Revista A edição 21

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OUZA www.revistaa.net ANO 4 - Nº 21 FEV-MAR/2014 R$ 9,99 VIEIRA DE GRAÇA CHEIO No registro de nascimento, Benigno Filho. Na vida, simplesmente boêmio. Incorrigível amante da música e dono de bar há 40 anos, Vierinha se tornou uma lenda da noite barreirense reportagem 20 obras paradas e um precário serviço de saúde cult Santa Maria: achados e guardados de Hermes pesquisa PREFEITO MAIS NOVO DO OESTE TEM MELHOR AVALIAÇÃO POPULAR INSIGHT / REVISTA A

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A revista do Oeste mais lida no interior da Bahia

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ano 4 - nº 21 fev-mar/2014r

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VIEIRA

dE gRAçACHEIO

No registro de nascimento, Benigno Filho.

Na vida, simplesmente boêmio. Incorrigível amante

da música e dono de bar há 40 anos, Vierinha se

tornou uma lenda da noite barreirense

reportagem20 obras paradas e um

precário serviço de saúde

cultSanta Maria: achados e

guardados de Hermes

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INSIGHT / REVISTA A

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O poder do 21

Estamos no terceiro mês do ano, mas ainda paro para desejar um ótimo 2014. Nunca é tarde nem cedo para se desejar o bem. Tenha um extraordinário 2014, leitor! Não pense que este vai ser um ano qualquer. Só por haver Copa do Mundo, já seria um ano atípico, mas tem eleição

para presidente e muita surpresa por aí! Creia. Vai ser um ano pra não se esquecer e talvez entre para a história como um marco na linha de tempo do Brasil. Não sei exatamente de quê nem pelo quê. O certo é que vamos ter de fazer o acerto de contas nas urnas pra saber quanto realmente valeu e tem valido todas essas manifestações populares desde junho do ano passado. Vamos descobrir até onde vai, realmen-te, nossa liberdade, nossa independência. Aliás, por falar em indepen-dência, esta publicação chega a sua total maioridade: 21 edições. Viva a independência!

O 21 não é fácil. A idade significa liberdade e sentença de prisão em um só enredo. Você vence a fase do proibido para menor de... e passa a ser exclusivamente, totalmente responsável por todos os seus atos. Antes, ainda botavam na conta de mamãe, papai. Agora, com a alforria dos 21, não tem conversa: você está escravo de você! Bem, mas isso é na idade. Para nós, o 21 significa a 21º edição da revista. Mas é mais que isso: é o novo recomeço. Primeira edição do ano, novos desafios, necessidades, planejamentos, metas e muita alegria, de preferência. Um ótimo e feliz 2014 para todos nós, leitor! Merecemos!

E para brindar esse momento de um ano que nasce par mas é ím-par por natureza, encostamos Vieirinha na parede, botamos o homem para tocar “João e Maria”, pedimos que falasse da boemia, aventuras e do fato de ser uma lenda que todo turista quer conhecer quando chega a Barreiras. Seu humor é insuperável, sua relação com a vida é macia e suave como uma bossa nova.

A inauguração da coluna “Ponto Crítico” é uma das novidades desta edição. Se trata de um espaço voltado para reflexões, opiniões, aná-lises e questionamentos em todas as áreas. Temos novidade também na seção Cult, com o mapa de bares, restaurantes e lanchonetes das cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, tornando a revista um produto de consulta permanente.

Fora isso temos a segunda rodada de pesquisa Insight/Revista A com avaliação dos gestores de Ibotirama e Serra Dourada. Das quatro pesquisas realizadas até agora, a de Ibotirama merece destaque. O prefeito mais novo (Terence Lessa, 31 anos) da região é o que tem a melhor avaliação positiva do Estado: 78%.

A reportagem sobre a situação da saúde em Barreiras e as 20 obras paradas assusta o cidadão. É mais que um descaso: é uma vergonha. Aliás: falta de vergonha! Por isso, nesse ano em que começamos de-sejando tudo de bom para você leitor, pedimos que reflita mais sobre o meio em que você vive. Pense coletivamente. Não seja egoísta! Faça como Hermes, de Santa Maria Vitória. Ele criou um museu por iniciativa própria para simplesmente doar para o futuro. Desejamos que todos se doem, dividam o seu bem com esse ano que ainda é um menino. Boa leitura!

Cícero Félix, editor

Ouza Editora Ltda.

DirEtOr DE rEDaçãO E EDitOr Cícero Félix (Drt-PB 2725/99)

(77) 9131.2243 e 9906.4554 [email protected]

DirEtOra COmErCiaL anne Stella

(77) 9123.3307 e 9945.0994 [email protected]

rEDaçãO alyne miranda e rosane Ferreira

SECrEtária DE rEDaçãO Carol Freitas

(77) 8826.5620 e 9174.0745 [email protected]

iLuStraçãO Júlio César

EDiçãO DE artE Leilson Soares

COnSuLtOria DE mODa Karine magalhães

rEviSãO rônei rocha e aderlan messias

imPrESSãO Coronário Editora e Gráfica

tiraGEm 3 mil exemplares

aSSinaturaS/COntatOS COmErCiaiS Barreiras

(77) 3613.2118 / 9906.4554 / 9131.2243 / 9123.3307Barra

Helena: (74) 3662.3621Bom Jesus da Lapa

Gisele: (77) 9127.7401Santa maria da vitória

marco athayde: (77) 3483.1134 / 9118.1120 / 9939.1224 rosa tunes: (77) 9804.6408 / 9161.3797

Rua Profª. Guiomar Porto, 209 - Sala 105 Tel.: (77) 3613.2118 - Centro - Barreiras (BA)

ANO 4 - Nº 21 - FEV-MAR/2014

A r.A obedece a Nova Ortografia da Língua Portuguesa e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nas

colunas assinadas.

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editorial

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12 revis ta da bahia fev-mar/2014

17 | A MIscEllANEACarnaval Cultural: nazaro não morreu iemanjá: Fé, ‘axé’, devoção e bençãosLuto: Dinda dá adeusDesenrola a língua, por aderlan messiasO personagem: O aconchego de DiraExclamação, por Karine magalhães Ponto crítico, da redação

35 | EcoNoMIA & MErcADoEmpreendedorismo: Disk calcinhas, promova o sucessoaté 2o semestre: Havan vai investir r$ 35 mi em loja de Barreiras, 1a no nordeste Destaques aCELEm: Festa celebra reconhecidos do mercado de LEm Opinião: Cresce o controle externo e o descrédito na gestão pública, por Cândido Henrique trilha

39 | AgroMAgAzINEHelicoverpa: insaciável, devastadora e quase imbatívelEm rede nacional: assalto a fazendas do Oeste é destaque em tv Evento: 10a edição da Bahia Farm Show terá novidades 42 | ENtrEVIstA: Fernando esquivel Em média, 40% dos municípios têm contas rejeitadas

45 | rEPortAgEM: sAúDE “Se não fosse Deus, a gente não estava de pé”

50 | PEsquIsA modelo de gestão, diferencial que os números não conseguem esconder

56 | cAPA vieirinHa, CHeio de GraÇa

62 | uM lugArrui rezente: Feira da mata

64 | cultCultura: achados e guardados de Hermes Língua: vencedores do concurso de redação da revista a música: mais pesado e mais maduroImpressões, por anton roosagenda: O ano da redenção do cinema nacional

72 | gAstroNoMIABares, restaurantes e lanchonetes em Barreiras e Luís Eduardo magalhães

75 | socIAlgelo, limão e Açúcar, por tizziana Oliveira

índice

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fev-mar/2014 revis ta da bahia 13

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[email protected]

canaisleitor

revista a

Capa (Pesquisa Revista A / Insight)Quero cumprimentar o trabalho sério de editoração, comprometido com a sociedade oestina desenvolvido pela r.a. A parceria com o Instituto Insight Pesquisa, vem revelando dados extremamente importantes para a reflexão das pessoas nestes municípios. Parabéns à equipe da revista, e em especial a seu editor, Cicero Felix.edivaldo Costa

Sou assinante da revista há um ano e me impressiono com as matérias a cada edição. A cada número a equipe busca uma novidade, mas o que me deixa mais contente é ver a maneira diferente que a revista traz coisas que vemos todos os dias e não damos muita atenção. Que bom que trouxeram nesta edição uma pesquisa que revela que o povo do Oeste está de olhos abertos para a administração pública e sabe o poder que tem nas mãos! Parabéns equipe r.a! Júnior Gonçalves

Personagem (Vovó Doidona)Parabéns Vovó Doidona pelo seu lindo trabalho!! Que o Senhor continue usando sua vida cada vez mais para encantar nossas crianças! vanessa lopes

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fev-mar/2014 revis ta da bahia 15

caiunarede

memória

Colaboração do internautaEnvie uma foto, sugestão de pauta, comentário. Participe! Você faz a notícia.

Há 24 anos...

Encontre a notícia Digite a tag na ferramenta de busca do site para localizar sua informação.

CDL barreiras empossa Novo time De Diretores para biêNio 2014/2015

A declaração do mais novo presidente da CDL de Barreiras de que “estamos de portas abertas

para somar forças”, sinaliza o modelo de gestão que a renovada diretoria vai adotar durante o biênio 2014/2015, que é basea-do na responsabilidade inerente ao setor

para que o comércio da cidade se fortaleça e seja referência para toda a Bahia. No

discurso de posse, em solenidade dia 31 de janeiro, Rider Castro frisou que a preocupação do

empreendedor não deve ir apenas até o balcão. “Várias situações afligem os empresários da nossa cidade, como: seguran-ça falta de estacionamento, melhoria da infraestrutura”, disse.

O novo presidente sucede Alberto Celestino e encabeça uma diretoria 50% renovada. Dos 10 diretores, cinco nunca fizeram parte da direção. “As expectativas com relação ao novo time são as me-lhores. Acreditamos que seja um grupo cheio de disposição para continuar o trabalho desempenhado pela entidade nos próximos anos”, disse o ex-presidente Alberto Celestino.

Luís Eduardo Magalhães, que completa 14 anos neste mês de março, popularizado por Mimoso do Oeste, teve sua

história construída no final da década de 1970, por pessoas que migraram do sul a fim de desbravar uma imensidão de terra do cerrado antes inexplorada. Até 1998 LEM ainda era

distritito de Barreiras sendo instituído Município logo em seguida. Não demorou muito para aquele pequeno povoado

ganhar grandes proporções na economia regional, pois o investimento na agricultura deu certo, tornando Luís Eduardo

Magalhães um dos municípios que mais cresce na Bahia. Com uma agricultura mecanizada e baseada nos avanços

tecnológicos de ponta, hoje possui a décima maior economia do estado da Bahia, sua região é responsável por sessenta por cento da produção de grãos do estado. Luís Eduardo

Magalhães também sedia um dos maiores eventos de equipamentos de alta tecnologia destinados ao agronegócio.

Tornando-se o município mais novo do Oeste da Bahia a alcançar uma das rendas per capita maiores do Brasil.

Na foto de 1990, visão aérea do posto de gasolina que marcou o início da urbanização do município.

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?Qual o lugar mais arretado do Oeste que você conheceu

Envie sua foto para [email protected], ela pode ser publicada próxima edição da Revista A.

O grupo tem como missão manter a qualidade dos serviços e atrair mais lojistas para a entidade que em 37 anos de atividade já associou cerca de 750 empresas que reforçam ações em prol do desenvolvimento e crescimento da cidade. Tag: posse

Presidente Rider Mendonça e Castro1º Vice-Presidente Carlos Henrique Souza Filho2º Vice-Presidente Humberto Carlos Fagundes Ribeiro Junior1º Secretário Fabio Petronilio Nogueira2º Secretário Frederico Maximiniano Nóbrega1º Tesoureiro Ricardo Barbosa Campos2º Tesoureiro Anny Souza GomesDir. de Eventos Caroline Quele de Souza SantosDir. de Prod. e Serviços Leandro Roberto EckertDiretora Irineide Ribeiro Silva FigueiredoConselheiros Gill Arêas, Celia Kumagai e Pedro Dourado Júnior

fotos: c. félix

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abordo

IbOtIrama,

6h30O clima bucólico do amanhecer, o caminhar solitário, a brisa suave que sopra do

Velho Chico, o dourado que se espalha derramado de alegria... a vida acorda como um verso ainda embriagado da noite que lambeu este lado do planeta.

Veja outras fotos no menu Ensaios/A bordo www.revistaa.net

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fev-mar/2014 revis ta da bahia 17

miscellaneaeventos, design, tendência, moda...

NaZaroNÃO mOrrEU

CARNAVAL CULTURAL

Saúde e força de vontade são o combustível para que alguns agitadores culturais de Barreiras mantenham viva

uma tradição carnavalesca centenária.texto ALYNE MIRANDA fotos C.féLIx

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18 revis ta da bahia fev-mar/2014

miscellanea

A tradição do Carnaval Cultural de Barreiras atrai todos os anos foliões locais e de alguns lugares do Brasil que vêm para a cidade se unir à festa que garante a alegria e diversão de quem participa do evento. Além de contar com uma representa-ção artística, essa tradição carnavalesca acende a ideia de cidadania e valorização cultural.Os blocos mais antigos como Netos de Momo e Rola recebem novos parceiros, o Caisauê, que faz a festa já há três anos e o mais recente Novos Baianos que en-traram na luta para manter essa tradição realizada por décadas na cidade. Este ano, o Carnaval teve uma participação maior da comunidade, sendo considerado um dos melhores nos últimos tempos. No Circuito Agnaldo Pereira, uma novidade não muito agradável, a ausência do bloco Kimarrei que todos os anos fazia a festa do Carnaoeste, fez falta para foliões que acom-panharam o bloco desde sua fundação. O organizador Gula lamentou por não colo-car o trio em cena, mas essa medida foi um ato de protesto para chamar a atenção da administração atual para reestruturação do Carnaval de Barreiras.Esse episódio surpreendeu a todos, mas a folia na avenida continuou e arrastou uma multidão que não perdeu o ritmo carnava-lesco. Em particular, o Carnaval de Barreiras tem duas vertentes: a que promove o conhecimento e a continuação tradicional e o axé que faz parte da cultura baiana.

irreverência ear de brincadeira revigoraM o carnaval cultural

Homens, mulheres e até mesmo crianças, juntos pelas ruas do centro histórico de Bar-reiras. Todos vestidos com lençóis brancos e prontos para ‘enterrar’ o carnaval. Essa é a

tradição do Nazaro, perpetuada há décadas em Barrei-ras como folclore regional realizado sempre na noite de quarta-feira de cinzas. Este ano o grupo saiu da Praça Landulfo Alves, e percorreu ruas do centro histórico de Barreiras.Um dos organizadores do grupo relembra como come-çou a fazer parte dessa tradição. “Antes de passar a ser um Nazaro eu já participava, porque corria atrás deles, quando era menor. Nos meus 16, 17 anos, comecei a vestir meu lençol branco e sair junto com a turma, de lá prá cá, são 38 anos que eu participo do Nazaro”, disse Jorge Luís de Moraes Lima, conhecido como Jorge Po-logo, satisfeito em fazer parte da história dessa tradição centenária.Essa cultura de enterrar o carnaval surgiu como um protesto, mas acabou se tornando uma tradição. Em Barreiras existia um clube chamado Dragão Social, onde hoje é o prédio da Casa da Cultura e pessoas considera-das da elite frequentavam o local para curtir o carnaval, mas o povo de renda mais baixa não podia entrar. “Com raiva, o grupo de Nazaro formado pela gente humilde daquela época se reunia na quarta-feira de cinzas para sujar os “ricos” de merda de boi, de cavalo, de gente e até mesmo ovo podre“ disse.“O nosso grito de guerra era e continua sendo ‘Nazaro morreu, do peido que deu’! Nós começamos a brincar

com isso, e é esse o motivo de levarmos uma rede, num pau, colocando um boneco para encenar”, explicou Jorge.Atualmente, existem regras. Antes de sair pelas ruas da cidade, eles se reúnem na Praça Landulfo Alves, esclarecem as normas para quem deseja participar da brincadeira, em seguida rezam o Pai Nosso, para enfim, enterrarem o carnaval. O grupo, de aproximadamente 50 pessoas sai pelas ruas, jogando em quem encontram pelas ruas algo mais leve do que usaram no passado, hoje fazem uso da farinha de trigo, talco, e pó de café além de lambuzarem veículos e sujarem residências e casas comerciais.

netos de momoUm dos blocos mais antigos da cidade de Barreiras carrega a tradição por várias gerações

organizaçãoPologo reúne homens, mulheres e crianças para perpetuar a tradição do nazaro em Barreiras há 38 anos

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fé, ‘axé’, devoção e bençãoS

Era início de uma tarde ensolarada de domingo, 2 de fevereiro. E o Cais de Barreiras, entre as praças Marechal Deodoro e Landulfo Alves, começou a

ser tomado por uma multidão. Pessoas de vári-as religiões, cada uma com sua crença, mas, que estavam ali chamados pela fé de alguns e outros pelo contraste do colorido com o branco, em meio a um grande terreiro improvisado.

Às margens do Rio Grande, no centro de Bar-reiras, a cultura que vem da África e já é tradição em toda a Bahia, faz com que muitas pessoas reflitam e agradeçam à rainha do mar Iemanjá e à rainha dos rios e cachoeiras Oxum.

No local, para se juntar ao público que estava ali para ver de perto as homenagens à essas en-tidades, chegavam os representantes dos terrei-ros da cidade. Mães, pais e filhos de santo, numa união dos terreiros e manifestações de devoção, para o momento de rituais e homenagens.

Lindauro Ribeiro dos Santos participa do ter-reiro São Gerônimo, em Barreiras, e faz questão de ver de perto este momento há 40 anos. Para ele, essa é a manifestação popular mais bonita do Brasil. “É interessante ver a forma como as pessoas se aproximam para apreciar, mesmo quem não faz parte de nenhum terreiro, eles vêm, observam e mesmo que não concordem acham bonito. Isso aqui é um ritual de fé, não é um palco político, por isso, as pessoas acreditam e aceitam participar, quem vem aqui, não tem preconceito religioso”, disse ele, meio a medi-tação e emocionado, ao ver a quantidade de pessoas que participavam do evento.

Neste dia, os devotos levam vários pre-sentes que são tidos como recusados quando não afundam ou quando são devolvidos às margens do rio ou da praia. Dentre as diversas oferendas para a bela e vaidosa deusa, encon-tram-se flores, bijuterias, vidros de perfumes, sabonetes, espelhos e comidas.

Kaique Souza participa desde criança do Centro Ilê Axé Pai Xangô, em Barreiras. E há 3 anos, faz questão de estar junto com os outros membros do terreiro, com oferendas à rainha das águas doces, Oxum. Sem deixar de homenagear a Deusa Iemanjá. “Eu nasci dentro dessa cultura, tenho fé no que fazemos, e por isso não poderia deixar de prestar homenagem a minha rainha”, comenta Kaique.

Segundo um dos organizadores do evento, Osmar Mendes, 10 terreiros participaram das homenagens à Iemanjá. E enquanto todas as manifestações de fé aconteciam às margens do Rio Grande, na Praça Landulfo Alves, uma roda de capoeira apresentava o ritmo da festa.

Já era quase noite, quando chegou o mo-mento mais esperado pelas milhares de pes-soas que rodeavam o Cais. Eles aguardavam os barcos enfeitados, com membros dos terreiros representando os orixás, numa demonstração de amor e renovação da tradição. Terminando as oferendas no rio, o evento teve continuidade na Praça com manifestações culturais dos ter-reiros, apresentação da Banda Municipal 26 de maio e muita música.

Dia 2 de fevereiro atrai devotos de Oxum e Iemanjá ao Cais de Barreiras em uma celebração sincrética que ocorre na Bahia desde 1923. A devoção surgiu no país com a chegada dos primeiros africanos de origem iorubá texto ALYNE MIRANDA foto C.féLIx

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fotos: c. félix

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20 revis ta da bahia fev-mar/2014

miscellanea

dindadÁ adeuS

Nascida em uma fazenda no interior da cidade de Xique-Xique, porém, barrense com orgulho como ela mesma dizia, Joana Camandaroba aos 99 anos deixa a região Oeste com grande pesar em janeiro deste

ano após sua morte. Ela havia sofrido um AVC há algum tempo e perdera movimentos do corpo e a voz. Mas o grito de sua literatura não foi silenciado.

De origem simples e cheia de história para contar. Foi assim que sempre ficou conhecida na cidade de Barra. Joana que faria 100 anos no mês de junho com um currículo invejável deixou no roteiro da vida uma sequência de viagens e experiências únicas, para quem morou maior parte de sua existência numa pequena cidade do interior baiano.

Defensora ferrenha da educação e da preservação da memória começou sua história na sala de aula e ficou conhecida como professora do Oeste. Lecionou em várias cidades da região, como: Formosa do Rio Preto, Santa Rita de Cássia, Pilão Arcado, Barreiras e Barra; Joana Camandaroba também era membro da Academia Barrense de Letras desde 1959.

Dona Joana também se destacou na política. Ela atuou du-rante oito legislaturas como vereadora de Barra (entre os anos de 1951 a 1988). Em um dos momentos de sua legislatura, Joana se apresenta ao então presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, a quem ela fez questão de entregar um exemplar de um dos livros por ela escritos, este com o padre Arlindo Itacir Batistel, o “Barra, um retrato do Brasil”, que fala sobre a língua falada pelo Brasil, a língua do povo da Barra, a antropologia do povo, dos brejos, usos e costumes da região, entre outras características.

O bispo Dom Luiz Cappio descreveu muito bem essa figura singular, na orelha de um dos livros publicados por ela - O último canto do cisne – quando ele diz que Joana Camandaroba era “mãe de muitos e muitas sem ter tido filho algum. Pois o ver-dadeiro espírito materno é aquele que faz homens e mulheres cidadãos e gente de bem, e que é capaz de morrer para gerar vida”.

As obras literárias desta escritora são referências no que diz respeito a cultura da cidade de Barra, informações únicas do “Velho Chico”. Não são apenas informações, mas também um exemplo de esforço e dedicação de uma guerreira das letras. Du-rante seu período de vida na terra, foi através do conhecimento e da educação que Joana levou para a população seu amor, nas palavras sobre a cidade de Barra e a região oeste.

A cinco meses de completar 100 anos, a professora do Oeste e escritora Joana Camandaroba falece em Barra, cidade que a acolheu desde menina. Autora de cinco livros, ela vivia acamada depois que um AVC lhe tirou movimentos e a falatexto REDAÇÃO foto CLáUDIO fOLETO

1997 Lança “Memórias da Dinda”. Livro retrata as viagens pelo mundo e suas experiências de vida na cidade de Barra. Dinda, era a forma carinhosa pela qual seus alunos a chamavam.

1999 Em parceria com o padre Italiano Arlindo Itacir Batistel, publica “Barra, um retrato do Brasil”. A ideia surgiu pelo fato do padre não dominar a língua portuguesa e querer publicar um livro sobre a cidade. Ela escreveu o texto e o padre, que já tinha muitas fotografias obtidas de vários moradores e artistas da região, construíram a obra.

2004 “O Canto do Cisne”. Esta terceira obra relata a importância cultural, educacional das missões estratégicas da Igreja Católica.

2007 “Caminho do Cristianismo”. Livro fala sobre papas, vaticano e a vida do bispo de Barra, Dom Luiz Cappio. Em especial a chegada dele no município, com mais três frades, em 1974.

2011 “Elementos Humanos que fizeram a Barra no passado” , última obra escrita por Joana. Com pouco mais de 200 páginas, o livro destaca momentos e personalidades que engrandecem a cidade de Barra. Pouco tempo depois do lançamento desta obra ela teve um AVC, que lhe tirou movimentos do corpo e a voz.

OBRAS LITERÁRIAS

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lucaS Senzallagrava dvd no traPicHe

SHOW

Emoção e muito nervosismo tomaram conta do momento mais esperado na carreira de Lucas Senzalla, na gravação do 1º DVD, dia 6 de feve-reiro, no Trapiche, em Barreiras. “No dia do show eu estava tão cansado que nem deu tempo de sentir a ansiedade. Quando subi no palco e vi que aquilo tudo era real, não acreditei. Aquele dia foi uma energia mágica”, contou Lucas.

O álbum surgiu com o apoio do irmão mais ve-lho Tiago Zans, produtor e tecladista com quem produziu o 1º CD, “Raízes”. O álbum lançado em junho de 2013 atingiu o topo do Palco Mp3 no mês de julho na internet como a banda de reggae mais acessada de todo o Brasil. Foi aí que decidiram lutar pela gravação do DVD.

A noite foi aberta com show da banda barrei-rense Remanescentes. Depois Lucas Senzalla comandou a festa que teve duas participações especiais: Sérgio Nunes (Adão Negro) e Tales de Polli e Diego Mana (Maneva). O sanfoneiro Hilário Passos, integrantes das bandas Quase Urbanus e de Fi Di Lunga prestigiaram a gravação.

“A minha ficha começou a cair quando acabou o show e a primeira pessoa olhou pra mim e disse ‘Foi lindo’, de lá pra cá a ficha tá caindo aos poucos... Pra quem sonha com algo do tipo, eu lembro sempre: pra toda conquista é preciso ter foco, força e fé”, aconselha. O DVD deve ser lançado no final de abril, em Barreiras, mas o local ainda não foi confirmado.

No penúltimo dia de janeiro, a banda barreirense dá um toque especial à praça Castro Alvres, no Centro da Cidade. Ela ensaia todas as semanas no Palácio das Artes, desde que o Centro Cultural Ri-velino de Carvalho foi interditado pela prefeitura em fins de 2012.

A banda aproveitou um pequeno palco instalado no dia anterior para outro evento e ensaiou ao ar livre. Aos poucos, as pessoas foram se aproximan-do. Ao término de cada música, aplausos. “É uma forma de fazer com que a população conheça o trabalho realizado pela Banda”, disse o maestro Natan Paes, 31 anos, contente com o resultado.

Composta por 34 participantes que tocam instrumentos de sopro e percussão, a banda se apresenta geralmente em eventos oficiais da pre-feitura. Os ensaios acontecem todas as quintas e sextas-feiras, das 19h às 21h.

banda MuniciPal 26 de Maio enSaia eM Praça Pública

na castro alvesComposta por 34 participantes, a banda surpreendeu quem passava pelo local na noite de 30 de janeiro, ensaiando dobrados e clássicos

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22 revis ta da bahia fev-mar/2014

miscellanea

A Universidade Federal do Oeste da Bahia instalou no mês de fevereiro o seu conselho uni-versitário, formado por representantes de vários setores da instituição.

A estimativa é que a UFOB tenha 46 cursos distri-buídos nos 5 campi do Oeste baiano, com uma média de 8.450 estudantes na graduação e 750 na pós-graduação (mestrado e doutorado).

Até o momento, já foram investidos R$ 6,5 milhões na estrutura da biblioteca, equipamentos de informática, frota, mobiliário, modernização dos auditórios, acervo bibliográfico e cadeiras escolares.

A biblioteca do Serviço Social do Comércio (SESC) recebeu no mês de fevereiro deste ano um novo conteúdo de informações regionais. A revista a doou uma coleção de seus periódicos para que os alunos do SESC tenham acesso ao acontecimentos de Barreiras e região. O objetivo é contribuir no conhecimento de cada aluno, a fim de que se tornem personagens críticos numa sociedade politizada.

MoMento HiStÓrico: ufob cria conSelHo univerSitÁrio

REVISTA A doa coleção coM todaS aS ediçÕeS ao SeSc

eQUiPeJoelma Boto (Comunicação), Ismael Ribeiro (gerente regional), Ednilson Filho (bibliotecário) e Rayana Souza (Comunicação) recebem a doação daRevista A à unidade do Sesc de Barreiras

Veja as fotos publicados no livro nomenu Infográfico do endereço abaixo: www.revistaa.net

Livro publica fotos de reportagem sobre Deocleciano

Publicada na edição 16 e simultaneamente no site da revista, matéria intitulada “O ciclo de bronze franciscano” atrai atenção de editores de São Paulo que publicam fotos em livro sobre o imaginário das bacias fluviais brasileiras. O livro “Prata, São Francisco e Amazonas” foi organizado por Bené Fontelese Marcelo Delduque e lançado em dezembro na capital paulista.

fotos: c. félix

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Santo Deus!O mau uso da crase é uma praga que se espalha rapidamenteSanto Deus!

O mau uso da crase é uma praga

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Santo Deus!O mau uso da crase é uma praga que se espalha rapidamente

Santo Deus!O mau uso da crase é uma praga que se espalha rapidamente

Santo Deus!O mau uso da crase é uma praga que se espalha rapidamente

Desenrola aderlan messias Professor universitário, licenciado em Letras

Vernáculas, bacharel em Direito, especialista em Psicopedagogia e pós-graduando em Criminologia

CONECTADOfacebook: [email protected]

e-mail: [email protected]

por ADErlAN MEssIAs

crasesem crise

Viajar é uma das atividades mais prazerosas que o indivíduo pode fazer. Não importa se ela é a trabalho ou a passeio. O importante é conhecer lugares, pessoas, culturas. Como nem tudo é

perfeito, no percurso de um lugar para outro necessitamos das placas informativas constantes nas estradas. Elas apontam, por exemplo, aos condutores de veículos a distância para se chegar a um restaurante, a um posto de gasolina; assim também são os outddors: eles anunciam festas, venda de imóveis, dentre outros.

O problema não são os suportes físicos textuais placa e ou-tddor, mas o que constam neles. Muitos são os erros gritantes, sobretudo no que diz respeito ao uso da crase. “O restaurante X fica à [sic] três quilômetros.” Qual a utilidade desta crase? Ne-nhuma! Este contexto aponta uma preposição sem fusão com artigo.

Para compreender melhor, basta recorrer ao conceito do ter-mo “crase”: fusão da preposição “a” com artigo “a”, indicada pelo sinal (`). Para os humoristas da gramática, ela levou uma porra-da que ficou aleijada. Isso só acontece quando a preposição “a” é pega em esquema com o artigo “a”. Bom, o tabefe que se vê comprometeu o enunciado em questão. Caberia aqui uma ação judicial por lesão corporal, pois bateram no sujeito, e o pior, no sujeito errado: “à três quilômetros...”

Como se não bastasse, os outddors, ao apresentarem pro-pagandas de festas, atropelam o uso deste sinal gráfico.“Vem aí, show X nos dias 09 à[sic] 11 de maio de 2014.” Santo Deus! Viram isso? Esse é um dos erros mais comuns de se ver. O mau uso da crase é uma praga que se espalha rapidamente por ou-tros veículos de comunicação como, por exemplo, embalagens e formulários, e que precisa ser combatida com unhas e dentes pelos seus usuários.

Para um bom observador, o que seria uma viagem tranqui-la, torna-se uma pesquisa de coleta de dados, neste caso, os erros na utilização da crase. E para que serve tudo isso? Digo que para exemplificar as discussões em sala de aula. Entendeu, leitor? Não?!? Como não entendeu? Calma, calma! Se não com-preendeu, vêm os exemplos para tirar esta nuvem negra que paira sobre você.

Como será impossível esgotar as dezenas de exemplos e re-gras acerca do uso correto da crase nesta coluna, a discussão será estendida para a próxima edição desta revista. Enquanto isso, vejamos: [1] “Maria foi à cidade.” Como saber se ela está adequada? Basta que o leitor substitua a palavra feminina “ci-

dade” por uma masculina qualquer, exemplo “escritório” e verá se tem ou não o bendito acento. “Maria foi ao escritório” Esta subs-tituição possibilita enxergar nitidamente a união da preposição e do artigo, logo o exemplo [1] está correto.

É chegada a hora e tenho que ir a Luís Eduardo Magalhães. Com ou sem crase? Hum, sem crase, visto que a regra é clara. Para não errar, faça o seguinte questionamento: Quem vai a Luís Edu-ardo Magalhães vem de Luís Eduardo Magalhães. Assim “de” não é fusão “de + a”. Se digo: “Fui à Bolívia”, só posso voltar da Bolívia. Neste caso houve esquema da preposição “de” com artigo “a”.

Acompanhe na próxima edição os casos obrigatórios, facultati-vos e especiais do uso deste enigma acento.

Santo Deus!O mau uso da crase é uma praga que se espalha rapidamente

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O aCONCHEgOdE DIRA

Todos os dias Dona Dira levanta cedo, se arruma para as atividades diárias e segue para a primeira tarefa do dia: cuidar do Jardim Beira Rio. Ela que deu este nome, plantou cada muda e agora zela com muito carinho o espaço que ela diz ser “o recanto do

descanso”. O jardim fica próximo às margens do Rio Grande, em Barreiri-nhas, numa curva que dá acesso à ponte Ciro Pedrosa.

Valdirene Rodrigues Barbosa, Dona Dira, como é conhecida, tem 46 anos. Desde menina, morando ali ao lado, viu a beira do rio ficar cada vez mais esquecida. Por isso, resolveu mudar todo o local, fazendo dali um jardim. “A ideia surgiu porque aqui era tudo sujo. Eu vinha aqui todo o dia para varrer, e sem ter planta ainda. Aí eu falei assim ‘menino sabe que eu vou fazer aqui é um jardim, e começar a limpar plantar’. Aí comecei a plan-tar tudo isso aqui”, relembra Dona Dira.

No local, uma diversidade enorme de plantas: alfavaca, brilhantina, espada de São Jorge, espada de Ogum, comigo-ninguém-pode, manda-carus, caninha do brejo, boldo sete dores, entre outras plantas. Ela não conhece todas as plantas do jardim. “Não sei o nome de todas, conheço essas e até uso muitas delas que são medicinais, como a caninha do brejo e as sete-dores”.

Dona Dira lembra que quando começou a cultivar este espaço não sabia por onde começar. “Eu não sabia lidar com plantas, nunca tinha feito isso. Mas, como eu tinha que melhorar esse lugar, tive que aprender a lidar. Na verdade, é uma boa ação que dá muito trabalho”.

Para ela, este lugar é um espaço que vai além de um simples passa tempo. “Isso aqui é uma terapia em minha vida. É uma forma de me tran-quilizar, esqueço todos os problemas”, disse ela, num tom sereno e cheio de amor pelo que faz.

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O personagem

O Jardim Beira Rio foi criado como forma de preservar e manter o local mais limpo, e Dona Dira lembra que a cada dia vai criando um sentimento maior pelo local. “Eu tenho um amor por esse espaço. No dia em que eu não venho aqui limpar, eu fico doente, penso nisso o tempo todo. Sempre varro pela manhã, e se tem alguém aqui sujando eu venho e chamo a atenção”, diz ela, meio a risos.

Jardim à margem do Rio Grande, em Barreirinhas, criado e cuidado por Dona Dira é uma inspiração para paz, tranquilidade e esperança. Sua dedicação à preservação ambiental e bem-estar urbano é, sobretudo, uma forma de amor. “No dia em que eu não venho aqui limpar, fico doente”, conta com humor. texto ALYNE MIRANDA fotos C.féLIx

atençãoAssim que começou a transformar essa margem do rio, uma das primeiras iniciativas e Dira foi colocar placas no jardim, principalmente de cunho religioso

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Parte das plantas ela ganhou. Mas, outras ela mesma comprou. Os mandacarus foram todos ganhados, uma das vizinhas que deu as mudas. “Quando ela me deu, estava tudo pequenininho. Se você observar, já estão todos enormes, cada um mais lindo que o outro”, admira.

Para manter o local limpo e arrumado, ela dispõe de tempo e dinheiro. Tempo Dona Dira consegue, sempre dá um jeitinho de estar toda manhã, e às vezes à tarde, limpando. Mas, dinheiro... “Não tenho renda fixa, cuido dos meus pais (os dois já são idosos). Só faço a venda de algumas bijuterias, que sempre mando para São Desidério. Por isso, a maioria das coisas que eu uso neste espaço, são materiais reaproveitados e, com isso, deixo meu jardim mais bonito”.

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Um bOmCerapió

Um dos maiores rallys de regularidade da América ins-pira pessoas de várias cidades do país a participarem do evento que acontece todos os anos respectivamente em cidades diferentes partindo do Piauí ao Ceará (Piocerá) e

do Ceará ao Piauí (Cerapió). Em Barreiras, dois competidores não esconderam o gosto pelo esporte, o médico Paulo Henrique e seu filho Pedro Henrique também entraram nessa aventura radical.

Integrantes da equipe de modalidade quadriciclos Quatrilha do Cerrado Rally Team, participa pelo 4º ano consecutivo do evento. Esse ano o rally teve início em Fortaleza (CE) com destino ao Maranhão. Em quatro dias percorreram mil quilômetros de rally. Houve a ocorrência de problemas mecânicos, mas Paulo Henri-que e seu filho não desistiram de continuar na disputa.

Pai e filho numa competição para lá de radical, ainda consegui-ram trazer para casa dois troféus. Pedro Henrique garantiu o 3º lugar e Paulo Henrique ficou em 4º na colocação.

rally de resUltadosEm 27 anos de história, o rally Cerapió passa por diversas cidades do Brasil dando show de manobras em todas as modalidades

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ESPORTE

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Exclamação karine magalhãesConsultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas

lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide e em cerimoniais com Cristina Gomes. Presta consultoria à Maison Caroline.

CONECTADOfacebook: karine.beniciomagalhaes

e-mail: @ituau_Karine / twitter: @ituau_karine instagram: @karine_magalhaes

por kArINE MAgAlhãEs

Update of glam!!Gente! Início de ano super badalado na city barreirense: festas, posses, carnaval associado à coleção de inverno e novas inspirações chegando... E exclamação de cara nova acompanhou tudo de pertinho e trouxe aqui o que mais se destacou nessa agitação toda!

Art nouveau inspira Camila Klein

Uhu! Boxing tênis já está entre nós!

O inverno da marca de fashion jewerly Camila Klein veio com o simbolismo das obras de Gustav Klimt (autor do famoso quadro o Beijo) e atmosfera de Viena. A designer explorou as texturas dos materiais e o uso de cores que partem do azul marinho, cinza, verde, vermelho e turquesa. Costanza Pascolato caracteriza as obras da designer como “Sem cair no ostracismo da caricatura, do pitoresco.”

Inspirados nos lutadores de boxe, que vem com costuras em matêlasse e bico mais fino, deixando o modelo ainda mais feminino. Você vai se apaixonar! A renomada editora da Vogue Japão, Anna Dello Russo e a stylist Anya Ziourova, celebrities fashion, abusaram do estilo durante as semanas de moda do hemisfério norte, assim como as blogueiras Chiara Ferragni e Helena Bordon. Nada como unir o confortável ao estiloso para uma maratona de desfiles, negócios, passeios, ou seja lá qual for a sua agenda, não é!?

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Street Style!Quem me acompanha está careca de saber que eu AMO street style, e a partir desta edição vou trazer sempre os looks que me chamarem atenção por algum motivo ou detalhe! Separei aqui estilos aleatórios sem nenhuma ordem e preferência, fotografados nos eventos que compareci nos meses de Janeiro e Fevereiro. Veja as características de cada estilo nas legendas conforme o número da foto. Espero registrar o seu na próxima balada ou evento!

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1 Assimetria - Posse cdl, 2 transparência - Posse cdl, 3 Elegância P&B - Posse cdl 4 cinto Boá - BalMasqué; 5 sarada - Adoro feijoada; 6 Vibe John John - Adoro feijoada

Confira estes eventos na íntegra acessando o endereçowww.revistaa.net/exclamacao

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como anda o contorno? contorno? não seria anel?

barreiraS SeM caMinHÕeS

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.críticoa ordem é descondicionar

Riode Ondas

Rio Grande

BR-242

BR-242

BA-447

Não bastasse a demora para fazer, a forma desleixada como foi feita a ponte e a falta de conexão e sinalização decentes no encontro das BRs, tentam vender gato por lebre ao cidadão.Nas placas do Dnit, nas faixas de orientação da prefeitura e nos próprios comunicados oficiais, o desvio para que os caminhões pesados saissem do Centro de Barreiras é chamado de ANEL. Mas, afinal, se trata mesmo de ANEL? Vejamos como define o próprio Dnit:

“ANEL VIáRIO é o trecho de rodovia destinado à circulação de veículos na periferia das áreas urbanas, de modo a evitar ou minimizar o tráfego no seu interior, circundando completamente a localidade.”

“CONTORNO VIáRIO é o trecho de rodovia destinado à circulação de veículos na periferia das áreas urbanas, de modo a evitar ou minimizar o tráfego no seu interior, sem circundar completamente a localidade.”

Problema resolvido: o correto é contorno viário. Agora, o mistério é saber por que chamam com outro nome.

Desde o dia 10 de fevereiro, a população co-meçou a experimentar a cidade sem o tráfego de caminhões. Apesar do alívio no trânsito, mui-tos comerciantes chiaram. Alegaram que não houve discussão prévia sobre o assunto e que os horários de carga e descarga estabelecidos pela lei nº 1062/2013 iria prejudicar o abasteci-mento da cidade. A lei foi alterada e a partir de agora a carga, descarga e acesso a cidade por caminhões funciona da seguinte forma:

a) De segunda à sexta-feira das18h30 às 07h; b) No sábado a partir das 13h e até a segunda--feira às 07h;b) Estão fora desta determinação casos de transporte de produtos alimentícios perecí-veis; transporte da carga postal, ou seja, ob-jetos de correspondência, valores, malotes e encomendas; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustível; captação e tratamento de esgoto e lixo e entre outros.

Ponte Início da BA-447

BA-447 / BR-242

Com pouco mais de um mês de funcionamento, o contorno já começa a apresentar sua deficiência para receber tráfego dessa natureza, isso sem falar do recente protesto na BR-135 que acabou em agressão entre o prefeito e um manifestante.

A elevação da ponte sobre o Rio Grande é tão acentuada que impede o condutor de ver o outro no sentido contrário. Mas, o problema é outro. Assim que se passa da elevação em direção à Salvador, um enorme buraco surge e o risco de acidente é eminente. E olha que o asfalto é novinho!

Como era de se esperar, a BA-447 não iria aguentar mesmo o tráfego de caminhões pesados. Uma depressão logo após o entroncamento com a BR-242 está levantando poeira. Para piorar, loteamentos no entorno estão escoando a água pluvial para este local

O ‘armengue’ que o Dnit fez no entroncamento entre a BA e a BR parece brincadeira. Um lago se formou no traçado original e os veículos têm que passar por outro lugar. Quando, enfim, vai ser feito um trabalho decente?

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É inegável o esforço da prefeitura em preparar as duas principais ruas da cidade para o carnaval. Não só pela decoração, que merece elogios, a qualidade do asfalto faz até o barreirense pensar que está em outra cidade. A dúvida é a seguinte: Será que esse mesmo asfalto vai agora se espalhar pelas principais ruas dos bairros ou vai parar na avenida da folia, selada no passado período momesco?

duaS realidadeS,uMa cidade

fotos:c. félix

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economia&mercadocarreiras, consumo, negócios, gestão, etc.

Para dar conta da longa jornada de trabalho diária, Cléia Viana faz caminhadas todas as manhãs. Ao voltar da atividade física, prepara o café para toda a família, inclusive a mãe de 87 anos que ela cui-

da. Antes de sair de casa, adianta o almoço e se organiza para a venda de calcinhas, arrumadas no porta-malas de um Siena que ela comprou com o trabalho.

Empreendedora individual, Cléia é formada em Análi-se de Sistemas, curso feito a duras penas na Universidade Salgado de Oliveira (Universo), em Goiânia. Apesar de ha-ver pouco desse profissional aqui no Oeste, não é bem re-

DISK CALCINHAS,promova o sucesso

EMPREENDEDORISMO

Formada em Análise de Sistemas, Cléia abandonou a profissão por ser pouco rentável para vender calcinhas na rua. Resultado, acabou criando um delivery de peças íntimas que é um sucesso em Barreiras.texto ALYNE MIRANDA foto CíCERO féLIx

na rUaCom a venda de

calcinhas Cléia já comprou casa,

moto, carro; pagou sua faculdade

e a do seu filho e garante: “é

mais rentável que trabalhar de

analista de sistema no Oeste

munerado, avalia Cléia. Ela preferiu outro rumo: vender calcinhas. “Dependendo de como eu trabalho, consigo tirar dois salários de um analista de sistemas, em Barrei-ras. Ou até mais! a depender de quantas horas dedico às vendas diariamente... Hoje em dia tenho trabalhado menos. Passei por uma cirurgia recentemente, diminuí o ritmo, me dei esse luxo (risos)”, disse ela.

Cléia relembra: “Eu cheguei aqui, o salário na minha área era muito baixo. Ainda trabalhei como professora [de informática], mas, vi que as calcinhas eram muito caras na cidade. Aí, como eu tinha acesso aos produtos de Goiânia, voltei e peguei mercadoria para vender. Co-mecei a vender em uma moto (que eu usava em Goiânia para ir pra faculdade), que trouxe e coloquei como meu ponto, aqui perto da feira - este sempre foi meu pon-to! Aliás, mesmo estudando, eu já trazia calcinhas para vender. Foi assim que consegui pagar meus custos com a minha faculdade e a do meu filho, com o dinheiro das calcinhas”.

São oito anos na rua no comércio de calcinhas, sutiãs, shorts e blusas. “Não sonho com uma loja (um ponto fixo), paguei as parcelas de um carro, que é a minha loja e vai aonde eu quiser. Não preciso me preocupar com aluguel de ponto para tocar a empresa”, afirma.

Com a evolução do mercado, Cléia percebeu o que poderia ser melhorado, para atender os clientes. “Vi que as clientes tinham a necessidade do atendimen-to em domicilio. Muitas não podiam sair de casa, tinha ganhado neném. Outras davam plantão (como é o caso de enfermeiras), e tem aquelas que não podem sair do trabalho. Aí eu percebi que era um mercado bom, en-trei com o Disk Calcinhas e comecei a fazer propaganda para as minhas clientes, nas feiras e fui desenvolvendo meu trabalho. O que antes era tele-entrega hoje é o Disk Calcinhas”.

“Se a pessoa sonha em abrir seu próprio negócio, seja uma barraquinha na feira, ou até mesmo um carrinho de picolé, tem que ser planejado. Eu não tenho um carro à toa, não tenho moto à toa, nem mesmo minha casa. Tudo foi muito bem planejado. Você me vê assim - não faço unha, não arrumo cabelo -, mas todo ano eu vou à praia. Eu guardo R$ 3,00 todos os dias, jogo no cofrinho, exatamente para usar nas minhas viagens. Vou em bai-xa temporada. E a próxima praia que estou planejando conhecer é Fernando de Noronha. Diz como é que um camelô viaja pra Fernando de Noronha, se lá é tudo tão caro? Eu lhe respondo: com planejamento”, brinca.

Já é a boca da noite quando Cléia termina o expe-diente na rua e começa o de casa. É hora de fazer a limpeza. Depois, vai estudar matemática ou tocar flauta doce. “Já toco algumas músicas. Mas ainda vou aprender o trompete. Não sei ficar quieta (risos)”.

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Havan vai investir r$ 35 mi em loja de barreiras, 1ª no nordeste

ATé 2º SEMESTRE

Com o investimento previsto de R$ 35 milhões, a rede de lojas Havan, monta em Barreiras sua nova fi-lial. Com um total de 65 lojas em seis estados brasileiros, a Havan é conhecida por ser uma das maiores redes de lojas de departamento do Brasil, com um mix de mais de 100 mil itens de produtos nacionais e importados, em vários setores. O projeto da Havan em Barreiras prevê uma sequência do padrão nacional da rede, com estaciona-mento coberto para 500 vagas, 22 check-outs, área de alimentação e esteira rolante. Com geração de 200 novos empregos. A loja será construída na BR-242, saída de Barreiras para Salvador. Em uma área de 15 mil metros quadrados. A previsão de inauguração do empreendimento é para o segundo semestre de 2014.

Investimentos em Luís Eduardo MagalhãesIbis - Confirmado em Luís Eduardo Magalhães a instalação de uma das maiores redes hoteleiras do país, Ibis. Com investimento de aproximadamente cinco milhões de reais a rede é conhecida pelos hotéis executivos, de tarifa baixa e com poucos serviços adicionais.; Casa Campos - Inaugurada em janeiro deste ano a maior loja de materiais de construção do interior da Bahia, Casa Campos. A loja está localizada na rua Juscelino Kubitschek, área rural, ao lado da casa de shows Avenida Mix.; IgaBeleza - O Igabeleza, considerado o maior shopping de cosméticos da região, teve sua nova filial inaugurada em Luís Eduardo Magalhães. A loja oferece produtos de estética e beleza e está localizada na rua Cleriston Andrade, 709.

economia&mercado

DESTAQUES ACELEM

O evento que premia os des-taques do ano reconhecidos pela Associação Comercial e Empresarial de Luís Eduardo Magalhães (Acelem) entra em seu 13º ano de existên-

cia. O objetivo da premiação anual é incentivar o comércio local que já cresceu consideravel-

feSta celebra reconHecidoSdo Mercado de leM

mente nos últimos anos. Na semana que ante-cede o evento, os três primeiros colocados de cada categoria são avisados pela ACELEM que estão na disputa, para que haja um represen-tante das empresas ganhadoras para receber o troféu. O evento ocorrerá no dia 05 de abril no espaço Quatro Estações Hall e contará com a participação da dupla Guilherme e Santiago.

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economia&mercado

Muito se tem falado sobre a inércia do Estado na questão da realização de obras, liberação de recursos para execu-ção eficaz das políticas públicas, contratação de pessoal,

etc. O Poder Executivo, em todas as esferas de governo, dá exemplos inquietantes de leniência e incapacidade administrativa, subjugado pelo excesso de burocracia e licitações que se tornam impraticáveis por de-masiadas exigências formais. A Lei de Responsabilidade Fiscal, que está quase debutando, apesar de trazer inovações ao processo de transpa-rência e controle externo, engessa a administração e é um dos poucos mecanismos legais de análise por parte dos Tribunais de Contas e outros órgãos de controle.

Estamos num dilema: Enquanto a atuação dos Tribunais de Contas, Ministério Público, e Conselhos tornam a administração pública mais transparente e menos vulnerável a atos de corrupção, o excesso de con-trole retarda a tomada de decisão e a autonomia gerencial. Poucos são os movimentos no sentido de mudar esta realidade e diariamente o que se vê é o excesso de contas públicas rejeitadas, muitas vezes por “detalhes” mínimos e excesso de zelo dos controladores.

Esta reflexão não tem por objetivo a defesa da extinção dos órgãos de controle e a liberação do gestor público para fazer o que bem entender. Serve para explicar por que, no Brasil, a tendência é aumentar os órgãos de controle e criar mecanismos que retardam a tomada de decisão e a autonomia gerencial do setor público.

O exemplo de economicidade e cuidado com os recursos públicos que deveria ser dado pela gestão do Governo Federal, se apresenta de ma-neira inversa. Nos últimos 10 anos, quase dobrou o número de Ministé-rios e Secretarias com o mesmo status, sendo que, hoje, este número já chega a 39 pastas. A explicação dada pelo ex-presidente Lula, (defensor do aumento do número de ministérios) é de que um corte na administra-ção atingiria Ministérios de menor expressão. A equação é simples: são esses Ministérios e Secretarias de menor importância que mantém as políticas paternalistas dos programas de governo voltados à captação de votos e manutenção do poder.

A opinião pública e os órgãos de imprensa que outrora se escandali-zavam com notícias relacionadas ao aumento do tamanho da máquina administrativa, entraram num processo de “acostumação” e o assunto foi deixado de lado por todos aqueles que deveriam cobrar mais eficácia de gestão e menos burocracia nos processos administrativos.

Assim, o princípio básico de gestão eficaz – aumento de receita e di-minuição de despesa – é totalmente distorcido por uma via de mão única que, além de aumentar a carga tributária, impõe o aumento da máquina

Opinião por câNDIDo hENrIquE trIlhA

Cresce o controleexterno e o descrédito na gestão pública

Consultor em Gestão Pública e Empresarial, especialista em Direito imobiliário e diretor executivo da Gent Consultoria em Gestão e Desenvolvimento Humano & Organizacional // [email protected]

estatal no intuito de acomodar os interesses políticos. Permanece o círculo vicioso baseado no “quanto mais se arrecada mais se gasta” e os recursos para investimentos continuam parcos. Não se fala mais em Reforma Administrativa.

Neste processo de excessivo controle e aumento da máquina esta-tal, estamos longe de ter ações que visem reformas eficazes, como a iniciada em 1979 com o Programa Nacional de Desburocratização que culminou, em 1984, com a criação dos Juizados de Pequenas Causas e do Estatuto da Microempresa, dois grandes avanços na questão do acesso à justiça e ao empreendedorismo, respectivamente.

É preciso modernizar a legislação que trata do controle externo, com mudanças que acompanhem o dinamismo da gestão pública, sob pena de cada vez mais nos depararmos com cenários de paralisia gerencial e obsolescência da administração.

Mas, para que se possa exigir modernização das leis e para que haja o direito de questionar a atuação dos Tribunais de Contas, do Ministério Público e o excesso de controle, é preciso que os gestores públicos conquistem credibilidade perante estes órgãos. Tal credibi-lidade somente será conquistada com a diminuição do tamanho da máquina administrativa, manutenção de uma política de recursos humanos que incentive plano de carreira e permanência dos fun-cionários na administração, execução orçamentária compatível com a LOA - Lei Orçamentária Anual - e extinção dos “feudos” formados por servidores que agem como se fossem “donos” da administração.

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iNsaCiáveL,dEvastadOraE qUasE ImbatívEl

Sorrateiramente, uma praga já conhecida no mundo todo resolve botar as patas so-bre as agriculturas do Oeste da Bahia. Isso aconteceu em 2010, mas foi na safra 2011/2012 que o produtor da região sentiu a força da fome da lagarta Helicoverpa armigera que, aliado ao baixo índice pluviométrico, causou um prejuízo de R$ 2 bi-

lhões. Agora, ela já está presente em 11 estados brasileiros e não respeita variação de lavoura. Não importa se é de pastagem, hortaliça, verdura, café, feijão, laranja, milho, soja, algodão... ela não respeita nem plantas daninhas. A Helicoverpa virou um problema social.

Helicoverpa já se espalhou por 11 estados brasileiros, não respeita variação de lavoura, vive pelo menos 21 dias e só pode ser controlado com manejo integrado e uso combinado de produtos biológicos. texto/foto CíCERO féLIx

agricultura, meio ambiente, agropecuária, tecnologia, etc.

agromagazine

Em janeiro, em evento realizado pela Associação de Agricultores de Irrigantes da Bahia (Aiba) e Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), foi apresenta-do aos agricultores familiares o Programa Fitossanitário do Oeste da Bahia, coordenado pelo agrônomo Celito Breda. O programa começou a funcionar no final do ano passado e tem por objetivo orientar e regular a plantação e alinhar o modelo de combate à praga.

“Não adianta se preocupar só da cerca para dentro. É preciso se preocupar, também, com a beira da estrada. A lagarta não respeita nada”, disse Breda. Ele considera fun-damental que se adote o Manejo Integrado de Praga (MIP) na região. Isto inclui o controle cultural (calendário agrícola), controle biológico (uso de vírus, bactérias, vespas), controle com Organismo Geneticamente Modificado (uso de soja BT, por exemplo, em área de refúgio) e controle químico. Sem o uso combinado desses quatro controles, é impossível a convivência com a praga.

No entanto, o maior problema do campo não está vin-culado apenas à Helicoverpa. A Plusias ou Falsa Medideira tem incomodado as plantações de feijão, soja e algodão. “As ferramentas e controle para esta espécie ainda são poucos, por isso muitos fracassos, insucessos. Os da He-licoverpa também. Nos casos que tiveram uso de vírus HzNPV-CCAB (em aproximadamente 20% dos produtores do Oeste da Bahia) os casos de sucesso para Helicoverpa foram maiores. Faltou a opção do Benzoato de Emamec-tina, que controla bem as Plusias e Helicoverpa, além de Spodopteras”, explica Breda, lamentando que até o mo-mento, o Ministério Público não liberou o uso do Benzoato.

O MIP já é usado na Austrália há muito tempo. O uso do Benzoato, aliado a produtos biológicos, tem garantido um controle eficiente na agricultura austríaca e nos Estados Unidos. No Brasil, o debate em torno da contaminação do solo e do efeito no corpo humano do uso do agrotóxico nos alimentos tem avançado a passos lentos.

Mais informações sobre o Programa Fitossanitário po-dem ser encontradas na Aiba e Abapa nos sites www.aiba.org.br, www.abapa.com.br e www.fundacao.com.br.

celito bredaAgrônomo e diretor da Abapa coordena o Programa Fitossanitário que tenta controlar as pragas nas lavouras do Oeste

PRAGA

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economia&mercado

Bentec

EM REDE NACIONAL

Do ano passado para cá aconteceram pelo menos nove assaltos a fazendas localizadas em Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e São Desidério, totalizando prejuízo de R$ 6 milhões em produtos e equipamen-tos. A informação foi divulgada em reportagem do Globo Rural exibida no dia 23 de fevereiro. De acordo com o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de LEM, Vanir Kölln, o número de crimes no campo tem aumentado nesses três últimos anos. Geralmen-te os assaltos acontecem mais nos finais de semana. Há agricultores que viram sua fazenda ser invadida três vezes ano passado. Veja no link http://zip.net/bqmKCD a reportagem completa.

Lançado em fevereiro, o Índice de Confiança do Agrone-gócio (IC Agro) revela que 63% do produtor brasileiro vai investir mais no controle sanitário e combate às pragas, principalmente devido a Helicoverpa armigera.

O índice foi criado a partir da iniciativa da FIESP e Organiza-ção das Cooperativas do Brasil (OCB), com apoio da Asso-ciação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF) e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Para 32% dos entrevistados, as pragas são os maiores problemas da atual safra. Apenas fatores como o clima (46%) e o preço de seus produtos na hora da venda (38%), assustam mais os produtores.

O objetivo principal do Índice de Confiança do Agronegó-cio é medir, trimestralmente, as expectativas de agentes como a indústria de insumos, cooperativas, produtores, indústrias de alimentos, sistema financeiro e distribuidores em relação ao negócio (custos, preços de venda e produti-vidade), a situação da economia brasileira, disponibilidade de crédito e expectativa de investimento. No quarto trimestre de 2013, o índice geral chegou a 104,5 (em uma escala de 0 a 200), apontando leve otimismo do setor para o ano de 2014.

aSSalto a fazendaS do oeSte é deStaQue eM tv

Praga força Produtor a inveStir MaiS no caMPo

NO CAMPO

Analistas consultados estimam que estoque mundial de soja ao final de 2013/14 deve ser reduzido de 73,01 milhões de toneladas para 71,52 milhões de toneladas.

2013/2014

De acordo com a consultoria Agrural, na Bahia, as chuvas chegaram em boa hora. No entanto, com as chuvas esparsas, 30% da área plantada de soja deve ter grandes perdas.

Em dezembro, a Aiba divulgou previsão de safra no Oeste da Bahia:

8,7Para o presidente Júlio Cézar Busato, “o cenário está propício para a recuperação da produtividade que a região sempre apresentou”

milhões de toneladas.

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A edição comemorativa dos 10 anos da Bahia Farm Show foi lançada em dezem-bro, na capital baiana. Na edição deste ano, a feira ganhará uma nova entrada, nova praça e mais vagas de estacionamento, inclusive em rua coberta. “ Estamos sempre buscando melhorar a infraestrutura. Nosso objetivo maior é oferecer conforto e como-didade aos nossos expositores e visitantes.”, disse Thiago Pimenta, coordenador do evento.

Serão feitas homenagens aos sulistas, nordestinos e orientais que, juntos, fizeram do Oeste da Bahia uma potência agrícola.

“Teremos exposição fotográfica, apre-sentações folclóricas e comidas típicas de cada um desses povos. É o nosso jeito de agradecer e homenagear. Esta será uma Bahia Farm Show inesquecível.”, disse Júlio Cézar Busato, presidente da feira, que será realizada de 27 a 31 de maio de 2014 em Luís Eduardo Magalhães.

A edição do ano passado recebeu visita de 63 mil pessoas, movimentou R$ 671 milhões e gerou 2,7 emrpegos diretos e indiretos. A estimativa é que na deste ano esses números sejam superados, como acontece a cada ano.

10ª edição da bahia farm Show terá novidades

EVENTO

foto

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Fernando esquivelPerfilFernando das Dores Esquivel Filho é natural de Salvador e bacharel em Ciências Contábeis. Concursado, trabalha no TCM desde 1997. Mora em Barreiras desde 1995 e há seis anos é inspetor regional do TCM, cuja jurisdição abrange 13 municípios do Oeste da Bahia

entrevista

Foram criados vários instrumentos reguladores e fiscali-zadores da administração pública. Mesmo assim desvios continuam acontecendo frequentemente. Esses mecanismos não são suficientes para coibir esse tipo de comportamento?

Isso é uma questão cultural e educacional. Questão de índole mesmo. Em casa nós aprendemos que não devemos roubar, ma-tar. Mas o dinheiro público, parece que não tem dono. Em casa, é a sua casa, é a minha casa e nós zelamos. Quando a gente fala de administração pública, parece que é uma coisa largada. Agora nós temos um mal muito grande em dizer que todo político é ladrão. Quando a gente fala dessa forma, já está deixando ele tranquilo. Se, porventura, ele pegar alguma coisa de alguém, ele já tinha esse título mesmo, só vai confirmar essa questão. Eu cos-tumo dizer pros meus alunos para mudarmos o discurso. Vamos dizer que o político é honesto, tem que ser honesto! Porque no dia em que ele for pego fazendo a coisa errada, vai ter vergo-nha e vai sair da vida pública. Se nosso discurso mudasse, se as nossas ações mudassem, você nem precisaria de tantas leis, de tantos órgãos de fiscalização. Ninguém melhor que o próprio povo, o povo é inteligente, ele sabe o que quer. Muitas vezes o comportamento dos políticos é reflexo do comportamento do povo. Aí não adianta criar leis e órgãos de fiscalização se o povo culturalmente não for trabalhado. Por isso se perpetua a educa-ção da ignorância. Quanto menos qualidade na educação, quanto menos se trabalhar as questões sociais e do seu dia a dia mais o povo é manipulado.

O povo tem o governo que merece ou o governo forma o povo do jeito que ele quer?

Eu acho que qualquer questão nessa direção é uma verdade. A Constituição de 88 trouxe um avanço fantástico, previu a questão dos conselhos para acompanhamento. Os conselhos também são órgãos de fiscalização, mas não são governamentais - sem ban-deiras, sem partidos. Eu acredito que enquanto o povo não estiver realmente inserido no contexto, não tomar posse dos governos, independente de partido... Boa parte da população não se inte-ressa porque não é o seu partido. Eu acho que o povo tem que se preocupar com a fiscalização do bem-estar da sociedade. É um dos princípios da administração pública: tudo pelo povo e para o povo. Se nós não pensarmos assim, vai ficar difícil. Mas eu sou muito otimista e acredito que temos avançado. A Lei de Responsabilidade Fiscal é fantástica. No artigo 49 ela abriu uma brecha e foi regu-lamentada com a lei 131, que é a Lei da Transparência. Se o povo criasse apenas o hábito, somente uma vez por dia, de analisar as ações do governo, tudo que o governo gastou e recebeu... A maio-ria da juventude hoje tem acesso aos smartphones, a esse podero-so instrumento de comunicação e informação. A Lei 131, derivada da Lei 101, traz essa possibilidade de todos os dias, em tempo real, você ver o que está acontecendo em todos os municípios. Já é lei, já está em vigor. Então nós temos que entrar também nessa batalha pra plantar isso na juventude.

Os dados não são animadores, principalmente quando referentes ao último ano de mandato. Nesse período, cerca de 50% dos municípios baianos têm suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Professor da Uneb há 20 anos e inspetor regional responsável pelo TCM em Barreiras, Fernando das Dores Esquivel Filho, considera o número significativo. O número de servidores para fiscalizar os 13 municípios do Oeste sob a jurisdição deste TCM é muito pequeno. São só quatro e, destes, dois ficam na parte administrativa do órgão. Contudo, ele explica que é das câmaras de vereadores o dever de fiscalizar, ao Tribunal cabe a análise técnica. Esquivel diz também que o problema da corrupção é cultural. “Não adianta criar leis e órgãos de fiscalização se o povo culturalmente não for trabalhado. Por isso se perpetua a educação da ignorância”. Veja ao lado a entrevista. texto/foto C.féLIx

em média, 40% Dos muNiCípios têm CoNtas rejeitaDas

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Onde há mais irregularidades: nas receitas livres ou nos recursos vinculados?

O TCM tem como incumbência legal fiscalizar os recursos livres. Quan-to aos recursos vinculados, ficam restritos a cada âmbito do poder. Por exemplo, se for uma transferência do estado para o município, quem fis-caliza é o Tribunal de Contas do Estado, se for do governo federal para o município, quem fiscaliza é o Tribunal de Contas da União. Disparada-mente as irregularidades se somam e se amontoam em cima dos recursos livres porque nos recursos vinculados você não pode desviar finalidade. Se ele veio para construir fossa séptica, tem que construir fossa séptica, você já tem um direcionamento. Mesmo que haja desvio aqui ou ali na execução do projeto, mas é finalizado.

Das prefeituras da jurisdição dessa unidade do TCM, quantas tiveram contas reprovadas nessas duas últimas gestões?

A média de rejeição na Bahia está girando em torno dos 40%, é algo significativo. E quando se trata do último ano de gestão, às vezes isso oscila até pra mais, já chegou a até 49% de contas rejeitadas. Na nossa jurisdição, nesse último período, nós estamos um pouco abaixo da média. Eu não sei te dizer se isso é bom ou ruim, porque até como professor, a gente se pre-ocupa muito com a questão da orientação. No meu modo de ver é positivo não rejeitar tantas coisas, a rejeição é o último caso. Eu acho que a nossa média aqui do último pleito é de cinco municípios, algo em torno de 40% de contas rejeitadas. Quase sempre os prefeitos entram com argumento protelatório, mas tem o prazo legal. Esgotando os recursos, no caso de 2012, eles ainda têm direito a algum recurso. Eles entram com pedido de reconsideração que vai ser julgado e pode haver, por algum motivo, um fato novo que altere esse julgamento, em especial de 2012. De 2011 pra trás, não, está rejeitado mesmo.

Por que um prefeito que teve contas rejeitadas continua gerindo o município? Ele não deveria ser afastado?

Existe uma diferença muito clara entre administração pública e adminis-tração privada. Na administração privada, se você fosse um gerente e desse um prejuízo de dois ou três anos seguidos, provavelmente o seu patrão lhe botaria no olho da rua. Mas como o patrão aqui é o povo e está estabelecido na lei que o mandato é de quatro anos, se não for comprovado - no caso dessa rejeição de contas - um desvio deslavado, um roubo, dentre outras si-tuações que ensejem uma cassação... Só quem teria força para provocar essa situação seria a Câmara de Vereadores, na esfera municipal, a Assembleia Legislativa na esfera estadual e o Congresso Nacional no caso da União, como aconteceu no caso Collor. É possível retirar alguém do poder, se estiver ruim? Sim, logicamente. Se a Câmara, a Assembleia ou o Congresso entender que o ato é digno de um afastamento, pode abrir um processo de impeachment e

pedir o afastamento. Não cabe aos tribunais. No máximo o Tribunal de Justiça pode decretar o afastamento dessa pessoa, cassar um mandato, cassar um diploma. Mas somente por um ato de gestão não existe força suficiente para isso, porque ele foi eleito pelo povo para governar por quatro anos. Somente o povo pode tirá-lo de lá. No caso do município, quem pode fazer isso são os vereadores. Fora isso, ninguém tem o direito de tirar o gestor mesmo que haja um déficit muito grande. Na administração privada você tem parâmetros e mecanismos para dizer se a pessoa é boa ou ruim. Infelizmente, na admi-nistração pública dizer se um gestor é bom ou ruim, basicamente, é saber se ele agrada às pessoas ou não. Então coloca-se muita gente para administrar que, muitas vezes, está ali só para fazer favores políticos e esquece de cuidar da cidade. Infelizmente é a nossa cultura, não temos mecanismos.

Ao fim de cada mandato o TCM faz uma auditoria nas contas da prefeitura?

Sempre no final do mandato tem a chamada “transição”. É uma lei federal instituída por FHC quando ele fez a transição justamente para o governo Lula constituir um grupo de trabalho, avaliar a gestão e dar continuidade. O tribunal, inclusive, baixou uma resolução sobre isso e orienta que no final de mandato, seja constituído um grupo pelo grupo vencedor e pelo grupo que passa o mandato para elaborar um relatório de restos a pagar, de obras iniciadas e não concluídas. Tem ocorrido? Em alguns casos sim e, em outros, não. Essa transição deveria sempre ser pacífica. No caso de Barreiras, salvo engano, o grupo que estava no poder disse que houve e, o outro grupo, que não. Inclusive, constituiu-se um grupo independente [quando a atual gestão] assumiu para fazer essas auditorias e nos trouxe certa quantidade de docu-mentos da auditoria que eles fizeram. Se você analisar o relatório de rejeição de contas da ex-gestora vai ver que está muito claro lá, por parte do Tribunal, que um dos temas é justamente a insuficiência de saldo. Ou seja, muitas coisas que foram contratadas, compradas e não ficou saldo para pagamento, infringindo o artigo 42 da LRF.

Você acha que essas manifestações populares do meio do ano pas-sado para cá são reflexos de um amadurecimento dessa sociedade? Isso vai se refletir na próxima eleição?

O povo está há muito tempo calado, vai engolindo tudo. Chega uma hora que explode. Isso é um processo quase natural. Na história da humanidade é mais ou menos assim: o povo vai aceitando e uma hora quer se liberar. É isso que está acontecendo agora. Mesmo com o governo atual (no sentido macro) tentando atender àquelas questões, mas o que está em questão é na alma do povo. Não é uma briga pelo valor dos transportes públicos, que foi o estopim. É mais que isso. Não é possível você ir num posto médico e marcar pra ter um atendimento daqui a uma semana; ir numa escola e não ter professor. Considerando que nós somos o segundo ou terceiro país do mundo que mais tributa. Então você tem uma carga tributária hoje beiran-do os 40%. É quase dividir um pão ao meio com o governo. O governo não fez nada, leva a metade do pão e a outra metade você come. Mas você tem que trabalhar para comprar um pão inteiro. O povo está inconformado. Isso foi uma alerta muito providencial pelas questões que o povo está engas-gado há tempos. Aquilo foi uma pequena amostra, mas ainda virão muitas coisas pela frente, acredite. Eu tenho plena consciência que não para por aí. Digamos que a chama, o combustível tá lá, queimou. Talvez deu uma chuvinha e apagou um pouco, mas ainda tem fumaça. E a qualquer mo-mento, como tem o combustível ali, na hora que reacender ninguém apaga essa chama. Enquanto não se investir no cidadão, enquanto o governo não entender que ele é do povo e para o povo, ao invés de para o partido, a coisa não muda. Hoje se governa para o partido “a” ou para os aliados do partido “a”. Vai chegar uma hora que as “bolsas” não vão ser suficientes.

eu acho que o povo tem que se preocupar com a fiscalização do bem-estar da sociedade [independente de partido]. É um dos princípios da administração pública: tudo pelo povo e para o povo”

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reportagem

se Não fosse Deus, a geNte Não estava De pé

A frase de Josnei, 38 anos, que desde 2012 tenta uma endoscopia intestinal e precisa urgentemente de exames ginecológicos, é o retrato

da situação da saúde em Barreiras, que tem três postos paralisados mas “prontos”, segundo a construtora e precisando de ajustes, conforme a

prefeitura. Enquanto isso não se resolve, só Deus, como diz Josnei.texto ALYNE MIRANDA texto/foto CÍCERO FÉLIX

Psf ribeirãoApesar do nome estar vinculado a outro bairro, esta obra está construída no Loteamento São Paulo. Não há pavimentação

no entorno nem a prefeitura delimitou a área da rua e do posto. Por isso, alega a construtora, a calçada ainda não foi feita

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reportagem

Criei um cisto no ovário e ele está maior que um limão. Estou caminhando porque peço força a Deus. Se não fos-se Deus a gente não estava de pé”, declarou Josnei Maria Almeida dos Santos, 38 anos, na fila da Central de Marca-ção de Barreiras no final de fevereiro. Desde 2012 ela tenta fazer uma endoscopia intestinal, mas sempre escuta que não há médico e não tem vaga. Mas sobra descaso com a saúde pública.

Em janeiro de 2013, vereadores fizeram uma inspeção nas principais unidades de saúde (Hospital da Mulher, Hos-pital do Oeste, Hospital Eurico Dutra e Serviço de Atendi-mento Móvel de Urgência) e constataram inúmeros proble-mas, dentre eles, uma UTI neonatal desativada, corredor de hospital estreito demais para permitir a passagem de maca; faltam equipamentos, laboratórios, instalações adequadas e profissionais especializados.

Após as visitas da Câmara, um relatório (texto e foto) foi enviado ao Ministério Público Estadual, Federal; ao TCM, à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, ao governo do Estado e à Anvisa, em Brasília. Nenhum órgão se mani-festou sobre o assunto. De lá para cá, a situação continua precária, e sete obras da área da saúde da gestão da ex--prefeita Jusmari Oliveira continuam paradas (ver tabela ao lado).

“Eu sinto revolta. A gente se sente inútil, incapaz. Eu moro na penúltima rua do Santa Luzia. Não é todos os dias que eu tenho dinheiro pra vir de ônibus, eu venho a pé. Aqui, falam que lá no posto do bairro tem vaga. Quando a gente chega lá não tem mais. Só são 15 fichas. As pessoas preferem garantir a marcação aqui do que ir pros postos”, explica Josnei.

Informações desencontradas, silêncio e divergência sobre as obras de saúde paralisadas. O município tem cobertura de 47% do Programa da Saúde da Família. Criado há 20 anos pelo Governo Federal para organizar e garantir acesso universal e atenção básica, cada unidade deve atender entre 3 e 4 mil pessoas. Em Barreiras, com população estimada em 150 mil pelo IBGE, há 19 PSFs em funcionamento e dois sem funcionar.

Os dois postos paralisados estão em Barreirinhas e no Lo-teamento São Paulo. Eles começaram a ser construídos em 2011 pela Melo & Bastos Ltda., que também construiu uma Unidade Básica de Saúde na Vila Nova e está fechada. Para a empresa, as três obras estão prontas, salvo alguns detalhes. A de Barreirinhas falta só a calçada. A construtora alega que começou a fazer (ano passado) e a prefeitura quebrou para criar um estacionamento; a do Loteamento São Paulo tam-bém falta a calçada, mas a prefeitura precisa antes delimitar o espaço da rua, colocar o meio-fio.

Para a prefeitura, o problema não está só na calçada. “A do Ribeirão, nós visitamos com a dra. Cláudia, dra. Simone e o dr. Maurício, quando ele ainda era secretário de infra-estrutura. Eu não sei precisar quanto da obra está pronto. No primeiro semestre do ano passado estava longe de estar pronta. Depois, dra. Cláudia andou mais um pouco, mesmo assim a obra está lá sem possibilidade de funcionamento”, disse Regina Figueiredo, secretária de Saúde de Barreiras. De acordo com o engenheiro da pasta, Josenias Camargo, todas as obras estão em desacordo com a planilha orça-mentária. “A construtora já foi notificada para que faça as correções e até então não fez. Ela tem que sanar essas pen-dências para que a prefeitura receba a obra definitiva. Inclu-sive várias dessas obras já foram pagas 100%. Outras foram pagas 40% da obra ou valor aproximado e nem iniciou a obra”, esclareceu o engenheiro.

A Melo & Bastos diz que, de fato, já recebeu 100% do valor da obra dos PSFs de Barreirinhas e Loteamento São Paulo. Da do Vila Nova recebeu apenas 50%, mas já “con-cluiu” a obra. Ou seja, tem a receber. Por outro lado, ela já re-cebeu 20% de um contrato para fazer Academias de Saúde, mas até agora não fez, alegando que a prefeitura ainda não

“Euestou precisando de um ginecologista urgente.

Pronto Para inaUgUrarO PSF de Barreirinhas foi entregue em 2012. Na época, a prefeitura

instalou ar condicionado, equipamentos odontológicos, ambulatoriais, conforme foto da construtora. Com a mudança

de governo municipal, os equipamentos foram transferidos para outros postos, informou a secretária de Saúde. A prefeitura reclama que a obra está fora da planilha orçamentária, a construtora que a prefeitura quebrou a calçada (foto à direita) que ela estava fazendo

para construir um estacionamento

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20 OBRAS INACABAdAS... ...algumas nem iniciadas

R$ 21milhões

PSf BarreirinhasContrato: 053/2011-FMS Valor: R$ 398 mil

PSf RibeirãoContrato: 053/2011-FMS Valor: R$ 199 mil

UBS Vila NovaContrato: 041/2010-FMS Valor: R$ 117 mil

Academias de SaúdeContrato: 045/2012-FMS Valor: R$ 359 mil

Laboratório CentralContrato: 057/2011-FMS Valor: R$ 400 mil

Creche Vila AmorimValor: R$ 1,3 mi

UPAContrato: 282276-74 (CEF) Valor: R$ 2,6 mi

Nova sede do CeproesteContrato: 389534-68 (CEF) Valor: R$ 2,6 mi

Creche RibeirãoValor: R$ 1,3 mi

Creche CascalheiraValor: R$ 1,3 mi

Creche Barreiras IValor: R$ 1,3 mi

Creche Morada da LuaValor: R$ 1,3 mi

Creche Novo HorizonteValor: R$ 1,3 mi

Creche Sombra da TardeValor: R$ 1,3 mi

Creche MCMVValor: R$ 1,3 mi

Cobertura Colégio Eurides SantanaValor: R$ 184 mil

Cobertura Colégio Otávio MangabeiraValor: R$ 184 mil

Quadra de esportesValor: R$ 502 mil

Praça PECValor: R$ 1,5 mi

Praça da JuventudeValor: R$ 1,1 mi

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indicou o local onde vão ser instaladas; recebeu também 40% de outro contrato para construir o Laboratório Central, no Leonídia Aires, mas parou a obra na fundação.

Assim que Antônio Henrique assumiu a pre-feitura, em janeiro de 2013, todas as obras do município foram suspensas. A partir daí, a Melo Bastos ficou aguardando a ordem para reiniciar as obras. Como a autorização não chegou, enviou documentos reiterando o interesse em dar conti-nuidade, mas a prefeitura não respondeu.

“Eu vou marcar com o engenheiro da constru-tora, me inteirar dos detalhes para a gente che-gar num denominador comum: que fique bom pra população, para o gestor e que também não fique ruim para a empreiteira”, declarou Jose-nias. Enquanto isso, o serviço de saúde continua minguado no município, com três prédios recém--construídos sem uso nenhum.

sem UsoA Unidade Básica de Saúde está totalmente finalizada, garante a construtora, que só recebeu 50% do valor da obra. Para o PSF do Loteamento São Paulo (fotos do meio) ficar pronto a prefeitura precisa demarcar a rua. Enquanto não se chega a um acordo, o mato cresce em volta da obra em terreno aladiço. A poça de esgoto na esquina da rua é constante

ObraS POr árEa

SaúdeEducação

Esporte e lazer

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“Caldo de cana”,diz uma pequena placa na frente de um tapume que circunda quase todo um quarteirão no início do bairro Santa Luzia. Ali, deveria haver uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) tipo II. “Eu vendia caldo de cana ali, do outro lado da rua”, diz Alexandre de Jesus, 56 anos, pai de sete filhos. Ele conta que vendia lanche “pros peões” da obra, daí foi convidado para trabalhar de guarda ali mesmo. E melhor: sem ter que se desfazer do carrinho que mói a cana. “Você trabalha de guarda e continua com seu negócio aqui”, disseram pra ele.

A obra, orçada em R$ 2,6 milhões através de recursos do Ministério da Saúde, com contra-partida do Estado, teve início em março de 2012. Jesus estava feliz, tinha salário mensal fixo e ainda faturava um extra no próprio trabalho. Chegou dezembro e a alegria de Jesus diminuiu. A obra foi paralisada e seus fregueses foram mandados embora. “Pelo menos arranjei esse cantinho”, diz, conformado.

De acordo com a secretaria de Saúde do Estado (Sesab), em função de problemas contratuais junto à construtora Link Engenharia, estava sendo providenciado a oficialização do distrato e que em breve seria lançado novo processo licitatório. Resta saber o teor desse distrato. Do total orçado, R$ 1,5 milhão (57% do total do empreendimento) já foi liberado, mas apenas 17% da obra foi executada, conforme medição da Caixa Econômica Federal de 6 de novembro de 2012.

Outra obra da saúde que está com a verba parada na CEF é a da nova sede do Ceproeste. O Centro de Reabilitação do Oeste foi orçado em R$ 2,6 milhões. O contrato foi publicado no Diá-rio Oficial da União em 5 de novembro de 2012 e sua vigência vai até 18 de outubro deste ano.

reportagem

ex-fUncionáriosAlexandre Jesus e Hildeir Pereira trabalhavam na Link Engenharia, construtora que começou a obra e devido a problemas contratuais aguarda oficialização de distrato da Sesab. Pereira foi embora e Jesus ficou por ali, com seu carrinho de lanches e de caldo de cana dentro do tapume que cerca a obra abandonada

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Em janeiro,Maria Dias foi a Central de Marcação com uma re-quisição de exame oftalmológico da mãe, Izaura Pereira, de 82 anos. Conseguiu marcar para o dia 25 de fevereiro. No dia, conseguiram o veículo emprestado e levaram dona Izaura ao consultó-rio. Chegando lá, foram informadas que a médica não estava atendendo pela prefeitura por falta de pagamento. Queixa comum de muitos médicos.

Em 1946,o presidente Eurico Gaspar Dutra vem a Barreiras inaugurar um hospital que leva seu nome. Cons-truído com recursos próprios pelo empreendedor Geraldo Rocha, a obra foi doada à população de Barreiras. Apesar de ter passado por várias re-formas, a impressão que se tem é que o hospital parou no tempo. Já foi do Estado, passou para o município, voltou para o Estado, voltou para o município. Resultado: com esse vai-e-vem a do-cumentação ficou com pendências.

O terreno do Eurico Dutra ocupa um quartei-rão e é maior do que o espaço onde hoje está o Hospital do Oeste. Poderia ser uma referência em qualidade de serviços, mas é em descaso. Máquinas enferrujadas estão jogadas pelo pátio, faltam condicionadores de ar, no centro da cozi-nha há uma caixa de gordura que lembra uma fossa, faltam cadeiras de rodas... enfim, a situa-ção é assustadora.

A secretária diz que toda vez que vai à Sesab leva o Eurico Dutra na pauta, mas ao que parece não se tem avançado no assunto. Na abertura dos trabalhos legislativos, Antônio Henrique disse que ia “viabilizar junto ao MEC o Hospital Escola Universitário, já disponibilizamos a área do Hospital Eurico Dutra”. Com esta fala não fica claro qual o destino do Eurico Dutra. Mas, uma coisa é certa, a pendência na documentação tem que ser resolvida.

Hoje, a prefeitura tem convênio com 51 es-tabelecimentos de saúde especializados. A secretária não informou quanto custa isso aos cofres públicos, mas, se o próprio poder público oferecesse determinados serviços isso seria boa economia para o município. Com a chegada do mamógrafo de “última geração” e do aparelho de raio-X comprados pela prefeitura, quem sabe isso não se concretiza. “Está chegando”, disse animada a secretária, que depois falou da difi-culdade de especialistas na cidade.

“Ano passado, nessa época, estávamos com a corda no pescoço. Mas com o programa Mais Médicos isso deu uma desafogada. Atualmen-te nós temos uma médica cubana, mas virão mais 15”, conta. Até lá, é se virar com os que tem, e quando tem. O Posto 24h, por exemplo, que atende urgências ambulatoriais, deveria ter diariamente um clínico geral, um pediatra e um cirurgião. Mas, “nem sempre temos os três ao mesmo tempo”, explica Regina. “Se não tiver o clínico geral, o pediatra tem a obrigação de atender o paciente. Antes de tudo o médico é geral. E o não atendimento é omissão de socor-ro”, enfatiza a secretária. No entanto, esse aten-dimento não é uma prática corriqueira e muitos têm que recorrer ao Hospital do Oeste, que, ao invés de fazer apenas atendimentos de média e alta complexidade, acaba cuidando da atenção básica também.

insPeção da câmaraFotos estão no relatório feito pela Câmara Municipal e enviado a vários órgãos estaduais e federais. Até o momento ninguém se manifestou para recolver os problemas do hospital construído há mais de 60 anos

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moDeLo De gestão,diferencial que os números não conseguem esconder

2ª PESqUiSa REviSta a / inSight

texto CÍCERO FÉLIX

esta edição, apresentamos a segunda rodada de pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Insight para a Revista A. Os dois primeiros municípios pesquisados foram Barreiras (82% reprovam Antönio Henrique) e Luís Eduardo Maga-lhães (49% reprovam Humberto Santa Cruz). O resultado foi publicado na revista passada. Agora, publicamos a opinião dos eleitores de Ibotirama e Serra Dourada.

Embora de cidades com perfis diferentes, os dois prefei-tos, Terence Lessa e Milton Frota, representaram nas eleições de 2012 a genuína manifestação de mudança aspirada pelo eleitor. Lessa, o prefeito mais novo do Oeste da Bahia, elei-to com 31 anos, derrubou uma hegemonia que durava 50 anos em Ibotirama. Frota, 55 anos, aliou-se ao ex-candidato a prefeito do PT por três vezes, Zilmar Teixeira, e derrotou o PMDB de Enilson Fagundes, partido que há décadas estava no poder em Serra Dourada.

Apesar de trajetórias parecidas, as semelhanças param por aí. Enquanto Lessa tem uma avaliação de gestão positi-va de 77%, Frota tem de 44%. O que não é um número ruim. Na realidade, a avaliação do prefeito de Ibotirama revela-se fora do comum.

Com dois cursos superiores e uma pós-graduação em gestão pública municipal, Lessa apresenta a melhor avalia-ção de gestão de um prefeito do Oeste. Os serviços ofereci-dos pela prefeitura de Ibotirama que tiveram avaliações mais baixas ficaram na casa dos 60% de ótimo ou bom. Bem dife-rente da prefeitura de Serra Dourada, cujos serviços melhor avaliados ficaram na média de 55%.

Em Ibotirama foram entrevistadas 372 pessoas entre os dias 02/01 a 04/01. A pesquisa foi registrada no TRE-BA, sob o número BA-0001/2014. Foram entrevistadas 205 pessoas em Serra Dourada do dia 28/02 a 03/03 com a pesquisa registrada sob o número BA-0002/2014. As pesquisas têm 5% de margem de erro para mais ou menos, conforme esta-tístico Kowly Ronn de Brito, da Insight.

N

pesquisa

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APROVAMterence lessa

Em 2008, Terence Lessa tinha apenas 25 anos. Jovem e tanto para assumir a prefeitura de Ibotirama. Mesmo assim, can-didatou-se pelo PHS (Partido Humanista da Solidariedade) e

surpreendentemente ficou em 3º lugar, com 27% da preferência do eleitorado. Em 2012, persistiu, agora pelo PT, e foi eleito com 64% dos votos válidos. Às vésperas de assumir o cargo de prefeito, em entrevista a TV Oeste, declarou: “Os dois pilares de uma administração pública são educação e saúde. O nosso compromisso inicial é estrutu-rar a educação e procurar oferecer um serviço de saúde com melhor qualidade ao ibotiramense”.

Passado um ano de gestão, educação e saúde estão entre as áreas mais bem avaliadas em pesquisa encomendada pela revista a ao Instituto Insight sobre a administração do prefeito mais jovem do Mé-dio São Francisco e Oeste da Bahia. Educação teve avaliação positiva de 78% da população e saúde, 70%.

Foram entrevistadas 372 pessoas entre 2 e 4 deste mês. A pes-quisa, registrada no TRE-BA sob o número BA-00001/2014, revelou avaliação geral positiva de 77%, com margem de erro de 5% para mais ou para menos. Para 71%, a prefeitura vem cumprindo com suas atribuições e 75% se declararam confiante/muito confiante.

São números expressivos para um prefeito jovem e de primeira via-gem, mas o que pode melhorar em currículo ele fez. Graduado em administração, ciências contábeis e pós-graduado em gestão pública municipal, Foi presidente da CDL, presidente do conselho municipal de segurança e de saúde.

No decorrer de 2013 seu perfil administrativo moderno à frente da prefeitura começou a ganhar corpo. Destaque para os investimentos em tecnologias móveis de comunicação, em internet gratuita nas ca-sas dos professores, reforma de todas as escolas do município, reforço do uso da agricultura familiar na merenda, contratação de médicos e profissionais da saúde e aumento no número de PSFs.

Nos últimos 50 anos Ibotirama foi administrada pelas famílias Quinteiro e Munduri. “A gente quebrou essa hegemonia. As duas fa-mílias se uniram e foram derrotadas”, disse ele ao repórter da TV, na entrevista, após vencer as eleições. “A gente sabe que os desafios são grandes. As perspectivas da população são grandes, as expectativas também. Mas a gente não tem uma vara mágica. As coisas não são simples como a gente imagina. Mas assumimos o compromisso de fazer o melhor, de nos dedicar para fazer de Ibotirama uma cidade melhor”, falou Terence.

77%

8%Pouco confiante

IBOTIRAMAPesquisa encomendada pela revista a ao Instituto Insight registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número: BA-00001/2014. Foram entrevistadas 372 pessoas entre 02/01 e 04/01/2014.

Como você se sente em relação a atual gestão?

54%Confiante

9%Não opinou

21%Muito confiante

9%Não confia

Como você avalia a atual gestão?

Saúde 21% 49% 22% 8%Educação 4% 74% 20% 2%Obras 4% 66% 31% 0%Administração 4% 69% 28% 0%Esporte 3% 67% 26% 4%Ação Social 3% 67% 26% 5%Cultura 3% 66% 26% 5%Trânsito 3% 65% 27% 4%Saneamento 2% 59% 34% 5%Pavimentação 2% 59% 34% 5%Segurança 3% 57% 33% 7%Iluminação 2% 67% 27% 4%Transporte Coletivo 3% 67% 26% 3%Coleta de lixo e limpeza 3% 61% 30% 5%

Ótimo PéssimoRuimBom

Como você avalia as áreas abaixo?

PéssiMOóTiMO rUiMBOM

{ 12% não opinaram }

32% 2%45% 9%

A prefeitura vem cumprindo com suas atribuições?

71%siM

12%NÃO OPiNiOU

17%NÃO

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52 revis ta da bahia fev-mar/2014

com mais de 900 votos na frente, o petista Milton Frota venceu o peemedebista Alcides Leite (Cido) nas eleições de 2012, em Serra Dourada. Teoricamente, Frota iria ter uma administra-

ção tranquila. A cidade vinha de duas gestões seguidas e do terceiro mandato de Enilson Fagundes (PMDB). Resolveu mudar, elegeu Milton Frota (prefeito) e Zilmar Teixeira (vice).

Hoje, um ano e dois meses depois, 44% dos eleitores acham que a prefeitura não vem cumprindo com suas atribuições, aponta a pes-quisa do Instituto Insigh encomendada pela Revista A. A coleta de dados aconteceu entre os dias 28 de fevereiro e 3 de março. A pes-quisa foi registrada no Tribunal Regional EleitoraL sob o número BA-00002/2014 no último dia 7.

Pouco tempo depois de eleitos, Zilmar, presidente do PT na cidade, rompe com Frota. Comenta-se que Frota não teria cumprido acordo com Zilmar em ceder as secretarias de Educação e Obras. Sobrinha e tio do prefeito assumem as secretarias e Frota diz que o apoio de Zilmar foi comprado. Em agosto, o advogado Afonso Teixeira Dias dá entrada na Câmara a uma representação de improbidade administra-tiva contra Frota.

Apesar dos problemas políticos, 44% dos eleitores serradouraden-ses avaliam a gestão de Frota como bom e ótimo e, 37%, péssimo e ruim. Curiosamente, o número de avaliação positiva de gestão é igual ao dos que acham que a prefeitura não cumpre com suas atribuições. A margem de erro é de cinco pontos percentuais para mais ou para menos.

Apesar de ser avaliado positivamente, quando perguntado como o eleitor se sente em relação à gestão de Milton, 33% são confiantes ou muito confiantes e, 43%, pouco confiantes ou não confiam. Dos serviços avaliados, o pior é o saneamento e o melhor é a educação.

Em entrevista a um jornal em fins de 2013, Frota se queixou do vice e disse que estão querendo colocar “chifre na cabeça de cavalo” e que sua administração é moderna e baseada na seriedade e trans-parência.

APROVAMmilton Frota

44%

SERRA dOuRAdAPesquisa encomendada pela revista a ao Instituto Insight registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número: BA-00002/2014. Foram entrevistadas 205 pessoas entre 28/02 e 03/03/2014.

Como você avalia a atual gestão?

Saúde 4,88% 46,83% 22,93% 24,88%Educação 4,39% 67,80% 15,61% 11,71%Infra-estrutura 2,93% 47,32% 25,85% 23,41%Saneamento 1,46% 42,93% 29,76% 25,37%Pavimentação 3,41% 45,37% 26,34% 24,39%Segurança 6,83% 57,56% 20,00% 15,12%

Ótimo PéssimoRuimBom

Como você avalia as áreas abaixo?

PéssiMOóTiMO rUiMBOM

{ 20% não opinaram }

8% 19%36% 18%

Como você se sente em relação a atual gestão?

18%Pouco confiante

27%Confiante

24%Não opinou

6%Muito confiante

25%Não confia

A prefeitura vem cumprindo com suas atribuições?

34%siM

21%NÃO OPiNiOU

44%NÃO

pesquisa

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Sábados, 16h aproximadamente, praça Landulfo Alves.

À medida que as mesas são colocadas na rua, em três

fileiras, aos poucos chegam os cli

entes e amigos dando

início a mais uma rotina no Bar do Vieirinha. Tem uma

freguesia certa. Tão certa que já foi até motivo de chacota.

“Uma vez, andaram botando o nome do bar de ‘Véieira’

porque só vinha velho”, conta aos ris

os o dono do bar.

Hoje, o ambiente é frequentado por todas as idades e,

Vieirinha, acabou se tornando uma das referências mais

emblemáticas da boemia barreirense.

texto/fotos C.féLIx

capa

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58 revis ta da bahia fev-mar/2014

sábados, 16h aproximadamente, praça Landulfo Alves. À medida que as mesas são colocadas na rua, em três fileiras, aos poucos chegam os clientes e amigos dando início a mais uma rotina no Bar do Vieirinha. Tem uma freguesia certa. Tão certa que já foi até motivo de chacota. “Uma vez, andaram botando o nome do bar de ‘Véieira’ porque só vinha velho”, conta aos risos o dono do bar. Hoje, o ambiente é frequentado por todas as idades e, Vieirinha, acabou se tornando uma das referên-cias mais emblemáticas da boemia barreirense.

Natural de Cotegipe, Vierinha veio para Barreiras em 1968. A Bossa Nova estava no auge e chegava ao Oeste através da sintonia nas rádios Globo, Bandeirantes e Nacional. Na banca de Seu Odílio, em frente à Praça de Alimentação, Vieira com-prava o jornal O Globo, outra fonte de acesso ao movimento musical eternizado por João Gilberto, Nara Leão, Vinícius de Morais, Tom Jobim, entre outros da época. No jornal, que vinha do Rio de Janeiro em vôo diário para Barreiras, havia uma colu-na semanal que Vieira não perdia. “Paulinho Nogueira tinha uma página em que cifrava as músicas e eu fazia coleção. Eu me dedicava àquilo ali. Ouvia as músicas e pegava o tom - aprendi algumas coisas. A harmonia da Bossa Nova é muito com-plexa e não é todo mundo que quer pegar uma harmonia que exige muita corda. O cara quer pegar é três tons, tocar um sertanejão e lascar o dedo no violão”.

capa

O Bar do Vieirinha ocupa um dos boxes do Mercado Caparosa, construído em 1950. No mercado, por muito tempo funcionou a feira livre da cidade. Seu interior abrigava pequenos restaurantes e comércio de cereais. Aos sábados, as mercadorias eram expostas na rua e um formigueiro de gente vinda de toda a região dis-putava espaço e produtos. Em 1989, o prefeito Balta-zarino transferiu a feira para galpões enormes, na rua Alberto Coimbra. Antes disso, Vieira montou um arma-rinho, onde hoje é o Bar do Raimundo. Não teve sorte: “Um cara entrou e me roubou tudo. Fiquei assim sem fazer nada”. Vieira viveu uma fase difícil, sem dinheiro. Até o violino do pai, uma réplica italiana do famoso Stradivarius, ele vendeu.

“Eu tinha um amigo aqui que ele era polícia, o Te-nente Guilherme. Ele gostava muito de cantar e a gen-te tinha uma turma que fazia farras. Ele passava aqui e me via cochilando e falou: ‘Para com essa merda aí, rapaz! Vou botar um barzinho pra você vender aí!’”, lembra. O tenente comprou duas caixas de cerveja, um outro amigo arranjou uma geladeira, depois chegou gente com violão, atabaque... Pronto! Estava fundado o Bar do Vieirinha. No entanto, com a saída da feira dali, a região do mercado ficou deserta. Na esquina, mon-taram uma sapataria que acabou fechando por falta de movimento. O Bar do Vieirinha já estava ficando pequeno para a turma da farra. “Daí juntou Ademarzão, dr. Valneide e dr. Feitosa e disseram: ‘Você vai mudar pra esquina, que é maior’. Aí eu vim pra cá e estou aqui até hoje. Tem uns 12 anos que estou aqui. Lá eu passei uns 10 anos, ou seja, há 22 anos que eu mexo com bar. Eu gosto da farra, de tocar violão, de botar a turma pra tocar, mas já estou ficando meio derrubado.”

Do casamento de 40 anos com Lucília Filintra, Vieira teve dois filhos que já lhe deram três netos. Lucília se engraçou com os olhos furta-cor de Vieira e casou-se com ele. O termo furta-cor foi dado por um oftalmo-logista quando ele foi fazer a cirurgia de catarata. “O médico chamou sua auxiliar e disse: ‘Ô Ruth, o olho desse homem aqui não é azul e nem verde, é furta-cor! Não existe isso no mundo’. É igual a camaleão. Na hora do perigo muda de cor”, conta às gargalhadas.

Com 70 anos completados agora em janeiro, Vieira foi batizado como Benigno Vieira Júnior. Seu pai ti-rava o nome dos filhos dos almanaques que vinham no Biotônico Fontoura. “Melhor ser benigno do que ser maligno, não é?!!”, diz brincando. “Se puder fazer bem a alguém, faça. Tem que ser benigno. Pode ser que o nome tenha influência na personalidade. Eu gosto da vida. Esse mistério de viver é impressionante. É só rir e deixar a vida passar. Minha maneira de ser é essa, não tem jeito de mudar. Acho que vou permanecer as-sim até o fim da vida. Eu não tenho mau humor. Não tem nada que me faça raiva. Os caras vêm dizer coisa comigo e eu lá vou criar problema com ninguém por causa de cerveja, deixa esse cara pra lá! Sou um cara feliz, graças a Deus, tranquilo. Consegui me aposentar, minha mulher também. A gente tem uma casinha e vamos vivendo”.

QUando tUdo começoU Até 1989, a feira de Barreiras acontecia em frente ao Mercado Caparosa, construído em 1950. Nele, Vieira instalou seu bar em um box e vive ali há 22 anos

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O humor de Vieira, de fato, é permanente. Lucília diz que ele dorme e acorda sorrindo. “Eu acordo com os fatos engraçados dele me fazendo sorrir na cama. Ele é muito engraçado, humorista, cheio de coisa. É uma pessoa maravilhosa. Ele canta e toca pros netos. Ele é assim: toca antes de tomar café, antes de vir trabalhar, quando chega pro almoço, depois do almoço pra poder dormir. À noite, ele tocava muito quando nos casamos. Hoje, quando chega à noite ele vai dormir”, conta Lucília. “Eu não quero deixar de tocar, não. Eu quero tocar sempre. O violão é um instrumento extraordinário: é uma orquestra”, define Vieira, que também toca ca-vaquinho e se já apresentou inúmeras vezes com dona Jadir do Bandolim, em um grupo de chorinho.

Não faz muito tempo abriu um novo bar em frente ao de Vieira, o Boss. “Foi bom”, confessa. O público aumentou, vieram mais jovens. Lá, quase todas as noites tem música ao vivo. Aos sábados, é a vez do Bar de Vieira fazer sua música. Ele se apre-senta na calçada, geralmente em companhia de alguns amigos ou de algum cliente que queira tocar ou cantar. “Eu deixo todo mundo tocar. Agora, às vezes, quando o cara num tá bom, tá muito desafinado, eu chego e digo: ‘Mano, vamos deixar pra outro dia. Você já tocou bastante’”, diz, reafirmando que o espaço é democrático.

Hoje, o bar está sob a gerência de seu genro e não abre mais às segundas--feiras. Nos demais dias o bar funciona do final da tarde até o último cliente sair. “Sair daqui duas, três da manhã não dá mais! Normalmente eu acordo às 9h.

Quando vai até mais tarde, acordo às 10h. Depois não durmo mais. Quando chega esse horário parece que o relógio diz que está na hora de eu acordar mesmo. Eu acordo, pego meu café, um pãozinho, às vezes eu faço até cuscuz... faço um arroz, faço um carreteiro também, bacalhoada... na internet você tem receita do que qui-ser. Eu uso pouco, mas quando quero saber de uma coisa eu vou lá procurar. Se eu quiser saber da vida de um músico eu vou lá também”, conta, animado com a tecnologia de rede, mas nem tanto. Vieira acha que a televisão e a internet andaram “bagunçando” tudo.

“Na época da ditatura a repressão era muito grande. Se você fosse cantar aquela música de Geraldo Van-dré diziam que você era comunista. Muitos cientistas e artistas foram banidos. Agora veio essa democracia com a Nova Constituinte, a abertura está larga demais. A droga está tomando conta, a injustiça está tomando conta. A família é a base essencial. Se em casa você não respeita pai e mãe, fica difícil. Meu pai batia o olho em mim e eu já sabia. Tinha respeito. Antigamente você ouvia rádio, não tinha essas coisas não. Hoje, pa-rece que tudo é normal”, fala com firmeza.

Vieira não gosta de discutir política. Já ouviu inú-meras promessas de que iam reformar o mercado e até hoje não foi feita nenhuma reforma. No entanto, não perdeu a esperança de, um dia, ver um prefeito revi-talizar aquele prédio e transformar a praça Landulfo Alves em um enorme calçadão. Mas não é só isso. “Tem horas que a gente não pode nem tocar aqui porque chegam uns caras com um som automotivo que estou-ra tudo! Um dia aconteceu o seguinte: um cara estava tocando aqui e chegou outro e abriu um som ali. O cara parou de tocar e ia sair. O pessoal que estava no bar levantou e gritou: ‘Fecha isso aí, seu ignorante!’, ‘Seu burro! Ninguém quer ouvir sua música não!’. Aí ele fechou o carro e sumiu. Eu achei interessante essa revolta. O pessoal está aprendendo a reclamar. Eu acho uma falta de respeito. Até coloquei um aviso proibin-do som automotivo, mesmo assim os caras chegam aí. Eles vêm com a tomada dentro do carro dizendo que vão tomar uma caixa aqui. Digo que pode tomar até 20, mas não quero som ligado aqui. Eu tenho meus clientes certos que, se vêem isso aqui, não voltam mais. Eu mando esses caras voltarem pro lugar deles”, argumenta Vieira. Mais uma vez, encerrando com uma boa risada.

Ele dorme e acorda sorrindo. É muito engraçado, cheio de coisa, cheio de graça

esPaço vieirinHa Na esquina do Caparosa. Lá está ele. O espaço frequentado por boêmios e amigos é reservado aos sábados para o violão acústico muitas vezes executado Vieirinha ou por alguém que deseja soltar a voz

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umlugar especialoeste

foto RUI REZENDE

FEIra da mataA imponência da natureza em frente à gruta Boca da Lapa, no pequeno município de Feira da Mata, é encantadora. E assustadora também. Há várias lendas sobre o lugar. Dizem, inclusive, que um padre desapareceu lá dentro. isso, provavelmente, deve alimentar o medo que os moradores têm do local. Ninguém da cidade se arrisca em entrar na gruta.

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fev-mar/2014 revis ta da bahia 63

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64 revis ta da bahia fev-mar/2014

dE hERmES

cultmúsica, cinema, artesanato, agenda,

cultura

a pequena placa na enladeirada rua Teixeira de Freitas diz: Guar-dados de Hermes. Até meados de 1990 o espaço era ocupado por um laboratório fotográfico. Hoje, é uma espécie de museu do cer-rado no Centro de Santa Maria da Vitória. De ferramentas indígenas a primórdios de eletrônicos são encontrados ali, sob os cuidados caprichosos de Hermes Novaes Neto que, desde menino, guarda troços de toda sorte. “Sempre guardei bola de gude, pião... meu pai é muito assim também. A gente sempre guardou esses objetos em casa. Eu tinha o primeiro negativo da primeira câmera que eu comprei em 1976”, lembra.

Muitos objetos são seculares, mas ele não consegue precisar da-tas, apesar de reconhecer alguns como especiais. “Uma peça que é chave das navegações - da época em que Santa Maria prospera e se torna uma grande centro ‘distribuidor’ que vai favorecer até a província de Goiás, no século XIX – é essa âncora; uma lâmina que deve ser de arenito. Essa peça eu levei para o Instituto do Trópico Subúmido, criado pela PUC-GO. Essa ideia nasceu do professor Altair Sales. Lá eles criaram o Memorial do Cerrado a partir desse instituto. Essa lâmina foi encontrada no brejo do Espírito Santo, há uns três metros de profundidade. Um cara me deu recentemente um machado de pedra e algumas lascas à base de silício e você encontra cerâmica lá até hoje”.

Expulso das escolas da cidade, aos 17 anos Hermes foi morar em Salvador. “Acho que eu não prestava mesmo”, conta com humor. Foi morar com Jairo Rodrigues, professor de história e artista hoje reconhecido como o guardião da memória do Mestre Guarany, em Santa Maria. No final dos anos 1970, ainda em Salvador, Hermes inventou de trabalhar com bijuterias.

“Fiz broches, gargantilhas, brincos. Eu vendia muito e ganhei muito dinheiro também consertando liquidificador, enceradeira. Quando eu chegava aqui, ainda tinha anúncio no alto-falante: ‘Chegou em Santa Maria o doutor do sapato! Se seu sapato está com problema, doutor Hermes está na cidade’. Meu pai colocava isso no alto-falante”, lembra, entre risos. O pai que lhe ensinou o ofício de trabalhar com couro e sua mãe achava bom. “Menino tem que ocupar o tempo”, era a frase dela.

Ainda na capital baiana, aprendeu a arte de fotografar. Quando retornou para sua cidade natal arranjou um emprego em um banco. Não deu certo e abandonou o trabalho. Em 1995 viajou pelo cerra-do registrando sua ocupação pelos migrantes e recolhendo objetos que achava interessante. A partir daí Herves voltou a estudar, fez o

aChadoS EguARdAdOS

Museólogo por natureza, funcionário público de Santa Maria da Vitória sonha em transformar espaço com objetos antigos que contam a história da Bacia do Rio Corrente em museu texto/fotos CÍCERO FÉLIX

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fev-mar/2014 revis ta da bahia 65

raridadesEntre os objetos mais raros do acervo do espaço “museal”, Hermes destaca uma lâmina de arenito, provavelmente ferramenta indígena e uma âncora, que remonta a história das navegações na região

curso técnico em agronomia. Em uma apresentação na escola, levou alguns objetos e foi questionado por que ele não expunha aquilo.

“Eu demorei dois anos pra montar o laboratório de fotografia aqui. Eu pensei: por que eu não posso abrir isso aqui depois de 10 anos? Aí fiquei montando aqui. Um dia, uma professora veio me perguntar se não podia trazer uns alunos e eu disse que podia”, conta.

o museólogo“Hermes nasceu museólogo. Desde cedo ele trabalha com a

preservação do patrimônio material e imaterial”, declarou Fernanda Pereira, formada em museologia pela UFBA. Ela é de Salvador e mora há três anos em Santa Maria. Em parceria com Hermes, elaborou um plano museológico, que tem entre seus objetivos, a definição do perfil institucional. O projeto foi aprovado pela Secretaria de Cultura da Ba-hia e já está em execução.

“A dimensão do trabalho não é apenas municipal. Há objetos da colonização do europeu, da presença dos negros africanos, da co-munidade indígena e da formação dessa sociedade que ocupou o território do Rio Corrente”, explica Fernanda.

O espaço onde as peças se encontram na Teixeira de Freitas já é pequeno para tanto objeto. Hermes pensa em transferir tudo para uma propriedade sua de quatro hectares que fica às margens do Rio Corrente. “Eu não quero que essas peças sejam só históricas. Quero que sejam educativas, informativas. Criar um lugar para discussões, bate-papo. Então precisa de uma área maior. Mais tarde, se for pre-ciso, eu estou pronto para doar essa área”, diz Hermes.

Emocionado, conta que nunca imaginou que as coisas que ele guardava na infância pudessem ser determinantes para lhe trazer tanta felicidade. “Eu nunca tive tanto prazer na vida como eu estou tendo agora”, conta com os olhos embotados de lágrimas. “O pessoal chega aqui, admira o lugar e eu me sinto bem.

Hermes trabalha na prefeitura e tem um imóvel alugado. O que ganha, considera suficiente. “Eu tava falando com a menina [minha mulher] ali que nós somos ricos. Se a gente quisesse fechar as portas hoje a gente podia. A gente tem o cuscuz, o beiju. Então nós somos é ricos! Tenho dinheiro pra eu comer, beber e arrumar o fusquinha pra a gente rodar pelo interior pra eu fazer minhas andanças nas folias de reis, acompanhar o povo. Somos é rico!”.

Mais fotos dos “Guardados de Hermes” no endereçowww.revistaa.net/cult

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66 revis ta da bahia fev-mar/2014

VENCEDORES dO CONCUrsOdE rEdaçÃO da revista a

cultlíngua

Te quero Oeste,te quero verde,te quero bem

Oeste, te quero mais verde e mais sustentável, uma região em que as nossas cidades possam servir de exemplo na admi-nistração dos recursos naturais, e os habitantes orgulhosos

de seu hábitat.Hoje, vemos os rios poluídos, matas queimadas, agrotóxicos utili-

zados nas plantações e moradores desperdiçando os recursos como se fossem infinitos. É devido a isso, entre outros, que devemos nos preocupar e levantar ações para mudar essa situação.

Podemos dar ênfase às árvores; elas são imprescindíveis para o ser humano, sendo grandes responsáveis por transformar o gás car-bônico, resultante da queima dos combustíveis fósseis e prejudicial ao ecossistema, em oxigênio e ar puro para respirarmos. Deveria ser feito investimentos em projetos de reflorestamento, e plantio de vá-

rias espécies para que possamos ter um ar puro e cidades mais agradáveis.

O Oeste, como destaque na agricul-tura, utiliza muito agrotóxico para ob-ter boas safras, só que não podemos nos esquecer que isso contamina, e muito, o solo e a água. Deveríamos pensar nessa atitude e no concei-to de sustentabilidade para agirmos certo, lembrando que esta é a melhor

maneira de gerenciar nossos recursos naturais, e utilizá-los de forma consciente

é o grande desafio. As gerações futuras de-pendem disso.

Além do uso dos agrotóxicos, nossa região carece de um sistema eficiente de esgoto, pois muitas de nossas cidades ainda são bastante precárias, tendo dejetos lançados em rios e em vias públicas. Para melhorar essa situação, basta boa vontade dos governantes e inves-timentos no saneamento básico, só assim teremos nossa natureza preservada.

A região oeste apresenta um clima quente e seco propício às quei-madas, e só cabe à população a conscientização para que elas não se agravem, colocando em risco a fauna e a flora.

Sustentabilidade também é reciclar, reutilizando nossos recursos, reduzindo o impacto do homem sobre o meio ambiente, visto que é imprescindível a utilização de lixeiras nas ruas para que os cidadãos

Frutos da terra

Desde a colonização, a divisão do Brasil, principalmente em relação a região nordeste, foi afetada e de certa forma preju-dicada, em detrimento da implantação dos polos industriais

nas regiões sudeste e sul. Tal fato fez com que essa região fosse, por muito tempo, considerada um sinônimo de atraso, e até mesmo de preguiça.

O tempo agora é outro, digno de um povo “arretado”, pois o nor-deste brasileiro, hoje, tem grande importância no cenário econômico brasileiro e mundial, com cidades desenvolvidas, principalmente na agricultura, detendo um dos maiores polos tecnológicos do país, e muitas outras riquezas que não foram exploradas com a vinda dos portugueses.

Agora, país independente, autônomo, e emergente, o Brasil tem tudo e mais o oeste para crescer, se desenvolver prosperamente, e gerar recursos aos seus estados e habitantes para seguirem tal ritmo. As conquistas seguem o compasso do maior estado do nordeste, a Bahia, que por si só conduz a festa nordestina, no verdadeiro espírito brasileiro.

Um fator preocupante, em meio a tanta prosperidade é a seca, um problema que afeta vários estados e é também uma apreensão mundial, tamanha é a contradição de um povo que festeja a alegria de todos os momentos e que ainda consegue “fazer chover” dentro e fora de si com a esperança de continuar a superar as adversidades climáticas. Sendo essa, uma linha concreta de pensamento, é pos-sível explicar o porquê do aumento de fluxos migratórios no decor-rer desses anos. A seca delimita um território mais que as próprias fronteiras impostas em qualquer aula de geografia, assim sendo, a região oeste do estado leva vantagem, uma vez que, seu índice pluviométrico apresenta, normalmente certa linearidade..

Contribuir para o desenvolvimento crítico social e integrar a região através do conhecimento. isso, de certo modo, resume o objetivo que desde seu primeiro exemplar norteia a revista A. Desta forma, realizamos entre outubro e dezembro

possam jogar o lixo e ter a consciência limpa, de que estão agindo certo. Outras medidas como adotar fontes renováveis de energia como a eólica e solar, por exemplo, contribuem para que desfrutemos da natureza sem prejudicá-la.

Se quisermos um futuro melhor, de que adianta as nossas reclama-ções se não vierem acompanhadas de atitudes? Vamos preservar os nossos recursos, utilizando-os de maneira planejada e racional, não poluindo rios e solo, não jogando lixo nas ruas, reciclando, usando os biocombustíveis dando maior valor àquilo que vem da natureza, pois somos parte integrante do ambiente. Se cada um fizer a sua parte, conseguiremos um Oeste verde e sustentável, com suas riquezas pre-servadas.

CATEGORIA: Ensino fundamental IIALUNO: Lorena Carvalho Leite Garcia de OliveiraPROfESSOR: Indira Souza Oliveira (Escola São José)

CATEGORIA: Ensino MédioALUNO: Ingrid Vasconcelos fraportiPROfESSOR: érika Sales (CEMAC - Centro Educacional Maria Cardoso ferreira)

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OESTE,TE QUERO

MAIS...revistaa.net

conc

urso de redaçao

Oeste, te quero mais...

Oeste, te quero mais quando faltam-me as cores e não te quero menos quando transborda-me saudade. Escondeu-se de todos os santos baianos para despertar-te em corações que em ti batem fé, dia e noite. Embora me fujam palavras

que serviriam para descrever tamanha paixão, recordo-me dos teus olhos a brilharem no agora e é amor.

No discorrer do roteiro dos meus paços, é em sua face que conduzo meu cenário e se em toda história se faz necessário à presença de um

No oeste baiano a população rural é relati-vamente minoritária, se comparada à par-

cela urbana. A busca por estar em um lu-gar informatizado e dinâmico, capaz de suprir todas as necessidades decorren-tes dos novos padrões sociais e do alto custo de vida, faz com que muitas pes-soas migrem do campo para as cidades, mesmo assim a parcela rural tem papel

importantíssimo na “nova ordem brasilei-ra”, posto que é no âmbito rural que o oeste

baiano consagrou sua cadência de crescimento.Passada a época opressora, em plena modernida-

de, a atual situação referente aos crescentes medidores regionais (PIB, renda per capta), torna-se favorável e permite o pensamento positivo sobre um crescente avanço do Brasil, e especialmente do oeste da Bahia, para metas que os próprios brasileiros cobraram, em protestos que tomaram proporções nunca antes imaginadas, em vibrações que uniram torcidas, não por times, não pela copa, mas pelo bem, por valores, por justiça, em uma terra onde se plantam sementes para germinar sonhos, e oportunidades para transformar vidas, e o meio que está à volta.

de 2013 o “1º Concurso de redação r.A”, com o tema provocativo “Oeste, te quero mais...”. Abaixo, publicamos os vencedores das três categorias: Fundamental ii, Médio e Universitário. Este ano, lançaremos a segunda versão do concurso.

conflito, os meus são os passeios, viagens, aventuras que às vezes me permito vivenciar emprestando meus pés a outras terras. Batem no peito as dores da saudade, e isso basta para bailar no tempo um clímax digno de estatueta.

E é assim, no choro dessa saudade em preto e branco, que no ba-ter em retirada, ao me jogar aos suaves ventos do teu encontro, que meus sorrisos lançam cores. Embora o riso, a intensidade deste mo-mento me rouba lágrimas, é como se elas quisessem às suas águas se juntarem. Sei que ao encontrar-te, não estarei só. Contracenar com tantos outros neste verdadeiro cinema que é você me faz entender o real significado da palavra felicidade.

E nessa estrada rumo a ti, meu coração se enche de ansiedade, me lembro da mistura que é você, suas músicas, seus costumes, recordo--me até dos seus tropeços, dos que ainda em ti teimam em tropeçar. Mas é bom, o que faz rir este povo, que também sou eu, é o caminhar, o processo, o sonhar. Enxergar suas maravilhas é dom para todos.

É maravilhoso notar que em todos os dias o sol dá a volta no mun-do inteiro e em ti chegando brilha mais forte, alegra os raios, pois se enche de felicidade em saber que vale a pena a estrada, uma vez que

é fato o adormecer em seus braços.E assim como o sol, quando final-mente encontro os seus braços,

presenteio-me com um pouco mais de ti, o mundo gira e você roda meus sonhos, meus olhos. Às vezes me assusto com a ma-neira como cresce, como abraça o futuro. Mas tenho meu confor-to quando me sinto seguro em suas raízes. Personalidade forte,

de pouco em pouco vai largando os dedos da Bahia. É quando seguro

com mais força a sua mão e as mãos que contigo erguem um pedaço - primeiro pedaço - do

bolo chamado Brasil.Enfim, festa. Viver você é a melhor coisa que poderia me ter acon-

tecido, pode não ter um mar de águas salgadas, mas velejar em seu povo é o que faz abrir meus horizontes. Pode às vezes faltar chuva, mas chove, e quando acontece, sente-se o cheiro verde do milagre nos ares e nos corações. Oeste, em ti não me faltam cores e é engra-çado admitir que até quando não estou longe, minha alma transborda esse preto e branco da saudade.

CATEGORIA: Ensino SuperiorALUNO: Gustavo Ramos RibeiroPROfESSOR: Vandré Vilela (fASB - faculdade São francisco de Barreiras)

PATROCÍNIO

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cultmúsica

O novo disco Gétsemani já estava pronto há algum tempo, mas disponível apenas no formato digital, porque a demora para o lançamento em CD?

O álbum foi gravado em 2012 e no mesmo ano recebemos uma proposta de um selo que lança bandas de rock pesado cristãs. Fizemos algumas reuniões mas no final, optamos por seguir independentes. Todo este processo demanda tempo, reuniões, fechamento de contrato, etc. Em virtude disso o disco atrasou um ano e meio.

Esse novo trabalho soa mais encorpado que o antecessor Jus-tificado (2009), isso é sinal que a banda evoluiu musicalmente ou a gravação e mixagem de Gétsemani (2012) recebeu cuidado especial?

Costumo dizer que o nosso som passa por uma transição constante. Somos o tempo todo influenciados pelo que ouvimos. E a tendência é que para o próximo álbum, as composições soem ainda mais pesadas. Não posso dizer que vai ser sempre assim, somos honestos com nossa arte, se um dia rolar de gravar um acústico, ou músicas mais leves, assim será.

entrevista

Embora tenha sido gravado em 2012, só agora a banda de rock cristã de Luís Eduardo Magalhães, Zhadok, lança em formato CD seu segundo disco, Gétsemani. Nesse período, produziu um vídeo clipe e teve de se reorganizar após a saída do tecladista Fábio Rocha. Gravado e produzido em Uberlândia (MG) o novo trabalho apresenta uma banda mais entrosada e ciente de onde pode chegar. Veja abaixo a entrevista com o guitarrista Juninho Dias. texto ANTON ROOS

maIs pEsadOE mAIS mADuRO

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fev-mar/2014 revis ta da bahia 69

Impressõese-mail [email protected]

por ANtoN roos

anton roosJornalista, gaúcho

de Três Passos, nascido no dia

de Santo Antônio cerca de três

décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital

Pra mim vai ser sempre a Deborah

Já não fazia sentido recordar o porquê da conversa ter chegado aonde chegou. O que eu mais queria e precisava era

assimilar aquela nova informação. Não podia ser verdade, afinal. Uma dublê? Mas como as-sim? As cenas e tudo o mais pareciam tão reais e não uma sucessão de truques cinematográficos, pensei, coçando a barba e arqueando a sobran-celha direita. Não era possível e minha cabeça insistia em ir de um lado para o outro em sinal de negativo. Senti-me como se tivera sido vítima de uma profunda traição. Engoli o último gole da cerveja morna que restava na garrafa long neck e quase sem perceber, deixei escapar o seguinte:

- Pra mim vai ser sempre a Deborah.As gargalhadas foram gerais e também pude-

ra. As pessoas que me acompanhavam, só não apontaram o dedo em minha direção e rolaram de tanto rir no piso frio do apartamento, creio, para não me constranger ainda mais. Por fim, aparentemente apenas eu não tinha percebido, e olha que enchia sempre o peito para dizer que havia assistido aquele maldito filme no cinema. Sim pessoal, eu assisti Bruna Surfistinha no ci-nema e àquela altura, com ameaça de chuva do lado de fora da janela e após algumas caipiri-nhas, e cervejas pretas e também brancas e até algumas cuias de mate sentia-me como um tolo. Um tremendo de um bocó, para ser mais direito e objetivo. Isso, claro, não motivado pela excêntrica mistura etílica e tradicionalista, mas pelo fato de nunca ter parado para pensar que o realismo de todas as cenas daquele filme poderiam – como tentava-se se provar – não passar de uma exce-lente edição.

Aos risos, a única mulher presente naquela quase orgia, teve de controlar o riso, antes de se sair com essa:

- Tu achas que a Deborah ia mesmo se prestar aquilo tudo?

De novo: cocei a barba e arqueei a sobran-celha direita. Estava confuso, ora. Muito confuso. Lembrei a parte em que a Bruna – ou a Deborah, tanto faz – já em decadência, na cena seguinte

à emblemática frase: “Hoje eu não vou dar, vou distribuir” e depois aquela sequência selvagem com um, com dois, com três, com dez, com sabe se lá quantos. Continuava confuso, embora ten-tado a acreditar que de fato algumas cenas do filme haviam sido feitas com auxílio de alguma dublê ou maquiada com alguns truques cinema-tográficos.

Olhei para os três a minha frente e ainda in-trospecto depositei a tampa recém-rosqueada de uma nova e estupidamente gelada garrafa long neck sobre a mesa de madeira envernizada e após dois ou três goles, por fim, retruquei, ago-ra em definitivo e querendo dar por encerrado o assunto:

- Ah, pra mim vai ser sempre a Deborah e ponto final.

O assunto, diferente do que pensava não se esgotou. Preferi, no entanto, apenas degustar a cerveja enquanto ainda estivesse refrigerada. Que continuassem a tergiversar sobre ser ou não a Deborah, pensei. Estava decidido e era isso que me importava.

Passadas algumas horas, debruçado em fren-te ao meu notebook, achei que uma breve pes-quisa ajudaria. Em uma das declarações da atriz, logo depois do lançamento do filme, descobri o seguinte: “as cenas mais ousadas talvez sejam as minhas preferidas, porque mostram exatamente a dor, o sofrimento, a humilhação. Acho que isso é necessário, faz parte da história, senão seria uma fábula”. Pela terceira vez: cocei a barba e ar-queei a sobrancelha direita. Olhei para a tela do computador portátil e bradei: o que eu sempre quis dizer é de uma vez por todas: pra mim vai ser sempre a Deborah. Ponto. Desliguei o note e fui dormir. Depois de caipirinhas, cervejas pretas, brancas e algumas cuias de chimarrão, era o me-lhor que tinha a fazer.

O que diferencia Géstsemani de Justificado?

Muita coisa. Em primeiro lugar, as letras. O contexto do Justificado era outro. As músicas falavam de conversão, de mudança de vida. Já o álbum Getsêmani fala das lutas que vivemos no meio cristão. Aquele lance de “matar um leão” a cada dia. Talvez por isso o disco tenha ficado mais agressivo. Em segundo lugar, está o amadure-cimento das composições e dos músicos, o que deixou o trabalho mais técnico.

Algumas faixas do disco como “A dor”, “Cada passo” e “Posso ver” demonstram, além de uma técnica apurada de toda banda, que a Zhadok merece alçar voos mais altos musi-calmente. Qual a maior dificuldade para se conquistar esse reconhecimento?

O principal ainda é o preconceito. Somos uma banda de rock com músicas cristãs. As igrejas torcem o nariz porque não conseguem aceitar este estilo musical, enquanto os headbangers criticam e não conseguem digerir o som pesado com letras que falam de Deus. Claro que isto não é generalizado, a Zhadok alcançou pessoas em diversos lugares. Fazemos música para quem aprecia, não rotulamos nosso público.

A influência do rock progressivo é cada vez mais presente na música da banda. Essa é uma tendência futura, como a Zhadok soará musicalmente num futuro próximo?

Acredito que a banda soará mais pesada e rápida nos próximos trabalhos. E teremos uma novidade gigante em breve. Este ano de 2014 será decisivo para a banda em muitos sentidos. Vamos trabalhar bastante e já começamos a pré-produzir o terceiro álbum.

oUtra formaçãoCapa do novo disco. Ao lado a banda com a nova formação: na frente, Juninho Dias (guitarra) e Lucas Alexandre (vocal); atrás, Jessé Macedo (bateria) e JC (baixo)

fotos: diVulgAção

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70 revis ta da bahia fev-mar/2014

cultagenda

CiNEMAfotos: rEProdução

o aNo Da reDeNçãoDo CiNema NaCioNaL

roboCop

O ano de 2013 revelou-se um dos melhores para o cinema brasileiro nas últimas décadas, com 127 longas-metragens lançados em circuito

comercial, 27,8 milhões de espectadores e uma geração de renda da ordem de R$ 296 milhões. Os dados são da Superintendência de Acompanhamen-to de Mercado da Agência Nacional de Cinema (Ancine).

O documento foi elaborado a partir de números fornecidos pelas empre-sas distribuidoras registradas no órgão, abrangendo as 52 semanas do ano passado. De acordo com o levantamento, a participação de público dos fil-mes nacionais, em 2013, foi 18,6%, em relação ao total de espectadores. Dez

produções nacionais ultrapassaram a marca de 1 milhão de ingressos vendidos e 24 tiveram mais de 100 mil espectadores, contra 17 em 2012.

Ao todo, somando os títulos nacionais e estrangeiros, o mercado exibidor brasileiro consolidou em 2013 o crescimento contínuo que vem observando nos últimos cinco anos. Foram 149,5 milhões de ingressos vendidos e renda de mais de R$ 1,7 bilhão. O informe da Ancine mostra ainda que as distribuidoras brasileiras foram responsáveis por 85,8% do público dos filmes nacionais exibi-dos no período. Uma delas, o consórcio Paris/Downtown, fez a comercialização de nove das 20 maiores bilheterias nacionais de 2013.

No ano de 2028, drones não tripulados e robôs serão usados para garantir a segurança mundo afora, mas o combate ao crime nos Estados Unidos não pode ser realizado por eles e a empresa OmniCorp, criadora das máquinas, quer reverter esse cenário. Uma das razões para a proibição seria uma lei apoiada pela maioria dos americanos. Querendo conquistar a população, o dono da companhia Raymond Sellars (Michael Keaton) decide criar um robô que tenha consciência humana e a oportunidade aparece quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, deixando-o entre a vida e a morte. Dirigido pelo brasileiro José Padilha, esta releitura de RoboCop cumpre com seu principal papel: entreter. Embora continue na sombra do original, o filme é uma ótima pedida, seja para os fãs do policial robô, seja para iniciantes.

José Padilha: RoboCop

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LitERAtuRA

Esta obra procura desmistificar a ditadura brasilei-ra, tanto em sua duração como em seus efeitos. Narra aqui a história desse período buscando não omitir quanto aos excessos que levaram à perseguição, tortura e morte no período entre o final de 1968 e 1979, e, para ele, porém, ‘o regime militar brasileiro não foi uma ditadura de 21 anos. Não é possível chamar de ditadura o período 1964-1968 (até o AI-5), com toda a movimen-tação político-cultural. Muito menos os anos 1979-1985, com a aprovação da Lei de Anistia e as

eleições para os governos estaduais em 1982’.

Nos anos 1990, Jordan Belfort tornou-se um dos nomes mais conhecidos do mercado financeiro norte-americano. Ele era um brilhante negociador de ações cuja ousadia e truculência lhe garantiram a alcunha, alimentada por ele mesmo, de Lobo de Wall Street. Com talento para fazer milhares de dólares em apenas alguns minutos, nem sempre pelos caminhos éticos ou legais, Jordan Belfort comandava uma gangue de corretores desvairados. Nesta autobiografia impressionante e divertida, o Lobo de Wall Street

narra sem meias palavras sua história de ambição, poder e excessos. Uma vida marcada pelo relacionamento tumultuado com a esposa e por aventuras ao redor do mundo com aviões, iates, drogas e mulheres.

Em 1973, algo enigmático faz com que a música brasileira produza uma quantidade incomum de discos que teimariam em resistir ao tempo, não só por sua alta dose de inovação, mas também pela quantidade generosa de estreantes que os assinam. Sem nenhuma pretensão de destronar seu maior rival, 1968 (‘o ano que não terminou’), este livro aponta para a eternidade particular de 1973, ao reunir olhares individuais de cinquenta escritores para 50 álbuns no ano em que 1973 completa 40 anos. Jornalistas, artistas e outros no-

táveis enriquecem a leitura com seus pontos de vista e percepções particulares, acrescendo dinamismo e refinando ainda mais seu conteúdo.

Marco antonio Villa: Ditadura à Brasileira

Jordan Belfort: O Lobo de Wall Street

celio alBuquerque: 1973 – O ano quereinventou a MPB

SE LIGA!

No dia 16 de março, os roqueiros do Avenged Sevenfold, atração do último Rock in Rio, dão sequência a sua mais recente turnê com um show em Brasília, no Ginásio Nilson Nelson.

Os veteranos do Guns n´Roses desembarcam em Brasília no dia 25

de março. O show também acontece no Ginásio Nilson Nelson.

No dia 05 de abril a ACELEM premia os melhores do ano em Luís Eduar-do Magalhães com show da dupla Guilherme e Santiago. O show acontece no Quatro Estações Hall.

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72 revis ta da bahia fev-mar/2014

Principais bairros desta área: barreirinhas e morada nobre

BARREIRAS

bares, restaurantes e lanchonetes

CAIS & PORTOBar e restaurante às margens do Rio Grande, no Centro. Especialidade: rodízio de massas funcionamento: de terça a domingo, a partir das 17h

dOçuRALanchonete. Especialidade: doces, salgados, tortas e buffets coorporativos e sociais. funcionamento: de terça a sábado, a patir das 10h. Segunda, a partir das 14h.

COMIdA dE BOTECOBar e restaurante. Especialidade: gastronomia regional. funcionamento: todos os dias, a patir das 10h. Domingo e segunda até as 14h.

'% f

12

3

1

Tapiocaria Delícias da BahiaRua São Bernado, 83 - Barreirinhas

3611.8256

Casa de MariaPq. Exp. Eng. G. Rocha - Barreirinhas

9993.2428

TrapicheRua Amazonas, s/n, Barreirinhas

9990.8525

Comida de BotecoRua Paraíba, 117 - Barreirinhas

9142.0585

Galinha do AfonsoRua Maurício Pereira, 211, M. Nobre 3611.3502

Rua

Oon

ono

nono

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Ponte Ciro Pedrosa

Ponte Aylon Macedo

BR-135 / 020 / 242BR-020 / 242

CONfRARIA dA CERVEJABar e Restaurante. Especialidade: rodízios durante a semana. funcionamento: de segunda a sábado, a partir das 19h.

Confraria da CervejaRua Fco. Macedo, s/n - M. Nobre

3611.3448

BalalaikaRua Nunes, 140, São Pedro

3612.1330

Page 73: Revista A edição 21

fev-mar/2014 revis ta da bahia 73

TRAPIChEEspaço cultural, bar e restaurante. Especialidade: feijoada e galinha caipira aos sábados. funcionamento: de quartas às sextas-feiras, a patir das 18h. Sábado, a partir das 18h.

3

2

Rua José Bonifácio

Rua Princesa Isabel

Rua Ruy Barbosa

BR

-135

SuBwAyFranquia norte-americana de restaurante. Especialidade: sanduíches. funcionamento: todos os dias das 11h às 23h

Bode AssadoRua Ant. Coité Filho, 380 - O. Branco

3611.7304

Delícia GourmetAv. ACM, 924, Centro

3612.7249

GiraffasAv. ACM, 596, Centro

3612.0500

Hotel MorubixabaAv. ACM, 2024, Novo Horizonte

3612.7006

Los PampasAv. ACM, 131, Serra do Mimo

3613.0872

SubwayRua M. Hermes, 158 - Primavera

3612.0580

Porta do SolRua Café Filho, 61, Primavera

3611.7332

DoçuraAv. Benedita Silveira, 50, Centro

3611.3820

SupremoRua Profa G. Porto, 65 - Centro

3611.4442

Bar do VieirinhaCentro Histórico

0000.0000

Cais & PortoAv. Presidente Vargas, 483 - Centro

3612.4812

Boliche Strike & CiaRua Camaçari, 88 - Centro

3613.1312

Dom’q ChoppRua Profa G. Porto, 471- Centro

3612.0815 Lilia Doces e SalgadosAv. Cleriston Andrade, 619B - Centro

3611.4472

Bode e CiaRua J. Nogueira, 148 - Bela Vista

3612.0063

BobsAv. Benedita Silveira, 20, Centro

3611.1790

dOM’q ChOPPBar e restaurante. Especialidade: buffet variado durante a semana. funcionamento: de terça a domingo a patir das 12h.

LILIA dOCES E SALgAdOSRestaurante, buffet e pizzaria. Especialidade: Pizzas. funcionamento: de terça aos domingo a partir das 18h. Segundas-feiras até as 18h.

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LuíS EduARdO MAgALhãES

bares, restaurantes e lanchonetes

'% f

BR-020 / 242

dOM MARIANORestaurante e petiscaria. Especialidade: gastronomia brasileira. funcionamento:de segunda a sábado das 11h45 às 14he das 18h às 0h.

hAShIRestaurante. Especialidade: culinária oriental. funcionamento: de segunda a sábado, das 11h30 às 14h e das 19h às 23h30.

yAkINORIRestaurante. Especialidade: gastronomia asiática. funcionamento: de terça a domingo,a partir das 19h.

Av. K

ichi

ro M

urat

a

Rua

Rond

ônia

Avenida JK

Rua

Serg

ipe

Rua

Mat

o G

ross

o

Doce CaféR. Rua Barbosa, 1661, Q89L1/2 - Centro

3628.4714

Restaurante Saint LouisRua JK, 976, Q5L3/4 - Jd. Paraíso

3628.7700

SubwayRua Pernambuco, 371- Centro

3628.3126

Dom MarianoRua Clériston Andrade, 1092 - Centro

3639-8132

Boi na BrasaR. José C. de Lima - Q6/L1/6 - Jd. Primavera

3628.0144

YakinoriRua Rui Barbosa, 766 - Centro

3628.4604

Hashi Culinária OrientalRua Clériston Andrade, 622 - Centro

3639.8183

Sabor CaipiraR. José C. de Lima, 565 - Centro

3628.6130

Sabor e ArteR. José C. de Lima, 1270 - Jd. Primavera

3628.7432

Espetinho do GaúchoRua Pará, 95 - Q3/L11 - Centro

3628.3837

Panorama Bar e Rest.R. Flamboyant, 111 - Jd. Primavera

3639.0522

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76 revis ta da bahia fev-mar/2014

Tizziana Oliveira CONECTADOe-mail: [email protected]: tizzianaoliveira

twitter: @tizzioliveira

Gelo, limão e açúcar

O lado sexy do verão, o colorido dos biquínis e o estilo gata selvagem foram as inspirações do primeiro ensaio de Rhuana Tondatto. A estudante de psicologia Rhuana Tondatto, 20 anos, 1,64m e 53kg foi pra lá de sensual! “Não abro mão de comer bem, mas para manter o corpo em forma faço musculação diariamente e,

virgínia Fontana completa 15 anosA comemoração dos 15 anos da simpática capricorniana, Virgínia Fontana, no CTG Sinuelo dos Gerais, dia 18 de janeiro, reuniu amigos, familiares e muita emoção, princi-palmente dos pais Cabo Carlos e Tânia Fontana. “A minha maior paixão é a minha família e também sou apaixonada pelo CTG! Sou fascinada pela cultura gaúcha, mesmo sendo baiana”, diz ela.

Junior fErrAri

O lado sexy do verão com a Garota Uau

sempre que possível, corro também. Gosto de cuidar do meu corpo e da minha saúde”, admite. Rhuana não se acha sexy, mas diz que sabe ser sensual quando precisa. A loja Tempero do corpo foi responsável pelo biquíni da garota!

osVAldo filho

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(77) 3628-6700 (77) 9979-9899

(77)9847-1313(61)8143-1160

Camila Piani, 18 anos, de Umuarama (PR), é destaque desta edição. O companheirismo é o ponto forte de Camila. “Tenho uma boa relação com meu corpo, mas acredito que a gente sempre pode melhorar, então sigo uma rotina de treinos e boa alimentação, mas sem muita neura”, disse ela. O que um rapaz precisa ter para conquistar seu coração é bons princípios, ser amigo e verdadeiro acima de tudo. Camila fez ensaio para Revista Orange usando as looks de banho “By Andreza”!

ME cAIu os ButIá Do Bolso...

O aroma de perfumes nos transporta a lugares como se o tempo não existisse. Involuntariamente quando cheiramos, nosso cérebro classifica o aroma como bom ou ruim, rapidamente. A variedade de fragrâncias distribuídas em milhares de frascos nos leva a um universo de opções. Esse é o poder do perfume: nos dá uma fragrância especial, que nos torna inesquecíveis. Cheiros cítricos foram relacionados ao ar livre e esportistas. Para a mulher na balada que quer conquistar, a perfumaria vende o con-ceito adocicado, cheiro de chocolate e açúcar queimado, com notas quentes e sen-suais para a noite. O romance lembra flor, então o bouquet floral, notas de gardênia, rosa e jasmim, vão remeter a pessoas românticas. Por isso, para escolher um perfume considere duas coisas: a fragrância e se ele combina com a sua personalidade.

a escolha do seu perfume pode revelar muito sobre você!

Companheirismo é o ponto forte de Camila

Cuidado com as madeixas no verão!Claudia Morsil inaugurou no final de dezembro o “Claudia Studio Hair” para deixar a autoestima de todas lá em cima. Para amenizar os danos provocados pelo sol, elas correm para os salões de beleza, investindo em tratamentos com mais frequência. O salão está localizado na Rua Candido Portinari nº 256 e proporciona cortes, hidratação, massagem, depilação, maquiagem.

Fascinada por maquiagem!Luana Santos de França posou em ensaio para as lentes da fotógrafa kika. Luana, 15 anos, nascida em Barreiras, sempre morou em Luís Eduardo, estuda na escola Monteiro Lobato no 2°ano, e seu hobby é fazer makes e sair com amigas! ”Tenho um grande sonho, fazer Medicina na área de dermato-logia”, conta.

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78 revis ta da bahia fev-mar/2014

social

Posse da CdL

BalmasquéFesta temática que tradicionalmente antecede o carnaval, aconteceu no dia 14/02 no Le Reve.

Cerimônia de posse da nova diretoria da CDL de Barreiras que aconteceu no dia 31/01.

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fev-mar/2014 revis ta da bahia 79

adoro FeijoadaFesta organizada pela Adoro produtoraque aconteceu no dia 15/02 no Espaço Fortiori.

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