Revista 02 café com letras

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Page 1: Revista 02 café com letras

Nº 02 – Junho de 2016

Rua Dr. Lauro Azambuja, 410 Guaíba, RS

Agradecemos à Colaboração:

Eloní Tarnówski Dias

Jessica Perla

Livraria Mundo Gospel Rua Paraná, 252.

Bairro Parque 35 - Guaíba, RS

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Café com Letras é um evento gratuito que ocorre toda a primeira quarta-feira do mês no Clown Café, em Guaíba, e é destinado aos apreciadores das letras (e de café)! Participe do Café com Letras levando textos, livros, poemas, interpretações, leituras ou declamações. Podem ser trabalhos próprios ou de outros autores.

O espaço é livre para todos!

fb.com/cafecomletrasguaiba

A espuma

A espuma, a palavra, a letra, um pouco do espaço intersubjetivo dos dedos, As maçãs, o caule, a fruta, tempo fascinado pelo acaso. O corpo é lento, a paisagem é que se move como montanhas ao vento. O excesso, a fadiga, o outro, cansaço das pernas na espera do tempo. Cães, frutas, neblina, casca oca da foto, pão dormido no outro dia.

Elton Borba

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"Assim como o passarinho, sempre quis ser livre. Mas agora, pensando bem, adoraria me prender a você. Te beijar quando quiser, te ver quando der, e te abraçar quando me der na telha. Certeza que assim seria mais livre do que nunca.“

Nathalia Bastos

Vento

Tudo tá de um jeito tão sei lá olho pro horizonte, procuro direção E o vento vai dizer pra onde quer que eu vá o tempo irá mostrar para onde caminhar.

Ando tão sem rumo, procurando direção Na beira do abismo, numa estrada contramão E o vento vai dizer pra onde quer que eu vá o tempo irá mostrar para onde caminhar.

Desiludido com tudo, sem certeza e sem razão Vivendo num mundo de preconceito e intolerância Onde falta fé e sobra ignorância.

Até quando não teremos liberdade de expressão? Até quando político corrupto não é ladrão? Porque pessoas ricas não vão para a prisão Um mundo melhor começa na sua opinião.

Tá tudo tão difícil, tá tudo tão sei lá Procurando novo rumo, outras histórias pra contar E o vento vai dizer pra onde quer que eu vá o tempo irá mostrar para onde caminhar.

Julia Silva da Silva

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“Eu amo andar na rua à noite mas os homens da noite detestam detestam-me tanto que me ferem eu e as minhas irmãs eu gosto da lua mas só posso admirá-la dentro de um limite e nunca fora dele tampouco sozinha porque os homens da noite me odeiam odeiam-me tanto que me ferem eu e as minhas irmãs eles estão camuflados na noite te olham com um desejo lascivo e podre que causa calafrios em mim e nas minhas irmãs a lua está linda ela me influencia quero caminhar para vê-la mas não posso os homens da noite esperam por mim esses homens são homens do dia também

mas na escuridão seus poderes aumentam ficam mais corajosos mais perigosos livres para uivar a matilha se forma famintos querem devorar eu e as minhas irmãs eu não estou livre eu não estou segura eu não SOU livre onde estão os caçadores? juntaram-se à matilha mordidos lobos do patriarcado ninguém vê porque está escuro só as vítimas temem são elas devoradas e estripadas eu e as minhas irmãs“

Amanda Luz

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Poemas de gaveta Escrevo poemas que não são lidos Poemas por mim esquecidos Rabiscos sem sentidos Já pensei em escrever um livro Com aqueles desenhos coloridos Aqueles que lidos, abrem sorrisos Mas meus poemas redigidos Nunca por ninguém foram lidos Nem mesmo por mim.

Rodrigo Fraga

Ônibus

No silencio do ônibus

Só se escuta o motor

Uma pessoa lá que outra

Conversando com humor

Muita gente calada

Presas naquele momento

Vai ver ônibus serve

Pra organizar pensamento.

Raphael Juliani

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“Há apenas dois motivos

para explicar tantos danos:

ambos estávamos vivos,

éramos ambos humanos.”

Mauricio Goldani Lima

Ensaio Sobre o Tempo Já tive fé, hoje, nem mesmo esperança. Já tive amores eternos, hoje, são apenas lembranças.

Já tive o céu inteiro, hoje, sequer uma estrela. Já preferi o paraíso ao inferno, hoje, não vejo tanta diferença.

Já quis alguém por perto por eu ser, assim, tão egoísta. Já gritei aos quatro cantos “não quero”

ao que eu mais queria.

Já me orgulhei de algo que fiz e que hoje não faria de novo. Já fui capaz de sorrir com a tristeza de outro.

Já tive sonhos, hoje, traço metas. Já tive dúvidas, hoje, incertezas.

Já fui feliz, hoje sou apenas contente. Já me senti só mesmo em meio a tanta gente.

Já tive admiradoras secretas, e inimigos declarados. Já tive amigos de todos os dias, hoje, só aos finais de semana e feriados.

Já houveram um milhão pelos quais daria minha vida, hoje, se os contasse, duas mãos não encheria. Já corri tanto, hoje, vou a passos lentos. Mal vi passarem-se os anos, hoje vejo-os, todos, diante do espelho.

Atestar tudo isso me dói forte no peito, perceber que não me é possível vencer ao tempo.

Marcelo Rutshell