Revista Brasileira de Fisiologia -...

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www.atlanticaeditora.com.br 14 anos Revista Brasileira de FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Brazilian Journal of Exercise Physiology volume 12 - número 01 • Janeiro/Fevereiro 2013 ESPORTE Treinamento físico personalizado Voleibol e desenvolvimento infantil ORTOPEDIA Tratamentos na síndrome femoropatelar IMUNOLOGIA Células natural killer e efeito do treinamento FISIOLOGIA Alongamento estático sobre o teste de 1RM Reexpansão pulmonar em trauma raquimedular Exercício físico e estresse oxidativo Consumo máximo de oxigênio e percentual de gordura volume 12 - número 01 • Janeiro/Fevereiro 2013 ISSN 16778510

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www.atlanticaeditora.com.br

14 anos

R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

Fis iologiado e x e r c í c i oÓrgão Ofic ial da Sociedade Brasi le ira de Fis iologia do Exercíc io

B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y

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ESPORTE• Treinamento físico personalizado• Voleibol e desenvolvimento infantil

ORTOPEDIA• Tratamentos na síndrome

femoropatelar

IMUNOLOGIA• Células natural killer e efeito

do treinamento

FISIOLOGIA• Alongamento estático sobre o teste

de 1RM• Reexpansão pulmonar em trauma

raquimedular• Exercício físico e estresse oxidativo• Consumo máximo de oxigênio

e percentual de gordura

MR

volume 12 - número 01 • Janeiro/Fevereiro 2013 ISSN 16778510

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durante a realização de um treinamento intenso e, por isso, é importante para melhores efei-

tos ergogênicos. Durante esse processo é importante fornecer módulos nutricionais adequa-

dos para o fortalecimento muscular. O Heavy Bomber Pack® atuará nesse fortalecimento

ao manter o estado contínuo de anabolismo muscular e por fornecer um mix de nutrientes

específicos para a formação de energia e contração muscular. A recuperação de energia de

forma instantânea se dá pelo uso do ISO Waxy Maize®, que garante a reposição do glico-

gênio muscular. Além disso, é de extrema importância estabelecer métodos para evitar a

perda de massa magra que ocorre, principalmente, durante os treinos. Desse modo, o uso de

ISO Casein® e BCAA Heavy Bomber® serão os principais responsáveis pela recuperação e

manutenção da massa muscular no pós-treino e ao longo do dia e da noite.

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1Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Na busca pela diminuição da gordura corporal, a L-Carnitine Fire® gera o melhor estímulo

para a diminuição da gordura acumulada no corpo. Isso ocorre devido a geração de energia

direta a partir de lipídios e pela rápida ação devido ao seu uso sublingual. O poder da L-Car-nitine Concentrated® durante os treinos garante um estímulo maior para a diminuição do

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gênio muscular. Além disso, é de extrema importância estabelecer métodos para evitar a

perda de massa magra que ocorre, principalmente, durante os treinos. Desse modo, o uso de

ISO Casein® e BCAA Heavy Bomber® serão os principais responsáveis pela recuperação e

manutenção da massa muscular no pós-treino e ao longo do dia e da noite.

Lanche da manhã: ½ porção de Iso Casein®Pré-treino: 1 pack do Heavy Bomber® + 1 porção de L-Carnitine Fire®Durante o treino: 1 porção de L-Carnitine Concentrated®Pós-treino: 1 porção de BCAA Heavy Bomber® + 2 cápsulas de ZMA Way® + 1 porção de ISO Waxy Maize®Antes de dormir: ½ porção de Iso Casein®

Felipe Franco MIDWAY TEAM

uso combinadovocê muito maisdefinido

Associação de suplementos com rápida ação e melhor eficiência.

INVESTIMENTOEFICIÊNCIAVELOCIDADE

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 20132

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F I s I O l O g I Ado e x e r c í c i oÓrgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y

Sociedade Brasileira de Fisiologia do ExercícioCorpo Diretivo: Paulo sérgio C. gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da silva soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu

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Editor ChefePaulo de Tarso Veras Farinatti

Editor AssociadoPedro Paulo da silva soares

Walace Monteiro

Conselho EditorialAmandio Rihan geraldes (Al)Antonio Carlos gomes (PR)

Antonio Cláudio lucas da Nóbrega (RJ)Benedito sérgio Denadai (sP)Dartagnan Pinto guedes (PR)

Douglas s. Brooks (EUA)Emerson silami garcia (Mg)

Francisco Martins (PB)Francisco Navarro (sP)

luiz Carnevali (sP)

luiz Fernando Kruel (Rs)Martim Bottaro (DF)

Patrícia Chakour Brum (sP)Paulo sérgio gomes (RJ)Robert Robergs (EUA)Rosane Rosendo (sC)sebastião gobbi (sP)steven Fleck (EUA)

Yagesh N. Bhambhani (CAN)Vilmar Baldissera (sP)

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Administração e vendasAntonio Carlos Mello

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Atlântica Editora e shalon Representações

Praça Ramos de Azevedo, 206/1910Centro 01037-010 são Paulo sP

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Assinatura1 ano (6 edições ao ano): R$ 260,00

Editor executivoDr. Jean-louis Peytavin

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Direção de arteCristiana Ribas

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Editorial

Diversidade e novos horizontes para o exercício físico, Paulo Farinatti, Editor-Chefe da RBFEx ........................................................................................... 6

artiGoS oriGiNaiS

Influência do alongamento estático sobre o teste de 1RM, luiz Alberto Werneck, Eduardo lattari, sergio Machado ................................................................. 7

Consumo máximo de oxigênio e percentual de gordura em universitários, Igor larchert Mota, Jair sindra Virtuoso Junior ............................................................................. 13

Efeito agudo do exercício físico intenso no balanço oxidante e redutor no sangue de indivíduos ativos, Albená Nunes da silva, Clara Araujo Veloso, Rodrigo salles Amaral, Caroline Maria de Oliveira Volpe, José Augusto Nogueira Machado, Danusa Dias soares ......................................................... 19

Perfil morfofuncional e objetivo de sujeitos que procuram treinamento físico personalizado, Beatriz lopes de Almeida, Alexandre Correia Rocha, Dilmar Pinto guedes Junior ........................................................................................................... 28

Influência da iniciação ao voleibol na aptidão física e desempenho motor de crianças do quarto ano do ensino fundamental, Juliana Victer da silva Fraga, Roberto Pereira de Oliveira, Tomires Campos lopes .................................................... 33

rElato dE CaSo

A efetividade do treino de ortostatismo progressivo na reexpansão pulmonar em trauma raquimedular alto, Caroline Andréia Pizano, Melina Tarossi, Rodrigo Marques Tonella, Cristiane Delgado Alves Rodrigues, Núbia Maria Freire Vieira lima, shirley Mandu, Daniele Mascarenhas .......................................... 40

rEViSÕES

Células natural killer e o efeito do treinamento, grasiely Faccin Borges, Ana Maria Miranda Botelho Teixeira, luís Manuel Pinto lopes Rama ........................................... 45

Protocolos de tratamento na síndrome femoropatelar, Alisson guimbala dos santos Araujo, Nayara Menezes Pereira ........................................................ 55

NorMaS dE PUBliCaÇÃo ...........................................................................................62

EVENtoS .............................................................................................................................63

Índicevolume 12 número 1 - janeiro/fevereiro 2013

R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

F I s I O l O g I Ado e x e r c í c i oÓrgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 20136

Editorial

diversidade e novos horizontes para o exercício físico

Paulo Farinatti, Editor-Chefe da RBFEx

Neste primeiro número do ano de 2013, apresentamos seis estudos originais, um relato de caso e duas revisões da literatura. No campo do treinamento físico, grupo do Rio de Janeiro analisa a influência de exercícios de alongamento sobre a força máxima, enquanto estudo de Minas gerais descreve a influência de exercício intenso no balanço oxidante no sangue.

As relações entre exercício e aspectos da pro-moção da saúde são abordadas em estudos sobre consumo de oxigênio e percentual de gordura em universitários da Bahia e perfil morfofuncional de indivíduos que procuram treinamento personali-zado na região de santos/sP.

Interessante trabalho sobre iniciação ao volei-bol em crianças do ensino fundamental e apresen-tado por grupo do Rio de Janeiro, enquanto as relações entre formato do pé e entorses do torno-zelo foram investigadas por equipe do Paraná. O relato de caso vem de Campinas/sP, descrevendo

como o treino de ortostatismo progressivo poderia influenciar na reexpansão pulmonar em pacientes com trauma raquimedular. Fecham a presente edição duas revisões, respectivamente vindas de grupos do Amazonas e santa Catarina, sobre o efeito do treinamento sobre células natural killer e protocolos de tratamento da síndrome femoropatelar.

Em poucas palavras, um conteúdo diversifi-cado, rico e oriundo de diversas partes do país, nas quais grupos com diferentes formações vêm produzindo conhecimento de qualidade e com grande potencial de aplicação na rotina dos profis-sionais que lidam com prescrição do exercício em contextos vários. A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício, como se percebe, busca refletir essa diversidade.

Aos nossos leitores, bom proveito!

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7Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

artiGo oriGiNal

Influência do alongamento estático sobre o teste de 1rM

Influence of static stretching on the 1RM test

luiz Alberto Werneck*, Eduardo lattari**, sergio Machado, D.sc.***

*Especialista em Personal training e musculação (FAMATH-RJ), Laboratório de Biodinâmica, Univer-sidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, **Mestrando em Ciências do Exercício e do Esporte (PPGCEE- UGF/RJ), Laboratório de Neurociência do Exercício- Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, ***La-boratório de Pânico e Respiração do IPUB/UFRJ, Programa de Quiropraxia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Central (UCEN)- Chile, Laboratório de Neurociência da Atividade Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Atividade Física (PPGCAF), Universidade Salgado de Oli-veira, Niterói/RJ (UNIVERSO)

Resumo O objetivo deste trabalho foi verificar se 1 série de

10 segundos de alongamento estático poderia reduzir as cargas mobilizadas no teste de 1RM. A amostra foi composta de 10 homens participantes de um programa de musculação por pelo menos 1 ano. A amostra foi dividida em 2 grupos de 5 indivíduos de maneira aleatória formando 10 pareamentos em um tratamento cruzado em que cada grupo era seu próprio controle. No primeiro dia, cinco sujeitos realizaram o teste com o prévio alongamento e os outros cinco não. No segundo dia, inverteu-se o procedimento. Os resultados demonstraram que a aplicação prévia de uma série com 10 segundos de permanência do alongamento estático não levou a perda de força no teste de 1RM. Concluiu-se que a realização de uma série de dez segundos de alongamento estático antes do início do treinamento contra resistência não prejudica o desenvolvimento da força. Palavras-chave: alongamento estático, força muscular, 1RM

AbstractThe aim of this study was to verify if 10 seconds

of static stretching could reduce the loads mobilized in 1RM test. The sample was composed of 10 young healthy men and participants of a bodybuilding pro-gram for at least 1 year. The sample was divided into 2 groups of 5 individuals randomly forming 10 pairings in a crossover treatment where each subject was its own control. Two sessions were held in order to obtain reliability in 1RM test. On the first day, five subjects performed the test with the prior stretching and the other ones not. On the second day, the procedure was reversed. The results showed that the prior performance of a 10 seconds static stretching did not result in loss of strength in 1RM test. It was concluded that a series of ten seconds of static stretching before counter resis-tance training does not reduce strength developmentKey-words: static stretching, muscular strength, 1RM.

Recebido em 7 de setembro de 2012; aceito em 4 de janeiro de 2013. Endereço para correspondência: Sergio Machado, Laboratório de Neurociência da Atividade Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Atividade Física (PPGCAF) - Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, Rua Ferreira Viana, 62/601, 22410-040 Rio de Janeiro RJ, E-mail: [email protected]

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 20138

Introdução

Dentro de um programa global de condiciona-mento, a compatibilidade e a priorização são funda-mentais na integração dos diferentes componentes da aptidão física. É comum, num programa de treinamento que vise à saúde, à estética ou à perfor-mance, a realização de exercícios de alongamento, força muscular e atividades aeróbicas, sendo que, o alongamento, é normalmente utilizado na fase de aquecimento [1-5] e de volta a calma [6]. No primeiro caso, é utilizado como forma de preparar o sistema músculo-articular para um esforço físico, através da deformação elástica e, de acordo com Evetovich et al. [4], smith [7], Worrel et al. [8] e Pinfildi et al. [9], como prevenção de lesões, apesar desta afirmação estar sendo posta em dúvida nos últimos anos [3,5,10-12]. No segundo caso, ou seja, na volta à calma, os exercícios de alongamento são utilizados com o intuito de provocar um relaxa-mento, pela diminuição da tensão passiva [6]. En-tretanto, o efeito que um trabalho de alongamento pode ter sobre a força muscular ainda é bastante controvertido [13]. Alguns autores demonstraram uma redução na capacidade de gerar tensão nos músculos previamente submetidos a uma sessão de alongamento. Algumas revisões evidenciaram que o alongamento antecedendo a uma atividade de força muscular acarreta queda no desempenho de força [14,15]. Entretanto, em uma importante revisão, Rubini et al.[16] destacaram que, embora a maioria dos estudos encontrasse diminuições agudas na força, quando precedida de exercícios de alongamento, tais diminuições pareciam ser mais proeminentes em protocolos mais longos de alongamento (número de exercícios e séries, e a duração de cada série) que, no geral, excediam as escalas normalmente recomendadas na literatura. Consequentemente, a duração dos estímulos era excessivamente longa comparada com a prática comum, assim, fazendo evidente a necessidade de mais estudos adicionais. Outro fator importante é o método de alongamento utilizado, já que as respostas sobre a força muscular são diferenciadas mediante o método que se aplique, podendo acar-retar tanto em ganhos (balístico) [17-19] como em perdas de força (estático e facilitação neuromuscu-lar proprioceptiva-FNP) [20-23].

Portanto, o objetivo deste trabalho foi verifi-car se, utilizando como método o alongamento estático, executando apenas uma série de dez segundos, haveria redução das cargas mobilizadas no teste de 1RM.

Material e métodos

Amostra

A amostra foi composta de 10 sujeitos com média de idade de 23,3 ± 2,98, peso 84,9 ± 4,7 e estatura de 1,81 ± 0,04, praticantes de treinamento de força há no mínimo um ano, sem histórico de lesão, e aptos para a realização de testes e treinamen-tos específicos. Após serem previamente esclarecidos sobre os propósitos da investigação e procedimentos aos quais seriam submetidos, os indivíduos assina-ram um termo de consentimento livre e esclarecido.

Os dez sujeitos foram divididos em dois gru-pos de cinco indivíduos, de maneira aleatória, para a realização dos procedimentos com e sem alongamento, de modo a formarem 10 parea-mentos, em um tratamento cruzado em que cada sujeito era seu próprio controle. Este estudo está de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.

Teste de 1RM para o exercício do supi-no reto

Para coleta de dados, foi aplicado, para os dez sujeitos da amostra, o teste de uma repetição máxima (1RM), sendo realizado em dois dias diferentes, com intervalo de 48 horas entre eles e sendo utilizado o exercício do supino reto. As duas sessões de teste de 1RM para o exercício de supino reto tiveram, como objetivo, a familiarização com o procedimento e a obtenção da fidedignidade das cargas.

As seguintes estratégias foram adotadas, durante o teste de 1RM, para reduzir erros de execução: • Todos os participantes da pesquisa foram devi-

damente instruídos quanto aos procedimentos do teste e técnica de execução no exercício de supino reto;

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9Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

• Todos os testes foram realizados no mesmo horário para o mesmo indivíduo;

• Os equipamentos utilizados para os testes e para o treinamento foram devidamente che-cados;

• Como padronização da amplitude do movi-mento, os sujeitos deveriam tocar a barra na caixa torácica no final da fase excêntrica, em cada repetição executada;

• Foi permitido aos sujeitos a realização de um aquecimento específico que consistiu na execução do próprio supino reto, seguindo-se as recomendações do American College of sports Medicine’s guidelines [24]: 1 série de 5 a 10 repetições com uma carga de 40 a 60 % de 1 RM, e uma segunda série, 1 minuto depois, de 3 a 5 repetições com uma carga de 60 a 80 % de 1 RM. Após o aquecimento, foi dado um intervalo de 5 minutos antes do início dos testes.

Aplicação experimental

Verificada a fidedignidade das cargas obtidas no teste de 1RM para o exercício de supino reto, foram realizadas duas etapas para verificar a in-fluência do alongamento estático passivo sobre a força desenvolvida no teste de 1RM.a) 1º dia – Nesta etapa, cinco sujeitos realizaram

o teste de 1RM com o prévio alongamento e os outros cinco realizaram o teste de 1RM sem o alongamento prévio;

b) 2º dia – Nesta última etapa, os cinco sujeitos que realizaram o teste de 1RM sem o alonga-mento, dessa vez realizaram com o alongamen-to prévio. Os outros cinco que realizaram com o alongamento no primeiro dia, realizaram sem o alongamento nesse segundo momento.Foi realizada uma série de alongamento assis-

tido passivo que seguiu a seguinte rotina: com o sujeito de costas, o avaliador, segurando-o pelas mãos, realizou-lhe uma abdução no plano hori-zontal, mantendo os braços aproximadamente no nível dos ombros, até uma posição que o aluno relatasse um ligeiro desconforto. O tempo de duração do alongamento foi de 10 segundos, por estar próximo do tempo normalmente utilizado nas academias pelos praticantes de musculação. O tempo entre a realização do alongamento e o

início da execução do exercício foi de 30 segundos. As duas sessões dos procedimentos experimen-tais foram realizadas com um intervalo de 48 horas entre elas, no mesmo horário, pelo fato da capacidade de produzir força oscilar durante o dia [25]. Os indivíduos foram orientados a não realizar atividade física até o momento da coleta dos dados, além de não realizar trabalhos contra resistência utilizando a musculatura solicitada no teste, no dia que precedia cada etapa. Antes dos testes, foi realizado um aquecimento localizado, para, possivelmente, melhorar a capacidade de desempenho neuromuscular e reduzir o risco de lesões [26].

Análise estatística

Para verificar as cargas obtidas nos testes de 1RM, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson, enquanto que para verificar a influência do alongamento estático antecedendo ao teste de 1RM, foi utilizado um teste “t” student pareado.

Resultados

Através do coeficiente de correlação de Pearson foi observada uma alta correlação (r = 0,98) nos testes de 1RM. Além disso, foi observado, atra-vés do teste t student, que não houve diferenças significativas entre a aplicação ou não do alonga-mento estático passivo antecedendo ao exercício de supino (Figura 1).

Figura 1 - Comportamento da força muscular no teste de 1RM sem e com utilização de alongamento estático.

Sem alongamento Com alongamento

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Com

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201310

traram não haver interferência. Em concordância, Mello e gomes [13], utilizando 2 séries de 15, 30 e 60 segundos de insistência, também não encon-traram efeitos deletérios do alongamento prévio ao trabalho de força. Dos estudos revisados neste trabalho, com exceção ao de Mello e gomes [13] e Prati et al. [14], nenhum utilizou um tempo de insistência próximo ao comumente utilizado pelos praticantes de atividade física contra resistência que é de 10 segundos.

Vários autores propõem explicações para a redução da força após a realização de exercícios de alongamento, tais como alteração das propriedades viscoelásticas do músculo [45,46], redução da rigi-dez muscular esquelética e a tensão passiva [45,47], diminuição da ativação das unidades motoras após os exercícios de alongamento [37] e ativação dos órgãos tendinosos de golgi e dos receptores de dor que inibem a produção de força [38].

De acordo com o estudo de Wilson et al. [48], um sistema músculo-tendão mais maleável teria um período em que seu comprimento estaria reduzido, com ausência de sobrecarga, até que houvesse o ajustamento dos componentes elásti-cos para a transmissão da força. Este fato colocaria o componente contrátil numa posição menos favorável em termos de produção de força nas curvas de força-comprimento e força-velocidade. Porém, estas alterações talvez só ocorram com tempos de estimulação suficientemente altos [12].

Conclusão

Ao comparar os resultados do teste de 1RM com e sem a utilização prévia de alongamento, observou-se que não houve diferenças significa-tivas entre os procedimentos, o que leva a crer que a realização de uma série com 10 segundos de permanência de alongamento estático, antes do início do treinamento contra resistência, não é contra producente para o mesmo.

Isso é de suma relevância para o profissional de educação física que prescreve seus exercícios dentro de academias e ambientes relacionados à prática esportiva. sugere-se que estudos eletro-miográficos sejam feitos para observar se há ou não uma menor ativação da musculatura agonista após uma sessão de alongamento, durante testes de força máxima.

Discussão

Os métodos de alongamento, com intuito de promover o aumento da flexibilidade, mais utili-zados nas academias, previamente aos exercícios contra resistência são: estático, balístico e o de facilitação neuromuscular proprioceptiva [9,12].

A necessidade do aprimoramento dos 2 com-ponentes da aptidão física, força e flexibilidade, para a manutenção da qualidade de vida e a apa-rente incongruência entre eles numa mesma sessão de treinamento, pelo fato do alongamento poder ter um efeito negativo sobre a força, faz com que vários estudos sejam realizados com o objetivo de esclarecer este ponto.

Os estudos que analisaram a influência do alongamento nos exercícios de força são muito controversos, possivelmente pelo fato do tempo de duração e o tipo de alongamento variarem muito entre eles. Quando trabalhos de alongamento estático foram realizados imediatamente antes, diversos estudos [1,4,20,21,27-41] demonstraram uma diminuição do desempenho nos exercícios de força.

grande parte dos estudos citados acima utilizou um tempo de permanência acima da realidade utilizada em ambientes de academia. Outro ponto importante é o tipo de alongamento utilizado. As pesquisas demonstram que os tipos de alongamento podem influenciar de formas distintas a força muscular. Destes, o alongamento estático e as técnicas de FNP demonstraram um efeito deletério sobre as diversas manifestações da força muscular, conforme verificado em estudos realizados [20-23]. Já o tipo de alongamento executado de maneira dinâmica (balístico), pode acarretar até mesmo em ganhos de força muscular, conforme descritos em outras pesquisas realizadas [17,19,42]. O fato de realizar um teste de força di-nâmica máxima e protocolos de treinamento que utilizam força submáxima (90% de 1RM) imedia-tamente após a aplicação do alongamento estático passivo pode influenciar nas respostas imediatas sobre a força. Foi observado que três séries com 10 segundos de duração foram o suficiente para acarretar na perda de força verificada através de um volume total de treinamento executado no exercício de supino [14]. Em oposição, os estudos de garrison et al. [43] e Cramer et al. [44], mos-

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13Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

artiGo oriGiNal

Consumo máximo de oxigênio e percentual de gordura em universitários

Maximal oxygen intake and fat percentage in university students

Igor larchert Mota*, Jair sindra Virtuoso Junior, D.sc.**

*Fisioterapeuta Graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória com ênfase em UTI/FAINOR, Mestrando em Ciências da Saúde/UFS, **Graduado em Educação Física, Professor adjunto da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

ResumoIntrodução: A aptidão física é um determinante

no desempenho das tarefas diárias de um indivíduo, e algumas qualidades físicas, a exemplo da capacidade cardiorrespiratória e da composição corporal estão relacionadas à saúde. Objetivo: Analisar a relação do consumo máximo de oxigênio com o percentual de gordura em universitários. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo e analítico, de corte transversal, cuja amostra selecionada por conveniência foi composta por 55 universitários, com a média de idade de 21 anos (± 2,8). Para coleta dos dados, foi utilizado o teste máximo de Balke (bicicleta) na avaliação da capacidade cardiorrespiratória (VO² em ml/kg.min-1) e a medida

de quatro dobras cutâneas (subescapular, tríceps, suprailíaca, panturrilha). Na análise dos dados foram utilizados procedimentos da estatística descritiva e medidas de correlação (sperman), p < 0,05. Resultados: A média do VO² foi de 41,8 ml/kg.min-1 (± 13,8) e do percentual de gordura 19,9 (± 7,4). Na correlação verificou-se uma relação inversa, ou seja, à medida que o percentual de gordura aumenta há uma diminuição na condição cardiorrespiratória dos sujeitos avaliados (rho = -0,55). Conclusão: Os resultados permitem concluir que a quantidade de gordura corporal é um determinante no desempenho cardiorrespiratório em jovens universitários. Palavras-chave: distribuição da gordura corporal, aptidão física, consumo de oxigênio.

Recebido em 15 de agosto de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Igor Larchert Mota, Rua 2, n°291 Lot. Mar de Rosas, 49030-210 Aracaju SE, E-mail: [email protected]

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201314

Introdução

A nova era da mecanização, da automação e da computação eximiu os homens das tarefas físicas mais intensas no trabalho e nas atividades da vida diária. Atualmente, observa-se uma trans-formação notável de uma sociedade acostumada aos trabalhos pesados (fisicamente ativa), para uma população de cidadãos urbanos ansiosos e estressados e de suburbanos com pouca ou ne-nhuma oportunidade para o envolvimento em atividades físicas.

A associação entre a prática de atividade fí-sica e melhores padrões de saúde é amplamente difundida. Entretanto, apenas recentemente (30 a 40 anos atrás), pôde-se admitir que o baixo nível de atividade física fosse fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis [1].

Uma boa aptidão aeróbia ajuda a prevenir doenças cardíacas, alguns tipos de câncer, diabetes, hipertensão, obesidade, osteoporose entre outras doenças crônicas, por outro lado, os esportes que envolvem componentes aeróbios como correr, pedalar e nadar proporcionam um bom desenvol-vimento dessa capacidade aeróbica e consequente-mente a prevenção destas patologias crônicas [2].

Os componentes da aptidão física relaciona-dos à saúde compreendem consumo máximo de oxigênio (VO2máx), composição corporal, força muscular, flexibilidade e tolerância ao estresse [3].

O consumo máximo de oxigênio (VO2máx) é também apresentado como a melhor vari-

ável utilizada para determinar e classificar o condicionamento aeróbio de uma pessoa. Ele representa a quantidade máxima de oxigênio que pode ser captado, transportado e con-sumido pelo metabolismo celular enquanto uma pessoa desempenha exercícios dinâmicos envolvendo grandes massas musculares, além de sofrer influência das variáveis: idade, sexo, nível de condicionamento, hereditariedade e estado clínico cardiovascular [4]. Além disso, é influenciado pelas variáveis idade, sexo, hábitos de exercício, hereditariedade e estado clínico cardiovascular. É, igualmente, conhecido como potência aeróbica máxima, por sua medida ser descrita, tanto na forma relativa como na forma absoluta, em volume de oxigênio (mililitros ou litros) por minuto. seus valores podem ser determinados tanto de forma direta, através da análise de gases inspirados e expirados por meio de um espirômetro durante um teste de esforço máximo, como de forma indireta através da avaliação de determinadas variáveis fisiológicas e físicas coletadas durante um teste de esforço máximo e submáximo, cujos valores são inseri-dos dentro de modelos matemáticos [5].

A composição corporal, assim como o con-dicionamento cardiorrespiratório, é considerada uma qualidade física relacionada à saúde. Ela tem sido usada como parâmetro para vários segmentos da atividade física e desempenho pro-fissional e é de grande importância na orientação dos programas de controle do peso corpóreo. O desenvolvimento precoce de doenças crônicas

AbstractIntroduction: Physical fitness is an individual deter-

minant to perform daily tasks, and some physical qua-lities, for example, cardiorespiratory capacity and body composition are related to health. Objective: To analyze the relationship between the maximal oxygen intake and the percentage of fat in university students. Me-thods: This is a descriptive and analytic cross-sectional study, which was selected by convenience sample and consisted of 55 students, with a mean age of 21 years (± 2.8). Data was collected using the Balke VO2max Test (bicycling) in the capacity cardiorespiratory eva-luation (VO ² in ml/kg.min-1) and the four skinfolds measurement (subscapular, triceps above iliac, calf ).

Data analysis used descriptive statistics and sperman correlation measures, p < 0.05. Results: The average of the maximal oxygen intake was 41.8 ml/kg.min-1 (sD = 13.8) and the fat’s percentage of 19.9 (± 7.4). When examined the relationship between the variables of the study, there was an inverse relationship, i.e. when the percentage of fat increases was observed a decreasing in the cardiorespiratory capacity of the evaluated subjects (rho = -0.55). Conclusion: The results suggested that the amount of body fat is a determinant of cardiores-piratory capacity in university students. Key-words: body fat distribution, physical fitness, oxygen intake.

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15Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

não transmissíveis, como as cardiovasculares, hipertensão, elevados níveis de lipoproteínas de baixa densidade, entre outras, está associado sig-nificativamente com elevados níveis de gordura corporal [6,7]. Portanto, quantificar a gordura corporal com o menor erro possível torna-se fundamental, fato que tem levado pesquisadores a desenvolverem e validarem diferentes técnicas para estimá-la [8].

Nesse sentido, o ser humano resolve melho-rar a sua aptidão física no intuito de se prevenir das patologias e se tornar saudável. Portanto, ser saudável é tornar-se responsável pela sua própria saúde. O ser saudável requer um compromisso contínuo com o estilo de vida, uma grande von-tade de mudar em busca da melhor qualidade de vida e da longevidade [9].

Diante desta perspectiva, a monitorização da quantidade de gordura corporal e da prática da atividade física tem recebido notoriedade em aspectos relacionados à promoção da saúde. Na tentativa de contribuir para a elucidação do problema, o estudo procura analisar a relação do consumo máximo de oxigênio com o percentual de gordura em universitários.

Material e métodos

Sujeitos

Participaram deste estudo 55 universitá-rios, 36 homens e 19 mulheres, saudáveis, da Universidade Estadual do sudoeste da Bahia, localizada na região nordeste do Brasil. Os indivíduos foram selecionados e alocados em grupos segundo o sexo para as avaliações, no entanto, a análise dos dados foi feita sem con-siderar os gêneros.

Os critérios de inclusão da pesquisa foram: ser maior de 18 anos de idade e saudáveis. Foram excluídos da amostra os indivíduos que apresentaram qualquer doença no mo-mento da realização dos testes propostos. Os participantes conheceram os procedimentos do experimento e suas implicações (riscos e benefícios), por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido conforme recomendações da resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de saúde.

Delineamento experimental

Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal-analítico e abordagem quantitativa. Os testes para determinação das medidas antro-pométricas e VO2 foram aplicados no laboratório de exercícios resistidos do Campus de Jequié da UEsB em outubro de 2005.

Medidas antropométricas

A massa corporal foi medida em uma balança com precisão de 0,1kg (Filizola®, são Paulo, Brasil) e a estatura mensurada em um estadiômetro com precisão de 0,1 mm (Seca). A densidade corporal (DC) foi estimada pela equação generalizada de Petroski (10): 4 dobras cutâneas (tríceps, supra ilíaca, panturrilha, subescapular), e o percentual de gor-dura (%g) calculado pela equação de siri de 1961.

A técnica da espessura das dobras cutâneas como procedimento no estudo da gordura cor-poral, está baseada no princípio de que existe uma significativa relação entre a gordura situada diretamente abaixo da pele (gordura subcutâ-nea), a gordura interna e a densidade corporal [11]. No Brasil, Petroski [10] e Rodriguez-Añez [12] destacaram-se ao desenvolverem equações antropométricas para a estimativa da densidade corporal, e Petroski & Pires Neto [13] por vali-darem equações estrangeiras, a maioria de origem americana. A conversão da densidade corporal a partir dos valores das dobras cutâneas para per-centual de gordura pode ser realizada através das equações de siri (1961) e de Brozek [10]

Determinação do VO2 máx

O VO2 max foi determinado a partir do teste máximo de Balke (bicicleta), 1959. Este teste foi desenvolvido para eletrocardiografia de esforço, razão pela qual são mais indicados em indivíduos destreinados. A técnica de Balke é escalonada máxima, sem intervalos. Inicia-se o teste com uma carga de 25 Watts (sedentários) ou 0,5 kg ou 150 kg para uma rotação de 6 metros (critério estabe-lecido para o presente estudo), já para indivíduos treinados (50 Watts ou 1,0 kg ou 300 kgm) e com velocidade de 50 rpm; a cada dois minutos, aumentam-se mais 25 watts, sucessivamente, até

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201316

Na Tabela II encontram-se os valores mínimos e máximos, além das médias (19.92 e 41.80) do percentual de gordura e VO2.

Tabela II - Valores das variáveis gordura (%) e VO2 máx (ml 1/(kg.min)).

n* Míni-

mo

Máxi-

mo

Média DP

G(%) 54 8 59 19,92 7,42VO2máx 547 19,1 75,8 41,802 13,848

Na Figura 1, é apresentado os valores em porcentagem de gordura correlacionados aos valores de VO2 máx, demonstrando uma relação negativa (r = -0,55).

Figura 1 - Gráfico de correlação entre as variáveis percentual de gordura e VO2 máx.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 20 40 60 80

%G

VO2m

ax

r= -0,55

Discussão

Este estudo procurou analisar a relação entre a composição corporal e a capacidade cardiorrespi-ratória, que são consideradas propriedades físicas análogas à saúde. A pesquisa demonstrou haver correlação inversa entre o percentual de gordura e o consumo máximo de oxigênio, ou seja, à medida que o percentual de gordura aumenta há uma diminuição na condição cardiorrespiratória dos sujeitos avaliados (Figura 1).

Os resultados das Tabelas I e II, sobre massa corporal, estatura e percentual de gordura, apre-sentaram escores mais elevados quando com-parados com a média da população masculina brasileira da região sul, estimadas por Petroski

ser atingida a frequência cardíaca máxima do indi-víduo, ou outros critérios de interrupção, ou seja, a incapacidade de manter a velocidade e a carga. A carga máxima sustentada permite se estimar o VO2 máx. em l/min através da fórmula abaixo:VO2 máx: 200 + (12 x W) / M = VO2 em ml 1/ (kg.min)W = carga máxima sustentada em WattM = peso corporal total do atleta expresso em kg

O protocolo de balke permite uma adaptação fisiológica adequada, pois a carga é aumentada em pequenos incrementos, retardando o início da ativação do metabolismo aeróbico. O resultado depende, entretanto, da motivação do indivíduo.

Análise estatística

Para a análise estatística dos dados utilizou-se o software Microsoft Excel 2003®. Foi adotado para análise e interpretação dos dados, um nível de significância de 5% (p < 0,05).

A análise descritiva dos dados serviu para caracterização da amostra, com distribuição de frequência, medida de tendência central (média) e de dispersão (amplitude de variação, desvio--padrão). Para análise correlacional das variáveis VO2máx e percentual de gordura, utilizou-se a estatística não-paramétrica de spearman, devido a não normalidade dos dados.

Resultados

O perfil antropométrico e as características de faixa etária dos universitários estão expressos na Tabela I. A média de idade que foi de 21 anos (± 2.84) exibe o perfil jovem da população e as mé-dias obtidas para peso e estatura são semelhantes, o que torna a amostra homogênea quanto a esses aspectos, e tem importância pelo fato da amostra ser relativamente reduzida.

Tabela I - Características Antropométricas. Jequié/BA, 2010.

n* Míni-

mo

Má-

ximo

Média DP

Idade (anos) 54 18 30 21,83 2,84Peso (kg) 54 43,4 90,3 66,372 10,694Estatura (cm) 54 1,52 1,88 1,70 9,35

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17Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

[10], em que, a massa corporal, a estatura e o percentual de gordura apresentaram os seguintes valores respectivamente, 73,6 kg (± 9,7), 174,5 cm (± 6,8) e 16,1 % (± 6,8).

De acordo com o Institute for Aerobics Research, o percentual de gordura (19,9) para a faixa etária de 20 a 29 anos de idade no sexo masculino, é considerado razoável [14].

A média de VO2máx (41,8 ± 13,8) é classifi-cada no conceito “Bom”, de acordo com a classi-ficação sugerida pela American Heart Association [15]. A Associação Americana de Cardiologia sugere uma classificação por faixa etária do con-sumo de VO2 máx, que são: baixa, regular, média, boa e excelente. segundo esta, as pessoas com idade menor que 29 anos, geralmente, apresen-tam VO2máx em torno de 42 a 52 ml/kg/min. Valores estatisticamente baixos do percentual de gordura associados aos altos índices de VO2máx, demonstram a presença de pessoas com excelentes aptidões físicas neste estudo. Em estudo feito na modalidade esportiva do handebol, Fiori [16] encontrou em atletas de 16 a 21 anos o VO-2máx. de 56,93 ± 4,47 ml/kg/min, estando este, superior aos valores encontrados na literatura e nesta pesquisa.

Boldori [17], estudando um grupo de bom-beiros militares de santa Catarina, encontrou as médias de VO2 máx de 41,6 ± 6,5 ml/kg/min e percentual de gordura de 16,0 ± 4,9 (%), numa faixa etária de 40 a 50 anos. Já para a faixa etária de 20 a 29 anos, encontrou as médias de 46,1 ± 6,0 (ml/kg/min) e 11,1 ± 4,3 (%) para VO2 e %g respectivamente, valores estes bem próximos aos encontrados nos universitários avaliados neste estudo.

A relação da composição corporal com a resistência cardiorrespiratória apresenta uma relação que foi destacada por george et al. [18], referindo como exemplo dois indivíduos com a mesma capacidade de VO2 absoluta, porém um indivíduo com 75 kg e o outro com 85 kg. Assim, o indivíduo com 75 kg tem condições de realizar um esforço de maior intensidade e por período mais longo do que o indivíduo de 85 kg.

Entre as potenciais e plausíveis limitações deste estudo, é possível destacar o número redu-zido da amostra, porém com base na literatura consultada é possível identificar que os resultados

encontrados nesta investigação são sustentados pelas evidências científicas de associação da quantidade de gordura corporal com o consumo máximo de oxigênio.

A possibilidade de viés de seleção e de aplica-ção dos testes de desempenho físico está minimi-zada, pois os aplicadores de tais testes passaram por um treinamento prévio. Porém, é possível que fatores motivacionais possam ter interferido na realização dos testes.

Conclusão

Com base nos resultados apresentados, é possível concluir que a quantidade de gordura do corpo é um determinante no desempenho cardiorrespiratório em jovens universitários, uma vez que quanto maior o percentual de gordura menor o consumo máximo de oxigênio destes indivíduos. sugere-se, portanto, que a elaboração de programas direcionados à melhoria da aptidão cardiorrespiratória inclua ações direcionadas ao controle do peso corporal.

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201318

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rev ista mult id isc ipl inar de desenvolv imento humano

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19Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

artiGo oriGiNal

Efeito agudo do exercício físico intenso no balanço oxidante e redutor no sangue de

indivíduos ativosAcute effect of intense exercise on oxidative and reducing blood response in trained men

Albená Nunes da silva*, Clara Araujo Veloso*, Rodrigo salles Amaral*, Caroline Maria de Oliveira Volpe*, José Augusto Nogueira Machado*, Danusa Dias soares**

*Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP), Hospital Santa Casa de Belo Horizonte, Belo Horizonte/MG, **La-boratório de Fisiologia do exercício da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (EEEFTO/UFMG), Belo Horizonte/MG

ResumoO objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do

exercício físico, representado pelo teste de Cooper, na produção de Espécies Reativas de Oxigênio (ROs), na formação de AgEs, na ativação de proteína Kinase C (PKC) e na capacidade antioxidante do plasma de indivíduos treinados. ROs foi quantificado utilizan-do quimioluminescência dependente de luminol. A capacidade antioxidante total do plasma foi avaliada através da redução direta de sal tetrazólico (MTT). Para análise da produção de AgEs, as concentrações de malonaldeído (MDA) plasmático foram medidas por kit de ácido tiobarbitúrico (TBARs) e a produção de ROs em resposta à ativação por PKC foi medida usando o ativador PDB. As análises estatísticas da produção de ROs foram feitas em função logarítmica, usando-se o teste de Fisher. Para os demais dados, foi

utilizado o teste “t” de student, sendo p < 0,05 consi-derado estatisticamente significativo. O exercício físico foi capaz de aumentar em 39% a produção de ROs nos leucócitos coletados (p < 0,05). Entretanto, este aumento não resultou em peroxidação lipídica (p > 0,05). A capacidade antioxidante do plasma diminuiu após o teste de Cooper (p < 0,05). Houve ainda grande alteração na sensibilidade da via DAg-PKC (399%) em resposta à atividade física, quando estimulada com éster de forbol (PDB). Os resultados sugerem que o teste de Cooper induziu um aumento em respostas de oxidação na ausência e na presença de PDB e diminui-ção da resposta redutora para compensar este aumento e afastar a possibilidade de estresse oxidativo.Palavras-chave: espécies reativas de oxigênio, estresse oxidativo, exercício físico.

Recebido em 27 de novembro de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Albená Nunes da Silva, Rua Major Lopes 738/601, 30330-050 Belo Horizonte MG, E-mail: [email protected]

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201320

Introdução

O exercício físico representa aumento na uti-lização de substratos pelos músculos em atividade devido ao aumento na demanda de energia e, consequentemente, na utilização do oxigênio para produzi-la através da via oxidativa [1].

Esse aumento do consumo de oxigênio (O2), assim como a ativação de vias metabólicas es-pecíficas durante ou após o exercício, resultam na formação de Espécies Reativas de Oxigênio (ROs) [2]. Essas substâncias, também chamadas de radicais livres, são produzidas naturalmente em nosso organismo através de processos metabóli-cos oxidativos que são altamente reativos e com tempo de vida fugaz na ordem de milésimos de segundos [2].

Radical livre é definido como qualquer átomo, molécula ou fragmento de molécula contendo um ou mais elétrons desemparelhados em suas camadas de valência [3]. Essas moléculas têm sua produção aumentada por exercícios de alta intensidade e foram relacionadas, a partir da década de 80, a diversas doenças, como enfisema pulmonar, doenças inflamatórias, aterosclerose, câncer, e ao envelhecimento [4]. Para sobre-viver, os seres aerobionte desenvolveram um mecanismo endógeno para minimizar os danos produzidos pelos radicais livres: o sistema de defesa antioxidante [2].

O desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ROs), ou seja, os radicais livres, e a remoção destes compostos pelo siste-ma de defesa antioxidante leva o organismo a uma situação conhecida como estresse oxidativo [3]. O estresse oxidativo é uma condição celular ou fisiológica de elevada concentração de ROs que causa danos moleculares às estruturas ce-lulares, com consequente alteração funcional e prejuízo das funções vitais [5]. Além disso, pode gerar danos às proteínas e ao DNA, provo-cando alterações na função celular e, portanto, tecidual [2].

Esses danos acontecem em diversos órgãos e tecidos, como o muscular, hepático, adiposo, vascular e cerebral; e um dos principais meca-nismos de lesão é a peroxidação lipídica, ou seja, a oxidação da camada lipídica da membrana celular [2]. Todavia, o efeito deletério do es-tresse oxidativo varia consideravelmente de um ser vivo para o outro, de acordo com a idade, o estado fisiológico e a dieta [6]. Há, na literatura científica, evidências de correlação entre exercí-cios de alta intensidade e excesso na produção de radicais livres [7], e os submáximos resultam em significantes mudanças na susceptibilidade de hemácias à oxidação e ao estresse osmótico [8]. Além disso, quando realizados até a fadiga, exercícios físicos levam ao aumento da utilização da via oxidativa de produção de energia, e con-

AbstractThe present study was designed to determine the

effects of exercise (Cooper test) on Reactive Oxygen species (ROs) production, PKC activation, AgEs for-mation, and antioxidant capacity of plasma in healthy well trained male volunteers. ROs were quantified by luminol-dependent chemiluminescence. Total plasma antioxidant status was measure in a MTT dye reduction assay For the analysis of the production of AgEs, plasma malondialdehyde (MDA) concentra-tion was measured by TBARs Assay Kit and ROs production with PKC activation was measured using a PDB (phorbol ester) as activator. statistical analyses were made with student’s t test and F test. Cooper test increased (39.0%) the ROs generation in leukocytes from well-trained athletes. similar experiments were

performed in vitro with leukocyte collected before and after intense exercise under stimulation without or with phorbol ester (PDB), respectively. ROs produc-tion increased in leukocytes after exercise (p < 0.05). lipid peroxidation (MDA) was not altered when the quantification performed before and after exercise were compared (p > 0.05). In contrast, the total plasma antioxidant status was significantly decreased in plasma collected after exercise. Our results suggest that physical exercise induces an increase in the oxidizing metabolic response in the presence or in the absence of PDB and a significant decrease in the plasma reducing response to compensate the oxidizing status and to avoid a typical oxidative stress.Key-words: reactive oxygen species, oxidative stress, exercise.

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21Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

sequentemente, da produção de radicais livres, causando um perfil agudo de estresse oxidativo. O teste de Cooper, um teste internacionalmente usado para avaliar a condição física, consiste em correr-se na maior velocidade possível para se atingir a maior distância possível, em doze minutos, sendo caracterizado como um teste de alta intensidade. Existe um crescente interesse da comunidade científica envolvida com a ati-vidade física pelo entendimento da relação entre exercício físico e produção de ROs, pois estas substâncias podem estar associadas às respostas adaptativas induzidas pelo exercício físico. sendo assim, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito do exercício físico intenso em parâmetros oxidantes e redutores sanguíneos.

Material e métodos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da santa Casa de Misericórdia (sCM) de Belo Horizonte. Todos os procedi-mentos adotados neste estudo estão de acordo com as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras das Pesquisas Envolvendo seres Humanos” do Conselho Nacional da saúde (Res. 196/96). Os voluntários assinaram um termo de consentimen-to livre e esclarecido.

Participaram deste estudo 11 voluntários masculinos com idade média de 26,54 ± 2,2 anos saudáveis, praticantes regulares de atividade física, sem histórico recente de lesão, não tabagistas e que não estivessem utilizando qualquer medicação (Tabela I). A avaliação física constou de medidas de massa corporal, estatura, dobras cutâneas e teste de esforço progressivo submáximo na bici-cleta ergométrica.

Neste estudo o teste de Cooper foi utilizado para representar um exercício físico intenso e de duração moderada. O teste de Cooper, que foi desenvolvido pelo Dr. Kenneth H. Cooper em 1968, é mundialmente utilizado para ava-liação da condição cardiorrespiratória. Neste teste, o indivíduo deve correr a maior distância possível em 12 (doze) minutos. Os valores da distância são submetidos à fórmula: distância(m) - 504.9/44.73 para predizer o Volume Máximo de Oxigênio (VO2máx), e o resultado é dado em ml.kg-1.min-1.

Tabela I - Dados físicos dos voluntários que partici-param do estudo.

Vo-

lun-

tário

Peso

(kg)

Altura

(cm)

Idade

(anos)

% Gor-

dura

VO2 máx

(ml.kg-1.

min-1)

1 80 171 31 18 48

2 59,9 174 26 7,48 51,1

3 81,1 181,5 28 14,23 45

4 76,3 173 28 11,31 45,3

5 70 1.83 27 11 51

6 88.2 178 23 12,89 48

7 78,7 175 26 17,8 48,9

8 74,8 175 25 14,45 58,8

9 102,6 188 28 14,03 42,2

10 60 170 24 15,79 47,1

11 112 191 26 16,86 45,6

Média 86,62 179,5 26,54 13,98 48,27

DP 21,24 8,21 2,2 3,19 4,37

Imediatamente antes e após o teste foram coletados 15 ml de sangue venoso periférico dos atletas através da punção venosa, em tubos vacu-tainers contendo heparina como anticoagulante e dirigidos para o laboratório de Imunologia da sCM onde foram processados utilizando o proto-colo de separação de leucócitos, desenvolvido por Bicalho et al. [9]. A contagem destes leucócitos foi feita no microscópio usando-se uma câmara de Neubauer e o número calculado pela fórmula: células/ml = nº / 4 x 10 x diluição (100) x 103.

O ensaio de quimioluminescência depen-dente de luminol permite avaliar, indiretamente, a atividade da NAD(P)H oxidase, a enzima responsável pela geração de ROs durante a fa-gocitose das células. A energia gasta na produção de ROs, ao ser liberada, produz luminosidade, definida como quimioluminescência nativa ou natural. Contudo, esta luminosidade pode ser amplificada usando-se reagentes químicos e os resultados foram expressos em RlU/min (Unida-des Relativas de luz por minuto). Em um tubo especial para luminômetro foram colocados: 200 μl de luminol 10-4 M, 500 μl de PBs e 100 μl de células (1x105/ml), e a leitura foi realizada por 17 minutos no luminômetro. Após essa leitura foi adicionado então 20 μl de ester de phorbol (PDB) 1x10-5 M, e a leitura realizada por mais 25 minutos. A quimioluminescência foi medida a cada minuto e os resultados ex-

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201322

Resultados

Para comprovar que o exercício físico (teste de Cooper) foi realizado em intensidade elevada, as variáveis FC e PsE foram registradas em 3 mo-mentos durante o protocolo (Tabela II). O teste de Cooper aumentou em 39% a média na produção de ROs por leucócitos em RlU/min (Figura 1).

Tabela II - Dados individuais, médias e desvios da frequência cardíaca (FC) e percepção subjetiva de esforço (PSE) nos minutos 4, 8 e 12.

Vo-

lun-

tá-

rios

Fcmáx PSEmax

4° min 8° min12°

min

min

min

12°

min

1 126 154 189 16 18 20

2 111 150 179 15 17 19

3 118 147 198 13 17 20

4 122 152 182 12 16 20

5 106 153 192 11 13 18

6 104 162 201 12 18 21

7 121 164 202 12 18 21

8 112 160 197 13 17 21

9 124 162 193 14 17 21

10 128 163 191 15 18 21

11 112 147 175 14 17 20

Mé-

dia116,72 155,81 190,81 13,27 17 20,18

DP 8,17 6,53 8,91 1,61 1,41 0,98

Figura 1 - Quantificação da produção de ROS (RLU/min): Antes e após o teste de esforço na presença e ausência de PDB.

25000

20000

15000

10000

5000

0

ROS

(RLU

)

39% 85%

399%

* *

* #

Antes Após Antes Após

s/ PDB c/ PDB* = experimento significativo (p < 0,05) comparado ao

controle antes do exercício sem PDB.

Estes dados demonstram que a atividade fí-sica intensa é um determinante para o aumento na produção de ROs. A Figura 1 também mostra

pressos em RlU/min (unidades relativas de luz/minuto). O PDB, que é ativador fisiológico da proteína Kinase C (PKC), foi adicionado com a intenção de investigar se o teste de Cooper interferiu na via diacilglicerol-PKC (DAg--PKC), alterando a capacidade de produção de ROs pelos leucócitos.

A quantificação da produção dos produtos avançados de glicação (AgEs) foi realizada utili-zando o plasma congelado em heparina de acordo com o TBARs AssAY KIT (Cayman Chemical). O malonaldeído (MDA) é usado como indicador de lesão em células, pois ocorre em consequência natural da peroxidação lipídica, um mecanismo já bem estabelecido de dano celular em tecidos animais. Os peróxidos lipídicos, derivados de ácidos graxos poliinsaturados, são instáveis e se decompõem para formar uma série de complexos altamente reativos.

A medida das substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARs), vastamente utilizada por pesquisadores, é um método bem conhecido para mostrar e monitorar a peroxidação lipídica (Tbars Assay Kit – Cayman Chemical). A leitura, feita em duplicata para minimizar a possibilidade de erros, foi realizada no Espectrofotômetro (UV mini-1240) da marca shimadzu, a um compri-mento de onda de 530-540 nm.

A quantificação da capacidade antioxidante foi realizada adicionando 25 μl de sal tetrazóli-co (MTT) a 100 μl de plasma. Este plasma foi incubado por 2 horas a 37º C e após a incubação foi acrescentado 100 μl de Dimetilsufóxido (DMsO) e homogenizou-se o tubo em vórtex. Este tubo foi centrifugado por 5 minutos a 2000 x g. A leitura do sobrenadante foi realizada no leitor de Elisa stat Fax 2100 a 570 nm.

Todo o procedimento foi realizado em duplicata e, então, realizada uma média da leitura para redu-ção de possíveis de erros, para todas as amostras.

Para comparar a produção de ROs, antes e de-pois do exercício, na presença e ausência de PDB, foi feita uma transformação de dados utilizando uma função logarítmica e utilizado o teste de Fi-sher. Para compararmos as médias de formação de AgEs e da Capacidade Antioxidante do plasma, foi utilizado o teste “t” de student. Foi adotado o nível de significância de p ≤ 0,05 e os dados estão expressos em média e ± desvio padrão da média.

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23Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

que a adição de PDB antes e após o exercício físico aumenta a produção de ROs nas duas situações em relação ao controle. Porém, após o exercício, a ativação foi superior, quando com-paradas com as mesmas células antes do exercí-cio físico. A via responsável por este aumento, provavelmente, é a via da NADPH oxidase, já que o PDB é o análogo de Diacilglicerol (DAg), que estimula as proteínas kinases C (PKCs), e estas fosforilam as subunidades citosólicas do complexo multienzimático NADPH oxidase, em uma rota de produção de ROs conhecida como DAg-PKC. A produção de Malonaldeído (MDA) foi quantificada antes e após o teste de Cooper e os resultados estão apresentados na Figura 2. Não houve diferença nas concentrações de MDA quando comparados antes e após o exercício físico. O perfil antioxidante do plasma foi avaliado através da redução direta do MTT (sal de tetrazólio) pelo plasma. Observou-se diferença significativa na capacidade de redução direta do MTT pelo plasma como mostrado na Figura 3.

Figura 2 - Comparação entre as concentrações de Manolnaldeido (MDA) antes e após o teste de Cooper.

0.125

0.100

0.075

0.050

0.025

0.000Con

cent

raçã

o M

DA (NS)

Antes Após

N.S. = Não significativo.

Figura 3 - Capacidade antioxidante do plasma.0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0

MTT

*Ab

sorb

ânci

a (5

70nm

) (-11,8%)

Antes Após

* = experimento significativo (p < 0,05) comparado ao

controle antes do exercício.

Discussão

Muitos trabalhos têm mostrado que a ativi-dade física intensa eleva a produção de espécies reativas de oxigênio (ROs). Os resultados deste estudo mostram que a atividade física intensa e de duração moderada (12 minutos), aqui represen-tada pelo teste de Cooper, foi um estímulo capaz de aumentar a produção (ROs) por leucócitos em 39%. No presente trabalho, foi avaliada a produção de ROs por leucócitos de forma direta, através de quimioluminescência dependente de luminol. Nenhum outro trabalho havia investi-gado a produção de ROs utilizando protocolo semelhante. A maioria dos estudos utiliza métodos indiretos para avaliar aumento na produção de ROs, como, por exemplo, através da medida do malonaldeido (MDA), que é um marcador de peroxidação lipídica e reage com as substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARs), sinali-zando a existência de estresse oxidativo. Demirbag et al. [10] constataram que o teste de esforço na esteira, com duração média de 7.7 minutos, foi estímulo suficiente para aumentar a produção de peróxidos em sujeitos destreinados. Wang et al. [11] investigaram como a intensidade do exercício impacta o status redox mediado pela oxidação da lDl em monócitos. Os autores concluíram o trabalho afirmando que a atividade física de alta intensidade (80% VO2máx) eleva a produção de ROs. Miyazaki et al. [12] investigaram se o treinamento com intensidade elevada (80% FCmáx), durante doze semanas, alteraria o estresse oxidativo induzido pelo exercício após um evento até a fadiga. Os autores constataram que o exer-cício físico até a fadiga aumenta a habilidade dos neutrófilos em produzir ROs e o treinamento diminui esta habilidade.

No presente estudo foi investigado se o teste de Cooper interfere na sensibilidade da PKC à estimulação por PDB. Utilizando o cálculo do índice experimento dividido pelo controle (E/C), houve diferença na ativação de 222% (dados não mostrados) entre as células que não haviam sofrido intervenção da atividade física e as células que haviam sofrido intervenção da atividade física. Como explicação para este fenômeno, pode-se argumentar que talvez a atividade física intensa, como no caso do teste de Cooper, tenha causado

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201324

a translocação das Proteínas Kinases C (PKC) do citoplasma para a membrana das células e, dessa forma, tenha facilitado o aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ROs) através da via da NADPH-oxidase. Ou seja, quando o PDB foi adicionado às células pré-estimuladas pela atividade física, o ambiente celular estava propício para a produção de ROs.

Perrini et al. [13] mostraram que o exercício agudo está associado ao aumento na quantidade e na fosforilação das PKC-λ no músculo esque-lético. Nenhum outro estudo investigou a inter-venção da atividade física na via DAg-PKC nos leucócitos, o que dificulta a comparação destes resultados com os de outros estudos.

No nosso estudo, os níveis de MDA foram quantificados, antes e após o teste de Cooper para verificar se houve peroxidação lipídica. Os resultados mostram que o exercício físico não aumentou os níveis de MDA (Figura 4). Isto indica que, apesar da produção de ROs ser au-mentada pelo teste de Cooper, não há indício de que este aumento conduza à situação de estresse oxidativo, levando a deterioração de membranas lipoprotéicas celulares e a peroxidação lipídica nesse grupo de voluntários.

Figura 4 - Os resultados não mostram diferença en-tre a produção de ROS em repouso entre indivíduos fisicamente ativos e sedentários em quando analisados em repouso.

7500

5000

2500

0

ROS

(RLU

)

(NS)

Sedentários Ativos

Esse resultado é bastante coerente, uma vez que, se o exercício físico como o teste de Cooper, gerasse aumento nas concentrações de MDA, essa prática, bem como outras formas de atividade física com intensidades elevadas de esforço, seriam desaconselhadas, pois poderiam causar danos irreparáveis às estruturas celulares, com consi-deráveis prejuízos à saúde. Vários outros autores

apresentaram resultados que corroboram este achado. Bloomer et al. [14] mediram a resposta de estresse oxidativo após uma série de saltos ou sprint. O MDA foi avaliado, após cada sessão, como marcador de estresse oxidativo.

Em sua conclusão, os autores afirmaram que esse modelo de exercício em homens bem treina-dos anaerobicamente não representou estímulo suficiente para causar estresse oxidativo, e que talvez isso pudesse ser explicado pela excelente condição física de seus voluntários. Alessio et al. [15] realizaram um estudo no qual compararam o estresse oxidativo entre dois modelos diferentes de atividade física: exercício aeróbico até a fadiga e exercício isométrico. Não encontraram alteração nos níveis de TBARs em nenhum modelo de exercício físico.

leaf et al. [16] caracterizaram a peroxidação lipídica em exercícios de alta intensidade em sete indivíduos (homens e mulheres) saudáveis. Os níveis plasmáticos de MDA foram medidos an-tes e após o exercício até a fadiga e não sofreram nenhuma alteração significativa. Radak et al. [17] estudaram os efeitos de um longo período de trei-namento (quatro semanas e quatorze meses) de natação no status oxidativo de ratos de diferentes idades e encontraram que a atividade física mode-rada realizada diariamente constitui uma proteção contra estresse oxidativo induzido pelo exercício, medido através das reações do TBARs. Como o teste de Cooper levou ao aumento da produção de ROs e esse aumento não instalou um quadro de estresse oxidativo, foi, então, investigado se houve alteração da capacidade antioxidante do plasma.

Os resultados mostraram que, após o teste de Cooper, a atividade antioxidante do plasma estava reduzida em 11,8%, indicando que o próprio plasma sanguíneo agiu neutralizando o aumento na produção de ROs induzido pela atividade física. Pode-se inferir que o plasma possui uma capacidade para neutralizar alterações redox no sangue quando o sistema biológico aumenta a produção de ROs. Este achado do presente estudo torna-se extremamente interessante, pois corrobora outros resultados encontrados.

Kelle et al. [18] encontraram, em seu estudo, uma redução da capacidade antioxidante do plasma quando seus voluntários terminaram uma meia maratona (21 km) e Demirbag et

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25Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

al. [11], investigando se o teste de Bruce na esteira alteraria a capacidade antioxidante do plasma em indivíduos sedentários, encontraram a capacidade antioxidante do plasma reduzida pós-esforço.

Miyazaki et al. [13] não encontraram alteração na atividade das enzimas superóxido dismutase sOD e glutationa peroxidase imediatamente após atividade física realizada até a fadiga, contudo encontraram a atividade da sOD aumentada em 80% da intensidade máxima após um período de treinamento de corrida de 12 semanas, indicando que estas enzimas respondem ao treinamento aeróbico intenso.

Alessio et al. [16] investigaram se dois modelos diferentes de atividade física alterariam de forma diferente a capacidade antioxidante total medida através do ORAC (Capacidade de absorção do radical oxigênio), e perceberam que esse marca-dor estava aumentado nas duas situações; mais elevado, porém no exercício aeróbico até a fadiga (25%) do que no exercício isométrico (9%).

Briviba et al. [19] investigaram se meia ma-ratona (21 km) e maratonas (42 km) modulam a capacidade antioxidante nos linfócitos e no plasma. Os autores concluíram que a capacidade antioxidante estava reduzida após as provas, para proteger os linfócitos contra o dano oxidativo que poderia ser causado pelo aumento na produção de espécies reativas de oxigênio.

lee et al. [20] examinaram os efeitos de uma única série de exercício excêntrico no status antio-xidante. As amostras sanguíneas foram coletadas antes da realização do exercício e imediatamente, 24, 48, 72 e 96 horas após a realização do mesmo. Os resultados mostraram que as concentrações de glutationa não foram afetadas pelo exercício excêntrico.

Khassaf et al. [21] investigaram o compor-tamento das enzimas sOD e gPX muscular em uma única série de exercício aeróbico até a fadiga. Biópsias foram obtidas 7 dias antes do exercício e 1, 2, 3, e 6 dias após. A sOD teve um pico de atividade três dias após o exercício, porém a CAT não alterou. Os autores concluíram que o músculo esquelético humano respondeu a uma única série de exercício aeróbio, aumentando a atividade da sOD.

Elosua et al. [22] testaram os efeitos do treinamento aeróbico na atividade das enzimas antioxidantes, avaliada antes e após a atividade física. A atividade enzimática foi determinada em 0, 30, 60, 120 minutos e 24 horas após o exercício. A atividade física regular aumenta a atividade da sOD e gsH. Os autores concluíram afirmando que a atividade antioxidante endógena, medida após um esforço, aumenta após um período de treinamento.

Ookawara et al. [23] estudaram os efeitos do treinamento da resistência e de uma sessão de exercício executada até a fadiga nos níveis plas-máticos de três isoenzimas superóxido dismutase (sOD). Nem o treinamento, nem o exercício agudo alteraram os níveis plasmáticos de CuZn--sOD. Já exercícios agudos após o treinamento aumentaram os níveis plasmáticos de Mn-sOD e os níveis de sOD extracelulares em 33,6 e 33,5%, respectivamente. O treinamento reduziu os níveis da sOD extracelulares em repouso em 22,2%. O exercício agudo após o treinamento, mas não antes do treinamento, aumentou os níveis de peroxida-ção lipídica. A habilidade dos neutrófilos de gerar radical anion superóxido (O2•–)foiaumentadapelo exercício agudo, porém, a produção de su-peróxido foi suprimida após o treinamento. Os resultados deste estudo indicam que as isoenzimas antioxidantes respondem de forma diferente ao treinamento físico e ao exercício agudo.

Neste estudo, não foi encontrada diferença entre a produção de ROs por leucócitos entre indivíduos fisicamente ativos e sedentários (Fi-gura 5 )

Figura 5 - A capacidade antioxidante do plasma é maior em indivíduos fisicamente ativos quando com-parados com sedentários em repouso.

0.35030

0.250.200.150.100.050.00

MTT

-Ab

sorb

ânci

a (5

70 n

m)

*

*#

Sedentários 30' 120'

Ativos

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201326

Os resultados do presente estudo vão ao en-contro de vários outros estudos, porém, é preciso salientar que ainda são necessárias outras pesqui-sas para se reconhecer qual modelo de atividade física que realmente eleva a produção de espécies reativas de oxigênio, sem que o sistema de defesa antioxidante consiga neutralizá-las, resultando em um quadro de estresse oxidativo, o que poderia causar danos às estruturas biomoleculares.

Apesar de existirem vários estudos avaliando alterações na produção de espécies reativas de oxigênio e o surgimento de estresse oxidativo em resposta à atividade física, ainda não existe um consenso neste tema, pois os modelos, exercícios físicos e as formas de avaliar essa produção ainda não estão padronizados, o que dificulta uma análise conclusiva.

É necessário que se padronizem os métodos de avaliação, “status” físico da amostra, duração e intensidade da atividade física. Assim, será possível comparar resultados de alteração da produção de ROs durante a atividade física e também estabelecer a relação entre atividade física e estresse oxidativo.

Conclusão

No presente estudo o exercício físico intenso aqui representado pelo teste de Cooper, foi capaz de aumentar a produção de ROs por leucócitos. O exercício físico também aumentou a sensibi-lidade da PKC à estimulação por PDB e ainda diminuiu a capacidade antioxidante do plasma, contudo não foi capaz de gerar aumento na for-mação de produtos avançados de glicação (AgEs). A produção de ROs em repouso não é diferente entre fisicamente ativos e sedentários, porém a capacidade antioxidante do plasma em repouso é maior nos fisicamente ativos.

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27Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

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R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

F I s I O l O g I Ado e x e r c í c i oÓrgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201328

artiGo oriGiNal

Perfil morfofuncional e objetivo de sujeitos que procuram treinamento físico

personalizadoMorphofunctional profile and objectives of subjects

seeking personalized physical training

Beatriz lopes de Almeida*, Alexandre Correia Rocha*, Dilmar Pinto guedes Junior**

*Centro de Treinamento Personalizado New Life, Santos/SP, **Grupo de Estudos e Pesquisa em Treina-mento Físico, Santos, SP, **Faculdade de Educação Física e Esporte, Santos/SP, Faculdade de Educação Física de Santos, Santos/SP

ResumoAtualmente a procura de um professor particular

vem aumentando já que um maior número de doenças acomete a população e há maior necessidade de um treinamento personalizado. O objetivo deste estudo é analisar o perfil morfofuncional e os objetivos dos alunos que iniciam o programa de treinamento físico personalizado. Para análise do perfil morfofuncional foi avaliada a composição corporal (CC), flexibilidade, força máxima dinâmica (FMD) e a aptidão cardior-respiratória (ACR) e para identificar os objetivos e partes corporais que desejavam enfatizar durante o treinamento utilizou-se um questionário. Para CC (H: 24,7 ± 6,8 e M: 34,7 ± 6,9 % de gordura), ambos apresentaram valores desfavoráveis. A flexibilidade dos

homens apresentou valores inferiores (H: 29 ± 12 e M: 40 ± 10,8 cm), a FMD os valores relativos dos homens estão fora dos padrões (H: 0,6 ± 0,3 e M: 2,1 ± 0,7) e ACR os homens apresentam níveis superiores (H: 44 ± 12,6 e M: 26,8 ± 9,4 ml/kg/min). Para os objetivos, 65% buscam melhora da estética, 34% saúde e 1% performance. Ambos desejam enfatizar o abdômen, em seguida as mulheres os membros inferiores e os homens membros superiores. Concluímos que os investigados apresentam aptidão física relacionada à saúde desfa-vorável, as mulheres procuram enfatizar os membros inferiores, e os homens os membros superiores, e o objetivo principal é a melhora da estética.Palavras-chaves: morfologia, capacidade funcional, treinamento.

Recebido em 10 de setembro de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Beatriz Lopes de Almeida, Rua Napoleão Laureano, 17/34, 11070-141 Santos SP, E-mail: [email protected]

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29Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Introdução

Existem diversos princípios biológicos do trei-namento físico, sendo que o da individualidade biológica é o que principalmente justifica o treina-mento personalizado. Este diz que cada indivíduo caracteriza-se por genótipos e fenótipos diferentes, por isso respondem aos estímulos (treinamento) de forma diferente [1]. sendo assim, o treina-mento físico personalizado vem tendo grande aceitação. A população mundial vem aumentando o interesse em contratar professores particulares, haja vista, que em muitos casos são portadores de alguma patologia que merece maior atenção do que a observada em academias convencionais, onde às vezes os professores se deparam com salas de musculação lotadas.

Treinamento personalizado pode ser definido como um treinamento com aplicação adequada de sobrecarga para aprimorar o condicionamento físico, e essa proposta vai de encontro com os objetivos do aluno, ou um programa de exercícios físicos individualizados desenvolvidos com intuito de alcançar de forma rápida e segura os objetivos almejados [2].

O sedentarismo é visto atualmente como um problema mundial de saúde [3], esta condição eleva a incidência de doenças crônicas não transmissíveis como as cardiovasculares, metabólicas e vários tipos de câncer, aumentando a prevalência de doenças osteomusculares com consequente redução da capacidade de realizar atividades do cotidiano [4].

O exercício físico vem sendo utilizado na profilaxia e na promoção de um melhor estilo de vida. A prática regular de exercícios físicos traz vá-rios benefícios à saúde, que podem ser verificados em ambos os sexos e em diferentes faixas etárias, entre eles: aumento do gasto energético, redução da gordura corporal, aumento e/ou manutenção da força muscular e capacidade cardiorrespiratória, redução dos quadros de depressão, além de agir na prevenção e tratamento das doenças metabólicas. Além disso, todos que se engajam em um programa de treinamento apresentam particularidades no que diz respeito ao nível de aptidão física e aos objetivos [4-6]. sendo assim, o presente estudo visa analisar o perfil morfofuncional e os objetivos dos sujeitos que procuraram o treinamento físico personalizado.

Material e métodos

Foram avaliados 74 alunos com idade média 31 (7,9) anos, estatura média de 167 (9,3) cm e com massa corporal média de 74,6 (16,1) kg, sendo 33 homens e 41 mulheres, todos alunos do Centro de Treinamento Personalizado New life (santos/sP).

Antes de iniciar o programa de treinamento físico personalizado, todos os sujeitos passaram por avaliação médica, física e morfológica e assi-naram termo de consentimento livre e esclarecido. O estudo obedeceu a resolução de 196/96 do Conselho Nacional de saúde para estudos em seres humanos.

AbstractCurrently looking for a personal trainer is increa-

sing since a greater number of chronic diseases affect the population and there is a greater need for customi-zed training. The aim of this study was to analyze the morpho-functionality and objectives of the students who begin a physical training program customized. For analysis of the morphofunctional profile was eva-luated body composition (BD), flexibility, strength, maximum dynamics (FMD) and cardiorespiratory fitness (CRF) and to identify the goals and body parts they wanted to emphasize during training we used a questionnaire. For BD (H: 24.7 ± 6.8 and M: 34.7 ± 6.9% fat), both values were unfavorable. The flexibility

of the men showed lower values (H: 29 ± 12 and M: 40 ± 10.8 cm), the FMD values for men are in non--standard (H: 0.6 ± 0.3 and M: 2, 1 ± 0.7) and CRF men had higher levels (H: 44 ± 12.6 and M: 26.8 ± 9.4 ml/kg/min). For the objective, 65% seek improvement in esthetics, 34% health and 1% performance. Both wish to emphasize the abdomen, the women the lower limbs and the men the upper limbs. We conclude that the investigated people presented health-related fitness unfavorable; women seek to emphasize the lower lim-bs, men the upper limbs, and the main purpose is to improve aesthetics.Key-words: morphology, functional capacity, training.

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201330

Avaliações morfológicas

Estatura: foi utilizada uma fita métrica com graduação em centímetros afixada na parede;

Massa corporal: foi utilizada uma balança da marca Techline com precisão 800 gramas;

Composição corporal: para avaliação da den-sidade corporal foi utilizada a técnica de dobras cutâneas. Em um primeiro momento foi utilizado o protocolo de Jackson e Pollock (1978) para esti-mar a densidade corporal. Em seguida, calculou-se o percentual de gordura utilizando a equação de siri (1961). Para esta avaliação foi utilizado o compasso científico da marca CEsCORF.

Avaliações funcionais

Flexibilidade: foi utilizado o teste de sentar e alcançar;

Força máxima dinâmica (FMD): A FMD foi estimada através do protocolo de repetições máximas (2 a 10RM). Foi avaliada a FMD de membros inferiores no aparelho leg Press (Pró--Phisical) para as mulheres e para os homens a FMD foi avaliada nos membros superiores, no exercício de supino reto (Pró-Phisical);

O consumo máximo de oxigênio (VO²Máx): foi estimado através do teste submáximo em es-teira. O ergômetro e o frequencímetro utilizados eram da marca Reebok.

Para avaliar a preferência pelo segmento a ser enfatizado assim como os objetivos a serem alcançados foi utilizada uma anamnese com 8 questões fechadas onde era possível marcar as partes corporais que desejava enfatizar durante o treinamento. Para escolha do objetivo foi feita uma pergunta aberta, que os voluntários poderiam citá-los.

Resultados e discussão

Os resultados do percentual de gordura mostram que a maioria dos homens e mulheres encontra-se acima da média, de acordo com a ta-bela de referência citada por Heyward e stlarczyk (2000). Essa condição pode ser atribuída ao fato de serem sujeitos sedentários e com maus hábitos alimentares [7-10].

Tabela I - Composição corporal dos homens e das mulheres participantes do programa de treinamento personalizado.

Masculino Feminino

Classificação F % Classificação F %*Em risco

(= 5%)0 0

*Em risco

(= 8%)0 0

Abaixo da

média

(6-14%)

3 9,1

Abaixo da

média (9-

22%)

2 4,9

Média (15%) 1 3 Média (23%) 0 0

Acima da mé-

dia (16-24%)14 42,4

Acima da

média

(24-31%)

11 26,8

**Em risco

(= 25%)15 45,5

**Em risco (=

32%)28 68,3

Os dados estão em forma de frequência (F) e percentual

(%). *Em risco para doenças e desordens associadas à

má nutrição. **Em risco para doenças relacionadas à

obesidade

De acordo com os resultados, as mulheres apresentam melhores níveis de flexibilidade que os homens. Estes valores vão ao encontro da li-teratura, em que alguns autores concordam que as mulheres possuem maior flexibilidade que os homens, seja por questões hormonais, menor densidade dos tecidos provocada pelo estrógeno, maior acúmulo de água e de polissacarídeos, havendo menor atrito entre as fibras musculares, consequentemente maior elasticidade, e também por questões anatômicas, ocasionando em maior grau de liberdade articular [1,11].

A força muscular foi avaliada na sua forma relati-va, ou seja, peso mobilizado dividido pela massa cor-poral. Esse tipo de avaliação permite homogeneizar o grupo e assim avaliar os níveis de força de sujeitos com diferentes massas corporais. sendo assim, as mulheres deveriam conseguir mobilizar uma carga de 1,4 o peso corporal no exercício de leg press e os homens de 1,0 do peso corporal no exercício de supino reto. As mulheres mobilizaram uma carga de 2,22, ou seja, (63,6%) acima dos valores de referên-cia para membros inferiores (MMII) para saúde e os homens mobilizaram uma carga de apenas 0,6, ou seja, 40% abaixo do recomendado para membros superiores (MMss). A superioridade das mulheres pode ser atribuída à cadeia muscular e tamanho dos músculos envolvidos no exercício de leg press quan-

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31Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Tabela III - Classificação da aptidão cardiorrespira-tória dos homens e mulheres.

Masculino Feminino

Classificação F % Classificação F %

Baixo (< 30

ml/kg/min)11 33,3

Baixo (< 27

ml/kg/min)15 36,6

Média (31-48

ml/kg/min)13 39,4

Média (28-44

ml/kg/min)23 56,1

Muito elevado

(> 48 ml/kg/

min)

9 27,3

Muito elevado

(> 44 ml/kg/

min)

3 7,3

Os dados estão em forma de frequência (F) e percentual (%)

As partes do corpo que são a preferência feminina durante os programas de treinamento são os membros inferiores e abdômen. Esta escolha pode ser devido à característica ginóide do sexo feminino, que contribui para uma maior concentração de gorduras na região de quadril e membros inferiores [2,18], já os homens pre-ferem enfatizar em seus programas os membros superiores. Vale ressaltar que ambos os gêneros tendem a enfatizar o abdômen no seu programa de treinamento físico. Essas escolhas são comuns na maioria dos programas de musculação, onde se percebe ênfase em membros inferiores para as mulheres e nos membros superiores para os homens [8,19].

Tabela IV - Frequência e partes corporais mais en-fatizadas durante o programa de treinamento físico personalizado.Gêne-

ro

Abdô-

men

Pei-

to

Cos-

tas

Om-

bro

Bí-

ceps

Trí-

ceps

Glú-

teo

Per-

naHo-

mens31 7 4 4 13 7 4 5

Mulhe-

res36 4 10 5 7 10 21 21

Ambos 67 11 14 9 20 17 25 26

Os dados estão na forma de frequência

segundo Tahara et al. [17], os motivos que levam os sujeitos a aderirem ao programa de exer-cício físico em academias incidem em questões estéticas (26,67%) bem como na expectativa na melhoria da qualidade de vida (23,33%).

Corroborando outros estudos [18,19] este tra-balho demonstra que a estética é o principal fator que leva a maior parte dos indivíduos a procurarem

do comparado com o exercício de supino reto, além de que os MMII são mais utilizados no cotidiano do sedentário do que os MMss. A força absoluta está diretamente associada ao tamanho da massa muscular recrutada [2,14-16]. Talvez esse déficit de 40% de força observada nos homens possa ser devido a um valor de referência muito alto para o exercício citado.

Tabela II - Níveis de flexibilidade entre homens e mulheres.

Masculino Feminino

Classificação F % Classificação F %

Excelente (>

38cm)11 33,3

Excelente (>

41cm)20 48,8

Acima da

média (33-37

cm)

0 0

Acima da

média (36-40

cm)

8 19,5

Média (28-32

cm)7 21,2

Média (32-35

cm)2 4,9

Abaixo da

média (23-27

cm)

3 9,1

Abaixo da

média (27-31

cm)

7 17,1

Ruim (< 22

cm)12 36,4

Ruim (< 24

cm)4 9,8

Os dados estão na forma de frequência (F) e percentual (%)

Para a avaliação cardiorrespiratória pode-mos observar que tanto homens, quanto as mulheres encontram-se em sua maioria abaixo do esperado, de acordo com o American He-art Association. Quando comparado homens e mulheres, os homens apresentam melhores níveis de capacidade cardiorrespiratória que as mulheres. Esses resultados podem ser atribuídos às diferenças anatômicas e fisiológicas entre os gêneros, dentre elas: coração menor e, conse-quentemente, ventrículo esquerdo menor, menor quantidade de hemoglobina, maior massa gorda, um sistema cardiovascular e respiratório menos desenvolvido, logo, essas condições contribuem diretamente para um menor débito cardíaco e consumo máximo de oxigênio no sexo femini-no [1,11,17]. Estes fatores em conjunto fazem com que o desempenho desportivo seja 6 a 15% menor nas mulheres em comparação com os homens, embora a capacidade de adaptação ao treinamento seja semelhante [11].

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201332

a prática regular de exercícios físicos. Em segundo lugar vem a saúde, seguido pela performance.

Tabela V - Principais objetivos citados pelos alunos ao iniciarem o programa de treinamento físico per-sonalizado.

Esté-

tica

Esté-

tica

Saú-

de

Saú-

de

Perfor-

mance

Perfor-

manceGêne-

ro(F) (%) (F) (%) (F) (%)

Ho-

mens18 55 14 42 1 3

Mulhe-

res30 73 11 27 0 0

Ambos 48 65 25 34 1 1

Os dados estão na forma de frequência (F) e percentual (%).

Os resultados encontrados, no presente estudo, vão de encontro aos da literatura, ou seja, os objetivos independem do tipo de programa desenvolvido.

Conclusão

De acordo com os resultados, homens e mu-lheres apresentam déficits nos componentes da aptidão física relacionada à saúde. Além disso, embora tenham objetivos comuns, apresentam preferências distintas, quanto às partes do corpo que gostariam de enfatizar, logo, a elaboração dos programas de treinamento físico deve levar em con-sideração esses aspectos. Esses dados apresentam o perfil do público que procura o treinamento físico personalizado e podem ser úteis para a elaboração e prescrição do treinamento físico personalizado por parte dos profissionais envolvidos nessa tarefa.

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33Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

artiGo oriGiNal

Influência da iniciação ao voleibol na aptidão física e desempenho motor de

crianças do quarto ano do ensino fundamental

Influence of volleyball initiation in physical fitness and motor development of children of primary school

Juliana Victer da silva Fraga*, Roberto Pereira de Oliveira**, Tomires Campos lopes, M.sc.***

*Acadêmica do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Mato Grosso, **Pós-graduado em avaliação morfo-funcional e fisiologia do exercício UGF, ***Professor FEF-UFMT-GEEFE

ResumoO voleibol é um esporte coletivo muito praticado

na educação física escolar. O objetivo deste estudo foi investigar a influência da iniciação ao voleibol na apti-dão física e desempenho motor em crianças do quarto ano do ensino fundamental. A amostra contou com a participação de 26 crianças de ambos os sexos, das quais 12 meninos e 14 meninas, oriundas da escola EMEB senador de Matos Muller. Como instrumento de ava-liação, utilizou-se os testes do Projeto Esporte Brasil (PROEsP): flexibilidade, agilidade, velocidade e força explosiva. Após a realização do pré-teste, foram minis-tradas 15 aulas, duas vezes por semana, comparando com resultados no pós-teste. Os resultados encontrados foram: testes de agilidade (7,98 ± 0,14 pré-teste e 7,31 ± 0,09 pós-teste, sendo p = 0,00011), velocidade (5,38

± 0,16 pré-teste e 4,91 ± 0,09 pós-teste, sendo p = 0,0075), força explosiva membros superiores (180,50 ± 7,37 pré-teste e 201,38 ± 6,56 pós-teste, sendo p = 0,0196) e força explosiva membros inferiores (135,12 ± 4,98 pré-teste e 146,27 ± 4,94 pós-teste, sendo p = 0,0500) obtiveram melhoras significativas, com exceção do teste de flexibilidade (24,15 ± 1,12 pré--teste e 26,15 ± 1,18 pós-teste, sendo p = 0,1125). Observou-se, assim, que a prática do voleibol pode influenciar de maneira positiva nas aulas de educação física escolar, visto que suas atividades contribuíram de maneira positiva para o aumento das habilidades motoras e aptidão física.Palavras-chave: voleibol, desenvolvimento infantil, aptidão física, jogos e brincadeiras.

Recebido em 13 de junho de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Roberto Pereira de Oliveira, Av. Senador Metelo, 1121, 78030-300 Cuiabá MT, E-mail: [email protected]

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201334

Introdução

O voleibol é uma modalidade esportiva cole-tiva praticada em quadra entre duas equipes com seis integrantes para cada lado, utilizando-se as mãos para jogar a bola para o lado do adversário, por cima da rede. Originou-se nos Estados Uni-dos, em 1895, com o nome de minonette elabora-do pelo Prof. Willian Morgan, sofrendo evoluções e alterações nas regras, até atingir a forma atual de se jogar [1]. Atualmente, o voleibol é bastante popular no Brasil, inclusive nossas seleções fe-minina e masculina estão entre as melhores do mundo. Em termos de popularidade este esporte é o segundo em nosso país e também em número de praticantes nas escolas.

A iniciação desportiva é o primeiro contato da criança com o desporto em questão [2]. Por isso a criança antes de se envolver plenamente com qualquer modalidade esportiva, primeiro precisa brincar. Brincar de praticar esporte [3]. Portanto, o desenvolvimento do trabalho não deve ser voltado às técnicas e às regras oficiais e sim ao desenvolvi-mento das habilidades motoras e da aptidão física, com o ensino de estratégias pedagógicas que irão contribuir no desempenho de habilidades espor-tivas e aumentar o repertório motor.

Devemos usar essas estratégias para conquistar o interesse e afeição das crianças pela modalidade, utilizando a formação lúdica e os pequenos jogos para auxiliar na iniciação desportiva. Priorizando nesta fase inicial o ponto de vista motor, propor-cionando atividades com diferentes graus de difi-culdade, que estimulem aos gestos do voleibol [4].

Torna-se importante um trabalho que leve em consideração o desenvolvimento das potenciali-dades da criança, para que esta alcance um nível de desenvolvimento motor que capacite a rápida e fácil aprendizagem dos movimentos esportivos mais complexos, pois aprenderá mais rapidamente aquele que tiver um número maior de experiências motoras, uma melhor formação multilateral e um alto nível de qualidades físicas básicas [2].

O desenvolvimento motor pode ser concei-tuado como uma contínua alteração no com-portamento humano ao longo do ciclo da vida. Contudo, cada indivíduo tem um tempo peculiar para adquirir e para desenvolver habilidades mo-toras. Isto quer dizer que a sequência é a mesma para todas as crianças, apenas a velocidade de progressão varia [5]. sendo assim, as crianças do quarto ano do ensino fundamental estão na faixa etária dos nove anos de idade e encontram-se na última fase do modelo da ampulheta de gallahue que é denominada fase das habilidades motoras especializadas, na qual a criança passa por três estágios: transitório, de aplicação e de utilização permanente. Estas se deparam entre o primeiro estágio, que é caracterizado pelas primeiras ten-tativas da criança de refinar e combinar padrões motores maduros. Nesse estágio, o indivíduo trabalha para “compreender a ideia” de como desempenhar a habilidade esportiva [5].

Já a aptidão física é definida como uma condição positiva de bem estar influenciada por uma atividade física regular [5] e desempenho motor é o termo frequentemente usado para agrupar os vários com-ponentes da aptidão física relacionada à saúde [5].

Abstract Volleyball is a popular team sport in physical edu-

cation. The objective of this study was to investigate the influence of initiation to volleyball in physical fitness and motor performance in children of the fourth year of primary school. The sample included the participa-tion of 26 children, 12 boys and 14 girls, from school EMEB senador de Matos Muller. We used the Projeto Esporte Brasil (PROEsP) tests: flexibility, agility, speed and explosive power. After performing the pre-test, 15 classes were offered twice a week, and the results were compared with the post-test. The results were: agility tests (7.98 ± 0.14 pre-test and 7.31 ± 0.09 post-test,

p = 0.00011), speed (5.38 ± 0.16 pre-test and 4.91 ± 0.09 post-test, p = 0.0075), explosive strength of upper limbs (180.50 ± 7.37 pre-test and 201.38 ± 6.56 post-test, p = 0.0196) and lower limb explosive power (135.12 ± 4.98 pre-test and 146.27 ± 4.94 post-test, p = 0.0500) had significant improvement, except for the flexibility test (24.15 ± 1.12 pre-test and 26.15 ± 1.18 post-test, p = 0.1125). We observed that volleyball may influence positively in physical education classes in school, as the activity improve motor abilities and physical fitness. Key-words: volleyball, child development, physical fitness, fun and games.

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35Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Com isso o desempenho motor e a aptidão física de crianças têm sido estudados ao longo do último século, pois compreende-se que existe uma relação importante entre a melhora da ap-tidão física e das capacidades funcionais motoras (força, flexibilidade, velocidade e agilidade) dos indivíduos, contribuindo, assim, na eficiência da realização de determinadas tarefas [6].

Ao longo dos anos tem-se observado diversas sugestões de baterias de testes para avaliar o de-sempenho motor e a aptidão física [6]. No Brasil, encontramos o Projeto Esporte Brasil (PROEsP--BR, 2009) [7], que segue com informações para aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação, desenvolvido no âmbito da educação física escolar com o esporte educacional condi-zente com a nossa realidade cultural. Auxiliando professores de educação física na avaliação dos indicadores de crescimento corporal, do estado nutricional, da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho esportivo em crianças e jovens entre 7 e 17 anos. sendo assim, o objetivo do presente estudo tem como propósito investigar a influência da iniciação ao voleibol na aptidão física e desempenho motor em crianças do quarto ano do ensino fundamental de uma escola muni-cipal de Cuiabá/MT.

Material e métodos

Amostra

Inicialmente, foi feito um contato com a direção da escola para esclarecimentos sobre o objetivo da pesquisa e os procedimentos a serem realizados para a coleta de dados. Para a seleção dos participantes da pesquisa, determinou-se como critério de inclusão crianças que estivessem cursando o quarto ano do ensino fundamental, que se encontram na faixa etária dos nove anos de idade, as quais se deparam na fase motora especializada. Esta fase é um período em que os movimentos tornam-se uma ferramenta que será útil para muitas atividades motoras complexas que estão presentes na vida diária, na recreação ou nos jogos esportivos [5]. Neste estudo de característi-cas de campo, participaram 26 crianças, de ambos os sexos, das quais 12 do sexo masculino e 14 do sexo feminino, oriundas da escola EMEB senador

de Matos Muller, da rede pública de ensino do município de Cuiabá/MT.

Como aptidão física e desempenho motor es-tão inter-relacionados, seus componentes tornam--se inseparáveis. Portanto, para a avaliação foram utilizados os materiais e testes recomendados pelo Proesp-BR (2009) [7].

As variáveis selecionadas para o estudo da aptidão física foram flexibilidade e força explo-siva de membros superiores e inferiores. Já para o desempenho motor avaliaram-se as variáveis: velocidade e agilidade. Os testes foram divididos em duas categorias: as provas em sala e as provas de campo.

Os testes de sala

O motivo para que os seguintes procedimen-tos sejam realizados em sala é pelo fato da exi-gência de que as crianças permaneçam descalças durante os testes de massa corporal total, estatura e flexibilidade.

Para a medida da massa corporal total foi utilizada uma balança digital da marca Omron, modelo HN-283lA e para a leitura da estatura foi utilizado um estadiômetro da soehnle. Para o teste de flexibilidade (sentar-e-alcançar) foi utilizado o Banco de Wells [7].

Os testes de campo

Já os procedimentos de campo são realizados em espaços livres e com vestimentas adequadas (calção ou agasalho, camiseta e tênis) e seguem a seguinte ordem para minimizar os efeitos de fadiga fisiológica e interferência nos resultados. Os testes escolhidos foram: teste de força explosiva de membros inferiores - salto horizontal, teste de força explosiva de membros superiores – arremes-so de medicineball, teste de agilidade – teste do quadrado e velocidade – corrida de 20 metros [7].

Protocolo de atividades

Após a realização da primeira coleta de dados, foram realizados exercícios voltados para a inicia-ção ao voleibol baseados na estrutura funcional reduzida (EFR) que tem como propósito a modi-ficação do espaço de jogo, bem como o número

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201336

Na terceira semana aplicou-se o vôlei lençol e o vôlei sem rede. O primeiro consistia em usar a rede de vôlei, e cada equipe mista ocupava um lado da quadra formando duplas que seguravam um lenço feito de tnt, cujo objetivo era repassar a bola para o outro lado e a equipe adversária tinha que receber esta bola dentro do lençol. O segundo não utilizava a rede, as crianças eram divididas em quatro pequenos grupos e ficavam dentro de qua-drados desenhados no chão, e cada grupo tinha que recepcionar e repassar a bola com no máximo três batidas para outro grupo sem deixá-la cair ou sem repassá-la de forma incorreta.

Na quarta semana foi aplicado o vôlei maluco. As equipes eram posicionadas em quadra com o número igual de crianças de cada lado. Estas tinham que tocar na bola, sem segurá-la e tentar repassá-la para o outro lado. Primeiro foi utiliza-da uma bola de vôlei normal e depois uma bola menor para dificultar a atividade.

Na quinta semana foi empregado o jogo de câmbio. Duas equipes mistas com número iguais de jogadores ocupavam cada uma um lado da quadra e tinham como objetivo segurar a bola e depois repassá-la para a equipe adversária, sem deixar a bola cair no chão. Posteriormente foi aplicado o câmbio com seis jogadores, o jogo é o mesmo, mas só que agora formando seis alunos por equipe e os demais aguardavam analisando a dinâmica do jogo, possibilitando um feedback e em seguida invertiam-se os papéis.

Na sexta semana foi aplicada a rede humana com bola gigante com três grupos iguais. Dois grupos se posicionaram cada um em um lado da quadra e o terceiro grupo pocisionou-se no meio, para ser a rede. Os dois grupos que disputavam a partida tinham que atravessar a bola para o outro lado sem tocar na rede. O grupo que se passava por rede tinha que tentar interceptar a bola, se conseguisse trocavam de lugar com o grupo que arremessou a bola; e o jogo mini-lancebol foi aplicado de diversas maneiras: 1 contra 1, 2 contra 2, 3 contra 3 e 4 contra 4. Com o objetivo de fazer com que os jogadores se movessem atrás da bola para jogá-la em espaços vazios e recepcioná--la dentro do campo demarcado, com pequenos deslocamentos.

E, por fim, na sétima e oitava semana foi introduzido o lancebol, faziam parte de cada

de jogadores e a altura da rede [8] nas aulas de educação física por um período de oito semanas. As aulas foram aplicadas duas vezes por semana com duração de 60 minutos cada. Disponibiliza-ram-se duas aulas para realização das coletas de dados, uma antes da intervenção das atividades e outra após este período, totalizando-se assim, 17 (dezessete) aulas. As aulas eram divididas em três partes: aquecimento, atividades principais e volta-a-calma.

Buscou-se oportunizar a vivência de jogos recreativos, utilizando-se o método global. Priori-zando familiarização com a bola, a quadra, a rede, o deslocamento e o domínio de bola alta e baixa.

As atividades exploradas no aquecimento foram jogos de pegador como: pega-pega, pega--pega americano, pega-pega corrente, pega-pega perneta, pega o rabo do macaco e pega a cobra. Já para a prática das habilidades motoras globais uti-lizamos os jogos pré-desportivos que enfatizassem os gestos do voleibol como: peteca, mosca tonta, alerta adaptada, vôlei-bexiga, vôlei-maluco, vôlei sem rede, vôlei lençol, mini-lancebol e lancebol [4,9,10].

Na primeira semana de aula foi aplicado o jogo da peteca, onde o campo era demarcado com uma corda ou barbante a uma altura de 1m, cada equipe ocupava um lado do campo e tinha que tocar a peteca para o outro lado sem deixá-la cair no chão (era permitido segurá-la); e o jogo da mosca tonta era empregado em pequenos grupos, usando uma bola leve, e uma criança sempre se posicionava no meio do círculo para tentar pegar a bola que era arremessada pelos colegas.

Na segunda semana foi aplicado o jogo do alerta adaptado e o vôlei bexiga. No primeiro todos formavam um círculo e passavam a bola um para o outro aleatoriamente até que a bola caísse. A criança que derrubasse a bola tinha que gritar “Alerta” e dar três passos em direção a algum colega e arremessar a bola para queimá-lo. Esse colega tinha que segurar a bola para arremessá-la em outra pessoa, evitando que ninguém saísse do jogo; e o vôlei bexiga era jogado com uma bexiga cheia de confetes, usando a rede de vôlei, cada equipe mista ocupava um lado da quadra e tinha que dar três toques e lançar para a equipe adversária. Esta tentava receber a bexiga sem deixar que estourasse.

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37Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Tabela I - Denota a média, o desvio padrão e erro padrão referente à massa corporal (peso), estatura, IMC e % de gordura da turma e dos sexos masculino e feminino.

Variá-

veisTurma Masculino Feminino

Pré-

-teste

Pós-

-teste

Pré-

-teste

Pós-

-teste

Pré-

-teste

Pós-

-testePesoNº da

amostra26,00 26,00 12,00 12,00 14,00 14,00

Máximo 55,90 57,50 55,90 57,50 53,40 51,30Mínimo 23,00 22,90 25,00 25,60 23,00 22,90Média 33,96 65,02 32,08 33,14 35,57 36,62Desvio

padrão9,54 9,48 9,21 9,58 9,85 9,45

Erro

padrão1,87 1,86 2,66 2,76 2,63 2,53

AlturaMáximo 1,54 1,56 1,52 1,52 1,54 1,56Mínimo 1,23 1,24 1,30 1,30 1,23 1,24Média 1,38 1,39 1,38 1,38 1,38 1,39Desvio

padrão0,08 0,08 0,08 0,08 0,09 0,09

Erro

padrão0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02

IMCMáximo 24,80 24,89 24,19 24,89 24,80 24,65Mínimo 13,70 13,98 13,70 14,05 14,26 13,98Média 17,51 17,90 16,56 17,02 18,32 18,66Desvio

padrão3,25 3,26 3,18 3,24 3,20 3,20

Erro

padrão0,64 0,64 0,92 0,93 0,85 0,85

%GorduraMáximo 37,79 36,58 37,79 36,58 31,47 31,51Mínimo 11,87 11,87 11,87 11,87 15,45 14,53Média 23,48 22,84 20,51 20,39 26,04 24,93Desvio

padrão7,11 7,40 8,09 8,06 5,17 6,34

Erro

padrão1,39 1,45 2,33 2,33 1,38 1,69

Os valores encontrados como média pela tur-ma foram 24,15 ± 1,12 no pré-teste e 26,15 ± 1,18 no pós-teste, sendo o valor de (p = 0,1125), mos-trando que não teve estatisticamente mudança significativa. E quando verificado separadamente por sexo, observamos que no masculino a média encontrada foi de 25,17 ± 1,55 no pré-teste e

equipe seis jogadores, utilizando a quadra e a rede de voleibol para familiarizar-se com o jogo, cujo objetivo é recepcionar a bola, dar três toques e lançá-la para a equipe adversária, sem deixar a bola tocar no chão.

Análise estatística

Foi realizada a estatística descritiva com sof-tware Excel 2003® e para o teste de hipótese foi utilizado o método teste t com amostras pareadas para a comparação do grupo no pré e pós-teste, adotou-se como significância estatística p ≤ 0,05, utilizando para este o software Biostat 5.0.

Resultados

A descrição dos resultados obtidos na massa corporal, estatura, IMC e percentual de gordura no pré e no pós-testes foram apresentados em forma de tabela.

Ao analisar os resultados do peso e estatura da turma e separadamente por sexo, observou--se que na média total não existem diferenças significativas.

Os resultados do IMC da turma demonstram que não houve mudança significativa, porém quando analisados por sexo observa-se que tanto os meninos como as meninas encontram-se abaixo da média.

Com relação ao percentual de gordura da tur-ma e por sexo não houve mudança significativa.

Os resultados dos testes de flexibilidade, força explosiva de membros inferiores e superiores, de agilidade e velocidade foram representados em forma de gráfico.

Figura 1 - Resultados das médias, erro padrão e linha de classificação ideal (PROESP-BR, 2009) do teste de flexibilidade.

23,2925,1724,15

25,9326,4226,15

0,003,006,009,00

12,0015,0018,0021,0024,0027,0030,00

Turma Meninos Meninas

AVAL 1 AVAL 2

Ideal=♂ 22 cm♀ 18 cmPROESP

p=0,1125063 Referência p≤0,05

cm

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201338

26,42 ± 1,66 no pós-teste. Enquanto no feminino a média encontrada no pré-teste foi 23,29 ± 1,63 e no pós-teste de 25,93 ± 1,72. Observamos que as meninas obtiveram ganhos maiores no final das atividades propostas.

Figura 2 - Resultados das médias, erro padrão e linha de classificação ideal (PROESP-BR, 2009) do teste de agilidade.

Ideal=♂ 7,25 seg♀ 6,89 segPROESP

8,307,607,98 7,547,04

7,31

0,001,002,003,004,005,006,007,008,009,00

10,0011,0012,00

p=0,00011 Referência p≤0,05

*

seg Turma Meninos Meninas

AVAL 1 AVAL 2

Os valores encontrados como média pela turma foram 7,98 ± 0,14 no pré-teste e 7,31 ± 0,09 no pós-teste, sendo o valor de (p = 0,00011), mostrando que houve uma mudança significativa. E quando verificado separadamente por sexo, ob-servamos que no masculino a média encontrada foi de 7,60 ± 0,14 no pré-teste e 7,04 ± 0,09 no pós-teste. Enquanto no feminino a média encontrada no pré-teste foi de 8,30 ± 0,19 e no pós-teste de 7,54 ± 0,13. Observamos que quando as amostras foram comparadas entre masculino e feminino as meninas obtiveram ganhos maiores que os meninos.

Os valores encontrados como médias pela turma foram 180,50 ± 7,37 no pré-teste e 201,38 ± 6,56 no pós-teste, sendo o valor de (p = 0,0196), mostrando respostas significativas. Contudo, quando investigado separadamente por sexo, observamos que no masculino a média encontrada foi de 182,58 ± 10,46 no pré-teste e 201,92 ± 10,30 no pós-teste. Ao passo que no feminino a média encontrada no pré-teste foi de 178,71 ± 10,68 e no pós-teste de 200,93 ± 8,76. Observa-mos que quando as amostras foram comparadas entre masculino e feminino não houve mudanças importantes.

Figura 3 - Resultados das médias, erro padrão e linha de classificação ideal (PROESP-BR, 2009) do teste de força explosiva dos membros superiores.

AVAL 1 AVAL 2

178,71182,58180,50200,93201,92201,38

0,0020,0040,0060,0080,00

100,00120,00140,00160,00180,00200,00220,00240,00

Turma Meninos MeninasIdeal=♂ 220 cm♀ 201 cmPROESP

*

p=0,01964913 Referência p≤0,05

cm

Figura 4 - Resultados das médias, erro padrão e linha de classificação ideal (PROESP-BR, 2009) do teste de força explosiva de membros inferiores.

AVAL 1 AVAL 2

121,21

151,33135,12 132,64

162,17146,27

0,0015,0030,0045,0060,0075,0090,00

105,00120,00135,00150,00165,00180,00

Turma Meninos MeninasIdeal=♂ 140 cm♀ 127 cmPROESP

p=0,05000 Referência p≤0,05

*

cm

Os valores encontrados como média pela tur-ma foram 135,12 ± 4,98 no pré-teste e 146,27 ± 4,94 no pós-teste, sendo o valor de (p = 0,0500), mostrando que houve mudanças significativas. Entretanto, quando verificado separadamente por sexo, observamos que no masculino a média encontrada foi de 151,33 ± 7,03 no pré-teste e 162,17 ± 7,00 no pós-teste. Enquanto que no feminino a média no pré-teste foi de 121,21 ± 4,62 e no pós-teste de 132,64 ± 4,56. Observa-mos que quando as amostras foram comparadas entre masculino e feminino não houve mudanças importantes.

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39Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Figura 5 - Resultados das médias, erro padrão e linha de classificação ideal (PROESP-BR, 2009) do teste de velocidade.

AVAL 1 AVAL 2

5,734,96

5,38 5,164,624,91

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,005,506,006,50

Turma Meninos MeninasIdeal=♀ 4,28 seg♂ 4,09 segPROESP

p=0,0075833 Referência p≤0,05

*

seg

Os valores encontrados como médias pela turma foram 5,38 ± 0,16 no pré-teste e 4,91 ± 0,09 no pós-teste, sendo o valor de (p = 0,0075), mostrando respostas significativas. Todavia, quando investigado separadamente por sexo, observamos que no mas-culino a média encontrada foi de 4,96 ± 0,19 no pré-teste e 4,62 ± 0,11 no pós-teste. Enquanto que no feminino a média encontrada no pré-teste foi de 5,73 ± 0,21 e no pós-teste de 5,16 ± 0,11. Obser-vamos que quando as amostras foram comparadas entre masculino e feminino as meninas obtiveram ganhos maiores no final das atividades propostas.

Discussão

Observando as variáveis peso, estatura, IMC e percentual de gordura não houve mudanças significativas, pois a pesquisa foi realizada em um curto período de tempo.

Na flexibilidade o teste realizado não demons-trou mudanças significativas quanto à turma. Uma possível explicação é que as crianças já possuíam um nível de flexibilidade acima da classificação ideal e não foi realizada nenhuma atividade específica para esta capacidade física. Analisando o pré e pós-teste as meninas obtiveram desenvolvimentos melhores que os meninos. Isto se confirma na afirmação de gallahue, em que relata que as meninas tendem a ser mais flexíveis que os meninos em todas as idades.

Nos resultados analisados dos testes de agi-lidade, força explosiva e velocidade observamos

que os resultados encontrados estão abaixo dos ideais preconizados pelo PROEsP-BR, isso pode ter ocorrido pelo período curto da pesquisa, mas comparando a avaliação 01 com os resultados da avaliação 02, observamos melhoras significativas, havendo modificações positivas em ambos os sexos.

Conclusão

O presente estudo verificou a eficiência da iniciação ao voleibol utilizando uma formação lúdica para influenciar e melhorar os componen-tes da aptidão física e desempenho motor. Visto que suas atividades contribuíram de maneira positiva para o aumento das habilidades motoras e aptidão física. Portanto, este trabalho foi essencial para demonstrar a importância de se introduzir o voleibol, utilizando jogos pré-esportivos e lúdicos, nas aulas de educação física escolar.

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201340

rElato dE CaSo

A efetividade do treino de ortostatismo progressivo na reexpansão pulmonar em

trauma raquimedular alto The effectiveness of the progressive orthostatism training in the pulmonary re-expansion in high spinal cord injury

Caroline Andréia Pizano*, Melina Tarossi*, Rodrigo Marques Tonella, Ft.**, Cristiane Delgado Alves Rodrigues, Ft.**, Núbia Maria Freire Vieira lima**, shirley Mandu***, Daniele Mascarenhas***

*Especialistas em Fisioterapia Respiratória em Unidade de Terapia Intensiva de Adulto pela UNICAMP, **Fisioterapeutas do Hospital de Clínicas da UNICAMP, ***Especialistas em Ventilação Mecânica em Adultos pela Faculdade Nossa Senhora de Lourdes

ResumoIntrodução: O trauma raquimedular (TRM) é ca-

racterizado por lesão na medula com alterações das fun-ções motoras, sensoriais e autonômicas e causa diversas complicações. Uma das formas de preveni-las é utilizar o ortostatismo. Objetivo: O objetivo deste estudo foi analisar a efetividade do treino de ortostatismo pro-gressivo como estratégia de reexpansão pulmonar em um paciente com TRM alto considerando o compor-tamento das variáveis ventilatórias e hemodinâmicas. Métodos: Participou um paciente com diagnóstico de TRM com lesão completa, nível C3-C4, dependente da ventilação mecânica. Foram analisados o volume corrente (Vt), a complacência (C) e a pressão arterial média (PAM). O procedimento constituiu-se de ele-

vação da prancha partindo de 0º até 30º, elevando de 15 em 15º, atingindo no máximo 60º devido à queda do nível de consciência. Em seguida, utilizou-se meia compressiva para assim atingir angulação máxima de 75°. Resultados: Observou-se redução da PAM; redução nos valores de Vt e C durante a elevação e um aumento de seus valores quando comparados à posição supina antes e após o ortostatismo. Conclusão: Conclui-se que houve aumento da PAM e da expansão pulmonar pós ortostatismo, observado pela melhora significativa do Vt e da C nos mesmos parâmetros ventilatórios e que a posição ortostática pode ser utilizada como estratégia de reexpansão pulmonar no TRM.Palavras-chave: tetraplegia, hipotensão ortostática, fisioterapia.

Recebido 8 de outubro de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Rodrigo Marques Tonella, Rua Culto à Ciência, 257/104, 13020-060 Campinas SP, E-mail: [email protected]

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41Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Introdução

O TRM é caracterizado por um insulto traumático da medula que pode resultar em alterações nas funções motoras (musculares e ósseas), sensoriais e autonômicas normais. Dentre as complicações do TRM estão a insu-ficiência respiratória, espasticidade, infecções do trato urinário, úlceras por pressão, hipoten-são ortostática e osteoporose [1,2].

A insuficiência respiratória é decorrente do déficit da inervação dos músculos primários da respiração resultando em paralisia e fraqueza mus-culares, reduzindo a capacidade vital e a expansi-bilidade da caixa torácica, proporcionando uma redução da complacência pulmonar. O acúmulo de secreção e atelectasia são consequências diretas da ausência da contração muscular respiratória e suspiro voluntário, por isso são necessárias manobras constantes de higiene e reexpansão pulmonares [3,4].

A redução da complacência pulmonar pode ser atribuída à redução do volume pulmonar, a qual é proporcional às alterações das proprie-dades mecânicas do pulmão e alterações do surfactante. Estes fatores podem estar relacio-nados ao baixo volume, geralmente decorrentes de uma lesão alta (C3, C4 e C5), e dependência da ventilação mecânica devido ao comprome-timento do nervo frênico, o que torna a ação do diafragma ineficaz, apresentando expansi-

bilidade reduzida devido à anormalidade do desempenho dos músculos intercostais e pela espasticidade muscular. Este comprometimento resulta na redução de 20 a 50% da capacidade vital, proporcionando prejuízo no desempenho da tosse [4].

Muitos pacientes necessitam de suporte ven-tilatório permanente ou por um longo período, além disso acabam apresentando distúrbios do sono. Inúmeros protocolos são utilizados como recurso no treinamento da musculatura res-piratória. Estudos com treinamento muscular baseado no controle de tronco e suporte abdo-minal proporcionaram melhorias na eficácia da ventilação pulmonar e redução das complicações respiratórias [5,6].

Com o comprometimento do sistema sim-pático, a intolerância ortostática é comumente observada em indivíduos com lesão cervical alta. Deste modo, durante o ortostatismo ocorre uma redução do fluxo sanguíneo cere-bral decorrente da incoordenação do sistema cardiovascular. Com o imobilismo muscular, o sistema cardiovascular está comprometido ocasionando uma redução na atividade do retorno venoso. A fim de minimizar a hipoten-são, durante treino de ortostatismo, utiliza-se meia compressiva [7,8].

Entre as intervenções utilizadas para prevenir e/ou minimizar as complicações do TRM está o ortostatismo progressivo. Os estudos sobre a

Abstract Introduction: The high spinal cord injury (sCI)

is a trauma of the spinal cord with changes in motor, sensory and autonomic functions. The sCI brings several complications and one of the ways to minimize them is by the orthostatism. Objective: The objective of this study was to analyze the effectiveness of the pro-gressive orthostatism training as strategy of pulmonary re-expansion in a patient with high sCI considering the behavior of the ventilatory and hemodynamic variables. Methods: It was observed a patient with complete sCI, level C3-C4, dependent of mechanical ventilation. It was analyzed the tidal volume (TV), the complacency (C) and the medium blood pressure (MBP). The procedure constituted of the elevation

of the board from 0° to 30°, increasing from 15 to 15°, reaching a maximum of 60° due to decrease in consciousness level. After, a compression stocking was used to achieve maximum of 75°. Results: We observed decrease in MBP and decline in tidal and complacency during the orthostatism and an increase in their values when compared to the supine position before and after the orthostatism. Conclusion: We concluded that there was an increase of RBP and pulmonary expansion after orthostatism, demonstrated by improvement of the tidal and complacency in original parameters, and that the orthostatic position can be used as a strategy of pulmonary re-expansion in sCI.Key-words: quadriplegia, orthostatic hypotension, physical therapy.

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201342

posição ortostática referem-se a seus efeitos na prevenção da perda de massa óssea; melhora do equilíbrio do sistema hemodinâmico na posição ortostática; prevenção de contratura muscular; melhora da função urinária e intestinal; alívio de pressões que ocorrem na posição sentada, redução da incidência de úlceras por pressão, além da fa-cilitação da ventilação e trocas gasosas e melhora do estado vigil [9,10].

Material e métodos

Trata-se de um relato de caso que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FCM/UNICAMP sob o parecer de núme-ro: 017/2009. Paciente masculino, 32 anos de idade, com lesão medular completa, nível C3-C4, após mergulho em água rasa, inter-nado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Clínicas da UNICAMP, no 53º dia de internação. Apresentava quadro neurológico estável com tetraplegia comple-ta, em uso de colar cervical, dependente de ventilação mecânica (Respirador Raphael® / Hamilton Medical, software 1.0) sem drive ventilatório, traqueostomizado e sem sedação. Hemodinamicamente estável sem uso de dro-gas vasoativas. O treinamento ortostático foi realizado por meio de uma prancha ortostática manual com duração de 24 dias consecutivos.

Foram analisados o Vt e a complacência aferidos pelo respirador. A PAM foi obtida pelo monitor multiparamétrico Dixtal®. O protocolo era iniciado sempre após atendimento fisiotera-pêutico com ajuste da FiO2 (fração inspirada de oxigênio) em 1.0.

O procedimento constituiu-se de elevação da prancha partindo de 0º até 30º, e a partir daí de 15 em 15º com intervalo de 5 minutos entre cada elevação. O procedimento foi inter-rompido quando houve a queda da PAM (< 50 mmHg) ou diminuição do nível de consciência; estes eventos ocorreram a partir da angulação de 60º (16º dia). Nessas condições o protocolo foi interrompido imediatamente e a prancha retornada à posição inicial. Como forma de minimizar o quadro de hipotensão, utilizou-se uma meia compressiva de média compressão

(Kendal®) desde o pé até a coxa, a partir do 17º dia de protocolo. Posteriormente, nos oito dias finais, a angulação máxima atingida foi de 75º. As variáveis eram registradas no 1º e 5º minuto de cada ângulo e após o retorno à posição deitada. Foram analisados os resultados de cada angulação, através do teste t pareado para análise das alterações entre as variáveis, com nível de significância de p < 0,05. Deste modo observou-se que houve uma diminuição da PAM comparando-se os ângulos de 30º e 45º; aumento significativo de seu valor quan-do comparado o valor final com angulação de 45º e quando comparado o valor final com o inicial sendo p=0,042, demonstrando que, embora haja hipotensão postural importante, os valores atingidos não foram inferiores a 50 mmHg (gráfico 1).

Gráfico 1 - Evolução da PAM nos diferentes graus de elevação e após o retorno à posição supino.

Pressão arterial média

0° inicial 30° 30° após 5' 45° 45° após 5' 0° final40

50

60

70

80

90

100

110

120

*

***

*

Posições

Pres

são

arte

rial m

édia

(mm

Hg)

O gráfico 2 demonstra uma queda da compla-cência pulmonar em todos os ângulos analisados, quando comparados ao valor inicial com valores de p = 0,00. Porém apresentou um aumento considerável quando comparados os dados da posição 75º com o final. Houve também aumento em seu valor quando comparado à complacência final com a inicial com p = 0,00, demonstrando que houve melhora nas condições de mecânica do sistema respiratório, ratificando a efetividade do protocolo.

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43Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

sendo este resultado da incapacidade de ativar o sistema simpático eferente, uma vez que os neu-rônios pre-ganglionares simpáticos se localizam nos segmentos medulares T1 a l2, que neste caso apresentam-se comprometidos pela lesão. gonzales et al. observaram que os indivíduos que não apresentam hipotensão ortostática são capazes de manter fluxo sanguíneo cerebral mesmo apre-sentando uma redução da PAM. Deste modo, a autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral apre-senta maior importância na redução dos efeitos da hipotensão ortostática [12].

Os mecanismos responsáveis pela hipotensão estão relacionados ao distúrbio do sistema neuro-lógico, endócrino e fatores mecânicos. Outro fator que contribui para a hipotensão ortostática é a falta de ativação da contração muscular esqueléti-ca, que leva a uma diminuição do retorno venoso, com queda do débito cardíaco com consequente queda da pressão arterial [13-14]. Para tal foi utili-zada meia de compressão a qual se mostrou eficaz na melhora da hipotensão possibilitando maiores graus de elevação com a PAM em valores normais.

Os valores da complacência pulmonar e Vt apresentaram uma redução durante os graus de elevação, diferentemente dos achados de sibinelli et al que realizaram o ortostatismo em pacientes internados em UTI e obtiveram ganhos de volume corrente significativos durante a elevação até 50 graus. Esses resultados podem ser explicados pelo fato de que os pacientes do referido estudo não possuíam TRM e quando colocados na posição ortostática apresentavam tônus abdominal normal e uma contenção abdominal adequada, com a pressão intra-abdominal mantida, permitindo que o diafragma ao contrair-se encontrasse apoio para realizar sua função normal [4].

Porto et al. avaliaram a influência do posi-cionamento corporal sobre a hemodinâmica do sistema respiratório analisando a pressão, volume e fluxo nas posições sentada, decúbito lateral e dorsal, em indivíduos submetidos a ventilação mecânica invasiva prolongada. Observaram que a posição sentada proporciou maior complacên-cia do sitema respiratório quando comparado ao decúbito dorsal e lateral. Este evento pode estar relacionado ao fato de ocorrer maior compresão mecânica na caixa torácica em decúbito dorsal, aumentado o trabalho respiratório e consequen-

Gráfico 2 - Evolução da complacência nos diferentes graus de elevação e após o retorno à posição supino.

Complacência

0° inicial 30° 30° após 5' 45° 45° após 5' 0° final20

30

40

50

60

70

*

***

*

Posições

Com

plac

ênci

a (m

L/cm

H2O

)

O volume corrente apresentou a mesma tendência de comportamento com queda sig-nificativa nas angulações de 30, 45, 60 e 75º, apresentando aumento do volume final em comparação ao volume corrente inicial do pro-tocolo (gráfico 3).

Gráfico 3 - Evolução do Vt nos diferentes graus de elevação e após o retorno à posição supino.

Volume corrente

0° inicial 30° 30° após 5' 45° 45° após 5' 0° final300350400450500550600650700750800850900950

1000

*

***

* *

Posições

Volu

me

corr

ente

(mL)

Discussão

A redução da PAM ocorreu conforme o esperado nos pacientes com TRM, durante o ortostatismo, devido à alteração no controle do tônus vasomotor, tanto nos vasos periféricos como em circulação visceral abdominal [11].

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201344

temente reduzindo o desempenho do sistema respiratório. O mesmo não ocorre nos pacientes com lesão medular acima do sexto segmento torácico (T6), na qual a musculatura abdominal apresenta-se flácida, dessa forma não sustentan-do o diafragma durante ortostatismo, ficando o mesmo mais exposto à ação da gravidade [16].

Indivíduos com lesão medular alta também podem apresentar redução significativa da capa-cidade vital, pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima, resultado da perda do tônus muscular e da disfunção respiratória. Zimmer et al. descrevem que os treinamentos devem prio-rizar a função ventilatória a fim de minimizar os efeitos pós-lesão. Embora apresentassem uma redução durante o ortostatismo, os valores de complacência pulmonar e Vt apresentaram um aumento significativo, após o retorno à posição deitada, quando comparados com a posição ini-cial. Isso provavelmente ocorreu, pois em ortosta-tismo as áreas posteriores ficam mais ventiladas e ao retornar à posição supina o volume pulmonar aumenta assim como a complacência, devido à expansão pulmonar adquirida nestas áreas [5-15].

Conclusão

Foi observado no treino ortostático progres-sivo no TRM alto que a complacência e o Vt sofrem redução inicial em seus valores durante a elevação, porém, ao retornar à posição supina, apresentaram aumento significativo em seus va-lores, promovendo uma melhora da ventilação e reexpansão pulmonar pós-ortostatismo.

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45Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

rEViSÃo

Células natural killer e efeito do treinamento

Natural killer cells and effect of training

grasiely Faccin Borges, M.sc.*, Ana Maria Miranda Botelho Teixeira, D.sc.**, luís Manuel Pinto lopes Rama, D.sc.***

*Professora do Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas, Dou-toranda em Ciências do Desporto na Universidade de Coimbra, Portugal, Instituto de Saúde e Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas, **Professora e Pesquisadora do Centro de Investigação do Desporto e da Actividade Física da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física e Coordenadora do Doutorado em Ciências do Desporto da Universidade de Coimbra, Por-tugal, ***Professor e Pesquisador do Centro de Investigação do Desporto e da Actividade Física da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, Portugal

ResumoAs células natural killer (NK) possuem um

importante papel na imunidade inata e tanto sua quantidade quanto a sua atividade no sangue periférico sofrem uma grande flutuação durante e após o exercício físico. O objetivo desta revisão foi verificar a resposta das células NK após o treina-mento. Para a busca dos estudos utilizou-se as bases de dados eletrônicos National library of Medicine (Medline/PubMed), literatura latino-americana e do Caribe em Ciência da saúde (lilacs) e scientific Electronic library Online (scielo) e sport Discus.

Os descritores utilizados foram: exercise, CD56, Natural killer e NK. Treze estudos foram selecio-nados para esta revisão, nove deles apresentaram um aumento significativo no número de células NK circulantes. O treinamento pode induzir uma redistribuição das células NK que pode ser obser-vada logo após o término do exercício, podendo refletir um processo de recuperação e adaptação, em resposta ao estresse fisiológico. Palavras-chaves: células matadoras naturais, subpopulações de linfócitos, exercício, sistema imunológico.

Recebido em 23 de novembro de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Grasiely Faccin Borges, Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física Estádio Universitário – Pavilhão III, Santa Clara, 3040-156 Coimbra Portugal, Tel: (351) 239-802770, E-mail: [email protected]

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201346

Introdução

As células Natural Killer (NK) têm atraído a atenção dos pesquisadores na área da fisio-logia do exercício, pois tanto o seu número quanto a sua atividade no sangue periférico sofrem uma grande flutuação durante e após o exercício físico. Novos dados sobre a origem, desenvolvimento, e interação destas células com outros fatores imunológicos e não-imu-nológicos têm surgido [1,2] e representam um campo com rápido desenvolvimento de pesquisas, que tem explorado o significado das alterações nas células NK induzidas pelo exercício físico.

As células NK fazem parte da imuni-dade inata, elas exibem o receptor para a interleucina 2 (Il-2R), CD16 e CD56 e não expressam o CD3. O marcador CD56 é considerado o principal marcador des-te tipo de célula, esse existe também em outros tipos de células, incluindo NK e subpopulações de linfócitos T normalmente denominados células NKT (CD3+CD56+), tecido neural adulto e muscular, bem como em tecidos embrionários [3-5]. Interna-cionalmente são aceitos e utilizados como marcadores do fenótipo das células NK o CD3-CD16+CD56+. Algumas células apre-sentam a ausência do marcador CD16+ e possuem uma atividade citolítica natural, incluindo também uma pequena população de CD3+CD56+, o CD57+ constitui também outro marcador utilizado para identificação dessas células [1,2,6,7] .

As células NK imaturas diferenciam-se, fenotipicamente e funcionalmente, em células NK maduras após a aquisição do CD56+ e o aparecimento do pontencial citolítico. A expressão do complexo CD94/NKg2A surge mais tarde, antes da etapa final, que culmina com a expressão de CD16+ e de receptores específicos para moléculas MHC-I clássico, os KIR. As células NK são derivadas das células progenitoras hematopoiéticas CD34+ e o pro-cesso de maturação permite classificá-las em duas subpopulações: as que expressam níveis elevados de CD56+ conhecidas como CD-56bright, ou as que expressam níveis reduzidos chamadas de CD56dim [1,2]. As células natural killer (NK) possuem um importante papel na primeira linha de defesa contra micro--organismos e certos tipos de células tumorais. são características das CD3-, e linfócitos CD56+ expressar atividade de células assas-sinas ativadas por linfocina (lAK) ao serem estimuladas por Il-2 e secretando citocinas como o IFN-γ [7-9]. Existem tipos de células tumorais positivas para CD56 incluindo al-guns tipos de leuceminas mielóides, mielomas, neuroblastomas, tumores de Wilm, tumores e pequenas células cancerígenas [3,4,10]. O receptor Il-2 parece ativar preferencialmente as células CD3-CD16+ quando comparado com a população CD3-CD56+, no entanto o receptor Il-15 ativa uma maior percentagem de CD3-CD56+ [5]. A atividade citolítica das células NK é reforçada pelo interferon--alfa e pela interleucina-2 [11], enquanto que certas prostagandinas [12] e inunocomplexos

AbstractNatural killer cells (NK) cells have an impor-

tant role in innate immunity with both their num-ber and activity in peripheral blood undergoing large fluctuations during and after exercise. The purpose of this literature review was to identify the effect of training on natural killer cells (NK). Were used the electronic databases National library of Medicine (Medline / PubMed), latin Ameri-can and Caribbean on Health sciences (lilacs), scientific Electronic library Online (scielo) and

sport Discus. The descriptors used were: exercise, CD56, Natura killer and NK. Thirteen studies were selected, nine of them showed a significant increase in the number of circulating NK cells. Training may induce a redistribution of NK cells that could be seen after the exercise, which may reflect a process of recovery and adaptation in response to physiological stress.Key-words: killer cells, lymphocyte subsets, exercise, imune system.

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47Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

regulam negativamente a função das NK. As células NK são também dotadas de funções imunoreguladoras, uma vez que segregam citocinas tais como IFN-γ, que favorecem o desenvolvimento das células T helper 1 (Th1), e as quimiocinas, tais como CCl3/MIP-1α e CCl4/MIP-1β, que recrutam várias células inflamatórias para locais de inflamação [8,13].

Com o aumento das pesquisas sobre o exer-cício físico e as células natural killer, algumas questões têm sido respondidas enquanto que outras ainda continuam obscuras [14]. Alguns pesquisadores têm assumido que o aumento no número ou atividade no sangue periférico das natural killer seria benéfico, baseando-se em evidências experimentais, através das quais é possível verificar que uma fração de células mononucleares contendo células NK seriam capazes de destruir certas linhas de células cancerígenas ou células infectadas por vírus, no entanto é necessário observar cuidadosamente esses resultados, visto que em resultados clíni-cos, em pacientes com deficiência nas células NK, e com uma variedade de defeitos genéticos, foi demonstrado que essas células não são super armas e que possuem uma faixa relativamente estreita de possíveis alvos [15,16].

As pesquisas sobre o exercício e/ou treino e as células NK têm normalmente incluído estudos transversais e longitudinais [7,14]. Os estudos transversais sobre esse tema levam em consideração que os efeitos residuais da prática de exercícios físicos regulares podem ser sustentados por muitos anos. No entanto a validade desse tipo de comparação é ameaçado pela diferença entre o estilo de vida de atletas de alto rendimento e a população sedentária geral, que sendo distintas apresentam muitas vezes resultados de difícil interpretação. Além disso, problemas metodológicos em muitos estudos, como, por exemplo, a falta de atenção dada ao período de descanso utilizado antes da coleta de sangue que é utilizada, após a realização do exercício, tem contribuído para a dificuldade em comparar resultados uma vez que o efeito sobre as células NK podem persistir por 3 dias ou mais [18].

Apesar de existirem evidências sobre as células NK e o exercício físico agudo [7],

ainda existem lacunas no que diz respeito à compreensão das alterações ocorridas com as células NK após períodos de treino regular, constituindo este aspecto o principal objetivo deste artigo, onde por meio de uma revisão sistemática buscou-se explorar o efeito do trei-namento sobre o comportamento das células natural killer (NK).

Métodologia

Inicialmente realizou-se uma busca na literatura utilizando os seguintes descritores em inglês: exercise, CD56, Natura killer, NK, Para a busca dos estudos utilizou-se as bases de dados eletrônicas National library of Medicine (Medline/PubMed), literatura latino-Americana e do Caribe em Ciência da saúde (lilacs) e scientific Electronic library Online (scielo) e sport Discus.

Para a seleção dos estudos foi estabelecido os seguintes critérios de inclusão: 1) avaliar as células natural killer, apresentado valores em percentuais ou número absoluto de células; 2) o exercício físio e/ou treino estar definido claramente (ex. número de repetições e/ou duração) do exercício ou treino; 3) ter na amostra indivíduos do sexo masculino, sau-dáveis, visto que indivíduos do sexo feminino possuem respostas diferentes das células NK em resposta ao exercício físico [19,20]; 4) ava-liar indivíduos adultos, pois levamos em con-sideração que o processo de envelhecimento poderia influenciar os resultados dos estudos [21,22]; 5) os sujeitos incluídos nas amostra não deveriam estar utilizando medicamentos ou suplementação nutricional; 6) foram in-cluídos os artigos publicados a partir do ano de 1990, pelo motivo da rápida evolução e mudanças sobre o tema.

Os procedimentos para análise dos estudos foram organizados na seguinte sequência: na primeira etapa, realizou-se um levantamento de artigos encontrados com os descritores propostos; na segunda, ocorreu uma leitura e seleção criteriosa dos artigos para a formação de um banco de dados sistematizado. Os da-dos de todos os artigos incluídos foram cole-tados e armazenados em novo banco de dados,

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201348

Tabela I - Estudos selecionados sobre a resposta das células natural killer no sangue periférico após a realização de treinamento.

Referência Amostra TreinoTempo de descanso antes

da coleta sanguíneaMarcador/ Resultados

Anomasiri et al.

[24]

20 homens (militares entre

21 a 23 anos)8 semanas de treino ?

CD56+

Não houve mudanças significativas

Baj et al. [25]

15 homens (21 anos)

(16 homens saudáveis

controles)

6 meses de ciclismo (500Km

por semana)?

CD16+

Reduziu 10% células NK

Ferry et al. [26]6 homens Ciclistas versus

6 homens controlos5 meses de ciclismo

Repouso logo após o exer-

cício

NKH1 (CD57+)

Aumento no número de NK

Gleeson et al. [27]

26 nadadores de elite

(15 homens e 15 mulheres

com idade de 19 a 41

anos)

7 meses de natação. 20 -25

horas/semana de treino na

piscina e 5 horas/semana de

treino fora da piscina.

Mais de 24 horas após o

último exercício

CD56+

Redução do número de células NK.

Host et al. [28]19 homens saudáveis

10 semanas 12-18 horas ou 36 a 48

horas após o exercício

CD16+

Aumentou 13% e depois 9%.La Perriere et al.

[29]

14 homens saudáveis (18

a 40 anos)

45 min de ciclismo, 3 vezes/

semana 48 horas

CD56+

Aumento de 22%

Peters et al. [30] Dois grupos de corredores

Comparação entre treina-

mentos antes da competição

(>120 km/semana; 3 sema-

nas versus <80 km/semana;

2 semanas)

16 horas após ultramaratona

(90Km)

CD56+

Não apresentou evidências de

alterações ou correlação com

infeccções.

Pizza et al. [17]

11 homens corredores 35

anos)

Corrida e Ciclismo

Aumento na carga de treino

30 dias de treino (14° dia

80% do treino normal 10 dias

de treino a 200% do normal)

12 horas

CD16+

Aumentou 22% (corrida)

0% (ciclismo)

Rama et al. [14]19 nadadores e 11 não-

-atletas

29 semanas de treino

utilizou 4 momentos durante

todo o perído de treino.

48 horas

CD56+

Reduziu em dois momentos, espe-

cificamente quando aumentaram a

carga de treino

Rhind et al. [31]9 homens (23 anos) (6

controles)

12 semanas de treino super-

visionados em cicloergômetro

(30 minutos de 65 a 70%

doVO2max, 4–5 dias por

semana .

Com 36 horas depois e 12

horas de jejum da última ses-

são e 30 a 120 min depois

do exercício.

CD56+/CD16+

Aumentou em 22% (Aumentou

CD16+, CD56+)

Shore et al. [32]

33 homens sedentários e

saudáveis

(19 a 29 anos)

12 semanas de treinamento

(três grupos: grupo 1 de

exercícios aeróbios,70-85%

da FCmáx 3 vezes/semana,

grupo 2 exercícios modera-

dos com programa similar ao

grupo 1, 4-5 vezes/semana)

e um grupo de controle,

sedentários)

RepousoCD16+ Aumentou 27% treino leve,

21% treino moderado.

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49Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Referência Amostra TreinoTempo de descanso antes

da coleta sanguíneaMarcador/ Resultados

Tvede et al. [33]

29 homens bem treinados

ciclistas (23 anos) e 15

ciclistas não treinados

alta e baixa intensidade de

treino de ciclismo20 horas

CD16+

NK foi significativamente mais alta

nos ciclistas treinados (n = 15)

do que nos não treinados (n =

10) tanto no período de treino de

baixa intensidade (39,2 ± 11,6%vs

30,9 ± 6,4%) enquanto no de alta

intensidade (55,2 ± 18.4% vs 33,6

± 20,3%).

Unal et al. [34]

24 estudantes univer-

sitários sedentários e

trabalhadores

8 semanas (3 vezes por

semana) Comparação entre

diferentes tipos de treinos

(30min x 20 min)

?

CD56+

Aumento de 65% em CD56+ no

grupo com maior volume de treino

além das características sociodemográficas da população estudada: ano, tipo de estudo, for-mas de coletas de dados, autores, entre outras variáveis que se mostraram interessantes para essa investigação.

Como critério de exclusão para esse estudo utilizou-se: artigos em outros idiomas que não português ou inglês; trabalhos científicos divulgados em outras formatações (ex.resumos apresentados em eventos, livros etc.). Ressalta--se ainda que se tomou a precaução necessária para que os artigos não fossem incluídos duas vezes, caso estivessem indexados em várias bases de dados selecionadas.

Resultados e discussão

A partir da seleção dos artigos foram in-cluídos nesta revisão 13 estudos, que foram publicados entre os anos de 1995 a 2012. No quadro I estão apresentados detalhes dos estudos selecionados, como o primeiro autor e ano, constituição da amostra, treinamento realizado, tempo de descanso após o último treino antes da coleta sanguínea, o marcador que foi utilizado para determinação das célu-las NK e os principais resultados que foram encontrados.

Durante a fase de análise dos estudos foram excluídos 4 estudos que avaliaram somente indivíduos do sexo feminino. Um estudo que avaliou adolescentes, entre 13 e 14 anos de idade [23], também foi excluído.

Nos estudos que apresentavam informações das NK durante a realização do exercício físico, optou-se especificamente por incluir, apresentar e discutir os dados referentes as coletas realizadas após o exercício físico/treino.

A maioria dos estudos selecionados incluiu no treinamento diversos tipos de exercícios, no entanto o mais citado foi o ciclismo seguido pela corrida. O marcador mais utilizado para identificar as células NK foi o CD56+ seguido pelo CD16+, e alguns estudos utilizaram am-bos marcadores. Apenas 2 estudos realizaram a coleta do sangue após as 48 horas de repouso (Tabela I).

Apesar dos estudos selecionados fazerem um relato da resposta do treino a longo prazo, muitos também acompanharam a resposta aguda, dessa forma foi possível verificar que o comportamento do número de células natural killer circulantes parece aumentar durante o exercício físico, seguido por uma brusca que-da, imediatamente após o exercício físico, que pode ocorrer até por volta de 30 a 50 minutos após seu término, logo em seguida inicia-se um aumento no número de células circulantes no sangue periférico e esse aumento prolonga--se por 24 horas e em muitos casos por 48 horas [17,24-34].

Nos resultados apresentados nessa revisão (tabela I), mais de 8 estudos apresentaram da-dos referentes a exercícios físicos realizados por mais de 6 semanas consecutivas. Nos estudos transversais, os benefícios a longo prazo do

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201350

treinamento podem ser mascarados por uma sessão de treino recente e que podem dificultar a análise e entendimento dos resultados [7].

Nos estudos selecionados ocorreram varia-ções no tempo de repouso, que foi utilizado após a realização do exercício físico, para serem feitas as coletas de sangue periférico. Através da análise dos estudos foi possível verificar, que o tempo utilizado para coleta de sangue após o exercício físico pode influenciar nos resultados, em estudos centrados na resposta ao treino, pelo que um período de tempo após o exercício tem sido respeitado para realizar a coleta da amostra de sangue. No caso do exercício moderado, 24 horas parece ser sufi-ciente para uma completa recuperação, mas interpretações errôneas da resposta ao treino podem surgir em estudos em que a elevação destas células que ocorre na resposta aguda possa persistir por diversos dias [6,7]. Na metanálise realizada por shephard e shek [6], na maioria dos artigos investigados, os sujeitos das amostras não tiveram mais que 24 horas de recuperação, e em algumas instâncias o tempo após o exercício foi muito próximo ou muito curto em relação à última sessão de exercícios.

Por dificuldades e alguns problemas envol-vendo as técnicas de análises e coleta de dados imunológicos, poucos estudos tem incluído grupo de controle [6]. A partir dos estudos selecionados observou-se que após a realização do exercício físico as células NK apresentaram um comportamento similar, pois dos 12 estu-dos 9 apresentaram um aumento no número de NK circulantes (tabela I). Verificou-se que durante ou logo após o exercício físico as células NK (CD16+/CD56+) circulantes no sangue periférico parecem ser encontradas em maior número e percentagem em atletas do que em não atletas e esses valores podem ser mantidos por longos períodos de tempo

[35]. Um estudo que avaliou 1038 atletas na China identificou proporções aumentadas em atletas cerca de 20 a 40% quando comparados aos níveis normais, e as subpopulações CD3+, CD3+CD4+, e CD3+CD8+ T, B, e NK foram todas menores nos atletas quando comparados com os valores de referência clínicos [36]. No entanto, não foi detalhado o momento de

treinamento físico em que se encontravam esses atletas.

Comumente é sugerido que o exercício induz ao aumento da quantidade de células NK a partir dos reservatórios venosos que está associada ao aumento do débito cardíaco e a uma demarginação dos linfócitos associa-dos com a mediação da ação da adenosina monofosfato cíclica, que medeia a ação das catecolaminas e as moléculas de adesão [6]. A redução da quantidade das células NK após o exercício físico pode ser causada pela remar-ginação celular, quando a concentração das catecolaminas diminui para os níveis normais de repouso. No entanto, é difícil indentificar qual é o mecanismo que reduz a quantidade de células NK aos níveis normais. É muito postulado que as células NK migram para fora da circulação na primeira hora do exercício e esta migração é mais intensa nos exercícios vigorosos, possivelmente para dar assistência na morte celular, ocorrida como consequência de microtraumas na atividade muscular[6,7].

Apesar de o exercício físico extenuante em níveis mais intensos poder causar consequên-cias negativas para a resposta imunológica, o exercício moderado a longo prazo pode influenciar a função imunológica de forma benéfica [6]. Uma metanálise identificou que indivíduos ativos fisicamente possuem uma vantagem de 17% no número de células NK quando comparados a indivíduos sendentá-rios [6].

Relativamente ao número de células na-tural killer circulantes, é interessante destacar que os exercícios muito intensos, realizados cerca de 20 a 120 minutos, com uma inten-sidade a 75 até 90% do pico do VO2 máximo, podem causar uma maior elevação do número de células NK, no entanto, após a prática de exercícios muito pronlongados, acima de 120 minutos e realizados até 120 dias, depois de passadas 24 horas de repouso podem ser encontrados valores muitos reduzidos no nú-mero de células NK no sangue periférico [6].

Elevada atividade ou número de células NK na circulação sanguínea não parece ser sempre favorável, no caso de pacientes com problemas dermatológicos [16,37,38]. Em

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51Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

outro estudo observou-se uma elevação no número e na atividade de NK devido a uma expansão anormal dos grandes linfócitos granulares (NK), sendo uma adaptação com-pensatória a um defeito na mitogênese das células T primárias [15,16].

O elevado número de NK circulantes também pode estar relacionado com o dano muscular ocasionado pelo exercício físico e costuma ser observado em situações de inadaptação à carga de treino como é o caso do “overtraining” [16,17]. Apesar das razões que ocasionam nas mudanças de percentuais e número das células NK provocadas pelo trei-namento, existe uma tentativa de relacioná-las com a performance e/ou “overtraining” em atletas [39]. Mesmo assim, como já relatado anteriormente o tempo de recuperação parece ser um fator influenciador na resposta deste tipo de célula.

Apesar de a maioria dos estudos indicar um aumento no número das células NK circulan-tes (tabela I), durante as buscas foi observado que dois estudos relataram uma diminuição no número total de células NK circulantes [25,27] e apenas um estudo relatou que os valores não tiveram alterações significativas

[24]. Especificamente no estudo de gleeson et al. [27], a percentagem das células NK (CD16+/CD56+) declinaram entre 30 a 40 % após 7 meses de treinamento intenso de natação e foram de 20 a 30% menores que nos não atletas [27], sendo importante lembrar que esses dados foram colhidos após 24 horas do último treino. É interessante destacar que quando o exercício é continuado por diversos dias ou de forma prolongada a quantidade de células NK pode cair a um número abaixo dos níveis iniciais [6,27].

As mudanças no sistema nervoso autôno-mo resultantes da prática do exercício físico, de fato parecem produzir alterações no ritmo cir-cadiano dos leucócitos, sendo capaz de induzir um aumento no número das subpopulações incluindo os granulócitos, os linfócitos e as células natural killer [40]. Esse fenômeno está associado à atividade simpática em conjunção com a produção de catecolaminas no sangue causada também pelo exercício físico [40,41].

Assim a alteração do número e da ativi-dade das células NK pode ser um reflexo da atividade simpática independente do papel imunológico das células NK [16,42]. No en-tanto, o significado da redução da circulação das células NK, como também de outros leucócitos, induzidos pelo exercício físico para a saúde ainda é desconhecida.

Após um mês de treino de voleibol veri-ficou-se uma redução no número e também na citotoxidade das células NK. Apesar desse resultado os atletas não relataram comporta-mentos ou sintomas de modo que pudessem ser considerados estarem mais suceptiveis a infecções [43]. A queda do número circu-lante das células NK após o exercício físico agudo tem sido relatada por diversos estudos [27,44], uma tentativa para explicar esse efeito fisiológico como sendo uma redistribuição das células do sangue periférico resultado de treino intenso [35]. segundo gleeson e Bishop [44], a duração e a intensidade de exercício parecem influenciar a escala e a velocidade dessa mobilização.

Dos estudos selecionados para esta revisão, apenas um apresentou resultados sobre as sub-populações CD56bright e CD56dim [14], neste estudo foi relatado que quando foi aumentada a carga de treinamento reduziu o número total de células NK CD56+ circulantes, mas por outro lado ocorreu um aumento no nú-mero de células CD56bright e uma redução no número de células NK CD56dim. sabe-se que o exercício exerce grande efeito agudo nessas subpopulações [7]. O exercício físico crônico pode facilitar o turnover e a geração celular, com o surgimento de novas células imaturas [2,43]. Os leucócitos circulantes representam apenas uma fracção muito pequena (1-2%) de leucócitos totais. Portanto, um recrutamento circulatório seletivo das células NK CD56+bright

pode ocorrer, dependendo das mudanças no ambiente interno [43].

Investigações sugerem que as células NK56bright dão origem as células CD56dim maduras, as quais prevalecem com o fenó-tipo das células NK. sendo assim, existe uma hipótese que as células CD56dim seriam derivadas das células CD56bright, e o exercício

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201352

poderia induzir a mobilização desta última subpopulação, refletindo a mobilização de células CD56+ imaturas. O exercício físico agudo pode mobilizar as células CD56bright para a circulação, provavelmente a partir do tecido linfóide onde são abundantes [1], o que faz com que o exercício físico possa ter um importante papel clínico.

No estudo de shore et al. [32], foi evidencia-do que o treinamento moderado, que seria capaz de causar um balanço energético negativo, pro-duz um menor aumento no número de células NK CD16+CD56+, de células citotóxicas não restriras ao complexo MHC, no entanto como consequência os autores atribuíram como uma consequência negativa a diminuição dos linfó-citos B que ocorreu resultado do treinamento realizado. Apesar desse resultado, é importante destacar que os atletas possuíam um número menor de células NK em repouso.

No entanto, o exercício total realizado pode influenciar as células NK pela via da respostas neuroendócrina. Isto é possível, pois com um aumento da carga de treino ocorre um aumento antecipatório das catecolaminas (ex. Adrenalina). As células natural killer, assim como outros linfócitos expressam re-ceptores β-adrenergicos os quais respondem às catecolaminas aumentando o número em circulação [45]. Controversamente, o aumento da concentração do cortisol tem sido relata-do em associação com uma diminuição no número das células NK [46] e isto pode ser possível também pela aumentada produção de glucocorticóides como uma resposta do stress ocasionado pelo exercício.

As mundaças no número e percentual de células NK parecem ser efeitos de uma supres-são protetora dos resultados do exercício físico intenso ou prolongado. As quedas ocasionadas têm sido sugeridas como deixando os atletas potencialmente susceptíveis a infecções virais [27]. Porém, nem todos autores concordam com essa hipótose [7, 43].

Conclusão

Os estudos publicados e utilizados por esta revisão sistemática apontam para um efeito de

redistribuição das células NK induzida pelo treino, após seu término, que pode refletir um processo de recuperação e adaptação, em resposta ao estresse fisiológico. Este compor-tamento pode suportar um risco acrescido da eficácia da função imune. O número e percentual de células NK circulantes parece aumentar durante o exercício físico, seguido por uma brusca queda, que pode ocorrer até por volta de 30 a 50 minutos após seu térmi-no, logo em seguida inicia-se um aumento no número de células circulantes no sangue periférico e esse aumento prolonga-se por 24 horas e em muitos casos por 48 horas, esse au-mento parece estar relacionado à intensidade e ao volume do exercício que foi realizado. A resposta ao treino prolongado, por outro lado, parece ser caracterizada por uma diminuição nos níveis de células NK em repouso, podendo representar uma adaptação crônica ao treino intenso de longa duração.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico- CNPq pelo apoio financeiro (Bolsa de doutorado pleno no exterior-gDE/Ciências sem Fronteiras) concedido a grasiely Faccin Borges (202441/ 2011-3).

Referências

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53Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201354

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55Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

rEViSÃo

Protocolos de tratamento na síndrome femoropatelar

Treatment protocols in patellofemoral syndrome

Alisson guimbala dos santos Araujo, M.sc.*, Nayara Menezes Pereira**

*Supervisor do Ambulatório de Disfunções Músculo-Esquelética da Faculdade Guilherme Guimbala (FGG), Especialista em Ortopedia e Traumatologia da FGG, **Acadêmica do Curso de Fisioterapia da FGG

ResumoOs conhecimentos sobre as patologias do joelho

sofreram grande avanço nos últimos dez anos. Em consequência disso, várias técnicas cirúrgicas e vários protocolos de tratamento conservador vêm sendo de-senvolvidos. A síndrome da dor femoropatelar (sFP) é caracterizada por dor peri ou retropatelar. sendo o principal fator etiológico de origem dinâmica a hipo-trofia ou displasia do músculo vasto medial. O objetivo do trabalho foi analisar os protocolos de tratamento na instabilidade femoropatelar. Foi realizada pesquisa bibliográfica nas bases de dados eletrônicas, Pubmed e scielo. As buscas foram realizadas restringindo a data para artigos publicados entre 2003 e 2012, em língua inglesa e portuguesa. Desta forma foram analisados 25 artigos, dos quais 8 preencheram os critérios de

inclusão deste estudo. Diante dos diversos protocolos utilizados na reabilitação de pacientes com a sDFP, os resultados demonstraram serem satisfatórios nos tratamentos envolvendo o fortalecimento de quadrí-ceps femoral e alongamento de cadeia posterior. Os benefícios obtidos foram de modo geral na melhora de sinais e sintomas de pacientes com sDFP, como dor, capacidade funcional, flexibilidade, e na geração de força, trazendo assim melhora na qualidade de vida do paciente. Porém há uma perspectiva para que outros tipos de exercícios sejam inseridos no tratamento de pacientes com sDFP, assim se faz necessário que mais estudos sejam feitos para comprovar a eficácia dos protocolos verificados na pesquisa.Palavras-chave: joelho, instabilidade femoropatelar, protocolos.

Recebido em 22 de outubro de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Alisson Guimbala dos Santos Araujo, Rua Paulo Henk, 96, 89216550 Joinville SC, E-mail: [email protected]

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201356

Introdução

O joelho é uma articulação do tipo sinovial que faz o movimento de flexão e extensão, através do deslizamento. É constituído pela extremidade distal do fêmur com a extremidade proximal da tíbia, patela, ligamentos que estabilizam a articula-ção, meniscos que dão complacência a articulação e absorvem o impacto sobre as cartilagens. No joelho ainda se encontram a articulação femoro-patelar, que é responsável por este deslizamento, e a femorotibial [1,2].

Os conhecimentos sobre patologias do joelho sofreram grande avanço nos últimos dez anos, a necessidade do conhecimento mais profundo se deu pelo aumento dos casos de lesão nesta articulação, acometendo 23 a 31% dos pacientes atendidos em clínicas de fisioterapia, sendo a mais comum a síndrome da dor femoropatelar (sDFP). Em con-sequência disso, várias técnicas cirúrgicas e vários protocolos de tratamento conservador vêm sendo desenvolvidos e a fisioterapia vem mostrando ter um papel muito importante na reabilitação de pacientes com sDFP. A reabilitação deve seguir alguns passos com o objetivo de que o paciente retorne às suas atividades laborais ou ao esporte. Para tanto é neces-sário a proteção das estruturas lesadas, manutenção do condicionamento cardiorrespiratório, ganho completo da amplitude de movimento, prevenção da atrofia muscular, manutenção da propriocepção, melhora da força muscular, e retorno à agilidade para diferentes atividades [2-8].

A síndrome femoropatelar (sFP) é caracteriza-da por dor peri ou retropatelar e acomete atletas e não atletas. Os pacientes com sFP apresentam dor difusa anterior ou retropatelar, que exacerba quando submetidos a atividades funcionais. Ou-tros sinais observados são a crepitação patelar, edema e bloqueio articular. sua incidência é maior no sexo feminino acometendo principalmente mulheres jovens, ou atletas adolescentes de ambos os sexos [9-11].

Apesar de não estar claramente estabelecida, a etiologia pode estar relacionada com vários fatores que levam ao mau alinhamento patelar, como o aumento do ângulo Q, patela alta ou baixa, pronação subtalar excessiva, rotação lateral da tíbia, anteversão femoral, joelho valgo ou varo e encurtamento do retináculo lateral, dos músculos ísquiotibiais e do trato iliotibial. Porém, o princi-pal fator etiológico de origem dinâmica que leva ao mau alinhamento é a hipotrofia ou displasia do músculo vasto medial, que impossibilita esse músculo de contrapor a força produzida pelo músculo vasto lateral e o trato iliotibial, já que essas porções do músculo quadríceps femoral controlam a biomecânica da articulação femoro-patelar [2-6,15,13-21].

Com isso muito se fala em qual seria a técnica ou protocolo de tratamento mais adequado para estes pacientes e diversos trabalhos trazem técnicas de fortalecimento de determinados músculos e diversas maneiras, alongamentos, eletroestimu-lação, o efeito de movimentos funcionais sobre a

AbstractThe knowledge about the pathologies of the knee

increased in the last ten years. Consequently, several surgical techniques and conservative treatment pro-tocols have been developed. The patellofemoral pain syndrome (PFs) is characterized by peripatellar pain or retropatellar pain, being the main etiological factor of dynamic origin the hypotrophy or dysplasia of the vastus medialis muscle. The objective of this study was to analyze treatment protocols in patellofemoral instability. A literature review was performed in elec-tronic databases, Pubmed and scielo. searches were conducted restricting the date for articles published between 2003 and 2012 in English and Portuguese.

25 articles were analyzed, 8 of which met the inclusion criteria of this study. The various protocols used in the rehabilitation of patients with PFs showed satisfactory results in treatments involving the strengthening of the quadriceps and stretching of the posterior chain. The benefits obtained were generally improving in signs and symptoms of patients with PFs, such as pain, functio-nal capacity, flexibility, and power generation, thereby bringing improvement in quality of life of the patient. But there is a prospect for other types of exercises to be included in the treatment of patients with PFs, so more studies are needed to prove the effectiveness of the protocols observed in the survey.Key-words: knee, patellofemoral instability, protocols.

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57Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Tabela I - Caracterização dos estudos selecionados.Autores Grupo Metodologia Variáveis Conclusão

Miyamoto et

al. [2]

N = 12 Alongamento muscular

segmentar bilateral. Com

duração de 30 segundos, e

10 repetições.

Ângulo Q, dor, capaci-

dade funcional.

Todas as variáveis apresen-

taram melhora significante

após o tratamento.

Cabral [3] N = 40 Alongamentos de cadeia

posterior, fortalecimento de

quadríceps femoral.

Flexibilidade, ângulo Q,

capacidade funcional,

eletromiografia.

Redução efetiva da dor,

melhora do realinhamento

dos joelhos e aumento da

flexibilidade.Cabral et al. [9] N = 11 Exercícios de fortalecimento

de quadríceps em cadeira

extensora, 16 sessões duas

vezes na semana.

Dor, capacidade

funcional, ângulo Q,

eletromiografia.

Evidenciou melhora signifi-

cante para as variáveis de

dor, capacidade funcional e

eletromiografia.

Cabral et al. [14] N = 20 Alongamentos de cadeia

posterior pelo RPG e alonga-

mento segmentar. Duração

de 8 semanas com 2 sessões

semanais.

Dor, capacidade

funcional, flexibilidade,

ângulo Q e eletromio-

grafia.

Melhora do realinhamen-

to do joelho, melhora da

flexibilidade, o que facilita o

fortalecimento.

Candeia et al.

[15]

N = 1 Aplicação de duas técnicas de

taping patelar.

Exame de vídeofluo-

roscopia do joelho em

plano sagital, antes e

após o tratamento.

Aumento significativo para

melhor ângulo do tilt patelar

após a aplicação das técni-

cas de taping.Cabral et al. [9] N = 20 Fortalecimento de quadríceps

em cadeia cinética aberta

e fechada, durante oito

semanas.

Dor capacidade funcio-

nal, flexibilidade, ângu-

lo Q, eletromiografia.

Melhora da capacidade

funcional e flexibilidade.

Clark et al. [18] N = 81 Fortalecimento, alongamento,

taping, reeducação. Durante

3 meses.

Dor, satisfação do

paciente, força de

quadríceps.

Melhora da dor, satisfação

do paciente e força de qua-

dríceps, porém o taping não

influenciou no resultado.

Garcia et al. [8] N = 10 Estimulação elétrica de vasto

medial. 3 vezes na semana

por 6 semanas.

Teste funcional, eletro-

miografia.

Após tratamento houve

aumento na capacidade de

geração de força.Fonte: Dados coletados pelos pesquisadores.

articulação femoropatelar, entre outros. Porém, não foi estabelecido um protocolo com com-provação de melhora para pacientes acometidos por esta síndrome. O tratamento cirúrgico traz mais de cem técnicas diferentes descritas, porém, com um alto índice de resultados insatisfatórios, principalmente a longo prazo, somado ainda com o grande potencial iatrogênico, fazem do tratamento conservador uma alternativa pro-missora. Que leva ao alívio da dor, por meio de fortalecimentos e alongamentos associados ao uso de anti-inflamatórios [2,4,6,13,14,18,19,22]. O

objetivo do trabalho foi analisar os protocolos de tratamento na instabilidade femoropatelar.

Material e métodos

Foi realizada pesquisa bibliográfica nas bases de dados eletrônicas, Pubmed e scielo. Para tanto foram utilizados os termos: knee, patellofemoral instability, protocols, exercise, rehabilitation na língua inglesa, e joelho, síndrome femoropatelar, instabilidade, protocolos, exercícios, reabilitação na língua portuguesa. As buscas foram realizadas

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201358

restringindo a data para artigos publicados entre 2003 e 2012, em língua inglesa e portuguesa, sendo inclusos os estudos que abordavam ca-sos nos quais a intervenção em pacientes com síndrome femoropatelar se dera por tratamento conservador. Desta forma foram analisados 30 artigos, dos quais 8 preencheram os critérios de inclusão deste estudo.

Resultados

Dos 25 artigos encontrados, apenas 8 apresen-tavam ensaios clínicos controlados, e os artigos selecionados quanto aos tratamentos comparados para a síndrome femoropatelar foram: alonga-mento, fortalecimento, eletroestimulação, taping, influência dos músculos do quadril na sDFP, altura do sTEP, combinados ou não. A tabela I apresenta os dados dos estudos selecionados, tendo respectivamente autor, grupo participante, metodologia, variáveis estudadas e conclusão.

Discussão

Os artigos relacionados apresentaram uma variação de 1 a 81 pacientes nos grupos, sendo um total de 222 pacientes estudados. Em seis estudos [2,3,8,9,15], o total de grupos envolveu entre 10 e 40 pacientes, em um estudo [15] o grupo envolveu apenas um paciente, e em outro estudo [17] o grupo envolveu 81 pacientes. Dois artigos [9,14] subdividiram a amostra em dois grupos, e dois artigos [3,19] a amostra foi sub-dividida em quatro grupos, formando assim 12 grupos de estudo, em que a maioria dos grupos analisados utilizou fortalecimento de quadríceps e alongamento de cadeia posterior.

Miyamoto et al. [2] realizaram um estudo com o objetivo de avaliar os efeitos do alonga-mento muscular segmentar no tratamento da sDFP. Participaram do estudo 12 indivíduos com sDFP, dominância do membro inferior direito e idade média de 20 anos. Os participantes foram avaliados antes e após o tratamento, sendo as variáveis analisadas; o ângulo Q, intensidade da dor, capacidade funcional pela escala de lysholm, sensação de posição articular (sPA) a 40 e 50 graus de flexão de joelho, trabalho total e momento de força concêntrico dos músculos quadríceps fe-

moral e ísquiotibiais a 60 e 180º/s. O tratamento consistiu em alongamento muscular segmentar bilateral dos músculos ísquiotibiais, tríceps sural e quadríceps femoral, teve duração de 30 segundos e 10 repetições para cada músculo. Os resultados mostram que o alongamento muscular segmentar possibilita melhoras de vários sinais e sintomas apresentados pelo paciente com sDFP, como alinhamento, dor e função do joelho.

Já outro estudo realizado comparou a eficácia do alongamento muscular na recuperação fun-cional de pacientes com sDFP, em um grupo de 20 mulheres sedentárias com sDFP. Foi subdivi-dido em dois grupos sendo que o grupo 1 (g1) realizou alongamento dos músculos da cadeia posterior pela técnica de reeducação postural global e o grupo 2 (g2) alongamento segmentar dos músculos ísquiotibiais e gastrocnêmios. As variáveis avaliadas foram a intensidade da dor no joelho pela escala visual analógica, capacidade funcional, flexibilidade pelo teste 3º dedo solo, encurtamento dos músculos ísquiotibiais, ângulo Q, e eletromiografia dos músculos bíceps femoral e gastrocnêmios porção lateral. O tratamento teve duração de oito semanas, com duas sessões semanais. Os resultados mostraram que os dois grupos obtiveram melhora em capacidade fun-cional, encurtamento dos músculos ísquiotibiais, ângulo Q e flexibilidade. Porém, somente o g1 obteve redução na intensidade da dor. Comparado a g2, o g1 teve melhor índice de flexibilidade. Concluindo que os exercícios de alongamento muscular, em especial o global, devem ser indi-cados para pacientes com sDFP para redução efetiva da dor melhorando o realinhamento dos joelhos e aumentando a flexibilidade, facilitando o fortalecimento muscular [14].

Cabral [3] observou a eficácia do alongamento dos músculos da cadeia posterior com exercícios de fortalecimento do músculo quadríceps femoral na recuperação funcional de pacientes com sDFP. Foram selecionadas 40 mulheres sedentárias com idade entre 18 e 32 anos com sDFP. As variáveis avaliadas antes do tratamento foram medida da flexibilidade, encurtamento dos músculos ísquioti-biais, ângulo Q, aplicação da escala de capacidade funcional (escala de lysholm e escala de avaliação para articulação femoropatelar), eletromiografia dos músculos vasto medial, vasto lateral, bíceps femoral

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59Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

e gastrocnêmios porção lateral durante contrações isométricas de flexão e extensão da perna. Após a avaliação, o grande grupo se subdividiu em quatro grupos: g1 realizou alongamentos dos músculos de cadeia posterior pela técnica de RPg, g2 realizou alongamento segmentar dos músculos ísquiotibiais e gastrocnêmio, g3 fortaleceu o músculo quadríceps femoral em cadeia cinética aberta e g4 fortaleceu também quadríceps femoral em cadeia cinética fechada, ambos com aumento progressivo da carga. O tratamento durou oito semanas com frequência de duas sessões semanais. Em todos os grupos houve melhora da capacidade funcional, diminuição do encurtamento dos músculos ísquiotibiais e aumento da flexibilidade. sugerindo que exercícios de alon-gamento, em especial o RPg, devem ser indicados para pacientes com sDFP, principalmente em fases iniciais de sinais e sintomas.

Apesar de terem sido utilizadas técnicas, dura-ção e número de repetições diferentes nos estudos citados acima, nota-se uma melhora no quadro de sinais e sintomas do paciente com sDFP quando submetido a alongamentos, em especial de cadeia posterior. A dor demonstrou melhora efetiva, bem como a funcionalidade, alinhamento do joelho e flexibilidade. Os exercícios de alongamento são indicados para pacientes com sDFP, principal-mente no início dos sintomas.

Cabral et al. [9] avaliaram a eficácia do for-talecimento muscular em pacientes com sDFP, comparando os exercícios em cadeia cinética aberta e cadeia cinética fechada. Um grupo de 20 mulheres com sDFP foi dividido em dois grupos: g1 realizou o fortalecimento de quadríceps fe-moral em cadeia cinética aberta, já g2 realizou o mesmo fortalecimento em cadeia cinética fechada, ambos com duração de 8 semanas e frequência de 2 vezes na semana. Antes e após o tratamento foi avaliada a dor, capacidade funcional, flexi-bilidade, encurtamento de ísquiotibiais, ângulo Q, eletromiografia dos músculos vasto medial e vasto lateral, durante extensão isométrica da perna. Os resultados mostram que houve me-lhora da capacidade funcional encurtamento de ísquiotibiais, e flexibilidade. Porém, somente o grupo submetido a exercícios de cadeia cinética aberta apresentou diminuição na intensidade da dor e aumento da atividade eletromiográfica do músculo vasto lateral. Ambos não modificaram

o ângulo Q, o que sugere que os tratamentos baseados no fortalecimento do músculo quadrí-ceps femoral resultam em melhora nos principais sintomas apresentados pelo paciente, porém, não houve diferenças evidentes na realização em cadeia cinética aberta ou fechada.

Já Cabral et al. [9] observaram a eficácia do fortalecimento de quadríceps femoral em cadeia cinética aberta, no tratamento de pacientes com sDFP. Foram avaliadas as variáveis de dor, capa-cidade funcional, ângulo Q e eletromiografia du-rante contrações isométricas. As 10 pacientes com sDFP selecionadas realizaram fortalecimento do músculo quadríceps femoral na cadeira extensora com aumento progressivo de carga, com duração de 16 sessões, duas vezes por semana. Concluindo que os exercícios de fortalecimento realizados devem ser prescritos para pacientes com sDFP e produzem resultados funcionais satisfatórios.

Clark et al. [18] pesquisaram a eficácia de três técnicas fisioterapêuticas isoladamente sendo aplicadas em pacientes com sDFP. Um grupo de 81 jovens com sDFP foram separados aleatoria-mente em quatro grupos: g1 realizou exercícios de fortalecimento, alongamentos e uso do taping; g2 realizou exercícios de fortalecimento e alongamen-tos; g3 realizou alongamentos e utilizou taping; e g4 somente o alongamento. O tratamento teve duração de 3 meses, e as variáveis avaliadas foram a satisfação do paciente, dor através da escala visual analógica, funcionalidade, força de quadríceps. Os pacientes foram avaliados após 3 meses de trata-mento e após 12 meses através de um questionário postal. Todos os grupos apresentaram melhora significativa no quadro de sintomas, entretanto pacientes que fizeram apenas fortalecimento rela-taram retorno dos sintomas após 3 meses. O taping não mostrou eficácia significativa na melhora dos pacientes. Com os dados apresentados sugere-se que os efeitos de alongamento e fortalecimento são efetivos, porém, precisam ser mantidos por pelo menos 1 ano após o tratamento, já o taping não demonstrou eficácia.

As técnicas de fortalecimento nos estudos acima citados evidenciaram que há melhora do quadro do paciente em geral de sintomas, não havendo influência entre exercícios de cadeia cinética aberta ou fechada para estes pacientes. Apesar de se mostrar efetivo, o exercício de for-

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201360

talecimento associado ao alongamento trouxe resultados bastante satisfatórios.

Outro estudo verificou os efeitos do taping no tilt patelar anteroposterior durante a execução de movimentos de extensão e flexão do joelho. Para isso um voluntário do sexo feminino, com diagnóstico de síndrome da dor patelofemoral foi submetido ao exame de videofluoroscopia da articulação do joelho no plano sagital antes e após a aplicação de duas técnicas de taping patelar. Ocorreu um aumento do ângulo do tilt patelar anteroposterior após a aplicação das duas técnicas de taping. O uso do taping pode mudar o posicionamento do tilt patelar anteroposterior. No entanto, são necessárias mais pesquisas para avaliar a eficácia do taping patelar e seus mecanis-mos de ação, principalmente no controle da dor [15]. Quando analisado separadamente o uso do taping demonstrou efetividade no tratamento de pacientes com sDFP. No entanto, são necessárias mais pesquisas quanto à técnica.

garcia et al. [8] desenvolveram uma pesquisa através de um programa de fortalecimento muscular com estimulação elétrica de vasto medial na sDFP por meio da capacidade de avaliação de eletromio-grafia. Participaram do estudo 10 mulheres jovens com idade média de 23 anos, sDFP unilareral, as quais realizaram o teste funcional de subir degrau e para captação da atividade eletromiográfica dos músculos vasto lateral e vasto medial. Os resulta-dos mostraram que ocorreu alteração somente no comportamento eletromiográfico relativo à razão da integral do sinal, mostrando que, após o treinamento muscular, ocorreram mudanças na capacidade de geração da força. O uso da eletroestimulação deve ser considerado no sentido de complementar a abordagem terapêutica conservadora em portadores da sDFP.

Portanto, a eletroestimulação não pode ser eleita como base de tratamento para pacientes com sDFP, pois sua efetividade isoladamente não é suficiente, mas se associada a outras técnicas pode trazer bons resultados e quando associada à eletromiografia será uma ferramenta útil na avaliação do paciente com sDFP.

Apesar do objetivo da pesquisa não ser analisar a influência da musculatura do quadril na sDFP, observou-se no estudo de Nakagawa et al. [5] que fraqueza e o retardo no tempo de ativação

da musculatura do quadril parecem contribuir para a manifestação da sDFP e devem ser consi-deradas na avaliação e tratamento dos pacientes portadores da sDFP.

Conclusão

Diante dos diversos protocolos utilizados na reabilitação de pacientes com a sDFP, os resultados demostraram serem satisfatórios no tratamento envolvendo o fortalecimento de quadríceps femo-ral e alongamento de cadeia posterior, sendo que quando associados, os benefícios obtidos tiveram maior duração. Quanto ao modo de aplicação dos exercícios, em cadeia cinética aberta ou fechada, e diferentes técnicas de alongamento, não houve diferença significativa nos resultados. Porém os be-nefícios obtidos foram de modo geral na melhora de sinais e sintomas de pacientes com sDFP, como dor, capacidade funcional, flexibilidade, e na geração de força, trazendo assim melhora na qualidade de vida do paciente. Porém há uma perspectiva para que ou-tros tipos de exercícios sejam inseridos no tratamento de pacientes com sDFP, assim se faz necessário que mais estudos sejam feitos para comprovar a eficácia dos protocolos verificados na pesquisa.

Referências

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61Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

fluência da altura do step no exercício de subida posterior: estudo eletromiográfico em indivíduos sadios e portadores da síndrome da dor femoropa-telar. Acta Ortop Bras 2005;13(4):168-70.

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Normas de publicação Fisiologia do Exercício

A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas à atividade física. Os artigos publicados na Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições.A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2007 (o texto completo dos requisitos está disponivel, em inglês, no site de Atlântica Editora em pdf ).Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor.O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário.

PREPARAÇÃO DO ORIGINAL1. Normas gerais1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc.1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma.1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores.As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com resolução de qualidade gráfica (300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif.1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor.

2. Página de apresentaçãoA primeira página do artigo apresentará as seguintes informações:- Título em português, inglês e espanhol.- Nome completo dos autores, com a qualificação curricular

e títulos acadêmicos.- local de trabalho dos autores.- Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o

respectivo endereço, telefone e E-mail.- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques,

para paginação.- As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe,

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3. AutoriaTodas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo.O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual;

c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente.Os Editores podem solicitar justificativa para a inclusão de autores durante o processo de revisão do manuscrito, especialmente se o total de autores exceder seis.

4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words)Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol.O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações:- Objetivos do estudo.- Procedimentos básicos empregados (amostragem,

metodologia, análise).- Descobertas principais do estudo (dados concretos e

estatísticos).- Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior

novidade.Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista dos DeCs (Descritores em Ciências da saúde) da Biblioteca Virtual da saúde, que se encontra no endereço Internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do possível, é melhor usar os descritores existentes.

5. AgradecimentosOs agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial.

6. ReferênciasAs referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas:

Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto.Exemplo:1. Phillips sJ, Hypertension and stroke. In: laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site da Biblioteca Virtual de saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al.Exemplo:Yamamoto M, sawaya R, Mohanam s. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.

Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para:guillermina Arias - E-mail: [email protected] normas completas são disponiveis em nosso site: www.atlanticaeditora.com.br

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63Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013

Calendário de eventos

2013

29 de maio a 1 de junho

VIII Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana Campos de Rio Claro, SPInformações: www.rc.unesp.br

30 de maio a 2 de junho

8º Congresso Carioca de Educação FísicaRio de Janeiro, RJInformações: www.congressocarioca.com.br

30 de maio a 2 de junho

23º Fitness Brasil InternacionalSantos, SPInformações: www.fitnessbrasil.com.br/santos

Junho

21 a 23 de junho

2º ENAF Ribeirão PretoRibeirão Preto, SPInformações: www.enaf.com.br

27 a 29 de junho

15º RioSports ShowCentro de Convenções SulAmérica, Rio de Janeiro, RJInformações: www.riosportshow.com.br

abril

4 a 7 de abril

Goiânia Capital FitnessCentro de Convenções, Goiânia, GOInformações: www.goianiacapitalfitness.com.br

19 a 21 de abril

54º Encontro Nacional de Atividade Física e Convenção de Dança Convenção Internacional de Sport, Fitness e SaúdePoços de Caldas, MGInformações: www.enaf.com.br

25 a 28 de abril

Arnold Classic BrasilCentro de Convenções SulAmérica, Rio de Janeiro, RJInformações: www.arnoldclasssicbrasil.com.br

Maio

15 a 18 de maio

IV CIRNE - Congresso Internacional de Reabilitação Neuromusculoesquelética e EsportivaRio de Janeiro, RJInformações: www.cirne2013.com.br

16 a 19 de maio

2º Congresso de Educação Física da FIEP/GO 2º Congresso de Fisioterapia do Centro-OesteGoiânia, GOInformações: [email protected]

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Na busca pela diminuição da gordura corporal, a L-Carnitine Fire® gera o melhor estímulo

para a diminuição da gordura acumulada no corpo. Isso ocorre devido a geração de energia

direta a partir de lipídios e pela rápida ação devido ao seu uso sublingual. O poder da L-Car-nitine Concentrated® durante os treinos garante um estímulo maior para a diminuição do

percentual de gordura, já que esse suplemento é de uso sublingual e com isso a absorção

é imediata e, consequente, aumento do gasto calórico e maior performance. O ZMA Way®

fornece os micronutrientes importantes para os vários processos metabólicos que ocorrem

durante a realização de um treinamento intenso e, por isso, é importante para melhores efei-

tos ergogênicos. Durante esse processo é importante fornecer módulos nutricionais adequa-

dos para o fortalecimento muscular. O Heavy Bomber Pack® atuará nesse fortalecimento

ao manter o estado contínuo de anabolismo muscular e por fornecer um mix de nutrientes

específicos para a formação de energia e contração muscular. A recuperação de energia de

forma instantânea se dá pelo uso do ISO Waxy Maize®, que garante a reposição do glico-

gênio muscular. Além disso, é de extrema importância estabelecer métodos para evitar a

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14 anos

R e v i s t a B r a s i l e i r a d e

Fis iologiado e x e r c í c i oÓrgão Ofic ial da Sociedade Brasi le ira de Fis iologia do Exercíc io

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si

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og

ia

d

o

ex

er

ci

o

ESPORTE• Treinamento físico personalizado• Voleibol e desenvolvimento infantil

ORTOPEDIA• Tratamentos na síndrome

femoropatelar

IMUNOLOGIA• Células natural killer e efeito

do treinamento

FISIOLOGIA• Alongamento estático sobre o teste

de 1RM• Reexpansão pulmonar em trauma

raquimedular• Exercício físico e estresse oxidativo• Consumo máximo de oxigênio

e percentual de gordura

MR

volume 12 - número 01 • Janeiro/Fevereiro 2013 ISSN 16778510