Revista Andirá Empreendedora n. 2 - Dezembro de 2013

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ONDE TUDO COMEÇOU ANDIRÁ, 70 ANOS INTEGRADA TURISMO ENTREVISTA R E V I S T A Número 2 - Dezembro de 2013 ANDIRÁ EMPREENDEDORA Nova Unidade será referência nacional em derivados de milho Conheça mais sobre a bacia hidrográfica de nosso município A trajetória fotográfica de Joka Madruga

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ONDE TUDO COMEÇOUANDIRÁ, 70 ANOS

INTEGRADA TURISMO ENTREVISTA

R E V I S T A

Número 2 - Dezembro de 2013

ANDIRÁEMPREENDEDORA

Nova Unidade será referência nacional em derivados de milho

Conheça mais sobre a bacia hidrográfica de nosso município

A trajetória fotográfica de Joka Madruga

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ARTIGOS

CARTUM

05 HOMENAGEM: Não devemos nos

esquecer de José Monir Nasser

06 EDITORIAL - Andirá Empreendedora: mais bonita e com mais conteúdo

10 Andirá, 70 anos Onde tudo começou

14 Andirá das águas

16 O plantio de laranja em Andirá

18 Integrada

21 Agricultura Familiar

23 Acead

25 PERFIL Entre cortes e penteados, uma longa

caminhada rumo ao sucesso

26 BEM ESTAR Coluna da Vera Polo

28 ZONA ELEITORAL Fórum Eleitoral de Andirá

30 EDUCAÇÃO Educação em Andirá

34 NOSSA CIDADE Coluna da Cleusa Guimarães

36 LIVRO A vítima e os direitos humanos

42 ENTREVISTA Fotógrafo de Andirá

50 Nerildo Bezerra

53 Gustavo Nogy

55 Flavio Morgenstern

56 José Carlos Zamboni

58 Paulo Briguet

60 Camila Hochmüller Abadie

62 L. C. Bragança de Pina

65 José Pires

ÍNDICE

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5Andirá Empreendedora

HOMENAGEM

NÃO DEVEMOS NOS ESQUECER DE

(1957-2013)

JOSÉMONIR NASSER

No seu programa True Outspeak, de 18 de março de 2013, o filósofo Olavo de Carvalho homenageou

o amigo José Monir Nasser, com a canção “La muerte no es el final” (“A morte não é o final”), do sacerdote basco Cesáreo Gabaráin Azurmendi (1936-1991). Ouvindo a canção, eu imaginava o professor Monir deba-tendo com os grandes educadores na eternidade, enquanto aqui na terra seus alunos o escutavam atentamente. A canção é belíssima, por isso registro sua letra nesta página, em memória do professor Monir, na certeza de que “morrendo, vivemos”.

Cuando la pena nos alcanza

del compañero perdido,

cuando el adiós dolorido

busca en la fe su esperanza.

En tu palabra confiamos

con la certeza que Tú

ya le has devuelto a la vida,

ya le has llevado a la luz.

Ya le has devuelto a la vida,

ya le has llevado a la luz.

Paranaense de Curitiba, José Monir Meirelles Nasser faleceu aos 56 anos, em 16 de março de 2013, por compli-cações resultantes de um AVC. Nasser escreveu “A economia do mais” (Tríade Editora, 2003), obra que li com admi-ração. Chamou-me a atenção a ideia de desenvolvimento regional estabelecida por ele, a qual tentei mostrar a alguns professores universitários, destacando a importância do tema para as cidades da nossa região (no entanto, não obtive sucesso). EDUCADOR apaixonado por literatura, idealizou o projeto “Expedições pelo mundo da cultura” e com ele conquistou a dedicação de

milhares de “alunos voluntários”. O projeto foi realizado em São Paulo e em três cidades do Paraná: Curitiba, Londrina e Paranavaí. Nasser também escreveu, juntamente com outros autores, “O Brasil que deu certo: a saga da soja brasileira” (Tríade Editora, 2005) e prefaciou “O Trivium: as artes liberais da lógica, gramática e retórica” (É Realizações, 2008), da irmã Miriam Joseph (1898-1982). Formado em Le-tras e Economia, se dedicou à pintura e foi fundador da empresa de consultoria Avia Internacional e da Tríade Editora, além de ter atuado, de 2008 a 2011, na presidência da sede curitibana da Aliança Francesa.

A homenagem de Olavo de Carvalho a Nasser pode

ser assistida acessando:

http://www.youtube.com/watch?v=JV6XeTNkkHE.

Por L. C. BRAGANÇA DE PINA

Foto: Mário Castello. Arte: Renato Faria/Andirá Comunicação

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6 Andirá Empreendedora

EDITORIAL

ANDIRÁ EMPREENDEDORA:

Mais bonita e commais conteúdo

A segunda edição da ANDIRÁ EMPREENDEDORA é especial. Por quê? Em

razão dos articulistas que enriquecem a publicação com suas análises, sendo pessoas reconhecidas por suas capacidades intelectuais, como provam seus artigos. Damos boas-vindas, portanto, a Camila Hochmüller Abadie, Flavio Morgenstern, Gustavo Nogy, José Carlos Zamboni e Paulo Briguet. A revista também é animada pelo cartum de José Pires, premiado artista do norte do Paraná. Além desse grupo de intelectuais e seus textos enriquecedores, a publicação apresenta matérias importantes para Andirá e uma página especialmente reservada à memória do educador José Monir Nasser, falecido em 2013.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas na elaboração da revis-ta, com uma equipe reduzidíssima,

Cleusa Ferreira da Silva Guimarães, diretora comercial

L. C. Bragança de Pina,diretor de conteúdo

suplantamos os obstáculos, graças à determinação dos profissionais envolvidos e à colaboração de pessoas sensíveis que acreditaram em nosso projeto. Muitos estiveram conosco na primeira edição, alguns outros nos encontraram no caminho e, para nossa satisfação, se juntaram a nós. Deus nos permita que muitas outras edições possam ser publicadas.

Eis, assim, queridos leitores, parcei-ros, colaboradores, mais uma edição da ANDIRÁ EMPREENDEDORA, uma marca registrada na história de Andirá. Aproveitem! Esperamos que folheiem cada página com um sorriso aberto de satisfação por encontrar numa revista do interior do Paraná ótimos artigos, matérias bem escritas sobre nossas riquezas e um design elaborado, tão bom quanto o das badaladas revistas de circulação nacional.

Boa leitura!

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8 Andirá Empreendedora

EXPEDIENTE

Revista

ANDIRÁ EMPREENDEDORANúmero 2 – 23 de dezembro de 2013

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Coordenação editorial

Jornalista responsável:L. C. Bragança de PinaRegistro profissional: DRT – PR 7205

Textos:Cleusa Guimarães e L.C. Bragança de Pina

Diretora comercial:Cleusa Ferreira da Silva Guimarães

Design gráfico e diagramação:José Adriano Bordignon

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Uma publicação anual da Andirá Comunicação

www.andiracomunicacao.com.br

Créditos das fotos nas páginasFotótimo do Sérgio: capa, 12, 14 e 15. Mario Castello com arte de Renato Faria/Andirá Co-municação: 5. Andirá Comunicação: 6, 7, 28, 29, 31. Estúdio Photo Art: 10, 11, 23 e 30. In-tegrada: 18, 19. Internet: 18, 21, 34, 35, 53, 56, 57, 58, 59, 60/61 (Pinturas: hoocher.com/), 62 e 63. Divulgação/Luciane Pereira Gorrão: 25. Divulgação/Vera Lúcia Paviani Polo: 26.

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ANDIRÁ, 70 ANOS

ONDE TUDO COMEÇOU

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11 Andirá Empreendedora 11Andirá Empreenderora

Andirá completou 70 anosde emancipação político-administrativa

em 14 de setembro de 2013. A cidade se originou, em 1927, de um povoado

pertencente a Cambará, cidade fronteiriça.

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ANDIRÁ, 70 ANOSCAPA

Por conta da passagem da estrada de ferro São Pau-lo-Paraná na propriedade de Bráulio Barbosa Ferraz, foi

criada a estação ferroviária batizada de Ingá – espécie de fruta silvestre então abundante na região. Com a estrada de ferro na localidade, Bráulio Barbosa Ferraz dividiu sua propriedade em lotes de até cinco alqueires para serem ven-didos. A partir daí se deu a formação de um núcleo urbano, batizado com o nome da estação: Ingá. Seus primeiros moradores, além de Bráulio Barbosa Ferraz, foram Amadeu Bernini, Carlos Ribeiro da Silva, Domingos Marcondes Machado, Firmino Corrêa, Manoel Messias da Silva e Raul Vaz.

Com o decreto-lei estadual n. 347, de 15 de março de 1935, o povoado passou a ser distrito judiciário perten-cente a Cambará. Em 30 de dezembro de 1943, o distrito foi desmembrado e, assim, criada a cidade de Andirá. Nessa ocasião, o Distrito Judiciário de Ingá perdeu a denominação em razão da existência de um município homô-nimo no estado da Paraíba. A alteração de Ingá para Andirá foi realizada pelo decreto-lei estadual n. 7.199. O gentílico para os nascidos em Andirá é “andiraense”.

AS CONQUISTASA cidade tem 20.610 habitantes, com uma população economica-mente ativa de aproximadamente 15.000 pessoas

Desde a criação da cidade, em dezembro de 1943, Andirá obteve alguns avanços. Os dados registra-dos na primeira edição da ANDIRÁ EMPREENDEDORA necessitam de algumas alterações. A cidade possui hoje 420 empresas inscritas no Impos-to sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e é

detentora de um parque industrial financeiramente importante para sua independência. O repasse do Fun-do de Participação dos Municípios (FPM) e outros impostos colaboram para a situação, auxiliando nessa independência também o comércio, a agricultura e a pecuária. O plantio de soja, milho, limão e banana colocam a cidade entre as mais destacadas do Paraná. Andirá conta com empresas multinacionais que são fundamentais para seu desenvolvimento.

O orçamento da Prefeitura de An-dirá em 2013 foi de R$ 39.439.477,56 e o orçamento geral, que envolve pre-feitura, câmara municipal e fundo de previdência foi de R$ 45.777.414,07. A arrecadação da cidade se divi-de em Fundo de Participação dos Municípios (FPM), com repasse total de R$ 13.022.167,50; Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), de R$ 10.777.258,94; Imposto sobre Serviços (ISS), de R$ 1.540.695,60; Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), de R$ 898.243,02; Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), de R$ 1.326.692,71; e Serviço de Água, municipalizado em 2010, de R$ 2.895.046,30.

De acordo com dados do último censo (2010) realizado pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área urbana de Andirá tem um total de 19.351 habitantes e a zona rural abriga 1.259 pessoas. O municí-pio possui uma população de 10.041 homens; desses, 9.378 homens vivem na área urbana e 663 na área rural. A população feminina é de 10.569 cidadãs, sendo que 9.973 estão na área urbana e 596 na área rural. O total de eleitores é de 17.457, conforme di-vulgado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

O potencial econômico do mu-nicípio ganha força em razão da sua localização, que facilita a logística de importantes empresas, como o Centro de Distribuição e Logística da Monsan-to; a Santos Andirá, quinta colocada no ranking das maiores empresas de dormitórios do país; e a Cooperativa Integrada, que está na fase final de am-pliação do seu espaço, na BR-369, com investimentos de R$ 50 milhões.

Andirá é uma das principais cidades produtoras de limão-tahiti e banana no Paraná. O plantio de bana-na ocupa uma área de 1,6 mil hectares, capaz de gerar 800 empregos diretos e um faturamento anual de R$ 17 milhões. Quanto ao limão, conformes dados da Emater, são 48,4 hectares de plantio.

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ANDIRÁ

TURISMO FLUVIAL

DAS ÁGUASAndirá é cercada por rios

que proporcionam água potável, riqueza econômica e lazer aos turistas que

buscam diversão e beleza às margens de rios como o Paranapanema, o qual possui 930 quilômetros de extensão de águas limpas. O volume de água concentrado na bacia do rio Paranapanema ocupa uma área de 106 mil quilômetros quadrados e abrange 247 municípios: 115 pertencentes ao estado de São Paulo e 132 ao estado do Paraná, para a satisfação de 4,8 milhões de habitantes.

A Duke Energy, responsável pela

área, afirma que o aproveitamento hidrelétrico no rio Paranapanema começou há mais de meio século e desde então “os moradores da região desfrutam dos aprazíveis reservatórios para lazer, pesca e prática de esportes aquáticos, entre outros múltiplos usos”. A companhia ressalta ainda que “não é à toa que as comunidades têm no Pa-ranapanema um bem de valor natural, econômico e cultural”. Outro ponto fri-sado pela Duke Energy é o turismo na área, considerado uma “das atividades mais promissoras da região”.

O rio Paranapanema é um dos principais afluentes do rio Paraná. Nas-

ce na serra de Paranapiacaba, no muni-cípio de Capão Bonito, corta o territó-rio paulista e marca a divisa entre os estados de São Paulo e Paraná, a partir da foz do rio Itararé, por 330 quilôme-tros. O curso do Paranapanema, de 930 quilômetros de extensão, é dividido em três grandes trechos: Baixo Paranapa-nema, da foz do rio Paraná até Salto Grande (421 quilômetros de extensão); Médio Paranapanema, de Salto Grande até a confluência do rio Apiaí-Guaçu (328 quilômetros de extensão); e Alto Paranapanema, da confluência do Rio Apiaí-Guaçu até as nascentes (180 quilômetros de extensão).

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A construção da hidrelétrica Canoas II, entre Palmital (SP) e Andirá (PR), teve início em 1992 e foi concluída em 1999; ela pos-sui três turbinas do tipo “bulbo”, com potência de 72 MW para um reservatório que ocupa 22,5 quilô-metros quadrados de área. Além de aumentar a geração de energia, a hidrelétrica conferiu muitos outros benefícios à região por meio das obras de infraestrutura, como pon-tes e estradas, que possibilitaram o escoamento da produção nas regi-ões vizinhas, o tráfego de veículos e a geração de empregos.

A Festa da Corvina de Andirá é realizada todos os anos no mês de abril, no Condomínio Canoas II. A competição de pesca envolve aproximadamente 300 pescado-res de toda a região do norte do Paraná e do sul do estado de São Paulo, reunindo entre quatro e cinco mil pessoas de todas as faixas etárias. O campeonato foi criado com o objetivo de divulgar o turismo local e a conscientiza-ção ambiental e social.

Durante a festa, os organiza-dores fazem a soltura de aproxi-madamente 30 mil alevinos para a “repovoação” do lago. Uma semana antes do evento, acontece um passeio ecológico que reúne os proprietários do Condomínio Canoas II e voluntários de Andirá

e Palmital (cidade do sul de São Paulo que faz fronteira com An-dirá) para recolher o lixo jogado indiscriminadamente às margens do lago Canoas II.

A Festa da Corvina é também conhecida pela ação solidária em prol de instituições de caridade de Andirá, com arrecadação de alimentos não perecíveis. A cada ano, uma entidade é beneficiada. No ano passado, a Escola de Edu-cação Especial Raio de Luz, admi-nistrada pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), recebeu a doação. O evento tem o apoio do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), da Força Verde, da Defesa Civil de Andirá, da Duke Energy, do empresariado e da prefeitura de Andirá.

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AGRICULTURA

PRODUÇÃO DE LARANJA EM ANDIRÁA cidade busca diversificar o plantio de frutas e já é destaque na produção de limão-tahiti e de banana

A primeira safra de laranja em Andirá foi colhida em junho de 2012, com uma produção de 150 toneladas.

Em 2009, seis produtores deram início ao plantio da cítrica numa área de 20 hectares. Conforme dados da Emater de Andirá, a safra de 2013 totalizou 900 toneladas, provenientes de 18 mil pés plantados numa área de 50 hecta-res, que podem render 36 mil caixas da fruta. Cerca de 80% da produção é comercializada em supermercados e em feiras livres e também diretamente ao consumidor da cidade e da região. Cada caixa, com 25 quilos da fruta, é vendida a R$ 10. Com o plantio da laranja em Andirá, foram criados 50 empregos diretos.

A produção é por escalonamento, isto é, a colheita da cítrica, com quatro variedades, é feita o ano todo: a laranja navelina é colhida nos meses de março e abril; a laranja-pera, nos meses de junho, julho e agosto; a laranja valença, nos meses de setembro e outubro; e a laranja folha murcha, em novembro e dezembro. Dessas variedades, a mais nobre é a navelina.

“A laranja vai para a mesa do andiraense com uma ótima safra. Vale a pena ressaltar que, hoje, a agricul-

tura de Andirá avança rapidamente no plantio e colheita da fruta, além de garantir mais emprego e renda para o município. A população vem consu-mindo muito as frutas da época, com a satisfação de serem produzidas na ci-dade, o que valoriza nossa agricultura, além de favorecer a saúde”, comemora Adevaldo José da Cunha, técnico em agropecuária da Emater de Andirá.

Todos os meses, desde o ano passa-do, um grupo de produtores se reúne para debater a cultura da laranja, que, atualmente, é uma realidade comemo-rada e com perspectiva de crescimento para o próximo ano. “Mas nem tudo são flores nos plantios”, frisa Adeval-do. “Um problema que tira o sono dos produtores é o greening, doença que ataca o pé de laranja e acarreta uma coloração amarelada nas folhas. A doença causa a morte da planta”, completa o técnico, com 20 anos de serviços prestados à Emater. Adevaldo afirma que a doença se espalhou nos pomares de São Paulo e dizimou as plantações da Flórida (EUA), um dos maiores mercados da fruta no mundo. “A saída é erradicar o plantio existente e começar outro, pois somente assim pode-se controlar quimicamente o vetor”, explica.

Atenção aos produtores no plantio e na comercialização

A Emater oferece assessoria técnica aos produtores de laranja, com acom-panhamento mensal e recomendações diversas, que incluem coleta de mostra de solo, projeções de variedades dos frutos, prognósticos de gastos na colheita, além de uso adequado de defensivos e fertilizantes. A instituição também orienta a organização da pro-dução e a comercialização do produto in natura. Um exemplo citado por Adevaldo é o contato entre a Emater e a Nova Citrus, estabelecido em 2013, que possibilitou a parceria para a coo-peração dos produtores na comerciali-zação das suas safras.

O maior produtor de laranja em Andirá é Wilsom Aparecido Sargi, proprietário do sítio São Salvador, uma área de 14,52 hectares no bairro Água da Raposa, onde existem 7.000 pés de laranja. Os demais produtores são Bruno Cesar Sargi, Carlos Valdir Bonetti, José Luiz Fernandes Correia, Luiz Gustavo Dalossi Guiciardi, Lucas Mateus Dalossi, Marco Tetsutaro Ou-tuki e Seiiti Nouti.

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A laranja no Paraná, no Brasil e no mundo A laranja em 2013

Segundo dados da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Pa-raná (SEAB-PR), a laranja é o cítrico mais produzido no estado, represen-tando 38,1% do volume total. Em 2010, a colheita da fruta foi de 582,4 mil toneladas, numa área de cultivo de 23,9 mil hectares.

Dados da Organização das Na-ções Unidas para Agricultura e Ali-mentação (FAO) de 2012 estimam a área de plantio de laranja no mundo em 4,9 milhões de hectares. O Brasil é seguido por EUA, China, Índia, México, Egito e Espanha. Esses países produzem 68% da laranja no mundo. O Brasil e os EUA utilizam mais de 70% da produção da cítrica para a fabricação de sucos, enquanto Mé-xico e China vendem as frutas para o consumo in natura. Na Espanha, metade da produção é exportada.

No Brasil, em 2009/10, 86% da safra de laranja foi aproveitada pela indústria. O país lidera a exporta-ção de suco de laranja, com 85% do volume total. Somente São Paulo e o Triângulo Mineiro (região conhecida como Citrus Belt) são responsáveis por 53% de todo o suco da fruta pro-duzido no mundo. Pesquisa realizada indica que, em 20 anos, o Cinturão Citrícola Brasileiro elevou sua pro-dução de caixas de laranja em mais de 45%. A região da Flórida (EUA) teve redução de 9% na sua produção. Na fabricação de suco de laranja, o Brasil cresceu 55%, ao passo que os EUA caíram 11%. As mudanças climáticas prejudicaram a Flórida; no Brasil, por sua vez, a pesquisa e o investimento em tecnologia, além da atenção dada aos pomares tornaram a produção mais competitiva.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) avalia que, em 2013, a produ-ção nacional de laranja foi de 16.252.815 toneladas (398,4 milhões de caixas de 40,8 qui-los). Como observa Adevaldo, em São Paulo, que é o principal produtor brasileiro da fruta, a situação é crítica e provocou a queda de 15,7% na produção nesse mês. A área total ocupada no estado teve queda de 11,8%. A erradicação de plantas menos produtivas é apontada como responsável pela redução de área de cultivo.

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INTEGRADA

REFERÊNCIA NO PROCESSAMENTODE MILHONova Unidade Industrial de Milho da Cooperativa Integrada, em Andirá, será referência para produção de derivados de milho no Brasil

A Cooperativa Integrada está construindo em Andirá uma das mais modernas plantas industriais da

América Latina para processamento de milho. Com investimentos de mais de R$ 70 milhões, a nova Unidade In-dustrial de Milho (UIM) foi projetada a partir do que existe de mais moderno em equipamentos e tecnologia para o segmento. Apresentando excelência em segurança alimentar e ambiental, a fábrica promete inaugurar um novo conceito para produção de derivados de milho no Brasil.

A construção da nova UIM acontece

em virtude das limitações estruturais da antiga unidade, que tinha capaci-dade restrita de produção e não estava conseguindo atender a demanda das empresas nacionais e multinacionais de produtos alimentícios, as quais são os

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principais clientes da UIM. Os trabalhos iniciais começaram

em 2010 e a indústria deverá entrar em operação, em fase de testes, no final do primeiro semestre de 2014. Nesse período, mais de 500 trabalhadores estiveram envolvidos com a obra. Atualmente, mais de 100 pessoas atuam na montagem dos equipamentos e no processo de automação da indústria.

Edificado em uma área de 30 hec-tares, o equivalente a 300 mil metros quadrados, o complexo industrial contará com cinco silos de concreto e três prédios, nos quais funcionarão os setores de moagem de milho, produção de amido, armazenamento e expedição.

O maior deles, do setor de moagem, tem 45 metros de altura, o equivalente a um edifício residencial de 13 andares. A nova UIM também terá espaço para setor administrativo, laboratórios e área de alimentação, além de auditório para reuniões e palestras.

“Estamos atendendo toda a legis-lação e vamos buscar todas as certifi-cações necessárias para estarmos na vanguarda do processamento de milho no país”, explica o gerente da UIM, Aldo Alves. Os produtos da Unidade Industrial de Milho da Cooperativa Integrada são utilizados em diversos setores da indústria de alimentos e bebidas, como na produção de cereais

matinais, cervejas, pães, biscoitos, massas, gorduras vegetais, rações e até mesmo na mineração e na produção de papel.

Na nova unidade, a capacidade de produção poderá ser quase o dobro da atual, passando de 160 mil toneladas para até 300 toneladas de derivados de milho por ano. No entanto, a indús-tria possui capacidade estrutural para superar essa meta e chegar à produção de 400 mil toneladas anuais. “Vamos elaborar produtos com alto padrão de qualidade, visando aumentar nossa participação no mercado interno e ain-da buscar novos clientes fora do país”, explica o gerente industrial Aldo Alves.

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AGRICULTURA FAMILIAR

OLERICULTURA E PLASTICULTURA

Andirá possui 30 estufas com plantações de tomate, pimentão, pepino e alface. Na vila rural Recanto

Feliz, há quatro estufas e a produção tem abastecido a cidade e outros mu-nicípios da região. Nos últimos cinco anos, Andirá foi beneficiada com mais de R$ 1 milhão para compra direta e aquisição de produtos da agricultura familiar.

Em 2005, a olericultura passou a abastecer o comércio local e o Progra-ma de Aquisição de Alimento (PAA), por meio de órgãos como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Secretaria de Estado do Trabalho, Em-prego e Economia Solidária do Paraná, tendo em vista o atendimento das ins-tituições do município. “A olericultura sempre existiu em nosso município, mas se intensificou com a geração de emprego e renda a partir de 2005, o que

contribuiu para a diminuição da mão de obra ociosa na cidade”, argumenta Manoel Antonio Carvalho, engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente.

A plasticultura começou a ser potencializada em Andirá a partir de 2010, com apenas três produtores. “A atividade está em constante crescimen-to e hoje temos 14 produtores com 30 estufas numa área de mil metros quadrados por estufa, totalizando 30 mil metros quadrados de ambiente protegido”, especifica Manoel de Car-valho. A atividade gera 30 empregos diretos e obtém incentivo por meio de financiamento decorrente do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricul-tura Familiar (Pronaf). Os produtores recebem assistência técnica da Emater e da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente.

Carvalho relata que todo o pro-

cesso de plantio recebe o mínimo de agrotóxico. “A qualidade das hortaliças é ponto fundamental para a equipe envolvida, pois abastece o município e atende programas governamentais, sen-do uma tendência em crescimento que gera emprego e renda e contribui para o sustento de várias famílias”, completa o engenheiro agrônomo. Além das ver-duras, são produzidas banana e laranja.

Do recurso destinado à alimentação escolar, proveniente do PNAE Muni-cipal, pouco mais de 30% é usado na compra de produtos originados da agri-cultura familiar, pois considera-se que tal medida incentiva o pequeno agri-cultor e, consequentemente, promove o desenvolvimento local. Por meio da Cooperativa Agroindustrial de Andirá (Copagran), os produtores de olericul-tura participam do PNAE Estadual, que atende os municípios de Andirá, Barra do Jacaré e Santo Antônio da Platina.

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COMÉRCIO E INDÚSTRIA

ACEAD, parceira no crescimento comercial e industrial de Andirá

A Associação Comercial e Industrial de Andirá (ACIA) foi fundada em 18 de outubro de 1973 e qualificada como de utilidade pública em 1º de dezembro 1975. A criação da ACIA serviu

de exemplo às cidades vizinhas para criação das suas próprias associações comerciais. Em 1996, por meio de assembleia geral, foram efetuadas alterações estatutárias na entidade, convenientes a novas admissões, e também a mudança do nome para Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Andirá (ACIAA).

Com o advento de novas concepções e integrando-se à realidade das associações comerciais do Paraná, os empresários andiraenses se reuniram, em 8 de fevereiro de 2010, para uma nova assembleia geral, realizada no Cine Teatro São Carlos, definindo que a ACIAA passaria a ser chamada de Associação Comercial e Empresarial de Andirá (ACEAD), cujo lema é o associativismo como fator “imprescindível para desempenho da classe”. A fim de promover esse ideário, juntamente com os órgãos representativos do comércio, a ACEAD passou a realizar cursos de capacitação e gestão para seus associados, além de campanhas comerciárias voltadas ao fortalecimento da classe comercial e industrial.

Atualmente, a ACEAD possui 102 associados e oferece diversos cursos por meio do CDI, sistema EAD Monito-ria: Informática Profissional (Windows 7/Office 2010), Assistente Administrativo, Gestão Financeira, Marketing Pleno, Design Gráfico, Web Design e XCamer (Criação de Games). O objetivo da associação é promover o “desenvol-vimento da comunidade local”, auxiliando os empresários com a formação de mão de obra capacitada.

Um dos órgãos veiculados à ACEAD é o Conselho Andiraense da Mulher Empresária (CAME), composto por empresárias ou esposas de empresários, que tem como in-tuito fortalecer a união empresarial feminina, envolvendo as profissionais liberais “de todas as categorias de espírito associativista”. Desde sua fundação, há 40 anos, a ACEAD

teve duas mulheres na presidência: Rita de Cássia Zanetti Oliveira (2008 a 2010) e Sílvia Flores, que presidiu a enti-dade de 2010 a 2012 e foi eleita para o biênio 2012/2014.

O site da associação é www.acead.com.br.

PRESIDENTES PERÍODOS

Francisco Pereira Miranda 1973 a 1981

Yasser Agil Thussein Salameh 1981 a 1983

Domingos Valentino Paviani 1983 a 1985

Francisco Pereira Miranda 1985 a 1989

Domingos Valentino Paviani 1989 a 1992

José Odécio Furlan 1992 a 1996

Júlio César Barbosa Miranda 1996 a 2002

Cleodemir Silva (Queu) 2002 a 2004

Ricardo de Abreu 2004 a 2008

Rita de Cássia Zanetti Oliveira 2008 a 2010

Silvia Flores 2010 a 2012; reeleita para 2012 a 2014

Rua São Paulo

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PERFIL EMPREENDEDOR

Entre cortes e penteados, uma longa caminhada rumo ao sucesso

Pessoas determinadas têm, por hábito, desde jovem, traçar suas metas. Assim, elas seguem suas vidas e lutam

para atingir cada objetivo. São destemi-das e não se entregam às dificuldades encontradas, mas as suplantam. Luciane Pereira Gorrão é uma dessas pessoas. Para ela, as dificuldades da vida são como testes diários a serem enfrentados para se chegar ao final com algum tipo de prêmio.

Pequena empresária, oriunda de família pobre, aos 15 anos, iniciou sua trajetória profissional com alguns cursos preparatórios de auxiliar de cabeleireiro. “Foi meu primeiro passo importante na profissão. Eu era apren-diz. Foi assim, com humildade, que procurei saber tudo da minha carreira”, revela a andiraense, nascida em 11 de junho de 1973.

“Desde moça, penso que nada é por acaso. Tudo tem um sentido na vida. Assim pude seguir em frente, com muito, mas muito trabalho. Não desanimei e sempre procurei descobrir em mim a força de um sorriso verda-deiro, radiante, um sorriso dos olhos com a alma. Busquei sempre esse sor-riso para ser verdadeira comigo e com as outras pessoas”, conta a empresária, que se diz apaixonada pela profissão.

Luciane fez seus primeiros cursos profissionalizantes graças ao apoio fi-nanceiro dos primos Daniel e Cristina. Nessa época, morava em Assis (SP). A partir daí, durante um período de sete anos, se dedicou intensamente à profissão, “sempre cercada de bons mentores, pessoas que contribuíram para a construção da minha carreira e para que eu me tornasse a respeitada profissional que sou hoje”, destaca.

Após seu casamento em 7 de janeiro de 1995, decidiu montar o próprio salão

de beleza. “Era um espaço pequeno no fundo da minha casa”, diz com satisfa-ção. “Lidei com as adversidades do dia a dia. Tive que conciliar a vida familiar com o trabalho e os filhos, mas em momento algum descuidei dos meus objetivos. Mantive a seriedade profis-sional e sempre fiz questão de buscar o aperfeiçoamento com vários cursos”.

Os anos se passaram e o pequeno salão nos fundos da casa de Luciane não mais acomodava sua clientela. A cabeleireira conta que surgiram possibilidades de crescimento e assim buscou um espaço maior, com mais conforto para seus clientes. Graças aos cursos realizados, Luciane pôde oferecer qualidade nos serviços. Então, em 2006, se mudou para o ambiente tão esperado, batizado de “Espaço da Beleza”. “Foi um sonho realizado com suor, trabalho, foco e fé”, ressalta.

De aprendiz a mentora de outras cabeleireiras, Luciane afirma se sentir “realizada e com muito fôlego para gas-tar” na nova fase profissional. Agora, tendo uma equipe de pessoas dedica-das à sua empresa e contando com a força dos amigos e das clientes, que a olham como uma mulher de fibra e

visão, uma empreendedora capaz de agradar à clientela com os dotes técni-cos e criativos para os diversos tipos de cortes de cabelo, entre outras nuances oferecidas no seu “Espaço da Beleza”.

Os benefícios de cada lutaEm sua constante busca por

aperfeiçoamento profissional, Luciane participou, em 2008, do 14º Fashion Hair, em Lajes (SC), competindo na categoria “Novos Talentos”. A dedicada profissional conquistou o primeiro lugar no concurso e foi destaque em revistas especializadas do país.

O evento, que aconteceu entre 8 e 10 de junho daquele ano, foi orga-nizado pela Lafi Cosméticos e reuniu diversos profissionais consagrados de todo o país e do exterior, os quais apre-sentaram as tendências de moda para os cabelos. Durante o encontro, foram disponibilizados cursos de “técnicas de corte”, “truques de maquiagem” e “penteados para noivas”, entre outros.

Da pequena Andirá, Luciane saiu do anonimato e intensificou sua carrei-ra com cursos ainda mais sofisticados, desenvolvidos por hair stylists consa-grados pela mídia. Hoje, com mais de 22 anos de carreira e fiel às suas raízes, continua sua jornada em busca de novas técnicas a serem adotadas no seu “Espaço da Beleza”. De corte em corte, de penteado em penteado, vai conquis-tando os sorrisos das clientes, muitas das quais exclamam ao se olharem no espelho: “estou transformada, estou bonita!”. Para Luciane, não existe vi-tória maior do que essa. “O sorriso de uma cliente satisfeita é a certeza de que algo belo eu realizei. Assim levo minha vida profissional. A cada dia, uma vitó-ria. A cada dia, a necessidade de saber mais. Sou grata à minha família, aos meus clientes, aos meus amigos”.

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BEM ESTAR

VIDA SAUDÁVEL TODO DIA

Como eu gosto de praticar o que falo, as dicas aqui foram devidamente testadas e tenho a satisfação de divi-di-las com cada um dos meus leitores. Não há muitas novidades que ainda não tenham sido publicadas e debatidas por especialistas a respeito dos incon-táveis benefícios das atividades físicas e dos alimentos (ambos combinados) para o nosso corpo, não é verdade? Quem pratica atividade física sabe a diferença do antes e do depois.

Dentre as boas práticas, o alon-

gamento e o aquecimento corporal é a maneira mais eficaz de proteger os músculos, articulações, tendões e ligamentos, pois facilitam a mobilidade corporal e ampliam os movimentos. Além disso, as atividades aeróbicas são bem vindas, pois estimulam a trans-piração e favorece a queima calórica, que elimina sal pelo suor, causador de inchaço dos tecidos, deixando-nos com aparência envelhecida. Então, pratique exercícios bem realizados. Não se en-tregue ao sedentarismo. Vamos malhar!

Por Vera Lúcia Paviani Polo

Os dez mandamentos da barriga chapada

1. Praticarás exercícios aeróbicos todos os dias por pelo menos 30 minutos.2. Beberás ao menos dois litros de água diariamente.3. Manterás uma dieta rica em fru-tas e legumes e pobre em gorduras e açucares.4. Executarás os exercícios abdomi-nais de forma correta e contínua.5. Evitarás alimentos que retenham líquidos.6. Permanecerás com a postura sempre ereta, mesmo quando esti-veres sentada.7. Jamais relaxarás o abdome.8. Consumirás de maneira mode-rada castanhas-do-pará, amêndoas e sementes de girassol, que contêm minerais que desincham a barriga.9. Ficarás longe das bebidas com gás, mesmo as diet e light.10. Não beberás nada enquanto comes.

Por enquanto é só.

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Fórum Eleitoral de Andirá

O Fórum Eleitoral de Andirá foi inaugurado em 11 de dezembro de 2010 e homena-geia o desembargador Arthur da Silva Leme. Viabilizado por meio de emenda

parlamentar do deputado federal Abelardo Lupion (no valor de R$ 311.205,06, recurso esse proveniente dos cofres públicos federais), o fórum possui área construída de 250 metros quadrados, em um terreno de 900 metros quadrados doado pela prefeitura.

O projeto de construção dos fóruns eleitorais nas cidades do interior do Paraná é tido como “pioneiro em todo o Brasil e visa proporcionar um atendimento mais ágil e eficaz ao eleitor”, argumenta o chefe do Cartório Eleitoral de Andirá (57ª Zona Eleitoral), Sidnei Pereira. “Meu trabalho é a missão

Mais de R$ 311 mil investidos para o conforto e a agilidade dos serviços em benefício da população de três cidades circunscritas à 57ª Zona Eleitoral

ZONA ELEITORAL

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do tribunal. Estou aqui para cumpri-la, isto é, com credibi-lidade, transparência e objetividade nas tarefas em benefício do público. Afinal de contas, o público merece atenção e conforto quando o assunto é cidadania e um atendimento preocupado com a eficiência e a rapidez”, frisa Sidnei, que serve ao cartório desde sua fundação e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) desde outubro de 2007.

Sidnei ressalta que, com a construção do fórum eleitoral, o atendimento em Andirá e nas demais cidades circuns-critas à 57ª Zona Eleitoral se tornou mais dinâmico, pois é realizado com eficácia pelos funcionários. “Ganha o cidadão quando aqui vem em busca de algum serviço, como emissão do título eleitoral, por exemplo. Na espera de ser atendido, o cidadão aguarda confortavelmente, numa sala com televi-são, ar-condicionado e bebedouro”.

O Fórum Eleitoral de Andirá é dividido em três módu-los e atende mais duas cidades. A área administrativa possui salas para o cartório eleitoral, para o juiz, para conferência de títulos e para audiências, além de sanitários (inclusive adaptados para deficientes físicos e idosos) e copa. Tam-bém fazem parte das dependências do fórum um depósito de urnas (área específica para armazenamento das urnas eleitorais das três cidades) e uma central de atendimento ao eleitor, na qual o cidadão aguarda seu atendimento.

A 57ª Zona Eleitoral tem 25.052 eleitores. Em Andirá, 53 seções são distribuídas em oito locais de votação, totali-zando 17.398 eleitores. Barra do Jacaré possui nove seções distribuídas em um local de votação, com 2.483 eleitores. Itambaracá tem 18 seções distribuídas em três locais de votação, com 5.171 eleitores.

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EDUCAÇÃO EM ANDIRÁ

Nos últimos cinco anos, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Andirá (SMEC) refor-

mou, ampliou e construiu prédios e implantou laboratórios de informática. A mudança objetiva tornar mais dinâmico e confortável o trabalho dos profissionais da área e dar prossegui-mento a várias propostas planejadas para os próximos quatro anos. Nesse sentido, todos os profissionais da SMEC continuam recebendo diversos tipos de aperfeiçoamento, como forma de ampliarem suas capacidades técnicas, pedagógicas e culturais.

Os trabalhos da SMEC são desenvolvidos diariamente, na sua sede, por 12 pessoas: Sirlei Maria de Freitas Aguiar, secretária de Edu-cação e Cultura; Alice Mitue Hieda Fernandes, diretora do Departamen-to de Ensino; Ana Carolina Zanoni Demarchi, agente administrativa; Aparecida Carfi dos Santos Turim, coordenadora pedagógica da Edu-cação Infantil; Zilda Maria Ferrari

Oliveira, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental; Silvana Si-moni Rossigalle Gonzaga, coordena-dora pedagógica do Período Integral; Vânia Cristina Zenerato Martucci, coordenadora pedagógica da For-mação Continuada e do Ensino de Jovens e Adultos (EJA); Mara Lúcia Martins Fernandes, coordenadora pedagógica da Educação Especial; Édna Aparecida Gobbis Ribeiro, diretora da Educação Infantil; Mírian dos Santos e Silvia Brunca, coorde-nadoras da Orientação Educacional; Jhony Petterson de Araújo, chefe do Centro Tecnológico; e Alcir Catarino Brunca, coordenador do Transporte Escolar.

Outros três agentes de serviços ge-rais e um estagiário atendem a SMEC. Todos em prol das seis escolas munici-pais: Ana Nery, Criança Feliz, Michel Kairalla, Arco-Íris, Santa Inês, Pingo de Gente. Todas as escolas têm classes especiais, com duas salas de recursos, na Pingo de Gente e Ana Nery, e uma sala multifuncional, na Santa Inês. Duas escolas – Criança Feliz e Mi-chel Kairalla – atendem em “jornada

ampliada, com duração de sete horas diárias de aulas diversificadas de arte-sanato, dança, informática, leitura, mú-sica, recreação e reforço extraclasse”, explica a diretora do Departamento de Ensino, Alice Mitue Hieda Fernandes. A cidade também possui seis centros de educação infantil: Francisco Tozzi, Nossa Senhora Aparecida, Cantinho Feliz, Menino Jesus, Santo Antônio e Elza Christiani Cervi.

Andirá tem 494 alunos nos cen-tros de educação infantil (CMEIS) e 1.603 alunos nas escolas (educação infantil e fundamental do 1º ao 5º ano). Para atendê-los, atuam 176 pro-fessores, 27 educadores, 24 merendei-ras, 74 agentes de serviço, sete agentes administrativos, seis diretores, uma vice-diretora, seis coordenadores dos centros de educação infantil, 19 pe-dagogas, seis funcionários servidores de apoio aos setores administrativos nas escolas e 18 motoristas para 25 ve-ículos (sete micro-ônibus, 11 ônibus, cinco kombis e dois automóveis de passeio). Além disso, em parceria com a ASCEUNAR, 530 alunos universi-tários são transportados diariamente

Estrutura da SMEC

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para as cidades vizinhas de Cambará, Corné-lio Procópio, Jacarezinho, Assis (SP), Santo Antônio da Platina, Bandeirantes e Ourinhos (SP). Outros 1.237 alunos das redes municipal e estadual (zona urbana e rural) têm transporte escolar à sua disposição.

Desde 2008, Andirá figura entre os mais de 230 municípios brasileiros que utilizam as soluções educacionais da Editora Positivo – uma empresa do Grupo Positivo, maior corporação educacional do país. O municí-pio de Andirá tem uma relação de parceria com o Sistema de Ensino Aprende Brasil, desenvolvido para atender as escolas da rede pública de ensino básico, por meio da gestão das secretarias municipais de educação.

Através do convênio, as escolas de Andirá podem contar com orientações sobre o Sistema de Ensino Aprende Brasil, o Material Didático Integrado e o Portal Aprende Brasil (www.aprendebrasil.com.br), espaço no qual a secretaria de educação e as escolas integram a internet aos ambientes de aprendizagem. O sistema oferece ainda o SIMEB (Sistema de Monitoramento Educacional), ferramenta de gestão educacional e monitoramento da qua-lidade do ensino dos municípios, e o Hábile (Sistema de Avaliação Positivo).

Para que o trabalho seja ainda mais efi-ciente, educadores, gestores e técnicos fazem periodicamente cursos de aprimoramento. Além disso, os docentes têm à sua disposição assessoria pedagógica e acompanhamento permanente, via e-mail, fax e telefone.

Como andiraense, estou muito feliz por saber que minha cidade natal está investindo no que há de mais nobre: a educação das nossas crianças. A Indústria do Conhecimento está localizada na r. São Paulo, 68 – Centro.

Andirá: educação e vida

A Indústria do Conhecimento foi inaugurada em 8 de setembro de 2011 e, desde então, atende um público de aproximadamente 500 pessoas. Dois funcionários cuidam do local que possui um acervo de três mil volumes e dez computadores.

O espaço homenageia o empresário Milton dos Santos, nome importante e querido na comunidade andiraense, falecido em 10 de maio de 2005, o qual, juntamente com seu primo, Tim dos Santos, elevou a Santos Andirá ao posto de uma das maiores indústrias moveleiras do Brasil.

A Indústria do Conhecimento tem o objetivo de oferecer “conhecimento e lazer à comunidade” e recebe pessoas de todas as idades e de graus de escolaridade distintos, do ensino básico ao ensino superior, interessados em literatura (principalmente, literatura infanto-juvenil e romances). O espaço é frequentado por “pessoas que buscam entretenimento e conhecimento, ou seja, interessadas em leitura e internet para pesquisa”, afirma Ana Aparecida Del Padre Gomes, coordenadora da Indústria do Conhecimento de Andirá. O local também é aberto para cursos de “inclusão digital” e outros cursos em parceria com o Senai.

A construção da Indústria do Conhecimento se deu a partir da parceria entre o SESI e a Prefeitura de Andirá, com o apoio da Santos Andirá, sendo possível em razão da colaboração de várias indústrias na cidade. O SESI se responsabilizou pelas obras, pela mobília e pelo acervo; a prefeitura, por sua vez, se encarregou da manutenção do prédio e dos recursos humanos para seu funcionamento.

Indústria do Conhecimento, espaço de lazer e cultura

Serviço

Por Humberto Bueno de Godoy JúniorGerente nacional de negóciosEditora Positivo

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NOSSA CIDADE

Sementes Sorria

A visão empreendedora da família Menossi levou à expansão da Sementes Sorria, com a implan-

Supermercado DalaquaO Supermercado Dalaqua foi funda-do em setembro de 1986 num espaço pequeno. Com o passar dos anos e a necessidade de atender melhor a clientela, o prédio em que funcionava foi sendo aproveitado com novas am-pliações até onde era possível. Tendo em vista a necessidade de um espaço mais amplo, o proprietário Antônio Mário Dalaqua decidiu adquirir uma propriedade, na qual reinaugurou seu negócio em 24 de setembro de 2013. O novo Supermercado Dala-qua possui estrutura funcional nos padrões de um empreendimento moderno, com estacionamento amplo, ar-condicionado, lanchonete,

entre outros confortos para os clien-tes, oriundos, inclusive, de cidades vizinhas. O Supermercado Dalaqua

está localizado na rua Bahia, 160, gerando emprego e renda para cerca de 80 funcionários.

Novo empreendimento em AndiráSeja bem vindo, Constru Santos! O empreendimento gera 13 empregos e assim contribui com o desenvolvimento de Andirá. A loja, muito bonita e moderna, foi inaugurada em 22 de abril de 2013

e conta com um amplo espaço para conforto da clientela. Parabenizo o jovem Flávio Biancardi dos Santos pelo investimento. O empresário tem 24 anos de idade e é formado em Administração de Empresas.

tação de uma unidade em Andirá, em 1º de dezembro de 2012. A partir de tal iniciativa, os profissionais da

empresa agrícola proporcionam aos agricultores de Andirá e das cidades vizinhas Barra do Jacaré, Bandei-rantes e Itambaracá mais rapidez e economia na entrega das safras de milho, soja e trigo.

A Sementes Sorria, em Andirá, gera nove empregos diretos e, aproxi-madamente, 15 indiretos.

Por Cleusa Guimarães

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Padeigis, juventude empreendedoraGrande parte do dia do jovem

Marcos Zacarelli Padeigis, 24 anos, é dedicada à agropecuária. De espírito empreendedor, ele percebeu que o investimento em novas tecnologias le-varia sua propriedade a superiores pa-tamares de produção, por isso adquiriu maquinários agrícolas a fim de atender a demanda. Recentemente, Marcos comprou três máquinas colhedoras de cana-de-açúcar. O jovem diversifica seus negócios na agropecuária entre soja, milho, trigo e cana-de-açúcar, investindo também na bananicultura e na produção de peixes em tanques escavados e tanques-rede.

Sindicato RuralO Sindicato Rural de Andirá presta serviços aos produtores de An-dirá e de Barra do Jacaré há mais de 40 anos. Em parceria com o SE-NAR e a FAEP oferece cursos a produtores rurais que buscam aper-feiçoamento pessoal ou profissional. Entre as formações disponíveis à comunidade rural, destacam-se os cursos de artesanato, culinária, uso de defensivos agrícolas e gestão de pessoas. O Sindicato Rural de Andirá também auxilia seus associados na prestação de vários servi-ços, como elaboração de contratos, ITR, folha de pagamento etc. O Sindicato Rural de Andirá fica na rua São Paulo, 215, e seu conta-to telefônico é (43) 3538-1251.

Cotan, o fimde uma indústria

Empresa têxtil no mercado desde 1951, a Cotan teve seu ciclo produtivo interrompido em 2011. Nessa ocasião, foram demitidas 360 pessoas. A Cotan (Cotonifício de Andirá) funcionou na BR-369, km 38, ocupando um terreno de 630.000 metros quadrados, com 40.000 metros quadrados de área construída. A indústria produzia 850 toneladas de fios de algodão normal, orgânico e tinto, poliester normal e reciclado, viscose, linho, seda, lã, entre outras matérias-primas destinadas aos mercados interno e externo. Em 1978, a sede da Cotan, localizada em São Bernardo do Campo (SP), foi transferida para Andirá. A empresa pertenceu ao grupo Ecom Agroindustrial Corporation Ltda., representada no Brasil pela Empresa Interagrícola (EISA) e pela Vicentin SAIC.

Prato típico

O idealizador do projeto “Prato típico” foi o professor de educação física Daniel Luiz dos Santos Martins. A ideia era proporcionar à cidade uma atração gastronômica nas festivi-dades anuais, entre elas a Feira Agropecuária, Comercial e Industrial de Andirá (FACIA). Em 2009, durante a V FACIA, surgiu a opor-tunidade de realização de um concurso para a escolha do prato típico da cidade. Foram sele-cionados 50 degustadores para experimentar as nuances de sabor de seis pratos com caracte-rísticas culinárias diversas. O vencedor foi o prato “Leitoa à moda de Andirá”, criado pelo administrador de fazenda Geraldo Moreira Filho, conhecido na comunidade como Binho.

A fim de dar suporte a essa es-trutura, Marcos recebe apoio técnico de equipe especializada que presta serviços de manutenção e reposição de peças para seus equipamentos. Sua empresa gera 30 empregos diretos, que contribuem para o desenvolvimento da cidade.

Além de dedicar-se ao seu talento para a agropecuária, Marcos se formou em Direito. O menino empreendedor é a alegria de Andirá. Oxalá seu exemplo possa inspirar outros jovens e, assim, Andirá conquiste uma nova geração de investidores na agropecuária da cidade e do Norte Pioneiro.

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LIVRO

A VÍTIMA E OS DIREITOS HUMANOS

A juíza da Vara Criminal da Comarca de Andirá, Vanessa De Biassio Mazzutti é autora de “Viti-mologia e direitos humanos: o processo penal sob a perspectiva da vítima” (Juruá, 2012). A

obra resultou de sua pesquisa de mestrado, desenvolvida na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), e é apontada por Vanessa como a concretização de um sonho. “O livro é importante não somente para minha carreira, mas é relevante à comunidade jurídica e à região onde vivo”. A juíza se diz “orgulhosa da pesquisa empreendida, cujo objetivo foi contribuir para que haja uma nova postura do Estado em relação à vítima”.

“É um trabalho original”, frisa o desembargador Miguel Kfouri Neto, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, que assina o prefácio do livro. Segundo ele, o estudo “aborda, em profundidade, a vitimologia”, confe-re “um novo olhar sobre o pós-crime e traz ao cenário,

Longe do Brasil e da família para a conquista de mais um título

Vanessa está em Portugal desde setembro de 2013, onde permanecerá por dois anos, estudando na ULISBOA para a obtenção do título de doutora em Direito. “Serão dois anos de saudades do esposo e dos filhos, mas valerá o sacrifício por mais essa conquista intelectual”, revela a juíza, cuja oportunidade do doutoramento foi conquistada por meio de processo seletivo organizado pela Escola Nacional da

como pano de fundo, o indescartável princípio da digni-dade do ser humano”.

O estudo realizado pela meritíssima para a elaboração da obra é proveniente das análises diárias dos processos penais do Fórum de Andirá e da leitura de teorias sobre a vitimologia e os direitos humanos. Tal investigação a levou a observar que, “em cidades maiores, nos casos que envolvem a lei Maria da Penha, existe estrutura no enfrentamento da questão. Em Andirá, por exemplo, não existe essa estrutura. A ausência do amparo revela uma preocupação com o réu que não se dá na mesma proporção em relação à vítima”, explica a magistrada, que é professora de Direito Penal e Direito Constitucio-nal na Universidade Norte do Paraná (Unopar), campus Bandeirantes (PR), mestre em Ciências Jurídicas (UENP) e doutoranda em Ciências Jurídico-Criminais na Univer-sidade de Lisboa (ULISBOA).

Magistratura (ENM), vinculada à Academia da Magistratura Brasileira (AMB), detentora de duas vagas; outras duas vagas são conferidas à Universidade de Barcelona, na Espanha.

Vanessa é casada com Diomar Francisco Mazzuti, diretor da Unopar (campus Bandeirantes), onde também é coordenador do curso de Direito e coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas. O casal tem três filhos.

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Fones Contato:Fones Contato:

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ENTREVISTA

Fotógrafo de Andirá

JOKAMADRUGA

Joaquim Eduardo Madruga, conhecido como Joka Madruga, nasceu em Cambará, em 14 de outubro de 1974. Apaixonado

por imagens, foi atraído pela fotografia ainda na infância e decidiu encará-la profissionalmente quando completou 30 anos. Fotógrafo requisitado pelas principais agências de imagens e veículos de comunicação do país, Joka Madruga já teve algumas das suas fotos publicadas em importantes jornais brasileiros, como O Globo, do Rio de Janeiro. Orgulhoso da sua origem, ele afirma ter saudades de Andirá. “Sempre que perguntam de onde sou, respondo: ‘sou andiraense’”. Joka morou em Andirá até os 24 anos,

quando decidiu, em busca de novas oportunidades profissionais, se mudar para Curitiba, onde trabalhou como secretário da Pastoral da Juventude na Regional Sul 2, da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB). Desde então, vive na capital paranaense. “Sempre que posso, vou a Andirá visitar meus pais, amigos e parentes. Tenho orgulho desse município”. Acompanhe a entre-vista do fotógrafo especialmente cedida à ANDIRÁ EMPREENDEDORA.

Como foi sua infância?Passei minha infância, adolescência e juventude na Vila Americana. Fui uma criança feliz. Vivia brincando nas ruas, caçando e pescando (algumas vezes,

escondido do pai e da mãe). Sou filho único, mas nunca fiquei sozinho. Sem-pre tinha amigos e amigas ao redor. Joelhos e dedos dos pés sempre estavam ralados, seja do futebol, dos carrinhos de rolimã ou de alguma outra tra-quinagem que fazia. Aprendi a ler e a escrever na Escola Professor Michel Kairalla. Depois fui para a Escola (hoje colégio) Stella Maris, onde concluí o “ginásio”. Fiz o ensino técnico no Co-légio Durval Ramos Filho e me formei técnico contábil. Porém, nunca exerci a profissão. O curso era a única opção para o turno da noite nos anos 1990. Na juventude, fui da Jucan – Juventude Católica Andiraense, a qual presidi por um mandato.

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Por que escolheu a fotografia?Desde criança, sempre fui fascinado por imagens. Muito cedo, meu pai me incentivou a ler e eu sempre observava com mais carinho as fotografias, inclusive os desenhos nos gibis. Então, o fascínio pelas imagens foi precoce, apesar de ter começado a atuar profissional-mente aos 30 anos. A fotografia me proporciona viver sem rotina. Por causa da fotografia, conheço culturas, povos, países e faço muitas amizades.

Você vê a fotografia como profis-são ou arte?A fotografia não é meu meio de vida e, sim, meu modo de viver. Tudo que faço depende da fotogra-fia. É uma profissão que me pro-porciona a arte. Faço meu trabalho com qualidade e seriedade. Invisto nos melhores equipamentos, sempre pensando nos leitores dos sites e dos jornais, bem como nos meus clien-tes, sejam eles empresas, sindicatos ou modelos.

Quais seus fotógrafos preferidos e a importância deles na sua formação?Admiro os fotógrafos clássicos como Pierre Verger, Robert Capa, Bresson, Josef Koudelka, Sebastião Salgado, Diane Arbus, Milla Jung. No fotojornalismo, admiro Evandro Teixeira – que tive a honra de conhecer pessoalmente no Rio de Janeiro –, Alan Marques, Orlando Kissner, Carlos Ruggi, Leandro Taques e tantos outros.Todos são importantes para minha formação, pois, cada vez que vejo a fotografia de algum deles, me inspiro a continuar e a procurar ser bom como são. Estudar fotografia é também olhar a fotografia do outro, e esses fotógrafos são feras.

Nicolás Maduro durante campanha para presidente da Venezuela em abril de 2013.

O jogador Pedro Botelho do Atlético Paranaense, disputa lance de bola com ogoleiro Felipe do Flamengo, no estádio Maracanã, pela final da Copa do Brasil 2013

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Quando você começou a aceitar a fotografia como profissão?Quando entrei na Jucan, o saudoso Benedito Roldão vivia com uma câmera nas mãos. Porém eu não tinha condições financeiras de comprar uma. Quando me mudei para Curitiba, consegui adquirir uma câmera compacta eletrônica. Mas o alto custo dos negativos me inibia de me aprimorar. Com o advento da fotografia digital, fiz alguns cur-sos. Nessa época, eu era assessor na Assembleia Le-gislativa do Estado do Paraná. Um dia, decidi viver somente da fotografia e providenciei meu DRT no Ministério do Trabalho como repórter fotográfico. Hoje sou freelancer de uma agência de São Paulo e fotografo eventos e ensaios. O pouco que tenho provém da fotografia. Não faço mais nada.

Quais seus principais trabalhos e os mais importantes?Nestes 10 anos de profissão, fiz muitas coisas boas. Fui fotógrafo do projeto Universidade Sem Fronteiras, que me deu a oportunidade de conhe-cer ainda mais o estado do Paraná. Ser repórter fotográfico esportivo também tem sido importante na minha carreira. É sensacional ver uma das minhas fotos na capa de um jornal como O Globo. Projetos pessoais como a cobertura das eleições na Venezuela, da situação dos trabalhadores na Gua-temala e dos atingidos por barragens na Amazô-nia são dos mais importantes que desenvolvi até o momento.

Você tem outra formação?Não. Mas pretendo estudar biologia. Sou fascinado pela fauna brasileira, em especial pelos grandes felinos e pelas aves de rapina.

Entre as exposições realizadas, qual a mais relevante na sua carreira? Conquistou algum prêmio?Realizei quatro exposições. A maior até o momen-to foi a “Palante Venezuela”, na qual registrei as eleições venezuelanas em 2012 e 2013. Ainda não recebi prêmios, pois não inscrevo meus projetos e fotos em concursos. Talvez comece a inscrever no próximo ano, mas não é uma prioridade, pois hoje são poucos os concursos fotográficos sérios.

ENTREVISTA

Família que mora em palafitas, em Altamira no Pará. Imagem que faz parte do projeto documental “Ámazônia: Águas para a vida”

O jogador Emerson Sheik do Corinthians, disputa lance de bolacom Willian do Coritiba, no estádio Couto Pereira em Curitiba

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ARTIGO Empreendedorismo

Empreendedores de sucesso

No mundo dos negócios, é necessário mais que dinheiro e sorte para concretizar os sonhos

de sucesso do negócio próprio. Para quem decide tocar uma atividade empresarial, o dinheiro é importante e sorte também ajuda muito, porém, é na garra, na determinação e na vontade de vencer que se revelam as condições fundamentais do empreendedor de sucesso.

Principais características do perfil empreendedor

Sempre que falo sobre empreen-dedorismo e gestão empresarial em minhas palestras, sempre procuro diferenciar o modelo do empresário brasileiro já conhecido de longa data, do empreendedor de sucesso.

1) O empresário possui empresa ou é sócio de uma. Já a pessoa com perfil empreendedor não necessita de empre-sa, ela empreende a si própria.

2) O empresário, na maioria dos casos, “manda” nos empregados, enquanto que o empreendedor tem colaborado-res e lidera pelo exemplo.

3) O empresário, muitas vezes, confun-de o patrimônio da empresa com seu próprio patrimônio, e acaba descapi-talizando a empresa para constituir patrimônio pessoal. O empreendedor tem consciência que a empresa é que

gera a qualidade de vida conquistada até o momento. Muitas vezes se desfaz de bens pessoais para salvar a empresa em situações difíceis.

Quero ainda dividir com você algu-mas das principais características que identificam um perfil empreendedor de sucesso.

POSSUI AUTOCONFIANÇA – Sabe que o que está fazendo é o melhor para a saúde da empresa, pois corre riscos calculados;

FAZ SACRIFÍCIOS – Sabe que para ter sucesso tem que estar comprometido com a empresa – deita tarde, acorda cedo, passa noites mal dormidas, supera o cansaço e, principalmente, a cobrança da família;

LIDA COM IMPREVISTOS – Tem consciência de que na vida nenhum dia é igual ao outro, por isso, está sem-pre preparado para os imprevistos;

DECIDE COM RAPIDEZ – Sabe que em muitas ocasiões não poderá ficar adiando decisões, pois delas depende-rão o futuro e o sucesso da empresa;

TEM VISÃO DE OPORTUNIDA-DE – O empreendedor é visionário. Acredita mais que vai dar certo e, é daí que surgem as melhores oportunida-des. Sabe que precisa sair da ‘zona de conforto’ para poder brilhar no mundo dos negócios;

TEM ENERGIA – O empreendedor está sempre pronto para as oportuni-dades que podem cruzar seu caminho no dia a dia dos negócios, afinal, nin-guém sabe ao certo quando uma boa oportunidade vai aparecer;

LIDERA PELO EXEMPLO – Tem ha-bilidade para influenciar sua equipe na busca dos objetivos da empresa, sem esquecer o lado humano. Dá condições para que os colaboradores da equipe também se desenvolvam, alcançando a realização profissional.

Mas, o que motiva o empreende-dor, não é apenas o sucesso alcançado, seja ele profissional ou financeiro. Esta motivação vem do trabalho, correndo riscos, fazendo descobertas, buscando o aprendizado continuo que a escola da vida apresenta diariamente. E apesar de todas as dificuldades enfrentadas, conhecemos muitas em-presas genuinamente brasileiras que são verdadeiras histórias de sucesso, graças à coragem, determinação e fé “dessa gente bronzeada que sabe mostrar seu valor”.

*Nerildo Bezerra é andiraense, consultor de em-presas em gestão e finanças; palestrante com mais de 1.600 eventos realizados em vários estados do Brasil; professor de Pós Graduação e autor dos li-vros “Momentos de Motivação para o Trabalho e a Vida” e ”Gestão de Capital de Giro e Fluxo de Caixa – Perguntas e Respostas numa Conversa Franca”, lançados pela NB Editora. Ele é editor do site www.nbproativa.com.

Nerildo Bezerra*

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A Gabriel & Filhos está no mercado há mais de 25 anos, atuando sempre como uma empresa parceira, responsável e pontual, prezando sempre pela ética profissional. É referência de qualidade no ramo de infra-estruturas, terraplanagens, pavimentações e locações de equipamentos. Desde 1987 está presente em todo o território nacional, visando também a responsabilidade social e ambiental, prestando serviços que contri-buem para o desenvolvimento do país.

Abrindo caminhos. construindo o futuro.

Gabriel&Filhos

DRENAGEM

TERRAPLENAGEM PAVIMENTAÇÃO

MEIO FIO

Participando do desenvolvimento do município de Andirá, Pr.

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ARTIGO Atualidades

Pra não dizer que não falei dos beagles

Karl Marx já ameaçava, na 11ª Tese sobre Feuerbach: “Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo. Cabe-lhes agora transformá-lo”. A história é conhecida: ban-carrota econômica, gulags, genocídio, FFLCH. Tudo porque deram ouvidos a um alemão que, cansado de con-templações, resolveu trocar a teoria pela práxis e a política pela força bruta. Não é pre-ciso ser mais do que intelectualmente honesto para perceber que a proposta deu com os estudantes burros n’água, e as decepções com o socialismo real – coelho inesgotável de tantas cartolas – não passam de um modo diferente de se justificar a esperança no socialis-mo tout court.

Do esgotamento teórico mar-xista – em que pese a insistência de prestidigitadores insepultos – restou aquilo que, feitas as contas, sempre foi o mote: a ação pura. A vontade luciferina de transformar o mundo, custe o (sangue) que custar. E um dos fenômenos mais interessantes desse marxismo residual é a proliferação dos chamados “ativistas”. Não que os ativistas de hoje sejam os marxistas de ontem. Aqueles, cá entre nós, mal sabem ler. Não há exatamente relação de causa e efeito, mas de parentesco. Como tipos diferentes de fungos num mesmo ecossistema.

E o ativista é um tipo muito espe-cial. Ele defende uma causa qualquer, real ou imaginária, a depender das

preferências e da flutuação no mer-cado das indignidades. Nem todas as causas, no entanto, são dignas de in-dignação. Há causas pouco populares, enquanto outras são muito populares. Tente levantar fundos para defender os albinos na Tanzânia. Não há cocota enragé nem black bloc aburguesado que se preste a tão desinteressante missão (A propósito: alguém sabe o que se passa com os albinos na Tan-zânia? Gostaria de saber se há ativista freelancer para uns trabalhos).

O entusiasta das causas pretende imunidade à crítica e, sobretudo, pretende viver de sua causa e para sua causa. Como um moto-contínuo, o idealismo alardeado convive muitís-simo bem com a absoluta ausência de objetivos concretos a serem atingidos. A propósito: os objetivos não podem ser atingidos, porque isso esgotaria a razão de ser do ativismo. As mulhe-res serão sempre exploradas pelos homens, os negros, pelos brancos, os gays, pelos homofóbicos (todos aqueles que desgraçadamente não

são gays), e os ciclistas, oras!, nunca terão faixas exclusivas e extensas o suficiente para seus passeios, e é realmente triste saber que não se pode ir de Ferraz de Vasconcelos à Austrália sem jogar algum monóxido de carbono neste mundo já tão maltratado.

E para não dizer que não falei dos beagles, há os ativistas que invadem clínicas para salvar os animais dos

humanos. Se a perícia comprova que não havia maus tratos no Instituto, dane-se a perícia: deve ser enco-mendada. Se novecentos cientistas explicam por a+b como são – e por que ainda são – feitos os testes e procedimentos com animais, às favas com os cientistas: devem ser compra-dos. (Os únicos cientistas nobres são os que dizem o que faz bem à causa. Verdadeiros. Irrepreensíveis). Só os ativistas, só eles, pairam acima de qualquer suspeita. Seres humanos de caráter inquestionável, ao contrário de todos os outros. Quem há de duvi-dar? Tivemos santos. Tivemos heróis. Tivemos navegadores. Hoje temos os ativistas: esses incríveis cidadãos que invadem clínicas, roubam cães, levam com eles milhões de reais e anos de pesquisas, e têm por bichos (alto lá: só os não peçonhentos!) todo o zelo que não têm por seres humanos. Ou por argumentos.

*Gustavo Nogy é revisor editorial e escreve no site adhominem.com.br

Gustavo Nogy*

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ARTIGO Filosofia

Releiturada filosofia

A filosofia é a mãe e rainha de to-das as ciências. Uma ciência averigua dados recortados da realidade, tanto nas ciências hard, as ciências naturais quanto nas ciências soft, as tais ciên-cias humanas.

Um físico, por exemplo, recorta da realidade os dados relativos à matéria, suas partículas e seu movimento, e com tal recorte constrói suas teorias. Um sociólogo analisa os fenômenos sociais – isto é, não-individuais – e os interpreta buscando uma coerência interna.

Todavia, é a filosofia que faz a pergunta mais difícil – afinal, o que é este fenômeno estudado? O que é uma partícula, o movimento? O que é o humano? Como este age em conjunto? Por quê? E até mesmo é a filosofia que pergunta – o que é a ciência? Como foi criada e quais seus métodos?

A filosofia, numa análise apressa-da, parece se subjugar às leis cientifi-cas. É comum se dizer: “a comunidade científica pensa assim” ou “estudos científicos garantem”. Contudo, ra-ramente se garante algo pelo que um filósofo pensa, ou tal livro filosófico corrobora tal análise.

Isto se dá por que a filosofia, na faina difícil que é a questão do ser, não chega (e provavelmente não che-gará) a uma conclusão última.

Se a ciência conseguiu uma prova de que a Terra que gira ao redor do Sol, e não o contrário (ou ao menos que tal visão pode explicar fenômenos como as marés e estações do ano, e portanto deve ser mais verdadeira), a filosofia não tem uma resposta final, testável em laboratório, reproduzível e multi-observável sobre o que é o ser.

Graças a isto, é comum pensar-se na filosofia como uma mera opinião (doxa), e não um saber (sophia) robusto, capaz não apenas de explicar algo a mais do que a ciência, como mesmo de pautá-la (não existe uma “ciência da ciência”, e sim a filosofia da ciência, que discute seus métodos). A filosofia nasce justamente em busca de um conhecimento mais seguro do que a opinião –como Sócrates trata de demolir a pó as opiniões da elite ateniense nos diálogos platônicos.

A partir de tal cenário, lemos filosofia com nossas mentes condicio-nadas não como a fundação de nossa civilização e de nosso saber científico (Aristóteles sozinho criou cerca de duas dezenas de ciências), e sim como as grandes opiniões de homens curio-sos do passado.

Porém, hoje vivemos num reino de desprezo pela filosofia e de amor pela opinião (filodoxia). Ou, na verdade, apreciação cega. É o que se dá nos debates públicos e políticos,

e, obviamente, na maior das opiniões impostas: a escolha de quais filósofos serão estudados.

Num reino contaminado por filo-sofetas de gabinete com explicações fáceis para realidades absolutamente complexas, como Marx, Freud e Com-te, admiramos opiniões “consagradas” por outros cultuadores de opiniões, e ignoramos o mais importante do saber filosófico tão somente nunca o conhecendo.

É hora da filosofia reencontrar São Tomás e não se perder tanto com Descartes, de ler as previsões de Kierkegaard sem endeusar Hegel, de redescobrir Voegelin, Ortega, Croce e Eliade, que merecem um lugar no cânone do saber ao lado de Einstein, Mahler, Cantor e Joyce – e que só não expulsam as análises fáceis do estrutu-ralismo, do marxismo, da psicanálise, do construtivismo e do positivismo do cânone simplesmente porque este cânone os ignora com seu amor pela opinião – quanto mais rasteira e deglutível, melhor.

*Flavio Morgenstern é analista político e estu-dante de Letras na USP. Escreve para sites como implicante.org, ordemlivre.org, para a revista Vila Nova e o jornal Gazeta do Povo.

Flavio Morgenstern*

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ARTIGO Perfil intelectual

O mínimo que você precisa saber sobre Olavo de Carvalho

Um bom ponto de partida para compreender o pensamento de Olavo de Carvalho é o seu conceito

de “mentalidade revolucionária”. De-pois de quase mil e quinhentos anos de crença no Paraíso celeste, entre o final da Idade Antiga e o baixo Medievo, o Ocidente começou a realizar uma lenta e progressiva transmutação conceitual, em que a ideia de paraíso se deslocava do Céu para a Terra, mas trazendo em sua bagagem os antigos atributos de lugar perfeito e sem mal. “Desde há cinco ou seis séculos, no entanto”, disse o filósofo no artigo “Mensagem de Natal 2007” (Jornal do Brasil, 21/12/2007), “muitos homens têm tentado persuadir a humanidade de que eles não apenas podem antever muito claramente aquele estado de perfeição, mas conhecem os precisos caminhos sociais, culturais, políticos e históricos que devem ser percorridos para chegar a ele”.

Os artífices dessa alquimia, a mais ousada que já tentou a humanidade em sua longuíssima existência, são responsáveis pelo verdadeiro inferno político e existencial dos nossos dias, descritos e equacionados por Olavo de Carvalho na obra O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota (Record, 2013, 616 p.), organizada pelo jornalista Felipe Moura Brasil.

Analista atento da cena mundial,

Olavo conhece como poucos as forças de poder atualmente em jogo na “aldeia global”, e, como homem de imprensa, pode avaliar como ninguém o papel da mídia como ferramenta pre-ciosa de domínio planetário. Trata-se de importante leitmotiv dessa coletâ-nea de artigos, uma tecla na qual não

se cansa de bater: o fato do conjunto dos meios de comunicação de massa atuar, no mundo inteiro, com uma uniformidade incrível, à maneira de um organismo único, como o jobinia-no sambinha de uma nota só, obrigan-do-nos a considerar a hipótese de que obedeçam ao mesmo cérebro.

José Carlos Zamboni*

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*José Carlos Zamboni é desde 1989 professor de literatura comparada na Universidade Es-tadual Paulista (UNESP), campus de Assis-SP. Publicou em 2010, pela Editora É, o romance “Consagro-vos a minha língua”, além de pre-fácios a obras de G. K. Chesterton, Herberto Sales e Rodrigo Gurgel.

Afirma o autor que basta um breve exame comparativo entre o que é publicado, no mesmo dia, pelos principais jornais, revistas e canais de televisão do Brasil e do mundo — com a internet é fácil realizar o teste —, para desconfiar-se da existência de uma espécie de comando central e planetário, mágica onipresença sem sede em nenhum lugar e presente, ao mesmo tempo, em todos os lugares. Sua capacidade demoníaca de contro-le da opinião pública parece inexce-dível, sobretudo quando o esforço de jornalistas e artistas da tevê vem somar-se ao de dois outros grandes bichos-papões da new world order: o sistema de educação pública e a rede multibilionária de ONGs militantes espalhadas pelo mundo, todas moni-toradas pela ONU.

Um bom exemplo é o que diz a mídia sobre o atual conservadoris-mo da Rússia, isca que quase todos engolem. Olavo (e aqui se revelam as fontes profundas do seu pensamento) não acredita nessa conversão políti-ca do país de Dostoiévski, que teria obrigatoriamente de ser consequência de outra, mais ampla e existencial,

condicionada pela consagração da ex-URSS ao Imaculado Coração de Maria, segundo o pedido de Nossa Se-nhora à irmã Lúcia, em Fátima. Para ele, não há nada de novo no front so-viético; o comunismo foi só uma das facetas de um monstro infinitamente maior, leviatã que continua ativo entre russos e não-russos, e vem crescendo assustadoramente desde a Renascença quinhentista. É a vocação totalitária da modernidade, alimentada pela “mentalidade revolucionária”, que consegue a proeza de unir, no mesmo iate de luxo, liberalismo e marxismo, ambos firmemente decididos a servir à criatura no lugar do Criador.

Octavio de Faria não gostava de ser chamado de escritor católico, e explicava que era só um católico que escrevia romances... O mesmo, em relação à filosofia, pode ser dito de Olavo de Carvalho. Eis no entanto um filósofo que não se envergonha, em suas prospecções históricas e políticas, de recorrer à auxiliadora por excelência, que é Maria, mãe de Jesus — o Cristo que, como disse em artigo não recolhido neste livro, “é o Logos Divino, a Razão Divina, isto é,

o sistema eterno e vivente das leis que governam o cosmos e toda realidade possível” (“Mensagem de Natal 2007”, Jornal do Brasil, 21/12/2007).

O imbecil coletivo, primeira obra de projeção do filósofo, vai ficar na história da cultura brasileira como marco decisivo da inteligência, toque de alarme soado para acordar o país já à beira do abismo. Mas o país não ouviu e mergulhou — fundo, fundo, fundo — num oceano imensamente fecal. Seu mais recente trabalho, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, antologia dos mi-lhares de artigos que publicou nessa desconcertante virada de milênio, é um apelo de mais de seiscentas páginas a um povo que já parece tran-quilamente acostumado àquele mare magnum, não muito longe de poder dizer, do fundo do coração, o famoso verso do poeta Leopardi: E il naufra-gar m’è dolce in questo mare.

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ARTIGO Das letras à solidariedade

Estive morto

“De que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” Em algum momento, essas palavras de Jesus devem ter ressoado profundamente na consciência de Albert Schweitzer (1875-1965). Aos trinta anos, Schweitzer era um famoso escritor, teólogo, filósofo, ministro evangélico e músico. Considerado um dos maiores intérpretes da obra de Johann Sebastian Bach para órgão, o jovem alsaciano poderia tranqui-lamente gozar uma vida de conforto, prazer e sucesso. Mas Albert possuía

Paulo Briguet*Um perfil de Albert Schweitzer, o homem que trocou tudo para dedicar a vida ao próximo

um “defeito”: era incapaz de mentir a si mesmo. Em 13 de outubro de 1905, uma sexta-feira, enviou diversas cartas comunicando a familiares e amigos que começaria a estudar medicina para, depois de formado, construir um hospital e trabalhar na selva africana.

O que faz um homem mudar de vida? Em que consiste a metanoia, aquela súbita mudança de rumos que os religiosos também chamam de conversão? No caso de Schweitzer, acredito que a mudança seja explicada por um episódio que ele relata em seu

livro “Minha infância e mocidade”. Aos três anos, Albert estava brincando no jardim quando uma abelha picou-lhe o dedo. O menino começou a chorar; logo os pais e vizinhos vieram para acudi-lo. Em certo momento, Albert percebeu que não sentia mais dor, mas continuava chorando apenas para atrair a atenção dos adultos. Décadas depois, já idoso, Schweitzer ainda se sentia envergonhado pela mentira de que só ele sabia.

Esse episódio, relatado pelo filósofo Olavo de Carvalho em um memorável

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*Paulo Briguet é jornalista, escritor e autor do li-vro “Aos meus sete leitores”. Mora em Londrina.

artigo, causou a mim, leitor de outro idioma separado por vários anos de distância, um impacto sem prece-dentes. Aquele homem era incapaz de mentir a si mesmo: e eu não vinha fazendo outra coisa em minha vida!

No Evangelho de Lucas, Jesus diz a uma jovem que o recebera em casa: “Marta, Marta, estás ansiosa e afadi-gada com muitas coisas, mas uma só é necessária”. Aos três anos, Albert foi picado pela abelha. Aos trinta anos, Schweitzer sentiu o aguilhão da pró-pria consciência – e abandonou tudo para fazer a “única coisa necessária”.

Em 1913, Albert e sua esposa Helene embarcaram para o Gabão, país da África equatoriana, com o objetivo de construir um hospital na localidade de Lambarene, no meio da selva. Até o final de sua longa vida, Schweitzer tra-balhou como médico, sem nada cobrar, salvando a vida de milhares de pessoas. Para sustentar o hospital, contava com

a ajuda de amigos. De tempos em tempos, realizava concertos de órgão na Europa para arrecadar recursos e aplicá-los no hospital. Em 1952, o médico receberia o Nobel da Paz.

Amado por seus pacientes, o “Dou-tor Branco” não se deixava abalar com as evidentes dificuldades da vida que escolheu. Em 1917, sua mãe foi atro-pelada e morta por cavalos militares

na estrada de Günsbach para Weiner, durante a Grande Guerra. Mas ele seguiu lutando sua guerra particular contra a morte e a “dor que esmaga o mundo”. No seu livro de memórias “Entre a água e a selva”, Schweitzer relata o encantamento de seus pacientes diante de práticas corriqueiras da medicina, tais como a anestesia. “Esse doutor mata as pessoas e depois elas revivem”, diziam os nativos. Certa vez, um paciente resumiu seus problemas de saúde da seguinte forma: “Estive morto”. O mesmo pode-ria ser dito por Lázaro de Betânia e pelos milhares de lázaros do Gabão.

Albert Schweitzer morreu aos 90 anos, em setembro de 1965, ouvindo a música de seu amado Bach. Teve o corpo sepultado sob as palmeiras, a poucos metros do hospital de Lamba-rene. Milhares de pessoas comparece-ram ao enterro do benfeitor, a quem Albert Einstein, em 1948, considerou ser “o maior homem vivo”.

Há um momento na trajetória de cada ser humano em que é pos-sível contemplar simultaneamente a verdade, a beleza e a bondade. Albert Schweitzer procurou fazer desse mo-mento a sua vida inteira. A verdade ele encontrou em Jesus Cristo; a beleza, em Bach; a bondade, na selva africana. Inspiremo-nos no Doutor Branco para realizarmos também o que é necessário em nossas pobres vidas.

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ARTIGO Educação domiciliar

Homeschooling, uma apresentação

Homeschooling é a palavra inglesa que denomina o que entre nós conven-cionou-se chamar de

“educação domiciliar”. Embora ambas expressões sejam desconhecidas da maioria, resumem a realidade educacional de mais de mil famílias espalhadas por todo o Brasil.

Todavia, como a simples tradu-ção de uma palavra muitas vezes não explicita toda realidade a que esta se refere, costumo dizer, em resposta aos que me perguntam o que é educação domiciliar, que não se trata de uma mera transferência da sala de aula para a sala de casa, em que a mãe ou o pai converte-se em professor do próprio filho (ainda que isso aconteça). Trata-se de bem mais que isso.

As famílias que costumam retirar suas crianças da escola para ensinar-lhes em casa, possuem, ao contrário do que inicialmente se possa imaginar, um grande apreço pelo conhecimen-to. Muitas, por conta justamente do permanente declínio da educação em nosso país, percebem que têm condições de prover às suas crianças um ensino de qualidade superior ao oferecido, seja pela rede pública ou pela rede privada de ensino. Além disso, trata-se também de um zelo não apenas pelo aspecto intelectual, mas também moral, e, às vezes, até espiritu-al das crianças, os quais já não recebem mais a mínima atenção nas escolas, mesmo as confessionais, ou então, quando recebem, são conduzidos em

Camila Hochmüller Abadie*

direções contrárias àquelas desejadas pelas famílias.

Pode-se ver, portanto, que não se trata de simples transferências de local e de mestre, mas de um estilo de vida familiar no qual a busca pelo desenvol-vimento pleno dos filhos é a priorida-de. E os resultados são jovens extre-

mamente bem preparados técnica e emocionalmente, são crianças espertas e bem educadas, são famílias unidas e felizes. Infelizmente, porém, tais dados ainda carecem de estudos técnicos, permanecendo até aqui na informali-dade das experiências compartilhadas entre as famílias. E isto nos conduz a

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uma outra questão.A informalidade dos dados concer-

nentes ao homeschooling não se deve apenas ao pouco tempo de realização dessa modalidade de ensino em nosso país, mas especialmente à sua inde-finição jurídica, pois não há lei que proíba a sua prática, bem como não há lei que a respalde e reconheça explici-tamente. Entretanto, já há um projeto de lei tramitando no Congresso, uma tese de doutorado em educação, pela USP, além de um crescente número de artigos, matérias, entrevistas, blogs e até um programa de rádio sobre educação domiciliar. Ou seja, a questão entrou em pauta, e, portanto, chegou a hora de a avaliarmos com atenção. Para isso, talvez seja útil nos valermos das experiências de outros países, para vermos o quão eficaz (ou não) ela se mostra para a formação de nossos filhos e, logicamente, para o futuro de uma parcela dos brasileiros.

Estima-se que mais de 2 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, sejam educadas em casa nos EUA , um número que cresce cerca de 7% ao ano. A proficiência dos homeschoolers em comparação com os alunos de escolas públicas norte-americanas, em dife-rentes áreas, é a seguinte: Leitura: 89%;

Escrita 84%; Matemática 84%; Ciências 86%; Estudos Sociais 84%. Enquanto isso, os alunos da rede pública ficam sempre em torno dos 50% de profi-ciência em todas as áreas. Um outro dado interessante é o fato de que não ocorre uma diferença significativa no rendimento das crianças que são filhas de pais professores em comparação com outras em que os pais exercem outras profissões. A renda familiar também não gera grandes disparida-des. E, por último, e em objeção à per-gunta recorrente acerca da socialização das crianças, os dados são surpreen-dentes: 84% das crianças homescho-olers são consideradas maduras, com boa capacidade de comunicação e interação social, contra 27% das que estudam em escolas públicas.

É importante observar que, apesar dos números impressionantes, o homes-

*Camila Hochmüller Abadie é bacharel e mestre em Filosofia pela PUCRS. Esposa, mãe e dona de casa em tempo integral. Editora do blog En-contrando Alegria e apresentadora do programa homônimo na Rádio VOX.

chooling nunca será uma tendência majoritária, nem nos EUA nem aqui, pois exige uma dedicação maior dos pais, bem como, em geral, uma vida financeira mais modesta, pois somente um dos cônjuges costuma trabalhar fora. Assim, vê-se logo que não há nem pode haver competição ou oposição à escola: o homeschooling é a favor da liberdade das famílias e da educação de qualidade. E é esta educação de qualidade, comprovada pelos números e pelo caráter dos alunos, salvaguardada no seio de famílias responsáveis e com iniciativa, que poderá tornar-se um elemento decisivo na construção de um futuro melhor para o nosso país.

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ARTIGO Leitura

Tremendascrônicas

José Castello recorda que Rubem Braga tratava a crônica como um gênero eminentemente “confessional”. Por isso, entendo que ela é capaz de despertar nossa sensibilidade para inúmeras proezas do espírito. Rodrigo Gurgel, crítico literário do jornal onli-ne “Rascunho”, referindo-se a Rubem Braga, afirma: “dentre os gêneros literários, a crônica é o mais ingrato. Servos do transitório, são raríssimos os cronistas que conseguem impregnar seus textos com elementos capazes de extrapolar o banal, conceder ao corri-queiro uma perspectiva inusitada”.

Não é à toa que Rubem Braga continua sendo admirado. O que mais aprecio no cronista é justamente a atenção ao detalhe, sua agudeza na percepção de uma situação banal e, através dela, sua capacidade de nos levar a questões universais, tiradas do cotidiano para colocar suas crônicas num dos pedestais da literatura. Assim

L. C. Bragançade Pina*

sendo, nunca é demais citar o óbvio: a crônica não deve ser um texto qual-quer para encher espaço.

Rubem Braga tinha verdadeiro desgosto pelos adjetivos. Eu os adoro, e aqui escolho um – estupendo – para designar o escritor G. K. Chesterton (1874-1936). Eis outro adjetivo, no plural e no feminino – extraordinárias –, para qualificar as 39 crônicas reuni-das no livro “Tremendas trivialidades”, com tradução de Mateus Leme, lan-çado em agosto de 2012 pela Editora Ecclesiae. A nota de tradução ressalta a ausência desse tipo de texto da pena de Chesterton no mercado editorial brasi-leiro. É verdade e, assim, devemos ser gratíssimos por esse esforço editorial.

Os adjetivos podem até ser exa-gerados para os jornalistas que vivem das matérias publicadas pelos jornais e Rubem Braga pode ter lá sua razão, mas eu ainda continuo firme na minha atração por eles, sincera e alegremente,

usando-os, claro, quando necessários para fazer justiça aos merecedores, como é o caso de Chesterton. Daí os adjetivos usados, bem empregados para designá-lo, assim como sua obra... Se bem que o “príncipe do paradoxo” ultrapassou os limites das adjetivações ao marcar o mundo com seus textos, frutos de um trabalho intelectual soberbo (outro adjetivo que cabe como uma luva para esse autor). Por isso quero registrar aqui minha gratidão ao tradutor, estendendo-a ao editor Sílvio Grimaldo de Camargo e ao cronista Paulo Briguet, que assina o prefácio.

Ainda tem espaço para mais um adjetivo: Chesterton é grande, pois em cada texto encontramos fagulhas mila-grosas capazes de encher nossa alma e nos fazer imaginar sensações materia-lizadas na vida em coisas grandes. Um trecho do prefácio do Briguet dá conta disso: “o humor e as citações bíblicas acabam por sacralizar os menores

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*L. C. Bragança de Pina é editor desta revista, jornalista e roteirista audiovisual

eventos do cotidiano (...)”. Mas poderí-amos lembrar sobre a tontura humana, que por meio de alguns escritores modernos e seus palavreados atrativos, fazem do mundo um lugar onde o exemplar de conduta é a via material, como Chesterton expõe de forma sensacional em “O vento e as árvores”. Nesse texto, ele procura metáforas que possam dar conta de um sentido maior para nossas vidas: “o grande dogma humano é, assim, que o vento move as árvores. A grande heresia humana é que as árvores movem o vento. Quan-do as pessoas começam a dizer que as circunstâncias materiais criaram por si sós as circunstâncias morais, previnem qualquer possibilidade de mudança

séria. Pois, se minhas circunstâncias me fizeram completamente estúpido, como posso estar certo sequer de que tenho o direito de alterá-las?”.

Enfim, caro leitor, vale ler cada linha do livro. Cada texto é um conjun-to de pérolas e não meras palavras embrutecidas. Publicadas no século passado no jornal inglês Daily News, as crônicas de “Tremendas trivialidades” sobrevivem para nos dizer algo: vale a

vida a oportunidade de se ter a “eter-nidade”. E com Chesterton é possível. Para isso, servem os grandes criadores, como ele mesmo deixa claro neste tre-cho da crônica que dá nome ao livro: “O mundo nunca sofrerá com a falta de maravilhas, mas apenas com a falta da capacidade de se maravilhar”.

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O HUMOR DO JOTA

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