REVISÃO ANATÔMICA PARA DEFINIÇÃO DO LIGAMENTO … · 2017. 8. 11. · V. Aos funcionários do...
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REVISÃO ANATÔMICA PARA DEFINIÇÃO DO LIGAMENTO HIOEPIGLÓTICO
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Emília Cristina Benevides de Freitas
Trabalho apresentado ao Curso de Mestrcdo do Departamento
de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas do Centro de Ciências
da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de mestre.
Aprovada por:
Prof. _____________ _ (Presidente da Banca)
Prof. --------------
Prof. --------------
Rio de Janeiro, RJ - BRASll.
1993
FICHA CATALOGRÁFICA
FREITAS, Emília Cristina Benevides de
Revisão anatômica para definição do ligamento hioepiglótico.
Rio de Janeiro, UFRJ, CCS, ICB, 1993.
X, 51 f.
Dissertação de Mestrado em Anatomia (Departamento de Anatomia)
1. Ligamento hioepiglótico 2. Laringe
3. Deglutição 4. Anatomia
1 - Universidade Federal do Rio de Janeiro
li - Título
ii
Ao meu pai, pelo apoio e esforço irrestrito.
À minha mãe, pelo carinho e incentivo.
À minha avó, com muito amor e gratidão,
pelo apoio recebido.
Ao meu avô, médico exemplar, meu mais
sincero reconhecimento e admiração.
iii
Ao Professor MILTON MELCÍADES BARBOSA COSTA,
orientador deste trabalho,
agradeço sua dedicação e estímulo
nos momentos mais difíceis.
A ele, meu mais profundo agradecimento.
IV
___________________ AGRADECIMENTOS
Aos professores ADILSON DIAS SALLES, MARCELO VELOSO
PEIXOTO, MAURÍCIO MOSCOVICI e SUSANNE QUEIROZ, pela forma
carinhosa com que sempre me trataram e pelos ensinamentos que muito
contribuíram para a minha formação.
À professora FANI MERCANTE, pelo auxílio e paciência com que
sempre me atendeu.
À professora LÚCIA HELENA ANTUNES PEZZI, que diante das
circunstâncias mais adversas, surgidas durante o desenvolvimento deste
trabalho, me incentivou a seguir adiante e me deu o apoio necessário
para que eu chegasse a meta final.
Aos professores da Universidade Federal Fluminense, em
especial, PEDRO ABDALLA, ROGÉRIO BENEVENTO, TARCÍSIO RIVELLO,
WALTER BERTOLAZZO (in memorian) e WILLIAN ALBERTO DO AMARAL
RIBEIRO, pela compreensão e atenção dispensadas.
Aos meus colegas e amigos da pós-graduação, CARLOS
ALBERTO ARÁUJO CHAGAS, DENISE AUGUSTO DA SILVA, EVANDRO MATTOS
LOPES, JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA GOMES e TEREZINHA COSTA DO CABO,
pelas horas agradáveis que passamos juntos e que deixaram saudades.
Aos meus alunos, pelo carinho recebido.
Aos funcionários do Departamento de Anatomia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela colaboração prestada.
V
Aos funcionários do SeNiço de Anatomia Patológica do Hospital
Universitário Clementina Fraga Filho, pela atenção e auxílio na obtenção
das peças anatômicas.
À Coordenação de Pesquisa para o Ensino Superior (CAPES),
pela bolsa concedida.
A DEUS qué o tempo todo me deu força e saúde para seguir em
frente.
Meu muito obrigada a todos que direta ou indiretamente
contribuiram na preparação deste trabalho.
vi
"A pessoa tem consciência de si,
não nas horas felizes, mas nas
horas de luta."
Bergson.
vii
_____________________ RESUMO
Foram estudadas macroscopicamente 56 laringes humanas
obtidas de cadáveres adultos. Destas, 29 eram fixadas e 27 não fixadas.
Das laringes não fixadas, 16 seNiram para o estudo microscópico.
No grupo de laringes fixadas 12 tinham características
masculinas e 17 características femininas. No de laringes não fixadas, 17
eram do sexo masculino e l O eram do sexo feminino.
Unindo o osso hióide à cartilagem epiglótica, há um forte
ligamento lâminar e transverso, em forma de leque, cuja fixação mais
larga é a hioídea. Este ligamento é constituído por fibras colágenas e
elásticas, com predomínio colágeno. As fibras colágenas possuem maior
condensação próximo ao osso hióide, enquanto que as fibras elásticas
possuem maior condensação próximo à cartilagem epiglótica.
· Parece-nos lícito supor que o ligamento hioepiglótico interfere na
dinâmica laríngea elevando e anteriorizando a epiglote, bem como
participa da elevação laríngea como um todo.
viii
_____________________ ABSTRACT
Fifty six larynx from adults human corpses were macroscopically
studied. Twenty-nine were fixed and twenty-seven were not. From the fixed
ones, sixteen were useful for the microscopic study.
ln the group with fixed larynx, twelve had mole characteristics
and seventeen female. The non-fixed group had seventeen males and ten
females.
There was a strong laminate and transverse ligament, fan
shaped, with the largest fixation at the hyoid bane. That ligament was
formed by collagen and elastic fibers, more with collagen ones. Collagen
fibers were more condensate close to the hyoid bane, while elastic fibers
were more condensate near the epiglottis cartilage.
lt seems to be correct that the hyoepiglottis ligament can
interfere in the larynx's dynamics moving up and down the epiglottis as well
as helping the rising of the larynx.
ix
-------------------SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 02
REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS TEÓRICOS ......................... 05
MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 19
RESULTADOS .............................................................................................. 24
DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA ......................................................... 28
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................ 36
CONCLUSÕES ........................................................................................... 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 45
X
________________ INTRODUÇÃO
____________________ INTRODUÇÃO
O mecanismo que regula o funcionamento normal da
deglutição é ainda um campo aberto a investigações, apesar da extensa
e divergente literatura existente sobre sua anátomo-fisiologia.
O ligamento hioepiglótico, estrutura conjuntiva que une o osso
hióide à cartilagem epiglótica, está por lógica, envolvido nesta anátomo
fisiologia. Algumas de suas características têm sido mencionadas nos
trabalhos que abordam a dinâmica da deglutição e nos trabalhos sobre
os processos expansivos que acometem o espaço pré-epiglótico.
O espaço pré-epiglótico, preenchido por tecido gorduroso, t�m
como limite superior o ligamento hioepiglótico. Segundo GREGOR (1990),
este espaço é sede freqüente de tumores, sendo a expansão destes
temporarimente impedida pelas estruturas limitantes, inclusive pelo
ligamento hioepiglótico.
Apesar de sua possível importância, o ligamento hioepiglótico
não mereceu, até aqui, uma obseNação mais profunda. Poucos são os
autores que descrevem mais detalhadamente este ligamento e sua
função.
No mecanismo da deglutição, são valorizadas a dinâmica do
osso hióide e da cartilagem epiglótica. O fato de existir um ligamento
unindo o osso hióide à cartilagem epiglótica nos faz supor que a epiglote
sofra deslocamentos em decorrência dos movimentos do osso hióide.
2
Na literatura consultada, a dinâmica do osso hióide e da
epiglote são consideradas de modo independente. A elevação e
anteriorização do osso hióide têm sido descritas, mas sem correlação com
os movimentos da epiglote. Constituem exceção os trabalhos de EKEBERG
(1982) e COSTA (1987).
A epiglote tem seu movimento considerado como de projeção
sobre o ádito laríngeo (SAPPEY, 1889 e BASMAJIAN, 1982) e, por
conseguinte em sentido posterior e inferior, contrário ao movimento do
osso hióide.
O objetivo do presente trabalho é reavaliar a morfologia do
ligamento hioepiglótico e buscar definir se esta morfologia permite apoiar
teorias recentes, como as de EKEBERG (1982) e COSTA (1987), ou se
conservamos teorias clássicas com movimentos independentes.
3
-----------
REVISÃO DA LITERATURA E
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
_______ REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Os trabalhos que -tratam do ligamento hioepiglótico são
escassos. Um número significativo de autores o descrevem
superficialmente, enquanto poucos fazem um relato mais profundo.
A literatura consultada aborda, de modo superficial, o ligamento
hioepiglótico quanto a sua fixação, direção, constituição histológica,
relações com estruturas vizinhas, e sua dinâmica durante a deglutição.
Quanto à fixação, são consideradas uma anterior ou hióidea e
uma posterior ou epiglótica.
DEBIERRE (1890), CUNNINGHAM, BRASH & JAMIESON (1949),
FALCONE (1950), GRANT (1958) E MOORE (1990) dizem que o ligamento
hioepiglótico está fixado na face anterior da cartilagem epiglótica.
PATURET (1958) concorda com a fixação na face anterior da
epiglote e acrescenta que as fibras do ligamento hioepiglótico divergem e
se espalham um pouco antes de alcançar sua inserção.
A fixação anterior ou hióidea é considerada por autores como
GOBRECHT (1859), PATURET (1958), TOBIAS & ARNOLD (1963), GRAY (1966)
e KAMINA (1983) como feita na borda superior do corpo do osso hióide.
POIRIER & CHARPY (1903), BRUNI (1948), CHIARUGI & LEVI (1954),
PALUMBI (1955) e SPALTEHOLZ (1975) consideram como local de fixação
do ligamento hioepiglótico as bordas superiores do corpo e dos cornos
maiores do osso hióide.
5
Segundo. WARWICK (1968), LESSON & LESSON (1972) e
HOLLINSHEAD & ROSSE (1991), o ligamento hioepiglótico fixa-se em toda a
face posterior do osso hióde.
Quanto à direção do ligamento hioepiglótico, POIRIER & CHARPY
(1903), CHIARUGI & LEVI (1954), PATURET (1958) e ARNOLD (1968) admitem
certa obliqüidade, quando dizem que o ligamento tem direção "quase
horizontal", ao passo que BRUNI (1948), PALUMBI (1955), TESTUT & JACOB
( 1975) o descrevem como tendo disposição horizontal.
COSTA (1987) considera o ligamento hioepiglótico de disposição
transversal em relação ao longo eixo da epiglote.
Quanto à constituição histológica do ligamento, autores como
GOBRECHT (1859), HOFFMANN (1870), VALENTI (1913), BRUNI (1948),
CHIARUGI & LEVI (1954), BRUCE, WALMSLEY & ROSS (1964), GRAY(l966),
ARNOLD (1968), MEZZOGIORNO (1979), WARWICK & WILLIANS (1979) e
HAMILTON (1982) consideram a existência de tecido elástico unindo a
epiglote ao osso hióide.
POIRIER & CHARPY (1903) descrevem este ligamento como
sendo constituído por tecido elástico infiltrado de gordura.
BRUNI (1948) também considera o ligamento hioepiglótico
como elástico, mas enfatiza ser ele uma "fraca lâmina elástica".
CUNNINGHAM, BRASH & JAMIESON (1949) e CHIARUGI (1954)
descrevem o ligamento hioepiglótico, que consideram elástico, como um
ligamento curto em forma de uma lâmina larga. CUNNINGHAM, BRASH &
JAMIESON (1949) enfatizam a dissociação parcial das fibras deste
ligamento por tecido adiposo.
6
ARNOLD (1968) diz que o ligamento hioepiglótico é largo e
elástico.
ELLIS & FORD (1882), FALCONE(l950), GRANT (1958),
KAMINA(l983) e STERN (1988) apresentam o ligamento como uma
condensação de "tecido fibroso".
LAST ( 1954) designa o ligamento hioepiglótico como constituído
por um tecido "fibra-adiposo".
DEBIERRE ( 1890) descreve o ligamento hioepiglótico como um
"espessamento fasciculado da camada fibroelástica", que se encontra
após a retirada da túnica mucosa.
PATURET(l958) se refere a um ligamento ou membrana
hioepiglótica de constituição fibroelástica, pouco espessa e descontí�ua.
EKBERG (1982) admite que a epiglote seja suspensa por
estruturas adjacentes constituídas de elementos fibroelásticos.
LOCKHART, HAMILTON & FYFE (1983) consideram o ligamento
hiopiglótico fraco e infiltrado por gordura.
COSTA (1987) descreve o ligamento hioepiglótico como sendo
predominantemente colágeno, com maior densidade de fibras colágenas
próximo ao osso hióide e com densidade menor, próximo a cartilagem
epiglótica.
O osso hióide, a membrana tiro-hióidea, a cartilagem epiglótica,
as pregas glossoepiglóticas e o espaço pré-epiglótico e seus constituintes
são estruturas que se relacionam e interagem com o ligamento
hioepiglótico.
7
Segundo ROUVIÊRE (1956), o osso hióide é uma estrutura óssea
em forma de ferradura, situado transversalmente acima da laringe, na
altura da quarta vértebra ceNical. O osso hióide possui um corpo, um par
de cornos maiores e um par de cornos menores. O corpo é a região
central mais espessa, sua face anterior é convexa e a face posterior,
côncava. Possui duas bordas, uma superior e uma inferior, e duas
extremidades. O corno maior projeta-se a partir do lado do corpo para
trás e para cima, através de uma articulação cartilagíneo. Possui uma
face superior, uma face inferior e duas bordas: -uma externa convexa e
outra interna côncava. O corno menor é uma projeção para cima que
está fixada à junção do corpo com o corno maior.
O ligamento hioepiglótico está aderido posteriormente à borda
superior do corpo do osso hióide, onde suas inserções são fusionadas às
inserções da membrana tiro-hióidea (PATURET, 1958).
Admitindo-se que a organização hiolaríngea tem importância
morfológica básica para a compreensão da dinâmica da deglutição e
entendendo que o ligamento hioepiglótico é parte deste todo, parece
nos oportuno rever, ainda que de modo breve, a organização de algumas
estruturas que permitem a interação dinâmica do complexo hiolaríngeo.
O hióide e, conseqüentemente, a laringe, por sua interação
através das estruturas ligamentares, podem ser elevados ou abaixados
pelos músculos que têm inserção no conjunto hiolaríngeo.
Os músculos inseridos no osso hióide podem ser divididos em
supra-hióideos e infra-hióideos. O primeiro grupo compreende os músculos
milo-hióideo, estilo-hióideo, digástrico, gênio-hioídeo, gênio-glosso e
8
hioglosso. O segundo grupo compreende os músculos esterno-hiódeo,
esternotireóideo, tiro-hióideo e omo-hióideo (HAMILTON, 1982).
Os músculos infra-hióideos fixam e estabilizam o osso hióde. Estes
músculos, atuam sinergicamente com os músculos supra-hióideos nos
movimentos da língua, do osso hióide e da laringe durante a deglutição e
a fonação (WOODBURNE, 1984).
O osso hióide e a laringe, estruturas móveis da região cervical,
relacionam-se entre si pela membrana tiro-hióidea, pelos ligamentos tiro
hióideos e pelo ligamento hioepiglótico.
A membrana tiro-hióidea, segundo ROUVIÊRE (1956), é uma
lâmina fibroelástica que se insere na borda superior da cartilagem
tireóidea, na borda póstero-superior do corpo e borda interna do corno
maior do osso hióide. A membrana tiro-hióidea está separada da face
posterior do hióide por uma bolsa que facilitaria o movimento de subida
da laringe durante a deglutição (WARWICK & WILLIANS, 1979).
ROUVIÊRE (1956) descreveu os ligamentos tiro-hióideos como
espessamentos da membrana tiro-hióidea, sendo em número de três: um
mediano, o ligamento tiro-hióideo mediano, e dois laterais, os ligamentos
tiro-hióideos laterais, que formam as bordas laterais da membrana. Eles
unem a extremidade do corno superior da cartilagem tireóidea ao corno
maior do osso hióide. Em sua parte média encontra-se, algumas vezes, um
pequeno nódulo cartilagíneo, a cartilagem tritícea.
A epiglote desperta um especial interesse por ser
responsabilizada, por um grande número de autores, pela proteção do
ádito laríngeo. É descrita como uma lâmina elástica, achatada e
multifenestrada que se projeta para cima pondo-se atrás do osso hióide e
9
da língua (GUERRIER & ANDREA, 1977). A extremidade inferior é afilada e
insere-se pelo ligamento tiroepiglótico na extremidade superior da face
posterior da cartilagem tireóidea a nível do ângulo formado pela
confluência das lâminas tireoideanas. A parte superior é livre, larga e
dirigida para cima e para trás. A face posterior é côncava, mas apresenta
inferiormente uma projeção central denominada tubérculo da epiglote. A
face anterior é convexa e apresenta membrana mucosa que se estende
da língua e forma na linha mediana a prega mucosa, denominada prega
glossoepiglótica mediana. A cada lado desta face da epiglote, duas
outras pregas são descritas, as pregas glossoepiglóticas laterais. Forma-se
assim, a cada lado da prega glossoepiglótica mediana, uma depressão,
denominada de valécula (WARWICK & WILLIANS, 1979).
As pregas glossoepiglóticas relacionam-se superiormente com o
ligamento _hioepiglótico.
CRUVEILHIER (1843) descreve um ligamento mediano
glossoepiglótico, muito forte e elástico, de cor amarela, que ajudaria na
volta da epiglote abaixada. Num plano inferior a este, estaria o ligamento
hioepiglótico.
HOFFMANN (1870) diz que a face da epiglote voltada para a
língua é livre na sua porção superior e coberta por mucosa. Esta mucosa
vai em direção à raíz da língua e forma uma prega glossoepiglótica mais
forte mediaimente e duas laterais mais fracas.
DEBIERRE (1890) cita um ligamento mediano, amarelado e
elástico, que fixa a face anterior da epiglote à parte inferior da língua, o
ligamento glossoepiglótico.
lO
POIRIER & CHARPY (1903) afirmam que acima da membrana
hioepiglótica, e aderida a ela, encontramos o ligamento glossoepiglótico
mediano que se estende da face anterior da cartilagem epiglótica até a
base da língua. Freqüentemente uma prega glossoepiglótica lateral
separa exteriormente a valécula da face lateral da língua.
CHIARUGI & LEVI (1954) descrevem o ligamento glossoepiglótico,
como conteúdo da prega glossoepiglótica mediana, unindo a face
anterior da epiglote à raíz da língua e estando aderido ao ligamento
hioepiglótico. Consideram a existência das pregas glossoepiglóticas
laterais e afirmam que o ligamento faringoepiglótico, é dependência da
membrana elástica da faringe.
PRATES & BOTELHO (1968) contestam a existência das pregas
glossoepiglóticas laterais e concluem dizendo que no vivo, bem como nos
espécimes frescos e nos conseNados, a presença contante é da prega
faringoepiglótica que seNe de limite entre a valécula e o seio piriforme.
WARWICK (1968) diz que a superfície anterior da epiglote está
unida ao dorso da língua por uma prega glossoepiglótica mediana, e as
depressões de cada lado do plano mediano constituem as valéculas. As
margens laterais da epiglote são unidas pelas pregas faringoepiglóticas à
parede da faringe.
MEZZOGIORNO (1979) diz que existe uma membrana revestida
de mucosa que une a língua à superfície anterior da epiglote. Esta
membrana eleva-se na sua linha mediana e forma a prega
glossoepiglótica mediana. De cada lado existem duas pregas que se
dirigem a parede faríngea, as pregas faringoepiglóticas. As depressões
formada dos lados da prega mediana chamam-se valéculas.
11
LUND (1990) deixa claro a compreensão de que as pregas
faringoepiglóticas constituem o limite das valéculas, a maioria dos textos
se refere as pregas glossoepiglóticas laterais como responsáveis por este
limite.
O ligamento hioepiglótico fecha superiormente o espaço pré
epiglótico, espaço triangular preechido por tecido adiposo.
POIRIER & CHARPY (1903), CUNNINGHAM, BRASH & JAMIESON
(1949), TESTUT & LATARJET (1951), ALVERDES (1959), TESTUT & JACOB (1975),
SICHER & TANDLER (1981) obseNaram que entre a membrana tiro-hióidea,
a face anterior da epiglote e o ligamento hioepiglótico, existe um espaço,
de forma triangular nos cortes longitudinais, preenchido por tecido
adiposo.
GUERRIER & ANDREA (1973) afirmam que o espaço pré
epiglótico é dividido por um septo medial e vertical, o "septo vertical pré
epiglótico", que separa o espaço em duas cavidades, uma à direita, outra
à esquerda do plano mediano. Este espaço se situa na frente da epiglote,
abaixo da resistente membrana hioepiglótica, atrás do osso hióide, da
membrana tiro-hióidea e de um pequeno segmento da cartilagem
tireóidea. A membrana hioepiglótica devido à sua resistência, limita a
evolução de neoplasmas laríngeos. ObseNam ainda que-na face superior
da membrana hioepiglótica encontram-se fibras musculares dispostas
transversalmente.
LAM & WONG (1983), com a finalidade de estudar a
disseminação do carcinoma de laringe, estudaram sete espécimes
normais e trinta e cinco com carcinoma. Fazem referência aos espaços
pré-epiglótico e paraglótico. Dizem que o compartimento submucoso da
1 2
laringe foi examinado e se percebeu distintamente, separados por
membrana constituída de fibras colágenas e elásticas, os espaços pré
epiglótico e paraglótico.
GREGOR ( 1990) revê a importância do espaço pré-epiglótico. O
limite superior deste espaço é o ligamento hioepiglótico, o anterior a
membrana tiro-hióidea e cartilagem tireóidea, enquanto o limite posterior
é a cartilagem epiglótica e o ligamento tiroepiglótico. A expansão de
tumores neste local é impedida temporariamente por estes limites. O
espaço pré-epiglótico é preenchido por tecido areolar e gordura e é
contínuo com espaço paraglótico.
Se considerarmos a dinâmica do osso hióide e da epiglote,
possivelmente teremos uma melhor compreensão da função do
ligamento hioepiglótico durante a deglutição.
WYLLIE (1866) admite que a pressão da laringe contra a língua e
o osso hióide determinada por sua dinâmica, projete a epiglote para
baixo, protegendo a entrada da laringe.
SAPPEY (1889) diz que no momento da deglutição a epiglote,
que forma a parte anterior do ádito laríngeo, recuNa-se como uma
tampa.
HOWES ( 1889) e NEGUS C 1949) consideram a epiglote
desnecessária ao fenômeno da deglutição, consideram-na como
elemento primariamente respiratório.
JOHNSTONE (1942) através de estudo radiológico verificou que a
epiglote pode ser projetada para baixo durante a deglutição devido a
elevação da laringe.
1 3
BYKOV ( 1953) diz que com o osso hióide e a laringe elevados, a
língua pressiona e empurra o bolo alimentar contra a epiglote, que fecha
a entrada da laringe.
FINK (1956) descreve um mecanismo de válvula no qual a
elevação da laringe de encontro ao osso hióide resulta em compressão
do tecido adiposo da loja pré-epiglótica, que força a face anterior do
vestíbulo a nível do tubérculo da epiglote, provocando saliência na luz
vestíbulo-faríngea. A saliência assim gerada encontra nas pregas
vestibulares o assento valvar para o fechamento do vestíbulo.
BOSMA (1957) admitiu um fechamento geral do vestíbulo da
laringe durante a deglutição. Diz que a participação da base da epiglote
no fechamento da laringe é melhor compreedida como uma parte da
convergência geral do hióide e da laringe, a qual ocorre em relação com
a elevação da língua, hióide e laringe durante a deglutição.
HIGHTOWER ( 1958) diz que a entrada das vias aéreas é
efetivamente fechada pelo movimento de elevação e anteriorização da
laringe, devido principalmente à ação da porção anterior da musculatura
supra-hióidea.
CRAFTS ( 1966) diz que o ligamento hioepiglótico é uma
importante estrutura para nos ajudar a entender o movimento da epiglote
durante a deglutição. Diz também que a epiglote não age como uma
dobradiça de porta na entrada da laringe, pois o ligamento hioepiglótico
tornaria este movimento difícil de ser executado.
LLORCA ( 1 967) refere que a entrada dos alimentos na laringe é
impedida pela grande elevação que esta experimenta para cima e para
diante. Diz que esta subida se deve principalmente aos músculos gênio-
1 4
hióideo e milo-hióideo, que dirigem o hióideo para cima e para diante, e
ao tiro-hióideo que aproxima a laringe do hióide. Diz, ainda, que a
epiglote, ao contrário do que se acreditava, não é indispensável para
uma correta deglutição. Esta função não se altera quando a epiglote esta
destruída.
ARDRAN & KEMP (1967) admitem a existência de cinco
componentes no mecanismo de fechamento da laringe durante a
deglutição: 12- Elevação da laringe para o osso hióide e da laringe e
hióide em direção à mandíbula, o que resulta em inclinação para trás da
epiglote. 22- Movimento para baixo, para frente e para dentro da
cartilagem aritenóide que fecha a glote e estreita o vestíbulo. 32- Abertura
do espaço cricotireóideo, que permite a inclinação da aritenóide para a
frente. 42- Projeção para trás da porção vestibular da epiglote devido à
compressão do "coxim gorduroso hiotireoideano" produzido pela
aproximação da cartilagem tireóide do osso hióide, o que permite que as
pregas vetibulares sejam aproximadas e o vestíbulo obliterado. 52-
Projeção para baixo da epiglote que se dá por inclinação para trás
devido à aproximação da cartilagem tireóide do osso hióide com
elevação da laringe e hióide para próximo da mandíbula. Desta posição,
a epiglote é levada para baixo, pela pressão exercida pelo bolo
alimentar; assim, a epiglote é pressionada contra a laringe pela onda
constrictora faringeana.
SCWARTZ & STORER (1969), ao descreverem o ato da deglutição,
dizem que a contração dos músculos supra-hióideos eleva a laringe e a
desloca para a frente, protegendo assim a entrada da laringe e da
traquéia. A respiração é inibida e o trato respiratório é completamente
1 5
obliterado pela aproximação das cordas vocais e deslocamento posterior
da epiglote.
D1D1O ( 1 974) diz que o alimento é impedido de entrar na laringe,
porque esta é levantada e sua abertura é coberta pela epiglote e pela
porção faríngea da língua. Ressalva, no entanto, que a epiglote não atua
como uma tampa.
WARWICK & WILLIANS ( 1 979) dizem que durante a deglutição a
epiglote se desloca para cima e para diante, sendo comprimida entre a
base da língua e o resto da laringe, e o bolo desliza sobre a sua face
posterior e sobre a entrada fechada da laringe.
JACOB, FRANCONE & LOSSOW ( 1 980) , SNELL ( 1 984) e
WOODBURNER ( 1 984) descrevem um mecanismo de "tampa", onde a
epiglote dobra-se sobre o ádito laríngeo.
YOTSUYA( 1 98 1 ) descreve a rotação posterior da epiglote e
admite que ela é responsável pelo fechamento do orifício laríngeo.
Acrescenta que a epiglote continua seu movimento para trás até atingir
sua posição mais posterior quando constringe também a cavidade
faríngea.
BASMAJIAN ( 1 982) refere que recentemente novas evidências
têm revivido o velho conceito de que a epiglote, pelo menos em parte,
atua como uma tampa de caixa para a laringe durante a deglutição.
FLORES, WOOD, LEVINE, KOEGEL & TURCKER (l 982) destacam
entre os mecanismos importantes para previnir a entrada de alimento na
traquéia a depressão da epiglote sobre a entrada da laringe e a
elevação do hióide e da laringe.
1 6
HUG ( 1984) admite que a elevação da laringe é o fator mais
importante na proteção da via respiratória.
CARMACK (1987) acredita que o deslocamento da laringe para
cima e para frente, durante a deglutição, pressione a extremidade
superior da parte tubular da laringe contra a face posterior da epiglote.
COSTA ( 1987) afirma que a epiglote é arrastada pelo robusto
ligamento hioepiglótico através da musculatura potente que se insere no
hióide. Descreve que o ligamento hioepiglótico, coadjuvado pelas pregas
glossoepiglóticas, limita os movimentos laterais da epiglote.
DODDS, LONGEMANN & STEWART (1990) consideram que o
movimento normal da epiglote é o maior fator do fechamento do
vestíbulo laríngeo.
SPENCE (1991) diz que a entrada da traquéia é protegida
durante a deglutição pelo fechamento da glote e movimento da laringe
para cima. Nesta posição, o movimento do bolo para o esôfago coloca a
epiglote para trás, cobrindo a glote fechada.
A revisão da literatura mostra que os trabalhos que abordam a
dinâmica das estruturas hiolaríngeas envolvidas na deglutição não
consideram o ligamento hioepiglótico, apesar de por certo, este
ligamento poder interferir nesta dinâmica.
1 7
--------------MATERIAL E MÉTODOS
---------------------MATERIAL E MÉTODOS
O materia l deste estudo consta de 56 laringes humanas obtidas
de cadáveres adultos. Destas, 29 eram fixadas e 27 não fixadas.
As 29 laringes fixadas foram obtidas no Departamento de
Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro de cadáveres reduzidos.
Dessas laringes, 1 2 tinham características mascul inas e 1 7 características
femininas.
As 27 laringes não fixadas foram obtidas no Instituto Médico
Legal Afrânio Peixoto , no Rio de Janeiro e no Serviço de Anatomia
Patológica do Hospital Universitário Clementina Fraga Fi lho. Dessas laringes ,
1 7 pertenciam a cadáveres do sexo masculino e l O a do sexo feminino. As
idades variavam entre 22 e 72 anos.
Nenhuma das peças uti l izadas apresentou lesões , variações ou .
patologias evidentes nas regiões e estruturas observadas.
As peças fixadas destinaram-se à observação da morfologia do
l igamento hioepiglótico , de sua inserção no osso hióide e na epiglote, e
ainda de suas relações com as estruturas vizinhas.
O segundo grupo (27 peças não fixadas) nos permitiu
observação semelhante ao das peças fixadas. Desse grupo , 1 6 peças
foram estudadas microscopicamente.
1 9
Os cadáveres de ambos os grupos (fixados e não fixados)
forneceram blocos que foram retirados com técnica que permitiu
preservar a ITngua , osso hióide, laringe, fragmento traqueal e parte da
faringe com segmento esofágico. A retirada dos blocos foi feita de modo
a preservar as relações entre a ITngua , laringe e hióide sem levar em
consideração a musculatura extrínseca hiolaríngea.
As peças fixadas e não fixadas foram dissecadas de modo a
permitir a observação das relações , da estruturação e da inserção do
l igamento hioepiglótico no osso hióide e na carti lagem epiglótica . Para a
dissecção mais minuciosa do ligamento hioepiglótico , foi util izada uma
lupa cirúrgica D. F. Vasconcellos.
As 1 6 peças não fixadas utilizadas para o estudo microscópico
foram reduzidas após o estudo macroscópico para um conjunto contendo
o osso hióide, o l igamento hioepiglótico e a carti lagem epiglótica. Este
conjunto foi transferido para uma cuba de vidro contendo fixador (formal
a l 0%) por no mínimo 48 horas.
Após a fixação , o material foi descalcificado em so lução de
ácido nítrico a 7 ,5% até conseguirmos atravessar o osso faci lmente com
uma agulha . A média do tempo de descalcificação foi de 24 horas.
O material descalcificado foi lavado em água corrente por 30
minutos e seccionado sagitalmente.
Os fragmentos foram desidratados em soluções de
concentrações crescentes de etanol a 70% e 96% por 5 horas; etanol a
1 00% (absoluto) por 1 4 horas. Clarificados em dois banhos de xi lol
aproximadamente por l hora , até o material ficar transparente . A
impregnação das peças clarificadas se processou em parafina fundida a
20
aproximadamente 562C, no interior de uma estufa , por um período de 2
horas.
A superfície resultante do corte no plano sagital foi posicionada
para blocagem em parafina de modo a se tornar paralela ao plano de
microtomia.
Nos blocos assim obtidos, realizamos cortes na espessura de 6
micrômetros com o auxíl io do micrótomo 'SPENCER' da American Optical
Company, modelo 820. Os cortes foram depositados em lâminas,
desparafinados, hidratados e a seguir corados pela hematoxil ina-eosina e
por técnicas seletivas para evidênciar:
( l ) Fibras colágenas (Tricrômico de Gomori , Masson e Mal lory) .
(2) Fibras do sistema elástico (Método da Fucsina-Resorcina de Weigert e
orceína de Unna-Tónzer).
Todas as preparações obtidas com as técnicas acima foram
examinadas em microscópio óptico • SPENCER ' , da American Optical
Company, com aumentos variados.
2 1
PROTOCOLO DE PESQU ISA: o número do protocolo identificava a peça
anatômica com os dados obtidos da necropsia. Todos os dados obtidos
durante o trabalho eram anotados no mesmo protocolo , respeitando a
numeração inicial .
8 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
DEPARTAMENTO DE ANATOMIA
PROTOCOLO
PESQUISA: Revisão Anatômica para Definição do ligamento H ioepiglótico.
IDENTIFICAÇÃO:
N2 DA PEÇA: __ _ SEXO: __ _ IDADE: ___ _
CAUSA-MORTIS: _____________________ _
li - CARACTERIZAÇÃO DO LIGAMENTO:
FORMA: ________________________ _
FIXAÇÃO NA CARTILAGEM EPIGLÓTICA: ____________ _
FIXAÇÃO NO OSSO H IÓIDE:. _________________ _
DIREÇÃO: ______________________ _
CONSTITUIÇÃO HISTOLÓGICA: ________________ _
I l i - OBSERVAÇÕES: ___________________ _
22
_________________ RESULTADOS
_____________________ RESULTADOS
Encontramos o l igamento hioepiglótico em todas as peças
anal isadas através da dissecção.
Em l 00% das peças obseNadas macroscopicamente o
l igamento hioepiglótico estava fixado na porção inferior do terço médio
da face anterior da carti lagem epiglótica (fixação posterior) (Fig . l e 2).
Em todas as peças encontramos como fixação anterior uma
projeção l igamentar que se inseria posteriormente na borda superior do
corpo do osso hióide. Esta fixação l igamentar se projetava também para
a borda interna , em extensão variável , nos cornos maiores do osso hióide
(Fig . l e 2).
A estrutura l igamentar que une o osso hióide à cartilagem
epiglótica possui configuração laminar transversa , em forma de leque,
cujas fibras exibiram obliqüidade devido a inserção hióidea encontrar-se
antero-superiormente em relação a inserção epiglótica. O l igamento
hioepiglótico que apresenta cor amarelo pálido , nas peças não fixadas,
mostrou-se a ltamente resistente a dissecção em todo o nosso material (Fig.
l e 2).
Na obseNação do l igamento hioepiglótico através da lupa
cirúrgica , podemos ver que, entremeando o tecido fibroso l igamentar,
existem "tufos" de tecido adiposo .
24
Observamos que o ligamento hioepiglótico apresenta-se
espessado medianamente. Este espessamento diminui gradativamente
em suas laterais. A transiluminação destaca espessamento central de
forma triangular, das zonas laterais adelgaçadas.
As fibras do ligamento, condensadas a nível da inserção
epiglótica, espraiam-se em leque de modo gradativo, à medida que se
aproximam da ampla fixação no arco hioídeo (Fig. l ).
Acima do ligamento hioepiglótico , e aderido a ele, encontramos
um tecido conjuntivo lamelar com tendência vertical, revestido pela
mucosa que se projeta a partir da ITngua, formando a prega
glossoepiglótica mediana e criando depressões laterais (valécula
epiglótica). Como observação complementar, pudemos constatar,
lateralmente às valéculas, a presença de pregas laterais (pregas
glossoepiglóticas laterais) nas peças reduzidas não formalizadas. Este
pregueamento não foi observado nas laringes in situ.
Abaixo, e aderido ao ligamento hioepiglótico, encontramos um
septo conjuntivo vertical mediano dividindo o espaço que tem este
ligamento como seu teto (espaço pré-epiglótico). A cada lado deste
septo, encontramos uma massa de tecido adiposo areolar.
Microscopicamente, o ligamento hioepiglótico se mostrou
constituído por feixes de fibras colágenas e elásticas (evidênciadas pelas
técnicas de coloração empregadas). Constatamos um predomínio das
fibras colágenas sobre as elásticas (Fig. 3, 4, 5, 6, e 7).
Observamos que as fibras colágenas e elásticas não se
distribuem uniformemente em toda a extensão do ligamento. Existe uma
maior condensação de fibras colágenas próximo ao osso hióide e ,
25
próximo a epiglote , observa-se uma maior condensação das fibras
elásticas (Fig. 3,4 ,5 ,6 e 7).
Entre os feixes de fibras colágenas e elásticas, observamos "tufos"
de tecido adiposo.
As fibras do ligamento hioepiglótico, atingem a borda póstero
superior do corpo do osso hióide e distribuem-se envolvendo o corpo
ósseo juntamente com o tecido colágeno do periósteo (Fig. 3 e 4).
A inserção epiglótica se faz com as fibras ligamentares
penetrando a lâmina cartilagíneo , deixando que se veja entre os feixes de
inserção ilhas cartilagíneas (Fig. 5 e 7).
Na inserção hioídea do ligamento hioepiglótico, encontramos
um conjunto de fibras isoladas que se fusionaram caudalmente a ele. Tais
fibras pertencem ao ligamento tiro-hioídeo.
Como observação complementar, pudemos registrar nos cortes
que incluiam um tecido conjuntivo supraligamentar a presença de fibras
musculares.
26
__________ DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Fig. 1 - Vista superior do ligamento hioepiglótico (*) ,
mostrando sua fixação (setas) no osso hióide (H)
e sua fixação (setas) na face anterior da
cartilagem epiglótica (E).
Fig.2- Secção sagital englobando a língua e a laringe ,
com vista da superfície interna da metade direita .
Ligamento hioepiglótico (setas) .
Osso Hióide (H).
Cartilagem epiglótica (E).
Espaço pré-epiglótico (P) .
/')íl
Fig.3- Fotografia de um corte histológico sagital,
mostrando o ligamento hioepiglótico(*),
o osso hióide (H) e a cartilagem epiglótica (E).
Coloração: Tricrômico de Masson.
Aumento final: 4x
30
Fig.4- Fotomicrografia do ligamento hioepiglótico ( *)
inserindo-se no osso hióide (H) , em corte saç ital .
Coloração: Tricrômico de Gomori .
Escala:
200 µ m
3 1
Fig.5- Fotomicrografia do l igamento hioepiglótico (*),
inserindo-se na cartilagem epiglótica (E) ,
em corte sagital .
Observa-se os feixes de inserção do l ig( ]menta
hioepiglótico (setas) e as ilhas carti lagín 3as da
lâmina epiglótica (E) .
Coloração: Tricrômico de Masson.
Escala:
200µ m
32
Fig.6- Fotomicrografia do l igamento hioepiglótico (*)
inserindo-se no osso hióide (H), em corte sagital .
Coloração: Orceína de Unna Tõnzer.
Escala: 200µm
,)
)
.)
Fig.7- Fotomicrografia do l igamento hioepiglótico (*) ,
inserindo-se nàs ilhas cartilagíneas da lâmina
epiglótica (e) , em corte sagital .
Coloração: Orceína de Unna-Tõnzer.
Escala:
200µ m
-----------DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS -----------------
DEBIERRE ( 1 890), CUNNINGHAM, BRASH & JAMIESON (1 949),
FALCONE ( 1 950), PATURET (1 958), GRANT ( 1 958) e MOORE ( 1 990), quando
tratam da inserção posterior do ligamento hioepiglótico, apontam a face
anterior da epiglote, como local de fixação, sem referência ao nível e ao
modo que esta fixação se faz. Considerando a cartilagem epiglótica
dividida em terços, vimos que o ligamento hioepiglótico se fixa na porção
inferior do terço médio da face anterior da epiglote e que esta fixação se
faz com as fibras ligamentares penetrando a lâmina cartilagíneo,
deixando que se veja entre os feixes de inserção ilhas cartilagíneas.
POIRIER & CHARPY (1 903), BRUNI ( 1 948), CHIARUGI & LEVI ( 1 954),
PALUMBI ( 1 955) e SPALTEHOLZ ( 1 975) dizem que o ligamento hioepiglótico
se fixa na borda póstero-superior do corpo e na borda medial da
extremidade proximal dos cornos maiores do osso hióide. GOBRECHT
( 1 859), PATURET ( 1 958), TOBIAS & ARNOLD ( 1 963), GRAY ( 1 966) e KAMINA
( 1 983) descrevem somente a borda superior do corpo do osso como
ponto de inserção das fibras do ligamentares. Autores como WARWICK
( 1 968), LESSON & LESSON (1 972) e HOLLINSHEAD & ROSSE ( 1 99 1 )
consideram toda a face posterior do osso hióide como local de fixação
do ligamento.
Nossas obseNações, no que diz respeito à fixação do ligamento
hioepiglótico, mostram que esta se faz na borda póstero-superior do corpo
e na borda interna da extremidade proximal dos cornos maiores do osso
36
hióide , o que está em conformidade com POIRIER & CHARPY ( 1 903) ,
BRUN I ( 1 948) , CHIARUGI & LEVI ( 1 954) , PALUMBI ( 1 955) e SPALTEHOLZ ( 1 975).
O l igamento hioepiglótico apresenta direção obITqua. Suas fibras
partem da carti lagem epiglótica , tomam uma direção ascendente , indo
se inserir no osso hióide. BRUN I ( 1 948), PALUMBI ( 1 955) e TESTUT & JACOB
( 1 975) referem-se a este l igamento como uma disposição horizontal ,
enquanto POIRIER & CHARPY ( 1 903) , CHIARUGI & LEVI ( 1 954) , PATURET
( 1 958) e ARNOLD ( 1 968) descrevem-no como de direção "quase
horizontal " , admtindo certa obl iqüidade. COSTA ( 1 987) considerou o
l igamento com direção horizontal em relação ao longo eixo da epiglote .
CRUVEILH IER ( 1 843), DEBIRRE ( 1 890), POIRIER & CHARPY ( 1 903) ,
CHIARUGI & LEVI ( 1 954) descreveram uma prega glossoepiglótica
mediana que l igava a epiglote à base da ITngua e, logo abaixo desta
prega mucosa , um ligamento de sentido vertica l , o l igamento
glossoepiglótico mediano , que estaria aderido ao l igamento hioepiglótico.
Após a retirada da túnica mucosa da prega glossoepiglótica mediana
que une a face anterior da epiglote à raíz da ITngua , encontramos um
tecido conjuntivo lamelar vertical , aderido à superfície superior do
l igamento hioepiglótico, que não apresenta características l igamentares.
PRATES & BOTELHO ( 1 968) e LUND ( 1 990) contestam a existência
das pregas glossoepiglóticas laterais. HOFFMANN ( 1 870) e CH IARUGI & LEVI
( 1 954) admitem a existência destas pregas, o que na rea l idade se
configura no conceito clássico. Nossos resultados estão de acordo com
PRATES & BOTELHO ( 1 968) e LUND ( 1 990).
GUERRIER & ANDREA ( 1 973) admitiram que o espaço pré
epiglótico existente logo abaixo do ligamento hioepiglótico apresenta-se
37
dividido por um ·septo vertical pré-epiglótico' que separa o espaço em
duas cavidades. TESTUT & LATARJET ( 1 95 1 ) e TESTUT & JACOB ( 1 975)
referem-se ao espaço pré-epiglótico como sendo dividido em duas
cavidades preenchidas por tecido adiposo . Identificamos , aderido
medianamente e abaixo do ligamento hioepiglótico , um septo conjuntivo
sagital ladeado por tecido adiposo que se projeta caudalmente neste
espaço.
GUERRIER & ANDREA ( 1 973) observaram fibras musculares sobre a
superfície superior do ligamento hioepiglótico . Nossas observações nos
fazem acreditar que estas fibras pertecem ao músculo genioglosso que se
relaciona com esta superfície l igamentar.
O l igamento hioepiglótico é considerado pouco resistente por
BRUN I ( 1 948) , que o descreve como uma fraca lâmina . PATURET ( � 958)
refere-se a este l igamento como membrana pouco espessa e
descontínua , e LOCKHART, HAMILTON & FYFE ( 1 983) , como l igamento
fraco e infiltrado de gordura . GUERRIER & ANDREA ( 1 973) e COSTA ( 1 987)
admitem que o l igamento hioepiglótico possui grande resistência .
O l igamento hioepiglótico, de acordo com nossas observações,
apresenta configuração laminar, com significativa espessura e resistência .
Para sua cor amarelada contribui o tecido gorduroso misturado às suas
fibras. Acreditamos que devido à sua resistência , o l igamento hioepiglótico
seja capaz de dificultar a expansão de tumores nesta região; como
relatam GUERRIER & ANDREA ( 1 973) e GREGOR ( 1 990).
A configuração laminar por nós observada está também referida
nos trabalhos de BRUN I ( 1 948) , CUNN INGHAM , BRASH & JAMIESON ( 1 949) e
CHIARUGI ( 1 954).
38
Acreditamos que , devido a sua configuração laminar, sua ampla
inserção no arco hióideo e por apresentar um espessamento mediano e
uma menor densidade lateral , o l igamento hioepig lótico devesse ser
considerado como parte de uma membrana hioepiglótica . O
espessamento mediano apresentado por esta membrana seria o
l igamento hioepiglótico.
GOBRECHT ( 1 859) , HOFFMANN ( 1 870) , VALENTI ( 1 9 1 3) , BRUN I
( 1 948) , CHIARUGI & LEVI ( 1 954) , BRUCE, WALMSLEY & ROSS( l 964) , GRAY
( 1 966) , ARNOLD ( 1 968) , MEZZOGIORNO ( 1 979) , WARWICK & WILLIANS ( 1 979)
descrevem o l igamento hioepiglótico como sendo de constituição
elástica como todos os outros l igamentos da laringe. DEB IERRE ( 1 890) ,
PATURET ( 1 958) , EKEBERG ( 1 982) afirmam que a constituição do l igamento
hioepiglótico é fibroelástica. ELLIS & FORD ( 1 882), FALCONE ( 1 950) , GRANT
( 1 958) , KAM INA ( 1 983) e STERN ( 1 988) dizem ser o l igamento hioepiglótico
uma condensação de tecido fibroso. LAM & WONG ( 1 983) o descrevem
com os componentes colágeno e elástico . COSTA ( 1 987) diz que ele é
predominantemente colágeno , com maior densidade próximo ao hióide
e menor densidade próximo à carti lagem epiglótica .
ObseNamos ao microscópio óptico que o l igamento
hioepiglótico é constitui do por fibras colágenas e elásticas , com um
predomínio colágeno. Constatamos também que as fibras elásticas estão
mais agrupadas próximo ã carti lagem epiglótica e as fibras colágenas
próximo ao osso hióide.
Existem estruturas que participam dos mecanismos capazes de
inteNir na proteção da via respiratória durante a deglutição. O osso
hióide, a epiglote e o ligamento hioepiglótico participam deste
mecanismo. A elevação e anteriorização da laringe durante a deglutição
39
é mecanismo de proteção das vias aéreas aceito por JOHNSTONE (1942) ,
BYKOV (1953) , BOSMA (1957) , HIGHTOWER (1958) , LLORCA (1967) , ARDRAN
& KEMP (1967) , SCWARTZ & STORER (1969) , HENDRIX (1978) , WARWICK &
WILLIANS ( 1 979) , FLORES, WOOD,LEVINE, KOEGEL & TUCKER (1982) , HUG
(1984) , CAMARCK ( 1 987) e SPENCE (1991).
CRAFTS ( 1966) afirma que o ligamento hioepiglótico é uma
estrutura importante para o movimento da epiglote na deglutição. Diz que
a epiglote não age como uma dobradiça de porta na entrada da laringe,
pois o ligamento hioepiglótico tornaria este movimento difícil de ser
executado.
COSTA (1987) diz que a epiglote é arrastada pelo robusto
ligamento hioepiglótico através da ação da potente musculatura que se
insere no hióide. Admite também que o ligamento hioepiglótico, participa
limitando os movimentos laterais da epiglote.
O osso hióide eleva-se e anterioriza-se e, através do ligamento
hioepiglótico, traciona a epiglote e a projeta, pelo menos inicialmente,
em sentido anterior. Isto, de certo modo, contradiz a crença de que a
epiglote eleva-se e atua como uma tampa no fechamento do ádito
laríngeo no momento da deglutição, conforme defendido por SAPPEY
( 1 889) , JACOB, FRANCONE & LOSSOW (1980) , BASMAJIAN (1982) , SNELL
(1984) e WOODBURNE( l 984).
Nossos resultados quanto à forma de implantação desse
ligamento no osso hióide e na epiglote nos permitem , também, admitir
que a dinâmica hioídea deva interferir através do ligamento hioepiglótico
nos movimentos da epiglote. Do mesmo modo, esta análise nos permite
40
concordar com a idéia de que este l igamento possa , juntamente com as
expansões mucosas, l imitar os movimentos laterais da epiglote .
A dinâmica laríngea é obviamente importante fator de uma
adequada fisiologia na interação digestivo-respiratória . A dinâmica
hióidea , determinada pela potente musculatura a ele l igada , é a base
motriz dos deslocamentos laríngeos. Estes deslocamentos são
dependentes da interação morfológica hiolaríngea. A importância do
l igamento é ser uma das mais potentes estruturas na determinação dessa
interação , especialmente no que tange aos movimentos da epiglote.
4 1
-------------CONCLUSÕES
-------------------------CONCLUSÕES
1 - Unindo o osso hióide à cartilagem epiglótica , há um forte
l igamento laminar e transverso , em forma de leque, cuja fixação mais
larga é a hioídea. Este l igamento é constituído por fibras colágenas e
elásticas , com predomínio colágeno. As fibras colágenas possuem maior
condensação próximo ao osso hióide, enquanto que as fibras elásticas
possuem maior condensação próximo à cartilagem epiglótica .
2- A inserção do l igamento hioepiglótico no osso hióde é feita na
borda póstero-superior do corpo e na borda interna da extremidade
proximal dos cornos maiores do osso hióde. Suas fibras distribuem-se
envolvendo o corpo ósseo juntamente com o tecido colágeno do
periósteo .
3- A inserção do ligamento hioepiglótico na epiglote é feita na
porção inferior do terço médio da face anterior da carti lagem epiglótica .
Suas fibras l igamentares penetram a lâmina carti lagíneo , deixando que se
veja , entre os feixes de inserção , i lhas cartilagíneas.
4- Parece-nos ITcito supor que o l igamento hioepiglótico interfere
na dinâmica laríngea , elevando e anteriorizando a epiglote , bem como
participa da elevação laríngea como um todo.
43
-----------REFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS
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