ou manutenção dos existentes;
Aumento da confiança, interna e externa, nos métodos de trabalho;
Reorganização da empresa;
Aumento da motivação dos colaboradores;
Prestígio;
Maior controlo e diminuição dos custos de não qualidade;
Aumento da satisfação dos clientes [4];
Figura 2.1 - Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processos [4].
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
11
Para isso, a organização deve sempre estabelecer, documentar, implementar e manter o
sistema de gestão da qualidade e melhorar constantemente a sua eficácia [4].
A implementação de um SGQ pode ser executada em nove diferentes etapas. Entre elas
pode ocorrer interação, isto é, atividades de etapas diferentes podem decorrer ao mesmo
tempo. As etapas a seguir para a implementação do SGQ são as seguintes [22]:
I. Levantamento da situação atual: nesta primeira fase é necessário ter
conhecimento de como está a organização no que à qualidade diz respeito. Deve-se
analisar a organização tendo o conhecimento do que esta faz e como o faz,
reconhecendo quais os seus processos e subprocessos. Seguidamente, a organização
deve empenhar-se na realização de uma auditoria para fazer o diagnóstico da
mesma, no que diz respeito à qualidade dos seus processos, fornecedores,
produtos/serviços, identificando quais os requisitos normativos aplicados e quais os
que deve aplicar.
II. Sensibilização da Gestão: depois de conhecida a situação em que a organização se
encontra, o responsável pelo projeto, assim como os elementos da gestão de topo
devem apresentar os resultados obtidos numa tentativa de mostrar as vantagens do
SGQ. Desta forma, a organização deve passar a facultar a formação necessária para
que os responsáveis pelo projeto tenham conhecimento do SGQ e dos seus
requisitos, promovendo também ações de sensibilização para o maior número
possível de colaboradores, com o objetivo de que estes adiram ao projeto e se
empenhem na sua concretização.
III. Definição da Politica da Qualidade: esta fase da implementação do SGQ é
caracterizada pela definição da política da qualidade por parte da organização. Esta
deve considerar a realidade da organização e ser adaptada às suas necessidades,
assegurando o compromisso da gestão de topo e a participação de todos os
colaboradores. A política da qualidade representa o comprometimento da gestão em
garantir que a qualidade está no topo das prioridades da organização, fazendo parte
da visão e dos planos estratégicos da mesma.
IV. Definição da equipa que desenvolverá o projeto de implementação do SGQ:
nesta etapa é analisado o trabalho a desenvolver e quem está disponível para o
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
12
realizar. Só depois de analisar as competências internas e a disponibilidade da
equipa é que é avaliada a necessidade de contratação de ajuda externa.
V. Definição do plano de implementação: a organização deve estabelecer quais os
objetivos a atingir, definindo também a sua calendarização, competências e
responsabilidades individuais de cada constituinte da equipa reunida para o projeto.
Define-se, igualmente, como se irá monitorizar os progressos conseguidos e a
periodicidade das reuniões de acompanhamento do projeto com os elementos da
gestão de topo.
VI. Formação da equipa do projeto: esta etapa é essencial para que a equipa do
projeto adquira as competências necessárias para o bom desenvolvimento do
mesmo.
VII. Planeamento: a maioria das organizações quando decide implementar o SGQ
constata que já possui alguns dos requisitos. No entanto, mostra-se necessário
efetuar o enquadramento de acordo com as exigências da norma, melhorando
práticas já existentes. Nesta fase, é fundamental que as atividades desenvolvidas
estejam de acordo com os requisitos impostos pela norma.
VIII. Implementação e funcionamento: para que a implementação e o funcionamento
do SGQ funcione de forma correta é primordial o envolvimento e empenho de todos
os colaboradores da organização. Desta forma, as ações de sensibilização e/ou
formação devem dar a conhecer quais os objetivos e metas a atingir pela
organização. Nesta fase, os requisitos que não integram as práticas já existentes na
organização, devem ser avaliados e aplicados. Deve-se, contudo, aplicar os
requisitos de forma simples e prática, sem desprezar que estes devem ser
devidamente explicados aos seus utilizadores e, nunca esquecer que nesta fase de
criação de documentos não se deve criar documentos desnecessários, nem forçar
qualquer forma de controlo ou registo.
IX. Verificação e ações corretivas: Nesta altura devem ser elaborados os
procedimentos requeridos pela norma e todos os que forem necessários à
organização. Deve ser, também, realizada uma auditoria interna, com a qual se
pretende evidenciar o cumprimento dos objetivos e confirmar a conformidade do
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
13
trabalho realizado ou identificar quais os desvios ocorridos, para que estes sejam
corrigidos atempadamente. Esta fase do processo resulta na revisão do SGQ pela
gestão de topo, que vai avaliar os resultados monitorizados e os indicadores de
desempenho da organização. Depois da avaliação global, a organização tem a
possibilidade de traçar novos e mais ambiciosos objetivos.
2.2.3 Norma Portuguesa EN ISO 22000:2005
No caso de a empresa pretender uma certificação mais avançada, pode ser implementada a
norma portuguesa EN ISO 2200:2005. Esta norma é mais específica para requisitos de
sistemas de gestão da segurança do ramo alimentar. Não é obrigatória e pode ser também
implementada por qualquer empresa alimentar, independentemente da sua dimensão, bem
como outras normas.
A NP EN ISO 2200:2005 combina conceitos essenciais como os princípios HACCP,
programas de pré-requisitos, melhoria continua, gestão do sistema e comunicação
interativa na organização. Estes requisitos permitem garantir o sucesso da segurança e
qualidade dos alimentos produzidos. A ISO 22000:2005 pode ser integrada com a Norma
ISO 9001 [13-15].
“O objetivo desta Norma Internacional é harmonizar, a nível global,
os requisitos para gestão da segurança alimentar pelos operadores da
cadeia alimentar. Destina-se particularmente à aplicação por parte
das organizações que procuram um sistema de gestão da segurança
alimentar mais focalizado, coerente e integrado do que geralmente é
requerido pela legislação” [14].
Uma organização do sector alimentar que queira implementar um sistema de segurança
alimentar e evidenciar a sua capacidade no controlo dos perigos para a segurança
alimentar, a fim de demonstrar que os alimentos são seguros para o consumidor, deve
seguir os requisitos dispostos na ISO 22000:2005. Esta aplica-se a todas as organizações,
independentemente da sua complexidade, abrangendo toda e qualquer organização direta
ou indiretamente envolvida na cadeia alimentar como: produtores de rações, agricultores,
pecuária, fabricantes de ingredientes, fabricantes de alimentos, retalhistas, restauração,
fornecedores de serviços de limpeza e desinfeção, serviços de transporte, de
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
14
armazenamento e de distribuição, fornecedores de equipamento, fornecedores de materiais
de embalagem e outros materiais para contacto com alimentos [13].
É ainda de salientar que a aplicação desta não depende de outras normas de sistemas de
gestão, podendo dar-se em conjunto com um sistema de gestão já implementado. A ISO
22000:2005 completa os princípios do HACCP e as etapas de aplicação desenvolvidas pela
Comissão do Codex Alimentarius. Devido aos requisitos auditáveis, agrega o HACCP com os
Programas de Pré-Requisito (PPR). Um elemento essencial de um sistema eficaz de gestão da
segurança alimentar é a análise dos perigos, pois só assim será possível determinar um
conjunto de medidas eficazes de controlo. Assim, todos os perigos previsíveis na cadeia
alimentar, compreendendo os associados ao tipo de processo e às instalações utilizadas, devem
ser identificados e avaliados. Para isso, a norma faculta os meios para estabelecer e
fundamentar a necessidade de certos perigos identificados carecerem de ser controlados [5].
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
15
3. GRUPO IDIS SGPS
3.1 AS EMPRESAS
O Grupo IDIS é um grupo de empresas reestruturado em 2007 com atividade em diversas
vertentes. O grupo é alicerçado na contínua inovação e melhoria de forma a alcançar
diariamente a satisfação do seu cliente. Neste momento está em contínuo crescimento e
expansão de forma a conquistar novos mercados, oferecendo produtos de elevada
qualidade e um parceria constante quer com os seus clientes quer com os seus
fornecedores.
O Grupo é composto por 6 empresas, a maioria vocacionadas para o ramo alimentar, tendo
no entanto diferentes áreas de atuação conforme os produtos/ingredientes comercializados.
O grupo subdivide-se assim em:
Transneiva - Sociedade de Transportes, Lda - Empresa de transportes
nacionais e internacionais [23];
FineCook Ingredients, Lda. – armazenamento, comercialização e
distribuição de produtos alimentares, sobretudo produtos secos e
congelados. Tem como área de atuação o canal horeca- hotéis, restaurantes
e cafés [23];
GoodFood Horeca, Lda. – armazenamento, comercialização e distribuição
de produtos alimentares, essencialmente produtos de charcutaria e
lacticínios. Tem como área de atuação hipermercados, supermercados,
talhos [23];
Cergold Indústrias, Lda. – Moagem de cereais e produção de misturas em
pó para pastelaria e padaria [23];
Irca Ibérica S.A. – armazenamento, comercialização e distribuição de
ingredientes para pastelaria e padaria. Tem como área de atuação clientes de
grande volume, trabalhando apenas com distribuidores em toda a península
ibérica [23];
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
16
Leopoldo Bakery Ingredients – armazenamento, comercialização e
distribuição de produtos para pastelaria e padaria [23]. Tem como área de
atuação padarias e pastelarias.
No que diz respeito às empresas que se dedicam em concreto ao mercado de produtos para
pastelaria e padaria, a Cergold Indústrias, Lda. possui uma unidade automatizada para
moagem de cereal e uma unidade para produção de misturas em pó. Esta unidade fabrica
apenas farinhas de milho, arroz e centeio, que se dividem em diversos tipos consoante o
fim específico exigido pelos clientes, sempre cumprindo os regulamentos legislativos e
específicos na área em causa. Nas misturas em pó, a panóplia de ingredientes usados é
diversa consoante o produto final pretendido. Na Figura 3.2, podemos observar os silos de
armazenamento de cereais para a produção automática.
Figura 3.2 - Silos de armazenamento da Cergold Industries, Lda.
A Irca Ibérica S.A., Figura 3. comercializa ingredientes para pastelaria e padaria como
diferentes coberturas de chocolate, brilhos, geleias, levedura, cacau, recheios e misturas de
pastelaria e padaria para as mais variadas finalidades [23]. Presta apoio técnico a todos os
parceiros, tendo uma equipa técnica (pastelaria e padaria) à disposição para auxiliar em
todas as áreas com maior dificuldade, divulgando produtos e colaborando nas vendas.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
17
A Leopoldo Bakery Ingredients, Figura 3.3, foca-se essencialmente na distribuição de
produtos para pastelaria e padaria, desenvolvendo marcas próprias como Farcer. O seu
volume de negócios centra-se essencialmente na venda de farinhas de centeio, trigo, milho
e arroz, promovendo a marca Farcer em diversos mercados.
Figura 3.3 - Instalações da Irca Ibérica e Leopoldo Bakery Ingredients.
As empresas FineCook Ingredients, Lda. e GoodFood Horeca, Lda., Figura 3.4, são
empresas que se especializaram na comercialização e distribuição de diversos produtos
alimentares, como produtos secos, congelados, charcutaria e lacticínios. A FineCook tem
como seu mercado alvo o canal horeca e ainda escolas e instituições trabalhando
essencialmente com os produtos secos e congelados. Já a GoodFood foca-se
principalmente em talhos, pastelarias, padarias, supermercados e grandes superfícies como
os Intermarché e MiniPreço, comercializando charcutaria, lacticínios e guloseimas.
Figura 3.4 - Instalações da FineCook Ingredients, Lda e GoodFood Horeca, Lda.
Apesar das duas empresas caminharem em sentidos diferentes, ambas partilham as mesmas
instalações, sendo o Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ) e Segurança Alimentar
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
18
implementado conjuntamente para ambas as empresas. Durante o desenvolvimento deste
trabalho de revisão da implementação do SGQ, um dos pontos relevantes focou-se na
junção de registos, procedimentos e objetivos de ambas as empresas, de forma a
simplificar e agilizar o funcionamento do SGQ. Importa frizar que um ponto forte das
empresas é o sistema informático PHC (sistema de gestão), que possibilita uma eficaz e
rápida rastreabilidade dos produtos e de ações internas, permitindo o registo contínuo de
informações relevantes diárias.
3.2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DAS EMPRESAS
As empresas dividem-se em diferentes departamentos, todos eles componentes do sistema
de Gestão de Qualidade. Assim, é necessário compreender todo o funcionamento interno
das empresas para se conhecer a implementação do SGQ e poder proceder à revisão do
mesmo.
Todo o processo se inicia no Departamento de Compras (DC) que entra em contacto com
os fornecedores e negoceia os produtos a comercializar. A procura de novos produtos e
fornecedores é impulsionada pela equipa comercial, que recolhe informação no mercado
dos produtos com maior interesse.
Esta fase é sempre acompanhada pelo Departamento de Qualidade e Segurança Alimentar
(DQSA) que verifica a qualidade dos produtos através de ações de degustação, de forma a
apurar se o produto é o pretendido pelo cliente. Procede também à averiguação da
conformidade e cumprimentos de todos os requisitos legalmente exigidos e estabelecidos
na empresa, tais como:
A autorização de laboração do novo fornecedor;
Implementação de SGQ e/ou Segurança Alimentar (HACCP e/ou outro);
Planos de controlo analítico do produto a adquirir;
Fichas técnicas de produto a adquirir;
Certificados Ponto Verde;
Declaração de ausência ou presença de OGM no produto pretendido;
Declaração de alergénios do produto.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
19
Após aferida a concordância destes pontos, é dado seguimento à encomenda. A encomenda
é sempre efetuada no sistema informático da empresa - sistema PHC - originando uma nota
de encomenda, sendo anexado o registo de encomenda interno do SGQ efetuado pelo
colaborador responsável pelas encomendas.
Posteriormente, o produto é rececionado, armazenado e manipulado pelos colaboradores,
segundo as regras estabelecidas com base no Codex Alimentarius, que serão abordadas no
capítulo 4 deste trabalho.
Para a expedição de produto são introduzidas as encomendas de clientes tanto pelo
escritório como pela equipa comercial; sendo que as introduzidas pelo escritório chegam
via fax, email e/ou telesseling (sistema de vendas pelo telefone) e as introduzidas pela
equipa comercial resultam das visitas que este fazem aos clientes.
Seguidamente, as encomendas são verificadas informaticamente, é criado o sistema de
picking que segue para o armazém, onde são separadas as quantidades pedidas. No
armazém é efetuada a leitura ótica do produto que é colocado na respetiva palete para a
rota de distribuição. Assim que todas as quantidades de produto estão lidas, o picking está
pronto a ser faturado.
Durante o período da noite é feito o carregamento das viaturas de distribuição de forma a
minimizar as oscilações de temperatura por parte dos produtos a expedir, que será
analisada no capítulo 4. Este fator é um dos mais críticos nesta empresa, tendo em conta
que este processo necessita de um espaço de tempo considerável para ser executado
eficazmente, podendo provocar alterações nas características dos produtos.
Portanto, da parte de toda a estrutura da empresa, bem como no decorrer deste trabalho, há
um grande empenho em minimizar os tempos de exposição a temperaturas inadequadas,
com o objetivo de reduzir os danos e problemas com os produtos alimentares.
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
20
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
21
4. REVISÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE
QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR
A implementação e/ou revisão do Sistema de Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar
é um processo que engloba todas as áreas da estrutura da empresa. Este trabalho foi
integrado em todas as funções e responsabilidades do Departamento de Qualidade e
Segurança Alimentar da empresa, tendo como objetivo conhecer e melhorar todos os
processos já implementados e toda e metodologia de trabalho da empresa. Nos pontos
seguintes deste capítulo são descritas as bases essenciais de um SGQ que foram
desenvolvidas ao longo do trabalho.
4.1 INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS
A GoodFood Horeca e a FineCook Ingredients, apesar de serem empresas distintas
partilham as mesmas instalações e equipamentos. Assim, a infraestrutura divide-se em
escritórios, salas de reuniões, arquivos e armazém. O armazém divide-se em distintos
espaços, sendo constituído por um cais de receção, uma zona de armazenamento de
produtos secos e 5 câmaras de frio: 3 de frio positivo para produtos refrigerados (0 C a 5 C)
e 2 de frio negativo para produtos congelados (-20 C a -18 C); Uma zona de armazenamento
de chocolates e guloseimas e por fim, e o cais de expedição de produto para os clientes,
Figura 4.5 a Figura 4.9.
Figura 4.5 - Cais de receção de mercadoria.
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
22
Figura 4. 6 - Cais de expedição de produto para cliente.
Figura 4.7- Armazenamento de guloseimas e chocolates.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
23
Figura 4.8 - Armazenamento de produtos secos.
Figura 4.9 - Câmaras de armazenamento de frio.
Nas instalações, para além de câmaras de frio, existem também equipamentos como porta-
paletes, empilhadores e uma balança, para os quais existem planos de manutenção
preventiva. Este plano é aplicado igualmente para verificação das camaras de frio. O seu
principal objetivo, seja aplicado a equipamentos ou camaras, é minimizar problemas quer
para os colaboradores quer para os produtos armazenados, respetivamente.
Estes planos de manutenção preventiva são elaborados, atualizados e implementados pelo
Departamento da Qualidade e Segurança Alimentar. Desta forma, a tarefa de aplicação e
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
24
controlo deste plano foi realizada durante a execução deste trabalho. É, no entanto, de
salientar que a manutenção de todos os equipamentos é executada pelo Departamento de
Manutenção da empresa de acordo com as periodicidades definidas para os respetivos
equipamentos. Os resultados de cada uma das revisões são registados nos impressos
internos da empresa - Ficha Individual do Equipamento. No caso de ser necessário uma
operação de manutenção corretiva, esta é realizada por técnicos competentes e
devidamente habilitados para o efeito.
Na eventualidade de ocorrer alguma avaria ou anomalia no funcionamento dos
equipamentos, compete a quem a deteta comunicar ao Departamento da Qualidade e
Segurança Alimentar.
Durante o trabalho, uma das tarefas foi a revisão da conformidade deste plano de
manutenção e a sua aplicação, se o mesmo estava a ser cumprido corretamente dentro dos
tempos definidos. Apurou-se que o mesmo estava a ser aplicado corretamente e
atempadamente, não tendo sido necessário efetuar qualquer ajustamento.
4.1.1 Controlo de equipamentos de frio
No que diz respeito aos equipamentos de frio, estes requerem um controlo contínuo e
persistente. Assim, as câmaras de frio estão equipadas com registadores de temperatura que
registam a temperatura continuamente, tal como exigido por lei. Posteriormente, é feita a
descarga de informação em software adequado, permitindo a análise das temperaturas
verificadas e o arquivo para possíveis processos de rastreabilidade.
Sendo esta uma das responsabilidades do DQSA, foi também um ponto muito interessante
ao longo deste trabalho, isto porque este tipo de armazenamento é mais sensível a erros e
possíveis prejuízos. Como tal, duas vezes por semana foram descarregados os dados
contidos nos registadores e analisados os valores obtidos.
Por diversas vezes foram encontradas anomalias nas temperaturas das câmaras por
diversos motivos:
i. Mau manuseamento das câmaras, tendo esta ficado aberta muito tempo para
armazenamento e/ou separação de produto;
ii. Incorreto funcionamento técnico da câmara frigorífica;
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
25
Aquando da deteção destas anomalias, relativamente ao primeiro ponto, foram alertados
todos os colaboradores de forma a sensibilizá-los para a importância de uma eficiente
manipulação do equipamento, evitando que ocorram alterações das condições ideais, e
consequentemente evitando possíveis deteriorações dos produtos.
No que diz respeito ao segundo ponto, foi sempre contatado rapidamente o Departamento
de Manutenção do grupo para averiguar a avaria, nunca tendo sido necessário recorrer a
técnicos mais especializados. Durante o decorrer do trabalho foi necessário adquirir novos
registadores de temperatura, visto que os existentes não cumpriam a Portaria nº 1129/209
de 01 de Outubro para a aprovação de registadores de temperatura. Assim, durante este
trabalho procedeu-se à aquisição de novos registadores, descritos na Figura 4.10 que para
além das funções que os anteriores permitiam, possibilitam ainda obter o ticket do registo
de temperatura in loco, ideais para a venda diretamente ao consumidor.
Figura 4.10 - Registador de temperatura adquirido.
Para além das câmaras de frio, também as viaturas de distribuição estão equipadas com
uma zona de frio negativo e uma outra de frio positivo, sendo exigidos os mesmos
intervalos de temperatura que nas câmaras.
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
26
A forma como a distribuição de produtos é efetuada é muito importante para que o produto
chegue conforme ao cliente. Estando nesta fase o produto exposto a oscilações e choques
de temperatura, é fulcral que esta etapa seja bem controlada. Portanto, todos os dias são
entregues pelos distribuidores os registos diários da temperatura da viatura ao DQSA para
análise da conformidade das mesmas. Esta avaliação foi uma das tarefas deste trabalho,
tendo sido criado um registo de controlo de distribuição.
Ao longo de todo o controlo efetuado foram detetadas diversas anomalias nas temperaturas
das viaturas, o que ilustra bem a importância e sensibilidade desta fase do processo. Foi
possível apurar o diferente cuidado por parte dos distribuidores em manter a viatura
fechada no momento da descarga no cliente, o cuidado em manter o sistema ligado em
horas de paragem, tendo sido verificado, também, alteração das temperaturas nos meses de
maior calor nos registos obtidos.
Deste longo e persistente controlo efetuado neste trabalho, acabou por surgiu uma ação de
melhoria: colocação de lamelas tanto nas câmaras, Figura 4.11, como nas viaturas de
distribuição. Principalmente nas câmaras de frio notou-se uma melhoria significativa nas
condições criadas, sendo mantidas as temperaturas mais constantes ao longo do tempo.
4.1.2 Controlo de pragas
Animais como insetos, roedores e pássaros e os seus excrementos representam uma
enorme ameaça à segurança e qualidade dos alimentos, constituindo um perigo à saúde dos
Figura 4.11- Lamelas das câmaras de frio.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
27
consumidores e colaboradores. Desta forma, está estabelecido um programa eficaz de
combate às pragas, no qual está definida a lista de químicos utilizados, os métodos,
frequências e locais de aplicação, devendo nesta fase ser também aplicadas as boas práticas
de higiene.
Durante a realização da revisão do SGQ, verificou-se que existe implementado um
programa preventivo para o controlo de insetos, roedores, pássaros ou outras pragas. No
acompanhamento desta tarefa constatou-se que o controlo de pragas é concretizado por
uma empresa especializada e devidamente autorizada, com pessoal treinado para tal. Os
pesticidas usados são também os autorizados para este tipo de indústria e são apenas
usados de acordo com as instruções do fabricante e pela empresa em questão.
Regularmente, conforme descrito no contrato, são examinadas as áreas circundantes
procurando evidências de infestação. Nos locais onde as medidas de controlo são
necessárias, estas deveriam estar sob supervisão direta do pessoal sensibilizado para os
perigos envolvidos.
O registo do serviço/inspeção para o controlo das pragas nas instalações possui data, hora,
pessoa responsável, tipo de tratamento ou inspeção, tipo de pragas a eliminar, produtos
químicos utilizados, e zonas ou áreas tratadas.
4.2 HIGIENIZAÇÃO
A higienização do pessoal e das infraestruturas é um ponto muito relevante no SGQ que
contribui para a segurança alimentar dos produtos. Assim, os colaboradores devem
cumprir, o estabelecido pelo Código de Boas Práticas em vigor na empresa, que se baseia
nas instruções dadas pelo Codex Alimentrius.
4.2.1 Higienização do pessoal
Relativamente à higienização dos colaboradores, durante este trabalho foi implementado o
uso de fardas, tendo sido as mesmas distribuídas pelas diferentes categorias de
colaboradores. É agora exigido que o colaboradores:
Se apresentarem ao trabalho devidamente higienizados;
Lavem muito bem as mãos, e tantas vezes quanto as necessárias;
Evitem o uso de perfumes fortes;
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
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Efetuem as suas tarefas devidamente fardados e nunca com a roupa que usam na
rua;
Tenham sempre a farda devidamente limpa;
Usem o cabelo curto ou apanhado/protegido, mantendo-se sempre limpo;
Usem as unhas limpas, curtas, não sendo permitido o uso de unhas postiças ou
verniz;
Não é permitido o uso de adornos como anéis, pulseiras, brincos, colares, piercings,
entre outros, existindo apenas como exceção o uso de aliança.
Qualquer comportamento que possa resultar na contaminação do alimento, como fumar,
comer, cuspir, deitar lixo para o chão, mastigar pastilhas elásticas ou outra prática não
higiénica são proibidas na área de manuseamento do produto. Os colaboradores devem
ainda manter os seus locais de trabalho limpos e arrumados, eliminando regularmente os
desperdícios e resíduos gerados.
No que concerne à higiene das mãos esta tem um destaque especial na higienização, pois
estas estão em contacto direto com os produtos, sendo assim importante que os
colaboradores da empresa as mantenham sempre limpas e as lavem após ações como:
Fumar e comer;
Tocar em objetos sujos (embalagens, lixo, superfícies sujas);
Quando mexerem no nariz, no cabelo, ou outra parte do corpo;
Depois de usar as instalações sanitárias;
Contato com qualquer tipo de produtos químicos.
De frisar que feridas infetadas e/ou abertas, com pequenos cortes ou esfoladelas nas mãos
são tratadas e cobertas com uma ligadura impermeável de cor contrastante, de forma a não
se desprender acidentalmente. Caso contrário, o colaborador não pode permanecer nas
áreas de manuseamento do produto.
4.2.1.1 Exames médicos
No que toca a medicina no trabalho, durante a realização deste trabalho houve contacto com
este procedimento e conhecimento dos requisitos exigidos. Assim, todos os colaboradores da
empresa devem efetuar um exame médico no início da sua atividade profissional e, pelo
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
29
menos, uma vez por ano segundo as indicações da legislação de Segurança, Higiene e Saúde
no Trabalho. Conforme o estipulado por lei, os manipuladores ficam interditos de todas as
atividades que estejam relacionadas com os alimentos sempre que tenham contraído ou
suspeitem de doenças contagiosas, sofram de doenças de pele, do aparelho digestivo, de
inflamações de garganta, olhos ou ouvidos.
Desta forma, é exigido que sempre que tal situação se verifique a mesma seja transmitida de
imediato ao seu superior hierárquico, sendo que o colaborador em causa não deve voltar ao
trabalho sem um comprovativo médico em como se encontra apto para manipular produtos
alimentares.
4.2.2 Higienização das infraestruturas
A higienização das instalações é muito importante para manter a Segurança Alimentar dos
produtos, sendo este um requisito do Codex Alimentrius. Para tal, existiam já implementados
planos de higienização, que foram revistos neste trabalho, tendo-se procedido à clarificação
dos mesmos, de forma a torná-los mais simples. Estipulou-se também que era necessário
realizar a lavagem do pavimento mensalmente, devido à grande movimentação de
mercadorias no armazém e equipamentos. Nos que diz respeito à limpeza de câmaras,
prateleiras, tetos, paredes e outros, manteve-se o estipulado.
Foram também dados a conhecer os produtos a usar nas ações de limpeza, as dosagens de
cada produto e o tempo de ação recomendado, assim como o modo de aplicação da
substância, as respetivas fichas técnicas de cada produto de higienização, e a forma de como
organizar uma sala de higienização com as respetivas documentações.
4.3 GÉNEROS ALIMENTÍCIOS
Ambas as empresas comercializam diversos produtos, dividindo-se em 3 categorias
principais:
Produtos refrigerados: queijos, manteigas e charcutaria (Fiambres, Presuntos,
Chouriços e Bacon);
Produtos secos: guloseimas, enlatados, molhos, óleos, azeites, gorduras, águas,
sumos, caldos e molhos;
Produtos congelados: carnes, peixes, bolos e semifrios, legumes e pizzas.
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
30
A FineCook está mais focada na comercialização de produtos congelados e secos para
mercados alvo, como instituições, escolas, e canal horeca – hotéis, restaurantes e cafés. Já
a GoodFood tem como mercado alvo pastelarias, padarias, cafés e grandes superfícies,
comercializando sobretudo produtos refrigerados como queijo, charcutaria e guloseimas.
Cada uma das categorias de produtos – produtos secos, produtos congelados, produtos
refrigerados - tem um colaborador responsável, que tem como função:
Proceder às encomendas;
Efetuar a receção dos produtos de acordo com as regras estabelecidas;
Verificar a conformidade dos produtos à receção dos mesmos, e acompanhar o
armazenamento, manuseamento e expedição, de acordo com o estipulado.
4.3.1Receção de produto
A receção do produto é um dos pontos mais importantes, onde devem ser averiguados
parâmetros que podem evitar posteriores problemas. Por isso, existe implementado um
procedimento descritivo de como rececionar os diferentes tipos de produto – Anexo Plano
de Inspeção a Receção e Figura 4.12.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
31
Este procedimento é da responsabilidade do Departamento de Gestão de Armazém (DGA),
o qual foi supervisionado e controlado durante este trabalho. Assim, deve verificar-se:
A concordância entre o produto a rececionar e o produto comprado, utilizando a
Guia de Remessa ou fatura do fornecedor e a nota de encomenda efetuada no
Sistema PHC.
Figura 4.12- Esquema de receção do produto.
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
32
Qualquer discrepância entre o produto a rececionar e o produto entregue:
documentação, validade (quando aplicável), transporte, integridade da embalagem
temperatura e lote.
Integridade e limpeza das embalagens a rececionar: as embalagens que apresentem
anomalias são devolvidas ao fornecedor. As embalagens sujas devem ser de
imediato limpas ou devolvidas ao fornecedor. No caso de não ser possível devolver
as embalagens ao fornecedor, são identificadas como produto não conforme e
segregadas em zona de produto não conforme, já existente em armazém.
Inspecionar qualitativamente o produto rececionado de acordo com Plano de
Inspeção à Receção, e no caso de encomendas de grande volume verificar os
requisitos do registo de receção de encomendas de grande volume;
Dar entrada da mercadoria nos stocks do sistema informático com recurso à leitura
ótica (PDA), da qual resulta a etiqueta com lote, validade e data de receção que é
colocada no produto, para posterior expedição.
Arrumar o produto no respetivo lugar.
Caso existam não conformidades atribuídas ao fornecedor, o responsável de receção ou
o Departamento Comercial/Compras comunicam ao Departamento de Qualidade e
Segurança Alimentar que elabora a reclamação e a envia para o fornecedor, com vista a
formalizar a reclamação.
4.3.2 Armazenamento e Manuseamento do produto
O Departamento de Gestão de Armazém é também responsável pelos próximos passos
de armazenamento, Figura 4.13, manuseamento e expedição. Nestas etapas devem ser
seguidas regras estipuladas à piori, para que o produto se mantenha conforme.
Figura 4.13 - Armazenamento de produto.
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33
No armazenamento deve garantir-se que:
As paletes são colocadas nas prateleiras para que o peso seja uniformemente
distribuído;
O armazenamento dos produtos é efetuado de modo a que os seus rótulos sejam
visíveis para permitir uma fácil identificação;
Cada palete de produto está claramente identificada com uma etiqueta com nome
do produto, lote, validade, e ainda o código de barras necessário para o posterior
sistema de picking na expedição;
Os produtos não são colocados diretamente no chão;
A rotação de produtos é feita segundo o sistema FIFO (primeiro a entrar, primeiro a
sair) e, caso a qualidade do produto seja afetada é seguido o sistema FEFO
(primeiro a expirar, primeiro a sair).
A disposição dos produtos não dificulte o seu manuseamento, os meios de combate
a incêndios e o acesso às saídas de emergência;
Os produtos “não conforme” são segregados.
Durante o tempo de armazenamento é muito importante quer o controlo dos prazos de
validade quer o controlo da rotatividade dos produtos. Esta gestão fez, também, parte das
tarefas efetuadas neste trabalho, sendo responsabilidade do DQSA e do DGA, que
controlam os produtos com validade a expirar e os produtos com pouca rotatividade
através da elaboração de um registo no impresso interno - Lista de Produtos de Stock. A
monotorização de validades a expirar foi efetuada com base em listagens de prazos obtidas
a partir dos registos do sistema PHC, com o objetivo de conseguir uma total conformidade
de produtos em armazém. Este ponto tem um grande apoio do Departamento Comercial
(Equipa Comercial), ao qual é dado o alerta caso um produto tenha menos rotatividade ou
pouca validade, fazendo com que os produtos sejam escoados de forma rápida e eficaz.
Para uma melhor conservação ao longo do tempo, no manuseamento dos produtos é fulcral
que:
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34
Sejam utilizados os meios de movimentação adequados e que a carga máxima
destes não seja excedida;
As cargas sejam movimentadas bem fixadas, em equilíbrio e em estabilidade de
forma que não ocorram quebras;
Os produtos sejam depositados sobre as áreas de armazenamento de uma forma
delicada, evitando danos nos produtos movimentados;
Durante a realização deste trabalho procedeu-se ao controlo e averiguação das
condições de armazenamento e manuseamento, sensibilizando sempre os colaboradores
para serem eficazes neste processo, evitando que surjam problemas.
4.3.3. Expedição do produto
Por fim, a expedição do produto para o cliente é uma tarefa de muita relevância, em que
tudo tem que estar conforme para que o pedido do cliente seja satisfeito sem falhas. A
expedição do produto inicia-se com a introdução da encomenda do cliente por parte da
equipa comercial, ou pelo departamento de faturação que receciona a encomenda. Esta
encomenda é verificada dando origem a um picking no sistema informático que tem
correspondência a uma rota de distribuição, importante para posteriormente organizar a
distribuição.
Este picking segue para o armazém onde é efetuada a leitura ótica, os produtos são
separados e segregados em paletes para que, posteriormente, sejam carregados no veículo
de destino. Caso não seja possível satisfazer as encomendas na totalidade da quantidade de
produto pedido ou caso haja rutura de stock, as faltas ficam automaticamente registadas em
suporte informático (Sistema PHC) na secção de Pendentes.
Por fim, o produto é faturado com identificação do lote do produto a expedir, para que se
possa sempre garantir a rastreabilidade do produto, e por fim é expedido para o cliente.
Nesta fase do processo foi somente averiguada a conformidade dos produtos expedidos,
validades, limpeza, e conservação dos produtos.
É importante referir que, o produto a expedir pode ser entregue via distribuição efetuada
pela empresa ou levantado diretamente pelo cliente. Isto quer dizer que, a empresa também
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35
efetua atendimento ao consumidor final, reunindo-se as condições exigidas pela Norma
Portuguesa 9001:2008, existindo portanto um Livro de Reclamações.
4.4 DISTRIBUIÇÃO DE GÉNEROS ALIMENTÍCIOS
A distribuição de produtos diretamente no estabelecimento do cliente é um dos pontos
mais fortes da empresa, tendo sido elaboradas rotas de distribuição que abrangem toda a
zona do Alto Minho, Minho e zona metropolitana do Porto.
Assim, após terminar a separação de todos os produtos consoantes as respetivas
encomendas, os mesmos são organizados nas paletes, de forma a que durante a noite se
proceda ao carregamento de todos os veículos de distribuição de acordo com o código de
boas práticas implementado na empresa.
As viaturas de distribuição,
Figura 4.14, devem estar sempre higienizadas e em bom estado de conservação, sendo esta
tarefa da responsabilidade dos distribuidores. Os documentos obrigatórios devem estar
sempre nos veículos para cumprir todas as normas e os distribuidores devem ainda ter
cientes que a manutenção dos termógrafos para medição da temperatura fazem parte
igualmente da sua responsabilidade. Estes parâmetros foram estritamente controlados
durante o desenrolar do trabalho, onde foi implementado o registo de controlo da
distribuição, que é realizado diariamente e efetuado pelo DQSA, onde se verifica também a
entrega do registo da temperatura diário.
Figura 4.14 - Viaturas de distribuição.
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
36
4.5 RESÍDUOS
De todo o processo da empresa resultam diversos resíduos desde papel, plásticos, vidros e
outras embalagens que seguem para a reciclagem. No que diz respeito aos resíduos
orgânicos, estes são resultado de produtos sem validade, quebras de produto e de produtos
que durante o tempo de armazenamento se deterioram, como produtos de charcutaria. Este
tipo de produtos é perecível, pelo que facilmente ganham bolor e por vezes, perdem até as
condições de vácuo.
Podem ser dados dois seguimentos aos resíduos orgânicos: quando acordado com o
fornecedor, estes podem ser devolvidos, ou então seguem para um processo de abate de
produto, onde são encaminhados para o aterro sanitário com posterior destruição.
A zona de produto não conforme de secos estava já definida, porém durante este trabalho
houve a necessidade de criar uma mesma zona mas para produtos refrigerados, visto que
há um volume representativo deste tipo de produto que se torna inutilizável.
4.6 PLANO HACCP
Como referido o sistema de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos, HACCP,
permite a identificação e controlo de qualidade e segurança alimentar de forma preventiva
e sistemática de perigos que representem uma ameaça. Assim, durante o trabalho
desenvolvido, verificou-se a existência de um Plano HACCP (ANEXO A), que foi
acompanhado, verificado, controlado no terreno e revisto. Deste trabalho resultou a
descrição mais aprofundada dos Pontos Críticos de Controlo que até então estavam pouco
realçados. Inicialmente procedeu-se à reestruturação da Equipa HACCP e foi dado a
conhecer o Fluxograma do Processo, ilustrado na Figura 4.15.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
37
Neste fluxograma é possível verificar o descrito nos diferentes pontos deste capítulo,
associando também para cada ponto do processo as temperaturas ideais. Com esta
estruturação, foi possível proceder à análise dos perigos e descrição das medidas
preventivas, como se pode verificar nas tabelas 4.1 a 4.5.
Figura 4.15 - Fluxograma de processo da empresa.
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
38
Tabela 4.1 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas na receção do produto
Etapa do
processo Tipo de Perigo Descrição de Perigo Causas Medida preventiva
Receção
do
Produto
Microbiológico
(Biológico)
Presença de
microrganismos
patogénicos.
Temperaturas e tempos inadequados de
transporte (quando aplicável);
Deficientes condições de transporte e de
condições de higiene e práticas de
preparação do produto do fornecedor;
Manuseamento do produto inadequado;
Verificação das condições de higiene e
temperatura à receção do produto;
Especificações de acordo com o
fornecedor;
Cumprir o Plano de Inspeção à Receção;
Formação do pessoal que receciona o
produto.
Físico
Presença de elementos
físicos estanhos (osso,
cartilagem, metais) Deficientes condições de fabrico dos
produtos.
Más condições de transporte.
Verificar as condições de higiene do
produto à receção;
Especificações de acordo com o
fornecedor;
Cumprir o Plano de Inspeção à Receção.
Presença de resíduos de
material de embalagem
Químico
Presença de elementos
químicos a níveis
indesejáveis
Deficientes condições de fabrico dos
produtos.
Verificar as condições de higiene do
produto à receção;
Especificações de acordo com o
fornecedor;
Cumprir o Plano de Inspeção à Receção.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
39
Tabela 4.2 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas no armazenamento
Etapa do
processo Tipo de Perigo
Descrição de
Perigos Causas Medida preventiva
Armazenamento
de produtos secos
Microbiológico
(Biológico)
Contaminação e
desenvolvimento de
microrganismos e
contaminação por
pragas Manuseamento do produto
inadequado;
Temperatura do armazém
inadequada;
Inadequadas condições de
higienização
Término dos prazos de validade;
Existência de pragas.
Cumprir o Plano de Manutenção
Preventiva
Cumprir o Plano de Higienização;
Controlo das temperaturas do
armazém (T <25ºC);
Controlo das datas de validade;
Rotações segundo o FIFO e FEFO;
Cumprir o Código de Boas Práticas;
Formação do Pessoal;
Controlo de pragas.
Físico
Presença de
elementos físicos
estanhos (resíduos de
madeira, material de
embalagem).
Químico
Presença de
elementos químicos
a níveis indesejáveis.
Tabela 4.3 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas no armazenamento (continuação)
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
40
Etapa do processo Tipo de Perigo Descrição de
Perigos Causas Medida preventiva
Armazenamento
de refrigerados
Microbiológico
(Biológico)
Contaminação e
desenvolvimento de
microrganismos.
Temperaturas das câmaras
inadequadas;
Exposição prolongada a
temperatura inadequada;
Inadequadas condições de
higienização
Contaminação pelo Operador;
Contaminação cruzada;
Término dos prazos de
validade
Cumprir o Plano Manutenção
Preventiva;
Cumprir o Plano de Higienização;
Controlo das temperaturas das
câmaras;
Controlo de tempo de exposição
aquando da separação de encomendas
e armazenamento;
Controlo das datas de validade dos
produtos;
Rotação segundo FIFO ou FEFO;
Cumprir o Código de Boas Práticas;
Formação do Pessoal.
Físico
Presença de
elementos físicos
estanhos (resíduos de
embalagem).
Químico
Presença de
elementos químicos a
níveis indesejáveis
Tabela 4.4 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas no armazenamento (continuação)
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
41
Etapa do Processo Tipo de Perigo Descrição do Perigo Causas Medida preventiva
Armazenamento de
produtos congelados
Microbiológico
Contaminação com
microrganismos
patogénicos;
Manuseamento do produto
inadequado;
Temperatura de câmaras
inadequadas;
Inadequada higienização das
câmaras;
Término dos prazos de validade.
Cumprir o Plano de Manutenção
Preventiva;
Cumprir de acordo com o Plano de
Higienização;
Controlo das temperaturas das
câmaras;
Controlo das datas de validade;
Rotações segundo o FIFO e FEFO;
Cumprir de acordo com o Código de
Boas Práticas;
Formação do Pessoal.
Físico
Presença de elementos
físicos estanhos
(resíduos de
embalagem).
Químico
Presença de elementos
químicos a níveis
indesejáveis;
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
42
Tabela 4.5 - Análise dos perigos e descrição das medidas preventivas na preparação da encomenda, expedição e transporte
Etapa do
Processo
Tipo de Perigo Descrição do Perigo Causas Medida preventiva
Preparação da
encomenda
Microbiológico
Contaminação com
microrganismos
patogénicos;
Contaminação por
pragas.
Manuseamento do produto
inadequado;
Relação Tempo / Temperatura
demasiado elevada;
Existência de pragas.
Cumprir o Código de Boas Práticas;
Formação do pessoal;
Gestão das encomendas;
Cumprir plano de controlo de pragas
Cumprir o procedimento operativo para a
expedição.
Expedição Microbiológico
Contaminação e
desenvolvimento de
microrganismos;
Contaminação de pragas.
Manuseamento do produto
inadequado;
Relação Tempo / Temperatura
demasiado elevada;
Existência de pragas.
Cumprir o Código de Boas Práticas;
Formação do pessoal;
Cumprir plano de controlo de pragas
Gestão das expedições, rotas de
distribuição;
Cumprir o procedimento operativo para a
expedição.
Transporte Microbiológico
Contaminação e
desenvolvimento de
micro organismos.
Deficiente higienização da
viatura;
Desvios nas temperaturas;
Inadequado manuseamento do
produto.
Controlo dos Registos de Temperaturas;
Termo de Responsabilidade do
Transportador;
Cumprir plano de higienização para
veículos;
Cumprir o Código de Boas Práticas.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
43
Após a análise dos perigos presentes nas várias etapas do processo é possível proceder à
Identificação dos Pontos Críticos de Controlo (PCC’s) no Anexo B. A obtenção destes
dados permite a construção do Fluxograma de processo com indicação dos PCC’s, Figura
4.16, que possibilita uma melhor conceção e controlo de todo o processo.
Figura 4.16 - Fluxograma de processo com indicação de PCC's.
Verifica-se que o processo tem três pontos críticos de controlo, dois deles na etapa de
armazenamento dos produtos refrigerados e congelados, e um último na etapa de
PCC1
1
PCC2
PCC3
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
44
transporte. Confirma-se assim que a temperatura é o parâmetro que mais influencia o
processo sendo por isso o item que maior atenção requereu durante o trabalho.
A revisão do HACCP deve ser efetuada anualmente ou sempre que ocorra alguma
alteração nas etapas, e compete ao responsável do Departamento da Qualidade e Segurança
Alimentar efetuar o registo destas alterações e definir os novos planos. Assim, durante este
trabalho procedeu-se à revisão do mesmo a partir do que foi averiguado nas auditorias
realizadas.
A análise da implementação do HACCP fez-se através da análise de registos de
higienização, registo de não conformidades, verificação de temperaturas de
armazenamento e transporte e verificação do registo de controlo do transportador.
4.7 GESTÃO DA MELHORIA
4.7.1 Auditoria interna e externa
A organização mantém um sistema de auditorias da qualidade internas e externas, com
base num plano de auditorias anual aprovado pela Gerência, com o propósito de avaliar a
eficácia e implementação do Sistema de Gestão da Qualidade, de acordo com os requisitos
definidos na Norma ISO 9001:2008.
As auditorias são realizadas por técnicos com experiência comprovada no sector alimentar
e que tenham realizado, no mínimo, uma auditoria em empresas desse mesmo sector. São
mantidos registos das auditorias realizadas e desencadeadas as respetivas ações corretivas
face às não conformidades detetadas. Assim, na presente auditoria são sempre analisadas
as anteriores auditorias interna(s) e externa(s).
No presente trabalho, foram realizadas duas auditorias; uma auditoria interna para
acompanhamento e preparação para auditoria externa com duração de um dia, e uma
auditoria externa realizada pela APCER, com o intuito de renovar a certificação pela NP
ISO 9001:2008, com duração de dois dias.
A preparação de uma auditoria é da responsabilidade do DQSA e foi uma das principais e
mais importantes tarefas deste trabalho. Assim o DQSA age de forma a elaborar um Plano
Anual de Auditorias, de acordo com os parâmetros exigidos, estipulando os seguintes itens:
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
45
Realização de pelo menos uma auditoria da qualidade a todo o âmbito do Sistema
de Gestão da Qualidade;
Verificação do resultado das auditorias anteriores;
Averiguação do desempenho do Sistema de Gestão da Qualidade.
Escolha de um Auditor Coordenador: que seja independente das áreas auditadas,
com formação em auditorias da qualidade (mínimo: 35 horas), formação em
auditorias de acordo com o referencial 19011: 2012, formação no referencial
normativo a auditar e com experiência prática (mínimo: 4 auditorias realizadas no
sector de atividade). Aos restantes elementos da equipa auditora apenas é exigido
formação em auditorias e formação no referencial normativo a auditar;
Divulgação do Plano Anual de Auditorias a todos os responsáveis dos sectores a
auditar;
Fornecer toda a informação necessária à equipa auditora, incluindo os registos da
auditoria anterior.
Da participação nestas auditorias, verificou-se que a equipa auditora age de modo a marcar
a data da auditoria com os responsáveis dos sectores a auditar e com o Departamento da
Qualidade e Segurança Alimentar, solicitando a documentação que considera necessária
para a preparação da auditoria, a fim de elaborar um programa da auditoria e solicitar ao
responsável do DQSA a sua divulgação.
Durante a realização da auditoria a equipa auditora verifica os Registos de Evidências de
Auditorias anteriores. As não conformidades e observações constatadas, são registadas,
para que neste boletim se proponham as medidas a tomar, no sentido de corrigir e prevenir
a repetição das não conformidades futuras. Na auditoria é dada maior ênfase a documentos
como a ata de revisão pela gestão, procedimentos de gestão da empresa, registo de não
conformidades e o seu seguimento. Uma fase fulcral da auditoria é a verificação no terreno
do descrito nos procedimentos relativamente ao praticado diariamente, sendo abordados
vários colaboradores que são questionados sobre o conhecimento dos procedimentos de
trabalho.
Por fim, aquando da realização do relatório final da auditoria, este deve indicar os
seguintes pontos:
O âmbito da auditoria;
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
46
A equipa auditora;
A data da auditoria;
A duração da auditoria;
O resumo da auditoria;
Constatações da auditoria;
Promover uma reunião final com a Gerência, Responsável pelo DQSA e Auditados,
entregando nesta o Relatório Resumo e os Registo de Evidencias de Auditorias.
Estes documentos são posteriormente arquivados pelo Departamento da Qualidade e
Segurança Alimentar para posteriores auditorias.
Após a auditoria os responsáveis do DQSA têm como missão definir com os responsáveis
dos sectores auditados as ações corretivas a implementar, sendo responsáveis pelo
seguimento das ações corretivas, verificando a sua correta implementação.
Já os responsáveis dos sectores auditados agem de modo a colaborar com o DQSA na
definição das ações corretivas a implementar, para eliminar as causas das não
conformidades e disponibilizar os meios necessários para a implementação das ações
corretivas no prazo definido.
Posteriormente à realização da auditoria foi conseguida a renovação da certificação.
Constatou-se que há muitos pontos a melhorar, tendo sido possível pôr em prática alguns
deles, como a aquisição de registadores de temperatura aprovados, a melhoria do plano de
inspeção à receção, a maior flexibilização de procedimentos de processos internos e a
junção de documentação, registos e modelos de ambas as empresas.
4.7.2 Não Conformidade e Reclamações
Uma não conformidade pode ter origem em diferentes pontos, podendo partir de uma
reclamação de um cliente relativamente aos produtos e/ou serviços, de uma anomalia
detetada internamente nos produtos e/ou estrutura ou equipamentos, ou de um erro do
fornecedor que pode ser detetado internamente ou pelo cliente. Pode também ser resultado
da revisão ao plano HACCP e da realização de auditorias internas e externas.
Estas não conformidades devem sempre ser comunicadas ao departamento de qualidade e
segurança alimentar que deve abrir um registo de não conformidade onde se regista a
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
47
origem da não conformidade, a descrição da mesma e por quem foi rececionada. Neste
trabalho, esta foi uma das responsabilidades atribuídas onde era necessário averiguar a
origem do problema, encontrando uma ação corretiva a implementar de forma a minimizar
a ocorrência da mesma. O mais importante foi desenvolver a capacidade de definir as
causas das não conformidade, correções e a ação corretiva a implementar, assim como os
prazos para a implementação. Para além disso, foi objetivo acompanhar e analisar a
implementação da ação corretiva, verificando a eficácia desta no tempo estipulado para a
sua aplicação.
Ao longo do tempo deve fazer-se a análise da evolução da não conformidade e
posteriormente, deve verificar-se a eficácia da ação implementada. Esta análise deve ser
efetuada pelo DQSA, sendo registada a data em que foi efetuada a verificação, o método
utilizado, bem como o responsável pela verificação.
No caso de uma não conformidade aberta com base numa reclamação de um cliente, é
importante dar uma resposta o mais breve possível, encontrando uma solução, como a
substituição do produto para que seja minimizada a insatisfação do cliente. Caso a
reclamação seja relativa a um produto, todos os lotes que possam ter sido afetados pela
situação de não conformidade devem ser retidos sob controlo do DGA em conjunto com o
DQSA até que tenham sido avaliados as causas. Os produtos não conformes são colocados
na área identificada como Zona de Produtos Não Conformes.
Consolidou-se que cada lote de produto afetado pela não conformidade apenas deve ser
libertado sendo dado como seguro, quando se aplica alguma das seguintes condições:
Outras evidências, para além do sistema de monitorização, que demonstrem
que as medidas de controlo têm sido eficazes;
-Os resultados da amostragem, análise e/ou outras atividades de verificação
demonstram que o lote de produto afetado está conforme com os níveis de
aceitação identificados para o (s) perigo (s) de modo a garantir a segurança
alimentar.
Se no seguimento da avaliação, o lote do produto não é aceitável para voltar ao mercado,
deve ser submetido a uma das seguintes atividades:
Devolução ao fornecedor;
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
48
Destruição e/ou disponibilização como resíduo.
Quando uma não conformidade ou reclamação tiver como origem/causa uma anomalia por
parte do fornecedor, o DQSA emite uma reclamação ao fornecedor, sempre formalizada
por fax, carta ou e-mail, no sentido de obter uma proposta de resolução por parte do
fornecedor.
Durante o trabalho de revisão, este ponto foi bem desenvolvido, tendo sido por diversas
vezes efetuadas reclamações a fornecedores devido à deteção de situações não conformes
no processo.
4.8 DESENVOLVIMENTO DE MARCA PRÓPRIA
No que diz respeito ao desenvolvimento da marca própria, a empresa tem uma política bem
definida, tendo como visão uma forte aposta no desenvolvimento da própria marca.
Neste momento existem 3 marcas em permanente desenvolvimento:
“Aldoro”: produtos de charcutaria (Figura 4.17);
“Bliss”: produtos lácteos, essencialmente queijos (Figura 4.17);
“ Carotel”: produtos secos como cogumelos, café, azeite, óleos alimentares e puré
(Figura 4.17).
È da competência da equipa comercial recolhe informação no mercado de produtos com
interesse para o desenvolvimento da marca própria. Estes são propostos ao departamento
de compras que, conjuntamente com o fornecedor, propõe e negoceia o desenvolvimento
da marca própria. Nesta fase, o Departamento de Marketing e Publicidade tem um papel
importante, no desenvolvimento e conceção da imagem e dos rótulos.
Figura 4.17 - Marcas própria da empresa.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
49
Na etapa de desenvolvimento de rótulos é muito importante que o DQSA intervenha de
forma a verificar se a informação compilada é conforme. Portanto, este ponto foi também
abordado durante o trabalho. Assim, averiguou-se para diferentes produtos se toda a
informação contida estava de acordo com as fichas técnicas do produto, como volumes/
pesos e/ ou pesos escorridos, registos de salubridade do fornecedor, a descrição do produto,
códigos de barras – que são desenvolvidos pelo DQSA - temperatura de conservação,
ingredientes, e outros.
Após a criação de toda a informação, é importante que na primeira receção de produto se
verifique ao pormenor se não ocorreu nenhum erro e se toda a informação segue clara para
o consumidor.
4.9 MELHORIA CONTINUA
Para uma melhoria contínua do Sistema de Qualidade implementado são tidas em conta
duas áreas abrangentes e específicas que se interligam: grau de satisfação de clientes e
ações de melhoria. Assim, o grau de satisfação do cliente influencia diretamente as ações
de melhoria a implementar.
A avaliação da satisfação do cliente relativamente aos serviços e produtos é feita através do
envio de um Inquérito de Satisfação aos Clientes via email e correio, que é elaborado pelo
DQSA e enviados para os clientes de acordo com o estipulado pela empresa. Neste
trabalho foi feita a análise dos inquéritos relativos ao ano de 2012, tendo sido obtido para a
FineCook e para a GoodFood um grau de satisfação de 97%, revelando assim que os
objetivos propostos para as empresas foram alcançados, garantindo-se a satisfação dos
clientes quer com o produto quer com os serviços da empresa.
No decorrer do trabalho foi também reestruturado o inquérito para 2013 para que este se
torne mais claro e objetivo para o cliente, e foram também selecionados os clientes a enviar
segundo os requisitos definidos pela empresa.
Após o tratamento e envio dos novos inquéritos para 2013, sentiu-se necessidade de
conhecer a avaliação de produtos e serviços mas de uma outra perspetiva. Assim, foi
implementado um novo inquérito de avaliação da satisfação do cliente efetuado pela
equipa comercial. Foi definido que trimestralmente fosse efetuado este inquérito nas
reuniões com a equipa comercial, para que a empresa tenha um melhor conhecimento do
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
50
trabalho que desenvolve no mercado, podendo adaptar-se a alterações, proceder a
ajustamentos e estabelecer ações de melhoria.
Um outra forma de avaliar pontos a melhorar é tendo como base as não conformidades
identificadas e registadas sobre os processos ou produtos. É objetivo primordial identificar
as causas e implementar as respetivas ações corretivas para prestar sempre o melhor
serviço.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
51
5. CONCLUSÕES FINAIS
Da realização deste trabalho de estágio, para além da concretização do principal objetivo
de revisão do SGQ e Sistema de Segurança Alimentar das empresas GoodFood e
FineCook, mais e diversos conhecimentos foram adquiridos.
A integração no mundo empresarial foi sem dúvida muito vantajosa levando a que novos
conceitos fossem alicerçados, tendo agora outras ferramentas de trabalho para o futuro. O
facto de lidar com clientes, fornecedores nacionais e estrangeiros, colaboradores e
participar de uma estrutura organizada de uma empresa, levou a que os conhecimentos
académicos tenham agora outra aplicabilidade e complementaridade.
Todos os novos conhecimentos práticos da teoria adquirida a nível académico, bem como o
resultado final deste trabalho, derivam de uma grande e eficaz orientação do trabalho, bem
como um grande apoio encontrado na empresa.
Neste trabalho, houve grande contacto com toda a estrutura do SGQ, com os requisitos do
Regulamento (CE) N.ᵒ 852/2004 e o código de boas práticas do Codex Alimentarius
estipulado na empresa bem como com a NP EN ISO 9001:2008.
Estas empresas trabalham diariamente com muitas referências de produtos, sendo assim
uma mais-valia no mercado, mas também uma dificuldade no que toca ao controlo de
segurança alimentar. Assim, no final deste trabalho pode concluir-se que os pontos críticos
da empresa são essencialmente os pontos que envolvem a criação de ambientes com
temperaturas especiais e todo o controlo adjacente. Embora haja um controlo delineado e
acompanhado continuamente, este parâmetro é sem dúvida um dos causadores de
problemas, tanto nas câmaras como nas viaturas de distribuição. Por isso, o tempo de
exposição dos produtos à temperatura ambiente durante o processo de carregamento das
viaturas de distribuição, mostrou-se um dos momentos mais complicados de todo o
fluxograma do processo da empresa, tendo-se verificado uma persistente tentativa por parte
de toda a equipa em diminuir as consequências desta etapa. Contudo, não foi possível
implementar um método mais eficaz.
Um outro ponto relevante são as falhas que por vezes os colaboradores cometem, não
cumprindo os requisitos de receção e manuseamento de produto, sendo necessário chamar
Revisão de SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
52
várias vezes a atenção para a importância e necessidade de fazer uma eficaz receção e
manter os produtos conformes durante o armazenamento, para que não se origem resíduos.
As temperaturas durante o transporte são também um ponto a debater, pois o constante
abrir e fechar de portas reduz a eficácia de frio que o veículo produz, sendo necessário que
os distribuidores mantenham asseguradas as melhores condições de frio possíveis, para que
o produto não se degrade.
De frisar que foi possível concluir que existe um esforço constante para melhorar
continuamente os serviços prestados, e a vontade de sempre satisfazer as necessidades do
cliente.
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
53
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Num futuro trabalho, sendo que a temperatura se mostrou um dos parâmetros de maior
preocupação, seria interessante realizar um teste de temperatura aos produtos. Isto é, apurar
o tempo que o produto refrigerado e congelado pode estar exposto à temperatura ambiente
sem que perca as suas qualidades e se torne não conforme.
Esta informação seria muito importante para que, com ajuda dos registos obtidos tanto das
câmaras como das viaturas, se possa assegurar a total qualidade do produto aquando da
entrega deste ao cliente.
Um outro ponto a melhorar é o método de carregamento das viaturas de distribuição; em
que deve ser encontrada a melhor estratégia para que se criem o menor número possível de
situações não conformes e reclamações.
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BIBLIOGRAFIA
1. Mead, P.S., Slutsker, L., Dietz, V., McCaig, L.F., Bresee, J.S., Shapiro, C., Griffin,
P.M. e Tauxe, R.V. (1999). Food-related illness and death in the United States. Emerging
Infectious Diseases, 5: 607-625.
2. World Health Organization. (2006). Five keys to safer food manual. WHO. Genebra.
3. Forsythe, S. e Hayes, P.R. (1998). Food Hygiene, microbiology and HACCP. 3ªediçao,
Aspen. Gaithersburg.
4. NP EN ISO 9001: (2008). Norma Portuguesa para Sistemas de gestão da qualidade:
Requesitos.Instituito Portugues da Qualidade. Caparica.
5. Baptista P, Pinheiro G, Alves P. Sistemas de Gestão de Segurança Alimentar. 1a Edição.
Guimarães: Forvisão - Consultadoria em Formaçao Integrada, Lda; 2003
6. Godfree A, Farrell J. (2005). Processes for managing pathogens. United Kingdom: J
Environ Qual; 34(1):105-13.
7. Worsfold D. (2001) A guide to HACCP and functional catering. Wales: The Journal of the
Royal Society for the Promotion of Health; 121(4):224-9.
8. Comissão do Codex Alimentarius. (2003). Código de práticas internacionais
recomendadas: princípios gerais de higiene alimentar. Revisão nº 4. 1-27.
9. Comissão das Comunidade Europeias. (2005). Documento de orientação sobre a
aplicação de procedimentos baseados nos princípios HACCP e sobre a simplificação da
aplicação dos princípios HACCP em determinadas empresas do sector alimentar. CE.
Bruxelas.
10. Regulamento (CE) N.ᵒ 852/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril
de 2004. Jornal Oficial da União Europeia N.ᵒ L 139 de 30.4.2004. Estrasburgo.
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56
11. Pinto, D.B., Castro, I., Vicente, A.A. (2006). The use of TIC’s as a managing tool for
traceability in the food industry. Food Research International. 39(7):772-781.
12. Reis, L. e Mañas, A. (1999), ISO 9000: Um caminho para a qualidade total, 10ª Edição,
Erica, São Paulo.
13. Mangarella, C. (1999). ISO 9000 ABC’s: The small company guide to successful
registration. 1ª Edição, Saint Lucie Pr. Florida.
14. NP EN ISO 22000 (2005). Norma Portuguesa para sistemas de gestão da segurança
alimentar: Requisitos para qualquer organização que opere na cadeia alimentar. Instituto
Português da Qualidade. Caparica.
15. Ropkins K, Beck AJ. Application of Hazard Analysis and Critical Control Point
(HACCP) to organic chemical contaminants in food. United Kingdom: Crit Rev Food Sci
Nutr. 2002 Mar; 42(2):123-49.
16. Hazard Analysis and Critical Control Point. Principles and Applications Guidelines.
National Advisory Committee on Microbiology Criteria for Foods 1997.
17. FQA, HACCP Manual de Formação, 2002.
18. Noronha, J., Linhas de orientação para aplicação do sistema de análise de perigos e
controlo de pontos críticos HACCP, Associação Nacional dos Industriais de Refrigerantes
e Sumos de Frutos, 1999.
19. Página da web da Epralima em
www.epralima.com/iqa/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=96&Itemi
d=99 (consultado em: 27 de Dezembro de 2012).
20. Vaz, A., Moreira, R., Hogg, T., Introdução ao HACCP, Associação para a Escola
Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, 2000.~
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
57
21. Rodrigues, A., Viveiros, J., HACCP Implementação do Sistema de Segurança Alimentar,
Controlo da Qualidade, Universidade da Madeira.
22. Pinto, A., & Soares, I. (2010). Sistemas de Gestão da qualidade - Guia para a sua
implementação. Lisboa: Edições Silabo, LDA.
23. Página da web do Grupo IDIS em http://idisgrupo.com/ (consultado a 27 de Dezembro
de 2012).
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ANEXOS
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ANEXO A - PLANO DE INSPEÇÃO À RECEÇÃO
Tabela A.6- Plano de inspeção à receção de lacticínios, banhas, gorduras e charcutaria
PRODUTO O QUÊ
INSPECCIONAR?
QUEM
INSPECCIONAR?
QUANDO
INSPECCIONAR? COMO INSPECCIONAR? CRITERIO ACEITAÇÃO
ACÇÃO EM CASO
DESVIO REGISTO
LA
CT
ICIN
IOS
, B
AN
HA
S,
GO
RD
UR
A,
e C
HA
RC
UT
AR
IA
1. Temperatura
2. Quantidade
3. Condições higio-
sanitárias
4. Integridade da Embalagem
5. Lote e Prazos
validade
6. Rotulagem
Responsável de Gestão de Armazém
(DGA) (Receção
/Expedição)
A cada receção de
produtos
1. Verificar temperaturas de transporte;
- Temperatura de acordo com o indicado no rótulo do produto;
Avisar DQSA;
Efetuado pelo
PDA.
Leitor de código
de barras.
Colocação de
carimbo, e registo de
recepção de
encomendas de grande volume.
2. Verificar concordância dos
documentos com a
mercadoria rececionada e com a encomenda efectuada;
- Quantidade de produto
encomendada;
- Produto com designação de
encomenda;
- Concordantes (nome da empresa, data de entrega)
Avisar Faturação/
Expedição, que depois
comunicará ao DQSA;
3. Observação visual da
limpeza do veículo; - Veículo limpo;
Avisar
DQSA
4. Observação da integridade
das embalagens;
- Ausência de rupturas, amolgadelas,
oxidação, sujidade;
Avisar
DQSA
5. Verificar o lote e os prazos da validade dos produtos.
- Indicação do lote de modo legível;
- Produto com validade suficiente
para garantir a sua comercialização;
- Em concordância com o documento
de acompanhamento;
Avisar
DQSA
6. Rotulagem
- Rotulagem visível legível e sem
danos, de acordo com o DL nº156/2008 de 7 de Agosto.
Avisar
DQSA
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Tabela A.7 - Plano de inspeção à receção para produtos secos, água, leites e chocolates
PRODUTO O QUÊ
INSPECCIONAR?
QUEM
INSPECCIONAR?
QUANDO
INSPECCIONAR? COMO INSPECCIONAR? CRITERIO ACEITAÇÃO
ACÇÃO EM CASO
DESVIO REGISTO
PR
OD
UT
OS
SE
CO
S,
SU
MO
S,/
ÁG
UA
S,
LE
ITE
S,
CH
OC
OL
AT
E
1. 1.Quantidade
2. 2.Condições higio-
sanitárias
3. 3.Integridade da Embalagem
4. 4.Lote e Prazos
validade
5. 5.Rotulagem
Responsável de
Gestão de Armazém (DGA) (Receção
/Expedição)
A cada receção de produtos
Efetuado pelo PDA.
Leitor de código
de barras. Colocação de
carimbo, e
registo de recepção de
encomendas de
grande volume
1. Verificar concordância dos
documentos com a
mercadoria rececionada e
com a encomenda efectuada;
Quantidade de produto
encomendada;
Produto com designação de
encomenda;
Concordantes (nome da empresa, data de entrega)
Avisar Faturação/
Expedição, que depois
comunicará ao DQSA;
2. Observação visual da
limpeza do veículo; Veículo limpo;
Avisar
DQSA
3. Observação da integridade
das embalagens;
Ausência de rupturas, amolgadelas,
oxidação, sujidade;
Avisar
DQSA
4. Verificar o lote e os prazos
da validade dos produtos.
Indicação do lote de modo legível;
Produto com validade suficiente para garantir a sua comercialização;
Em concordância com o documento
de acompanhamento;
Avisar
DQSA
5. Rotulagem Rotulagem visível legível e sem
danos, de acordo com o DL
nº156/2008 de 7 de Agosto.
Avisar
DQSA
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Tabela A.8 - Plano de inspeção à receção para produtos lácteos, banhas, gorduras e charcutaria
PRODUTO O QUÊ INSPECCIONAR? QUEM
INSPECCIONAR?
QUANDO
INSPECCIONAR
?
COMO
INSPECCIONAR? CRITERIO ACEITAÇÃO
ACÇÃO EM CASO
DESVIO REGISTO
CO
NG
EL
AD
OS
E U
LT
RA
CO
NG
EL
AD
OS
1. Temperatura
2. Quantidade
3. Condições higio-
sanitárias
4. Integridade da
Embalagem
5. Lote e Prazos
validade
6. Rotulagem
Responsável de Gestão de Armazém
(DGA) (Receção
/Expedição)
A cada receção de
produtos
1. Verificar temperaturas de transporte;
Congelados: -12⁰ C;
Ultra - Congelados: 18 ⁰ C ± 3⁰ C;
Avisar DQSA;
Efetuado pelo
PDA. Leitor de
código de
barras. Colocação de
carimbo, e
registo de recepção de
encomendas de
grande volume
2. Verificar concordância
dos documentos com a mercadoria rececionada e
com a encomenda
efectuada;
Quantidade de produto encomendada;
Produto com designação de encomenda;
Concordantes (nome da empresa, data
de entrega)
Avisar Faturação/
Expedição, que depois comunicará ao
DQSA;
3. Observação visual da limpeza do veículo;
Veículo limpo;
Avisar
DQSA
4. Observação da
integridade das
embalagens;
Ausência de ruturas, amolgadelas, oxidação, sujidade;
Avisar
DQSA
5. Verificar o lote e os
prazos da validade dos
produtos.
Indicação do lote de modo legível;
Produto com validade suficiente para
garantir a sua comercialização;
Em concordância com o documento
de acompanhamento;
Avisar
DQSA
6. Rotulagem
Rotulagem visível legível e sem
danos, de acordo com o DL
nº156/2008 de 7 de Agosto.
Avisar
DQSA
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ANEXO B – ANÁLISE DE PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLO
Tabela B. 9 – Análise dos pontos críticos
Etapa Descrição de Perigo Q1 Q2 Q3 Q4 PCC Comentários
Receção do
Produto
Microbiológicos
Presença de microrganismos patogénicos. Sim Não Não ______ ______
Controlo do Plano de Inspeção –
Receção de Matérias-Primas.
Físico
– Presença de elementos físicos estanhos (osso,
cartilagem, metais)
Sim Não Não ______ ______ Controlo do Plano de Inspeção –
Receção de Matérias-Primas.
Químico
– Presença de elementos químicos a níveis
indesejáveis
Sim Não Não ______ ______ Controlo do Plano de Inspeção –
Receção de Matérias-Primas.
Armazenamento
(Secos)
Microbiológico
Contaminação e desenvolvimento de
microrganismos patogénicos
Sim Não Não ______ ______ Controlo do Código de Boas
Praticas
Físico
Presença de elementos físicos estanhos
(resíduos de madeira, material de
embalagem).
Sim Não Não ______ ______ Controlo do Código de Boas Praticas
Químico
Presença de elementos químicos a níveis
indesejáveis.
Sim Não Não ______ ______ Controlo do Código de Boas Praticas
Armazenamento
na câmara de
Refrigeração
Microbiológico
Contaminação e desenvolvimento de
microrganismos patogénicos
Sim Sim ______ ______ PCC1 ________
Físico
– Presença de elementos físicos estanhos
(resíduos de embalagem).
Sim Não Não ______ ______ Controlo do Código de Boas Praticas
Químico
– Presença de elementos químicos a níveis
indesejáveis
Sim Não Não ______ ______ Controlo do Código de Boas Praticas
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Tabela B. 10 - Análise dos pontos críticos
ETAPA PCC DESCRIÇÃO
DO PERIGO
Limite
Critico
Monitorização
Método Frequência Resp. Registo Acção Correctiva
Armazenamento
na
Câmara de
Refrigeração
PCC1
Microbiológico
Contaminação e
desenvolvimento
de
microrganismos
patogénicos
T ≤ 5ºC
Registo
Automátic
o
Diário de 30
em 30
minutos
DQSA
Registo
Automáti
co
Fechar a Câmara;
Avisar o DQSA que emitirá
um Registo de NC;
Caso o DQSA o decida o
produto será considerado
NC;
Armazenamento
na
Câmara Congelados
PCC2
Microbiológico
Contaminação e
desenvolvimento
de
microrganismos
patogénicos
T ≤ - 18ºC
Registo
Automátic
o
Diária de 30
em 30
minutos
DQSA
Registo
Automáti
co
Avisar o DQSA que emitirá
um Registo NC;
Caso o DQSA o decida, o
produto será considerado
Não Conforme.
Transporte PCC3
Microbiológico
Contaminação e
desenvolvimento
de
microrganismos
patogénicos
Refrigerados
T ≤ 5ºC
Congelados
Ultra-
congelados
T ≤ - 18ºC
Registo
Automátic
o
Diário de 5
em 5
minutos
Transpor
tador
Registo
Automáti
co
Registo de Não
Conformidade;
Avisar o DQSA que emitirá
um Registo NC;
Caso o DQSA o decida o
produto será considerado
NC;
Revisão do SGQ e Segurança Alimentar em empresas do Grupo IDIS
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