Revista Arquitetura e Aço - 12

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Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 12 dezembro de 2007 Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 12 dezembro de 2007 ARQUITETURA AÇO & Lazer e cultura 9771678112128 12

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Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 12 dezembro de 2007Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 12 dezembro de 2007

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Múltiplaspossibilidades

ESTA EDIÇÃO DE ARQUITETURA & AÇO é dedicada aos espaços de lazer e cultura, conceitos que muitas vezes acabam, felizmente, se confundindo. Que características esperar de um edifício destinado a estes tipos de atividades? Não há uma regra fixa, mas um fato que se observa com certa freqüência é a especial atenção dada às características subjetivas, como emoções e sensações, no projeto destes edifícios.

Um exemplo é o museu-escola Sabina, no qual a rampa de entrada foi projetada para despertar, nos pequenos visitan-tes, um sentimento semelhante ao de quem entra em uma caverna. Ao ingressar no espaço, uma nova surpresa: as áreas são amplas e fluidas (graças ao uso do aço), não se parecendo em nada com uma caverna. Tal contraste busca despertar a curiosidade e favorecer o aprendizado.

Por outro lado, chama atenção o modo como o aço – tão valorizado como material estrutural graças à sua leveza e robustez – vem sendo utilizado também com fins estéti-cos, tanto em fachadas quanto em interiores. É o caso da danceteria Club Nox, que emprega o aço patinável como revestimento externo e, no ambiente interno, aposta em tiras onduladas multicoloridas que são suportadas por uma sutil estrutura metálica.

O aço também assume dupla função – mas agora de forma estrutural – no projeto da nova biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Campinas: além de sustentar o edifício, a estrutura metálica dá forma às estantes que suportam o acervo.

Foi buscando esta diversidade de soluções que aqui reunimos obras das mais variadas naturezas, da biblioteca à casa de shows, da feira ao teatro, do museu ao centro de eventos.

Boa leitura!

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sumário08. 14.12. 16.

20. 24. 27. 30.

Foto da capa: faixas iluminadas (suportadas por sutis estruturas de aço) envolvem a pista de dança do Club Nox, em Recife

Arquitetura & Aço nº 12

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04. Luzes multicoloridas e aço patinável dão forma ao Club Nox, em Recife. 08. O contraste entre a leveza

do aço e a densidade do concreto norteou a criação do Teatro Municipal de Mauá. 12. Em nova fase, o Circo Voador

mantém sua aparência itinerante, mas agora com melhorias significativas na infra-estrutura. 14. Flexibilidade de usos

era o pré-requisito do projeto da Vila Germânica, em Blumenau. 16. Fluidez e permeabilidade visual definem o pro-

jeto da Escola Parque do Conhecimento (Sabina), em Santo André. 20. Na biblioteca da PUC Campinas, o aço se faz

presente não só na estrutura, mas também no sistema de armazenamento e exposição do acervo. 24. O famoso prédio da

Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, é um dos mais antigos edifícios do Brasil com estrutura exclusivamente metálica.

27. Engenhosidade construtiva e harmonia plástica marcam o projeto da Feira da Cidade, em Ananindeua, PA.

30. Na Cidade do Samba, amplos galpões com estrutura em aço abrigam as escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro.

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4 &ARQUITETURA AÇO

FINCADA NO CENTRO DA CAPITAL PERNAMBUCANA, UMA CAIXA DE AÇO PATINÁVEL E

VIDRO É O MAIS NOVO E INUSITADO PALCO DA MÚSICA ELETRÔNICA

UMA CASA NOTURNA COMO NUNCA antes vista, que pudesse ser referência não só no Brasil, mas internacionalmente, com som e iluminação da melhor qualidade e um lounge a céu aberto. Este foi basicamente o briefing que o escritório Metro Arquitetura, em parceria com o arquiteto Juliano Dubeux, recebeu e seguiu.

Localizado no bairro de Boa Viagem, centro de Recife, o Club Nox, inaugurado no final de 2006, é puro arrojo. Visto de fora, o edifício já diz ao que veio: uma caixa de aço com uma “tampa” de vidro

por onde escapam luzes coloridas que sinalizam à cidade que a noite é uma festa. Segundo João Domingos Azevedo, arquiteto responsável, o projeto foi nor-teado pelo conceito da transformação constante, como forma de se obter um ambiente dinâmico, adequado à natu-reza do lugar imaginado pelos clientes.

Aço, luzes e diversão

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Acima, o edifício Prudência, projeto de Rino Levi construído na década de 1940. Na página ao lado, destaque para o grande elemento em aço que, fixado na alvenaria e na estrutura de concreto do prédio e solto da laje, funciona como estante e também suporta os anteparos

para a iluminação indireta. Abaixo, à esquerda, vista da sala de jantar: ao fundo, a porta de entrada, e, à frente, o elemento metálico que congrega múltiplas funções: suporte de instalações elétricas e de luminárias, estante e divisória de ambientes. Na seqüência, vista parcial da cozinha e da galeria: para reforçar a sensação de fluidez entre os espaços, o piso de ambos foi substituído por granilite branca com aspecto monolítico

Com estrutura em concreto armado, o prédio foi revestido com placas de 1,0 x 2,0 m de aço COR – tipo de aço caracterizado pela for-mação de uma pátina ferruginosa que acaba prolongando a vida útil do material e lhe conferindo uma tonalidade mais escura ao longo do tempo, aspecto que vem ao encontro do conceito de mutação.

Afastados cerca de 60 cm da estrutura de concreto para ocultar tubulações hidráulicas, unidades de ar-condicionado e fiação elé-trica, os painéis de aço foram soldados e, em trechos estratégicos

Na pista de dança envolvida por faixas de fibra de vidro translúcidas com movimentos e cur-vaturas diferenciadas graças às subestruturas de aço, um engenhoso sistema de iluminação, baseado em 256 conjuntos de LEDs RGB, con-fere ao ambiente mais de 16 milhões de cores programáveis. Ao fundo, atrás do bar-ilha, a cabine do DJ, com espaço suficiente para aco-lher performances solos ou de grupos

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da fachada, aparafusados. “Neste caso, utilizamos um sistema de fixação com rosca que permite a manutenção periódica das insta-lações, sem desgaste da estrutura”, explica Azevedo.

Além de ser destaque na fachada, o aço foi utilizado no lounge e, lembra o arquiteto, mostrou-se imprescindível para viabilizar a malha orgânica que envolve a pista de dança. Subestruturas de aço sustentam as 36 faixas de fibra de vidro translúcidas, perpendicu-lares e paralelas que começam no chão e se cruzam no teto.

Não bastasse a forma inusitada, esta malha sobre o dancefloor ganha infinitas possibilidades de combinações cromáticas por meio de um sistema de iluminação baseado em 256 conjuntos de LEDs estrategicamente posicionados e controlados. Aqui, o concei-to de transformação chega ao ápice: o ambiente é reinventado o tempo todo por meio do jogo de luzes.

Coroando o projeto, um lounge a céu aberto. Ali, em um ambien-te dominado pelo branco, painéis de vidros translúcidos com 2,30 m de altura são fixados pelo sistema Spider Glass e apoiados em seis pilares de aço – é a dupla aço e vidro estabelecendo um novo diálogo. Para completar, luzes néon programadas por um sistema computadorizado conferem iluminação suave na paisagem urbana e convidam os passantes a se divertirem e relaxarem. (I.G.) M

Acima, vista frontal do Club Nox: sobre a caixa de aço COR, a cobertura de vidro translúcido deixa “escapar” luzes coloridas, como um prolonga-mento do que acontece no interior do edifício

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> Projeto arquitetônico: João

Domingos Azevedo (Metro

Arquitetura)

> Colaboradores: Rafael Souto

Maior, Lívia Brandão e Juliano

Dubeux

> Área construída: 1.100 m²

> Aço empregado: aço patinável de

maior resistência à corrosão

> Cálculo estrutural: Sérgio Priori

> Fornecimento da estrutura

metálica: Tecral e SMS

> Execução da obra: Plus

Engenharia

> Local: Recife, PE

> Data do projeto: janeiro de 2006

> Conclusão da obra: dezembro

de 2006

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Corte 1

Corte 2

Envolto por painéis de vidros translúcidos com luzes néon e utilizando cobertura metálica em forma de U, com uma área descoberta no centro, o lounge, no pavimento superior, abre uma nova possibilidade aos visitantes, que encontram ali um espaço para descansar e conversar com tranqüilidade

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Arquitetura

de contrastesA DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA DE NECESSIDADES EM VOLUMES ARQUITETÔNICOS

DISTINTOS CARACTERIZA O PROJETO DO TEATRO MUNICIPAL DE MAUÁ (SP)

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&ARQUITETURA AÇO 9

Em estrutura metálica e vidro, o foyer ganha desta-que e se integra visualmen-te ao entorno, onde se situa a praça cívica de Mauá

AO PROJETAR O TEATRO MUNICIPAL de Mauá, município do ABC paulista, o arquiteto Rafael Perrone tinha como objetivo integrar a construção com a praça cívica da cidade, ao redor da qual se localizam o Fórum, a Prefeitura e a Câmara Municipal. Conseguiu isso

inserindo o foyer num volume transparente que revela o entorno para quem está dentro do edifício. Cercado por vidro e estrutura de aço com pintura branca, o foyer contrasta com os blocos opacos e texturizados que abrigam a platéia e a caixa de palco do teatro. As cores fortes foram introduzidas em grande parte dos volumes fechados como forma de acen-tuar a leveza do bloco envidraçado.

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Outro desafio, segundo Perrone, era desenvolver um projeto fun-cional e econômico, coerente com o orçamento disponível. “A estru-tura de aço foi importante neste sentido, pois viabilizou a constru-ção de um teatro mais baixo do que o convencional”, afirma o autor do projeto, se referindo mais especificamente ao papel das vigas de aço que vencem os grandes vãos da platéia e da caixa de palco. “Se fossem de concreto, essas vigas seriam muito altas e representa-riam um gasto maior com material de vedação”, esclarece.

Em frente ao foyer, uma marquise metálica destaca a entrada do edifício. Perrone explica que o elemento se sobressai em altura em relação ao restante da construção por um motivo claro: “Quis marcar o acesso e, ao mesmo tempo, criar uma referência visual no local”, explica o arquiteto, que determinou cores específicas para cada bloco que compõe o conjunto. O azul, por exemplo, assinala a caixa de palco (interna e externamente), enquanto o roxo define a Secretaria Municipal e a cor amarela se refere às oficinas culturais. Com estrutu-ra de concreto e vedação em alvenaria, os volumes opacos são revesti-dos com massa grossa sarrafeada e pintados com tinta acrílica.

O prédio dispõe de recursos que impedem o aquecimento exces-sivo da construção, como o volume vermelho sobre o foyer que garante a saída de ar quente do recinto, ao mesmo tempo em que permite a entrada de luz natural zenital. Painéis feitos com chapas metálicas expandidas, localizados na parte superior da fachada

Elevada em relação ao volume arquitetônico, a marquise metálica assinala o acesso aos visitantes. Os volumes fechados, em estrutura de concreto e alvenaria, contrastam com o foyer transparente. As cores fortes acentuam o contraste e dão vida à composição arquitetônica

envidraçada, protegem as oficinas do sol nascente. Os anteparos estão presos em caixilhos fixos ao esqueleto de aço do edifício por meio de braços metáli-cos. A estrutura esbelta composta de perfis de alma cheia soldados e apara-fusados conferiu transparência máxi-ma ao volume do foyer. “A transparên-cia garantiu a continuidade espacial do edifício com a praça cívica”, finaliza o arquiteto. (V.F.) M

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> Projeto arquitetônico: Rafael

Perrone

> Colaboradores: Paulo Sérgio

Pereira e Maria Cristina Pereira

(coordenadora)

> Área construída: 2.383 m2

> Aço empregado: aço patinável

com maior resistência à corrosão

> Cálculo estrutural: Ricardo

Azeredo Candelária (metálica) e

Jorge Kamogawa (concreto)

> Fornecimento da estrutura

metálica e execução da obra:

Projeção Engenharia Paulista de

Obras Ltda.

> Local: Mauá, SP

> Data do projeto: 2000

> Conclusão da obra: 2001

A estrutura metálica do foyer é composta por perfis soldados de alma cheia, aparafusados entre si. Também em aço, as vigas da cobertura vencem vãos gene-rosos na platéia e caixa de palco

1. administração2. oficinas

3. platéia superior4. camarins

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LOCALIZADO NA LAPA, TRADICIONAL BAIRRO BOÊMIO, o Circo Voador não é apenas uma referência para a cidade do Rio de Janeiro. O picadeiro desta casa de espetáculos serviu de trampolim para algumas das maiores bandas do rock nacional – Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Kid Abelha, O Rappa, só para citar algu-mas delas – e entrou para a história da música brasileira.

Apesar da consagração, o Circo sempre foi alvo de muita con-trovérsia desde sua fundação, em 1982. Os decibéis das guitarras e dos gritos eufóricos não respeitavam os limites da lona coalhada de estrelas sem isolamento acústico e tiravam o sono da vizinhança, o que resultou na interdição da casa em 1996. Mas um movimen-to público passou a exigir a reabertura do espaço. Pressionada, a Prefeitura do Rio de Janeiro atendeu a tais apelos e, em 2001, resolveu abrir um concurso público para a construção do novo Circo Voador.

O projeto vencedor saiu das pranchetas de quatro jovens recém-formados, que viram aí a oportunidade de inaugurar o próprio escri-tório, a DDG Arquitetura. Segundo Célio Diniz, um dos arquitetos

O PROJETO DO NOVO CIRCO VOADOR LANÇA MÃO DO AÇO PARA MARCAR A SEGUNDA FASE DA FAMOSA

CASA DE SHOWS CARIOCA E TRANSFORMÁ-LA EM UM MODERNO COMPLEXO MULTIFUNCIONAL

responsáveis, o desenho contemplava formas e espaços dinâmicos com forte identidade sem, no entanto, abando-nar o despojamento do Circo origi-nal. Diniz explica, ainda, que alguns critérios exigidos pela Prefeitura nor-tearam algumas decisões. “Pedia-se algo aparentemente paradoxal: que se mantivesse a cobertura em lona, mas com isolamento acústico”, afirma. As Secretarias de Urbanismo e da Cultura solicitavam também que a aparência itinerante da obra fosse mantida.

Para começar, a antiga cobertura de lona foi substituída por um revesti-mento em camadas inédito, idealizado pelo engenheiro Fernando Richard em

O projeto escolhido pela Prefeitura do Rio de Janeiro manteve as características do Circo Voador original, ou seja, cobertura de lona e aparência itinerante. Mas, diferentemente da antiga casa de shows, o isolamento acústico (acima, à direita), resultado de um sistema inédito de camadas de lona tipo sanduíche, ficou impecável

Recomeço em grande estilo

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O aço está presente em toda obra. Além dos arcos da cobertura da nave principal (acima), que sustentam a lona, a estrutura metálica foi decisiva para uma construção rápida, limpa e precisa dos edifícios anexos (no alto da pági-na) que comportam administração, bilheteria, bares, entre outros serviços

> Projeto arquitetônico: Célio Diniz, Eduardo Canellas, Eduardo

Dezouzart e Tiago Gualda (DDG Arquitetura)

> Colaboradores: Carolina Baltar, Gabriela Rios, Otto Thiele,

Fernando Richard e Peter Gasper

> Área construída: 1.143 m²

> Aço empregado: aço patinável de maior resistência à corrosão

> Cálculo estrutural: Tecton Engenharia, Conplan Engenharia e JC

Filizola Engenharia

> Fornecimento da estrutura metálica: Metalfenas

> Execução da obra: EBTE Engenharia

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Data do projeto: 2001

> Conclusão da obra: 2004

parceria com a DDG. Trata-se de um sistema do tipo sanduíche, constituído por duas camadas de lona vinílica intercaladas com lã mineral plana e tubular, que formam um colchão sob a lona externa em toda a nave principal e funcionam tanto como prote-ção acústica contra os ruídos externos, quanto como isolamento térmico. Para sustentar toda esta estrutura e conferir o aspecto itinerante que o briefing exigia, foram utilizadas vigas e colunas aparentes de aço.

Assim, arcos metálicos internos com acabamento em pintura epóxi na cor grafite formam uma espécie de trama esférica na parte interna desta nave principal e sustentam a lona. E, do lado de fora, foi criado um sistema de contraventamento formado também por arcos de aço.

Além desta edificação de maior volume, onde estão o palco, coxias, depósito, arquibancada, bar e pista de dança, o Circo Voador ganhou prédios anexos para abrigar administração, bistrô, bilhete-ria, bares e quiosques, além de jardins, rampas, varanda e passarela. E em todos estes ambientes, externos e internos, o aço foi fundamen-tal: pilares, sheds, telhas, guarda-corpos, grades e outras estruturas feitas a partir do material reiteram o caráter moderno e ao mesmo tempo circense que tão bem caracteriza esta casa de shows. (I.G.) M

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Gigante em açoESTRUTURA METÁLICA PERMITE VÃOS GENEROSOS E FLEXIBILIDADE DE USOS

NO CENTRO DE EXPOSIÇÕES E EVENTOS VILA GERMÂNICA

Com suas proporções generosas, o Centro de Exposições Vila Germânica, cujo calendário já conta com a tradicional Oktoberfest, se consolida como um dos principais espaços de eventos do Sul do país. A cobertura em aço, além de possibilitar grandes vãos e permitir flexibilidade de usos, agilizou a execução da obra

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A CIDADE DE BLUMENAU, em Santa Catarina, hoje conta com um moderno complexo para a realização de eventos. A origem deste parque de exposições, no entanto, remonta a 1965, ano da construção do primeiro pavilhão, com 2.500 m2. Ao longo dos anos, diversos fatores como o sucesso da Oktoberfest – surgida em 1984 e que atualmente recebe cerca de 700 mil visitantes a cada edição – e o uso destes espaços para sediar feiras de diversos setores tornaram necessárias a ampliação da área expositiva, gerando a construção de mais quatro pavilhões, em dife-rentes épocas. Em 2005, o parque possuía 11.850 m2 de área expositi-va, distribuídos em cinco construções diferentes, com espaços inadequados às necessidades atuais, o que levou à reformulação total do complexo.

Agora, o Centro de Exposições Vila Germânica – como foi batizado o par-que inaugurado em 2006 – possui um grande pavilhão de 18.350 m2 de área útil, dividido em três setores que podem ser utilizados de forma inte-grada ou independente. Além disso, possui uma das maiores áreas exposi-tivas com vão livre do Brasil: trata-se do Setor 2, cuja área de 100 x 72,60 m possui, ao centro, um espaço de 750 m2 com altura livre de 12 m, permitindo a montagem de quadras esportivas. Na entrada dos Setores 1 e 2, um hall com dois pavimentos abriga recepção, bilhe-terias e/ou credenciamento, secretaria, ambulatório e outros serviços. À frente desta estrutura, um centro comercial, que reúne lojas, banco, restaurantes, café colonial e choperia, entre outros serviços, que complementa o projeto.

A grandiosidade da edificação, que tem quase 26 mil m2 de área construída, não foi empecilho para a execução em tempo recorde. O projeto de arquitetura e demais projetos complementares foram reali-zados em apenas 75 dias e as obras foram concluídas em cinco meses.

Na especificação dos materiais, a opção pelo aço para a cobertu-ra e fechamentos laterais dos pavilhões se mostrou a solução mais eficiente. “Toda a arquitetura foi concebida sempre em conjunto com a estrutura metálica”, afirma o arquiteto Alfredo Lindner, autor do projeto. A flexibilidade de usos era um dos pré-requisitos, pois o complexo deveria sediar eventos de pequeno, médio e gran-de portes, dos mais diversos segmentos, como feiras, congressos, festas, shows e competições esportivas.

A leveza do aço e a agilidade construtiva que o material permite são algumas das vantagens destacadas pelo arquiteto: “A concepção dos apoios atirantados externos nos permitiu uma excelente relação custo-benefício, reduzindo substancialmente o peso total da estrutu-ra. Por outro lado, a possibilidade de montagem simultânea de dife-rentes etapas da obra e a produção das peças com medidas precisas ajudaram a viabilizar o cronograma de execução”, explica. (I.S.) M

> Projeto: Alfredo Lindner e

Christiane Mundim Lindner (A+C

Arquitetura)

> Área construída: 25.554 m2

> Aço empregado: ASTM A36

> Cálculo estrutural: OA Engenharia

Especial

> Fornecimento e montagem da

estrutura metálica: Dagnese

Estruturas Metálicas

> Execução da obra: Construtora

Mestra Ltda.

> Local: Blumenau (SC)

> Data do projeto: 2005

> Conclusão da obra: 2006

Acima, vista aérea do conjunto: a utilização de tirantes externos, além de ter sido uma solução econômica, trouxe benefícios estéticos. À frente dos pavilhões, um centro comer-cial remete às cidades do interior da Alemanha, em sintonia com a colonização germânica de Blumenau; esta área temática inspirou a mudança do nome do complexo, que passou a se chamar Vila Germânica

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A PLANTA LIVRE, o reduzido número de apoios e os generosos vãos estruturais são aspectos marcantes na obra de Paulo Mendes da Rocha, ganhador do Pritzker de 2006, maior prêmio da arqui-tetura mundial. Recentemente inaugurada, a Escola Parque do Conhecimento ( Sabina ), projetada por ele em parceria com o escri-tório paulista MMBB, reúne estas características num edifício de dois pavimentos que combina estrutura de concreto e aço. Formada por telhas de aço zincado do tipo sanduíche, a cobertura é sustenta-da por uma estrutura metálica apoiada em um par de vigas-calha de concreto, que configuram as fachadas longitudinais do pavimento superior da construção.

A permeabilidade e fluidez entre os diferentes níveis do edi-fício são aspectos marcantes do projeto, assim como seu caráter intimista. O museu-escola poderia ser definido como um grande pavilhão branco semi-enterrado que se volta para o interior, sem

muitas aberturas para o parque. Com exceção das fachadas norte e sul, onde painéis retangulares de vidro revelam o exterior ao visitante, não há muita integração visual com o entorno, já que as fachadas leste e oeste são formadas pelas enormes vigas-calha contínuas, com 185 m de comprimento cada.

Mendes da Rocha explica que o acesso à instituição, feito por uma sin-gela rampa descoberta que liga a espla-nada de entrada ao pavimento inferior do edifício, visava despertar no público infantil sentimentos como surpresa e estranhamento, emoções semelhantes

COM ESPAÇOS INTERNOS AMPLOS E INTEGRADOS, MUSEU-ESCOLA PROJETADO POR PAULO MENDES DA

ROCHA PARA O PARQUE CENTRAL, EM SANTO ANDRÉ (SP), PRIVILEGIA A FLUIDEZ E PERMEABILIDADE

VISUAL ENTRE PAVIMENTOS POR MEIO DE RAMPAS E RECORTES NA LAJE

Pavilhão da ciência

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às de entrar numa “caverna”. A idéia, ele afirma, está em sintonia com a finali-dade do prédio, um museu de ciências agregado à rede pública de ensino. Lá dentro, o visitante se depara com gale-rias e espaços de exposição amplos, fluidos e integrados. As rampas e os vazios abertos na laje do segundo piso permitem que, do piso inferior, se avis-te a cobertura metálica.

Na cobertura, a opção por vigas metálicas de alma cheia ao invés de treliças conferiu delicadeza e leveza ao conjunto. Dispostas transversalmen-te no edifício, elas vencem um vão de

Assim como a estrutura metálica, o concreto aparente foi pintado de branco. Uma faixa de caixilhos horizontais basculantes percorre todo o perímetro do edifício. Junto às fachadas norte e sul, vedadas com chapas metálicas, a mesma caixilharia assume a função de con-traventamento (acima). A laje do piso do primeiro pavimento é vazada em alguns trechos, garantindo, juntamente com as rampas, a permeabilidade visual entre os diferentes níveis do edifício (abaixo)

Acima, vista geral do edifício; as imensas vigas-calha com 185 m de comprimento e 4 m de altura configuram as fachadas longitudinais (leste e oeste) da obra. Cada uma delas, com 10 m de balanço nas extremidades, está apoiada em qua-tro pilares de concreto, que distam 55 m entre si.

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aproximadamente 30 m. Entre as vigas, tirantes de aço fazem o contraventamento da estrutura. “As vigas de alma cheia são uma presença sutil e neutra no espaço”, afirma o arquiteto Milton Braga, do MMBB. Já as terças estão apoiadas nas vigas de aço principais e também na estrutura treliçada das fachadas norte e sul, ambas vedadas com chapas de aço.

As fachadas norte e sul são contraventadas por caixilhos hori-zontais basculantes de aço instalados ao longo do vão de quase 2 m, entre o guarda-corpo e as grandes vigas de concreto. Moldadas in loco, assim como a maior parte da estrutura de concreto do museu-escola, as vigas-calha estão apoiadas em quatro pilares que determinam vãos de 55 m e balanços de 10 m nas extremida-des. Além da estrutura da cobertura, das telhas e dos painéis de vedação, o aço também foi utilizado na estrutura de contenção dos muros de arrimo do pavimento inferior do edifício destinado à arte, ciência e à tecnologia. (V.F.) M

Apoiados num par de vigas-calha de concreto, os perfis metálicos de alma cheia vencem um vão transversal de aproximadamente 30 m (acima). Sustentam uma cobertura composta por telhas trapezoidais de aço zincado, cujas extremidades das terças estão apoiadas na estrutura treliçada que sustenta as fachadas norte e sul da construção. Painéis metálicos coloridos (no alto, à direita) separam a cantina de um pátio descoberto, ambos localizados no pavimento inferior

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> Projeto arquitetônico: Paulo

Mendes da Rocha

> Colaboradores: Fernando de

Mello Franco, Marta Moreira

e Milton Braga (MMBB); Márcia

Terazaki, Marina Sabino,

Renata Vieira e Thiago

Rolemberg (equipe)

> Área construída: 8.080 m²

> Aço empregado: ASTM A 572

GR42

> Cálculo estrutural: Kurkdjian

& Fruchtengarten

> Fornecimento da estrutura

metálica: Açotec

> Execução da obra: H. Guedes

Engenharia

> Local: Santo André, SP

> Data do projeto: 2003

> Conclusão da obra: 2007

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Estruturar o saber

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&ARQUITETURA AÇO 21

ESTRUTURAS EM AÇO SUSTENTAM O PRÉDIO E TAMBÉM O ACERVO DESTA BIBLIOTECA, CRIANDO

UM CONJUNTO DE ESPAÇOS INTEGRADOS E QUE VALORIZA A FUNÇÃO PRIMORDIAL DO EDIFÍCIO

PARA ATENDER AOS 4.800 ALUNOS dos cursos de Ciências Médicas (Audiologia, Ciências Biológicas, Ciências Farmacêuticas, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Terapia Ocupacional e Odontologia) e estimando a expansão até 2013, para cerca de 6 mil alunos, a Pontifícia Universidade Católica de Campinas, uma das universidades de maior prestígio do país, decidiu unificar as três bibliotecas existentes em um único edifí-cio. Localizada no Campus II, a nova construção possui 3.164 m2 de área construída e se organiza em três pavimentos e subsolo.

O acesso ao prédio é feito pelo piso térreo, onde também se localizam a recepção e espaços para informações, empréstimos de livros e guarda-volumes. O primeiro andar concentra as áreas destinadas à consulta informatizada ao acervo, leitura, estudo individual e em grupo e salas especiais para deficientes visuais devidamente equipadas. O segundo andar, por sua vez, reúne o acervo de livros – 44 mil volumes na fase de implantação do pro-jeto, podendo chegar a 90 mil até 2013 – e as coleções de perió-dicos e multimeios (fitas, slides, CD e DVD); os 2.400 m lineares de estantes podem chegar até 5 mil m, mediante a demanda da biblioteca. No subsolo, estão abrigados o auditório, para 140 luga-res, e as atividades técnicas complementares, como laboratórios e acervo depositário.

A partir do briefing inicial e diante do prazo exíguo de nove meses para o desenvolvimento do projeto e execução da obra, a arquiteta Renata Semin, autora do projeto em conjunto com José Armênio de Brito Cruz, optou por sistemas e materiais industria-lizados. Segundo Renata, o partido foi definido a partir de uma estrutura metálica que sustenta o prédio e as estantes, numa referência ao objetivo maior de uma biblioteca – o de armaze-nar e transmitir conhecimento a partir do acesso à informação. “Fisicamente, o projeto traduz esta definição a partir de uma estrutura de vigas de aço que serve de sustentação para a unidade maior – o prédio – e para as unidades menores – as prateleiras –, onde o acervo fica em exposição”, esclarece a arquiteta. Vigas treli-çadas sustentam os perfis com cabos de aço e o conjunto, com 71 m de comprimento, apóia-se sobre quatro pilares de concreto.

As estantes em aço valorizam o principal componente da biblioteca: seu acervo

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pisos, projetados ao longo das vigas metálicas, passa pelos vazios centrais e sai pelas aberturas no lanternim. Aberturas com janelas e terraços loca-lizados nas extremidades do prédio completam a ventilação interna.

A acessibilidade universal é outra prerrogativa do projeto. “Para a segu-rança e o conforto de todos os usuários, foram considerados, no projeto, aces-sos e dispositivos complementares para a livre movimentação na bibliote-ca”, finaliza a arquiteta. (I.S.) M

Seja no exterior do edifício ou em seu interior, o partido arquitetônico se faz bastante claro: as estantes se concen-tram no perímetro externo, enquanto o núcleo, que recebe a luz do dia através de um lanternim, destina-se à consulta do acervo; o vazio central, além de integrar visualmente todos os pavimentos, permite a passagem da ventilação e da iluminação naturais. Os usuários também podem utilizar agradáveis varandas como espaços alternativos para leitura. A opção pela utilização da estrutura em aço foi determinante para a agilidade de execução, permitindo a conclusão da obra em nove meses

A solução escolhida também se mostrou acertada durante o processo de execução. Diante da precisão obtida na fabricação industrializada das peças em aço, foi possível efetuar a montagem em menor prazo e racionalizar os serviços no canteiro de obras. A compatibilidade com os demais sistemas utilizados também impôs ritmo à obra. A vedação do edifício é feita com painéis de concreto pré-fabricados e, internamente, optou-se por placas de gesso acar-tonado. A cobertura é composta por telhas de aço pré-pintadas, com tratamento térmico e acústico.

O projeto utiliza, ainda, sistemas integrados de ventilação e iluminação naturais: a luz do dia penetra por um lanternim e é rebatida por um plano refletor, evitando o ofuscamento, enquanto a ventilação ocorre por efeito “chaminé” – o ar entra pelos vãos nos

Corte Transversal

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> Projeto arquitetônico: José Armênio de Brito

Cruz e Renata Semin (Piratininga Arquitetos

Associados)

> Colaboradores: Fabiana Terenzi Stuchi

(coordenação de equipe), Joana Maia Rosa

Rojo, Juliana Gomes Trickett; André Álvares

Cruz Procópio e Davi Lemos de Moura Lacerda

(estagiários)

> Área construída: 3.164 m2

> Aço empregado: ASTM A572 grau 50

> Cálculo estrutural: Grupo Dois Engenharia

(estrutura metálica) e TECA Engenharia

(estrutura de concreto)

> Fornecimento da estrutura metálica: Medabil

Varco-Pruden

> Execução da obra: Construtora Costa Feitosa

> Local: Campinas (SP)

> Data do projeto: junho a dezembro de 2004

> Conclusão da obra: março de 2005

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Imagem clássica, essência moderna

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À PRIMEIRA VISTA, É A LINGUAGEM ECLÉTICA DO INÍCIO DO SÉCULO XX QUE SALTA AOS OLHOS. UMA

ANÁLISE MAIS ATENTA, NO ENTANTO, REVELA O USO DE AVANÇADAS SOLUÇÕES ESTRUTURAIS. CONHEÇA

A BIBLIOTECA NACIONAL, UM EDIFÍCIO DE MUITOS CONTRASTES E HISTÓRIAS

Construído em 1910, o palacete da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, é um dos mais antigos edifícios bra-sileiros com estrutura exclusivamen-te metálica. À esquerda, imagens do acervo fotográfico da instituição reve-lam o audacioso sistema de estrutura metálica que sustenta os 13 mil m2 da Biblioteca. Projeto do engenheiro militar Francisco Marcellino de Souza Aguiar, o prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 1973

memória

O ESTILO ECLÉTICO DA BIBLIOTECA NACIONAL, no Rio de Janeiro (RJ), exibe uma audaciosa mistura de tendências clássicas: são colunas greco-romanas, ornamentos art nouveau e uma série de adornos que remetem à renascença italiana e ao segundo reinado francês. Por trás desta profusão de elementos, no entanto, escon-dem-se modernas técnicas construtivas, que compõem um sistema estrutural capaz de surpreender os arquitetos do século XXI.

O prédio, que ficou conhecido como palacete, saiu da prancheta do engenheiro militar Franscisco Marcellino de Souza Aguiar, em 1910. O inusitado, para a época, foi a opção pela estrutura metálica, o que agilizou a execução da obra e representou um grande progresso em relação aos sistemas estruturais até então difundidos no Brasil.

Plantas e imagens do arquivo fotográfico da biblioteca reve-lam que a edificação foi erguida a partir de um ousado sistema de estrutura metálica, de quase 50 m de altura, posteriormen-te revestido por alvenaria convencional. “A estrutura metálica, embora oculta pela alvenaria, é o elemento-guia para a cons-trução do edifício e seu sistema de sustentação”, explica Luiz Antônio Lopes de Souza, chefe do Departamento de Arquitetura da Biblioteca Nacional.

No mesmo período, o aço foi utilizado em outros edifícios cariocas, como o Teatro Municipal e a Fundação Oswaldo Cruz. Nestes exemplos, porém, o metal aparece apenas na estrutura das lajes e em alguns pisos – nunca nas paredes. Já na Biblioteca Nacional, a estrutura é exclusivamente metálica. “Certamente, aqui foram aplicadas as mais modernas técnicas disponíveis na época”, completa Lopes de Souza.

Em 1973, a Biblioteca Nacional foi tombada pelo Patrimônio Histórico, o que contribuiu para a conservação do prédio. Seu acervo também mereceu cuidados especiais: hoje, suas cerca de nove milhões de peças, entre inúmeras raridades e documentos históricos, podem ser encontradas em perfeito estado de conser-vação. Segundo a Unesco, a Biblioteca Nacional é, atualmente, a oitava biblioteca nacional do mundo e também a maior da América Latina. (C.P.) M

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EXPRESSÃO GENUÍNA DA CULTURA BRASILEIRA, TRADICIONAL FEIRA DO NORTE DO PAÍS GANHA UMA ORGA-

NIZAÇÃO NOVA E EFICIENTE, A PARTIR DAS ENGENHOSAS SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS OFERECIDAS PELO AÇO

A proposta para a nova Feira da Cidade, em Ananindeua (PA), priorizou a organização, a infra-estrutura e a circulação. O pavilhão foi concebido a partir de módulos hexagonais em aço, que se interconectam e formam um único sistema. Para a cobertura, a escolha recaiu sobre uma membrana têxtil, confeccionada em fibras de poliéster e PVC. À noite, o visual impactante é promovido pela alter-nância entre membranas translúcidas e do tipo blackout, que criam um jogo de luz e sombras

Popular e high-tech

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Em toda a megaestrutura, foram utilizadas 75 toneladas de aço, entre tubos, chapas e cabos. Os módulos metálicos com configuração do tipo tenda cônica (ao lado) são os elementos de maior porte no conjunto, mas utilizados em menor número – apenas duas vezes. As tendas são sus-tentadas por uma estrutura externa à cobertura, composta por dez mastros monumentais em aço que envolvem duas cúpulas vazadas, as quais, por sua vez, suportam as membranas

CORES, CHEIROS E SABORES DO BRASIL se misturam em uma das mais tradicionais feiras populares da região Norte. Estamos na Feira da Cidade, localizada no município de Ananindeua, região metropolitana de Belém (PA), onde podemos encontrar, literalmente, de tudo um pouco: peixes e caranguejos, frutas e legumes, artesanato e artigos típicos.

Com a oferta variada e um intenso fluxo de visitantes, o comércio ferve. Mas, ao contrário do que se poderia supor, a atmosfera não é caótica – e sim limpa, organizada, convidati-va. Quem se aventura em seus mais de 3 mil m2 tem o prazer de descobrir que, ali, há espaço livre para circulação, boxes e bancas separados por categoria e, sobretudo, infra-estrutura adequada para armazenar e expor alimentos com higiene.

O quadro atual é resultado do projeto dos arquitetos José Maria Coelho Bassalo e Flávio Campos do Nascimento, que ideali-zaram, a pedido da Prefeitura de Ananindeua, um pavilhão inte-

ligente para abrigar a antiga Feira do Quatro, uma área de livre comércio até então marcada pela desordem, porém de grande importância econômica e social para a cidade.

As linhas traçadas pela dupla resul-taram em um complexo funcional, sim, mas também tecnicamente avan-çado e plasticamente contemporâneo. Implantado em um lote triangular, o espaço se define pela cobertura, que, segundo os arquitetos, “é o elemento de maior importância do conjunto”.

A peça monumental foi criada a partir de uma trama de módulos metá-licos hexagonais, que apresentam três

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tipos diferentes de configurações: cáli-ce, umbrela e tenda cônica. Todas têm como matérias-primas tubos de aço, chapas planas e cabos também de aço e, apesar de serem estruturalmente independentes, se interconectam e for-mam um só sistema.

Para a cobertura, a opção recaiu sobre uma tensoestrutura confecciona-da em membrana de fibra de poliéster revestida com PVC, o que se mostrou uma solução econômica e visualmen-te impactante. À noite, a alternância entre membranas translúcidas e do tipo blackout cria um contrastante jogo de luz e sombra. Durante o dia,

protege contra as intempéries sem pri-var o local da iluminação natural.

A obra, executada em apenas três meses, é emblemática não apenas quanto à eficiente combinação de for-mas e materiais, mas também quanto ao impulso que fornece à revitaliza-ção de pontos tradicionais da região metropolitana de Belém: faz parte de uma série de projetos contratados pelo poder público para reorganizar os espa-ços e garantir mais qualidade de vida à população. (C.P.) M

Elevação oeste

A tensoestrutura, confeccionada em membrana de fibra de poliéster revestida com PVC, cobre uma área de 3 mil m2. Segundo os arquitetos, a opção por uma solução têxtil para a cobertura se mostrou barata e, ao mesmo tempo, plasticamente interessante. O resultado é um espaço moderno, mas ainda com ares de feira itinerante

> Projeto arquitetônico:

José Maria Coelho Bassalo

e Flávio Campos do

Nascimento (Meia Dois Nove

Arquitetura & Consultoria)

> Colaboradores: Kyara Altoé

Rigoni Corrêa e Renata

Leitão Barroso

> Área construída: 3.127 m2

> Aço empregado: ASTM A36

> Cálculo estrutural: Paulo

André Brasil Barroso

(metálica e membrana),

e Reinaldo Jansen Silva

e Joffre Mizaell da Silva

Bentes (concreto)

> Fornecimento da estrutura

metálica: Metalco

> Execução da obra: Decol

Engenharia e Comércio,

Tecno Staff Engenharia

e Formatto Coberturas

Especiais

> Local: Ananindeua, PA

> Data do projeto: fevereiro

de 2005

> Conclusão da obra:

setembro de 2006

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DESTE CONJUNTO DE 14 BARRACÕES METÁLICOS, SAEM TODAS AS FANTASIAS E ALEGORIAS

QUE DÃO VIDA AO CARNAVAL CARIOCA: SEJA BEM-VINDO À CIDADE DO SAMBA

É CARNAVAL O ANO INTEIRO NA CIDADE DO SAMBA. Localizada no bairro de Gamboa, na zona portuária da cidade maravilhosa, a área foi construída para abrigar, lado a lado, as oficinas de produção de todas as escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Superando as expectativas, hoje funciona como um importante centro de entre-tenimento, com as portas sempre abertas para a folia.

O projeto, assinado pelo escritório Ciclo Design, dos arquitetos João Uchôa e Vitor Wanderley, dispôs os 14 barracões das escolas em torno de uma praça central, onde podem ser realizados shows e eventos. “A criação deste espaço foi o fator determinante para o sucesso da proposta: sem que os clientes pedissem, oferecemos a eles uma fonte de renda viável e consistente”, conta Wanderley.

A partir desta idéia, a Cidade do Samba deixou de ser apenas o parque industrial do carnaval e se transformou em um endereço com identidade própria – e inegável vocação para ponto turístico.

A tenda de shows (acima) transformou a Cidade do Samba em atração turística. Abaixo, detalhe da passarela metálica, de onde os visitantes podem avistar o interior das fábricas

Fábrica de sonhos

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Para a criação das oficinas, os arqui-tetos privilegiaram a funcionalida-de. Depois de passar quase dois anos visitando os barracões improvisados que a maioria das escolas utilizava até então, eles descobriram suas prin-cipais carências e necessidades. De posse destas informações, criaram um projeto sob medida para essa indústria tão peculiar.

Cada barracão tem quatro pavimen-tos. O primeiro, destinado à montagem dos carros alegóricos, tem pé-direito duplo e infra-estrutura adequada para a realização de serviços de serralheria, carpintaria e vidraçaria, além de depó-sito de materiais. O segundo é reserva-do para cozinha, refeitório e vestiários. No terceiro, ficam os escritórios e salas administrativas. No quarto, espaço para a criação de fantasias e adereços.

Os pavilhões, contam os arquitetos, foram visualmente inspirados nos anti-gos armazéns existentes na região. A solução construtiva, no entanto, é atual: painéis pré-fabricados de concreto ins-talados sobre uma estrutura de perfis de aço. “Esta combinação de matérias-primas se mostrou extremamente efi-ciente. O resultado foi uma obra rápida e fácil de montar”, afirma Wanderley.

Também em aço, uma imensa pas-sarela percorre externamente todos os prédios, acompanhando o traçado geo-métrico da implantação do conjunto. Deste ponto privilegiado, o visitante pode assistir, de camarote, aos barra-cões em plena atividade. Sem dúvida, agora o espetáculo do carnaval cario-ca começa muito antes de chegar à Sapucaí. (C.P.) M

> Projeto arquitetônico: João Uchôa e Vitor Wanderley (Ciclo Design)

> Colaboradores: André Fernandes, Bárbara Urbano e Paulo

César Telles

> Área construída: 98.110 m²

> Aço empregado: aço patinável de maior resistência à corrosão

> Cálculo estrutural: eng. Gilberto do Valle (Projest Engenharia)

> Fornecimento da estrutura metálica: Codeme

> Execução da obra: Delta Construções e Construtora Oriente

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Data do projeto: agosto de 2003

> Conclusão da obra: fevereiro de 2006

Situada em uma área de 92 mil m², a Cidade do Samba reúne as oficinas de produção de todas as escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro em torno de uma praça central, destinada à realização de eventos e espetáculos. Abaixo, um registro da montagem dos pavilhões: as obras consumiram mais de 340 toneladas de aço

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expediente

Revista Arquitetura & Aço Uma publi ca ção tri mes tral da Quadrifoglio Editora para o CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço)CBCA: Av. Rio Branco, 181 – 28º andar20040-007 – Rio de Janeiro/RJTel.: (21) [email protected]

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PRÓXIMAS EDIÇÕES:

Edifícios de múltiplos andares – março de 2008

Equipamentos urbanos – junho de 2008

Escadas e marquises – setembro de 2008

Coberturas e fechamentos – dezembro de 2008

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podem ser enviadas para o CBCA e serão ava-

liadas pelo Conselho Editorial de Arquitetura

& Aço. Entretanto, não nos comprometemos

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deverá ser acompanhado de uma autorização

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rial recebido será arquivado e não será devol-

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tor) e dados do arquiteto (endereço, telefone

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