Revista Centenaria - RA

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Revista centenária A Revista Adventista, principal periódico da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil, tem mais de cem anos de história Quando se consulta uma lista de acontecimentos mundiais importantes, o ano de 1906 não figura entre os mais célebres. Fora um terremoto que abalou San Francisco, parece que nada de muito relevante aconteceu. Porém, para o adventismo no Brasil, isso não é verdade, pois nesse ano surgiu a revista oficial da igreja no país. A criação de um periódico é sempre reflexo de autoconsciência, idealismo, crescimento, mobilização, sonho e desejo de aglutinar ideias. Há cem anos, o mundo era mais calmo, as coisas pareciam mais simples, o ritmo era mais lento, mas os líderes adventistas não eram menos visionários, os irmãos não eram menos dedicados e seus ideais não eram menos nobres. Em 1906, numa época em que o mundo tinha 1,7 bilhão de pessoas, o Brasil registrava uns 20 milhões de habitantes (o censo de 1900 indicou 17,4 milhões), a cidade de São Paulo não ultrapassava 300 mil moradores, o número de adventistas no Brasil somava 1.212 e a Sociedade Internacional de Tratados no Brazil era um sonho a se materializar, a liderança concluiu sabiamente que a comunidade adventista brasileira precisava de um veículo para expressar suas ideias e realizações. Hoje, o mundo tem mais de sete bilhões de habitantes, o Brasil possui quase 200 milhões de habitantes (a população brasileira aumentou quase dez vezes ao longo do século 20), a região metropolitana de São Paulo (a maior cidade do país) tem cerca de 20 milhões de pessoas, o número de adventistas no país passa de 1,5 milhão e a Casa Publicadora Brasileira está na liderança das quase 60 editoras adventistas no mundo. Aquela pequena revista cresceu, testemunhou inúmeras mudanças e continua cumprindo seu papel. A igreja ainda precisa dela. O periódico nasceu como Revista Trimensal. O nome estava errado, uma vez que deveria ser Revista Trimestral, por ser publicada de três em três meses, não três vezes por mês, mas

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Revista Centenaria - RA

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  • Revista centenria

    A Revista Adventista, principal peridico da Igreja Adventista do Stimo Dia no Brasil,

    tem mais de cem anos de histria

    Quando se consulta uma lista de acontecimentos mundiais importantes, o ano de 1906 no

    figura entre os mais clebres. Fora um terremoto que abalou San Francisco, parece que

    nada de muito relevante aconteceu. Porm, para o adventismo no Brasil, isso no verdade,

    pois nesse ano surgiu a revista oficial da igreja no pas. A criao de um peridico sempre

    reflexo de autoconscincia, idealismo, crescimento, mobilizao, sonho e desejo de

    aglutinar ideias.

    H cem anos, o mundo era mais calmo, as coisas pareciam mais simples, o ritmo era mais

    lento, mas os lderes adventistas no eram menos visionrios, os irmos no eram menos

    dedicados e seus ideais no eram menos nobres. Em 1906, numa poca em que o mundo

    tinha 1,7 bilho de pessoas, o Brasil registrava uns 20 milhes de habitantes (o censo de

    1900 indicou 17,4 milhes), a cidade de So Paulo no ultrapassava 300 mil moradores, o

    nmero de adventistas no Brasil somava 1.212 e a Sociedade Internacional de Tratados no

    Brazil era um sonho a se materializar, a liderana concluiu sabiamente que a comunidade

    adventista brasileira precisava de um veculo para expressar suas ideias e realizaes.

    Hoje, o mundo tem mais de sete bilhes de habitantes, o Brasil possui quase 200 milhes

    de habitantes (a populao brasileira aumentou quase dez vezes ao longo do sculo 20), a

    regio metropolitana de So Paulo (a maior cidade do pas) tem cerca de 20 milhes de

    pessoas, o nmero de adventistas no pas passa de 1,5 milho e a Casa Publicadora

    Brasileira est na liderana das quase 60 editoras adventistas no mundo. Aquela pequena

    revista cresceu, testemunhou inmeras mudanas e continua cumprindo seu papel. A igreja

    ainda precisa dela.

    O peridico nasceu como Revista Trimensal. O nome estava errado, uma vez que deveria

    ser Revista Trimestral, por ser publicada de trs em trs meses, no trs vezes por ms, mas

  • a ideia estava certa. Em janeiro de 1908, ela passou a ser publicada mensalmente e, como

    era de se prever, mudou de nome para Revista Mensal. O nome atual, Revista Adventista,

    veio em 1931, data em que a revista passou a ser identificada na capa como Orgam

    Official da Egreja Brasileira dos Adventistas do Septimo Dia. A designao de rgo

    oficial continuou at 1974. No ano seguinte, tornou-se rgo geral da igreja.

    Quase toda iniciativa pioneira tem um comeo pequeno. Isso no foi diferente com a

    Revista Adventista. A primeira edio, em janeiro de 1906, tinha 12 pginas, em preto e

    branco, a maioria dedicada s Lies da Escola Sabatina que, por sinal, nem sempre

    seguiam uma temtica definida. Em 1908, a revista mudou a periodicidade para mensal,

    mas perdeu tamanho, ficando com oito pginas. O nmero de pginas saltou para 16 em

    1918, pulou para 32 em 1931, chegou a 48 em 1977 e, a partir da, se manteve na casa das

    40 pginas, sendo 15 dedicadas a notcias (veja abaixo). Em janeiro de 1997, ganhou cores

    e papel cuch.

    Iniciativa visionria

    Um peridico no nasce sozinho ou do nada. idealizado por pessoas visionrias. No caso

    da Revista Adventista, difcil determinar exatamente quem teve a ideia. Mas os

    sobrenomes que sobressaem em suas pginas iniciais so Graf (primeiro pastor designado

    para trabalhar exclusivamente no Brasil), Gregory, Hlzle, Lipke, Pages, Spies e

    Schwantes, entre outros. Em sua maioria absoluta, como se v por esses exemplos, eram

    estrangeiros ou filhos de estrangeiros. Dados do IBGE indicam que, nas primeiras dcadas

    do sculo 20, os imigrantes representaram 10% do crescimento populacional brasileiro. No

    caso da Igreja Adventista, a participao estrangeira foi ainda mais representativa. O Sul,

    povoado por europeus, dominava o mapa do adventismo. No por acaso que tantos lderes

    vieram dessa regio. S mais tarde, a paisagem comeou a ser alterada.

    A Revista Adventista no foi o primeiro peridico da denominao no Brasil, j que O

    Arauto da Verdade foi publicado no Rio de Janeiro, em 1900, mas ela veio para preencher

    uma lacuna real e conseguiu um espao bem definido na igreja. Ao longo de mais de um

  • sculo, sempre com um pblico fiel, a revista tem contribudo para fortalecer e motivar o

    adventismo no Pas. Considerando-se o nmero de adventistas no Brasil, na poca, no

    deixava de ser uma iniciativa ousada que deu certo.

    Os cem anos de histria da revista foram escritos por inmeros participantes, de annimos

    que enviam notas para a seo Falecimentos, ao presidente da Associao Geral. Embora

    certos artigos e notcias sejam mais relevantes que outros, todos acabam refletindo o

    mosaico que compe a igreja, encontrando ressonncia em algum segmento. Nem todo

    mundo tocado e inspirado pelo mesmo material. Enquanto algumas pessoas gostam de

    teologia, outras preferem espiritualidade ou notcias.

    J os editores da publicao no foram muitos. H registro comprovado de sete editores.

    At 1923, a revista no tinha um expediente formal, e os nomes de seus primeiros

    responsveis podem estar perdidos para sempre. Mas lderes como o Dr. Abel L. Gregory e

    Frederick W. Spies esto entre os colaboradores mais assduos. O primeiro editorial, sob o

    ttulo Saudaes, foi assinado por Gregory, um mdico missionrio norte-americano, que

    no mesmo ano (1906) seria eleito vice-presidente da Conferncia do Rio Grande do Sul.

    Como regra, o redator-chefe da Casa Publicadora tem sido o editor da revista, embora haja

    excees. O campeo de permanncia na editoria foi Luiz Waldvogel, o Tio Luiz, que

    atuou de 1934 a 1965 portanto, 31 anos. Rubens Lessa, o editor atual, no fica muito

    atrs. Ele tem 26 no comando do peridico. Sua trajetria vai de abril de 1976 a janeiro de

    1982 e de abril de 1985 at 2005. De fevereiro de 1982 a maro de 1985, o editor foi

    Rubem Scheffel, pois Lessa estava estudando no exterior.

    Cada editor, consciente ou inconscientemente, procurou imprimir seu estilo revista. Luiz

    Waldvogel, por exemplo, era o homem cordial e amigo, preocupado com a higiene mental

    dos jovens. Arnaldo Christianini, talvez o mais intelectualizado, era polemista e gostava de

    citar palavras bblicas no original grego ou hebraico. Rubem Scheffel deu certa abertura

    para temas um pouco mais polmicos. Rubens Lessa zela pelo equilbrio e evita matrias

    que possam causar controvrsias. Em sua opinio, a Revista Adventista desempenha vrios

  • papis na vida da igreja, como contribuir para a unidade da denominao, fortalecer a vida

    espiritual dos leitores, ampliar-lhes o conhecimento doutrinrio e teolgico e defender a

    igreja das distores doutrinrias e teolgicas que aumentam assustadoramente. Outro

    desafio refletir a variedade de ideias e manter a unidade na diversidade.

    A maioria das matrias de capa da revista tem sido dedicada a temas doutrinrios ou

    inspiracionais. Em menor nmero, h tambm capas focalizando eventos, como as

    assembleias da Associao Geral, e personalidades de destaque da igreja. Roberto Rabello,

    Luiz Waldvogel, Robert Folkenberg e Alejandro Bulln esto entre os que j apareceram na

    capa. At 1953, por incrvel que parea, a revista no tinha capa. Os artigos comeavam

    diretamente na primeira pgina, abaixo do nome da revista. (O sumrio tambm s

    apareceria em 1973.)

    Em termos de sees, algumas marcaram poca, como a Caixa de Perguntas e o

    Consultrio da Juventude. At hoje, essas sees continuam, com outros nomes

    (Consultoria Doutrinria e Voc Pergunta). Durante anos, o Pastor Trcio Sarli

    manteve uma seo de incentivo espiritualidade pessoal: a Hora Tranquila. Atender aos

    vrios segmentos da igreja sempre fez parte da filosofia do peridico.

    Aposta na informao

    Desde seu nascimento, um dos objetivos da Revista Adventista tem sido informar a respeito

    do crescimento da igreja e do avano da mensagem adventista no Brasil. Nas primeiras trs

    dcadas, as notcias consistiam basicamente de relatos pessoais, enviados pelos

    missionrios espalhados pelo Pas. No havia uma seo especfica para notcias, o que s

    vai ocorrer em meados da dcada de 1970, com a criao do Informativo Nacional (que

    antes se chamou Nossa Seara e, em 1975, foi renomeado simplesmente como Jornal).

    Relatos de dificuldades como este do Pastor Henrique Haefft, na Revista Mensal de junho

    de 1916, eram tpicos: Na manh de Pscoa, quando eu e minha mulher estvamos de

    volta de uma visita a uma famlia interessada, fomos de caminho agredidos a pedras por um

  • grupo de sete pessoas. Entretanto, o Senhor no permitiu que aqueles nos atingissem...

    Algumas dessas pedras eram de tamanho considervel... Parece s vezes que Satans tomou

    posse completa deste povo. Quando passamos pela estrada, fazem uma algazarra, dirigindo-

    nos de dentro de suas casas chufas e palavras injuriosas... Oxal o Senhor nos ajude a

    permanecer fiis e fazermos a Sua vontade.

    Nos anos 1940, o estilo de jornalismo norte-americano mais direto e padronizado chegou ao

    Brasil. Pompeu de Souza, do Dirio Carioca, foi o pioneiro na adoo desse estilo, o que

    fez dele o pai do moderno jornalismo em nosso pas. Entre as principais regras desse

    jornalismo est o dever de responder a seis perguntas bsicas, logo no primeiro pargrafo,

    conhecido como lead: quem, o que, como, quando, onde e por qu. Com o tempo, essa

    estrutura tornou-se padro no jornalismo nacional. E o lead passou a figurar nos manuais de

    redao, nascidos na mesma poca.

    Na imprensa adventista, essa mudana no tratamento das notcias comea a acontecer no

    momento em que os redatores passam a buscar a formao jornalstica. Segundo Ivo Santos

    Cardoso, de 64 anos e atualmente editor do jornal Vida Integral, a dcada de 1970 marcou

    uma nova era para a Redao da CPB. Um corpo de redatores inteiramente renovado, a

    maioria com formao superior em Comunicao, exerceu presso natural para que

    ocorressem mudanas.

    Ivo trabalhou na CPB de 1972 a 1982, e foi o primeiro jornalista diplomado na editora.

    Formou-se em 1973, na Faculdade de Comunicao Social Csper Lbero, onde fez

    tambm ps-graduao. Ele fazia a cobertura de eventos para a Revista Adventista num

    perodo em que a funo de editor de Notcias era desempenhada pelo pastor Arnaldo

    Christianini e, depois, pelo editor da revista, Rubens Lessa.

    Os desafios eram muitos, recorda Ivo. Hoje me pergunto como era possvel fazer o que

    era feito sem computador, sem internet. O mundo outro. Essa velocidade, essa eficincia,

    essa urgncia, se agrada pela instantaneidade, cobra contedo e diversificao. O desafio

    continua.

  • Em maro de 1977, o Jornal passa a se chamar Noticirio. E em 1979, nova mudana:

    a seo fica conhecida como Notcias, nome que tem at hoje.

    Para Mrcio Dias Guarda, que respondeu pelo noticirio at 1986 (com a CPB j em Tatu),

    um fato que contribuiu muito para a melhoria da Revista foi o encurtamento do prazo para

    fechar o noticirio. Anteriormente, fechava trs meses antes de a edio ser impressa, e

    nessa poca comeou a fechar com 15 dias de antecedncia, conta.

    Houve outros que passaram pelo noticirio como editores ou colaboradores, como Ivacy

    Furtado de Oliveira (atual editor de livros didticos da CPB), Wilson de Almeida, Ermelino

    Robson Ramos, Wilson Paroschi, Marcos De Benedicto, Robson Marinho e Csar Pagani.

    Em julho de 1990, to logo chegou CPB, assumiu como editor de notcias o pastor

    Zinaldo A. Santos. Formado em Comunicao pela Universidade Metodista de Piracicaba,

    ficou sete anos na funo. Acho que fui o editor de notcias que, at aqui, permaneceu

    mais tempo nessa atividade, lembra.

    Depois de Zinaldo, o noticirio contou com o toque habilidoso de Vanderlei Dorneles, que

    foi o editor de agosto de 1997 a abril de 2001. Nessa fase, numa reunio editorial,

    percebeu-se que a simples narrativa noticiosa dos fatos carecia de algo mais. O noticirio

    manteve o estilo jornalstico, mas passou a publicar matrias mais interpretativas, com

    anlise e contextualizao.

    Em 2001, Guilherme Silva tornou-se o editor do noticirio, funo que ocupou at o incio

    de 2003, quando foi sucedido por Michelson Borges, que desempenhou a funo de editor

    de notcias por seis anos. Guilherme diz que o noticirio uma verdadeira fonte de

    inspirao para o servio, ao mostrar que pessoas como voc e eu, com todas as limitaes

    da vida, podem realizar muito com as bnos de Deus.

    Pblico fiel

  • Ao longo de sua trajetria centenria, seja por meio de artigos ou notcias, a revista tem

    beneficiado um nmero incontvel de leitores de todas as idades. Vanderlei Ricken, 42

    anos, adventista h quase 30 anos, bibliotecrio do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul

    (Iacs) e ancio de igreja, l a revista desde os 13 anos de idade, quando a encontrou num

    depsito da igreja, em meio a folhetos e livros velhos. Desde ento, a revista passou a

    exercer uma influncia positiva em sua vida.

    A Revista Adventista tem me ajudado a compreender melhor a Palavra de Deus e

    contribudo para meu crescimento espiritual, ele afirma. Eu a utilizo no preparo de

    sermes, esclarecimentos doutrinrios e, principalmente, em atividades para a igreja. Com

    base nas notcias, podemos desenvolver muitas atividades. uma fonte inesgotvel. As

    partes que Vanderlei mais aprecia so a consultoria doutrinria, as exortaes e os artigos

    teolgicos. Para quem ainda no aprendeu a gostar da revista, ele aconselha: No perca a

    oportunidade de saborear o alimento espiritual da mais elevada qualidade.

    Walter Cndido, 46 anos, adventista h 36, ancio de igreja em Porangaba, SP, diz que

    passou a ler a revista h aproximadamente 21 anos ao se conscientizar do alto privilgio e

    igual responsabilidade de pertencer ao povo de Deus nesta gerao e da necessidade de

    estar mais bem preparado para o exerccio de suas atribuies na famlia e na igreja.

    A leitura da Revista Adventista exerceu e ainda exerce grande influncia em minha vida,

    diz ele, pois em muitas ocasies me despertou para a tomada de decises, no sentido de

    reformar algum aspecto e adotar um estilo de vida altura daquilo que Deus nos revela ser

    o certo. Um aspecto relevante que Walter menciona a iniciativa de identificar as

    melhores prticas noticiadas pela revista e, dentro do possvel, adapt-las e implement-las

    na igreja. Ou seja, a revista pode ser usada como fonte de ideias para o dia a dia da

    congregao local. As notcias, por outro lado, ajudam o lder a sair da viso micro (igreja

    local) para a viso macro (igreja mundial).

  • Representando a ala mais experiente, Maria Aparecida Anversa Manske, 90 anos (quando

    este artigo foi escrito), residente em Tefilo Otoni, MG, diz que a revista sua melhor

    amiga, a qual ela espera com ansiedade todo ms. Leitora do peridico h mais de 70

    anos, Maria Manske confessa que gosta de tudo o que sai na revista e que aprendeu muito

    com as matrias publicadas em suas pginas. Antigamente, ela a lia em dois dias; hoje, com

    a ajuda de uma lupa, l um pouco por dia. Um de meus sonhos era ver como se faz a

    revista, afirma essa dedicada nonagenria que, ao lado de seu falecido esposo, o pastor

    Simo Pedro Manske, trabalhou em vrios lugares do pas. Fico triste quando sei de algum

    adventista que no l a revista da nossa igreja, conclui.

    Carlos Trezza, ex-redator-chefe da Casa, antes de falecer em Campinas, SP, disse que

    considerava a Revista Adventista a publicao mais importante da igreja, fora a Lio da

    Escola Sabatina. Hoje h uma tendncia para o afrouxamento dos princpios ticos,

    importando mais o que a pessoa pensa, ele comentou. Por isso, considero um grande

    desafio da revista manter os princpios bblicos.

    Natural de Campestre, no sul de Minas, Trezza se tornou adventista aos 14 anos. Porm,

    como a cidade era pequena e os irmos eram simples, somente foi conhecer a revista aos

    18 anos e lamentou tudo o que havia perdido. Depois disso, sua relao de amor com o

    peridico no terminou mais, chegando a ser o editor. Acompanho a revista todos os

    meses e aproveitei um plano especial de assinaturas para presentear parentes e amigos.

    Diante dos elogios, pode-se pensar que a revista unanimidade em todos os segmentos da

    igreja e que no h mais nada a ser melhorado. Porm, pensar assim seria a pior maneira de

    celebrar os mais de cem anos da publicao e o pior caminho para o futuro do peridico.

    Toda publicao dever buscar continuamente o aperfeioamento. Afinal, o mundo se torna

    diferente a cada dia. Os assuntos mudam, a linguagem muda, as pessoas mudam. Equilibrar

    continuidade e inovao fundamental.

    Talvez a melhor maneira de celebrar o centenrio da revista seja torn-la cada vez mais

    conectada com a realidade e indispensvel. O primeiro editorial dizia: Nossos irmos, que

  • podem ler portuguez, regozijam-se comnosco que uma Revista Trimensal vae saindo com a

    mensagem da salvao para o nosso tempo. Mais de cem anos depois, hora de celebrar o

    que foi publicado em centenas de edies e continuar a apresentar a mensagem de salvao

    para o nosso tempo. Aplausos para a Revista Adventista e para seus leitores ao longo de

    mais de um sculo de histria!

    Marcos De Benedicto e Michelson Borges so editores da Casa Publicadora Brasileira

    Um sculo de mudanas

    Nos ltimos cem anos, o mundo passou por enormes transformaes. Entre 1901 e 2000, o

    Produto Interno Bruto do Brasil cresceu cem vezes, e o PIB per capita se multiplicou por

    12. A expectativa de vida dos brasileiros subiu de aproximadamente 33 anos, em 1906, para

    72 anos, em 2006. O total de adventistas no pas saltou de 1.212, em 1906, para cerca de

    1,4 milho, em 2006. Enquanto em toda a Conferncia Sul-Americana havia 2.029

    membros, a Diviso Sul-Americana tem hoje quase trs milhes. A igreja ainda era

    relativamente pobre. Em 1906, a mdia anual de dzimo por membro era de 6,10 dlares (1

    dlar = 3 mil-ris). Em 1908, ao anunciar a aquisio de uma propriedade em So Bernardo

    para sediar a typographia (Casa Publicadora) em uma regio mais central, F. W. Spies diz

    que o negcio teve que ser feito com dinheiro emprestado e parcelado. Hoje, h muito mais

    recursos em todas as reas e as coisas so teoricamente mais fceis.

    A histria em capas

    Janeiro de 1906 lanada a primeira edio da Revista Trimensal, precursora da Revista

    Adventista.

    Janeiro de 1908 A revista passa a ser publicada mensalmente.

  • Maro de 1931 A revista muda de nome e identificada na capa como Orgam Official

    da Egreja Brasileira dos Adventistas do Septimo Dia.

    Janeiro de 1940 A matria de capa, assinada por W. G. Turner, fala sobre a igreja da

    Bblia.

    Maro de 1954 A partir da dcada de 1950, algumas capas passam a destacar notcias do

    avano do adventismo no Brasil.

    Janeiro de 1955 A revista ganha capa em papel cuch em duas cores.

    Novembro de 1964 Nessa fase, alm de mostrar vrias fachadas de templos adventistas na

    capa, a revista apresenta temas ligados famlia e igreja.

    Junho de 1970 Registro do 2 Congresso da Juventude Adventista, realizado em Curitiba.

    Dezembro de 1971 Enfoque no evangelismo pblico em uma tenda mvel.

    Janeiro de 1983 Edio especial rene breves artigos sobre as 27 Crenas Fundamentais.

    Janeiro de 1997 A revista ganha papel couch e impressa totalmente em cores.

    Janeiro, abril e junho de 2000 Edies comemorativas do centenrio da Casa Publicadora

    Brasileira.

    Janeiro de 2006 Edio comemorativa dos 100 anos da revista.

    Primeiras notcias

  • A primeira notcia publicada pela ento Revista Trimensal, em sua primeira edio, dava

    conta de que havia 30 escolas sabatinas na Conferncia (Brasil), com 547 alunos, segundo

    informaes do Rundschau Der Adventisten, publicao para os adventistas de fala alem.

    Descrevia tambm o avano das obras de Publicaes e Educao, em Taquari, RS. Havia

    dois anos que a Conferncia tinha comprado uma grande chcara e casa para estabelecer

    a escola. A tipografia ocupava trs quartos da casa e j estava trabalhando desde junho de

    1905, imprimindo o Arauto da Verdade (primeira publicao adventista brasileira) e o

    jornal Rundschau. O presidente da Conferncia, nessa poca, era o pastor Huldreich Graf, o

    primeiro pastor designado para cuidar da igreja no Brasil.