Revisao-UNEB-LITERATURA-

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Revisão UNEB/Literatura/III trimestre/3ºEM/2013 1 ANÁLISE E INTERPRETEÇÃO DE TEXTO (UNEB2005) QUESTÕES DE 01 A 06 TEXTO REVISÃO UNEB – VESTIBULAR 2014

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Revisão UNEB de Literatura obras literarias 2015

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    ANLISE E INTERPRETEO DE TEXTO (UNEB2005)

    QUESTES DE 01 A 06

    TEXTO

    REVISO UNEB VESTIBULAR 2014

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    01. A alternativa em que est expresso um ponto de vista de Leonardo Boff, defendido no texto, a

    01) A pessoa humana, consciente do seu papel planetrio, deseja interagir com os diversos seres e com as coisas do

    mundo.

    02) O ser humano chama para si um direito de dominao sobre a natureza, o que legitimado pela tica da solidariedade.

    03) O bem comum dos cidados e da natureza uma preocupao mundial que tem sido supervalorizada por civilizaes

    tecnologicamente avanadas.

    04) O preo ecolgico do desenvolvimento alto, porque compromete a qualidade do meio ambiente e as relaes sociais

    entre povos de culturas diferentes.

    05) O inter-relacionamento existente na natureza deve ser considerado como um fator de equilbrio ecolgico sobre o qual

    o meio ambiente social no interfere.

    02. Sobre o texto, verdadeiro o que se afirma na alternativa:

    01) As ideias discutidas so generalizadas no primeiro pargrafo e, nos demais, so particularizadas e regionalizadas.

    02) A constatao inicial do segundo pargrafo sobre a condio humana questionada e relativizada pelo autor ao longo

    desse mesmo pargrafo.

    03) A ideia central do terceiro pargrafo est desenvolvida por meio de constataes que refletem o ponto de vista do

    autor.

    04) A assertiva inicial do quarto pargrafo apoiada pelo autor, com ressalvas no que se refere aos benefcios da cincia e

    da tcnica para o ser humano em geral.

    05) O autor, no ltimo pargrafo, contesta a afirmao inicial do primeiro, com a frase Ele tem fome de po, mas tambm

    de participao e de beleza, no garantidos apenas pelos recursos da tecnocincia.

    03. A tica da sociedade dominante hoje utilitarista e antropocntrica. Considera o conjunto dos seres a servio do ser humano,

    que pode dispor deles a seu bel-prazer, atendendo a seus desejos e preferncias. (. 1-4)

    Com relao a esse fragmento, pode-se afirmar:

    01) Os termos utilitarista e antropocntrica pertencem ao mesmo campo semntico.

    02) O segundo perodo e uma explicao para o que se afirma no primeiro.

    03) A ideia de conjunto dos seres a servio da ser humano configura um grupo de pessoas submissas, numa relao

    sociocultural.

    04) As palavras que e seus so termos de coeso que se referem a o conjunto de seres.

    05) A expresso a seu bel-prazer denota posse.

    04. Constitui, no texto, um exemplo de linguagem figurada o fragmento:

    01) E, por fim, tico seria reconhecer o carter de autonomia relativa dos seres (. 15-16).

    02) eles tambm tm o direito de continuar a existir e a co-existir conosco e com outros seres (. 16-18).

    03) Numa palavra, eles tm direito ao presente e ao futuro. (. 19-20).

    04) Hoje a Terra se encontra em fase avanada de exausto. (. 34-35).

    05) Ambos, terra e trabalhador, esto feridos e sangram perigosamente. (. 39-40).

    05. Na frase tico seria desenvolver um sentido do limite dos desejos humanos, porquanto estes levam facilmente a procurar

    a vantagem individual custa da explorao de classes, subjugao de povos e opresso de sexos. (. 6-10), os termos em

    destaque expressam, respectivamente,

    01) negao e proporcionalidade.

    02) concomitncia e instrumento.

    03) oposio e finalidade.

    04) concesso e modo.

    05) causa e meio.

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    06. O ser humano tambm e principalmente um ser de comunicao e de responsabilidade. Ento tico seria tambm

    potenciar a solidariedade generacional no sentido de respeitar o futuro daqueles que ainda no nasceram. (. 10-15)

    H uma afirmativa verdadeira sobre os perodos em evidncia na alternativa

    01) e seria [...] potenciar so formas verbais que expressam, respectivamente, permanncia e hiptese.

    02) tambm, nas duas ocorrncias, estabelece uma adio de ideias que se agrupam a outras expostas nos respectivos

    perodos.

    03) de comunicao e de responsabilidade so expresses adjetivas que mantm entre si um sentido antittico.

    04) Ento, no contexto, pode ser lido como introdutor de uma ideia de condio.

    05) potenciar a solidariedade generacional significa elevar a autoestima dos cidados.

    GABARITO

    0 1 2 3 4 5 6

    0 01 05 02 05 05 01

    (UNEB2006)

    QUESTES DE 01 A 07

    TEXTO

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    01. De acordo com o texto,

    01) uma tradio fixada em esteretipos culturais enriquece a memria coletiva de um povo.

    02) a memria nacional constituda de valores materiais prprios de um grupo social restrito.

    03) o carter do brasileiro matria para um estudo dos pensadores acadmicos, de forma ideolgica.

    04) a identidade de um povo deve sofrer um processo de reatualizao e de revivificao de suas tradies.

    05) o homem brasileiro, considerado em seu carter cordial, tem se mostrado resistente a transformaes culturais.

    02. H um ponto de vista do autor, manifesto no texto, na afirmativa

    01) A identidade nacional est ainda em construo.

    02) O futebol e o carnaval so parmetros reais identificadores do individualismo nacional.

    03) A teoria da singularidade cultural brasileira ilusria e alimenta a perda do rumo do pas.

    04) O Brasil tem sofrido interpretaes subjetivas incontestveis quanto sua identidade.

    05) A concepo tradicional da identidade nacional verdadeira quando repele a heterogeneidade estrangeira.

    03. O autor, no que se refere ao:

    01) primeiro pargrafo, tem por objetivo avaliares limites do pensamento de Maquiavel a referido.

    02) segundo pargrafo, contesta uma viso reducionista da identidade nacional.

    03) terceiro pargrafo, evidencia as causas da decadncia dos Estados sul-americanos.

    04) quarto pargrafo, apresenta a ideia de nacionalidade basicamente como uma utopia no mundo moderno.

    05) texto em geral, discute a questo da unificao da identidade nacional.

    04. No primeiro pargrafo,

    01. o pensamento de Maquiavel sobre a iminente possibilidade de derrota de um exrcito (. 3-6) invocado para

    contrapor o ponto de vista inicial.

    02) a expresso voltar bandeira (. 6) traduz um sentimento de derrota irremedivel.

    03) a declarao recuperar a ordem e a compostura (. 8) pressupe uma fase anterior marcada pelo sucesso.

    04) os termos conselho (. 10) e caminho (. 14) apesar de pertencerem mesma classe gramatical, se opem do

    ponto de vista semntico.

    05) a expresso como povo (. 14) amplia o sentido de saber agora quem somos ns (. 13-14).

    GABARITO

    0 1 2 3 4

    0 04 01 02 03

    (UNEB2008)

    QUESTES DE 01 A 03

    TEXTO

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    01. Com relao aos fatos focalizados no texto, correto o que se afirma em

    01) O quadro atual de ilegalidade da ocupao da rea do Pelourinho ignorado pelo poder.

    02) A degradao do espao histrico de Salvador vem acentuando a expanso da ocupao informal na cidade.

    03) O projeto de revitalizao urbana do Pelourinho como novo espao de consumo descaracterizou e desgastou o seu

    valor Histrico.

    04) A deteriorao do complexo arquitetnico e cultural do Pelourinho e adjacncias resultante do mau gerenciamento

    pblico e privado.

    05) A transformao do Centro Histrico de Salvador em rea de turismo, comrcio e servios tem incitado uma

    depredao do patrimnio colonial da cidade.

    02. A alternativa que apresenta uma afirmao correta sobre o primeiro pargrafo do texto a

    01) O fragmento representado pelo Pelourinho e reas adjacentes (. 1-2) encerra uma ideia de concesso.

    02) A expresso a prosseguir (. 3) exprime um fato certo no futuro.

    03) O uso das vrgulas isolando o termo a prosseguir (. 3) justifica-se pela elipse de palavras.

    04) A declarao lhe comprometer a grandeza de mais belo e uniforme conjunto de arquitetura (. 3-4) pode ser reescrita

    como comprometer a sua grandeza de mais belo e uniforme conjunto de arquitetura, sem prejuzo de sentido no

    contexto.

    05) O termo patrimnio da humanidade (. 6) tem valor adjetivo e se refere a Unesco (. 5).

    03. Considerando os dois ltimos pargrafos do texto, correto afirmar:

    01) O termo lhes (. 15) um elemento de coeso textual, retomando termos anteriormente expressos.

    02) O ltimo perodo do penltimo pargrafo exemplifica to-somente o uso da linguagem referencial no contexto do

    editorial.

    03) A expresso certos contratos (. 20) vai ser explicitada e justificada na sequncia textual.

    04) A declarao Atividades comerciais e artsticas se mostram incapazes de gerar retorno (. 21-22) constitui um

    pressuposto no contexto.

    05) O enunciado final do texto explicita que o Grupo Olodum irrelevante, hoje, para o Pelourinho.

    QUESTES 4 E 5

    TEXTO

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    04. De acordo com o texto, o ser tico

    01) nega o vnculo que o liga sua comunidade e preocupa-se com o seu vnculo poltico-partidrio.

    02) cultiva um discurso de contedo poltico hostil liberdade pessoal, mas favorvel ao amor livre.

    03) insere-se na diversidade concreta da condio humana, buscando destaque para a sua ao individual.

    03) renuncia s suas caractersticas, como forma de autopreservao e de afirmao pessoal no grupo social.

    05) constitui um indivduo singular, com desejos e necessidades pessoais, sem, contudo, abandonar o seu envolvimento

    com a comunidade.

    05. Constitui uma afirmao correta sobre o texto a indicada em

    01) O fragmento quando no pensamos apenas em ns mesmos. (. 3-4) um argumento que revela o egosmo do

    enunciador do discurso.

    02) As frases Pode-se falar muito sobre tica. Mas uma tica s de palavras nada significa. (. 8-9) estabelecem entre si

    uma relao sinttico-semntica de adio.

    03) A declarao Reconhecer o outro como importante quer dizer imputar-lhe valor. (. 13-14)

    exemplifica o uso da metalinguagem no texto.

    04) As expresses quando identificamos (. 17) e Nesse instante (. 19) referem-se a diferentes circunstncias

    temporais.

    05) Os termos por e ou, em Ningum se tornar tico por seguir um cdigo, um manual ou uma receita. (. 27-29),

    denotam, respectivamente, direo e alternncia.

    06.

    MEIA maratona 2007. Folheto avulso.

    Esse folheto publicitrio respalda a seguinte afirmativa:

    01) O termo correndo, na frase Comece correndo at o site., expressa uma circunstncia de modo, envolvendo o

    receptor da mensagem.

    02) A forma de utilizao das linguagens impede a decodificao da mensagem pelo pblico no ligado ao esporte.

    03) A utilizao das linguagens verbal e no-verbal, no seu contexto, caracteriza-o como essencialmente metafrico.

    04) O texto utiliza uma linguagem eminentemente formal e centrada no emissor.

    05) O uso de frases nominais curtas aproxima-o do discurso literrio clssico.

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    07.

    PARKET, Brant; HART, Johnny. O mago Id. A Tarde, Salvador, 15 set. 2007. Caderno 2, p. 8.

    Um texto, como uma situao comunicativa, constitudo de uma parte visvel a sua materialidade de linguagem e tambm

    de implcitos, como ocorre nessa tira.

    Nela est implcita a ideia de que:

    01) a ausncia de interao entre as personagens foi resultante do uso de nveis de linguagem diferentes.

    02) o dilogo dos interlocutores contesta o sentido de um outro texto da literatura infantil preexistente.

    03) a personagem da primeira fala apresenta semelhana entre as suas estaturas fsica e moral.

    04) o interlocutor que questiona o gnio do espelho no entendeu a pergunta desse ltimo.

    05) a busca da autoafirmao conduz o homem valorizao do outro.

    QUESTES 08 E 09

    I.

    De fato, Meneses, aborrecido com aquele negcio de cartas e com o desdm com que Cassi o tratava, ademais da ignbil farsa a

    que se prestava, resolveu dar por findo o trabalho. A leitura da carta no lhe causou nenhuma estranheza; ele j esperava por este fim.

    Estava forrado de uma indiferena de vencido. Sentiu-se de mos e ps atados, para ter qualquer movimento de censura ou de

    conselho. que ainda no lhe tinha chegado aos ouvidos a notcia do brbaro assassnio de Marramaque. Quando, porm, veio a

    saber, teve uma forte vergonha do seu procedimento, da sua covardia. Compreendeu que aquelas meias palavras de Cassi sobre

    Marramaque, aquele rctus horrendo que vira certa vez, ao se falar do contnuo, lhe desfigurar a face, eram os prdromos do

    assassnio do bondoso velho que o violeiro premeditava.

    LIMA BARRETO, Afonso Henriques. Clara dos Anjos. So Paulo: Scipione, 1994. p. 84.

    II.

    Fabiano, encaiporado, fechou as mos e deu murros na coxa. Diabo. Esforava-se por esquecer uma infelicidade, e

    vinham outras infelicidades. No queria lembrar-se do patro nem do soldado amarelo. Mas lembrava-se, com desespero,

    enroscando-se como uma cascavel assanhada. Era um infeliz, era a criatura mais infeliz do mundo. Devia ter ferido naquela

    tarde o soldado amarelo, devia t-lo cortado a faco. Cabra ordinrio, mofino, encolhera-se e ensinara o caminho.

    RAMOS. Graciliano. Vidas Secas. 54. ed. So Paulo: Record, 1985. p. 110-111.

    08. Os textos apresentam em comum

    01) personagens inconscientes do seu papel social.

    02) pessoas portadoras de discernimento a respeito dos prprios atos.

    03) indivduos desprovidos de autocensura perante as situaes vividas.

    04) seres humanos espoliados pelo poder poltico e econmico.

    05) indivduos embrutecidos pelo meio hostil em que vivem, da, a sua insensibilidade em face da derrota.

    09. No contexto da obra, o sentimento de Fabiano (Texto II) como a criatura mais infeliz do mundo decorre:

    01) de sua ao vingativa contra aqueles que o exploram.

    02) da relao de indiferena entre ele e a famlia.

    03) do fato de ele no almejar outro tipo de vida.

    04) do seu instinto violento e sem controle.

    05) do choque entre desejo e ao.

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    QUESTES 10 E 11

    TEXTO

    Ensaia Kirsi entre as pastoras, a nova estrela-dalva, a prpria, a verdadeira. Irene, a anterior, renunciara para ir viver

    com um relojoeiro, no Recncavo. Se no o fizesse, a cidade de Santo Amaro da Purificao acabaria sem calendrio, sem

    hora e sem minuto para os engenhos de cana e os alambiques: quando o relojoeiro, de passagem na Bahia, viu Irene no Terno,

    ficou desatinado.

    As pastoras vo e vm no passo do lundu, atentas s ordens de Ldio Corr, o mestre-sala. frente de todas passa Kirei e

    recolhe o olhar aprovador de Archanjo. Um pouco mais atrs tambm Ded o recolhe no palpitante seio; a pequena Ded, to

    novinha e cabauda, j querendo inaugurar o balanc:

    Bofe a burrinha pra dentro

    Pro sereno no molhar.

    O selim de veludo,

    A colcha de tafet.

    Quem esteve no ensaio pde ver, cutuba e luminosa, Kirsi de estrela-ddalva, mas o povo da cidade no chegou a t-la no

    desfile, no deu tempo. Outro navio veio e a levou: permanecera quase seis meses [...]. Tudo que bom tem sua durao exata,

    tem de se acabar no prazo certo se quisermos que perdure para sempre. AMADO, Jorge, Tenda dos milagres. 45.ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 92-93.

    10. O fragmento, no todo da obra, permite afirmar:

    01) Kirsi, ao separar-se de Archanjo, leva consigo a certeza da perenidade do seu amor.

    02) A personagem em foco, na condio de nova estrela-dalva evidencia a dificuldade de integrao entre culturas

    diferentes.

    03) Archanjo, no seu relacionamento com Kirsi, revela os traos marcantes de sua personalidade: a humildade e a

    adulao.

    04) A festa do reisado, se bem que de origem popular, evidencia, atravs do Terno da Estrela dAlva, uma hierarquizao

    tnico-social.

    05) A viso de Kirsi a respeito dos negros e mestios harmoniza-se com o pensamento cientfico da poca, defendido por

    Nilo Argolo, professor da Faculdade de Medicina.

    11. O primeiro pargrafo do texto sugere um sentimento amoroso

    01) volvel. 02) intrigante. 03) arrebatador. 04) interesseiro. 05) irresponsvel.

    12.

    Voc no pode calcular como fico entusiasmada com esses padres que esto lutando. Ao, Lena, que contemplao j

    tivemos demais. Sair por a, falar at secar o cuspe, andar at o osso furar a pele, levar xingos, porta na cara, pedrada e

    continuar sem desfalecimento, continuar no meio da incompreenso, da hostilidade, continuar at a morte, mas no foram eles

    que escolheram? So soldados de Cristo ou o qu. Cristo parava pra descansar na rede? Vejo Cristo como um homem

    empoeirado e seco, a sandlia rota, trotando pelas estradas feito um demente, fome, sede, sarcasmo e lama, at os discpulos

    duvidando, enchendo. E ele? No sei explicar, Lena, mas viro vidro modo quando ouo essa conversa de padre se apoltronar.

    TELLES, Lgia Fagundes. As meninas. 7. ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1997. p.151.

    Tem comprovao no texto a ideia de que

    01) o sofrimento necessrio para tornar uma causa legtima.

    02) a poltica e a religio convergem para um mesmo ponto.

    03) o homem, por ser responsvel por suas escolhas, em nome delas a tudo deve resistir.

    04) a luta de carter poltico-social tem seu valor questionado devido radicalidade de quem a conduz.

    05) a religio deve antepor a busca do transcendente ao transformadora do mundo material.

    GABARITO

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

    0 04 04 01 05 03 01 03 02 05

    1 01 03 03

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    Tenda dos Milagres

    Jorge Amado

    Tenda dos milagres um grito contra o preconceito racial e religioso. Narra a histria de Pedro Arcanjo e

    sua luta pela afirmao da cultura popular.

    Romance sociolgico, esta obra segue a linha tpica dos romances de Jorge Amado, que tem, como j

    citado, a cidade de Salvador como cenrio e , basicamente, a narrativa das proezas e dos amores de Pedro

    Archanjo, bedel da Faculdade de Medicina da Bahia, que se converte em estudioso apaixonado de sua gente,

    publicando livros sobre a mestiagem gentica e os sincretismos simblicos do povo baiano. Mostra sua luta

    pela afirmao da cultura popular.

    Em Tenda dos Milagres a vida do povo baiano apresentada em um enredo fascinante e pleno de

    personagens os mais variados e interessantes, que vo dos mestres da capoeira gente do candombl,

    professores, doutores e bomios.

    E muitas so as mulheres que encheram de encanto a narrativa do escritor: Rosa de Oxal, Dorotia,

    Rosenda, Risoleta, Sabina dos Anjos, Ded, a maioria mulatas baianas, e a nrdica Kirsil. Mas dentre tantos tipos

    que povoam a histria, se sobressai, sem dvida, a figura de Pedro Archanjo.

    Sinopse Embora o ttulo aluda ao letreiro ostentado pela oficina do riscador de milagres Ldio Corr, arteso

    estabelecido Ladeira do Tabuo na cidade da Bahia, o romance a histria de um amigo dele, por nome Pedro

    Arcanjo, nascido a 18 de dezembro de 1868. Frequentou o Liceu de Artes e Ofcios, onde conheceu Ldio Corr,

    oito anos mais velho conquanto igualados numa amizade fraterna que duraria toda a vida.

    Ainda rapazola perde a me e engaja-se num cargueiro para o Rio de Janeiro, de onde retorna aos vinte e um

    anos de sua idade para no mais deixar a Bahia, fixando-se ao lado de Ldio na Tenda dos Milagres.

    Nomeado bedel da Faculdade de Medicina em 1900, publica em 1907 seu primeiro livro, "A Vida Popular

    da Bahia", quando requisitado pelo catedrtico Silva Viraj para seu auxiliar, a fim de dar-lhe oportunidade para

    ampliar os estudos.

    Em 1918 lana "Influncias Africanas nos Costumes da Bahia" e, em 1928, "Apontamentos Sobre a

    Mestiagem nas Famlias Baianas", obra que lhe custou o emprego devido reao racista liderada pelo professor

    Nilo d'vila Argolo de Arajo.

    Mesmo reduzido simples condio de "pobre, pardo e paisano", publica em 1930 seu ltimo trabalho, "A

    Culinria Baiana: Origens e Preceitos", que completa meritria obra versando antropologia, etnologia e sociologia,

    a qual, conquanto praticamente desconhecida de seus conterrneos contemporneos, veio a ser julgada

    indispensvel "para a compreenso do problema de raas no Brasil".

    Segundo a opinio do sbio norte-americano James D. Levenson, detentor de Prmio Nobel, que, em visita

    Bahia, faz despertar o interesse geral por sua pessoa, cuja atuao vai sendo rememorada, em contraponto com os

    dois atuais, nas pginas do romance, em suas vicissitudes de vida modesta todavia rica de calor humano e de

    muitos amores - a negra possessa Dorotia, Sabina dos Anjos, a bela, Roslia, a ardente, e tantas e tantas inclusive

    a finlandesa Kirsi, parntese lourssimo, que levou no ventre o fruto do amor do trpico - mas de todas as amadas a

    nenhuma ele amou to profundamente como bela negra Rosa de Oxal, a quem todavia jamais possuiu, pois que

    era amante de Ldio, o amigo-irmo.

    Por ocasio do centenrio do seu nascimento, a ele at ento ignorado na terra natal, foram-lhe prestadas

    homenagens pela intelectualidade baiana com respaldo oficial.

    Mais condizente, talvez, com o exemplo de sua vida vivida nas ruas e ladeiras da Bahia, o foi a homenagem

    prestada por uma escola de samba, a dos Filhos do Toror, no carnaval de 1969, em Salvador.

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    Texto para as questes 01 a 04

    De sorriso escasso, pouco frequente na linha fina dos lbios, para o professor Argolo o riso solto era rareza quase

    sempre provocada pela tolice, pela imbecilidade dos indivduos:

    - Faz-me rir. Seu alfarrbio no contm uma nica citao de tese, memria ou livro; no se apoia na opinio de nenhuma sumidade nacional ou estrangeira, como ousa dar-lhe categoria cientfica? Em que se baseia para

    defender a mestiagem e apresent-la como soluo ideal para o problema de raas no Brasil? Para atrever-se

    a classificar de mulata nossa cultura latina? Afirmao monstruosa, corruptora.

    - Baseio-me nos fatos, senhor professor.

    - Asnice. O que significam os fatos, de que valem, se no os examinamos luz da filosofia, luz da cincia? J lhe aconteceu ler algo sobre o assunto em pauta mantinha seu riso de zombaria: - Recomendo-lhe Gobineau. Um diplomata e sbio francs: viveu no Brasil e autoridade definitiva sobre o problema das raas. Seus

    trabalhos esto na biblioteca da Escola.

    - Li apenas alguns trabalhos do senhor professor e do professor Fontes.

    - E no o convenceram? Voc confunde batuque e samba, hrridos sons, com msica; abominveis calungas, esculpidos sem o menor respeito s leis da esttica, so apontados como exemplos de arte; ritos de cafres tm,

    a seu ver, categoria cultural. Desgraado deste pas se assimilarmos semelhantes barbarismos, se no

    reagirmos contra esse aluvio de horrores. Oua: isso tudo,toda essa borra, proveniente da frica, que nos

    enlameia, ns a varreremos da vida e da cultura da Ptria, nem que para isso seja necessrio empregar a

    violncia.

    - J foi empregada, senhor professor.

    - Talvez no tivesse sido na forma e na medida necessria sua voz, habitualmente seca, tomou um timbre mais duro; nos olhos hostis de impiedosa condenao, acendeu-se a luz amarela do fanatismo: - Trata-se de um

    cancro, h que extirp-lo. A cirurgia aparenta ser a forma cruel de exercer-se a medicina, mas em realidade

    benfica e indispensvel

    AMADO, Jorge. Tenda dos milagres. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 143-144

    01. Considerando a totalidade da obra, assinale a alternativa verdadeira sobre o texto.

    01) Para a personagem Pedro Archanjo, o conhecimento cientfico indispensvel para embasar teoricamente suas

    convices e pontos de vista.

    02) O professor Argolo, contrapondo-se s ideias de Pedro Archanjo, defende a cpia e imitao como critrio de

    validao cientfica de trabalhos de pesquisa.

    03) As divergncias entre as duas personagens resumem-se a um problema metodolgico: Archanjo parte dos fatos

    para confirmar a consistncia do pensamento filosfico e cientfico referido pelo professor; este, por sua vez,

    considera o saber tradicional como ponto de partida para o estudo dos fenmenos sociais.

    04) A leitura da obra dos dois professores referidos serviu de sustentao terica para as ideias defendidas por

    Archanjo.

    05) O professor Argolo apoia-se em ideias preconcebidas, luz do que questiona o teor de verdade cientfica do

    pensamento de Archanjo.

    02. Est correto de acordo com o texto e com a obra:

    01) A soluo para a problemtica racial proposta por Pedro Archanjo pressupe a negao radical das

    contribuies da cultura ocidental.

    02) O divergncia do professor Argolo quanto ao grau de participao europeia na formao da cultura mestia

    nacional.

    03) Depreende-se do texto a existncia de uma concepo de nacionalidade que, na obra, tem desdobramentos na

    opresso e represso das manifestaes populares.

    04) A arte popular vista enquanto contribuio favorvel unidade cultural do pas, razo pela qual no deve

    sofrer influncia africana.

    05) A cultura popular , para o professor Argolo, s tem legitimidade quando se funde s manifestaes culturais

    europeias.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 11

    03. Tendo em vista o conjunto do romance, est correto afirmar sobre as duas personagens em destaque:

    01) Superam as divergncias iniciais, abrindo mo de suas convices em prol da preservao da fuso da cultura

    popular com a europeia.

    02) Sero o centro de controvrsias fundamentais, atravs das quais o autor defende sua tese, baseada no cotidiano

    da vida social a que Pedro Archanjo faz referncia no texto.

    03) Os desdobramentos do confronto entre as duas personagens implicar a aceitao pacfica da prtica dos

    rituais do candombl por parte do professor Argolo.

    04) Pedro Archanjo e o professor Nilo Argolo sustentam ideias e opinies que convergem quanto ao papel da

    cultura popular para a formao na nacionalidade.

    05) A resistncia s ideias do professor Nilo leva Archanjo a desprezar o conhecimento advindo de fontes

    contrrias s suas convices arraigadas no saber popular tradicional

    04. O narrador:

    01) Julga antecipadamente as ideias apresentadas pelo professor Argolo, tornando desnecessria a interveno da

    personagem oponente.

    02) Reduz a fala de Pedro Archanjo ao mnimo necessrio para a manuteno do dilogo, com o intuito de realar

    a inconsequncia de discursos sem sustentao cientfica.

    03) Permite, atravs do discurso, o acesso ao imaginrio de uma das personagens, permitindo ao leitor um

    julgamento crtico de determinadas ideias contrastantes na obra.

    04) Reduz o papel de Pedro Archanjo a um interlocutor desprovido de convices e de capacidade de

    argumentao consistente.

    05) Contrasta quantitativa e qualitativamente os discursos dos interlocutores sem inteno prvia.

    As questes de 01 a 04 foram retiradas do livro OBRAS LITERRIAS UNEB 2013

    Dos professores Anya Moura, Renato Drea e Z Carlos Bastos.

    Questo 05:

    Texto:

    Brancos? Mestre Pedro, no me venha com brancuras na Bahia. No me faa rir, que no posso, as dores me cortam. Quantas vezes j lhe disse que branco puro na Bahia como acar de engenho: tudo mascavo. Isso no

    Recncavo, quanto mais no Serto. (Tenda dos Milagres Jorge Amado)

    A obra Tenda dos Milagres, de Jorge Amado,

    (01) tem como cenrio o sul da Bahia, protagonizada pelos coronis ilheenses.

    (02) aponta para o mar de Salvador como forma de anlise da vida dos pescadores.

    (03) v no sincretismo religioso uma forte ameaa para a persistncia da cultura africana.

    (04) faz uma descrio do Pelourinho como um espao livre para o exerccio da sabedoria popular.

    (05) aponta para o reconhecimento da importncia da figura do protagonista sem preconceitos e discriminaes.

    06. (UNEB 2012)

    Filha e genro ouviam sem prazer aqueles detalhes com negra e ervas, apalpadelas e candombl. Balanavam a

    cabea, quase apressavam o santeiro, homem calmo, amigo de narrar uma histria com todos os detalhes. S ele

    sabia dos parentes de Quincas, revelados em noite de grande bebedeira, e por isso viera. Adotava uma fisionomia

    compungida para apresentar seus sentidos psames. Estava na hora de Leonardo ir para a Repartio.

    Disse esposa:

    Vai na frente, eu passo na Repartio e no demoro a chegar. Tenho de assinar o ponto. Falo com o chefe...

    Mandaram o santeiro entrar, ofereceram-lhe uma cadeira na sala.

    Vanda foi mudar a roupa. O santeiro contava de Quincas a Leonardo, no havia quem no gostasse dele na Ladeira

    do Tabuo. Por que se entregara ele homem de boa famlia e de posses, como o santeiro podia constatar ao ter o prazer de travar conhecimento com sua filha e seu genro quela vida de vagabundo? Algum desgosto? Devia ser, com certeza.

    AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dgua. 44. Ed. Rio de Janeiro: Record, 1979. p, 23-24.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 12

    O fragmento, inserido no todo da obra, permite afirmar:

    a) O narrador, objetivando a denncia social, atem-se exclusivamente a dados concretos da realidade enfocada.

    b) O narrador, atravs da personagem Quincas, defende o comportamento engajado do oprimido na luta pela

    igualdade social.

    c) O texto traa o itinerrio de um homem pobre que, abandonado pela famlia, morre de desgosto e sepultado

    como indigente.

    d) A narrativa apresenta o humor associado defesa do ideal de liberdade plena, o que implica a morte social do

    protagonista.

    e) A famlia do vagabundo Quincas, apesar de apegada a valores da classe mdia burguesa, experimenta profundo

    pesar com a notcia de sua morte na Ladeira do Tabuo.

    Texto para as questes 07 e 08

    Era um morto pouco aproveitvel, cadver de vagabundo falecido ao azar, sem decncia na morte, sem respeito,

    rindo-se cinicamente, rindo-se dela, com certeza de Leonardo, do resto da famlia. Cadver para necrotrio, para ir

    no rabeco da polcia servir depois aos alunos da Faculdade de Medicina nas aulas prticas, ser finalmente

    enterrado em cova rasa, sem cruz e sem inscrio.

    Era o cadver de Quincas Berro d!gua, cachaceiro, debochado e jogador, sem famlia, sem lar, sem flores e sem

    rezas. No era Joaquim Soares da Cunha, correto funcionrio da Mesa de Rendas Estadual, aposentado aps vinte e

    cinco anos de bons e leais servios, esposo modelar, a quem todos tiravam o chapu e apertavam a mo. Como

    pode um homem, aos cinquenta anos, abandonar a famlia, a casa, os hbitos de toda uma vida, os conhecidos

    antigos, para vagabundear pelas ruas, beber nos botequins baratos, frequentar o meretrcio, viver sujo e barbado,

    morar em infame pocilga, dormir em um catre miservel?

    Vanda no encontrava explicao vlida. Amado, Jorge. A Morte e a Morte de Quincas Berro Dgua. Rio de Janeiro: RECORD, 2000, pp. 14/15

    07. Est correto afirmar sobre o texto, considerando a totalidade da narrativa:

    a) O texto revela um julgamento do narrador, para o que se tornou necessrio prescindir do ponto de vista das

    personagens da narrativa.

    b) O narrador-personagem testemunha exclusivamente fatos que antecedem o desfecho trgico que compor uma

    das verses acerca da trajetria do protagonista.

    c) O texto condena a inquietao de personagens que no conseguiram compreender a mudana repentina na vida

    do amigo Quincas.

    d) O narrador utiliza a sondagem psicolgica e, atravs de constataes e questionamento da personagem, remete

    interpretaes contrastantes da condio existencial do protagonista.

    e) A morte fsica da personagem no pode ser comprovada no contexto da narrativa, a despeito dos preparativos

    fnebres.

    08. Assinale a alternativa verdadeira sobre o texto, considerando o conjunto da obra.

    a) Vtima de um desvio de personalidade, o protagonista incapaz de conciliar sua dupla identidade e decide pela

    prpria morte.

    b) O sarcasmo um recurso utilizado pelo autor, com o intuito de contrariar valores e comportamentos tidos como

    tradicionalmente coerentes com uma determinada ordem social.

    c) A descrio do morto caracteriza-se por ser objetiva e isenta de consideraes crticas por parte da personagem

    em evidncia.

    d) A resposta ao questionamento da personagem s revelado no final de narrativa, depois do sepultamento

    desejado pelos parentes, aps o que a famlia perdoa os desvios de conduta do falecido.

    e) A cena em foco antecipa acontecimentos importantes, cujo desfecho comprovar a verso da famlia sobre a

    morte de Quincas em desabono dos amigos do morto.

    As questes de 06 a 08 foram retiradas do livro OBRAS LITERRIAS UNEB 2013

    Dos professores Anya Moura, Renato Drea e Z Carlos Bastos.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 13

    O DESTERRO DOS MORTOS

    Aleilton Fonseca

    I A obra

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    ________________________________________________________________________

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    II Aspectos estilsticos

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    III Os contos atravs de exerccios.

    Texto

    Nh Guimares por aqui? H quanto tempo! Ah, no. Nsh, nsh! No ele, no. Mas, quem o senhor? No diz?

    Assim mesmo, apeie. Chegue frente, a casa nossa. Entre, eu j lhe dou uns goles de gua fresca. Venha ver que

    a melhor essa do pote de barro, dos antigos, que ainda tenho. Aprecie.

    Eu, de primeiro, assim, confundi o senhor com outra pessoa. Mas no tem cabimento. De perto, se v que o senhor

    bem mais moo. E j faz tanto tempo! A vontade faz a gente ver coisa. Era muito nosso amigo. Ele vinha num

    cavalo como o seu, com a mesma poeira dessa estrada. Eu e meu marido Manuel Adeodato, a gente vivia esperando

    ele voltar para uma visita mais. Mas cad que veio? Nada. O tempo foi indo, Manu ficando velhinho, com pouco l

    se foi dessa pra melhor. Eu fiquei sozinha, neste p de serra. E verdade ningum fica pra semente, pois no ?

    Nh Guimares nunca mais que veio. Mas segui na espera, de tocaia, que ele tinha prometido a visita. E promessa

    no trato? Manu tinha esse desejo, viveu no aguardo. Estou na minha vez de cumprir.

    Mas, quem o senhor, assim to moo, por estas bandas? Pela poeira do chapu, veio de uma viagem comprida;

    seu cavalo to suado. No se avexe, descanse. Eu vi o senhor chegando, pensei; ele. Parecia, mas logo ca em

    mim que no era. At sua montaria se parece com a dele; alis, nem sei direito, que meus olhos arruinaram muito.

    O tempo passa, vai roendo a gente de pouco em pouco; um dia, l se vai mais um para a eternidade. E tem jeito? FONSECA, Aleilton. O Desterro dos Mortos, Via Litterarum, 2 edio

    01. correto afirmar sobre o fragmento, destacado de Nh Guimares devidamente contextualizado na obra, que:

    a) a narradora fica surpresa com a presena de Nh Guimares em sua casa, pois depois da morte de seu marido, o

    erudito escritor nunca mais estivera na humilde casa.

    b) o autor explora aspectos de um imaginrio arcaico que aflora numa linguagem rica em neologismos e ancorada

    numa sintaxe inusitada.

    c) a narradora explora aspectos lingusticos tpicos do serto nordestinos, evidenciando o regionalismo clssico do

    autor.

    d) os personagens nutriam um sentimento recproco de saudade de Manuelzo, o marido da narradora.

    e) apesar de demonstrar tristeza com a demorada ausncia do amigo Nh Guimares, a narradora fica bastante feliz

    com a presena do filho do famoso escritor.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 14

    02. Sobre o narrador pode-se afirmar:

    a) Toda a narrativa se processa atravs do discurso indireto livre com pequenas intervenes do narrador.

    b) Apresenta-se em primeira pessoa, com a oniscincia plena dos fatos.

    c) Apresenta-se de forma enigmtica e intrusa, pois no nomeada nem apresentada ao leitor de forma objetiva.

    d) A todo instante indaga o interlocutor e conversa com o leitor. Tal procedimento aproxima o autor da narrativa

    machadiana.

    e) Em primeira pessoa, a narradora vai recordando o passado e revivendo fatos importantes guardados em sua

    memria afetiva e os presentifica atravs do ato de narrar.

    Observaes:

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    ____________________________________________________________________________________________

    Texto para a questo 03:

    Estava morta a minha irm, ali entre jasmins e rosas, minha me cabeceira chorava. Era uma noite inquieta, essa

    do velrio em viglia e prantos por Estelinha, de quando em quando se rezavam benditos. O enterro iria seguir no

    outro dia, no meio da manh de sol.

    Estela estava morta, aos treze anos. E eu sentia dentro de mim esta morte. Era um pouco tambm eu morto, sem

    tempo de me redimir e poder amar minha irm, como s agora! eu sabia ser capaz. Ela no morresse, eu iria

    brincar com ela, nunca mais uma zombaria, nem desprezo, nunqussimo a chamaria de sua doida. FONSECA, Aleilton. O Desterro dos Mortos, Via Litterarum, 2 edio

    03. O fragmento, contextualizado no conto, permite afirmar que a personagem em foco representa o:

    a) irmo, que somente depois de ter presenciado o suicdio da irm, descobre o seu amor por ela.

    b) irmo, em profunda crise existencial, causada pelo remorso do abandono da irm, quando estava doente.

    c) irmo, que aps a morte de Estela, percebe a grandeza e a pureza humana da irm.

    d) ser humano, impossibilitado de voltar cidade natal para se redimir dos erros praticados no passado.

    e) homem, desejoso de reviver as aventuras lricas da infncia.

    Observaes:

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    ________________________________________________________________________

    ________________________________________________________________________

    Texto para a questo 04:

    Um dia, v no me veio chamar na cama como fazia. Abri os olhos e no ouvi o intenso canto de pssaros da

    manh. Era tarde, as rstias de sol entrando pelas telhas vs me mostravam. V perdera a hora? Meu corao

    apertou como nunca eu sentira. Minhas lgrimas inundaram o sol que fazia l fora. No quarto ao lado, v dormia, o

    semblante plcido no corpo fatigado, para sempre...

    De tardezinha, quando retomei o sentido das coisas, as cigarras teimavam em cantar. O enterro de v seguia. Mas

    eu o acompanhei s com os olhos, que enfim secavam. Ao fundo, ao final de tudo, o rio enchia rpido com a fria

    das vinganas. Coloquei as ferramentas no carrinho, aprumei o corpo, segurei firme as alas e continuei. O chiado

    da roda era um gemido e uma lembrana.

    FONSECA, Aleilton. O Desterro dos Mortos, Via Litterarum, 2 edio

    04. O fragmento, inserido no todo do conto, permite afirmar que a temtica abordada:

    a) a histria da relao entre o neto e o av. Uma grande metfora da vida a importncia dos ensinamentos dos

    mais velhos aos mais jovens.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 15

    b) a histria de um neto em busca do seu verdadeiro av. Trata-se de uma metfora da busca do tempo perdido.

    c) enfoca a perseverana que os idosos tm na busca das suas conquistas materiais.

    d) intolerncia dos mais novos com relao aos mais idosos.

    e) troca de ensinamentos existente entre um av letrado e um neto vido por conhecimento.

    Observaes:

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    ____________________________________________________________________________________________

    ____________________________________________________________________________________________

    Texto

    Antes que ele se desentendesse consigo mesmo, pondo a questo de novo em avessos, eu procurei embarcar. O

    rapazinho, seu ajudante, esforava-se para no dar risada, como que me estendia um remo curto, fosse eu seu

    substituto.

    .........................................................................................................................................................................................

    Essa pesca se dava numa quase que linha reta, imaginria, sobre a mar de enchente. De ponto em ponto se deixava

    a siripoia ou ser siriboia, seu Houaiss? , com um naco de carne atrelada ao fundo, era a isca. A armadilha

    descia ao leito, amarrada numa cordinha de juta, a ponta era presa a uma bola de isopor, para boiar vista, no lugar

    marcado. O siri ali se metia para beliscar, de repente se via alado luz do dia, adeus mar para sempre. Esse

    caminho dos siris era como uma via crucis, com estaes de 50 em 50 metros mais ou menos. Em cada estao, a

    canoa parava, o remador segurava a gua com o remo espalmado, com toques firmes. O pescador retirava a siripoia

    da gua, recolhia os siris para dentro de uma caixa de cip tranado, alongada, dentro da canoa, que tinha um

    palmo de gua, sempre renovada, para manter os bichos bem vivos. Os siris ficavam ali, ariscos, fazendo borbulhas

    de respirao, espantados com a sbita claridade. Mas no eram muitos. s vezes a armadilha era erguida, estava

    vazia, era logo devolvida, num gesto brusco do pescador desapontado. Eu me arrisquei a abelhudar:

    FONSECA, Aleilton. O Desterro dos Mortos, Via Litterarum, 2 edio

    05. Considerando-se o fragmento no contexto do conto, correto afirmar:

    a) A narrativa apresenta uma linguagem condizente com o grau de instruo do personagem principal: o pescador.

    b) Esta outra histria de uma volta, um retorno s origens. Voltar s origens, para o narrador, mergulhar em

    recordaes, lembranas, experincias e traumas da infncia.

    c) A narrativa comea com o narrador-intruso (primeira-pessoa) contando a sua aventura numa canoa com dois

    pescadores de siris. Ele inicia o texto contando o incio dessa pescaria.

    d) A narrativa usa uma linguagem denotativa para descrever a pesca do siriboia.

    e) Os personagens eram amigos de infncia e tiveram oportunidades iguais na vida. Somente aquele que foi para a

    cidade, conseguiu a dignidade no exerccio do seu trabalho.

    06. So temas que aparecem no conto, O pescador:

    a) A volta s origens, a questo ambiental, o progresso que destri a fonte de renda dos mais pobres, os desnveis

    sociais, a metaliteratura.

    b) A volta s origens aps a perda de um ente querido, a metalinguagem, a questo ambiental e a crtica ao

    capitalismo.

    c) O retorno s origens, a intolerncia humana e o preconceito social.

    d) A prpria linguagem literria, o voltar ao seio familiar e o preconceito social.

    e) A metaliteratura, a questo ambiental e a desagregao familiar.

    Observaes:

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  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 16

    Texto Nesses dias, o rapaz no tornou ao Jardim. Nem sabia se prosseguiria naquele trabalho. Um aperto lhe

    crescia por dentro, ele mal dormia uma noite que fosse. Sonhava com a me, que lhe repetia a velha frase: Voc

    no tem pai. Mas, acordado, lembrava dos ltimos suspiros maternos, e um fio de esperana o confortava. Numa

    madrugada insone, tentou um novo ponto de partida. Ento compreendeu, de si para si: aos dezoito anos, era um

    homem, sozinho na vida, era seu prprio pai, sua prpria me. Sentiu que j podia se libertar de tutelas e segredos.

    Mas ainda lhe pesava um abismo. Antes, ele precisava enfrentar a sua sina com o ferro quente das palavras.

    Mal amanheceu, ele foi surpreender seu Epifnio no quintal. O homem sorvia um caf em goles pacientes,

    enquanto apurava no ouvido o chilreio dos passarinhos. O rapaz se aproximou, mal ouviu o bom-dia do outro. No

    respondeu.

    Fez-se um largo silncio, sem olhares. At o zumbido das abelhas sobre as roseiras floridas os incomodava.

    Seu Epifnio sorveu o ltimo gole, arriou o brao com a xcara vazia na mo. E olhou para bem longe, fugindo.

    Nessa hora grave, o rapaz foi direto ao ponto. E o desafiava, com a frase incisiva:

    Tenho direito de saber.

    Ele permaneceu esttico, o mais longe possvel. Pareceu surpreso diante daquela questo. O rapaz se

    reforou num lance mais alto, com palavras mais firmes:

    Aquele homem surpreendia. Voltou-se para o rapaz, seus olhos marejavam. Mas sua fala continuava pausada

    e medida, ele representava um papel cuidadosamente traado. Suas frases eram como pontadas:

    J hora, meu filho. A hora esta mesmo de saber.

    O vocativo soou ambguo e desesperador. O rapaz ficou de olhar suspenso em sua direo, suas ideias se

    chocavam, se confundiam. E ele, como percebendo esse ritmo, consertou-se nas entrelinhas:

    A vida um rio de dvidas.

    O rapaz o intimava, cercava-o sob um feixe de interrogaes. Ele no podia mais se esgueirar de sobreavisos,

    estava em xeque, de homem para homem. Entre as pausas, as palavras deletreavam-se embargadas.

    Com esforo, o rapaz amarrou as lgrimas teimosas, conseguiu balbuciar:

    O senhor sabe. Cumpra-se na palavra.

    Sua figura se transformava diante desse drama. Nele enxergava-se uma arca entreaberta. E j surgia o Sol de

    sob as nuvens, iluminando as roseiras que a brisa da manh insistia em sublinhar. Por tudo valiam as sombras de

    uma histria, que se adivinhava aos poucos. Ele sussurrou, vencido:

    Eu cumpro.

    Essa era mais uma espera, um segundo que valia uma vida. Seu Epifnio agora encarava o rapaz pela

    primeira vez. Impostou a voz, como sempre, pausada:

    Se um dia soubesse de seu pai, o que voc faria?

    O rapaz encarou esse homem, fuzilando-o com severidade. Ento ele havia de decifrar mais essa chave? Um

    vazio o devorava por dentro, amargava-lhe a boca. Seu Epifnio reencenou a pergunta, enfrentando-o com um

    olhar ainda mais grave.

    Se souber de seu pai agora, o que voc far?

    O rapaz tentou feri-lo com a ponta seca do silncio, mas no conseguiu sustentar o duelo. Mesmo sem

    querer, baixou o olhar e encarou uma pgina em branco no cho. Mas a no estavam as linhas sobrescritas, e as

    lgrimas afogavam seus olhos. Ele se equilibrou sobre um horizonte longnquo e foi recuando at encontrar de

    novo o balano das roseiras. De l veio-lhe o sentido de sua busca. Respirou fundo e apontou a resposta pendendo

    dos galhos:

    Eu lhe dava aquele ramo de rosas vermelhas, com os espinhos que carreguei por todos esses anos.

    Seu Epifnio, num ato solene, recomendou-lhe, com o olhar mergulhado nas distncias:

    Amanh cedinho, colha o ramo de rosas vermelhas.

    Ele disse isso, voltou-se para o rapaz. Completou a frase, apontando:

    E colha o ramo de rosas brancas tambm. FONSECA, Aleilton. O Desterro dos Mortos, Via Litterarum, 2 edio

    07. Constitui uma afirmao FALSA sobre o texto ou o conto como um todo

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 17

    a) So quatro personagens na narrativa: o menino que se tornar um homem (18 anos), a me (morrer logo no

    incio da histria), um velho amigo da me, seu Epifnio e o seu Felcio, jardineiro idoso, de bigode grisalho.

    b) Ao lermos este conto, vivenciamos profundamente nossas dores, nossas perdas e nossos encontros, em busca de

    uma transcendncia que s verdadeiramente compreendida no confronto com o sofrimento e com a morte,

    elemento fundamental dos ritos de passagem.

    c) Aqui o narrador aparece em terceira pessoa, mergulhando fundo no drama desse homem, o qual vivera imensas

    dores e dvidas acerca da existncia.

    d) Neste conto, o autor mostra a metalinguagem e o trabalho com a linguagem, de forma bem vanguardista.

    e) O personagem no sabia que no momento da morte que o saber e a sabedoria se tornam plenos, tornando

    possvel a experincia da qual deriva a autoridade para contar as histrias.

    08. Pode-se inferir da relao do jovem com Felcio:

    a) Na convivncia com o velho Felcio, o menino foi aprendendo que a compreenso da vida est inexoravelmente

    atrelada compreenso da morte.

    b) Ambos saram mais maduros aps as revelaes descobertas.

    c) O personagem jovem sabia que no momento da morte que o saber e a sabedoria se tornam plenos e

    enriquecedores.

    d) O viver a morte, pode fazer da experincia da vida, algo mais traumtico e tenso.

    e) Ambos so pessoas que aceitam a inexorabilidade da passagem do tempo, de forma serena e sbia.

    Observaes:

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    ____________________________________________________________________________________________

    ____________________________________________________________________________________________

    Texto:

    De repente, caa em si. Especulava consigo mesmo, formulava algumas gotas de compreenso, que s agora posso

    explicitar. O jogo tinha seus perigos, se um dos parceiros no o soubesse jogar. E ela na verdade no era a perfeita

    parceira dos truques, ele enfim entendia. Ela confundia-se, entre o que era cena e o que era blefe, no que era fato,

    entre o real e a fico.

    Encenava quando a briga era sria, brigava srio quando era apenas uma cena. Por isso, em cada lance, deixava-se

    ferir por dentro, e o ia desamando aos poucos. Da, tantas coisas ditas, que mesmo por brincadeira ferem fundo,

    irremediavelmente, porque so talvez as mais certeiras. Sem compreender bem o processo que acontecia, Lcia

    fora deixando de am-lo, talvez sem sentir. Cada vez amando menos. Agora fugia dele e de si mesma, de seu

    prprio desamor. Descobrir que no mais o amava, depois de tudo, representava saber-se no vazio de uma perda.

    Sim, ela perdera algo de si, e agora buscava-se noutra nova vida, sem ele. Ela voltara para buscar o cachorro,

    afeio menor e livre de exigncias, das inconstncias, dos enfados, dos modos de gente. O animal, sim, nem jogos

    nem culpas. Ela gostava do cachorro na medida de sempre, nem mais nem menos. E no gostava mais dele, a quem

    tanto amara. De tanto amar, Lcia tinha que dar as provas, e, passando por testes e testes, acabou que j no sentia

    mais nada. O amor cara em suas prprias armadilhas.

    FONSECA, Aleilton. O Desterro dos Mortos, Via Litterarum, 2 edio

    09. Assinale a alternativa correta, em relao ao texto ou ao conto como um todo:

    a) Toda a narrativa filtrada por um adolescente que vivia ao lado com um irmo e com a me que insistia em

    proibir as crianas de bisbilhotarem a vida dos problemticos vizinhos.

    b) O conto aborda a difcil relao do casal, seu Cndido e sua jovem e bela Lcia, a primeira de suas tentativas

    amorosas.

    c) O narrador e o seu irmo sempre acompanharam as constantes brigas do casal vizinho. Eles no torciam para

    que os dois reatassem e fossem gozar do prazer da reconciliao.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 18

    d) Os personagens no terminam juntos, por causa do cime de ambos.

    e) As traies de Lcia motivaram o trmino da relao.

    Observaes:

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    ____________________________________________________________________________________________

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    ____________________________________________________________________________________________

    Texto

    Por um tempo, no mais os dois que se encontravam falavam do terceiro. No saam mais juntos em trs. Ela

    revezava agora os parceiros, buscava sentir-se na hora certa de uma deciso, era cada vez mais difcil.

    Sentia necessidade de ter algum fio de segurana na relao que elegesse. E era urgente a escolha, pois que se

    desgastavam a olhos vistos, a amizade perigava. Ela no gostava de sofrimentos, temia machucar-se e machuca-los,

    perd-los. Nenhum, no entanto, dava os sinais que a levassem a um termo. Cada um deles, em seus esforos,

    delimitava um espao prprio, sem conquistar a posio do outro. Tudo havia de ser muito correto. Era um jogo de

    cavalheiros, e ela era a dama perfeita. Um dia, quase em desespero, ela cogitou de deix-los por amor. Angustiada,

    j sinalizava esse eplogo.

    Abandonou-os durante dias, sem quais notcias quer que fossem.

    10. correto afirmar sobre o fragmento, destacado de Amigos, amigos, devidamente contextualizado na obra,

    que

    a) ela, na realidade, no amava a nenhum dos dois.

    b) a relao dos trs era desrespeitosa e incorreta.

    c) eles armaram um jogo em que os trs saram perdendo.

    d) ela pagaria com a infelicidade e o sofrimento essa relao a trs.

    e) eles trs se amavam como amigos e ela completava os dois. No h culpados.

    Observaes:

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    ____________________________________________________________________________________________

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    ____________________________________________________________________________________________

    As questes de 01 a 10 foram retiradas do livro OBRAS LITERRIAS UNEB 2013 ( venda nas bancas e revistarias),

    dos professores Anya Moura, Renato Drea e Z Carlos Bastos.

    ALM DE ESTAR

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 19

    Helena Parente Cunha A autora

    A obra

    Estilo

    Traos importantes

    Texto I

    MEU ROSTO

    viajei em muitas faces

    emigrei de tantas formas

    procura do meu rosto

    de um espelho para outro

    desde antes a at

    atrs da imagem buscada

    cada onda que vai

    me arrasta

    uma face transmitida

    na procura de que rosto

    quantos espelhos quebrei?

    por quais guas me afoguei? CUNHA, Helena Parente. Alm de estar:antologia potica. Rio de Janeiro: Imago Ed. Salvador,BA: Fundao Cultural do Estado da Bahia, 2000, p.45

    01. A poeta:

    01) vitimada pela inrcia, sofre de crise de identidade e resigna-se por considerar-se incapaz de alcanar o

    autorreconhecimento.

    02) por no possuir convico de propsitos, revela-se confusa, razo de sua crise de identidade.

    03) revela-se um ser fragmentrio, o que se traduz na constante busca por uma identidade plena, nica e

    satisfatria.

    04) consciente da impossibilidade de obter a autoimagem ideal, manifesta-se satisfeita com a condio de

    mltiplas faces.

    05) aps experimentar derrotas contnuas em suas buscas, decide anular a prpria existncia.

    02. Assinale a alternativa verdadeira sobre o texto:

    01) O poema registra a condio de um ser agente e paciente, cujo estado conflitivo finalmente amenizado pela

    perspectiva de realizao existencial.

    02) De acordo com as ideias do texto, o corpo espao referencial para tomada de conscincia identitria.

    03) O texto se fundamenta na seguinte ideia: a identidade humana plena e estvel um processo dinmico, que s

    se conclui aps as buscas conscientes e contnuas do indivduo.

    04) O sada para o dilema existencial encontra-se condicionada deciso de o eu lrico buscar sua identidade

    autnoma.

    05) A conscincia do homem enquanto ser fragmentrio apontada como a sada para a instabilidade da

    identidade humana.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 20

    03. O poema aborda a problemtica da identidade , enquanto fenmeno intrnseco fragmentao do ser humano.

    Assinale a alternativa cujo(s) verso(s) melhor sintetiza(m) o estado mais agudo desse conflito:

    01) viajei em muitas faces

    02) emigrei de tantas formas / procura do meu rosto

    03) de um espelho para o outro/ desde antes a at / atrs da imagem buscada

    04) cada onda que vai / me arrasta / uma face transitada

    05) na procura de que rosto / quantos espelhos quebrei ?/ por quais guas me afoguei?

    Texto II

    INRCIA

    do outro lado

    do rio

    se categorizam os verdes

    e cada nome assume a sua coisa

    aqum estagnada

    das guas permanentes entorpeo palavras

    no atravesso impossvel o impensvel

    na margem intransposta

    CUNHA, Helena Parente. Alm de estar:antologia potica. Rio de Janeiro: Imago Ed. Salvador,BA: Fundao Cultural do Estado da Bahia, 2000, p.48.

    04. O eu lrico:

    01) consciente dos perigos que representa a natureza, renuncia sua busca e adota uma postura cautelosa, na

    perspectiva de, em breve, enfrentar desafios.

    02) apoiando-se em experincias passadas, cujos resultados foram frustrantes, renuncia ao seu desejo.

    03) inconsciente de suas limitaes, divide-se entre renunciar ao seu atual estado e usufruir novas e positivas

    experincias para sua afirmao pessoal.

    04) teme enfrentar obstculos existenciais, por no conseguir vislumbrar algo de positivo numa provvel

    experincia com o novo.

    05) vivencia um dilema de ordem pessoal, dividido que est entre os apelos do desejo e o temor de experimentar o

    desconhecido.

    05. A natureza, no poema:

    01) simboliza os perigos e inutilidade do enfrentamento a desafios para a realizao humana.

    02) conota, simultaneamente, o limite entre condies existenciais distintas e a possibilidade de satisfao

    pessoal.

    03) representa a configurao de uma condio existencial semelhante qual a poeta se encontra no momento.

    04) pode ser tomada como metfora do coroamento de uma existncia marcada por experincias contnuas de

    negao do indivduo.

    05) remete, metaforicamente, a uma situao de desencorajamento do ser humano que procura realizar-se

    existencialmente.

    As questes de 01 a 05 foram retiradas do livro OBRAS LITERRIAS UNEB 2013

    ( venda nas bancas e revistarias), dos professores Anya Moura, Renato Drea e Z Carlos Bastos.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 21

    ESSA TERRA ANTNIO TORRES

    I O autor e seu tempo

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    II O Narrador

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    III Personagens

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    IV Tempo

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    V Enredo

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    Algumas Consideraes

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  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 22

    Texto para a questo 01:

    Nelo descobriu que queria ir embora no dia em que viu os homens do jipe. Estava com 17 anos. Ele iria passar

    mais trs anos para se despregar do cs das calas de papai. Trs anos sonhando todas as noites com a fala e as

    roupas daqueles bancrios ? a fala e a roupa de quem, com toda certeza, dava muita sorte com mulheres. (Essa Terra Antnio Torres)

    01. Baseando-se na leitura da obra, possvel inferir que o desejo de Nelo de deixar sua terra:

    01) foi motivado pelo jipe, pois possibilitaria o transporte necessrio.

    02) foi planejado com o raciocnio durante trs anos.

    03) era motivado principalmente pelas mulheres que poderia conhecer.

    04) alimentado pelo poder e elegncia que os bancrios inspiravam.

    05) foi interditado pelo pai durante trs anos.

    Texto para as questes 02 a 05

    O velho bateu a cancela sem olhar para trs.

    Mas no pde evitar o baque, o ltimo baque: aquele estremecimento que fez suas pernas bambearem, como se no

    quisessem ir. Pensou: Benditas so as mulheres. Elas sabem chorar.

    Trs pastos, uma casa, uma roa de mandioca, arado, carro de bois, cavalo, gado e cachorro. Uma mulher, doze

    filhos. O baque da cancela era um adeus a tudo isso. J tinha sido um homem, agora no era mais nada.

    No tinha mais nada.

    Malditas so as mulheres. Elas s pensam nas vaidades do mundo.

    S prestam para pecar e arruinar os homens.

    Suas pernas no queriam ir, mas ele tinha que ir. Tinha que chegar rua e pegar um caminho para Feira de

    Santana, de uma vez para sempre.

    [...]

    O filho desapareceu no mundo, contra a sua vontade, para nunca mais voltar. Era ainda um menino, a bem dizer.

    Aquela coisa tonta foi a favor.

    [...]

    E foi assim que ele se deu por vencido, como se tivesse de assistir de braos cruzados sua prpria desgraa, da

    por diante.

    TORRES, Antnio. Essa terra. So Paulo: Editora tica, 1994, p.48.

    02. O texto focaliza uma personagem que:

    a) decide abandonar esposa e filhos, para tentar recuperar-se financeiramente em terras distantes.

    b) parte ao reencontro de mulher e filhos que conseguiram, graas ao trabalho no centro urbano, um padro de vida

    satisfatrio.

    c) diante dos prejuzos sofridos no trabalho agrcola, resolve investir em um negcio mais vantajoso

    economicamente.

    d) tem o seu conflito agravado por tomar uma deciso condicionada vontade de outrem.

    e) opta voluntariamente por um estilo de vida, cujos valores estejam em consonncia com a vida do meio urbano.

    03. Assinale a alternativa, cujo trecho possui relao de anterioridade com o fato retratado no texto.

    a) O pai de Totonhim, de posse do dinheiro emprestado pelo banco, vai ao encontro da esposa e filhos em Feira de

    Santana, em busca de novos empreendimentos.

    b) A me de Totonhim decide ir para outra cidade, preocupada com os estudos dos filhos.

    c) Totonhim receber a maior parte do dinheiro conseguido com a venda dos bens em Junco, o que garantir seus

    estudos em Feira de Santana.

    d) As irms de Totonhim encontraro em Feira de Santana o sucesso financeiro, aps conclurem cursos de ensino

    superior.

    e) A me de Nelo sofre um abalo emocional profundo com a fuga das filhas, o que provocar sua loucura e o

    desejo insano de morar em feira de Santana.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 23

    04. Assinale a alternativa cujo comentrio em negrito est coerente com a ideia presente no trecho transcrito.

    a) Mas no pde evitar o baque, o ltimo baque: aquele estremecimento que fez suas pernas bambearem, como se

    no quisessem ir. Pensou: Benditas so as mulheres. Elas sabem chorar. (l. 02 e 03) constatao de fatos

    isenta de opinio valorativa.

    b) O baque da cancela era um adeus a tudo isso. J tinha sido um homem, agora no era mais nada. No tinha

    mais nada. (l. 05 e 06) contraste temporal denotando similaridade de situao econmica.

    c) Malditas so as mulheres. Elas s pensam nas vaidades do mundo. S prestam para pecar e arruinar os

    homens. (l. 07 e 08) juzo de valor assentado numa viso patriarcal de gnero.

    d) O filho desapareceu no mundo, contra a sua vontade, para nunca mais voltar. Era ainda um menino, a bem

    dizer. Aquela coisa tonta foi a favor. (l. 11-12) ao humana sobrepondo-se fora do destino.

    e) E foi assim que ele se deu por vencido, como se tivesse de assistir de braos cruzados sua prpria desgraa,

    da por diante. (l. 13-14) fatalidade como necessria para a realizao humana.

    05. Assinale a alternativa cuja temtica NO pode ser extrada do texto.

    a) Solido humana

    b) Impasse existencial

    c) Fragmentao existencial do ser

    d) Amor como sada existencial

    e) Angstia e impotncia humanas

    Questes 15 e 16 (UNEB 2011)

    TEXTO:

    Nelo, querido, no vou chorar a tua morte. Foste em boa hora. Agora eu te entendo, bem capaz que eu j esteja

    comeando a te compreender.

    Saiba de uma coisa, papai. Eu vou embora.

    Para onde?

    O dinheiro que eu receber da Prefeitura, no fim do ms, para comprar uma passagem. [...]

    Mas para onde voc vai?

    Para So Paulo.

    Se h uma coisa que no compreendo isso: por que o velho nunca aceitava uma ideia nossa. Tnhamos que

    apresentar o fato consumado, para que o admitisse.

    Mas contrariado.

    Voc igual aos outros. No gosta daqui falou zangado, como se tivesse dado um pulo no tempo e de repente

    tivesse voltado a ser o pai de outros tempos.

    Ningum gosta daqui. Ningum tem amor a esta terra.

    Ele tinha, eu sabia, todos sabiam.

    Passado o sermo, papai amansou a voz. Parecia mais conformado do que aborrecido:

    Voc faz bem disse. Siga o exemplo Abaixou as vistas, sem completar o que ia dizer. TORRES, Antnio. Essa Terra. 21. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 168-169.

    06. O dilogo de Totonhim com o pai, destacado do captulo final de Essa Terra, revelador de um dos

    problemas enfocados no romance de Antnio Torres:

    a) A solidez da estrutura de poder patriarcal na sociedade nordestina.

    b) A fbula do filho prdigo desenraizado que decide ingressar na poltica.

    c) A migrao norte-sul do homem como consequncia de atritos polticos e familiares.

    d) A natureza cclica da migrao do sujeito nordestino e a redefinio de sua identidade.

    e) A desumanizao do imigrante nordestino como consequncia da violncia no campo.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 24

    07. A alternativa em que, no fragmento, a forma verbal expressa uma ideia de futuro a

    a) Foste em boa hora. (l. 1).

    b) bem capaz que eu j esteja comeando a te compreender. (l. 2).

    c) O dinheiro que eu receber da Prefeitura [...] para comprar uma passagem. (l. 5 e 6).

    d) Se h uma coisa que eu no compreendo isso (l. 9).

    e) Voc faz bem (l. 20).

    As questes de 01 a 07 foram retiradas do livro OBRAS LITERRIAS UNEB 2013

    ( venda nas bancas e revistarias), dos professores Anya Moura, Renato Drea e Z Carlos Bastos.

    O LARGO DA PALMA (1981) O AUTOR

    Adonias Filho (A. Aguiar), jornalista, crtico, ensasta e romancista, nasceu na Fazenda So Joo, em Ilhus,

    BA, em 27 de novembro de 1915, e faleceu na mesma cidade, em 02 de agosto de 1990. Eleito em 14 de

    janeiro de 1965 para a Cadeira no 21 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a lvaro Moreyra, foi

    recebido, em 28 de abril de 1965, pelo acadmico Jorge Amado.

    Adonias Filho faz parte do grupo de escritores que, a partir de 1945, a terceira fase do Modernismo, se

    inclinaram para um retorno a certas disciplinas formais, preocupados em realizar a sua obra, por um lado,

    mediante uma reduo pesquisa formal e de linguagem e, por outro, em ampliar sua significao do regional

    para o universal.

    A obra Largo da Palma se compe de seis novelas.

    1. A MOA DOS PEZINHOS DE QUEIJO

    a) Enredo e Personagens

    Desenvolvimento da Trama

    Encontros, crescimento do amor, as reaes dos que os cercam.

    Protagonistas Gustavo = Mudo

    Clia = Bela Voz

    Contraste:

    Intercomplementaridade: Carncia, desejo, complementao no outro.

    Gustavo x Clia

    Reaes

    Me de Clia

    Mrcia (irm de Gustavo) Pai de Gustavo

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 25

    Clmax Desfecho

    Agitao de Clia preparando pezinhos de queijo para Gustavo.. Ideia fixa: preciso querer e

    querer muito para alcanar (p. 19).

    Novo encontro Gustavo Clia no Jardim de Nazar, escuro, pois to escuro que as grandes

    rvores pareciam sombras fantsticas. ... Quentes e trmulas, aquelas mos! (...) o corao de

    Gustavo como se quisesse falar (p. 21) Ela lhe entrega um pozinho de queijo, dizendo que

    colocara nele o seu prprio sangue.

    Mal termina ele de comer o pozinho de queijo, ela fecha-lhe a boca com sua prpria boca.

    Sussurra, ento, dizendo:

    Voc, agora, pode falar. E, como se ordenasse, acrescenta, no, no fale agora!

    Gustavo sente que o amor e o beijo de Clia podem gerar o milagre. ... As lgrimas nos olhos que

    parecem sangrar. Tudo, agora, nele angstia e dor. ...

    Um parto, como num parto, a voz est nascendo... E ele exclama em tom ainda fraco, mas

    exclama:

    Amor (p. 21-22)

    b) Ambiente

    Largo da Palma, Igreja e Ladeira da Palma VISO ANIMISTA.

    Encontros Gustavo Clia no Largo da Palma e no Jardim de Nazar.

    Clia insiste em que Gustavo fale.

    A casa dos pezinhos de queijo e a de Gustavo.

    c) Foco Narrativo e Tempo

    A narrativa em terceira pessoa, com um narrador onisciente. Conhece presente e passado dos

    personagens, os fatos e os sentimentos internos dos personagens diante dos fatos.

    Note como os aspectos psicolgicos so to intensos que torna extremamente subjetiva a percepo

    do mundo exterior.

    mas nada permanece a no ser a voz que acabara de ouvir. Anda, quase a correr, com a voz nos

    ouvidos. (...) A voz permanecera e de tal modo est ali que receia venha a av escut-la. (p. 5) (...)

    entregara o pacote av, era como se tivesse as mos livres para segurar a voz da moa dos

    pezinhos de queijo. (p. 6)

    Clia, subindo, no sente o peso dos cestos vazios que carrega. (p. 10)

    Embora a narrao dos fatos enfatize sempre os aspectos psicolgicos, interiores, o decurso

    temporal cronolgico, com pequenos flashes de volta ao passado (por exemplo: a morte do pai de

    Clia, a doena da me de Gustavo).

    A narrativa bastante lrica, embora aqui e ali se percebam aspectos crticos como quando fala de

    Largo sempre mal-iluminado que parece em penumbra. (p. 9) ou quando fala da postura capitalista

    do pai de Gustavo em sua decepo de ter um filho, quando no invlido, praticamente intil (p.

    13), a maneira como sente a mudez do filho, embora tenha feito tudo para cur-la e como l os

    amores de Gustavo e Clia a moa visa trocar os pezinhos de queijo pela segurana de um

    casamento rico (p. 16).

    d) Linguagem

    Linguagem concisa, perodos curtos, incisivos.

    A linguagem narrativa intensamente lrica. O narrador explora os aspectos poticos da linguagem.

    Presena constante de metforas, smbolos, comparaes.

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 26

    Metonmias

    (...) o sobrado inteiro a dizer que tem um parafuso a menos. (p. 11)

    Sinestesia

    Doce e macia, ao lado do riso alegre, a voz da moa msica melhor de ouvir-se, nas manhs de

    domingo, que o prprio rgo da igreja. (p. 5)

    Assndeto

    Pudesse falar e dir-lhe-ia que tudo, agora, realmente estranho. (p.15)

    Discurso Indireto Livre

    Fecha a porta e logo se atira na cama. Os olhos esto fechados, verdade, mas a imagem do rapaz

    subsiste na escurido. Como entender o que acontece? Homem ele j com o peito largo e forte

    que quase de um lutador. Alto e belo como uma rvore. E por que Senhora Santa da Palma

    e, por que mudo? Nasceu assim? Houve um acidente? Doena? Tudo o que sabe que jamais se

    interessou pelos rapazes que a quiseram namorar, nada sentindo mesmo, em todos descobrindo

    defeitos. Agora, porm, e como diria o velho Roberto Milito, seu pai, tinha a flecha no corao.

    Falar com a me, noite seguinte, pouco antes de sair para encontrar-se com o rapaz. E se a me

    perguntar quem ele e o que faz, como responder? Dir-lhe- que no sabe sequer o nome porque

    no houve tempo para maior aproximao. Confessar, porm, o detalhe: Ele mudo. Intil

    discutir, procurar explicar, tentar justificar-se frente ao espanto da me. Sabe que ela no

    compreender, ningum entender, o sobrado inteiro a dizer que tem um parafuso a menos. Uma

    doida, apenas uma doida se deixar seduzir e fascinar por um mudo.

    2. O LARGO DE BRANCO

    a) Personagens

    a)

    E, como se nada houvesse acontecido naqueles trinta anos, desde que se separaram, ele apenas diz:

    Vamos, Eliane, vamos para casa.

    (...) Ela se lembra das manhs de chuva que sempre escurecem o Largo da Palma. Agora, como a

    vingar-se daquelas manhs, o sol ajuda o cu to azul. E Eliane, ainda com o corao a bater muito

    forte, no tem dvida de que o seu velho largo, como num dia de festa, est vestido de branco. (p. 41)

    b) Tcnicas Narrativas e Tempo

    A narrativa em terceira pessoa, embora centrada no personagem Eliane. Est muito presente o

    estilo indireto livre. como se Eliane estivesse fazendo uma reviso de suas vivncias.

    Coloca-se como tempo presente narrativo aquela manh de junho (p. 25), em que, gasto o

    vestido que usa, fora de moda, o melhor de todos os que restaram (p. 26), Eliane espera

    reencontrar-se com Odilon no Largo da Palma. Inclusive, neste incio, as formas verbais esto no

    indicativo presente; ressaltam a ideia dos fatos que esto em curso.

    Eliane

    Odilon Geraldo

    b) Contrastes

    Odilon x Geraldo

  • Reviso UNEB/Literatura/III trimestre/3EM/2013 27

    No raras vezes se fundem presente fatos que esto sendo vividos, e passado fatos

    recordados, pois vividos no passado.

    Mudam, ento, os tempos verbais (imperfeito, perfeito, mais que perfeito, ressaltando a ideia de fatos

    j ocorridos.) Inclusive, em longos trechos, utilizam-se as aspas, para indicar que esses trechos

    so narrados pela memria da prpria Eliane, como em um longo discurso indireto livre, dentro

    do qual aparecem formas do discurso direto.

    O narrador, alm de marcar o tempo, usando verbos no presente e no passado, usa os advrbios

    agora e l que ressaltam o tempo presente e o lugar. Eliane no Largo da Palma, espera de

    Odilton.

    Leia e perceba a passagem do passado, visto atravs da lembrana de Eliane, para o presente.

    Essa lembrana a perseguiu durante bastante tempo, era como uma ideia fixa, hora a hora a

    rever as notas sobre a cama. Parecia-lhe uma coisa to venenosa e viva quanto uma vbora ou um

    escorpio. O dinheiro na cama, sobre o lenol, nele refletido o desprezo do homem. E como se aquele

    dinheiro pudesse compensar a ingratido e resgatar a mocidade e a vida que a ele dera em troca de

    alguma coisa. Tudo, dera tudo mesmo em troca de nada.

    O sol, agora, invade o Largo da Palma e parece que vem mostr-lo como uma das coisas mais

    preciosas da Bahia. Habituara-se aos poucos com ele, o Largo da Palma...

    Eliane, detendo-se para aquecer-se, esmorece os passos. L, no quartinho onde mora, o sol no entra.

    (p. 30)

    Pelo exposto, percebe-se que o tempo da narrativa basicamente psicolgico.

    c) Ambiente

    AMBIENTE EXTERNO

    LARGO E IGREJA DA PALMA, COMO J VIMOS, PRESENTE EM TODAS AS NOVELAS E

    TRATADO COMO SER VIVO.

    Rua do Bngala

    AMBIENTE INTERNO

    Quarto em que mora Alice e que Eliane subloca

    Casas em que Eliane morou na infncia (Itapagipe), quando casada com Odilon e quando

    viveu com Geraldo (Campo Grande, Barris e Rio Vermelho)

    d) Linguagem

    Concisa, perodos curtos, incisivos. O narrador explora os aspectos lrico-poticos da linguagem.

    Observar o uso de metonmias: Voc, Eliane, casou com um hospital.

    O autor usa os mesmos recursos poticos presentes nas outras novelas: metforas,

    comparaes, inverses, frases nominais e enumeraes, assndetos, etc.

    INTERIOR/EXTERIOR

    O mundo interior - mundo invisvel

    Gasto o vestido que usa, fora da moda, o melhor dos que restaram. Os cabelos agora

    brancos, sempre sedosos, no melhoram o rosto cansado. Olhos sem brilho, boca um pouco

    murcha, as rugas. Este o lado, o lado de fora, que Odilon ver. Sabe que o Odilon e se no

    mudou inteiramente examinar-lhe- o rosto com ateno a observar todos os detalhes. No

    poder ver, porm, o lado de dentro, precisamente o lado da conscincia e do corao. (p. 26)

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    O mundo interior traz uma percepo subjetiva do mundo exterior:

    (...) a rua no era a mesma e certamente no era a mesma por causa dela prpria. (p. 26)

    Apesar de menos de sete meses, ah, quanto tempo. (p. 29)

    A tenso nervosa expulsando-a do quarto, empurrando-a para a rua. A tenso nervosa e os

    olhos de Alice sempre cheios de curiosidade. (p. 29)

    (ver mundo interior = tenso nervosa; mundo exterior = olhos de Alice = expresso mundo

    interior = curiosidade).

    3. UM AV MUITO VELHO

    Uma temtica extremamente atual. A Eutansia

    Abordagem lrica de um tema polmico.

    Amor extremado x sofrimento da amada

    Morte Provocada

    a) Tcnica Narrativa e Enredo

    3a pessoa, centrada no personagem Negro Loio.

    O presente narrativo o momento posterior a todos os fatos narrados:

    O velho, quando aquilo aconteceu, trancou-se em si mesmo. (...) Sempre calado em seu canto... No

    quarto e no quintal, a tocar sua sanfona, como a esperar a morte e que todos o esquecessem.

    O narrador desenvolve dois ncleos narrativos:

    1- Ncleo Central: O Negro Loio e sua neta Pintinha;

    2- Ncleo secundrio: A vida do negro Loio.

    Discurso Temporal Enredo

    b) Personagens

    Loio / Pintinha Pintinha (moa)

    1 2 Vida de Loio

    3

    Nascimento de Pintinha

    4 Loio / Pintinha (Desfecho).

    Pai ? Aparecida - maior corao da Bahia

    Loio

    Previso de Aparecida a Loio: Voc tem uma morte nas mos

    Verinha

    Maria Eponina Chico Timteo

    Maria Ecla

    ?

    Loio Pintinha

    Amor extremo?

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    c) Ambiente

    O Largo da Palma tem boa memria. (p.46)

    Estava mesmo era no Largo da Palma que, de to tranquilo, talvez se preparasse para dormir. (p.49)

    Viso animista = Largo = Tratado como ser vivo.

    Ambientes Internos

    A casa do Gravat

    Mercado Modelo

    d) Linguagem

    Linguagem bem trabalhada, concisa, perodos curtos, incisivos. Tratamento lrico dado

    narrativa e aos conflitos humanos abordados.

    INVERSO como forma de enfatizar sentido do termo invertido

    Companhias, se teve, foram duas: a sanfona e a saudade de Aparecida. (p.54) (observe a

    juno do concreto (sanfona) com o abstrato (saudade de Aparecida)

    FRASE NOMINAL

    (O av e a neta) O p e o estribo. (p. 47) (ver sentido simblico)

    A alegria, o riso e a coragem to partes dela quanto os seios redondos e duros. mida a luz

    dos olhos, a voz metlica, as coxas macias. (p. 51) (ver comparativo de igualdade entre

    abstrato e concreto e a inverso do adjetivo, sinestesia)

    O sino, ah, o velho sino da igreja! (p. 55) (emotividade)

    Namoro, noivado, casamento. (p. 57) (movimento, agilizao da narrativa)

    Linguagem coloquial.

    4. UM CORPO SEM NOME

    a) Narrativa em primeira pessoa. Narrador no se identifica: quem sou, isto no importa.

    b) Enredo: mulher que morre nos braos do narrador e o faz lembrar fatos que viveu aos 18 anos.

    Associao: presente passado identificao.

    Hoje, dois meses aps a morte da mulher... Ontem, quando reencontrei o inspetor na Rua Chile,

    quase dois meses aps o meu depoimento na Delegacia da Polcia... (p.75-75)

    Dezoito anos, pois, a minha idade. (...) Loura e bonita, os cabelos corridos, os lbios finos, os seios

    pequenos e cheios, muito azul nos olhos. No a vi, nem a ela e nem ao amigo, quando me levantei.

    E, ao levantar-me, j gritava:

    Eu quero esta mulher! (p.71)

    Hoje, dois meses aps a morte da mulher, o Largo da Palma j esqueceu porque, velho como ,

    no tem memria para todos os acontecimentos. No deve sequer lembrar-se de quando

    levantaram as casas mais baixas e estreitas, estas de telhas to pretas quanto o tempo, com o

    verde e o azul das tintas fortes ocultando as cicatrizes e rugas, e certamente, no se lembra quando

    foram plantadas as rvores e chegaram os primeiros pombos. Vendo-os agora, nesta penumbra que

    sempre avisa a aproximao das noites na Bahia, com a igreja vazia e os sobradinhos em silencio,

    penso na mulher que morreu em meus braos. Ela, a pobre, pareceu-me que vinha de longa

    viagem. (p.74)

    c) Crtica social

    A caftina a expulsa do bordel porque ela j no d no couro, no arranja mais homem (p.70-71). A

    narrativa do passado, termina quando essa mulher exclama para o narrador que morte deve ser

    melhor. Deve ser melhor mesmo porque no tem medo nem fome. (p. 71)

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    d) Ambiente: Largo da Palma.

    Bordel Sobradinho da Ajuda.

    e) Linguagem Por que o ttulo da novela: Um corpo sem nome?

    Mesmos recursos poticos presentes nas outras novelas

    5. OS ENFORCADOS

    a) Embasamento histrico: Revoluo dos Alfaiates (1798).

    b) Narrativa em 3a pessoa, mas enquadrada tica de um personagem: o ceguinho da Palma.

    c) Presente narrativo: dia dos enforcados quatro homens, um quase menino, todos mulatos: A

    execuo, um espetculo exemplar.

    d) Personagens: Ceguinho da Palma (ver sentido simblico) e Valentim.

    e) Crtica scio-histrica: o governo e os grados

    a opresso, o terror, o medo, a insegurana.

    f) Ambiente: Largo da Palma, Piedade

    g) Linguagem:

    INVERSO (explorando o valor expressivo do adjetivo) e omisso do verbo.

    Inmeros os que passavam por ele, todos apressados, alguns como que corriam. (p.83)

    E porque grande era o silncio e ouviu o barulho dos grilhes de ferro, soube que se arrastavam

    os que caminhavam para a morte. (p. 87)

    LINGUAGEM COLOQUIAL

    Adequadas ao personagem central (o ceguinho), encontramos expresses e palavras de

    linguagem coloquial. Palavras como birosca, porrete, estrebuchavam, at expresses como

    quero um gole da melhor (p. 83) engolir a aguardente (p. 84), boa pinga! (p. 85), de

    arrebentar o corao (p. 87) exemplo de merda (p. 88) e o uso do pronome sujeito como

    complemento verbal: Que a Senhora da Palma ajude eles.

    Uso dos mesmos recursos expressivos que se fazem presentes nas outras novelas: metforas,

    comparaes, frases nominais, enumeraes etc.

    6. A PEDRA

    a) Aspectos regionais: garimpo, Jacobina.

    O enriquecimento gera a migrao para a capital.

    b) Personagens: Ccero Amaro, Zefa, Flor.

    a ingenuidade de Ccero, a explorao, as mulheres, o empobrecimento.

    c) Clmax

    Fique de uma vez com suas putas... V e no volte, Saia, saia logo seu bbado sujo. V logo antes

    que te meta o brao. (p. 101)

    d) Desfecho

    E no largo, ao ver a igreja bem defronte, (Ccero) ps-se a andar, cabisbaixo, como perdido em

    profunda meditao. A ingratido de Zefa, o desprezp de Flor, ch, o mundo era mesmo uma boa

    merda (p. 101) Grandes, porm, eram os olhos de Deus. Todos pagariam semelhante na prpria

    terra. (p. 101). E procura arranjar um pouco dinheiro para voltar sua vida de garimpeiro em

    Jacobina.

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    e) Ambiente:

    Largo e Igreja da Palma.

    Bordel onde Flor Trabalha.

    f) Narrativa em 3a pessoa, centralizada em Ccero e Zefa.

    g) Linguagem:

    INVERSO

    Maior que a peste, de verdade, s o medo (p. 94)

    E tinha os seus dengues, Flor! (p. 100)

    Farta estava cheia de tantas mentiras e malandragens (p. 101)

    IDENTIFIQUE A VOZ NARRATIVA, O DISCURSO INDIRETO LIVRE E O DISCURSO DIRETO.

    Zefa recebeu-o de cara amarrada. Ali estava o resultado da leseira, sem uma prata no bolso, a

    roupa encardida no corpo. Que queria fazer agora? Se pensava comer o lucro da quitanda, vender a

    casa, viver nas suas costa, que desenganasse. Aquilo nem po