Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as...

48
Ano III - N.° 10 - 22 Dez./20 Março 2004 – Revista trimestral E 2.50 IVA incluído Entrevista: Poças Martins Quinteiro: Viver mais um dia Reportagem: Trabalho eficiente

Transcript of Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as...

Page 1: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Ano III - N.° 10 - 22 Dez./20 Março 2004 – Revista trimestral E 2.50 IVA incluído

Entrevista: Poças MartinsQuinteiro: Viver mais um dia

Reportagem: Trabalho eficiente

Page 2: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Sum

ário

12 Quinteiro: Viver mais um dia

Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugereque se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos não percam as asas.

22 Reportagem: Trabalho é mais-valia

São perto de vinte. Trabalham todos os dias noParque Biológico quase desde o seu início, hápraticamente 21 anos. As deficiências de quesejam portadores desvalorizam-se nas activida-des de jardinagem onde os braços são a forçamotriz.

24 Entrevista: O rio dos castores

Em tempos idos, os romanos viram lontrasem abundância no rio Febros. Hoje, PoçasMartins, vice-presidente da CâmaraMunicipal de Vila Nova de Gaia, expõe asua expectativa e refere o trabalho já rea-lizado no sentido de reabilitar este cursode água.

Revista“Parque Biológico”

DirectorNuno Gomes Oliveira

EditorJorge Gomes

TextosRedacção

FotografiasArquivo Fotográfico do Parque Biológicode Gaia, E. M.

RevisãoFernando Pereira

MaquetagemORGALimpressores

PropriedadeParque Biológico de Gaia, E. M.

Pessoa colectiva504888773

Tiragem5000 exemplares

ISSN1645-2607

N.º Registo no I.C.S.123937

Dep. Legal170787/01

Execução GráficaORGALimpressoresRua do Godim, 2724300-236 Porto

Administração e RedacçãoParque Biológico de Gaia, E. M.Estrada Nacional 2224430-757 AVINTES – PortugalTelefone: 22 7878120E-mail: [email protected]ágina na internet:http://www.revistaparquebiologico.com

Conselho de AdministraçãoFirmino PereiraNélson CardosoNuno Gomes Oliveira

Ano III - N.° 10 - 22 Dezembro/20 Março – Revista trimestral E 2.50 IVA incluído

Entrevista: Poças MartinsQuinteiro: Viver mais um dia

Reportagem: Trabalho eficiente

Fich

a Té

cnic

a

SecçõesVer e Falar: O Leitor escreve 7Breves 9Colectivismo: Saúde obriga 10Quinteiro: Clube dos Amigos das Aves 14Habitat: Canteiros naturais 16Flora: Relva-do-olimpo 17Fauna: Gaivotas 18Reportagem: Vinhais – Parque à vista 20Espigueiro: Acontece no Parque 27Evento: Portugal Ambiente 40Arboricultura: Feridas e cicatrizantes 42Arquitectura: E por que não em terra? 43Parágrafo: Espigueiros e mamíferos 44Infância: Desejos para 2004 45Foto da Estação: Geada 48

Visite o site da revista “Parque Biológico”:http://www.revistaparquebiologico.comE-mail: [email protected]

FOTO DA CAPA

O rio Febros enquanto atravessa a área doParque Biológico de Gaia.

Foto: Jorge Gomes.

Page 3: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Este é o primeiro conceito queimporta reter: POPULAÇÃO MÍNIMAVIÁVEL — é a mais pequena popula-ção isolada com boas possibilidadesde sobreviver por um dado númerode anos, apesar dos previsíveis pro-blemas demográficos, ambientais,genéticos e, mesmo, causados poreventuais catástrofes naturais.

Essa probabilidade de persistência eo tempo de persistência são usual-mente considerados de 99% e milanos, respectivamente. Ou seja, sóse considera salvaguardada umaespécie que tenha 99% de possibili-dades de existir daqui a mil anos.Espécies que não respeitem este cri-tério são espécies em perigo. Ora

para recuperar espécies vulneráveis,podemos actuar a vários níveis: o doindivíduo — reabilitando animaisferidos, doentes, caídos de ninhos,petroleados, arrojados à costa oupor qualquer razão temporariamen-te incapazes de sobreviverem semajuda humana, e procedendo à suarestituição ao estado selvagem, evi-

Inverno 2004 Parque Biológico 3

Reflexões sobre recuperação de faunaEm conservação da natureza, quando se fala de recuperação de fauna, o objectivoé, sempre, a manutenção de populações mínimas viáveis de determinada espécie

e d i t o r i a l

Grifos

Page 4: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

4 Parque Biológico Inverno 2004

tando, assim, que a população emcausa tenha uma baixa individual. Oda população — IN SITU: Conser-vando o conjunto de uma popula-ção, ou parte de uma população,pela eliminação de factores limitan-tes, seja pela via legislativa (proibi-ção da caça, Cites, criação de áreasprotegidas, etc.) seja pela adequadagestão dos habitats naturais. EXSITU: Retirando parte de uma popu-lação (plantas ou animais) de umsítio (estado selvagem) para outro(bancos de genes ou de sementes,zoos, aquários, jardins botânicos,centros de reprodução de espécies

ameaçadas, etc.), para manutençãoou reprodução, com o objectivo deconservar esse organismo e, no casoda reprodução, para posterior refor-ço da população selvagem.

A Convenção da Diversidade Bioló-gica (UNEP, 1992), no seu art.º 2,define conservação ex situ como:conservação de componentes dadiversidade biológica fora dos seushabitats naturais. Ou seja, vamos auma população fortemente ameaça-da e com viabilidade comprometidadevido ao excesso dos factores limi-tantes, retiramos um grupo de indi-víduos que reproduzimos em cati-

veiro, totalmente defendido dos fac-tores que o ameaçavam na natureza,até que esses factores estejam eli-minados e possa ser possível a suarestituição ao estado selvagem.Esses factores podem ser muitos, evariados: diminuição da área oudesaparecimento do habitat ade-quado; falta de alimentação (deter-minadas presas, frutos, etc.); caçaexcessiva; competição com espéciesexóticas, etc.

Logo aqui se coloca um limite aointeresse da reprodução ex situ: sóvale a pena reproduzir em cativeiropara restituição à natureza espécies

e d i t o r i a l

Há espécies com sorte, como o Esquilo, quetem um rabo bonito, este junto à Casa doChasco, no Parque Biológico de Gaia

Page 5: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

que disponham de habitat naturaladequado e somente quando os fac-tores que levaram ao seu declínioestejam eliminados. Em casos inter-médios, a reprodução em cativeiropoderá ser feita, apenas, para refor-ço de populações em declínio.

A conservação ex situ pode ser com-plementar dos métodos de conser-vação in situ e proporciona um"seguro de capital" contra a extin-ção. O Banco de Sementes de Kew,na Inglaterra, por exemplo, temcerca de 4 mil espécies em depósito,ou seja, assegura a conservação decerca de 1,5% da flora mundial.

A conservação ex situ proporcionaexcelentes oportunidades de inves-tigação sobre a diversidade biológi-ca. Muitas das instituições que apraticam têm, também, um impor-tante papel na educação e sensibili-zação do público, facultando aobservação de plantas e animaiscom que normalmente as pessoasnão contactam.

Os zoos têm sido apontados comolocais privilegiados de conservaçãoex situ e estima-se que, no mundo,cerca de 600 milhões de pessoasvisitam anualmente os cerca de 500mil mamíferos, aves, répteis e anfí-bios que expõem em cativeiro.

Os zoos têm hoje os únicos repre-sentantes vivos de algumas espé-cies, incluindo o Condor-da-califór-nia (Cymnogyps californianus), aDoninha-de-patas-pretas (Mustelanigripes), possivelmente já extintano estado selvagem e, no mínimo,18 espécies foram já reintroduzidasna natureza após criação em cati-veiro.

Em pelo menos seis casos – Veado-do-padre-david (Elaphurus davidia-nus), Cavalo-de-przewalski (Eqqusprzewalski), Lobo-vermelho (Canisrufus), Bisonte-americano (Bisonbison), Oryx-da-arábia (Oryx leu-corx), Pica-peixe da Ilha de Guam,Ilhas Marianas (Halcyon cinnamo-mina) e a Galinha-de-água da Ilhade Guam (Rallus owstoni) – a espé-cie estava extinta no estado selva-gem à data da reintrodução.

O caso do Veado-do-padre-david éemblemático, pois a espécie estavaextinta nos seus habitats naturais daChina há um milhar de anos, devidoà caça excessiva. Sobreviveu em par-ques e, em 1800, o missionário enaturalista francês padre David teveoportunidade de ver último rebanhochinês. Na sequência disso, váriosexemplares foram trazidos para aEuropa e, em 1980, um grupo foireintroduzido no estado selvagem nareserva chinesa de Dafeng, ondepassou a reproduzir-se. Com umapopulação de 39 indivíduos selva-gens em 1987, em 1992 eram já 122,aumentando para 268 em 1997.

Apesar da espécie ter sido recupera-da a partir de um pequeno grupo,parece que não sofreu problemasgenéticos graves, que muitas vezesafectam populações reduzidas.

Apesar de tudo, o potencial dos zoospara a preservação a longo prazodas espécies é limitado pelo espaçofísico e pelos orçamentos. NosEstados Unidos, segundo o WorldResources Institute, o conjunto doszoos tem populações auto-susten-táveis de apenas 96 espécies.Mesmo se bruscamente metade dosespaços em todos os zoos do mundofosse dedicada à reprodução emcativeiro de espécies em perigo, e se500 indivíduos de cada espécie fos-sem mantidos pelo conjunto dezoos, somente 500 espécies pode-riam sobreviver saudáveis em cati-veiro, conclui o referido Instituto.

Conservação in situ em Portugal

A conservação in situ em Portugaltem sido um fracasso assinalável. Aespécie mais vulnerável que temos,e um dos mamíferos mais raros domundo, o Lince-ibérico, foi a primei-ra a ter uma área protegida própria.Criada há 23 anos, pelo Decreto-lein.º 294/81 de 16 de Outubro, com16347 ha, a Reserva da Serra daMalcata tinha como objectivo, entreoutros, a recuperação in situ doLince-ibérico.

Hoje não sabemos quantos lincesexistem na Malcata – ou se existem– mas sabemos que a populaçãoibérica desceu dos 1000-1500 indi-víduos em 1978(1) para 800, em1998(2) e provavelmente para cercade 600 animais em 2000(3), distribuí-dos por vários núcleos populacio-nais, dos quais apenas dois parecemser viáveis, nenhum dos quais emPortugal.

O declínio do Lince-ibérico não teveapenas como causa a diminuição dasua presa de eleição, o Coelho--bravo, atacada pela mixomatose,doença que um médico francêstrouxe da Austrália, em 1952, paracontrolar os coelhos que lhe ataca-vam a horta e que posteriormente

Inverno 2004 Parque Biológico 5

Page 6: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

atravessou os Pirenéus e se espalhouà Península Ibérica. Também a subs-tituição das associações de pasta-gens-matagais-florestas, e a suasubstituição por culturas monoespe-cíficas, nomeadamente de Eucalipto,determinaram, a par da caça exces-siva, o declínio do Coelho, versus, doLobo-cerval, como também se cos-tuma chamar a este Lince.

Para evitar isto, que se fez emPortugal? Quase nada! Pensar emrecuperar o Lince-ibérico ex situ, porreprodução em cativeiro, quando ostock actual de exemplares em cati-veiro em todo o mundo é de meia--dúzia de animais, parece-nos maisuma forma de malbaratar dinheirospúblicos.

Se a história do Lince-ibérico é tris-te, triste é a do Lobo-ibérico (Canislupus signatus), com cerca de 300exemplares em Portugal, em 1996 ecerca de 2 mil na Península Ibérica,da Águia-pesqueira (Pandion haliae-tus), extinta como residente emPortugal, já para não falar de cente-nas ou milhares de espécies deoutros vertebrados, invertebrados eplantas, em relação a muitos dosquais simplesmente se desconhece asituação.

É oportuno deixar aqui vincada estanota: pelos invertebrados e pelaflora praticamente nada – nadamesmo – se tem feito, e convém nãoesquecer que, na base das cadeiastróficas, estão as plantas e os inver-tebrados.

Isto resulta do facto da conservaçãoda natureza continuar a assentarmuito em critérios estéticos e afec-tivos: há espécies com sorte, como oEsquilo, que tem um rabo bonito, eoutras com azar, como o Sapo-comum ou os ratos-do-campo.

Há, ainda, o espírito "passarinheiro"em muitos de nós, que nos faz aca-rinhar a recuperação das rapinas eesquecer, por exemplo, a protecçãodas raras orquídeas ou dos narcisosde Portugal, ou das muitas espéciesde borboletas ameaçadas entre nós.

Há cerca de três anos, numa confe-rência na Universidade de Trás-os-

-Montes e Alto-Douro, ouvi, estupe-facto, o responsável máximo daConservação da Natureza emPortugal afirmar que o sucesso dasua actuação era atestado pelarecuperação de três espécies extin-tas em Portugal: o Esquilo-verme-lho, a Cabra-brava e outra que nãopodia, ainda, revelar.

Triste anedota: todos sabemos que aabundante presença, actual, deEsquilo em Portugal se deve à natu-ral expansão das populações espa-nholas e que a presença de umasquantas Cabras-bravas no Gerês sedeve a uma fuga, mais ou menosacidental, de um cercado espanhol,e que não durará muito tempo, poisos caçadores furtivos estão já aencarregar-se do assunto.

Resta saber qual seria a terceiraespécie mistério: fosse qual fosse,ainda não se descobriu!

A conservação in situ passa, antesde mais, pela gestão dos habitats, eisso continua a não ser feito emPortugal, onde o ICN e as suas ÁreasProtegidas gastam a parte maissubstancial do seu orçamento emsedes, infra-estruturas, vencimen-tos, e mershandising, em lugar deplantar, semear, controlar infestan-tes, reforçar populações, reprimirinfractores, conquistar populações.

Conservação ex situ em Portugal

Tirando algumas experiências – semresultados assinaláveis – de criaçãode Corço (Capreolus capreolus) pro-movidas pelos Serviços Florestais emcercados, em Bragança e Vieira doMinho, e na recente experiência(1998/2001) – aparentemente bemsucedida – de criação de Caimão(Porphyryo porphyryo) pelaUniversidade de Coimbra, e sua rein-trodução no Baixo Mondego, poucomais há a assinalar de muito signifi-cativo.

Um grupo de 27 lobos mantidos noCentro de Recuperação do Lobo--ibérico, na Malveira, poderá, nofuturo, mas com reservas, garantir oeventual reforço populacional destaespécie em Portugal, se a evolução

da sua população determinar repo-voamentos o que, até agora, tudoindica não se justificar.

O previsto projecto de criação deAbetarda (Otis tarda) no ParqueNatural do Vale do Guadiana pode-rá, igualmente, ajudar a recuperaresta espécie embora, felizmente, aconservação in situ, proporcionadapelo projecto da Liga para aProtecção da Natureza, no Alentejo,pelo próprio Parque Natural do Valede Guadiana e por muitas organiza-ções em Espanha, pareça garantir aperenidade das populações deAbetarda.

Pensar, por exemplo, em criar emcativeiro Águia-real, para futurosreforços populacionais, quando sedeixou quase extinguir a espécie naPeneda-Gerês, não faz sentido.

Pensar em repovoamentos de Águia-real, ou Bufo-real, ou Falcão-pere-grino quando, no Douro Interna-cional, se ameaçam as populaçõesnidificantes com barulhentos pas-seios turísticos de barco, sob o dis-farce de educação ambiental, nãofaz qualquer sentido.

Numa das últimas épocas de repro-dução, enquanto observava, pertode Miranda do Douro, um juvenil deÁguia-real nos seus primeiros voos,assisti, incrédulo, à subida do Douropor um barco carregado de gente,que a determinada altura paroujunto a uma margem e debitou pelopotente altifalante, a informaçãoque ali estava, a 50 m, um ninho deÁguia-real, o mesmo cujo juvenil euestava a observar a uma prudentedistância e com uma discrição ade-quada.

Por tudo isto, a criação ex situ emPortugal é, ainda, extemporânea.

Nuno Gomes Oliveira

Director da revista «ParqueBiológico»

(1) Thornback & Jenkins, 1978(2) Cat News, 1998(3) IUCN, 2000

e d i t o r i a l

6 Parque Biológico Inverno 2004

Page 7: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

v e r e f a l a r

Inverno 2004 Parque Biológico 7

Os brasileiros marcam pontos.Comunicativos por natureza, enviamas suas mensagens.

Escolhemos a de Alba, da cidade deSão Paulo. Percebe-se que visitou apágina de internet da revista* e quercolaborar na protecção do azevinho.Diz assim:

«Adoro plantas e tenho um bomespaço para elas.

Procuro uma muda de azevinhofêmea para plantar no meu jardim,mas ainda não a encontrei.

Como li num artigo da vossa revistaque ela se encontra em extinção,

estou interessada em reproduzi-la.

Sabem indicar-me um horto ondepossa adquirir essa muda?

Grata».

À partida, se colocar nalgum motorde busca da internet Ilex aquifolium(nome científico do azevinho) ehorto, não será difícil localizar maistarde ou mais cedo um viveiro quelhe venda o azevinho fêmea quepretende.

Porque hoje, graças à protecção dalei e ao trabalho de biólogos, o aze-vinho já não é uma espécie em peri-go. Este existe, sim — como se diziano artigo que causou o envio destamensagem —, em relação aos espé-cimes enquadrados no seguintecontexto: o património mais impor-tante das populações deste arbustonas florestas portuguesas localiza--se em pequenas cumeadas, entrerochedos, escassos resquícios daantiga floresta nativa que escapa-ram à acção humana, nomeadamen-te a queimadas de arvoredo paraaumento de pastagens e sobreex-ploração de madeiras.

Contudo, a exploração comercialdeste arbusto produziu espécimes dogénero dois em um, ou seja, os sexosdeixaram de ser separados por indi-víduo e coabitam em cada planta.

O azevinho é um arbusto de rapidezde crescimento intermédia.Vulnerável como todos os seresvivos, para quem gosta de cuidar deplantas, é uma opção de grandeinteresse para ter no jardim de suacasa, desde que não o vá colher nal-gum bosque! �

* www.revistaparquebiologico.com/n2/azevinho.html

Azevinho fêmeaO site da revista «Parque Biológico» possui alguns artigos e, visitantes de qualquerparte do mundo, tendem a espreitá-lo

Page 8: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

FICHA DE ASSINANTEFICHA DE ASSINANTE

Pode receber em sua casa a revista «Parque Biológico» através de dois processos:

1) enviando o seu pedido de admissão de sócio à Associação dos Amigos do Parque Biológico ou então:

2) fazendo-se assinante desta Revista pela quantia de 7.5 euros por ano, preenchendo e enviando esta ficha:

Nome:

Morada:

Telefone: N.º contribuinte:

Junto envio 7.5 euros para pagamento de uma assinatura anual da revista «Parque Biológico». Enviar para: Parque Biológico – 4430-757 Avintes

ASSINATURA:

A Loja do Campo, agora junto à Recepção do Parque Biológico,aguarda pela sua visita.O Parque possui também um horto, onde os visitantes podemadquirir plantas e árvores. Telefone: 227878120

Assine a revista “Parque Biológico”

Loja do Campo

Page 9: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 9

b r e v e s

CLUBE CELTAS DO MINHO: PERCURSOS O Clube Celtas do Minho diz que «em 2004, o grandeencontro será no mais belo estádio... na Montanha doMinho!» e desenvolve um conjunto de percursospedestres guiados por técnicos experientes em despor-tos de montanha. Pretendem assim dar a conhecer opatrimónio natural, construído e cultural da região. Ospercursos foram concebidos para a participação defamílias e um vasto grupo de pessoas amantes danatureza. Estes percursos completam-se com 25 participantes.Em 7 de Fevereiro decorreu o Trilho do Lobo; mas de 20de Março a 11 de Dezembro seguem-se mais meia--dúzia de percursos em vários sítios. Mais informações:Clube Celtas do Minho – [email protected] –telef.: 251794784.

PERCURSOS NO BAIXO VOUGAA partir de Março o FAPAS abre inscrições para osPercursos Interpretativos na Ria de Aveiro. Esta activi-dade destina-se a alunos das escolas públicas e priva-das do ensino básico e secundário e Agrupamentos deEscuteiros. Tem como objectivos dar a conhecer osvalores naturais e culturais da região, os principaisfactores de degradação, sensibilizando assim para aconservação da natureza e contribuindo para que sejasuperado o desfasamento entre os conhecimentosadquiridos na escola e o meio. As visitas serão gratuitas ficando as escolas apenasresponsáveis por assegurar o transporte do grupo atéao local.Mais informações: telef. 222002472 – fax 222087455ou [email protected]

CONSERVAÇÃO DE RECURSOS FITOGENÉTICOSDe 3 a 7 de Maio vai decorrer em Lisboa um workshopsobre «Métodos de conservação a longo prazo derecursos fitogenéticos: conservação pelo frio». Limitado a 20 participantes, destina-se a profissionaisde bancos de germoplasma, jardins botânicos, reservasnaturais e genéticas, universidades e institutos poli-técnicos, profissionais de engenharia agronómica, flo-restal e biólogos. Organizado pelo Instituto de Investigação CientíficaTropical e pelo Instituto Superior de Agronomia, tem oapoio da Sociedade Portuguesa de Genética. O eventocontempla sessões teóricas e sessões práticas. Maisinformações: Isabel Moura – Jardim-museu AgrícolaTropical – Largo dos Jerónimos – 1400-209 Lisboa –telefone 213637023 – [email protected]

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELDe 19 a 22 de Maio decorre a conferência internacio-nal «Educação para o desenvolvimento sustentável»,em Braga, na Universidade do Minho. «O objectivo da conferência é dar oportunidade aosinvestigadores, educadores, professores de diferentesdisciplinas e níveis de ensino e profissionais de dife-rentes domínios relacionados com a educação para odesenvolvimento sustentável para tomarem contactocom as mais recentes tendências e avanços nesta área,bem como apresentarem, partilharem e discutiremresultados de investigação e práticas neste domínio, econtribuírem para a preparação da Década das NaçõesUnidas», informam os organizadores. Contacto: Departamento de Metodologias da Educação– Instituto de Educação e Psicologia – Universidade doMinho – Campus de Gualtar – 4710-057 BRAGA.

Page 10: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

c o l e c t i v i s m o

10 Parque Biológico Inverno 2004

PROPOSTA DE SÓCIOPROPOSTA DE SÓCIO

Nome:

Morada:

Telefone: Bilhete de Identidade: Arquivo: Data: / /

N.º contribuinte:

Junto envio 15 euros para pagamento da quota do ano em curso e fico a aguardar recibo, cartão de sócio e outra documentação. Enviar para: Amigos do Parque Biológico – 4430-757 Avintes – Vila Nova de Gaia(Inclui entrada gratuita no Parque Biológico)

ASSINATURA

Associação dos Amigos do Parque Biológico de Gaia

Saúde obrigaHá pessoas que fazem a sua caminhada diária no percurso de descoberta do ParqueBiológico. Tanta regularidade, leva-nos a interpelar um desses caminheiros

Pormenor do percurso do Parque Biológico

Page 11: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Alberto Coelho estava em serviçoem Lisboa quando se sentiu mal.Sortudo, estava próximo do hospital.Com intervenção de urgência aocoração, safou-se.

Técnico superior, assoberbado deresponsabilidades diversas, 50 epoucos anos, muito tabaco e maisstress, o médico avisou-o: há quedeixar o fumo… e abrandar. Ditou--lhe uma receita de menor descontono IRS: nos próximos tempos, háque caminhar bastante.

Ora, nem de propósito. Alberto moraem Vilar de Andorinho e é sócio daAssociação dos Amigos do ParqueBiológico.

Hoje, é vê-lo, faça chuva faça sol, demanhãzinha, a palmilhar os cami-nhos do Parque. A cada volta parecedescobrir novidades.

«Há pormenores deste espaço quesão muito atraentes! Um deles é asegurança. É um espaço vedado,onde uma pessoa anda, anda esente-se sempre segura. É impor-tante, nos dias que correm».

Nestes caminhos, de que parte gostamais?

— É a entrada!

— A entrada?, pensa-se no edifíciodo Centro de Acolhimento...

— Sim, o início do percurso. Ainda sevêem duas ou três árvores que sãoas minhas preferidas. Têm umasfolhas muito coloridas embora jáestejamos no Inverno. Além disso, dáuma sensação de espaço, de vasti-dão, explica.

Se é verdade que a saúde obriga, embreve as caminhadas se tornaramnum prazer. Alberto Coelho fez doscenários do Parque parceiros tãohabituais que sente vontade de tra-zer pessoas conhecidas para veremesta pequena reserva natural. Uma

delas foi o sr. Abel, lavrador, que«mora aqui perto». Reformado, foitécnico de limpeza da Câmara.Conhecia a existência do ParqueBiológico, «mas nunca tinha olhadopara ele: não sabia com rigor paraque servia e o que continha». Coelhocontagiou-o pela positiva.

Está com um problema: quando abaixa acabar, e voltar ao serviço,como continuar com estas caminha-das? Porque, além do prazer, a saúderecomenda!

Inverno 2004 Parque Biológico 11

Alberto Coelho, sócio da Associação dos Amigos doParque Biológico, faz a sua caminhada diária no Parque

Convocatória

Nos termos dos estatutos convoco os Senhores Associados da Associação dos Amigos do ParqueBiológico de Gaia para reunirem em Assembleia Geral ordinária, no próximo dia 9 de Maio pelas 14h30no Parque Biológico de Gaia, com a seguinte Ordem de trabalhos:

1. Discussão e votação do Relatório e Contas do ano 2003.

Os documentos para discussão e votação estão à disposição na sede da Associação.

Se à hora marcada não houver quórum, a Assembleia reúne às 15h00 com qualquer número de asso-ciados.

Vila Nova de Gaia, 2004/03/30

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Page 12: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

12 Parque Biológico Inverno 2004

Árvores despidas são as margens darua. Os galhos cinzentos estão imó-veis, apesar da brisa fria. Mas, dis-tante, naquela ameixoeira-bravia,há uma mancha escura. Contrasta

com o céu azul. Mais de perto per-cebe-se: um ninho ainda resiste,embora o Inverno vá avançado.

É difícil para um leigo apurar queave o terá construído. Pelo tamanho,

talvez não seja difícil aproximar:melros e tordos, pegas ou gaiosfazem-nos maiores; carriças, verdi-lhões ou piscos constroem os seusninhos mais à sua medida.

Se o leitor morasse nas redondezasdessa rua, entre várias outras, essasespécies sentir-se-iam tentadas avisitar o seu jardim e, quem sabe,até o seu terraço, se tiver um ououtro, em busca de comida e abrigo.

Se proporcionar à passarada comregularidade essa vantagem, estaráa fruir do prazer de as olhar enquan-to cuidam da sobrevivência.

Vários pratos

Cada espécie de ave é mais oumenos especializada na dieta queprefere. Umas gostam sobretudo degrãos, outras buscam fruta, tambémhá as que apreciam de tudo umpouco e as que se adaptam à épocaem causa. As insectívoras no Invernonão estão na sua melhor forma, maspodem ter de recorrer a uma emen-ta híbrida até à Primavera.

Por isso, se diversificar a oferta, uti-lizando comedouros de barra, derede ou de mesa, suspensos ou apli-cados a uma parede, aumenta acapacidade de atracção do seu quin-teiro.

Contudo, ao querer ajudar a passa-rada, não lhes faça a cama! Cuidadocom os gatos: são predadores rápi-dos e furtivos, capazes de matar sópor gozo. Instale os comedourostendo em conta dois cuidados: nãoos distancie demasiado do seu olhare dê-lhes margem de segurança,para que os felinos não matem.

Viver mais um dia

q u i n t e i r o

Andar a pé faz bem. Na cidade ou no campo, estique as pernas, convide os seusfilhos ou sobrinhos e passeie. Desperte o seu sentido de observação e dê-lhes aperceber que, para um animal livre, viver mais um dia já é uma vitória

Text

o e

foto

s: J

orge

Gom

es

Um alimentador de mesa,no Parque Biológico de Gaia

Uma cavidade num tronco eali está um estorninho

Foto

: Nun

o G

. Oliv

eira

Page 13: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 13

Banho frio

Não por vaidade, mas por instinto, apassarada sabe que cuidar das penasé obrigatório.

Só assim se torna possível o isola-mento térmico, vital para protecçãoda humidade e do frio.

Por isso não é de estranhar ver, numcharco límpido, aves a banharem-se,apesar da temperatura baixa quepede luvas para protecção das mãos.

No seu jardim, para beberem e parase banharem, todos os dias estará aajudá-las se lhes oferecer águalimpa.

Por exemplo, alguns chapins naépoca fria alimentam-se de maiorquantidade de grão seco, o que lhesabre o apetite para beberem maiságua.

Os jardins tornam-se tanto maisatractivos para as aves quantomaior a regularidade com que lhesforneça comida, água e abrigo. Bemfeitas as contas, isso depende sobre-tudo do seu gosto por este passa-tempo tão útil. �

Este verdilhão bateu no vidro deuma janela. Ao encontrar ajuda,

acabou por recuperar. O impacto doser humano na vida selvagem não

tem de ser necessariamente negativoe uma forma de o não ser passa por

os apoiar nos tempos mais difíceis

Estorninho

Foto

: Nun

o G

. Oliv

eira

Page 14: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

h a b i t a t

Jardim... ou varanda?

Quando vamos na rua, sobretudo no Inverno, dificil-mente deixamos de ver pardais nos telhados, no chão,nos passeios. Já nos habituámos a ver também emplena cidade pombas e gaivotas. Andam à cata demigalhas e bocados e, se há um naco, esses bicos ávi-dos não lhe dão demorado pousio.

Há mais aves que apesar de não se verem tanto aindaintegram o grupo dos abundantes: os melros e asrolas-turcas. Os outros já são mais esporádicos, tor-nando-se mais difíceis de identificar.

Quem tem jardim pode ir vendo uns e outros com faci-lidade. Mas quem não o tem, no que toca a observa-ções, tê-las-á mais espaçadas.

Chega um e-mail, em 12 de Novembro, assinado porSónia Louro:

“Boa tarde!

Estive a ver o vosso site e gostaria muito de ser mem-bro do Clube dos Amigos das Aves silvestres de jardim.Não tenho jardim ou quintal... mas tenho varanda! Emuitas vezes vejo algumas pequenas aves na minhavaranda. Até já tinha pensado fazer um comedouropara elas. Sem jardim, mas com varanda, posso fazerparte do clube?

Muito obrigada.”

Respondeu-se que sim, pois o Clube dos Amigos dasAves tornou-se um ponto de encontro privilegiadoonde se partilha informação. Pediu-se a Sónia maisalguns dados:

- A sua casa fica no interior de meio urbano ou apouca distância de arvoredo, rio, etc.?

Sónia - A minha casa fica muito perto de um grandeparque municipal, com muitas árvores e várias espé-cies de aves que aproveitam aquele lugar para nidifi-car. Nas traseiras existe um vasto campo, com cana-vial, silvas e alguns sobreiros.

- Isso é uma boa notícia. Esse factor de atracção daavifauna - o parque municipal - permite que váriasaves aprendam com o tempo a visitar a sua varanda eos petiscos que lhes ofereça como dieta complemen-tar.

Há alimentadores diversos. Mas, basicamente, deveráexperimentar alimentadores para aves que gostem degrão. São mais fáceis de aplicar.

Um bebedouro se calhar também fará jeito.

Entre as espécies que mais agradam aos observadorescontam-se os diversos chapins. Os chapins-carvoeirose o chapim-real, se andam nos arredores, serão dosmais frequentes visitantes.

14 Parque Biológico Inverno 2003

Uma grande parte da população não dispõe de jardim. Poder-se-á ainda assimauxiliar as aves?

Os bons projectos estão no meio: antes e depoisficam as boas ideias. Uma delas consiste em criar oClube dos Amigos das Aves de jardim. O que é isso?

É simples: quem tem — ou pretende vir a ter — estepassatempo (apoiar as aves no seu próprio jardim)contacta a revista “Parque Biológico”, secçãoQuinteiro, que une os Amigos das Aves. E isso aoponto de fornecer dados a respeito deste saudávelpassatempo.

É facultativo, para cada membro inscrito, associar-seà Associação dos Amigos do Parque Biológico.

Que tal? Gostou? Ficamos à espera das suas novida-des, venham elas por carta (Parque Biológico de Gaia- Revista "Parque Biológico" - 4430-757 AVINTES)ou por correio electrónico:

[email protected]

Clube dos Amigos das Aves

Page 15: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 15

De início, a passarada não liga muito aos alimentado-res. Mas quando um aventureiro do bando vai petiscar,arrasta outros e depois torna-se um hábito. Sobretudonesta fase não os decepcione: no que toca ao bebe-douro, a água deve ser mudada todos os dias. Quantoaos comedouros, de rede, de mesa ou outros, não osdeixe esvaziar.

- Que dimensões tem a sua varanda?

Sónia - A minha varanda é pequena, tem 4 metroscomprimento por 2 de largura.

- De facto não é grande, mas seria tentador experi-mentar. Recapitulando: 1. Identificar as aves que apa-recem nas redondezas. 2. Ver no manual de que se ali-mentam e escolher o tipo de alimentador mais ade-quado para experimentação. 3. Tirar conclusões, nopressuposto de que a leitura dos artigos que enviámosno e-mail anterior podem ajudar.

- Tem um manual que lhe permita saber que espéciesde aves costumam aparecer na sua varanda?

Sónia - Tenho um manual já com alguns anos, "AvesTerrestres", é uma tradução de um livro alemão"Landvögel", editado em Portugal em 1983.

- Se servir para identificar os principais pássaros, comoos chapins e os verdilhões, estorninhos e tordos, entreoutros, é capaz de servir. Se não a satisfizer, entãoSónia, recomendamos-lhe o Guia das Aves da Europado FAPAS.

Assim, terá as melhores condições para saber quais asaves que ocorrem habitualmente nas redondezas. Faceà ementa que tiverem (granívora, insectívora, mista,etc.), então poderá escolher os alimentos que mais asatraiam.

Alguma dúvida, aqui estaremos para trocar impressões,está bem?�

Algumas aves, como os melros, apreciam afruta da época

Page 16: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

h a b i t a t

16 Parque Biológico Inverno 2004

Canteiros naturais

Zune nos ouvidos o vento. Sob os pés sente-se o pisofirme da rocha. Adiante o granito afunda e a própriaareia levada pelas ondas distribui-se por todo o lado.

No espaço limitado das rochas, a erosão abriu frinchas.Convertidas em canteiros naturais depositam-se osdetritos para ali empurrados pelo vento. A benessealenta as plantas. Adaptadas, dão consistência a maisum habitat incluído na Directiva Habitats, da UniãoEuropeia, onde se alinham ecossistemas naturaisdefendidos por lei. A este chamam-lhe oficialmente«falésias com vegetação das costas atlânticas e bálti-cas». A mais-valia centra-se nos endemismos, tão fre-quentes na flora do litoral português.

Aliás, há cerca de 60 km de costa conhecidos porLitoral Norte, que vão sensivelmente da Póvoa deVarzim até Valença. Esta área engloba vários habitat,sendo um deles este de que nos ocupamos agora.

Enquadrado nesse item da directiva, foi proposta paraa Rede Natura 2000. Em Portugal, este habitat existeapenas no Litoral Norte e nas Berlengas.

O som das ondas que se espraiam nas rochas nãocessa. É tão constante que qualquer distracção o fazdesaparecer da consciência. Habitat à boca das marés,é frequente o beijo das ondas expresso em aerossóissalinos.

Se não estivéssemos naquele sítio como uma ameaça,um bando de gaivotas andaria por ali, à cata do queaparecesse ou a descansar.

Nos dias de sol, quando as pedras acumulam o calor dodia, há insectos que tiram daí partido, atraindo aspequenas aves que os apreciam.

As chuvas de Inverno e as temperaturas da época sãosinais de vitalidade que fazem com que em início deMarço a floração se desvende aos nossos olhos.�

Rentinhos ao chão, medram os tufos de vegetação das costas atlânticas, implanta-das nas fendas das rochas, onde se abrigam da ventania

Foto

: Hen

rique

N. A

lves

. Tex

to: J

orge

Gom

es

Page 17: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

As armérias agregam numerosas espécies, sendo algu-mas englobadas na ornamentação de jardins. Não é ocaso da Armeria pubigera, a espécie de que nos ocu-pamos nesta página.

É possível encontrá-la nos rochedos graníticos dealgumas praias, enfeixadas em fendas terrosas, ondesobrevivem com raízes proporcionalmente grandesquando comparadas com a parte que surge acima dosolo. Em sítio ventoso, há que se proteger da dinâmicaeólica e da desidratação que lhe está associada.

Esta planta só existe no Litoral Norte português e naGaliza. Um endemismo enquadrado na família PLUM-BAGINACEAE.�

f l o r a

Inverno 2004 Parque Biológico 17

Text

o: J

orge

Gom

es. F

otos

: Hen

rique

N. A

lves

Relva-do-olimpoEstas plantas tocam o ser humano que,apesar da sua complexidade botânica,lhe atribui nomes comuns agradáveistais como Herba-de-namorar, emEspanha, e Relva-do-olimpo, emPortugal

A dificuldade de classificação taxonómica das armériasparece resultar da facilidade com que se hibridizam deforma espontânea

Page 18: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Aves costeiras habituadas à salsugem do mar, as gai-votas deambulam pelas praias. Embora no litoral por-tuguês haja várias espécies, a mais frequente é a gai-vota-argêntea, conhecida entre ornitólogos comoLarus argentatus.

Trata-se de um animal que demonstra uma capacida-de considerável para tirar partido das oportunidadesque surgem. Na segunda metade do século XX, com oaumento das lixeiras a céu aberto, a sua ementa tradi-cionalmente localizada entre peixes e moluscos, rép-teis e anfíbios, anelídeos e equinodermes, fruta ecereais, pequenos mamíferos e aves, estendeu-se atudo o que de nutritivo uma lixeira pode oferecer.

E hoje vemo-las com residência nas cidades, não pro-priamente à beira-mar! Hospedadas entre telhados,criam ao ritmo de residentes humanos que lhes entre-gam de comer e beber. Esse hábito faz com que porvezes elas até pareçam pedir alimento…

Porém, com origem registada à beira-mar, estas avesno fim do Inverno sentem necessidade de se reprodu-zir. Ovos verde-claros com manchas acastanhadas dãolugar a crias exigentes que cobram muita comida aos

pais com um piar insistente. As seis semanas de idadedão-lhes asas. A plumagem de adulto, só a conseguempor volta do terceiro aniversário.�

18 Parque Biológico Inverno 2004

f a u n a

GaivotasQuase sempre andam em bandos. Planando sobre as ondas ou repousando nosrochedos, nem todas as gaivotas de hoje parecem ser o que eram

Cria de gaivota entregue noParque Biológico

A variante mediterrânica da gaivota-argênteadenomina-se: Larus cachinnans. Esta tem patas

amarelas e não cor-de-rosa

Page 19: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos
Page 20: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Para lá do Marão mandam os que láestão. É dentro deste costume que aautarquia local, ciente do patrimó-nio natural e humano do concelho,quer montar um parque de desco-berta da natureza.

Conhecida a experiência do ParqueBiológico de Gaia, a CâmaraMunicipal de Vinhais pediu ao seudirector, Nuno Oliveira, a apresenta-ção de um projecto que viabilizasseessa ideia.

Um dos primeiros passos para issoresultou na observação do terreno.Uma paisagem deslumbrante, diver-sificada e pintada em tons outonaisfoi a companheira fiel da equipa quese deslocou a Vinhais.

Aqui e acolá, a hegemonia dos pra-dos-lima. As ervas verdes escorremágua, como uma esponja enorme,cheia de vida. O regato ao lado não

20 Parque Biológico Inverno 2004

r e p o r t a g e m

Vinhais: parque à vistaO silêncio fala no prado dourado. Uma brisa suave leva o sol-posto, e com ele asovelhas, o cão e o pastor que descem a encosta. Aguarda-os a aldeia, lá em baixo,encravada entre prados-lima

Prado-lima, junto do rio Truta

Festuca Equipa do Parque Biológico de Gaia ede Vinhais no terreno

Plantago radicata, plantaem rocha ultrabásica

Page 21: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 21

pára de marulhar, pula as pedras,lava-as. Água pura, fresca, a condi-zer com a abundância de rã-ibérica,aquela que só existe na Península.Junto a um moinho-de-água, ageada branca ainda resiste na som-bra do meio-dia.

Há uma quietude que fala e mostrana paisagem a águia que varre omonte de asas escancaradas e o tar-taranhão que ainda migra para sul.Perspicazes, as gralhas sabem dovalor da terra fria e por ali deambu-lam na lida da sobrevivência. Osgaios, aves típicas de carvalhais,marcam presença no mosaico docarvalho-negral, a árvore autóctonecom patamares de excelência naprodução de solo.

Nos caminhos abertos, corços dei-xam pegadas, assim como os javalis.Vestígios de fuinhas assinalam osseus caminhos, à caça de ratos ecoelhos. Nestes montes, medramazevinho e azinheiras.

Com um pé no Parque Natural deMontesinho, o futuro ParqueBiológico de Vinhais, e os seus cercade 300 hectares, justificam umavisita de vários dias. Há históriaantiga e um património naturalinvejável, que a paisagem protago-niza.�

João Rodrigues lavra a terra, reformado, sorriso aberto:«Faço isto por gosto, com um tractor andava mais depressa!»

Uma paisagem diversificada faz da região o «reino maravilhoso» descrito por Torga

Um espelho de água atrai aves aquáticas, masos caçadores podem abatê-las com facilidade

Aldeia: Prada

Page 22: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

r e p o r t a g e m

22 Parque Biológico Inverno 2004

José Carlos não gosta. Não gostanem de feriados nem de fins-de-semana. Muito menos de férias! Játinha dito José Manuel, um dosmonitores do grupo. Quando entre-gam a carta com as datas do des-canso anual, para que os pais sai-bam, José trata de a extraviar.Quando necessário, Emília Pereira,

monitora, põe-no em sentido e diz--lhe que ou se porta bem ou vai paracasa. Não se preocupa — declaracomo quem tem a faca e o queijo namão: «Não importa. Eu venho namesma!».

Mãos ocupadas com o serviço quelhe confiam no Parque Biológico deGaia, bolsos cheios de baraços —

não vão ser precisos de repente — ZéCarlos encontrou, ao trabalhar noParque, o amor da sua vida.

Todos parecidos, todos iguais.Alexandre, introvertido, meticulosocomo é difícil ser, rosto concentradono trabalho, no momento em queparo para o olhar, noto que o arran-que das ervas daninhas é rectilíneo,perfeito. Nem a presença do estra-nho que o fotografa empena o servi-ço...

E vai-se por aí fora. Lourenço jogaténis-de-mesa: ganhou medalhas,até taças, algumas conquistadas emcompetições internacionais. CarlosFigueiredo, Joaquim Costa, RuiAlegre e André Teixeira aderiram aoatletismo. Laranjeira abraçou ociclismo.

Mas, no quotidiano, o serviço passa--se junto à terra. As deficiências deque sejam portadores desvalorizam--se nas actividades de jardinagemonde os braços são a força motriz.

Entre o perfume das plantas e ocanto das aves, ali estão eles a man-ter os canteiros e os espaços delazer do Parque Biológico de Gaia nobom estado a que habituaram osseus visitantes.

Quase desde o início do surgimentodesta empresa municipal que éassim. Criado um protocolo com aAPPACDM*, a equipa segue o seupercurso de trabalho, percorridosobretudo nos viveiros do ParqueBiológico, com acompanhamentotécnico. A Câmara Municipal deGaia dá apoio e subsidia os trans-portes destes trabalhadores. �

* Associação Portuguesa de Pais eAmigos do Cidadão Deficiente Mental.

Rui Alegre, Emília Pereira (monitora), Angélica eLaranjeira trabalham ao som da rádio

Marco Paulo eZé Carlos põemem ordem vasosnos viveiros

Trabalho é mais-valiaAo todo são 18. Se não comparecessem todos os dias da semana, sentir-se-ia afalta destes trabalhadores

Text

o e

foto

s: J

orge

Gom

es

Page 23: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 23

Hugo Martins

Alexandre, meticuloso

Joaquim Costa

Lourenço praticaténis-de-mesa

nos temposlivres

André Teixeira

Hélder Silva

Salomão e Miguel limpam o viveiro da folhagem caduca

Gabriel, Luís Afonso e Pedro Nuno envasam plantas

Carlos Figueiredo, orientado por José Manuel, integra a equipaque limpa um dos jardins de aromáticas do Parque

Page 24: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

O rio Febros atravessa o ParqueBiológico de Gaia. No Verão passa-do, após a entrada em funciona-mento da Estação de Tratamento deÁguas Residuais (ETAR) do Febrosobservavam-se novidades: cardumesde peixe miúdo, ratos-de-água anadar, e até o voo colorido de guar-da-rios. Bom augúrio, embora a pare passo uma descarga clandestinafaça voltar tudo ao passado recente.

Perto das suas margens, JoaquimPoças Martins, vice-presidente daCâmara Municipal de Gaia, fala aoleitor das soluções encontradas paraeste curso de água.

— A expectativa de despoluiçãoque tinha antes da construção daETAR do Febros corresponde aosefeitos reais de despoluiçãoobserváveis agora no rio? Poças Martins — Diria que sim,para melhor. Quando há cinco anosse contavam 10 mil ligações aosaneamento em Gaia, e todas liga-das às tainhas do rio Douro, cons-tatar que agora vamos ultrapassaras 100 mil ligações com tratamen-to, diria que isto ultrapassou asminhas expectativas.

No que diz respeito ao rio Febros, hácinco anos não tinha perspectivanenhuma de solução, não tinha ummetro de saneamento, recebiadirectamente as descargas de toda apopulação e de todas as indústrias

da bacia hidrográfica, e por issoestava como estava.

Conseguimos encontrar uma solu-ção técnica que passou por umbocado do Febros ter uma solução àescala da bacia, que consistiu eminstalar uma estação de tratamentona foz e uma rede de saneamento eemissários cobrindo a totalidade dabacia hidrográfica.

No caso do rio Febros conseguimosuma solução que do ponto de vistatécnico é excepcional, raramente seconsegue isso, e adequada, porque éuma solução à escala da baciahidrográfica.

O rio Febros é o maior rio que nascee desagua em Gaia. Só Gaia tem res-ponsabilidade no bom ou mau esta-do deste rio. Não podemos queixar--nos de ninguém, só de nós próprios.Temos é de demonstrar que dentrode pouco tempo conseguimos resta-belecer a biodiversidade do rio.

— E como é que se faz isso? PM — Quando conseguirmos inter-ceptar todas as ligações de descar-gas poluentes domésticas e indus-triais, quando assim for feito, o rioFebros automaticamente ficará coma qualidade da água que longinqua-mente teve e que não há nenhumarazão para que não seja excepcional,porque estamos em vias de acabar arede em toda a bacia. As ligaçõesestão a correr bem.

Quando estiverem concluídas, háque passar à fase seguinte — devol-ver o rio Febros aos cidadãos, criarcondições para aproximar as popu-lações do rio, fazer com que genteque construiu mal, em cima do rio,consiga retirar essas construções.Iremos dar alternativas. Infelizmen-te muitos desses casos resultam desituações de pobreza.

Um dos grandes inimigos doambiente é a miséria. Há pessoasque vivem em condições menos dig-nas junto ao rio, fazem as descargasdirectamente, mas também elaspróprias têm vidas complicadas,vidas para as quais o ambiente nãoconsegue sequer ganhar lugar nosprimeiros dez problemas que têm.

Portanto, a luta contra algumas bol-sas localizadas de pobreza é tambémno rio Febros uma fase seguinte,como está a ser neste momento nou-tros espaços do concelho de Gaia.

Já resolvemos 90% dos problemasde poluição no concelho, parte dos10% que faltam estão relacionadoscom problemas técnicos mais difí-ceis: o esfolar do rabo é sempre apior parte. Há quem tenha construí-do em fundões, em sítios com arrua-mentos inadequados, por isso agorasó com bombagem conseguiremosresolver esses problemas de sanea-mento.

Por outro lado, os problemas demiséria carecem de soluções deâmbito social que a própria Câmarae as Águas de Gaia têm vindo aresolver de forma acelerada.

— A população pode participar noprocesso de despoluição do rio?

PM — O segredo é a educaçãoambiental. Nós estamos num conce-lho onde ainda há gente que escar-ra para o chão, que atira lixo para asribeiras, que abre a janela do carro e

e n t r e v i s t a

24 Parque Biológico Inverno 2004

Rio Febros no Parque Biológico

O rio dos castoresFebro equivale a castor no linguajar dos antigos romanos. E porque o maior rio quenasce e desagua em Gaia leva esse nome, fácil é pensar que há dois milénios sus-tentava não esse animal mas sim muitas lontras

Page 25: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 25

atira o maço de cigarros. Essas pes-soas não o fazem por mal, forameducadas assim.

No entanto, a forma mais rápida demudar o comportamento de umadulto passa pelas crianças. Umacriança que diga aos pais «Não façasisso!», o pai não leva a mal e mudamesmo; o avô também muda...

Felizmente temos em Gaia as insti-tuições certas. Gaia até é o sítio emtodo o país que tem instituições deeducação ambiental a funcionarmelhor. Para além das pedras temosas pessoas. Temos projectos de altaqualidade, concretamente aqui noParque Biológico, ligados ao NunoOliveira, na Estação Litoral daAguda, ligados ao Mike Weber, eagora num espaço um pouco maiscolectivo, o Centro de EducaçãoAmbiental das Ribeiras de Gaia.Temos já um conjunto de infra--estruturas e iniciativas de educa-ção ambiental que apoiam os pro-fessores, fazem passar as mensagensàs crianças que depois passam aosavós, aos pais e a outros familiares.Assim, espero que se criem condi-ções para queimar etapas, propor-cionando situações pelas quaisquem polui, podendo não poluir,cesse de o fazer.

— Para a despoluição total desterio que prazo daria?

PM — A despoluição total é algoque, em zona urbana e a 100%,nunca existe. Há-de haver um diaem que alguém lança uma descargaclandestina. Dentro de casa há sem-pre quem tenha uma ligação de des-carga entre águas pluviais e sanea-mento com falhas. Algum carrolimpa-fossas que subsiste e que acoberto da noite faz uma descargailegal... é sempre possível que algodeste género ocorra. Mas diria queem 2005 poderemos considerar o rioFebros despoluído.

Porque já há mudanças grandes.Para ver o sucesso da despoluição doFebros basta visitar a sua ETAR. Todoo esgoto que lá chega, que temaumentado, era esgoto que antesestava no rio. Agora, é devidamentetratado. Se estamos a receber cadavez mais esgoto do Febros isso querdizer que cada vez há menos esgotono rio e que o rio está cada vezmelhor. É muito fácil avaliar a evo-lução do rio, mesmo sem fazer aná-lises: basta-me ver que o esgotoestá no sítio certo.

— Falava há bocado nas descar-gas clandestinas. Há cerca deum mês vimos o rio com um azul

de tinturaria...PM — Apesar de gostar muito doazul, isso fica bem é fora do rio.

O que vai acontecer é que cada vezmais estamos a apertar a malha.Hoje em dia só polui quem não quernão poluir. Ultrapassada que seja afase razoável, aquela em que se usaa cenoura, estaremos prontos a apli-car umas ripeiradas valentes emquem as merecer.

Não haja ilusões: vamos a bem. Háque convencer a população, estamosa ser muito bem sucedidos, mas adada altura ai de quem não colabo-rar.

— Está a falar de coimas pesadas?PM — Oiça, vamos para além dascoimas. Vamos ao ponto, se neces-sário, de expor as pessoas que fazemisso à vergonha pública.

— Como encara a renaturalizaçãodas margens dos ribeiros?PM — Diria que é mais reabilitaçãodo que renaturalização. A renatura-lização numa zona urbana é menosfácil de atingir. Eu até diria que nãoé possível renaturalizar. Isso seriavoltar a uma economia de subsis-tência, que não regressa.

Estamos aqui a falar, sejamos realis-tas, é de reabilitação. A isto corres-ponde ter alta qualidade química ebiológica nas águas do rio, repor ospadrões de biodiversidade, estabele-cer a flora e a fauna nas margens.

Há sítios onde se construiu e vamostrabalhar no sentido de corrigiresses edifícios. Embora não desapa-reçam todos, alguns serão mais bemintegrados.

Outro aspecto que pode ter umadupla leitura mas sobre o que eu nãotenho dúvidas: penso que mais valedevolver o rio às pessoas, criar con-dições para percursos pedonais pertodas margens, possibilitar às pessoasusufruírem do rio, porque assim vãoser elas depois a defendê-lo. Só setivermos muita gente a gostar do rioé que vamos garantir que os outrosnão o estraguem. Mas não podemoster – sem ilusões – um polícia atrásde cada um dos potenciais poluido-res. Vão ter de ser as pessoas que

Poças Martins: «A poluição é um problemapara o homem, não para a natureza»

Page 26: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

e n t r e v i s t a

26 Parque Biológico Inverno 2004

reganharam o rio a defendê-lo.

Já está a acontecer assim na margi-nal de mar, nos troços das ribeirasque desentubámos e tratámos pai-sagisticamente.

Aliás, o Parque Biológico tem desem-penhado um papel importante nestesentido: as brigadas de limpeza dasmargens das ribeiras aprendem aquio que se corta e o que não se corta.Aprenderam que não se metemmáquinas muito pesadas nas mar-gens para tratar das ribeiras nem queisso atrase mais um bocado. É essamistura entre despoluir, reabilitarmas por outro lado manter o gostopela vivência e utilização do rio quepenso estar no sucesso de uma ribei-ra em área urbana. Isto é muito dife-rente de gerir uma ribeira no Gerêsou em Montesinho. Ali renaturaliza--se, aqui reabilita-se.

— Em tempos falou na criação deum percurso pedonal entre a ETARdo Febros e o Parque Biológico deGaia. Quando ficará pronto?

PM — Em termos de conceito, vai serimportante. O Parque Biológico é defacto uma infra-estrutura ambientalcom um âmbito que vai muito paraalém do concelho, chegando a toda aÁrea Metropolitana e ao Norte dopaís; até há gente de Espanha quevem cá ao Parque também. Esta liga-ção enriquece o Parque Biológico. Aspessoas que cá vêm não ficam confi-nadas a estes 35 hectares. Depois de

virem cá um par de vezes, têm a pos-sibilidade de visitar parte do rio a pé,analisar o que de bom vai aconte-cendo e o que de mau ainda persis-te. Poderão ver o que é uma estaçãode tratamento de esgotos (olharão otal esgoto que não estando no rio omelhora inevitavelmente), percebe-rão o mecanismo biológico do trata-mento, entenderão que o que sepassa na ETAR é o que se passa norio de uma forma mais extensiva.Depois vão até ao Douro.

Penso que isto é uma mais-valiapara o Parque Biológico e um novofactor de atracção. Aumentará arepetição das visitas. É quase a dife-rença entre ter o meu computadorisolado ou tê-lo ligado à internet.

Este percurso pedonal numa boaparte já está feito. Junto à ETARcomprámos uma porção de terrenonas margens e vamos criar aí espa-ços de lazer e aventura dedicadosaos jovens, com um sítio agradável,onde podem merendar, fazer umasescaladas, jogar à bola, divertir-se,porque o ambiente é algo agradável,não é uma coisa sofrida.

— Como encara a população asmudanças na área ambientalgaiense?

PM — O caminho que falta passamuito pela educação ambiental.Hoje, os gaienses estão de umaforma geral orgulhosos do estado deboa qualidade ambiental do sítio em

que vivem. Isso transparece, as pes-soas falam desse assunto, usam.Veja, por exemplo, as bandeirasazuis: todas as praias de Gaia hojetêm bandeira azul! Onde é que seriaisso possível há uns anos? E foi umaforma de as pessoas perceberemuma coisa muito simples: se quise-rem ter ribeiras limpas, se quiseremter praias com bandeira azul, têm defazer ligação ao saneamento. É umamensagem que temos vindo a pas-sar, e que em Gaia se enraizou.Tanto mais que hoje quase nãotemos mãos a medir para acabar defazer as ligações ao saneamento.Noutros sítios as pessoas são reni-tentes. Em Gaia não tem acontecidoisso. Há uma adesão activa, comespírito cívico, de cidadania, umpouco porque a componenteambiental passou a associar-se aum certo orgulho, uma vez que Gaiaé o melhor concelho do país naparte ambiental (ribeiras, praiasazuis) e isso ajuda a demover aque-les espíritos mais cépticos. Há sem-pre um ou outro mais empedernido,mas depois, com a boa mensagemdo filho ou do neto, em casa, pensoque será dada a machadada finalnas atitudes mais retrógradas.

— A empresa municipal Águas deGaia patrocina as lontras doParque Biológico. Como comentaesse facto?

PM — As Águas de Gaia assumem-secomo um braço armado do ambien-te aqui em Gaia e, portanto, umaempresa muito sólida, com meios.Compreende esta contribuição comoum estender do seu compromissosocial e ambiental.

E por que não associar as lontras àentidade que tornou as lontras pos-síveis? Porque se não houvesse estaintervenção aqui na zona do Febros,com gastos de cerca de 5 milhões decontos, não havia lontra nenhuma,ou seja, se houver dez lontras aquino Parque cada uma custa 20 milcontos, mas ainda bem porque achoque é um excelente investimento. �

ETAR do rioFebros

Page 27: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Pranchas na mesa, alguns livros da especialidade àvista, a explicação do assunto para que miúdos ougraúdos experimentem montar o seu próprio herbário,e as seguras explicações do botânico HenriqueNepomuceno Alves. Em Novembro foi assim que, apósas actividades habituais, se concluiu o primeiro sába-do do mês.

Em Dezembro, a chuva não desanimou o grupo de visi-tantes que se deslocaram ao Parque Biológico para acostumeira visita guiada ao percurso de descoberta danatureza. Simultaneamente decorreu a actividade deobservação de aves selvagens que aparecem durante avisita. Com a chuva, viu-se pouco mais que gaios erolas-turcas, para além dos passeriformes costumeiros.Pelas 17h00, foi abordado o tema «TrabalhoVoluntário», em comemoração do Dia Mundial doVoluntariado.

Em 3 de Janeiro, o sol voltou. Cerca de meia centena departicipantes aproveitaram essas condições atraentes eformaram grupo para a visita guiada. Apresentado um

novo projecto: o Patrocínio de Animais do Parque.Neste sábado, o grupo de Danças e Cantares de Olivalcantou as Janeiras.

Em 7 de Fevereiro, decorreu o programa habitual comabertura da exposição relativa ao Ano Internacional doArroz e apresentação do arrozal do próprio Parque.

Como se trata de um programa rotativo, não esqueça:no primeiro sábado de cada mês pode fruir do ParqueBiológico com outras vantagens!

e s p i g u e i r o

Inverno 2004 Parque Biológico 27

Uma visita enriquecida

Fevereiro: início da visita guiada

Visita guiada ao percurso de descoberta da natureza, registo de ocorrência de avesselvagens e a actividade alusiva a uma data comemorativa são os pontos fortes deum programa dedicado aos visitantes do Parque Biológico de Gaia nos primeirossábados de cada mês

Dezembro: observação de aves

Janeiro: visita guiada

Um dos dois campos de cultivo de arroz emcomemoração do seu Ano Internacional

Abertura da exposição alusivaao Ano Internacional do Arroz

Page 28: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

28 Parque Biológico Inverno 2004

e s p i g u e i r o

Page 29: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 29

Em instalações cuidadas e adequadas, corços, raposas,lontras, águias-calçadas, grifos, garças-reais e muitasoutras espécies satisfazem a curiosidade de crianças eadultos, permitindo observações que, em ambientenatural, seriam raras e difíceis.

Milhares de animais são anualmente entregues aoscuidados do Parque Biológico, por quem os encontrouferidos, doentes ou caídos de ninhos, ou pelas autori-dades que os apreenderam por posse ilegal. Quandonão é possível a sua recuperação integral, e conse-quente libertação na natureza, esses animais ficam nacolecção do Parque.

O Parque Biológico de Gaia respeita integralmente alegislação e todos os princípios éticos da Conservaçãoda Natureza, pelo que apenas tem em exposição, paraalém dos animais com a origem referida, outros que,embora de espécies selvagens, foram já criados emcativeiro.

Através deste programa é possível ajudar mais oParque no bom desempenho dessa tarefa. Qualquerpessoa, singular ou colectiva, poderá apoiar os animais

do Parque Biológico de Gaia, ficando o seu nome (oumarca) inscrito na instalação que patrocinar.

Segundo a lei do Mecenato (DL 74/99) às pessoas sin-gulares cabe a taxa de 25% das importâncias atribuí-das dedutíveis à colecta; às pessoas colectivas 120%.Consulte o Parque Biológico para mais detalhes.

Primeiros

Já há algumas empresas que, compreendendo a utili-dade do seu apoio, se adiantaram e estão a patrocinaros animais do Parque, bem como algumas das suasexposições.

À frente está a Águas de Gaia, que dedica o seu patro-cínio às duas lontras que estão no Parque Biológico,provenientes de criação em cativeiro holandesa. Aempresa arrozeira Orivárzea, S. A. apoia os dois camposde arroz no Parque Biológico e a exposição que abriu aopúblico, alusivos ao Ano Internacional do Arroz. AFundação Património Natural patrocina a mostra«Exóticas: pela mão do homem» e a Oficina Beiranense,Lda. apoia os comedouros para aves selvagens.

Patrocínio de animaisNão sendo um jardim zoológico tradicional, o Parque Biológico oferece aos seusvisitantes a possibilidade de observarem uma colecção de animais da fauna portu-guesa

As lontras são dos hóspedes mais recentes do Parque Biológico de Gaia

Page 30: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

e s p i g u e i r o

30 Parque Biológico Inverno 2004

Com o fito de aproximar os cidadãos daciência, sob a forma de uma experiênciadirecta e vivida, a Semana da Ciência eTecnologia convida à observação activa eao diálogo com os especialistas, que per-mitem conhecer melhor o mundo em quenos inserimos.

Como é hábito, o Parque Biológico deGaia recebeu esta Semana, promovidapelo Ministério da Ciência e do EnsinoSuperior.

Sábado, 22 de Novembro, foi o dia dedi-cado ao público em geral. Houve visitan-tes que participaram em actividadesdiversas. De manhã, «Os minerais não semedem aos palmos», conferência peloProfessor Marques de Sá, da Faculdade deEngenharia do Porto, seguida de observa-ção à lupa de microminerais.

Simultaneamente, outros participantesaderiram «À descoberta dos cogumelos»,que consistiu na observação de cogume-los ao longo do percurso de descoberta doParque seguida de uma sessão de labora-tório, com a colaboração de Rita Serra ede Nicolina Marques Dias, ambas daUniversidade do Minho.

De tarde, decorreu a actividade«Xerojardinagem, planeamento e desenhode jardins». A técnica Cláudia Ramos, doParque Biológico de Gaia, explicou aosinscritos como ter zonas ajardinadasmediante um consumo eficiente de águasem menosprezar a atracção visual.

As escolas viram-se com a parte de leão docalendário, que lhes esteve reservado. Dia24, de tarde, os alunos de escolas inscritasparticiparam nos ateliers «Tecnologias tra-

Semana da Ciência

Cristais

Entre a geologia, a zoologia e a mecânica dos moinhos, a Semana da Ciência eTecnologia também assentou praça no Parque Biológico de Gaia

Atelier «Aprende afazer cristais»,coordenado pelatécnica Telma Cruz

Atelier«Aprende afazer cristais»

Atelier«Tecnologiastradicionais»

Atelier «Tecnologias tradicio-nais», orientado pelos técnicosFilipe Vieira e André Morais

Page 31: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 31

dicionais» e «Aprende a fazer cris-tais».

Ambos decorreram ao longo devários dias a partir de 25 deNovembro. O primeiro baseou-se naexplicação de mecanismos dos moi-nhos de água e de vento através deconstrução de maquetas. No segun-do, as crianças aprenderam a produ-zir cristais no laboratório do Parque.Curiosamente, a dada altura algunsdos alunos, encantados com a bele-za dos cristais, comentaram entre si:«Eh, pá! Se fizermos isto em casa eos vendermos vamos ficar ricos!».Embora a ideia não passe de umlindo sonho infantil, o facto é queeste atelier ajudou à compreensãodos processos naturais que originamesses minerais.

Quarta-feira, dia 26, alunos daFaculdade de Ciências daUniversidade do Porto deram corpoà «Hidrogeologia no Parque», activi-dade que envolveu a medição deníveis de poços, traçagem de perfis eanálises à qualidade da água, com acolaboração de Jorge EspinhaMarques, professor da Faculdade deCiências do Porto.

Dia 27 de Novembro, outro atelier:«As areias não são todas iguais». Ageógrafa Ângela Seixas animou-o.

No dia seguinte, foi o cabo dos tra-balhos para apurar qual «O sexo dastartarugas». Não fosse a ajuda das

zootécnicas Ana Mafalda, do ParqueBiológico de Gaia, e Ana Cunha, daEstação Litoral da Aguda, a menina-da ia ver-se grega!

«As tartarugas são o quê?», pergun-ta Ana Mafalda. Rafaela, uma dasalunas mais expeditas, quebra ahesitação do grupo: «Peixes!».

«Por andarem na água? Olhem quehá peixes que andam fora de água»,diz Ana Cunha.

Chegados à conclusão de que as tar-tarugas são répteis com carapaça, ainformação desenrola-se com oauxílio de uma apresentação devídeo. Blocos na mão, os aponta-mentos escorrem.

Fora da janela, também a chuvapinga, sob o jugo do seu peso. Ascrianças nem dão por isso. Junto àparede, vários aquários temporáriosenfileiram cágados e tartarugas. Éaltura de preencher uma ficha deespécie, sendo esta escolhida porcada grupo entre a dúzia de animaisdiferentes que ali se apresenta.

Solto, um aluno, espontâneo, apon-ta um aquário e, pedindo confirma-ção, pergunta alto: «Este é cagado?».Gargalhada, emenda: «Cágado,cágado, enganei-me». Era mesmo!

Explica-se que há os autóctones —que é proibido ter em casa— e os deoutros países, como os cágadosnorte-americanos que maioritaria-mente se vendem nas lojas de ani-

mais. «Alguém já teve um cágadoem casa?». Duas alunas confirmam eadiantam, com tristeza, que morre-ram. «Pois, mas outros crescem,ficam grandes e então os donos jánão gostam tanto deles e deitam--nos a lagos e rios, o que não devemfazer!», porque «vão concorrer comas nossas duas espécies de cágadose prejudicá-las», completa Ana, vozsuave.

Sim, porque os «cágados são dife-rentes das tartarugas. Eles têmmembranas entre os dedos, paranadarem melhor, e a sua carapaçatem um desenho que ajuda a deslo-carem-se na água, hidrodinâmicos»,diz Mafalda.

Mas as tartarugas marinhas aindaestão mais adaptadas à água. Assuas patas são autênticos remos.Ana Cunha lembra o acidente defuelóleo que resultou do navio«Prestige», há quase um ano e o malque essa forma de poluição lançasobre os habitat oceânicos.

E o assunto seguiu, cheio de novida-des, na diversidade de espécies dequelónios de todo o mundo. Quantoao sexo, ficou-se a saber que a dis-tinção varia segundo as espécies,mas tratando-se do quelónio maisconhecido, o cágado da Florida, omelhor método é verificar a locali-zação da cloaca, bem como a conca-vidade da base da carapaça.

Instruções doprofessor: tirarapontamentos,

que na escola oassunto temcontinuidade

Diferentes espéciesde quelónios pedem

identificação daespécie

Page 32: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

32 Parque Biológico Inverno 2004

e s p i g u e i r o

Mãos pequenitas, inexperientes, buscam o frutono chão, entre os ouriços. Um, mais fechado, pedeum pé que o entreabra para as castanhas surgi-rem. Foi assim durante cerca de uma hora, natarde de 15 de Novembro, quando vários gruposde crianças acompanhadas pelos pais aderiram àcomemoração do Dia de S. Martinho no ParqueBiológico de Gaia.

Depois, grupo a grupo, miúdos e graúdos concen-traram-se na casa da broa onde, ao lado do fornoa lenha, uma lareira assava tabuleiros de casta-nhas.

Não faltou música, animada pelo grupoComvinha. Ao lusco-fusco, em simultâneo com olanche regional, a tradicional fogueira de caruma,onde as castanhas estalam enquanto são assadas.

Durante a tarde inteira, a feira de agricultura bio-lógica associou-se ao evento. À entrada doParque reuniu a atenção de grande número devisitantes.

A chuvada recente impôs um solohúmido, onde as folhas dos castanhei-ros ensopadas se misturavam com osespinhosos ouriços

Festa da castanha

Assar castanhas à forçade caruma ardente

O solo encharcado disfarçou ainda mais as castanhas

Manuel Costa, faca em acção,prepara castanhas para assar

Page 33: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 33

Jardim dos SonhosA história do sapo Laró que «é filho do seu pai e neto da sua avó»

«Somos espantalhos, não temos his-tória», ouve-se. Cada cabeça suasentença, avisada neste caso: «Todosnós temos uma história»!

Abatem a imobilidade e resolvembrincar. Inventam um conto em queum sapo e uma raposa falam atravésde ninhos de passarinhos, já que «ashistórias podem ser imaginadas».

Começa assim a peça «O Jardim dosSonhos», interpretada pelos actoresAntónio Pedro e Margarida Barata,com encenação e autoria deFernando Ary.

As palmas da criançada a espaços demúsica parecem ensaiadas, de tãocertinhas, mas não são. A cumplici-dade entre os actores e o públicoressalta nas risadas das crianças que

não resistem às danças e dizeres dosintérpretes da companhia itinerante«Os Últimos».

O percurso de descoberta da nature-za do Parque Biológico entra noenredo, com destaque para os

bisontes e outros animais de maiorporte, como os javalis.

Esta peça esteve em palco no audi-tório do Parque Biológico de Gaia de1 a 21 de Dezembro.

Entre as palmas das crianças e a entrada da música, a história de «O Jardim dos Sonhos» entrou nos caminhos doParque Biológico: o javali e o bisonte foram dos animais chamados à liça entre as artimanhas da Raposa e do sapo Laró

Page 34: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

e s p i g u e i r o

34 Parque Biológico Inverno 2004

Envolvendo uma série de acontecimentos no ParqueBiológico de Gaia, ora com animais ora com pessoas,os sonhos de Alice desenrolam-se durante o seu sono.É este o enredo do espectáculo de teatro, com cerca de45 minutos, que a Companhia Itinerante de Teatro «OsÚltimos» coloca em palco no auditório do ParqueBiológico de Gaia de 1 de Março a 3 de Abril (à sema-na às 10h30 e 11h30, para grupos com marcação pré-via; aos sábados será às 16h00).

O público verificará a existência de dois tipos de lin-guagem, já que se destina ao público infantil e juvenil.

Esta peça tem autoria e encenação de Fernando Ary,assistência de encenação de Rita Macedo, com osactores António Pedro, Margarida Barata, Ana Prefeitoe Rodrigo Viterbo. Inspira-se na conhecida obra deLewis Carroll «Alice no País das Maravilhas». Os horá-rios devem ser confirmados através do telefone 227878 120.

Teatro: No Parque das MaravilhasEm Março e Abril há mais actores a subir ao palco do Parque Biológico de Gaia

O Parque Biológico convidou asEscolas de Avintes a decorarem ospinheiros de menor porte fronteirosao seu Centro de Acolhimento.

Na semana de 2 a 12 de Dezembro,às 10h00, vários grupos de alunosestão a decorá-los com materiaisreutilizados transformados em boni-tos enfeites natalícios.

Escada em riste, à luz da manhã,professores e alunos enfrentam oseu pinheiro no fito de o transfor-marem numa obra de arte natalícia.

A partir de 18 de Dezembro, e até aoDia de Reis, estas árvores de Natal

estiveram expostas no ParqueBiológico de Gaia.

Depois, foram a votos, os visitantesclaro. Elegeram como árvore vence-dora a que foi decorada pelaFundação Joaquim Oliveira Lopes. «Àescola vencedora será atribuído umdia de autocarro para um destino àescolha», informa a organização.

Os restantes lugares foram assim

distribuídos em função dos votosdos visitantes do Parque: 2.º lugar,Escola E B 1 de Aldeia Nova; 3.ºlugar, Escola E B 2/3 de Avintes; 4.ºlugar, Escola E B 1 de Palheirinho; 5.ºlugar, Escola E B 1/JI de Espinhaço;6.º lugar, Escola E B 1/JI deCabanões; 7.º lugar, Escola E B 1/JIde Pousada; 8.º lugar, Escola E B 1/JIde Magarão.

Alunos enfeitam árvoresEmbalagens de iogurte, latas, garrafas de plástico, pacotes de leite e outros mate-riais considerados lixo foram trabalhados pelas crianças na escola e, ei-los, conver-tidos em lindos enfeites natalícios à porta do Centro de Interpretação do ParqueBiológico de Gaia

Page 35: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 35

A caça aos ovos de Páscoa, os mes-tres cozinheiros, a cesta de ovos, afornada de broa, a volta da alimen-tação, a caça ao baú de primavera, oespantalho primavera, a construçãode tipi (tenda típica índia)... Tudoserá um bom motivo de alegria!

Estas actividades decorrerão nosdias 5, 6, 7, 12, 13, 15 e 16 de Abril.

Poderá fazer a inscrição do seu filhoaté ao dia 29 de Março, bastandopara tal contactar o ParqueBiológico de Gaia através dosseguintes meios: Tel.: 22 7878120 -Fax: 22 7833583 - E-mail:[email protected]

As férias de Páscoa estãoa chegar e o ParqueBiológico tem o enormeprazer de apresentar umconjunto de actividadesmuito divertidas!

Oficinas dePrimavera

Visitas guiadas em viatura eléctricaAgora, deslocar-se no percurso de descoberta doParque Biológico de Gaia já não é problema paraidosos, deficientes físicos ou, simplesmente, para osmais comodistas!

O carro eléctrico é conduzido por um técnico doParque. A visita tem uma duração aproximada de 30minutos e percorre todo o percurso do Parque,parando nos locais de maior interesse com explica-ções do técnico acompanhante.

Custa, com marcação prévia obrigatória, à semana,€ 10,00; ao fim-de-semana e feriados, € 20,00.Este preço é independente do número de pessoas(máximo cinco) e não inclui entradas no Parque.

Aos sábados não há obrigatoriedade de marcaçãoprévia. Horários destas visitas: 14h30 e 16h00.Custa € 2,00 por pessoa.

As marcações podem ser feitas pelo telefone227878120.

Page 36: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

e s p i g u e i r o

36 Parque Biológico Inverno 2003

Centro de Recuperação

São muitas vezes aves de rapina, mastambém garças diversas, gralhas,ginetas, e até texugos. Às vezes foi oamigo-do-gatilho que disparou e nãomatou. Outras foi o voo tolhido porum cabo eléctrico, e não poucasvezes foi até a pilhagem de ninhosque levou ao poço do cativeiro.

Quando não morrem ao chegaremao Centro de Recuperação, estesanimais podem tornar-se irrecupe-ráveis por vários motivos.

Sendo tratado, o espécime fica, porexemplo, com uma fractura malconsolidada. No caso de uma rapinanocturna, como o bufo, isso vai fazercom que o seu voo silencioso em

cima de um rato seja perceptível epossa assim estar definitivamenteinapto para se alimentar sozinho.

No que toca a animais selvagenscriados em cativeiro, estes têm osórgãos todos no sítio e a aerodinâ-mica de voo ideal, sendo aves,porém, criaram hábitos de depen-dência absoluta e o instinto não secomplementa pela experiência depredação, logo, depressa se arriscama morrer de fome. Porque vida emliberdade é muito dura, mesmo paraquem tem as peças todas no sítio ebem oleadas...

Daí que sejam importantes, em con-servação da natureza, medidas

como a preservação dos habitat, emuita educação ambiental, para quea pilhagem de ninhos e tocas deixede ocorrer, assim como os amigos--do-gatilho passem a respeitar a lei.

Neste sector de trabalho, em qualquer parte do mundo, as histórias de insucessosão muitas. Mas não há por que baixar os braços: sabe porquê?

O caso chegou ao nosso conheci-mento quando no Centro deRecuperação do Parque Biológico deGaia arribou uma gineta, vista aquiem baixo.

Vinda de perto de Crestuma, de umsítio onde há campos cultivados,juntou-se a mais duas, que porrazões parecidas foram entregues aoParque.

E tudo porque não só as galinhasandavam a desaparecer no galinhei-ro de dona Fátima como, num dosprimeiros dias de Fevereiro, aparecemesmo uma gineta curiosamentenão na capoeira mas na própriacozinha da casa.

Fechadas as portas da habitação,isolado o animal, chamou donaFátima o vizinho Manuel Alves, que

p r o n t a m e n t ecom uma mantaapanhou omamífero e ometeu numagaiola para sertransportado.

Depois, enquan-to se deslocavaaté Avintes,parou num café.Vindo à baila ahistória da gine-ta, apareceu

logo alguém que a queria comprarpor 40 euros!

Irredutível, Manuel Alves não entrouem ilegalidades, nem tão-poucoteve a ideia de a mandar embalsa-mar! Decisão correcta, nota máxi-ma! Não concorda?

Do galinheiro para a cozinha

Texugo acolhido no ParqueBiológico de Gaia

Chegada ao ParqueBiológico de Gaia

Gineta ainda nagaiola de transporte

Page 37: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 37

Várias dezenas de crianças em actividade no ParqueBiológico de Gaia fizeram questão de assistir aomomento em que quatro águias-de-asa-redonda recu-peradas foram soltas. Estes animais tinham sido rece-bidos há um tempo e após serem tratados, no passadodia 12 de Dezembro, sexta-feira, pelas 15h00, foramsoltos.

Mas antes disso, houve lugar a algumas explicaçõesdadas por Vanessa Soeiro, veterinária. Esta técnicaexpôs que há aves que chegam ao Parque Biológicoferidas seja por acidentes, como chocarem contra fioseléctricos ao voarem, por colidirem com carros ou porencontros com amigos-do-gatilho.

Estas quatro águias, também conhecidas por búteos, jáestavam em condições para voltarem a uma vida livre.

«Há perguntas?», indaga.

Então não havia de haver? Bracitos no ar, era umnunca acabar de questões, algumas com piada: «E elasbicam-nos?». Gargalhada. Diz a veterinária: «Não! Não

lhes vais tocar. Não precisas de ter medo, as águias vãoé fugir de ti!».

Um corridinho até aos relvados amplos. À distância,silêncio pedido e conseguido, ao bonito sol dessatarde, Fernando e Paulo, dois tratadores, retiram umaa uma as aves das caixas de cartão em que aguardampelo regresso à vida selvagem. Nas suas mãos, as rapi-nas debatem-se até que acalmam. Depois, soltas,abrem as asas e pousam em árvores próximas, como écostume. Descansam, localizam-se, e só mais tarde, naquietude, procuram o seu sítio para uma nova vida deliberdade.

Libertação de águiasRecuperadas as águias, uma pequena multidão de crianças quis saborear com elaso regresso à liberdade

Explicação préviado que ia suceder

Lá vai esta!

Na iminência do voo

Page 38: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

38 Parque Biológico Inverno 2004

Concurso fotográfico

Prémios à vista, recém-apresentadosuns aos outros, Nuno GomesOliveira, director do Parque Biológicode Gaia e membro do júri que ava-liou as fotografias concorrentes,disse aos presentes que interessa aoParque Biológico de Gaia incentivara chamada «caça fotográfica», na

esperança de que esta forma de rela-cionamento com a natureza possa irsubstituindo a caça de morte.

Nesse propósito, poderá o Parque vira repetir já em 2004 este êxito, umavez que se verificou a afluência detrabalhos de qualidade em 2003.

Entregue o 1.º prémio, uma câmara

digital Canon, a João Luís Teixeira,seguiu-se a atribuição do segundo,uma câmara digital Fuji, com patro-cínio da Fujifilm, a José ManuelMelim. Houve ainda quatro mençõeshonrosas, sendo uma de José Luísdos Santos Almeida e as restantesde João Luís Teixeira.

e s p i g u e i r o

Montada a exposição do concurso «A Luz do Parque», em 27 de Novembro, pelas17h30 decorreu a entrega dos prémios aos autores dos trabalhos escolhidos pelo júri

Toirão – Foto de JoséLuís Almeida

José Manuel Melim e João Luís Teixeira, 2.º e 1.º Prémios

A primeira fotografia quechegou ao concurso.Autora: Fátima Graça

Page 39: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 39

Quer ser voluntário? O Parque Biológico de Gaia abre as portas ao volunta-riado nas suas instalações.

Interessa ao Parque a colaboração de voluntários nasáreas de educação ambiental, jardinagem — apoio àmanutenção do Parque — e tratamento de animais.

No âmbito da educação ambiental, desdobra o acom-panhamento de visitas às exposições do Parque, visitasguiadas ao seu percurso de descoberta da natureza,recepção de grupos e apoio à actividade Sábados doParque.

No que toca ao tratamento de animais, os voluntáriospoderão ajudar os tratadores do Parque.

Os interessados deverão pedir na Recepção do ParqueBiológico de Gaia o Regulamento de TrabalhoVoluntário.

Colaboração em jardinagem éuma das actividades propostas

neste voluntariado

As 75 fotografias da mostra foram seleccionadas pelojúri — João Meneres, Gaspar de Jesus e Nuno Oliveira— de um total de 199 trabalhos apresentados, que sedistribuíram por dois pisos do centro de acolhimentodo Parque.

Em tempo de rescaldo, analisados os temas preferidospelos concorrentes, verifica-se que os temas da faunasão os mais procurados, trate-se de animais em cati-

veiro ou daqueles que pululam em liberdade peloParque, como os coelhos ou os esquilos. Aliás, na tota-lidade dos trabalhos apresentados a concurso, repre-sentam mais de metade (53%).

Mas no que toca às fotografias seleccionadas pelo júripara exposição, o tema fauna ultrapassa os 50%(65%)! Isso quererá dizer que para o visitante de fim--de-semana um dos maiores motivos de interesse doParque Biológico é a sua colecção de animais? Ouentão que será mais fácil obter melhores fotografias sese escolher este tipo de motivo? Os resultados, só porsi, não apontam um destes dois sentidos.

Uma feliz quebra desta média resultou na fotografiado 2.º prémio, de José Manuel Melim, que escolhe ocampo de milho outonal na Quinta de Santo Tusso,com o seu espigueiro distante. Curiosamente, estefotógrafo disse ter tido conhecimento do concursoapenas perto do último dia, e por isso nem contavacom a possibilidade de vir a conquistar algum dos pré-mios. Enganou-se!

Page 40: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Quatro certames em simultâneo eduas mãos-cheias de actividadescomplementares. Eis – numa frase –a antevisão do momento empresa-rial que, de 14 a 17 de Abril, preen-cherá o recinto de exposições daEXPONOR e os auditórios do Centrode Congressos da Feira Internacionaldo Porto. Os negócios em carteira eos debates sectoriais programadosabrangem áreas que incluem a tec-nologia ambiental, os produtos eserviços para os municípios, segu-rança e subcontratação.

Falamos do PORTUGAL AMBIENTE –7.º Salão Internacional de

Equipamentos, Tecnologias eServiços Ambientais, do INTERMU-NICIPAL – 4.º Salão de Produtos eServiços para Municípios, do INTER-SEGURANÇA – 3.º SalãoInternacional de Projectos, Sistemase Equipamentos de Segurança e doSUBCONTRATA – 2.º SalãoInternacional da Subcontratação.

Um dos destaques é o PrémioNacional de Inovação Ambiental«Indústria e Ambiente» (uma dasrevistas especializadas de referênciano sector), ao qual o PORTUGALAMBIENTE se associou, no sentidode reconhecer as empresas portu-

guesas que, através das suas inova-ções, contribuem para um bomdesempenho no domínio (mais por-menores em www.portugalambien-te.exponor.pt).

A iniciativa conta com o alto patro-cínio da Presidência da República eprevê a entrega dos galardões ouro,prata e bronze aos vencedores, queserão automaticamente candidatosao European Environmental PressAward 2004 – Inovação Ambientalpara a Europa.

Inovação e progresso; problemaambiental e influência; custo-eficá-cia; e originalidade serão os critérios

e v e n t o

40 Parque Biológico Inverno 2004

Portugal AmbienteNa EXPONOR, de 14 a 17 de Abril, o Portugal Ambiente – 7.º Salão Internacional deEquipamentos será um fórum de debate que permitirá o intercâmbio de opiniões,experiências e a realização de negócios nos diversos âmbitos e sectores do meioambiente

Page 41: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

sob os quais o júri avaliará as pro-postas. A cerimónia de entrega dosprémios decorrerá durante a feira.

Pólo de negócios, o PORTUGALAMBIENTE tem como ambições para2004 incrementar a qualidade damostra (cada vez mais representati-va da oferta e da procura), assumir opotencial de alavanca para o sectore criar valor para as empresas, inclu-sive através do reforço da compo-nente de reflexão estratégica, queperpassa à margem da vertentecomercial.

Dentro do contexto de desenvolvi-mento económico dos países daUnião Europeia e a consequenterequalificação ambiental, torna-seimperativa a inserção das empresasnum quadro de reestruturação edesenvolvimento sustentável. Daíque o ambiente deva ser encaradocomo um investimento e factor decompetitividade.

A edição deste ano dará um especialênfase a dois novos espaços, devida-mente sectorizados: o Espaço Água(com forte potencial, no qual seexporá as últimas novidades ao nível

de equipamento, produtos e servi-ços); e o Espaço Energias Renováveis(demonstrando que são não somenteuma possibilidade real, mas, sobre-tudo, a melhor opção). A este nível,uma das presenças garantidas é aAssociação Portuguesa deProdutores Independentes deEnergia Eléctrica de FontesRenováveis (APREN), que trará àEXPONOR um parque eólico emescala adaptada.

Actividades

O Instituto de Tecnologias Ambien-tais (ITA) e a revista Tecnologias doAmbiente colaboram com o certamena vertente complementar, organi-zando um seminário sobre asmelhores tecnologias para águasresiduais e efluentes – uma acçãoque surgirá sequenciada por duascongéneres: uma sobre as soluçõesde vanguarda existentes no mercadopara o tratamento de emissõesgasosas, resíduos industriais e ruído;outra a respeito da dos sistemas degestão ambiental (ambas sob orga-

nização da EXPONOR e daAssociação Empresarial de Portugal).

O núcleo regional do Norte daAssociação Portuguesa deEngenheiros do Ambiente (APEA)promove, por sua vez, também noCentro de Congressos, uma confe-rência subordinada ao título«Cumprir Quioto – desafios e obstá-culos», que trará ao acontecimentomuitos e conhecidos especialistasna temática.

A força das autarquias

O INTERMUNICIPAL - 4.º Salão deProdutos e Serviços para Municípiosvolta a abrir portas às empresas dosegmento, contando desta feita comuma área dedicada à exposição dasprincipais valências que, do pontode vista económico, cultural, socialou desportivo, as autarquias dese-jem apresentar.

Como em anos anteriores, o certameacolhe firmas de equipamento emobiliário urbano, sinalização, águae saneamento, transportes, recolhae tratamento de resíduos, electrici-dade e iluminação, serviços de con-sultoria e projectos, limpeza e segu-rança.

Mas é o programa paralelo aemprestar o suplemento de debate.«Três olhares sobre a cidade» é omote do "workshop" a correr à mar-gem, com intervenções dos arqui-tectos Gonçalo Ribeiro Telles eMaria João Pinto-Coelho, e doProfessor Ermanno Aparo, modera-dos por Luís Aresta. A iniciativa ser-virá igualmente de palco à entregado Prémio «Intermunicipal -Arquitectura Paisagista», que visadistinguir autarquias (Câmara eJuntas de Freguesia) que se tenhamnotabilizado pela inovação e valori-zação da qualidade ambiental emnovos projectos municipais de zonasverdes (para obras concluídas em2003).�

Inverno 2004 Parque Biológico 41

Page 42: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

42 Parque Biológico Inverno 2004

Esta questão, embora sempre envol-vida em polémica, deve ser, cada vezmais, desmistificada.

Muito embora A. Shigo tenha afir-mado, há décadas, que o uso de pin-turas sobre as feridas de poda ououtras, fosse nefasta para as árvo-res, esta prática continua a ter mui-tos defensores.

No entanto, cada vez mais, estudosde investigação vêm comprovar queesta prática não conduz aos resulta-dos pretendidos. Antes pelo contrá-rio, pode em muitos casos contribuirpara um aumento das podridões eavanço dos patogénios.

Para se entender o porquê é precisorelembrar o funcionamento domecanismo de defesa das árvores: asárvores não cicatrizam, as árvorestêm um processo químico de defesaque lhes permite inibir a presença deagentes patogénicos e desenvolve-rem novos tecidos sobre as zonasferidas. As árvores não têm a capa-cidade de regenerarem tecidos, elasfabricam novos tecidos para cobriras zonas feridas e fazem-no atravésdo seu crescimento anual. Junto auma zona ferida, os tecidos do câm-bio vão estimular a formação docalo, que todos os anos vai engros-sando até tapar a ferida. Quando asferidas são muito extensas a árvorepode não ter capacidade para astapar ou demorar muitos anos afazê-lo, mas a sua capacidade dedefesa não se limita à formaçãodeste calo: internamente tambémhá transformações importantes quea árvore orienta para se proteger depossíveis agressões de patogénios.

Quando sofre uma agressão, a árvo-

re começa imediatamente a canali-zar para essa zona substânciasdesinfectantes que contribuem parauma selagem da área afectada. Amadeira exposta inicia um processode secagem natural protegida poressas substâncias que aceleram osprocessos de oxidação. Mais inter-namente dá-se um processo chama-do compartimentação: a árvore vaidesenvolvendo barreiras naturaisque impedem o desenvolvimento depodridões ou de doenças. Uma daszonas das árvores ricas em substân-cias de defesa é a zona do colo dosramos.

Quando se aplicam quaisquer pro-dutos sobre uma ferida está-se a:

- inibir o fluxo e a natural distribui-ção de substâncias químicas natu-rais até à zona ferida, reduzindo oprocesso de formação do calo e acompartimentação devido à inibiçãodos processos naturais de oxidação.

- promove-se o excesso de humida-de propício ao desenvolvimento defungos e bactérias.

- a abertura de fendas que ocorrecom o tempo nestes produtos cria ascondições óptimas para a entrada depatogénios.

Um dos passos importantes para quea árvore desenvolva bem o seu pro-cesso natural de defesa é fazerem--se cortes bem feitos aquando dapoda. Quando se elimina um ramo ocorte não deve afectar a zona docolo onde está a maior quantidadede substâncias de protecção, os cor-tes muito junto do tronco são preju-diciais e não permitem um bomdesenvolvimento do calo. Se o cortefor de atarraque (encurtamento de

um ramo) este deve ser feito juntode um ramo inferior; a presença deum ramo junto da zona de corte vaifacilitar o processo de defesa daárvore.

Se apesar do descrito se optar porutilizar qualquer tipo de coberturade feridas estas devem ser vigiadascom bastante frequência e retoca-das sempre que se verifique o apare-cimento de fendas.

O enchimento das cavidades é outraprática que tem efeitos semelhanteaos das pinturas, acrescendo o factode que nunca atingem o objectivomecânico pretendido, devendo-se,por isso, evitar igualmente.�

Texto e fotos: Sociedade Portuguesa deArboricultura

Bibliografia:Shigo, A.; A New Tree Biology"Endereços electrónicos úteis:http://www.chesco.com/~treeman/dress.htmlhttp://www.cals.ncsu.edu/agcomm/writing/disaster/trees.rtfhttp://www.hsvgreen.info/UFBiolDefense.htmhttp://www.na.fs.fed.us/spfo/faqs/trpaint.htm

Feridas e cicatrizantesUma das práticas ainda correntes no tratamento e manutençãode árvores é a utilização de pastas para cobertura de feridas,nomeadamente após as operações de poda

a r b o r i c u l t u r a

Ferida de poda em árvore jovem compasta aplicada; é visível a interferênciaque a pasta faz ao bom desenvolvi-mento do calo

Page 43: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

A construção em terra é utilizada emtodo o planeta pelas mais diversas civi-lizações humanas. As propriedades úni-cas deste material e a sua disponibilida-de gratuita permite essa grande disse-minação. Quando falamos deste tema,relacionamos directamente tal materialcom a pobreza, países do terceiro mundoe condições insalubres de vida das popu-lações. Isto porque a sociedade ociden-tal se habituou a ver a terra como umelemento sujo e com bactérias. O gran-de desenvolvimento tecnológico, econó-mico e social ocorrido nos dois últimosséculos fez com que se esquecessemtécnicas tradicionais com milhares deanos de história, provadas pela sua efi-ciência e economia. Felizmente a cons-trução em terra crua tem vindo a ser«repescada» por alguns técnicos, por setratar de uma solução ecologicamentemais correcta do que as técnicas queusamos actualmente.

A grave situação ambiental que vivemosna actualidade obriga à procura denovas soluções que permitam manter ospadrões de qualidade de vida a que esta-mos habituados, mas que permitam quetambém os nossos filhos venham a terpelos menos essa qualidade de vida.

É bom que fique claro que essa possibi-lidade está longe de estar garantida. Umestudo recente de uma universidadeinglesa mostrou que com uma perspec-tiva optimista da subida da temperatura

— provocada pelo efeito de estufa —, até2050, cerca de um quarto de todas asespécies animais e vegetais se iriamextinguir. Como sabemos das aulas dociclo preparatório, nesta grande naveespacial que é o planeta Terra existemciclos biológicos que dependem de umainteracção sequenciada de diversosseres. Quando alguns dos elos desapare-cem começam os desequilíbrios. Como asobrevivência humana depende derecursos oferecidos pelo planeta, como oar, a água e os alimentos, seria talvezaltura de todos reflectirmos: com quepodemos contribuir para melhorar oestado da situação?

Não defendo utopias de retorno àscavernas ou a pseudoaldeias ecológicas,mas acredito no desenvolvimento deuma nova consciência colectiva queprocure minimizar ao máximo os impac-tos negativos da presença humana nabiosfera.

Historicamente falando, a terra era já uti-lizada no antigo Egipto, onde praticamen-te toda a construção civil era feita deadobe – tijolos de terra cozidos ao sol.Apenas os edifícios mais importanteseram construídos em pedra. Cerca de 20%da muralha da China é construída emterra e, no Médio Oriente e África, conti-nua a ser um sistema muito utilizado.

No nosso país existem também inúme-ros exemplares que chegam até hoje,testemunhando o facto de que é possí-

vel construir edifícios de terra comgrande durabilidade.

Hoje começamos a reaprender a utilizareste material fantástico, pela mão dediversas pessoas interessadas no tema eque tem vindo a pesquisar as vantagensda utilização da terra para a construção.Um dos principais argumentos para aadopção deste material é a sua baixaenergia incorporada, ou seja os baixosníveis de energia despendida paramanufacturar e transportar o material,uma vez que a produção pode ser des-centralizada usando sistemas de baixatecnologia. Além disso, a sua extracçãopraticamente não provoca danosambientais, porque a terra que precisa-mos de extrair situa-se por debaixo dascamadas de terra vegetal. Essa terra édepois misturada com pequenas quanti-dades de cimento ou outros ligantes quelhe dão uma grande estabilidade e resis-tência às condições atmosféricas. A uti-lização na construção traz também inú-meras vantagens, como por exemplo ainércia térmica, por outras palavras, acapacidade de absorver o calor, manten-do uma temperatura uniforme ao longodo dia, permitindo soluções bioclimáti-cas compatíveis com o nosso clima, tor-nando as nossas casas mais confortá-veis. É portanto um material que, alémde vantajoso sob o ponto de vistaambiental, é também interessante na«performance» e no preço.

Existem diversos sistemas construtivosassociados a este material, como porexemplo o adobe – tijolo de terra – ataipa – ripas de madeira preenchidascom argamassas naturais – entre outros,cobrindo uma grande variedade de utili-zações. Só não é mais utilizado porquenão tem sido divulgado e na sua prepa-ração e aplicação, não promove grandesexplorações económicas e como tal nãotem grupos de interesse com capacidadepara promoverem e divulgarem este sis-tema construtivo. Esperemos que poucoa pouco este cenário seja alterado parabem de todos.�

Na internet www.centrodaterra.orgFoto: Ana SofiaTexto: Francisco Saraiva - [email protected]

a r q u i t e c t u r a

Inverno 2004 Parque Biológico 43

E por que não em terra?A construção em terra utilizada desde sempre pelas sociedades humanas começafinalmente a ressurgir no mundo ocidental

Casas tradicionais na Tunísia

Page 44: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Espigueiros e Mamíferos

"Espigueiros de Portugal", de Armando ReisMoura, edição do Parque Natural da Ria Formosa

Qual foi a evolução dos espigueiros? E a sua estrutu-ra? Como se distribuem geograficamente e que futuroterão?

Estas são algumas das perguntas a que o autor res-ponde, complementando as respostas com o glossáriodas palavras tipicamente associadas aos espigueiros.

Distribuídos sobretudo no Noroeste português, são umelemento visual que sempre se retém, ao passar.

Por exemplo, no Parque Biológico de Gaia não há comodeixar de ver dois espigueiros no seu percurso. Modelocaracterístico da região gaiense, fazem jus às relíquiasagrícolas que ainda se vão vendo mas que tendem aescassear mais a cada dia que passa.

Daí o interesse de livros como este, que juntam infor-mações e imagens de cada estilo, segundo a região emque se instalou.

Não é possível separar a eira do espigueiro. Elementosfundamentais da agricultura tradicional, foram cenáriodos ritmos das colheitas e do pousio, da lida da terra edo seu arroteamento.

"Mamíferos de Portugal e Europa", de DavidMacDonald e Priscilla Barret, edição FAPAS

Na expectativa dos passeios alargados que os diasmaiores proporcionam, um guia de campo de mamífe-ros selvagens vem a calhar.

Livro adequado para conhecer mais de perto os aspec-tos de conservação da natureza, o que mais ameaça asua sobrevivência, pormenores da sua biologia, entreoutros, oferece-lhe uma noção mais clara da diversi-dade e interesse destes bichos.

Com ilustrações, define as posturas, cor da pelagem,crânios, os indícios de presença — pegadas, trilhos,tocas, excrementos, etc. — desta ou daquela espécie,especialmente úteis em espécies como as lontras.

44 Parque Biológico Inverno 2004

p a r á g r a f o

Um certo mamífero, o rato, levou outro mamífero, bem mais esperto, o homem, asonegar-lhe a provisão de cereal

Page 45: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Inverno 2004 Parque Biológico 45

i n f â n c i a

Desejos para 2004!Em férias natalícias, durante as Oficinas de Inverno do Parque Biológico de Gaia, aesperança para o Novo Ano foi brotando e as mensagens marcaram o encanto dosnossos meninos

Várias actividades preencheram a passada época dedescanso lectivo. Desde a ajuda na alimentação dosanimais, passando pela caça ao baú, pelos peddy--papers, pelas ornamentações de Natal e até à culiná-ria tudo foi motivo de animação.

Ao início da tarde do dia 30 de Dezembro, logo após a

construção dos ninhos artificiais, a proposta foi pensa-rem naquilo que desejavam para o novo ano e coloca-rem em papel como desenho, jogo ou texto.

E o resultado aqui está!

Muito obrigada pela vossa ajuda e um novo ano cheiode alegria para todos.

Tiago Castro

Page 46: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

46 Parque Biológico Inverno 2004

i n f â n c i a

Alexandre Agis

Gonçalo

Inês Camarinha

Pedro Castro

A C B E L N A T U R E Z AO V A B C D E F N Z A C BP I G H I J K L I P T H JQ V M N O P A B Ã L N T ÀV A C O N O P C O U X P RS A T N Ã O À G U E R R AT P O M O V L L M E N O LU A P F E L I C I D A D EV Z Q R S T U V X O Z M GA N L O P A M O R Q E R RT U U T A S S P E N T E IA M I Z A D E O M O V E A

Descobre nestas sopas de letras aspalavras que aqui encontras.

1. Amizade 5. Natureza2. Amor 6. União3. Felicidade 7. Viva a paz4. Não à guerra

Jogo realizado pela Cátia Agis

Page 47: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Ano Novo Vida Nova!

Ano Novo é significado de alegria, paz e mudança. Porque se não mudamos qual o significado de um novo ano?Desejo um Bom Ano a todos, principalmente à minha família

30 de Dezembro de 2003 Mafalda Sá

Inverno 2004 Parque Biológico 47

Eu queria para o mundo...Para o mundo eu queria que não houvesse guerra.E também muito amor e alegria. Queria que todos fossem unidos.

30 de Dezembro de 2003Marta Sofia

Eu gostava que não houvesse guerras e fomes.Também gostava que todos mudássemos para melhor.

30 de Dezembro de 2003Inês Sá

E D A B O A C DF G O S G S Z CD E R F D O F DA U C D E R V AF D O R D P A RD P Á S S A R OO P O O S O Á RO S P L B C D O

1. Erva2. Pássaro3. Urso

Jogo realizado pela Marta Sofia

Page 48: Revista 10 - 48 - Parque Biologico de Gaia · Das aves que cá ficam no Inverno, só sobrevi-vem as mais aptas. O tempo invernal sugere que se dê uma ajuda, para que os seus ban-dos

Foto da Estação

Há gelo. Tudo estábranco na terra. Cinzentoeste tempo. Nada se vê.Só imagens de alvura. Oscontornos permanecem...E tudo está frio, gélido...Podia o sol queimar omundo, o vento levá-lopara parte incerta, a águainundá-lo com carícias deternura... Tudo vejogelado... O brancoencobre o Universo. Etorna-se mais fácil umavisão do silêncio...

In «Sobre o Vale do Mosteiro», de EugénioMendes Pinto, Campo das Letras