Revista 10.pdf

24
O homem e suas duas naturezas Liberdade para pensar e sentir A lei universal de movimento O egoísmo não é sentimento Uma nova forma de sentir e conceber a vida n.º10

Transcript of Revista 10.pdf

  • O homem e suasduas naturezas

    Liberdade parapensar e sentir

    A lei universalde movimento

    O egosmono sentimento

    Uma nova forma de sentir e conceber a vida n.10

  • 5 L O G O S O F I A

    O homem dever empenhar seus melhores esforos e energias em buscar a si mesmo.

    Saber prevenir-se contra o engano das aparncias para conhecer-se tal como em

    realidade . Encontrar-se- na humildade de seu corao, na inocncia de sua alma, na pureza

    de seu esprito e, da, com a mente limpa e resplandecente, experimentar as excelncias

    inefveis da vida superior.

  • COM UM NOVO PROJETO GRFICO, que busca facilitar a leitura e o estudo de seus artigos, Logosoa traz neste nmero novas e originais concepes sobre a vida humana e universal. Um exemplo o tema que aborda as duas naturezas do ser humano, uma delas bem visvel para todos em seus aspectos fsico, biolgico e psicolgico , enquanto a segunda, de vital importncia para o destino do homem, continua sendo um enigma no campo da cultura contempornea. Este o assunto tratado na seo NOVOS CONCEITOS. Para superar a fronteira do que constitui a incgnita de si mesmo, a cincia logosfica abre as portas de uma nova e fecunda investigao e ofe-rece, ao mesmo tempo, os resultados obtidos mediante o estudo e prtica dos conhecimentos que a integram. Outro artigo mostra como o contnuo avano tecnolgico, que retirou o homem das ca-vernas primitivas para al-lo aos vos no espao sideral, convive, paradoxalmente, com uma crise de valores que ameaa o cerne da famlia humana. O conhecimento logosco demonstra que esse paradoxo apenas aparente, pois a atual cultura vem falhando pela base, ao truncar as grandes possibilidades humanas de evoluo interna, como se ver na seo EVOLUO CONSCIENTE, que publica o artigo LIBERDADE PARA PENSAR E SENTIR. Liberar o homem da escravido interna um dos objetivos desta nova e muito esperada cincia do aperfeioamento imediato, positivo, integral e consciente do homem. O artigo O EGOSMO, publi-cado na seo CONHECIMENTO DE SI MESMO, descreve um desses ditadores que oprimem a vida, ou seja, as decincias psicolgicas enquistadas na mente e que cerceiam a prerrogativa humana de crescer psicolgica, moral e espiritualmente.

    E, na seo GRANDES CONCEPES, o artigo A LEI DO MOVIMENTO promover, sem dvida, reflexes sobre um conhecimento tambm ignorado pela atual cultura: o de que, a exemplo das leis fsicas que governam o planeta, existem leis, igualmente universais, que regem a vida e o destino dos homens, como, entre outras, a da Evoluo, do Tempo, da Herana, de Causa e Efeito e a do prprio Movimento. Outra novidade deste nmero so os artigos escritos por estudiosos da cincia logosca, rela-tando suas experincias no estudo e na aplicao dessa nova gerao de conhecimentos prpria vida, publicados na seo EXPERIMENTANDO O QUE SE ESTUDA. Uma proveitosa leitura, com excelentes resultados, o que desejamos a voc, estimado leitor.

    A REDAO

    PREZADO leitor,

    L O G O S O F I A 3

  • 5 L O G O S O F I A

    0507

    1013

    15

    21

    17

    O HOMEM E SUASDUAS NATUREZAS

    NovosConceitos

    EvoluoConsciente

    GrandesConcepes

    Conto

    Conhecimentode Si Mesmo

    PERGUNTAR NO OFENDE,MUITO MENOS A DEUS

    O VALOR DA EXPERINCIA

    Experimentandoo que se Estuda

    ltimaPgina

    A LEI DEMOVIMENTO

    EXPERINCIAINSTRUTIVA

    O EGOSMO

    AS GRANDESREVOLUESDO PENSAMENTO

    Coordenao:Jos Alberto da Silveirae Dalmy GamaSubcoordenao:Joana Melo Bomm PassosEdio de Textos:Flvio Friche Passos - Mtb 2015/MGReviso Geral:Eliane Amlia C. Vieira MartinsProjeto Grco:Raphael Gideoni Albinati BatistaCtp e Impresso:Label Artes GrcasAno: 2006

    PUBLICAO CULTURAL DA FUNDAO LOGOSFICA EM PROLDA SUPERAO HUMANA

    Todos os artigos

    no assinados

    so da autoria

    de Carlos Bernardo Gonzlez

    Pecotche Raumsol, podendo

    ser reproduzidos livremente

    desde que sejam mencionados a

    publicao e o nome do autor.

    EXEMPLARESDE CORTESIA

    Caso queira receber gratuitamente as prximas edies, envie seu

    nome, idade, prosso e endereo completos pelo e-mail

    [email protected]

    ou pelo fax (31) 3273-3266ou via correio

    LIBERDADE PARAPENSAR E SENTIR

    19

  • L O G O S O F I A 5

    QUANDO DEUS CRIOU O HOMEM TERRENO, sua concepo foi perfeita, como no podia deixar de ser. F-lo supe-

    rior a todo outro ser vivente sobre a Terra e, portanto,

    concedeu-lhe a graa de possuir duas naturezas: a fsica

    e a espiritual. Isto explica com farto fundamento a so-

    brevivncia do esprito humano, j que, ao cessar a vida

    fsica, permanece a espiritual, formada com os elementos eternos

    constitutivos da existncia.

    A natureza fsica, dotada de um perfeito organismo com funo automtica

    e permanente margem da vontade, com dispositivos e sistemas biolgicos que

    atuam e se comunicam maravilhosamente entre si, e um mecanismo psicolgi-

    co que se resume na alma, sempre cumpriu e continuar cumprindo sua misso

    humana dentro das necessidades, limitaes e perspectivas que dizem respeito

    vida do homem, a quem algum chamou um pouco prematuramente de rei

    da criao. E dizemos algum porque ningum pode atestar a veracidade des-

    sa verso que lhe concede to alto posto sem os necessrios merecimentos.

    Nessa natureza fsica, que constitui a base material da existncia humana, ficou

    plasmada uma parte pondervel de sua altssima concepo, dando lugar a seu

    gnero como criatura superior; mas essa parte, com sua admirvel organizao

    biolgica, s tem por finalidade articular a vida com base em necessidades e

    perspectivas materiais.

    Pelo exposto se entender que a natureza fsica perecvel, e o em virtude

    de sua corruptibilidade, que culmina com sua desintegrao, fato que, deve-

    mos ressaltar, no ocorre com o esprito, por ser imutvel sua natureza. Mas

    as mudanas evolutivas que formam os elos da perpetuidade no se produzem

    nela, mas sim na clula hereditria, substncia mental, bsica e eminentemente

    sensvel que vai forjando o destino individual de cada homem.

    A natureza espiritual do homem, ou seja, a que corresponde a seu esprito,

    diferencia-se pois da fsica pelo fato de ser incorprea e imperecvel. O ser hu-

    mano deve compreender que todos os seus esforos havero de encaminhar-se

    O HOMEM e suas duas naturezas

    NOVOS CONCEITOS

  • PODE-SE AVALIAR AIMPORTNCIA DE SE CONHECER ESTA DUALIDADE CONSTITUTIVA DA ESTRUTURA HUMANA, CUJO

    MECANISMO PASSVEL DE ARTICULAR-SE E INFLUIR COM

    RESULTADOS SURPREENDENTES SOBRE A VIDA DO INDIVDUO

    para o predomnio nele de sua natureza espiritual, para experimentar em sua

    conscincia a sensao cabal da perenidade.

    Chegar, assim, consubstanciao de ambas as naturezas, a fsica e a es-

    piritual, ou seja, conjuno harmnica de dois organismos diferentemente

    constitudos: um, de pura essncia mental, superior; o outro, fsico, inferior,

    sujeito influncia do primeiro, mas sem que esse predo-

    mnio altere, como se poderia supor, suas manifestaes

    psicobiolgicas normais; ao contrrio, a parte espiritual

    fator equilibrante entre ambas, criadas para que se com-

    plementem de forma admirvel. Pode-se avaliar a impor-

    tncia de se conhecer esta dualidade constitutiva da estru-

    tura humana, cujo mecanismo passvel de articular-se

    e influir com resultados surpreendentes sobre a vida do

    indivduo.

    Como articul-lo? Eis a grande pergunta. claro que

    isso no haver de acontecer em virtude de algum milagre

    ou graa especial que o conceda. O homem deve aprender

    a organizar sua vida para perpetuar-se dentro de sua pr-

    pria conscincia, por ser ela a que lhe permite experimen-

    tar a sensao inefvel de ser e de existir, e a que concentra, na clula heredit-

    ria ou gensica, a sntese perfeita de tudo quanto realizou durante a vida. Todas

    as conquistas em prol do aperfeioamento ficam ali impressas, o que contribui

    para a perpetuidade da herana e configura a verdadeira identidade do ser, bem

    de sua exclusiva propriedade, no qual est calcada at sua prpria fisionomia.

    A clula hereditria ou gensica , pois, a portadora da herana espiritual de

    cada indivduo. Nela se concentram os valores intelectuais, morais e espirituais

    que o homem incorpora em cada uma das etapas da vida humana atravs de

    seu longo existir e, tambm, tudo o que em se desfavor tenha feito durante

    esses perodos de vida. O esprito individual o depositrio dessa herana, da

    qual o homem dispe vontade em cada etapa existencial, desfrutando, segun-

    do o curso que resolva dar sua vida, os avanos alcanados, ou assumindo a

    carga dificultosa que o deteve e entreteve. Recolhida e custodiada sempre pelo

    esprito, a clula hereditria avana atravs das geraes, porm permanece em

    segredo para o homem at que este descubra, mediante o reencontro com seu

    prprio esprito, os valores do patrimnio individual acumulado ao longo de

    sua existncia.

    6 L O G O S O F I A

  • ESTE UM DOS SETORES DA ATIVIDADE HUMANA mais cas-tigado pelo desvio que, atravs das pocas, veio incu-

    bando a desorientao e o ceticismo em grande parte

    da humanidade.

    A julgar pelo estado de inquietude, insatisfao, dvida

    e desolao manifestado pela maioria dos que recorreram

    e recorrem aos nossos ensinamentos, podemos inferir, com

    boas razes, que a civilizao ocidental ou seja, sua cultura,

    que seu contedo se acha em via de uma derrocada inevit-

    vel. H sculos no supera seus conceitos, que mantm aferrados

    ao que se chamou de tradio, sem que se tenha pensado, certa-

    mente, que no se devem truncar as grandes possibilidades humanas

    de evoluo, porque isso inabilitaria o homem para dar cumprimento ca-

    bal ao objetivo mximo de sua existncia. Foram-lhe inculcadas, graas a uma mi-

    lenar submisso, idias e crenas que s serviram para endurecer seus sentimentos

    e imobilizar certas zonas de sua mente, precisamente aquelas que respondem aos

    ditados internos de aproximao a seu Criador, a seu Deus.

    No tem sido outra coisa o que vemos aparecer na super-

    fcie desse mundo individual, to logo levamos o homem a

    examinar, com lucidez de juzo, em que realidade se baseia

    sua f cega, bem como a examinar se j se deteve, em algum

    momento, para reetir acerca da necessidade de estar certo

    sobre uma questo de tanta transcendncia. Em quase todos

    temos encontrado a mesma obstinada resistncia a realizar

    tal exame de conscincia. E em todos, sem exceo, temos visto reetido o temor

    de que lhes seja demonstrado o erro em que vivem. Como se esse erro, ao qual in-

    conscientemente se aferraram, por fora de acreditarem nele pudesse converter-se

    milagrosamente em verdade, como compensao sua cegueira.

    Entretanto, apesar do inconveniente anotado, temos podido comprovar a eccia

    de nosso mtodo ao atuar com xito sobre os sistemas mental e sensvel daqueles

    LIBERDADE PARA pensar e sentir

    EVOLUO CONSCIENTE

    Resultados da realizao logosca no espiritual

    O HOMEM DEVE EMANCIPAR-SE J TEMPO

    DE TODA SUPERSTIO OU EMBUSTEQUE ENSOMBREA SUA RAZO

    L O G O S O F I A 7

  • que, em tal estado, recorrem fonte logosca para se inteirarem de seus contedos

    essenciais. Em honra verdade, devemos destacar que, em relao s pessoas em

    que foram inculcadas com fora idias ou crenas do tipo religioso, custou muito

    trabalho faz-las retornar realidade. Fica fcil para o logsofo experiente desco-

    brir a caracterstica predominante dessa classe de seres, que em sua maioria, como

    dissemos, foram submetidos desde tenra idade ao processo de xao inconsciente

    de certas imagens rgidas e, portanto, estticas , relacionadas com sua educao

    espiritual. Temos tambm presenciado o despertar dos mesmos e suas manifestaes

    de alegria, ao experimentarem, pela primeira vez, a sensao sublime de pensar e

    sentir com inteira liberdade, o que, no fundo de suas almas, j

    transbordava de necessidade.

    Isso prova que as proibies estabelecidas por certas comu-

    nidades com respeito infncia, e que perduram durante a vida

    do crente, se tornam totalmente nocivas para o desenvolvimen-

    to espiritual e evolutivo do ser humano.

    So to lgicas e claras as questes suscitadas pela Logosoa,

    e to fundamental sua orientao para resolv-las, que s as

    mentes obcecadas pelos preconceitos recusam suas verdades,

    que beneciam e libertam a cada um, individualmente. Isso nos

    recorda aqueles escravos sulinos, na Guerra de Secesso, que

    imploravam continuar sob o jugo de seus requintados senhores, porque se sentiam

    incapazes de ser livres e bastar a si mesmos na luta pela vida. Apesar disso, to logo

    se foram habituando ao exerccio da liberdade, aprenderam a comportar-se como os

    demais e, surpresos, viram desaparecer, uma aps outra, as diculdades que a prin-

    cpio acreditavam insuperveis, ao mesmo tempo que essa nova luta pela existncia

    se mostrava para eles cada dia mais interessante, medida que se sobrepunham

    inibio que os havia impedido, at ento, de sentir a vida como prpria e de fazer

    dela um motivo permanente de alegrias e de estmulos. Pois bem, a mesma coisa

    experimentam, sem maiores variaes, aqueles que, liberados da escravido religiosa

    ou ideolgica, em lugar de servir cegamente a um amo servem aos propsitos de seu

    destino e causa da humanidade em sua evoluo consciente, rumo aos elevados

    desgnios para os quais foi destinada.

    este, sem dvida, um dos resultados mais apreciveis que se obtm da cin-

    cia logosca com a aplicao de seus preceitos. Na maioria dos casos, age como

    gerador das energias mentais que os seres perderam durante a estril passividade a

    que foram levados pela inculcada f no abstrato, em prejuzo da f em si mesmos. A

    Logosoa j o dissemos em alguma outra parte restitui ao homem essa f per-

    A CIVILIZAO OCIDENTAL OU SEJA, SUA CULTURA, QUE SEU

    CONTEDO SE ACHA EM VIA DE UMA DERROCADA INEVITVEL.

    H SCULOS NO SUPERA SEUS CONCEITOS, QUE MANTM

    AFERRADOS AO QUE SE CHAMOU DE TRADIO

    8 L O G O S O F I A

  • O que o espritopara a Logosoa

    Em virtude da natureza extrafsica e, portanto, incorprea e sutil do esprito humano, descrev-lo bastante difcil. C o m e a re m o s por advertir, antes de resumir de modo concreto a imagem real de sua existncia, que a idia de um esprito abstrato, intranscendente ou indenido, ou confundi-lo com a alma ou com o prprio homem tenha este cultivado ou no sua inteligncia s um princpio de reconhecimento de sua essencialidade, mas no a explicao losca nem cientca acerca de sua qualidade especca e de sua verdadeira misso na vida.

    Carecem do mesmo modo de signicao as habituais aluses que se fazem ao esprito em textos e discursos, para denotar sua associao s chamadas atividades intelectuais, a menos que se queira, com isso, dar por sabido que ele se manifesta quando o homem procura elevar-se acima de toda materialidade, em busca de um atrativo superior para a vida. Nesse caso, estaremos de acordo, mas fazendo a ressalva de que nossa apreciao se fundamenta em fatos e observaes que vo muito alm do conceito generalizado.

    dida, fazendo com que saiba por conta prpria quais so os fundamentos reais que

    assistem a cada idia ou ato, bem como evitando-lhe aceit-los sem raciocnio algum,

    pelo simples fato de conar na palavra alheia.

    Fica assim resolvido um problema que aige a humanidade desde tempos ime-

    moriais. O homem deve emancipar-se j tempo de toda superstio ou embuste

    que ensombrea sua razo, e encarar decidida e valentemente a realidade que s atra-

    vs do conhecimento lcido de sua inteligncia ele pode assimilar, para bem de seu

    esprito e de sua vida.

    L O G O S O F I A 9

  • SE OBSERVARMOS QUO FECUNDA A LEI DO MOVIMENTO QUE REGE TODA AO, veremos que a uma maior atividade corres-

    ponde um maior benefcio e melhores perspectivas de evoluo.

    Tomemos o caso de uma indstria; se o desenvolvimento se rea-

    liza numa pequena escala, as despesas gerais absorvero os ganhos,

    e as nanas andaro aos tombos, sem poderem contar com uma base

    segura. Em vez disso, se intensicada a atividade, fazendo-se com que a pro-

    duo se amplie cada vez mais, os gastos gerais sero reduzidos at desaparecerem,

    enquanto aumentaro os benefcios pela prpria gravitao do volume dos negcios,

    cujo rendimento se multiplicar pela multiplicao das operaes que se realizem,

    merc do ritmo intensivo de uma orescente atividade.

    No homem sucede coisa igual. Aquele cuja capacidade de empresa muito limi-

    tada pouco render em proveito de suas necessidades fsicas; o mesmo acontecer

    com quem, tendo suciente capacidade, se conforme em desenvolver uma atividade

    medianamente produtiva. Num e noutro caso, sempre se andar aos tombos com as

    nanas, sem poder equilibrar a lista de necessidades.

    esta uma das causas, talvez a principal, por que a maioria de temperamento

    volvel, instvel, pois perdeu, como se diz comumente, a conana em si mesma.

    A Lei do Movimento a que aludimos inexorvel e incorruptvel, tal como todas

    as leis universais. Neste estudo, determinaremos seu carter e sua realidade em tudo

    aquilo que concerne vida humana.

    O homem deve intensicar sua atividade at encontrar seu centro de gravida-

    de e conseguir o equilbrio, mas primeiro dever saber que a maior intensidade

    de movimentos (produo da inteligncia) corresponde uma maior estabilidade

    e equilbrio. Um ser comum pode manter seu esforo at alcanar, por exemplo,

    o equilbrio econmico no aspecto domstico, mas isto no suciente para

    assegurar a estabilidade desse equilbrio, pois fatores alheios a sua vontade, ou

    circunstncias imprevistas, podero alter-lo, ocasionando-lhe nessa ordem de

    coisas as conseqentes perturbaes.

    A LEI DO Movimento

    GRANDES CONCEPES

    1 0 L O G O S O F I A

  • L O G O S O F I A 5

    A VELOCIDADE DO PIO

    NOS MOSTRA QUE,

    QUANTO MAIS INTENSA

    ELA , TANTO MAIS

    FIRME A ESTABILIDADE

    DELE, QUE AT PARECE

    IMVEL QUANDO GIRA

    SOBRE SUA DIMINUTA

    PONTA.

  • Dentro da grande estrutura csmica, e como uma expresso cabal e absoluta do Pensamento Supremo, aparecem conguradas, em suas respectivas jurisdies, as Leis Universais, regulando e regendo a vida csmica tanto quanto a humana.Entre as mais direta e estreitamente vinculadas ao homem, citaremos

    as de Evoluo, Causa e Efeito, Movimento, Cmbios, Herana, Tempo, Correspondncia, Caridade, Lgica e Adaptao. Fizemos esse enunciado apenas com o objetivo de determinar as leis que a Logosoa se prope descrever e aprofundar em tratados de fundo.

    A VELOCIDADE VIBRATRIA DE UM ASTRO PRODUZ LUZ; SUA LENTIDO

    PROVOCA SOMBRA

    1 2 L O G O S O F I A

    Na senda do aperfeioamento, a atividade deve ser progressiva, em ritmo ascen-

    dente, at manter um grau de intensidade suciente para dominar a maior parte dos

    campos do conhecimento. Nenhuma regio da mente deve permanecer inativa, dado

    que a evoluo tem que ser integral e com plena interveno da conscincia.

    As leis analgicas nos demonstram a correspondncia que existe entre isto e os

    astros, cujo equilbrio se verica pelo ritmo acelerado de seus movimentos de rota-

    o. O Sol, cujas revolues superam as de seus irmos meno-

    res do grande imprio solar, o que xa o centro supremo de

    atrao e determina, com sua poderosa vibrao, produto de

    sua elevada posio na hierarquia astral, a rbita que devem se-

    guir os que, sob sua gide, cumprem os altos destinos xados

    pela evoluo sideral. Idntico processo se cumpre na escala

    humana, e os mais altos postos da perfeio so reservados

    queles que se fazem dignos de penetrar no seio das verdades eternas.

    A velocidade vibratria de um astro produz luz; sua lentido provoca sombra.

    A velocidade do pio nos mostra que, quanto mais intensa ela , tanto mais rme a

    estabilidade dele, que at parece imvel quando gira sobre sua diminuta ponta.

    O que so as leis universaispara a Logosoa

  • DESFRUTANDO TODOS OS PRAZERES, vivia lu-xuosamente em seu palcio um homem muito

    abastado. Era dono e senhor da regio, em cujos

    dilatados conns se estendiam bosques e selvas quase

    impenetrveis, que ele jamais permitiu fossem explorados.

    Numa certa manh de primavera, ordenou que lhe selassem um

    cavalo com a nalidade de realizar uma incurso atravs de suas densas matas.

    Algum o advertiu de que poderia encontrar animais selvagens, ou mesmo feras tem-

    veis, capazes de pr em srio risco sua vida. O opulento e soberbo personagem se ps

    a rir, tratando-o como um ingnuo pobre diabo, e, com extrema arrogncia, enfatizou:

    Eu sou o dono absoluto destas terras. Nada nem ningum ousar perturbar mi-

    nha excurso!

    Dito isso, partiu a galope. Atravessou uma vasta e formosa pradaria, penetrando em

    seguida em largas trilhas, de incio salpicadas por escassa vegetao, mas que, pouco a

    pouco, se iam estreitando e fechando de forma intranqilizadora. Sem se amedrontar,

    prosseguiu a marcha durante vrias horas. Introduziu-se num espesso bosque e, ao

    chegar a uma clareira, deteve-se para descansar. Afrouxou a cilha de seu alazo e, ex-

    traindo de seus alforjes diversos alimentos, comeu-os com singular apetite. Aproveitan-

    do o convite propcio da hora e a tibieza do sol, deitou-se para repousar sobre a fresca

    relva. Contemplava distraidamente as ramagens retorcidas de uma rvore gigantesca,

    quando de repente viu deslizar por seu tronco, lentamente, uma vbora descomunal,

    que, num instante, tinha se aproximado dele at uma distncia temerria. Quando j

    sucientemente refeito da impresso paralisante que o tomara, o indiscutvel dono da-

    queles matagais sacou seu revlver e o descarregou sobre o temvel ofdio at a ltima

    bala que tinha.

    Sem mais desejo de dormir, sentou-se sobre as peas do arreio de seu cavalo. Mas

    no era sem fundamento a advertncia que lhe tinham feito antes de partir. Com efeito,

    no passou muito tempo sem que ouvisse o rugido de uma fera, e pde observar que,

    de todas as direes, pequenos animais cruzavam a clareira em busca de refgio.

    Ergueu-se imediatamente, e um calafrio o comoveu da cabea aos ps. Excitado pelo

    EXPERINCIA instrutiva

    CONTO

    L O G O S O F I A 1 3

  • medo, o soberbo imperador do latifndio selou o corcel com invejvel rapidez. Partiu a

    galope, mas, desafortunadamente, tinha tomado um caminho sem sada.

    A fera continuava rugindo, cada vez com mais fora, cada vez mais perto do ouvido

    que escutava com crescente desespero.

    E agora, o que fao?, disse para si, cheio de terror. Se subo numa rvore, a fera

    destri minha montaria; e, depois, como que vou embora? Se co em cima dela, des-

    tri tambm a mim, pois estou desarmado.

    Compreendeu, ento, claramente, a enorme diferena que existe entre proclamar-se

    dono de algo e possuir o domnio desse algo.

    Nessa reexo ele se achava quando, dentre a mata fechada, apareceu a cabea da

    fera, cujos rosnados e ameaas com a pata deixavam interpretar facilmente suas inten-

    es. Que fazer? De nada valeriam splicas e promessas: a fera no atende nem entende

    razes.

    Saltando sobre o cavalo, ela o matou e devorou com fome feroz. Repleto o ventre,

    lambia j sem maior apetite os cogulos e restos espalhados, quando, de repente, pare-

    ceu reparar no homem, que ali permanecia, rgido como um cogumelo. Aproximou-se

    dele, contemplou-o por um instante, e dir-se-ia que pensava: Como sobremesa, voc

    no est nada mal. Seu apetite, porm, havia cado fartamente satisfeito. Aps alguns

    segundos, longos como sculos, a fera comeou a se afastar sem pressa, virando a cabea

    de vez em quando, como que para no perd-lo de vista.

    O infeliz, pasmado de terror, no deixava de maldizer internamente o instante em que

    lhe ocorreu penetrar, to mal preparado, em seus domnios. Angustiado pela hora e pelo

    lugar, crescia-lhe o lamento interno, como as sombras que comeavam a cobrir o bosque.

    Mas a Providncia pareceu compadecer-se do desamparado, porque pouco depois apa-

    receram vrios homens de sua criadagem, montados e bem providos de armas, os quais,

    inquietados pela demora de seu senhor, tinham organizado uma angustiosa busca.

    Como o magnata do relato, o que quase ningum pensa que, para internar-se em regies desconhecidas, qualquer que seja sua natureza, preciso tomar as providncias e precaues que lhes so prprias. Por isso, quando sobrevm as diculdades, muitos se aborrecem e lamentam, sem reparar que necessrio deter-se uma e outra vez, aqui e ali, para eliminar os elementos adversos que enchem de obstculos a marcha e impedem o claro discernimento sobre as circuns-tncias que cercam o explorador.

    Pois bem; a via analgica mostra claramente que algo muito similar ocorre com freqncia nos bosques mentais. Estes, devido ao abandono de seus donos, cobrem-se de mato e emaranhadas trepadeiras, fechando-se em temveis espessuras. No falta quem, ignorante dessa circunstncia e recordando a posse dessa extenso interna, decida penetrar nela, e ento que aparece a fera que o devora ou, no melhor dos casos, o faz fugir apavorado.

    1 4 L O G O S O F I A

  • O EGOSMO UMA DEFICINCIA CUJAS RAZES REMONTAM A IDADES PRIMITIVAS, quando os homens, em permanente luta contra o ri-gor do meio, atendiam to-somente a sua defesa e conservao.

    , pois, uma decincia intimamente relacionada com o instinto

    de conservao, despertado no indivduo por imperiosa necessida-

    de da vida. Da que a vejamos aparecer, quase sem exceo, desde

    tenra idade.

    O egosmo no sentimento, como se costuma admitir, nem mesmo

    supondo ter ele uma origem bastarda. Prova concludente disso que o ego-

    sta luta amide com seus prprios sentimentos, quando, em determinadas cir-

    cunstncias, estes pretendem abrandar-lhe o corao, endurecido, precisamente,

    pelo domnio que o instinto exerce sobre ele.

    Quando a cobia sacia o egosta com a satisfao de seus apetites materiais,

    limitados ao exclusivo prazer pessoal, ele parece acalmar a mesquinhez que o

    consome; sua mente, porm, est sempre alerta para resguardar seus interesses

    contra qualquer eventualidade.

    A pessoa egosta nega a incumbncia do esprito na vida humana e resiste

    a toda idia a respeito de sua funo reitora no destino do homem. A simples

    meno de Deus, quando tem por nalidade abrandar seu egosmo, parece trans-

    tornar-lhe o juzo prova muito evidente de que esta decincia produto in-

    veterado do instinto, ltimo dos moires humanos ans com a animalidade, que

    sugere quo necessrio trocar os estados inferiores pelos de natureza elevada.

    O egosmo fecha de tal modo os ouvidos do entendimento, que no permite

    ao homem compreender a inexorvel e dura lio repetida em todo o tempo e

    idade, isto , que o acmulo de bens exclusivamente materiais agrava a transio

    que se verica nele ao cessar a vida; que o esprito nada leva deste mundo, quan-

    do, ao abandon-lo, o ser oferece ao juzo de sua prpria herana existencial um

    to injusticvel espetculo de pobreza.*

    Esta decincia corri os sentimentos. Quando estes e a sensibilidade se

    O EGOSMO

    Para a Logosoa, os comu-mente chamados maus sen-timentos no so tais, porque no se pode denominar sentimento o que foi gerado pelas paixes inferiores do homem, respondendo, em conseqncia disso, aos im-pulsos desenfreados de sua parte mais inculta: o instinto. So monstrengos psicolgi-cos malignos, a servio da paixo que lhes deu vida e os sustenta.

    L O G O S O F I A 1 5

    * Ver o livro A Herana de Si Mesmo, do autor.

    CONHECIMENTO DE SI MESMO

  • ESTA DEFICINCIA CORRI OS SENTIMENTOS. QUANDO

    ESTES E A SENSIBILIDADE SE ACHAM AFETADOS POR

    ELA, DE FATO SE PRODUZ NO EGOSTA UMA ANORMALIDADE,

    UM DESEQUILBRIO, UMA MULTIPLICAO DE DESEJOS QUE JAMAIS SE SATISFAZEM, OU S SE

    SATISFAZEM EM PARTE

    1 6 L O G O S O F I A

    acham afetados por ela, de fato se produz no egosta uma anormalidade, um

    desequilbrio, uma multiplicao de desejos que jamais se satisfazem, ou s se

    satisfazem em parte.

    Se cada um vigiasse seus pensamentos com o propsito de vericar se est

    livre desta decincia, quase certo que surpreenderia pelo menos algum ves-

    tgio dela, pois poucos so os que no levam consigo alguma partcula egosta.

    Encontrando-se numa festa, por exemplo, poder cada qual

    identic-la no desejo ambicioso que acaso experimente de

    ser o mais admirado, ou o que mais se destaque; ou talvez a

    veja presente em outro momento da vida, ao sentir dentro

    de si a fora que se ope a algum gesto desinteressado, ou

    ao conter a tempo, no caso de se achar diante de uma ape-

    titosa mesa, o impulso de escolher o melhor bocado.

    O egosta pe o preo mais baixo em tudo, pois cr que a

    vida um comrcio, onde aquele que escamoteia com habi-

    lidade os valores que anseia para si tira mais vantagens.

    Em contraposio s almas grandes, que so de todo ge-

    nerosas, as almas pequenas so egostas, insignicantes e

    privadas do respeito que aquelas que do mostras de des-

    prendimento inspiram.

    Esta falha ope tenaz resistncia evoluo consciente e obscurece

    muito o caminho do conhecimento de si mesmo.

    possvel que algum se pergunte, e no com pouco ceticismo, por qual

    brecha mental poderia penetrar no egosta o pensamento construtivo, capaz de

    se contrapor sua decincia. Certamente, no se concebe mudana favorvel

    em quem se endureceu sob a inuncia do egosmo, mas isso no deve ser tido

    como impossvel naqueles que, a tempo de reverem sua situao, possam sen-

    tir-se dispostos a abandonar seus erros, aguilhoados por alguma aspirao cuja

    nobreza os tenha conquistado. Sem dvida, o altrusmo age como claricador de

    idias e conceitos obscurecidos pelo egosmo.

    O ensinamento logosfico, prdigo por excelncia, convida o egosta a

    comportar-se altura de seu generoso esforo. Se o tem em conta, pouco a

    pouco os primeiros sintomas do desprendimento comearo a manifestar-se

    nele, e a antideficincia poder desalojar, definitivamente, to incmodo e

    mesquinho hspede.

  • s voltas com a insipincia de meus dezesseis anos de idade, inuencia-do pela leitura de livros que me ajudaram no movimento da reexo e estimularam a temerria avaliao da velha atitude de aceitar sem perguntar,

    rebelei-me contra as idias que me foram incutidas desde a mais tenra infncia sobre

    o Criador de todas as coisas.

    Fiquei ento seriamente decepcionado, no queria seguir tendo devoes e no admitia mais a

    existncia de Deus. No bero singelo do prespio mental de minha adolescncia nasceram perguntas

    cuja ousadia afrontava a religio de meus antepassados. Era um atesmo primitivo, inconsistente,

    baseado todo ele na negao de um Deus que pouqussimo ou nada tinha a ver com a Inteligncia

    innita e onipresente que comanda o espetculo da Vida e do Universo.

    Nesse estado mental, bati um dia s portas da escola mantida em Belo Horizonte pela Fundao

    Logosca em Prol da Superao Humana. Confesso que de incio pus um p atrs ao constatar que,

    dizendo ser uma cincia, a Logosoa abordava a questo de Deus como matria de estudo e inves-

    tigao. Diante da pergunta sobre se Deus existia e se era possvel provar sua existncia, deparei a

    armao de que h duas coisas que so inseparveis, porquanto constituem uma mesma e absoluta

    verdade: a Criao e seu Criador. Uma pressupe com toda a certeza a presena da outra. E mais,

    agora textualmente:A existncia de Deus se prova pela prpria existncia de tudo o que nos rodeia,

    por nossa prpria existncia e, sobretudo, pela prerrogativa que nos foi concedida de nos fazermos

    essa pergunta e tambm de nos darmos a resposta, servindo-nos do conhecimento que se adquire

    atravs do estudo, da observao e da experincia, conscientemente realizados no viver dirio.

    Prerrogativa de perguntar sobre Deus... De perguntar sobre tudo, sem ofender a ningum, muito

    menos a Deus mesmo... Isso foi para mim um verdadeiro achado! O convite era instigante e deixava

    entrever que comeava, ali, um captulo novo na histria por vezes sofrida da busca de respostas

    para os meus por qus.

    A Logosofia me fez acordar para a importncia das perguntas, me fez estudar o significado

    pedaggico e espiritual do ato de perguntar. Levou-me a constatar que a atitude interrogativa

    PERGUNTAR NO OFENDE, muito menos a Deus

    por Dalmy Gama

    L O G O S O F I A 1 7

    EXPERIMENTANDO O QUE SE ESTUDA

  • tendncia inata do esprito humano; que a liberdade de perguntar est na origem das grandes

    concepes filosficas, das grandes conquistas cientficas; que o perguntar tem tudo a ver com

    o pensar, com a evoluo, com o progresso e com a cincia. Mais do que tudo isso, porm, ela

    me ensinou a reabrir o aposento proibido das perguntas sobre a vida espiritual, trancado h

    sculos e milnios pelo dogmatismo, pelos chamados mistrios. Passou a existir a perspectiva

    de eu fazer cincia em minha prpria vida.

    Sabe-se que a arte existe h uns 80 mil anos. Supe-se que a religio tenha idade igual. A cincia

    bem mais nova: 300 anos, de Galileu para c. Nesse curto tempo, porm, inspirada sempre na co-

    ragem galileana de perguntar, ela fez a humanidade avanar muito mais do que tinha avanado em

    cinco mil anos, desde os tempos do antigo Egito.

    Galileu apresentou um mtodo cientco em sua integridade. o pai dos tempos modernos. No

    lugar da autoridade das bibliotecas, inaugurou ele a autoridade do laboratrio, da observao, da

    experimentao. No lugar da vontade de acreditar, pregada por um William James e tantos outros,

    deu nfase vontade de duvidar, o gosto e a arte de perguntar.

    O progresso que as perguntas e respostas da cincia trouxeram ao mundo inegvel. Pelo visto,

    Deus nunca se ofendeu. At mesmo as religies, que defendem a vontade de acreditar, reconhe-

    cem esse progresso. Questes como o geocentrismo e a idade da Terra foram reperguntadas e tiveram

    de ser revistas luz da cincia. Nos tempos modernos, quando um chefe religioso adoece, a sensatez

    lhe aconselha a unir a cincia s suas oraes, procurando se possvel os melhores mdicos...

    De Einstein para c, acredita-se que mais importante para o desenvolvimento da cincia saber

    formular problemas do que encontrar solues. O fsico e escritor Marcelo Gleiser, em entrevista

    a Veja, disse certa vez que em fsica o importante saber perguntar, e no responder. E disse

    tambm: Se voc zer uma indagao boba, sua resposta ser tola. Se a questo for inteligente, o

    resultado ser sempre bom. Resposta vem com trabalho, pergunta com inspirao.

    Mas aconteceu que, nestes trs sculos, as mensuraes e quanticaes se zeram enormes

    no campo cientco. Os impressionantes xitos da fsica e da qumica, sobretudo a partir do sculo

    dezenove, levaram as pessoas sem muito esprito crtico a acreditarem na matria e na energia como

    realidades ltimas.

    O surgimento da Logosoa, em 1930, representou o advento da cincia dentro do homem. Com

    ela, renascem muitas perguntas, questes cruciais para a evoluo humana, e muitas outras nascem.

    Estas outras so perguntas novas que s agora o homem consegue formular sobre o conhecimento do

    mundo mental que permeia seu ser e sua vida, que permeia tudo; sobre a organizao dos sistemas

    1 8 L O G O S O F I A

  • L ogo que iniciei os estudos de Logosoa, ao ler que deve-se experimentar o que se estuda e estudar o que se experimenta, eu no entendia bem como faz-lo. Lia os ensinamentos, achava-os lindos, lgicos, mas cava s com a sua beleza. Pouco a pouco, fui compre-

    endendo que os ensinamentos transcendentes no devem ser somente admirados, permanecendo

    estticos nos livros ou na memria; deveriam ser estudados, meditados, transportados prpria vida,

    pois s assim eu poderia comprovar ou no o seu valor.

    Resolvi, ento, fazer uma experincia, comeando com um pargrafo que me tocou profundamen-

    te a sensibilidade, desde o meu primeiro contato com ele. Est no livro Decincias e Propenses do

    Ser Humano, de Gonzlez Pecotche, no captulo Falta de Memria e Memria Consciente, e se refere

    recordao dos momentos felizes:

    EXPERIMENTANDO O QUE SE ESTUDA

    ... as imagens gravadas na retina mental

    com participao da conscincia raras vezes so esquecidas.

    Existem na vida humana passagens, fatos, condutas, frag-

    mentos de existncia, que tiveram a virtude de conceder-nos

    instantes de felicidade, alegria, paz ou ventura. Esquec-los

    L O G O S O F I A 1 9

    mental, sentimental e instintivo, nos quais se dividem suas energias psicolgicas; sobre o conheci-

    mento dos pensamentos como entidades autnomas, verdadeiros micrbios mentais agora desco-

    bertos; sobre o contato consciente com o esprito individual e com o cabedal hereditrio prprio que

    ele conserva e carrega atravs dos tempos; e sobre tantas outras coisas. Por sobre tudo isso, porm,

    rompendo toda restrio dogmtica, renascem e nascem mil perguntas capitais sobre a inquietante e

    permanente questo de Deus.

    Mais do que um ato de ofensa ao Criador do Universo, que tambm o Criador da capacidade

    humana de perguntar e responder, o surgimento dessas novas perguntas, de transcendental alcance

    para a evoluo humana, representa para cada homem o verdadeiro e consciente renascer de sua

    vida interior.

    por Muriel Mendes

    * Dalmy Gama pertence ao quadro docente da Escola de Logosoa

    O VALOR da experincia

  • Comecei recordando e registrando todos os momentos felizes vividos desde a infncia,

    a fim de t-los sempre ntidos na minha memria consciente. Recordei a menina que fui, as

    tendncias, os ideais, as brincadeiras inocentes da infncia, o afeto do meu irmo, o carinho

    da minha me, incentivando-me boa leitura, ao estudo, ao gosto pela msica elevada, ao

    cultivo dos sentimentos; meus avs, tios, primos, as ajudas recebidas, os bons exemplos, as

    amizades sinceras; enfim, o bem que recebi de tantos seres que passaram pela minha vida,

    em toda a sua extenso, deixando nela, como marca indelvel, o perfume da bondade e do

    desprendimento.

    Quantas alegrias me trouxeram essas recordaes! Pude comprovar o seu valor, pois elas

    me tm servido de amparo, de proteo, nos transes difceis que a vida me oferece.

    Foi esta minha primeira experincia com um ensinamento, comprovando seu valor ao

    coloc-lo em prtica, no o tratando teoricamente, deixando-o imvel nas pginas do livro,

    mas tornando-o ativo, dinmico, movendo-se na minha mente, no meu corao e na minha

    conscincia. A esta, foram-se sucedendo muitas e muitas outras experincias com os co-

    nhecimentos logosficos, que tm ampliado minha vida, tornando-a mais consciente, mais

    sensata e feliz!

    A constante recordao dos momentos felizes, leva-me a cultivar a gratido: a Deus, que

    me dotou de tantos recursos, incluindo o poder de recordar, de trazer de novo ao corao!

    Gratido vida, verdadeira vida consciente que a Logosofia est me ensinando a viver.

    Gratido ao meu esprito individual como fragmento divino que , impulsionando-me ao

    esforo para ser um pouquinho melhor a cada dia, no repetindo hoje o erro cometido ontem

    e a no ser incmoda aos semelhantes.

    Tenho comprovado, tambm, que a gratido um sentimento nobre e, como tal, beneficia

    a quem a sente, adoando o interno, trazendo alegria, suavizando as asperezas da vida. * Muriel Mendes pertence ao quadro docente da Escola de Logosoa

    2 0 L O G O S O F I A

    enterr-los no passado como coisa morta. Tamanha in-

    gratido afeta, entretanto, essas partes da existncia que,

    por serem inseparveis da vida, reclamam sua recordao.

    Quando buscadas, convertem-se em estmulos poderosos;

    so como pores de vida fresca que, ao palpitarem em

    ns, reverdecem o nimo e nos impulsionam para diante,

    enquanto nos inclinamos para saudar, com silencioso reco-

    lhimento, a magna obra da Criao.

  • AS MENTES ACOSTUMADAS A DISCERNIR so-bre as conhecidas formas do pensamento

    antigo, moderno e contemporneo se surpre-

    endem sempre que irrompe no ambiente um novo

    verbo, trazendo uma nova concepo. Isto j ocorreu em

    diferentes pocas da Histria; entretanto, no foi o suficiente para

    fazer os homens compreender que jamais foram as disciplinas acadmicas das

    culturas exacerbadas as que realizaram as grandes revolues do pensamento.

    Foram gnios espontneos, que apareceram de tempos em tempos, os que im-

    pregnaram os ambientes ciclpicos com o fulgor de suas brilhantssimas con-

    cepes. Da que sua simples presena provocasse reaes, por vezes muito

    inflamadas, nos que se consideravam os nicos autorizados a falar em nome

    do saber aceito e feito doutrina em convencionais conjuntos que, em sntese,

    estabeleciam diretivas dogmticas s quais no cabiam emendas, a menos que

    as disposies proviessem das cpulas oficiais, as nicas que eram levadas em

    conta e de cuja capacidade ningum ousava duvidar.

    O que no se pensa, justo dizer isto em homenagem verdade, que

    toda nova concepo do pensamento leva consigo uma saudvel renovao

    de valores e um estimulante despertar de inquietudes espirituais, ao mesmo

    tempo que promove a reativao de estmulos e aptides que logo pugnam

    por se manifestar, com grandes vantagens para o aperfeioamento individual.

    Assemelha-se, de certo modo, ao encarnar estes ideais em benefcio da hu-

    manidade, a esses ventos que transformam atmosferas pesadas e viciadas em

    ambiente purificado, onde se respira plenamente o ar. Alm disso, no se deve

    desconhecer o valor que, como contribuio cultura, as novas concepes

    podem representar, pois deve ser levado em conta quo cristalinas so as cor-

    rentes das frescas nascentes que inesperadamente brotam superfcie e que,

    segundo seja o caudal que carregam, logo se transformam em riachos e rios

    que fecundam vales e terras estreis.

    LTIMA PGINA

    L O G O S O F I A 2 1

    AS GRANDES REVOLUESdo pensamento

  • 5 L O G O S O F I A

    Livrosde Logosofia

    www.editoralogosoca.com.brTel/Fax: (11) 3885-7340 - Tel.: (11) 3885-6574

    Atendimento pelo reembolso postal

  • Existem ainda centenas de escolas localizadasnas mais diversas regies do Pas e no exterior.

    www.logosoa.org.br

    Escolasde Logosofia

    Belo HorizonteRua Piau 742 - Funcionrios30150-320 - Belo Horizonte - MGTelefone: (31)3273-1717

    Rio de JaneiroRua General Polidoro, 36 - Botafogo (prximo ao Metr)22280-001 - Rio de Janeiro - RJTelefone: (21)2543-1138

    So PauloRua Gen. Chagas Santos, 590 - Sade04146-051 - So Paulo - SPTelefone: (11)5584-6648

    BrasliaSHCG Norte - Quadra 704 - rea de Escolas70730-730 - Braslia - DFTelefone: (61)3326-4205

    GoiniaAv. So Joo, 311 - Q. 13 - Lote 3E/23E - Alto da Glria74815-280 - Goinia - GOTelefone: (62)281-9413

    FlorianpolisRua Deputado Antnio Edu Vieira, 150 Pantanal88040-000 - Florianpolis - SCTelefone: (48)333-6897

    CuritibaRua Almirante Gonalves, 2081 - Bairro Rebouas80250-150 - Curitiba - PRTelefone: (41)332-2814

    UberlndiaRua Alexandre de Oliveira Marquez, 113 Vigilato Pereira38400-256 - Uberlndia - MGTelefone: (34)3237-1130

    ChapecRua Joo Cndido Marinho, 574-E - Saic Caixa Postal 28789807-090 - Chapec - SCTelefone: (49)722-5514

  • 5 L O G O S O F I A

    Todo homem que nasce livre e concebe a liberdade como

    genuna expresso dos direitos humanos e como a mais alta

    expresso do contedo da prpria vida, no pode aceitar

    que enquanto seu corpo se move ou anda livremente,

    sua razo e sua conscincia se encontrem prisioneiras ou

    gozando, no melhor dos casos, de uma liberdade condicional.