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Revisão Sistemática sobre o perl de competências do gestor desportivo Bárbara Andreia Joaquim * Paula Maria Batista ** Maria José Carvalho *** Resumo: Este é um estudo de revisão sistemática da literatura relativa às competências e funções do gestor desportivo. Efe- tuou-se a pesquisa em bases de dados electrónicas no período de 1980-2009, e em dissertações de mestrado e doutoramento de Universidades Públicas Portuguesas. As palavras-chave utilizadas foram: “sport manager”, “sport directors”, “sport manager and organization”, “competency and sport manager”, “sport director and organizational”, “responsibilities and sport managers”. Resultaram 30 estudos, 15 artigos peer review e 15 dissertações. As competências e as funções mais valorizadas foram: planeamento, gestão de recursos, liderança, marketing, controlo e coordenação de equipas, sendo o planeamento transversal aos diversos estudos. Palavras-chave: Gerência. Esportes: organização e adminis- tração. Literatura de Revisão como Assunto 1 I NTRODUÇÃO A constante evolução que ocorre no sector desportivo e o interesse crescente pelo e no desporto dos vários consumidores e prossionais desportivos, incrementou a investigação e o debate em torno do fenómeno desportivo. A área da gestão do desporto, designadamente as competências e funções dos prossionais que promovem e organizam os mais diversicados contextos do desporto, também não escapou a este investimento de pesquisa. * Prof.ª de Educação Física Mestra em Gestão Desportiva. Gabinete de Gestão Desportiva da Fa- culdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, Portugal. E-mail: [email protected]. ** Professora Auxiliar. Doutora em Ciências do Desporto. Gabinete de Pedagogia do Desporto. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, Portugal. Membro associado do CIFI2D. E-mail: [email protected] *** Professora Auxiliar. Doutora Ciências do Desporto. Gabinete de Gestão Desportiva. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, Portugal. Membro efectivo do CIFI2D. E-mail: [email protected]

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Revisão Sistemática sobre o perÞ l de competências do gestor desportivo

Bárbara Andreia Joaquim*

Paula Maria Batista **

Maria José Carvalho ***

Resumo: Este é um estudo de revisão sistemática da literatura relativa às competências e funções do gestor desportivo. Efe-tuou-se a pesquisa em bases de dados electrónicas no período de 1980-2009, e em dissertações de mestrado e doutoramento de Universidades Públicas Portuguesas. As palavras-chave utilizadas foram: “sport manager”, “sport directors”, “sport manager and organization”, “competency and sport manager”, “sport director and organizational”, “responsibilities and sport managers”. Resultaram 30 estudos, 15 artigos peer review e 15 dissertações. As competências e as funções mais valorizadas foram: planeamento, gestão de recursos, liderança, marketing, controlo e coordenação de equipas, sendo o planeamento transversal aos diversos estudos.Palavras-chave: Gerência. Esportes: organização e adminis-tração. Literatura de Revisão como Assunto

1 INTRODUÇÃO

A constante evolução que ocorre no sector desportivo e o interesse crescente pelo e no desporto dos vários consumidores e proÞ ssionais desportivos, incrementou a investigação e o debate em torno do fenómeno desportivo. A área da gestão do desporto, designadamente as competências e funções dos proÞ ssionais que promovem e organizam os mais diversiÞ cados contextos do desporto, também não escapou a este investimento de pesquisa.

* Prof.ª de Educação Física Mestra em Gestão Desportiva. Gabinete de Gestão Desportiva da Fa-culdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, Portugal. E-mail: [email protected].** Professora Auxiliar. Doutora em Ciências do Desporto. Gabinete de Pedagogia do Desporto. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, Portugal. Membro associado do CIFI2D. E-mail: [email protected]*** Professora Auxiliar. Doutora Ciências do Desporto. Gabinete de Gestão Desportiva. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, Portugal. Membro efectivo do CIFI2D. E-mail: [email protected]

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É inquestionável que os proÞ ssionais que laboram no domínio da gestão desportiva têm de se preocupar com a organização e a coordenação de um conjunto de atividades, que se prendem com diferentes âmbitos intervenção, desde a gestão de instalações, à organização de eventos, à gestão de recursos humanos, às relações públicas e laborais, à legislação desportiva, até à execução de tarefas Þ nanceiras (CHELLADURAI, 1995). Assim, os gestores desportivos, atendendo à dimensão e âmbito da respectiva atividade, assim como a tipologia da instituição, assumem diferentes funções, posições e níveis hierárquicos dentro de uma determinada organização.

O exercício de funções no domínio da gestão desportiva tem sido protagonizado por proÞ ssionais cuja designação tem sido diferenciada, nomeadamente diretor técnico, administrador, técnico e dirigente desportivo, não obstante as atividades desempenhadas serem similares.

Em Portugal, os estudos desenvolvidos acerca do gestor despor-tivo têm incidido essencialmente na identiÞ cação do que o gestor deve fazer (COSTA, 2002; DUARTE, 2004), descurando, de certo modo, as competências e funções que estes proÞ ssionais desempenham nas organizações desportivas.

Deste modo, e atendendo à modernização das sociedades, à exis-tência e sucessiva criação de múltiplas organizações desportivas, à diversidade de designações e funções desempenhadas pelos gestores desportivos, bem como a insuÞ ciente clariÞ cação das competências requeridas ao exercício da função, assume-se como relevante inves-tigar o perÞ l de competências e funções atribuídas pela literatura.

Assim sendo, trata-se de um estudo de revisão sistemática cujo propósito é aprofundar os conhecimentos acerca das funções e competências dos gestores desportivos, tanto a nível nacional como internacional. A pesquisa está estruturada em dois pontos temáticos, designadamente, (1) estudos empíricos internacionais e produção académica em Portugal acerca das competências e funções dos gestores desportivos; (2) competências e funções dos gestores despor-tivos nas variantes terminológicas de administradores, diretores e dirigentes desportivos igualmente a nível internacional e em Portugal.

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2 METODOLOGIA

Pelas características da revisão sistemática a operacionalização do estudo é de natureza qualitativa. Os estudos foram recolhidos de duas fontes diferenciadas: bases de dados eletrónicas (EBSCO,

Business Source Complete e Digital Dissertations & Theses), e dis-sertações de mestrado e doutoramento. As palavras-chave utilizadas nas pesquisas foram: “sport manager”, “sport directors”, “sport manager and organization”, “competency and sport manager”, “sport director and organizational”, “responsibilities and sport managers”.

Inicialmente, todos os estudos que apresentavam no título uma das palavras-chave foram selecionados para leitura. Contudo, das 65 produções cientíÞ cas listadas, somente 30 atendiam aos critérios de inclusão: estudos empíricos sobre o perÞ l de competências e funções dos gestores desportivos realizados internacionalmente e em Portu-gal, quer fossem dissertações académicas quer fossem artigos peer

review. Os critérios de exclusão foram: artigos de revisão e artigos de opinião de especialistas. Os estudos cientíÞ cos selecionados para esta revisão compreendem o período de 1980 a 2009.

As dissertações académicas internacionais de mestrado e de doutoramento foram consultadas na base de dados Digital Dis-

sertations & Theses, e as dissertações académicas portuguesas foram consultadas em três instituições de ensino superior público, a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa e a Uni-versidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Os artigos peer review foram consultados nas restantes bases de dados supracitadas.

As 30 produções cientíÞ cas selecionadas compreendem 24 estudos internacionais, 15 artigos de revistas peer review, 9 disser-tações académicas (Quadro 1) e 6 publicações portuguesas, corres-pondendo a dissertações académicas (Quadro 2).

Na análise da informação utilizaram-se procedimentos de análise de conteúdo, sendo que as categorias foram estabelecidas a priori: temática, contextos proÞ ssionais, instrumentos (coleta

de dados), amostra e principais resultados. Complementarmente

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procedeu-se ainda a uma sistematização do local (país) em que os es-tudos foram efectuados, bem como a uma panorâmica das temáticas em termos cronológicos. A categorização foi efectuada com recurso ao software de análise qualitativa, o NVivo 7.

2.1 COMPETÊNCIAS E FUNÇÕES DE GESTORES DESPORTIVOS

Apresenta-se de seguida uma sinopse dos estudos empíricos internacionais respeitantes às competências e funções dos gestores desportivos e ulteriormente os estudos efetuados em Portugal sobre a mesma temática.

2.1.1. PANORÂMICA DOS ESTUDOS EMPÍRICOS INTERNACIONAIS

A nível internacional, as investigações reportam-se a diferentes proÞ ssionais com funções na área de gestão do desporto, designada-mente, gestores, diretores, e administradores desportivos, sendo que os contextos proÞ ssionais sobre os quais incidiram as pesquisas também são distintos, conforme ilustra a evolução cronológica apresentada no Quadro 1.

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Bárbara Andreia Joaquim et al.Ensaios262

, Porto Alegre, v. 17, n. 01, p. 255-279, janeiro/março de 2011.

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Revisão Sistemática sobre o perÞ l de competências do gestor desportivo 263

, Porto Alegre, v. 17, n. 01, p. 255-279, janeiro/março de 2011.

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Bárbara Andreia Joaquim et al.Ensaios264

, Porto Alegre, v. 17, n. 01, p. 255-279, janeiro/março de 2011.

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Revisão Sistemática sobre o perÞ l de competências do gestor desportivo 265

, Porto Alegre, v. 17, n. 01, p. 255-279, janeiro/março de 2011.

Como se pode constatar no Quadro 1, os estudos internacionais ocorreram em diferentes contextos proÞ ssionais da gestão despor-tiva, designadamente, ao nível educativo (colégios e universidades), militar, municipal, comercial (empresas comerciais recreacionais) e associativo (clubes e federações desportivas).

O instrumento de investigação utilizado na generalidade destes estudos foi o questionário. As amostras utilizadas nas investigações internacionais evidenciam características diversas, tanto no número como na tipologia de proÞ ssionais de gestão de desporto estudados. A maioria dos estudos possui uma amostra homogénea materializada em gestores desportivos (JAMIESON, 1987; LAMBRECHT, 1987; REGIER, 1988; LAMBRECHT, 1991; CUSKELLY; AULD, 1991; CHENG, 1993; CAR-ROLL, 1994; KIM, 1997; BARCELONA, 2001; HORCH; SCHUTTE, 2003; BARCELONA; ROSS, 2004; BASTOS, 2006; PASCUAL; ROMO; GARCIA; JIMENEZ, 2006), em diretores desportivos (OLAFSON; HASTINGS, 1988; BRANCH, 1990; JUDD, 1990; DANYLCHUCK; CHELLADURAI, 1999; WHITE, 2004), e administradores desportivos (FARMER, 1989). Contudo, exis-tem também estudos com amostras heterogéneas, designadamente os trabalhos de HatÞ eld, Wrenn e Bretting (1987) e de Chen (2004), que integram simultaneamente diretores e gestores desportivos. No que concerne à dimensão da amostra, o estudo académico de Kim (1997) é aquele que apresenta a amostra mais numerosa (1002 gestores desportivos), seguindo-se a investigação de Izquierdo, Castilho, Sancho e Abella (2007), com uma amostra de 600 proÞ ssionais. Em contrapartida, a amostra mais reduzida compreende somente 7 gestores desportivos de clubes (BASTOS, 2006).

Destaque-se, a exceção do continente africano e a supremacia de investigações na América do Norte, designadamente no Canadá e nos E.U.A., justiÞ cando-se esta última pelo interesse demonstrado na gestão dos negócios no âmbito do desporto, essencialmente ao nível das ligas proÞ ssionais, e do sistema de competição inter-colégios e universidades.

Ao analisar-se a evolução cronológica dos estudos, constata-se um interesse pela temática nas últimas três décadas, mas com um ligeiro incremento na década de 90.

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Bárbara Andreia Joaquim et al.Ensaios266

, Porto Alegre, v. 17, n. 01, p. 255-279, janeiro/março de 2011.

Os primeiros estudos detectados nas bases de dados referen-ciadas, reportam-se à década de 80, sendo que Ellard (1984) realça no seu estudo as competências de gestão de recursos materiais e humanos, assim como os processos comerciais como necessários à gestão de empresas comerciais. Desta forma o autor advoga que a gestão e a rentabilização dos recursos que têm à disposição é indispensável para a eÞ ciência e eÞ cácia da organização de modo a alcançar os respectivos objectivos.

Ulteriormente, HatÞ eld, Wrenn e Breting (1987), evidenciaram o gestor desportivo como um “pivot”, ou seja, como um elemento de ligação e de interface que se encontra em constante relação com pessoas na sua organização (superiores hierárquicos, subordinados, treinadores e jogadores) e exteriores a esta. Daí que as relações de trabalho, nomeadamente interagir com jogadores, avaliar os recursos humanos e negociar contratos, surgem como competências fulcrais para um gestor desportivo envolvido na gestão do desporto, neste caso em colégios americanos.

Os estudos sucederam-se especiÞ cando contextos particulares onde os gestores desportivos exerciam as suas funções e para as quais eram requeridas competências especíÞ cas consoante o âmbito proÞ ssional onde atuavam. Neste sentido, Jamieson (1987) procurou apurar que competências diferenciavam os gestores desportivos em diferentes contextos, nomeadamente no educativo, no municipal e no militar, tendo encontrado um perÞ l de competências semelhante independentemente do contexto em causa. Em contraponto, quando comparadas as competências mais valorizadas pelos gestores de associações regionais e locais e os das organizações comerciais (CUSKELLY; AULD, 1991), foram mais valorizadas pelos primeiros as competências Þ nanceiras e legais, e pelos segundos as competências relacionadas com o exercício e com a saúde. Já Chen (2004) eviden-ciou que os gestores de nível médio e superior de agências públicas, os secretários das associações desportivas e os diretores das faculdades e universidades consideraram a competência “gerir” como uma das mais importantes. Tendo sido a elaboração de orçamentos e a comu-nicação as competências mais valorizadas pelos dirigentes de clubes.

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Revisão Sistemática sobre o perÞ l de competências do gestor desportivo 267

, Porto Alegre, v. 17, n. 01, p. 255-279, janeiro/março de 2011.

A gestão em contexto associativo, com especial enfoque nos clubes desportivos, foi objecto de abordagem por Lambrecht (1987 e 1991), Horch e Schutte (2003) e Chen (2004). O controlo da organização, as técnicas de comunicação e desportivas, a publicidade, o Þ nanciamento, a sensibilização do público (relações públicas), o patrocínio, a gestão de eventos, a elaboração de orçamentos, de contabilidade, e o marketing são as competências mais valorizadas. Lambrecht (1991) refere ainda que as competências de gestão variam em complexidade, sendo esta proporcional à dimensão dos clubes.

Focando, de seguida, a atenção em competências que emergi-ram e se tornaram constantes nos diversos estudos analisados, é de mencionar as competências relacionadas com as técnicas de market-ing, como está patente nas pesquisas de HatÞ eld, Wrenn e Bretting (1987), Lambrecht (1991) e Cuskelly e Auld (1991). Com o aumento da concorrência (inovação ao nível dos serviços e produtos) o mar-keting assumiu-se como uma função fulcral a desempenhar pelos gestores desportivos de modo a atender às necessidades e desejos da população e assim captá-la e Þ delizá-la para a prática de desporto.

Constatou-se, igualmente, que possuir conhecimento especiali-zado (da natureza do desporto e de algumas áreas intrínsecas a este fenómeno) é uma competência que emerge a partir da década de 90 (CHENG, 1993; CARROLL, 1994; KIM, 1997; BARCELONA, 2001; BARCE-LONA; ROSS, 2004). O mesmo se passou com a capacidade de comunicar com diferentes populações-alvo e em distintos contextos, considerada imprescindível para manter a harmonia e o entendimento no seio de uma organização, como é evidenciado nos estudos de Jamieson (1987), Lambrecht (1987), Regier (1988), Farmer (1989), Cuskelly (1991), Cheng (1993), Tsai (1995), Kim (1997), Chen (2004) e White (2004).

Ulteriormente, as pesquisas centradas no comportamento do gestor desportivo relevaram a liderança, a motivação e a ética como competências nucleares para o desempenho das suas funções em dis-tintas equipas de trabalho (OLAFSON; HASTINGS,1988; BRANCH, 1990; KJELDSEN, 1992; TSAI, 1995; E DANYLCHUCK; CHELLADURAI,1999).

Estudos mais recentes (CHEN, 2004; BASTOS, 2006; PASCUAL, ROMO, GARCIA; JIMENEZ, 2006; IZQUIERDO; CASTILLO; SANCHO; ABELLA,

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Bárbara Andreia Joaquim et al.Ensaios268

, Porto Alegre, v. 17, n. 01, p. 255-279, janeiro/março de 2011.

2007) revelam que as competências mais valorizadas pelos gestores desportivos a capacidade de trabalhar em equipa e de antecipação dos problemas, a perseverança, a capacidade de negociação e a capacidade de gerir instalações e eventos desportivos.

Em suma, os contextos proÞ ssionais, as especialidades, os âmbitos e níveis de intervenção dos gestores desportivos devem ser equacionados aquando da identiÞ cação do perÞ l de competências que lhes está adstrito. Acresce que, distintas políticas, propósitos e objectivos das organizações, departamentos, secções e níveis hierárquicos reclamam competências específicas, assim como importância e valorização diferenciada. Constatou-se que as com-petências básicas, designadamente, o planeamento, a organização, a execução, o controlo, a comunicação e a tomada de decisão são comuns e inerentes aos proÞ ssionais de gestão desportiva.

2.1.2. PRODUÇÃO ACADÉMICA EM PORTUGAL

A produção académica em Portugal tem tido o seu foco em torno de diferentes proÞ ssionais com funções na área de gestão do desporto. Constata-se que tais proÞ ssionais são designados de forma diferenciada, nomeadamente, gestores, diretores técnicos e dirigentes desportivos, aos quais correspondem contextos proÞ s-sionais distintos, como se pode observar no Quadro 2.

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Revisão Sistemática sobre o perÞ l de competências do gestor desportivo 269

, Porto Alegre, v. 17, n. 01, p. 255-279, janeiro/março de 2011.

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A leitura do Quadro 2 coloca em evidência que as investigações portuguesas acerca da temática em causa datam do Þ nal da década de 90, com incremento a partir do século XXI. Estas ocorreram em diferentes contextos proÞ ssionais da gestão desportiva, designada-mente, autarquias locais, clubes e federações desportivas, sendo que o instrumento de recolha de dados foi o questionário, exceptuando uma das pesquisas que complementou com entrevistas exploratórias (MAÇAS, 2006).

A pluralidade de amostras utilizadas evidencia o vasto leque de proÞ ssionais que operam no âmbito da gestão do desporto. Os estu-dos utilizaram amostras homogéneas, designadamente de gestores desportivos (VAZ, 2001; COSTA, 2002; NUNES 2004) e diretores/diri-gentes desportivos (MARCELINO, 1997; DUARTE, 2004; MAÇÃS, 2006). O estudo que utilizou a amostra mais numerosa foi o de Costa (2002) no total de 174 gestores desportivos (71 com funções de cheÞ a e 103 sem funções de cheÞ a), enquanto que a amostra mais reduzida incorporou 19 gestores desportivos (VAZ, 2001).

As primeiras investigações portuguesas acerca do perÞ l de competências do gestor desportivo datam da década de 90, seguindo-se um ligeiro incremento a partir do século XXI.

No que concerne à caracterização do perÞ l de competências do gestor desportivo, numa primeira fase, o planeamento foi a dimensão mais relevante (MARCELINO, 1997). Contudo, estudos mais recentes relevam outras valências tais como, organizar, comunicar, liderar, decidir e controlar que reclamam, fundamentalmente, a integração de quatro tipos de recursos: humanos, Þ nanceiros, físicos e informa-tivos, (DUARTE, 2004, MAÇAS, 2006; VAZ, 2001).

IdentiÞ cando o contexto especíÞ co do gestor desportivo a exercer atividade em municípios, os resultados encontrados evi-denciaram destrinça entre os gestores municipais com funções de cheÞ a e de não cheÞ a (COSTA, 2002). Nos primeiros destacam-se as atividades de concepção e de controlo (planeamento de novas ações e projetos, criação de novos modelos de intervenção e deÞ nição de linhas orientadoras das políticas de desenvolvimento desportivo da autarquia) e nos segundos relevam as funções de comunicação

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e concepção. Ainda no que se refere ao desempenho dos gestores desportivos municipais com a especiÞ cidade de intervenção na construção dos espaços e infraestruturas desportivos outras funções são destacadas: gerir recursos humanos e atividades e desenvolver técnicas de marketing (NUNES, 2004).

Em consonância com Pires (1998), parece assim evidente que as competências necessárias a um bom desempenho do gestor mu-nicipal são de carácter diversiÞ cado porquanto englobam aspectos estratégicos, conceptuais, técnicos e interpessoais. As aptidões estratégicas baseiam-se na capacidade do gestor para deÞ nir uma linha de ação e alcançar os objectivos deÞ nidos pela organização, atendendo à respectiva missão e vocação. As aptidões conceptuais remetem para a capacidade do gestor entender a organização como um todo e a contribuição de cada uma das partes nos resultados globais. As aptidões técnicas consistem no modo como o gestor domina o conhecimento, metodologias e instrumentos especíÞ cos do seu trabalho. Por último, e não menos importante, as aptidões inter-pessoais correspondem a capacidade de comunicar e de se relacionar com as pessoas da organização, com o intuito de as compreender, motivar e dirigir para os objectivos Þ nais.

2.1.3 OS GESTORES DESPORTIVOS NAS VARIANTES TERMINOLÓGICAS DE DIRETORES, ADMINISTRADORES E DIRIGENTES DESPORTIVOS: COMPETÊNCIAS E FUNÇÕES

A análise efectuada até ao momento das investigações nacionais e internacionais demonstra que, não obstante a similaridade das funções desenvolvidas por proÞ ssionais que laboram no âmbito da gestão desportiva, as terminologias utilizadas para os designar varia entre gestores, diretores, administradores e dirigentes desportivos. Parece-nos que tal explicação se pode fundar no facto da área proÞ ssional da gestão desportiva ser recente e estar em franca expansão, não existindo ainda uma delimitação clara e conceptual da designação do respectivo proÞ ssional e do seu âmbito de intervenção (COSTA; CLAUDINO, 1995).

Inseridos nesta disparidade terminológica, invocando o perÞ l de competências funcionais de diretores, administradores e dirigentes

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desportivos podem ser mencionados os estudos de HatÞ eld, Wrenn e Bretting (1987); Olafson e Hastings (1988); Branch (1990); Judd (1990); Marcelino (1997); Danylchuck e Chelladurai (1999); White (2004); Duarte (2004) e Maçãs (2006).

As competências ao nível do marketing, da gestão Þ nanceira e das relações públicas são muito valorizadas pelos diretores de-sportivos, assim como, a extroversão, o saber comunicar, o julgar e considerar, a integração e a orientação superiores são também assi-naladas como imprescindíveis para quem assume comportamentos de planeamento, liderança, e coordenação de equipas de trabalho (HATFIELD; WRENN; BRETTING, 1987; OLAFSON; HASTINGS, 1988; MARCELINO, 1997; MAÇAS, 2006; DUARTE, 2004).

Branch (1990) acresce referindo que os comportamentos de liderança não devem ser orientados unicamente para os resultados e realização de tarefas, mas também para as relações interpessoais com o intuito de obter uma maior eÞ cácia organizacional.

Enfatizando a competência dos diretores no relacionamento com os recursos humanos e Þ nanceiros das respectivas organizações, Danylchuck e Chelladurai (1999), destacam como funções mais desenvolvidas e mais importantes as que respeitam à gestão dos orçamentos, instalações e pessoal para as diferentes modalidades e equipas; assim como, ao nível da resolução de assuntos relacionados com o pessoal técnico, nomeadamente, supervisão e avaliação de rendimento, gestão de conß itos e acompanhamento de questões da vida dos jogadores. Competências estas realçadas no estudo de Judd (1990) e Maçãs (2006).

Por conseguinte, é visível que independentemente da desig-nação de administrador, diretor ou dirigente, o perÞ l de competências é similar ao já exposto para o perÞ l do gestor desportivo.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os critérios de seleção determinados nesta revisão sistemática a tipologia dos estudos empíricos a nível inter-

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nacional divide-se em artigos peer review e dissertações de douto-ramento, enquanto que em Portugal são unicamente estudos académi-cos, designadamente, dissertações de mestrado e de doutoramento. O instrumento de recolha de dados recorrentemente utilizado foi o questionário.

Os estudos internacionais publicados em revistas peer review focam as competências de planeamento, de marketing, das relações públicas e dos processos de liderança e de tomada de decisão como as mais importantes do gestor desportivo. Por sua vez, os estudos académicos realçam o conhecimento na área do desporto, a comu-nicação e a gestão das relações pessoais. Os estudos académicos realizados em Portugal evidenciam o planeamento, a organização e gestão de eventos e a coordenação de equipas como as competências mais relevantes.

Genericamente, decorre destas investigações que as competên-cias mais valorizadas são as de planeamento (atividades, projetos e eventos), de gestão de recursos (humanos, Þ nanceiros, instalações e equipamentos), de liderança, de marketing e de coordenação de equipas.

Parece também inquestionável que o planeamento é a função transversal comum aos diversos estudos. De sublinhar ainda que as competências e funções inerentes à gestão Þ nanceira, designada-mente, a contabilidade e o orçamento, bem como a importância do comportamento ético foram evidenciadas, fundamentalmente, em alguns estudos internacionais.

De realçar ainda a heterogeneidade de designações para a atividade dos gestores desportivos, variando entre administradores, diretores e dirigentes. Contudo, as competências funcionais adstritas a estes proÞ ssionais espelham um espectro similar, sendo que as dis-semelhanças podem advir dos contextos especíÞ cos de intervenção (educativo, municipal, associativo e empresarial).

Por Þ m, tendo em consideração a natureza das pesquisas efec-tuadas, o tipo de instrumentos utilizados e ainda a variabilidade de contextos proÞ ssionais estudados, parece recomendável avançar para

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estudos de natureza mais qualitativa que transponham o paradigma positivista. Dever-se-á atender também em futuros estudos às catego-rias organizacionais das dimensões “pública e privada”, porquanto podem inß uenciar o comportamento dos gestores, muito em razão dos respectivos regimes políticos de governação. Adicionalmente, importará também investigar in locus o modo como a competência se manifesta na ação, por conseguinte importa equacionar a trian-gulação de dados, recorrendo a diferentes instrumentos (e.g. entre-vistas, questionários, observação participada e não participada), e a diferentes metodologias ( e. g. etnograÞ a, narrativas, focus group).

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Recebido em: 30.07.2010

Aprovado em: 08.01.2011