Revista Cientifica Inspirar Edicao 6 2010

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movimento & saúde • REVISTAINSPIRAR

Revista Eletrônica Inspirar [recurso eletrônico] - Curitiba:R454 Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde,

2010-

Bimestral, v. 2, n. 3, mai/jun 2010-ISSN 2175-537XModo de acesso: www.inspirar.com.br

1. Saúde - Periódicos.CDD 610CDU 614

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A REVISTAA Revista Eletrônica da Inspirar é um periódico de acesso aberto, gratuito e bimestral,destinado à divulgação arbitrada da produção científica na área de Ciências daSaúde, de autores brasileiros e de outros, contribuindo, desta forma, para o cresci-mento e desenvolvimento da produção científica.

MISSÃOPublicação de artigos científicos que contribuam para a expansão do conhecimentoda área da saúde, baseados em princípios éticos.

OBJETIVOPropiciar meios de socialização do conhecimento construído, tendo em vista o es-timulo à investigação científica e ao debate acadêmico.

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CONSELHO EDITORIAL

Álvaro Luiz Perseke Wolff - PRCésar Antônio Luchesa - PREliana Portella Carzino - PR

Elisiê Rossi Ribeiro Costa - PRJanaina Medeiros de Souza - SC

Karina Brongholi - SCLidiane Filippin - RS

Maria Aparecida Rapozo Araldi - PRMaria Ayrtes Ximenes Ponte da Silveira - CE

Maria de Fátima Fernandes Sípoli / PRMarcelo Zager - SC

Marcos Antonio Tedeschi - PRSibele Melo - SC

Telma Cristina Fontes Cerqueira - SE

EDITORES

Prof. Dr. Esperidião Elias Aquim - PRProf. MSc. Marcelo Márcio Xavier - PR

COORDENAÇÃO EDITORIAL

Prof. Dra. Denise V. Ricieri - [email protected]

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Marcos Leandro Cachinski - [email protected]

INFORMAÇÕES PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS

Todo o material a ser publicado, deve ser enviado para o seguinteendereço eletrônico, aos cuidados da Prof. Dra. Denise V. Ricieri

[email protected]

I.P. (Informação Publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes.

© Inspirar - Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida,arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprie-tário do copyright Inspirar. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou proprieda-des ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostas no material publicado. Apesar de todo omaterial publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantiaou endosso da qualidade ou valor do produto ou das asserções de seu fabricante.

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SUMÁRIO

EDITORIAL .........................................................................................................................5

Treinamento Muscular Respiratório Para PacientesPortadores de Distrofia Muscular de Duchenne...................................................................6Respiratory muscle training in patientes with Duchenne muscular distrophyAdriana Jaqueline Ferreira, Carolina Galli Bergonso, Gerson Fonseca de Souza

Índice de Lesão em Jogadores Amadores de Futebol........................................................12Injure Index Occurred in Amateur Soccer PlayerAline Margioti Zanella, Alessandra Chicalé Matos, Cristiane Bonvicine

Avaliação da Qualidade de Vida de Portadores de Fibromialgia e o Impacto da Síndromenas Atividades de Vida Diária.............................................................................................16Quality Of Life Assessment In of Patients With Fibromyalgia Syndrome And its Impact on DailyLiving ActivitiesGabriela Natália Ferracini, Eder Rodrigues Fernandes, Lucas Augusto Pereira,Lívia Karina Ferreira Ventura, Cristina Vieira1Flávia, Mariana Valente

Cinesioterapia Facial Microcorrente Galvânica no Tratamento de Rugas..........................19Facial Kinesiotherapy and Galvanic Microcurrent on Wrinkle´s TreatmentLia Pontes Gondim, Amanda Cavalcante Moreira, Katiane Rocha Vieira, Esthefânia Bessa,Renata Bessa Pontes

A Percepção da Ética Profissional entre os Acadêmicos de Fisioterapia da UNESC FA-CULDADES.......................................................................................................................28Perceptions of Professional Ethics Among Physiotherapy Studentsof Unesc CollegesMilena Carla Barreto, Kattyúcia Cruz Meireles Silva, Tatiane Lima de Araujo Silva

Análise do Conhecimento de Auxiliares de Limpeza sobre as Doenças Ocupacionais......32Knowledge Assessment of Cleaning Assistants About Occupational DiseasesAndréia Dias, Lucas Ferreira

Professores em Sala de Aula: Uma Análise Postural...........................................................36Teachers in Classroom: A Postural EvalutionSimone Hande, Valéria Conceição Passos Carvalho, Carla Raquel de Melo Daher, Priscila Cabral Cavalcanti

Proposta Fisioterapêutica para Síndrome do Impacto do Ombro em Nadadores de Com-petição.................................................................................................................................41Physiotherapist Proposal for Shoulder Impact Syndromeon Competition´s SwimmersGabriela Natália Ferracine, Eder Rodrigues Fernandes, Aline Margioti Zanella

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EDITORIALEm mês de Copa do Mundo, os olhos verde-amarelos dos leitores não descui-

dam das atualidades dentro e fora dos campos esportivos. Para contribuir com essecontínuo movimento de reciclagem e troca de experiências, a REVISTA INSPIRARMOVIMENTO & SAÚDE escalou um time de textos dos mais variados, permeandopelos esportes.

Temos orgulho do nosso time: revisores, autores, diagramadores... É essetime que faz a bola rolar, as letras se reunirem em qualidade de conhecimento e aprodução de mais um número de sucesso da nossa revista. Uma revista que a cadaedição caminha para a segurança das normativas exigidas para que, em breve tem-po, possa requerer vistas à qualificação enquanto periódico de impacto em classesprofissionais que atuam com o movimento como meio e finalidade para saúde.

Nesse editorial quero deixar meus agradecimentos ao nosso corpo editorial,que impecavelmente tem atuado para que a revista seja uma realidade a cada bimestre.Cada um destes hábeis “jogadores” defende uma especialidade nesse grande time.Luta pela qualidade das letras que rolam páginas afora, em cada nova edição. Umtime de vencedores, que fazem parte da grande equipe INSPIRAR MOVIMENTO &SAÚDE.

Assim, a todos vocês, nossos amigos e colegas de “time”, a homenagemdeste editorial que entrega aos leitores a edição de MAIO e JUNHO de 2010.

Nossa inspiração será sempre ser mais... e em um time como esse, fica muitomais fácil!

Boa leitura!

Prof. Dra. Denise V. Ricieri - PRCoordenadora Editorial da Revista Inspirar - Saúde & Movimento

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INDRODUÇÃOSegundo o Global Initiative for Chronic Obstructive Lung

Disease (GOLD), a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)“ é caracterizada pela limitação irreversível ou parcialmente re-versível do fluxo aéreo, sendo usualmente progressiva e asso-ciada a uma resposta inflamatória pulmonar anormal a partículasinsalubres e aos gases nocivos” (AIDE et al., 2001) .

A queixa principal do paciente portador de tal afecção é a

Treinamento Muscular Respiratório Para Pacientes Portadores deDistrofia Muscular de Duchenne

Respiratory muscle training in patientes with Duchenne muscular distrophy

ResumoO presente estudo teve como objetivo avaliar a resposta

cardiorrespiratória ao exercício com Flutter VRP1®, em pacien-tes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC),com a realização no aparelho de forma livre e com a pressãoexpiratória controlada (PE). Treze pacientes portadores de DPOCforam submetidos a três dias de experimento com Flutter VRP1®acoplado a um manovacuômetro. Em um dos três dias a PE eralivre e nos outros era pré-determinada a 20 ou 30 cm H20 (FLU 20e FLU 30). Em cada dia foram realizadas três séries de 10 expiraçõescom intervalos de repouso de três minutos entre elas. Foramanalisados: PE (no dia livre), pressão arterial (PA), frequênciarespiratória (f), saturação parcial de oxigênio (SatO2), variabili-dade da frequência cardíaca (VFC) e comportamento dafrequência cardíaca (CFC). Os resultados do dia FLU 30 nãoforam analisados, pois apenas dois pacientes conseguiramrealizá-lo. Não houve diferença estatística quando comparadosos dois dias de protocolo e os intervalos de repouso e de execu-ção do aparelho em um mesmo dia, exceto no CFC dentro decada sessão, onde houve diferença estatística (p<0,05) entre aFC Inicial e a FC Pico e entre a FC Final e a FC de Pico. Assimsendo, o estudo sugere que o aparelho Flutter VRP1®, quandoutilizado por pacientes com limitação de fluxo aéreo de modonão forçado, pode ser o dispositivo de escolha entre os recur-sos que a fisioterapia dispõe, visto que não provoca alteraçõesclínicas indesejáveis.

Palavras-chave:Fisioterapia; Sistema Cardiovascular; Sistema Respirató-

rio; Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

AbstractThis research aims to assess the cardiorespiratory

response to Flutter VRP1® in patients with chronic obstructivepulmonary disease-(COPD) during free exercise and withcontrolled expiratory pressure-(EP). Thirteen CODP patientswere submitted to a 3-day experiment using a Flutter VRP1®device coupled to a manovacuometer with free EP and pre-determined EP of 20 or 30cmH2O (EP20 and EP30) in randomorder. Protocol: Three series of 10 expirations with 3-min restintervals between each series. The parameters were assessed:expiratory pressure-(EP), arterial pressure, heart rate-(HR),breathing frequency, partial oxygen saturation, and heart ratevariability-(HRV). The results regarding EP30 were not analyzedbecause only two patients were able to do so. No differenceswere observed between the protocol days (free EP and EP20) aswell as between rest intervals and exercises performed in thesame day, except for HR. Increased differences were observedbetween baseline and peak HR as well as between final andpeak HR (P < 0.05).This study suggests that Flutter VRP1®,when used by COPD patients in a non-forced way, can be thedevice of choice among the physiotherapy resources available.Its usage within the suggested range is safe and does not cau-se any adverse effect on the cardiovascular system.

Key-words:Physical Therapy; Cardiovascular system; Respiratory

System; Chronic Obstructive Pulmonary Disease

1. Fisioterapeuta Especializanda em Fisioterapia Cardiorrespiratória Hospitalar daUniversidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL)2. Mestre em ciências (programa de reabilitação) pela Universidade Federal de SãoPaulo (2002), professor do Centro Universitário Monte Serrat e das Faculdades deGuarulhos.

Adriana Jaqueline Ferreira 1, Carolina Galli Bergonso2 , Gerson Fonseca de Souza3

dispnéia aos pequenos esforços, que consiste na sensação defalta de ar ou sofrimento respiratório, indicando que o indivíduonão consegue ventilar adequadamente seus pulmões ou nãoestá oxigenando o sangue, fazendo-o não tolerar esforços físi-cos mínimos (TARANTINO, 2002; COSTA, 1999) .

Nos períodos de agudização, os pacientes com DPOCpodem apresentar hipersecreção de muco e dificuldade paraeliminação das secreções produzidas. A fisioterapia respiratóriautiliza técnicas para auxiliar a mobilização e eliminação destas

Recebido: 05/11/2009Aceito: 16/05/2010Autor para correspondência: Carolina Galli BergonsoE-mail: [email protected]

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secreções (WEINBERGER, 1989), diminuindo assim, a estase demuco.

Uma das alternativas fisioterapêuticas para estes pacien-tes é o dispositivo Flutter VRP1® (VarioRaw S.A, Suíça), umequipamento simples, pequeno, semelhante a um cachimbo quecontém uma bola de aço inoxidável internamente e combina duastécnicas: pressão positiva expiratória (PEP) e oscilações de altafrequência, coadjuvantes no tratamento e prevenção do colap-so alveolar e na eliminação das secreções pulmonares.

Os níveis de oscilação e pressão positiva variam com ofluxo aéreo expiratório realizado e assim, alguns portadores deDPOC podem apresentar dificuldades durante a realização doFlutter VRP1®, devido ao comprometimento da retração elásti-ca pulmonar, cansaço ou por apresentarem períodos de acúmulode secreção.

Durante os exercícios com pressão positiva pode haveralterações da frequência cardíaca, relacionadas com a interfe-rência da respiração neste sinal vital (CASTRO; NÓBREGA;ARAÚJO, 1992; REIS et al., 1998) ou à dificuldade imposta aoretorno venoso ao coração.

Sendo tal dispositivo um equipamento que visa proporci-onar independência ao indivíduo é de fundamental importânciaque saibamos a interferência das possíveis pressões expiratóriasatingidas pelos indivíduos com limitação ao fluxo aéreo no sis-tema cardiorrespiratório.

Assim, o objetivo principal deste trabalho foi avaliar aresposta cardiorrespiratória ao exercício com Flutter VRP1®, empacientes portadores de DPOC, com a realização do exercíciolivre e com o nível de pressão expiratória controlada.

METODOLOGIA

População

Para a concretização deste estudo foram avaliados 13 pa-cientes do sexo masculino, não fumantes ou ex-tabagistas commínimo de seis meses de cessação e portadores de DPOC, graumoderado a grave segundo GOLD, 2003 em fase estável, com-provado pela espirometria e participantes de um programa deReabilitação Pulmonar. Foram excluídos do estudo indivíduosque apresentaram queda da saturação parcial de oxigênio emnível inferior a 90% (interrupção do tratamento para realizaçãoda oxigenioterapia), necessidade de uso de oxigênio domiciliarou ventilação mecânica não - invasiva, quadro de exacerbaçãonas últimas quatro semanas, alterações cognitivas detectadaspelo mini-exame do estado mental (MEEM) e alterações cardía-cas e/ou neurológicas. No dia da coleta os participantes foramorientados a permanecerem 24 horas sem uso de medicamentosque alterassem a frequência cardíaca (broncodilatadores, betabloqueadores, etc) e 12 horas sem ingerirem produtos contendocafeína (chá, café).

Protocolo

Os indivíduos foram comunicados previamente sobre osobjetivos da pesquisa, assinaram um termo de consentimento eentão foram incluídos no estudo, aprovado pelo Comitê de Éti-ca local.

O estudo foi composto por três dias de experimento, comintervalo de 72 horas entre eles, definidos em ordem aleatóriapor sorteio. Em cada dia, o indivíduo era orientado sobre seu

posicionamento e a técnica do Flutter VRP1® e após um perío-do de repouso inicial de 10 minutos realizava 3 séries de 10expirações lentas e prolongadas no aparelho, com intervalos de3 minutos entre elas, com o Flutter® livre, a 20 ou 30 cmH2O, deacordo com o sorteio estabelecido.

A)Flutter® livre (FLU LIVRE): O paciente realizava asexpirações de acordo com sua percepção e conforto sem obser-var a pressão expiratória indicada no manovacuômetro, simu-lando a prática clínica durante a realização do equipamento.

B)Flutter® 20 e 30 cmH2O (FLU20 e FLU 30): O indivíduorealizava as expirações observando as variações nomanovacuômetro com o objetivo de alcançar a pressãoexpiratória previamente estabelecida pelo terapeuta (treino).Logo que conseguia efetuar 3 expirações seguidas com a pres-são expiratória indicada, era oferecido a ele mais um tempo derepouso de 10 minutos, para então iniciar o experimento com apressão expiratória estipulada.

Os parâmetros cardiorrespiratórios avaliados nos tempos:Pós – repouso (dois minutos finais do período de repouso) ePós-primeira, segunda e terceira séries, denominadas S1, S2 eS3 (2 minutos finais do descanso entre as séries) foram:

•Frequência respiratória(f): contagem das respiraçõesdurante 1 minuto sem que o paciente percebesse o processo,para que as características usuais da respiração não fossemalteradas.

•Pressão arterial (PA): estetoscópio e esfigmomanômetroaneróide, no braço esquerdo, de acordo com os critérios esta-belecidos pelo IV Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial(2002).

•Saturação de pulso de oxigênio (SatO2): oxímetro BCI3303 Moria.

•Variabilidade de frequência cardíaca (VFC): índice tem-poral RMSSD, que corresponde à raiz quadrada da somatóriado quadrado das diferenças entre os intervalos RR no registro,dividido pelo número de intervalos RR em um tempo determina-do, menos um intervalo RR, com a utilização de umcardiofrequencímetro POLAR (modelo S810 Heart Rate Monitor)cujos dados eram transferidos ao Software Polar PrecisionPerformance, versão 3.0.

Os parâmetros cardiorrespiratórios avaliados durante asséries do experimento S1, S2 e S3 foram:

•Pressão expiratória: manovacuômetro de escala acopladoao Flutter VRP1®.

•SatO2: oxímetro BCI 3303 Moria.•Comportamento da frequência cardíaca:

cardiofrequencímetro POLAR (modelo S810 Heart Rate Monitor)cujos dados eram transferidos ao Software Polar PrecisionPerformance, versão 3.0.

Para a comparação entre os intervalos estudados dentrode um mesmo dia e entre as séries foi utilizada a análise devariância com medidas repetidas (Wilks Lambda) e para compa-ração entre os dias de terapias foi utilizado o teste “t”, com nívelde significância estabelecido em 0,05 ou 5%.

RESULTADOSNa figura 1 encontram-se os dados dos 13 integrantes da

pesquisa quanto à idade e dados antropométricos. O índice demassa corpórea (IMC) dos pacientes variou de 18,83 a 33,30 Kg/m2. De acordo com este índice, sete pacientes estavam compeso normal, três abaixo do peso, dois com sobrepeso e apenas

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um obeso. Desses pacientes, 5 apresentaram obstrução em graumoderado (pacientes 2, 3, 5, 6 e 11) e 8 obstrução em grau severo(pacientes 1, 4, 7, 8, 9, 10, 12 e 13).

Figura 1 – Valores individuais, médias e desvios – pa-drão de idade, peso, altura e índice de massa corpórea (IMC)dos treze pacientes.

Os resultados do dia FLU 30 não foram analisados, visto queapenas dois dos treze pacientes do estudo conseguiram realizá-lo,limitando assim a comparação de seus valores com os dos demaisdias de pesquisa.

Não houve diferença estatisticamente significante na f, quevariou de 20 a 26 irpm nos dias FLU LIVRE e FLU20.

Em relação a SatO2, não foi encontrada diferença significativacom o decorrer das séries tanto no FLU LIVRE quanto no FLU 20 eentre os dois dias, com valores variando de 92 a 94%.

No FLU LIVRE verificou – se pressão expiratória variando de10 – 29 cmH2O, apresentando média de 19 ± 0,96 cmH2O. Não houveaumento ou diminuição gradativo nos valores de pressão expiratóriacom o decorrer das sessões no dia FLU LIVRE (Figura 1).

No dia FLU20, houve uma estabilidade dos valores de pres-são expiratória, visto que a pressão foi pré - estabelecida em 20 cmH2O e os pacientes conseguiram executa-la de forma constante (Fi-gura 2).

Figura 2 - Representação gráfica dos valores das pressõesexpiratórias máximas, mínimas e mediana de cada sessão do trata-mento Flutter Livre e Flutter 20 nas sessões1, 2 e3.

Em relação à pressão arterial sistólica, verificou-se a tendênciade aumento no decorrer das sessões no dia FLU LIVRE. No entanto,tais aumentos não revelaram diferenças significantes. Em relação aodia FLU 20, não houve um padrão de aumento ou diminuição napressão arterial sistólica (PAS) (Figura 3).

Figura 3 – Médias e desvios padrão da pressão arterialsistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) de treze pacientesnos intervalos pós repouso e pós sessões 1, 2 e 3, nos dias FLULIVRE e FLU 20.

A avaliação da VFC por meio do índice RMSSD não demons-trou diferença estatisticamente significante, apresentando variaçãode 15,77 ± 10,53 a 23,62 ± 10,88.

Em relação ao comportamento da FC na realização do FlutterVRP1®, houve aumento na FC no início da realização do exercíciocom obtenção de valor de pico, seguido por uma queda no final doexperimento, que não chegou ao valor da freqüência cardíaca derepouso inicial.

Para comparar o comportamento da FC entre as séries do ex-perimento S1, S2 e S3 nos dias FLU LIVRE e FLU 20 utilizou-sevalores de variação de FC, sendo D1 o valor de subtração da FC depico durante as expirações no aparelho (FC Pico) pela FC de início darealização do aparelho (FC Inicial), e D2 o valor de subtração da FCno momento final de cada sessão (FC Final) pela FC Inicial.

Não houve diferença significante quando comparadas as sé-ries do experimento nos dias FLU LIVRE ou FLU 20 em relação aocomportamento da FC.

No entanto, quando comparados os valores de FC dentro deuma mesma sessão, verificou-se diferença significante quando com-parada a FC Inicial com a FC Pico e a FC Pico com a FC Final. Taisdiferenças foram encontradas em todas as 3 sessões nos dois diasde experimento.

A figura 4 demonstra essas diferenças exemplificadas na se-gunda sessão do experimento (S2).

Figura 4 – Médias, desvios - padrão e respectivos resultadosdo teste estatístico dos valores de FC Inicial, FC Final e FC Pico detreze pacientes na série do experimento S2 nos dias FLU LIVRE eFLU 20.

DISCUSSÃOEsse estudo teve como objetivo verificar a resposta res-

piratória e as possíveis interferências na modulação cardíacadurante o exercício com o Flutter VRP1® de forma livre e com apressão expiratória controlada. Não foram encontrados resulta-dos com diferença significativa nos parâmetroscardiorrespiratórios avaliados quando comparado os dias coma execução da atividade de forma livre ou com o controle dapressão.

Por mais de 40 anos, a fisioterapia respiratória vem seconsolidando como uma das maiores estratégias para remover

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as secreções envolvidas no ciclo vicioso das obstruções, infec-ções, inflamações e danos pulmonares. No entanto, algumasdestas técnicas consomem muito tempo, podem serdesconfortáveis e requerem assistência (MCILWAINE et al.,2001). A evolução tecnológica contribuiu para o surgimento demuitos aparelhos com a finalidade de remover secreção. Entreeles, o aparelho Flutter VRP1®, tem sido alvo de muitos estu-dos (AZEREDO, 2000) envolvendo sua influência na remoçãode secreção utilizando parâmetros de avaliação como volumede secreção expectorado (THOMPSON et al., 2002; KONSTAN;STERN; DOERSHUK, 1994; BELLONE, 2000), clearance comradioaerossol (VOSHAAR; HAMANN; KOHLER, 1992) e ca-racterísticas de transportabilidade mucociliar e propriedadesreológicas (VALENTE et al., 2004; APP et al., 1998) .

Além disso, estudos com esse dispositivo avaliaram seucomportamento mecânico (LINDEMANN, 1992; LIMA et al.,2005) e seu desempenho em diferentes fluxos e ângulos (ALVES;PITTA; BRUNETTO, 2008) e o compararam com outro disposi-tivo fisioterapêutico oscilatório (VOLSKO; DIFIORE;CHATBURN, 2003). No entanto, não há o registro de estudosavaliando o comportamento dos parâmetros cardiorrespiratóriosdurante sua utilização.

Esse artigo mostrou que pacientes portadores de DPOCestável, de moderado a grave, não apresentaram alteraçõescardiorrespiratórias significativas com a realização de exercíci-os com esse dispositivo fisioterapêutico.

Na prática clínica não há uma padronização entre os fisi-oterapeutas na orientação ao indivíduo quanto a realização daatividade com esse recurso, sendo que alguns orientam a reali-zação do exercício com o Flutter® com expirações tranquilasenquanto outros orientam expirações “um pouco” forçadas. Ve-rificou-se que, independente da forma como o paciente realizaessa atividade, não há repercussões cardiorrespiratórias causa-das pela interferência do aparelho. Essa informação torna segu-ra a indicação e utilização dessa proposta terapêutica, principal-mente por se tratar de um aparelho que permite a realização doexercício sem a supervisão de um terapeuta proporcionando,assim, maior grau de independência.

Sabe-se que para atingir e manter determinada pressãoexpiratória durante a realização do Flutter VRP1® é necessário amanutenção de fluxo expiratório adequado.

A falta de resultados envolvendo a incapacidade damaioria dos pacientes participantes do estudo de atingirem apressão controlada e pré-estipulada de 30 cmH2O pode estarrelacionada com a própria população recrutada para esse estu-do, constituída por portadores de DPOC com obstrução mode-rada e grave. Tal fato pode estar relacionado com a perda daretratilidade elástica característica dos pacientes com DPOC,que faz com que os pulmões percam sua capacidade de aumen-tar bruscamente de pressão, limitando o fluxo aéreo e facilitan-do o aprisionamento de ar (TARANTINO, 2002).

Segundo GOLD, 2005, pacientes portadores de DPOCde grau moderado apresentam espirometria com redução de VEF1de aproximadamente 40% em relação a indivíduos normais. Talfato poderia prejudicar a manutenção de fluxo expiratório ade-quado para obtenção da pressão desejada.

Brooks et al. (2002) verificaram uma correlação significa-tiva entre pressão expiratória e fluxo expiratório para cada nívelde inclinação do aparelho, sendo necessário, em posição neu-tra, um fluxo de aproximadamente 1,5 L/s para alcançar uma pres-são de 30 cmH2O. Eles concluíram, ainda, que a utilização de umfluxo cada vez maior resulta em um aumento da pressão expiratória

atingida.Lima et al. (2005) caracterizaram o comportamento mecâ-

nico desse dispositivo e observaram a necessidade de fluxoaéreo de aproximadamente 2 L/s para a manutenção de umapressão entre 10-25cmH2O.

Os achados do estudo citado anteriormente sãosimilares aos encontrados por Lindemann (1992), que verificouque para atingir uma pressão expiratória, em posição neutra,com valores entre 10-70 cmH2O é necessário um fluxo de 1,6-5,5L/s. Assim, pacientes com as características dos indivíduos uti-lizados nesse trabalho, portadores de doença com limitação aofluxo aéreo de moderado à grave, dificilmente conseguiriam atin-gir uma pressão expiratória mais elevada.

Já a falta de diferenças estatisticamente diferentes entreas variáveis avaliadas entre os dias FLU LIVRE e FLU 20 podemestar relacionadas com a semelhança da pressão expiratória atin-gida no dia Livre, que teve como média 19 +- 0,96 cmH2O, e nodia da pressão expiratória estipulada de 20 cmH2O.

A análise da VFC possibilita a avaliação não invasiva eseletiva dos componentes simpático e parassimpático sobre osistema cardiovascular (AKSELROD et al., 1981; PAGANI et al.,1996; CERUTTI et al., 1991; TASK FORCE OF THE EUROPEANSOCIETY OF CARDIOLOGY AND THE NORTH AMERICANSOCIETY OF PACING AND ELECTROPHYSIOLOGY, 1996). Noentanto, a explicação para o comportamento do sistema nervo-so autônomo durante a realização do exercício em pacientescom DPOC ainda é escassa, pois são praticamente inexistentesestudos que se preocupam em investigar o controle autonômicocardíaco durante a atividade estável de baixa intensidade(PANTONI et al., 2007).

Sabe-se que esses indivíduos apresentam aumento daresistência da via aérea aumentando o esforço respiratório, po-dendo haver interferência na função autonômica cardíaca(VOLTERRANI et al., 1994). Alguns autores verificaram que pa-cientes portadores de DPOC possuem controle autonômico car-díaco anormal (VOLTERRANI et al., 1994; STEIN et al., 1998;PASCHOAL; PETRELLUZZI; GONÇALVES, 2002) enquantoCamillo et al. (2008) não encontraram correlação entre a VFC eindicadores da severidade da doença.

Estudos prévios avaliando portadores de DPOC, mostra-ram redução do tônus simpático e do parassimpático (PANTONIet al., 2007) assim como diminuição da resposta simpatovagal(PAGANI et al., 1996) e redução de todos os índices da VFC(STEIN et al., 1998).

No presente estudo, ao se analisar a VFC, não foi possí-vel observar diferença estatisticamente significante durante osintervalos de repouso, sugerindo que tal dispositivo não foicapaz de promover alterações do balanço simpatovagal já quenão houve aumento da modulação vagal (SANTOS; MORAES;MARÃES; 2003) ou, ainda, que o tempo de utilização no apare-lho Flutter VRP1® não tenha sido suficiente para promoverrepercussões cardíacas.

Em relação ao comportamento da FC durante a realizaçãodo Flutter VRP1®, o presente trabalho, não mostrou diferençasestatisticamente significantes quando comparados às séries doexperimento dos dias FLU LIVRE, FLU 20 e entre os dias. Noentanto, quando foram comparados os valores de FC dentro deuma mesma sessão, verificou – se diferenças significativas.

O comportamento predominante da FC na realização doFlutter VRP1® caracterizou-se por um aumento na FC no inícioda realização do exercício, por um pico durante a realização domesmo, seguido de uma queda no final do experimento, que não

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chegou ao valor da frequência cardíaca de repouso inicial. Istopode estar relacionado com a insuflação dos pulmões, queinibe a atividade eferente vagal cardíaca e evoca taquicardia(TAYLOR; JORDAN; COOT, 1999).

No entanto, os valores máximos atingidos nãosugerem, do ponto de vista clínico, aumento dostress e/ou níveis de risco cardíaco.

CONCLUSÃODessa forma, o presente estudo sugere que o apare-

lho Flutter VRP1®, quando utilizado por pacientes comlimitação de fluxo aéreo de modo não forçado, pode ser odispositivo de escolha entre os diversos recursos que afisioterapia respiratória atual dispõe. Sua utilização noslimites sugeridos é segura e não provoca efeitos adver-sos sobre o sistema cardiorrespiratório.

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Índice de Lesão em Jogadores Amadores de Futebol

Injure Index Occurred in Amateur Soccer Player

ResumoO futebol se caracteriza por alto contato físico. Nos últi-

mos anos, as exigências são cada vez maiores, o que obriga osatletas a trabalharem perto de seus limites, determinando que ofutebol apresente em termos absolutos um alto número de le-sões. Este estudo visou quantificar e relacionar as lesões trau-máticas ocorridas no futebol de campo em jogadores amadores.Foi verificado o índice de lesão de 100 jogadores amadores defutebol que obtiveram lesões durante os jogos. Observou-seque 73% dos jogadores entrevistados obtiveram lesões, enquan-to os outros 27% não obtiveram nenhum tipo de lesão relaciona-do à pratica do futebol. Considerando os 73% que obtiveramlesões, 61% foram de membro inferior e 12% de membro superi-or. Os resultados foram obtidos por meio de um questionário,aplicado pela pesquisadora responsável, em seus respectivoslocais de jogos, nos quais foi possível a análise de indivíduosque obtiveram lesões. Nota-se que a maior parte das amostrascolhidas demonstra um alto número de lesões em jogadoresamadores, cujas maiores incidências estão em membros inferio-res de atletas entre 25 e 30 anos, além de um menor índice emmembro superior de atletas acima de 31 anos. Conclui-se que aslesões acometidas em atletas amadores não depende somenteda idade, mas sim do impacto e exigência da musculatura nodecorrer dos jogos.

Palavras-chave:Futebol; Índice de lesão; Jogadores Amadores

AbstractSoccer is characterized by high physical contact. In recent

years, the demands are increasing, forcing the athletes to worknear their limits, determining that football presents a high absolutenumber of injuries. This study aimed to quantify and relate thetraumatic injuries occurred in soccer field in amateur players. Itwas verified the lesion index of 100 amateur football playerswho received injuries during the games. It was observed that73% of the players interviewed had injuries, while the other27% did not get any kind of injury related to football practice.Considering the 73% who had injuries, 61% were lower limb and12% of upper limb. Results were obtained through aquestionnaire, the investigator responsible in their respectiveplaces of games, in which it was possible the analysis ofindividuals who obtained injuries. Note that most samples showa high number of injuries in amateur players, whose highestincidences are in the lower limbs of athletes between 25 and 30years, and a lower incidence of upper limb in athletes over 31years. It is concluded that injuries in amateur athletes affectednot only depends on the age, but the impact and demands ofthe muscles during the games.

Key words:soccer; injure index ; Amateur soccer players

1. Docente da UNIP – Universidade Paulista2. Fisioterapeuta graduada pela UNIP – Universidade Paulista3. Supervisora da UNIP – Universidade Paulista

Aline Margioti Zanella1, Alessandra Chicalé Matos2, Cristiane Bonvicine3

INTRODUÇÃOO futebol é o esporte mais popular do mundo, sendo tam-

bém o mais difundido na maioria dos países latino-americanos eeuropeus (Gantus e Assumpção, 2002). Segundo a FederaçãoInternacional de Futebol (FIFA) existem 203 países associados,o que representa um número expressivo diante de 240 países noglobo. O esporte apresenta características que propiciam lesõestraumato-ortopédica, apesar de ter sofrido mudanças nos últi-mos anos, principalmente em função das exigências físicas quesão cada vez maiores, o que obriga os atletas a trabalharemperto de seus limites máximos de exaustão, com maior predispo-sição às lesões. Com esse quadro de mudança o futebol teveuma substituição na ênfase de técnica pelos componentes físi-cos e táticos (COHEN, 2003).

Recebido: 12/01/2010Aceito: 12/06/2010Autor para correspondência: Aline Margioti ZanellaE-mail: [email protected]

Embora exista grande apelo para atividades físicas quevise à promoção de saúde, a população que pratica esse tipo deesporte está potencialmente sujeita em qualquer fase de treina-mento ou competição, a sofrer lesões, as quais são diretamenteproporcionais à existência de fatores predisponentes intrínse-cos que são freqüentemente identificados com a falta de flexibi-lidade articular, a reduzida elasticidade muscular, instabilidadefuncional, lesões anteriores com inadequada reabilitação, alte-rações anatômicas e biomecânicas e os desequilíbrios muscula-res (EKSTRAND et. al. 1983).

Segundo Inklaar (1994), os fatores extrínsecos tambémsão responsáveis por uma porcentagem significativa de lesõesno futebol, que são: a avaliação das condições do campo, tipode chuteira, condições físicas e de saúde, sexo, quantidade dejogos, treinos, e movimentação; tais fatores, não devem serignorados por atletas e treinadores.

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Esse esporte se caracteriza por apresentar grande conta-to físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos tais comoaceleração-desaceleração, mudança de direção, saltos epivoteamento; por esses e outros motivos, o futebol apresenta,em termos absolutos, um alto número de lesões. Um estudorealizado por Frank e Keller et. al. 1987 afirma que o futebol éresponsável pelo maior índice de lesões desportivas no mundo.Segundo Cunha (2009) o futebol é uma modalidade esportiva dealta intensidade, com algumas características que são variáveisentre os jogadores dependendo da posição em que jogam, ouseja; goleiro (força explosiva, flexibilidade, equilíbrio, velocida-de de reação, resistência muscular), laterais (força explosiva,resistência e coordenação), zagueiros (força, impulsão, equilí-brio, velocidade e agilidade), meio-campo (resistência, coorde-nação, recuperação e velocidade) e atacantes (velocidades, agi-lidade, equilíbrio e força).

Segundo Ekstrand et. al. 1983, Nielsen et. al. 1989 eEngstron et. al. 1991, as lesões são classificadas quanto à seve-ridade de acordo com o tempo de afastamento de prática espor-tiva em três categorias: leve (grau 1), ausência de atividade pormenos de uma semana; moderada (grau 2), ausência da práticapor mais de uma semana e menos de um mês; e grave (grau 3),com ausência da prática por mais de um mês.

Segundo Leite & Cavalcanti Neto (2003), mais da metadedas atividades físicas do jogador em uma partida de futebol sãoexecutadas sem a bola (57,6%); o restante, são executadas coma posse de bola, que são responsáveis pela maioria das lesõestraumato-ortopédicas, devido à marcação do jogador adversá-rio.

Muitas dessas lesões são causadas pelo desgaste crôni-co e lacerações, decorrentes de movimentos repetitivos queafetam os tecidos. Não realizar o aquecimento ou não alongar osuficiente antes de um jogo ou exercício também pode contri-buir para o surgimento de uma lesão (RAYMUNDO et al, 2005;SILVA et al, 2005).

Atualmente, as lesões desportivas têm extrapolado o âm-bito das ciências do esporte, configurando-se, devido à suamagnitude, transferência e vulnerabilidade, como problema desaúde; nesse sentido considera-se surpreendentemente a faltade informações sobre o risco e prevenção de lesões desportivas,pois o futebol apresenta-se com exigências e trabalhos inten-sos anaeróbicos, associados a longos períodos de exercíciosaeróbicos. (COHEN, 2003; GIZA, 2003).

Segundo Poulsen (2004), os níveis dos atletas não inter-ferem nas lesões, pois não se encontrou diferença entre amado-res e profissionais durante 1.000 horas de jogos; no entanto;Nielsen e Yde 1989 encontraram mais lesões nas ligas profissio-nais do que nos amadores; em contrapartida, Blaer et. al. relatamque as lesões em amadores são mais freqüentes do que emprofissionais.

De acordo com Pastre (2005), há um aumento de lesõessimultaneamente com a crescente demanda da prática de exercí-cios, tanto recreacional como competitivos, gerando preocupa-ções aos treinadores e atletas, pois interrompem o processoevolutivo de adaptações sistemáticas impostas pelo treinamen-to.

A razão da escolha deste tema deveu-se ao crescimentoda área desportiva, e consequente aumento do número de le-sões, que hoje em dia tem sido responsáveis por mais de 50% detodas as lesões do mundo.

Este estudo teve como objetivo quantificar e relacio-nar as lesões traumáticas ocorridas no futebol de campo em

jogadores amadores, nas cidades de São José do Rio Preto eBarretos.

METODOLOGIA E CAUSUÍSTICAFoi realizado um estudo de observação, tipo inquérito, no

qual participaram 100 jogadores amadores de futebol de campo(jogadores de fim de semana), com idade entre 25 e 60 anosperfazendo uma média de 35 anos, sendo todos do sexo mascu-lino.

O inquérito referido é composto por um questionário uti-lizado como coleta de dados, contendo: nome, idade, freqüên-cia de futebol na semana, posição em que joga, se faz algumaoutra atividade física, a existência de lesões anteriores, tipo delesão, mecanismo do trauma, exames realizados, tratamento rea-lizado e se voltou curado depois da lesão.O questionário foidesenvolvido priorizando a abordagem de lesões ocorridas du-rante o jogo. (anexo 1)

Neste estudo, foi considerada qualquer lesãomusculoesquelética resultante de jogos e que foi suficiente paracausar alterações nos próximos jogos a serem realizados, sejaresultados foram obtidos através de um questionário que foiaplicado pela pesquisadora em seus respectivos locais de jo-gos, no qual foi analisada a quantidade de indivíduos que obti-veram lesões.

No gráfico 1 observou-se um alto número de jogadorescom lesões sendo que 73% (setenta e três por cento) dos joga-dores amadores obtiveram lesões desportivas e 27% (vinte esete por cento) dos jogadores não obtiveram lesões, além dofato dos jogadores amadores não possuírem outra atividadefísica além de jogar futebol até 2 vezes por semana.

Gráfico 1 - Demonstrativo do percentual de jogadoresque foram entrevistados e obtiveram lesões.

Neste gráfico demonstrou-se a quantidade de lesões aco-metidas em um dos esportes mais praticados pela populaçãobrasileira, sendo que nesse estudo pode-se observar que 73%dos jogadores amadores obtiveram lesões durante o jogo; acre-dita-se que essas lesões estejam diretamente relacionadas à exis-tência de fatores intrínsecos, que são aqueles decorrentes dopróprio indivíduo como falta de flexibilidade articular, instabili-dade funcional, lesões anteriores com inadequada reabilitação,alterações anatômicas e biomecânicas e os desequilíbrios mus-culares. Contrariamente às informações colhidas nessa pesqui-sa, Pereira (2007) em seu trabalho de prevalência de lesões doquadríceps em jogadores profissionais e amadores, declara queos resultados colhidos em sua pesquisa foram diferentes, nãoexistisse qualquer associação entre fatores intrínsecos na ocor-rência de lesões desportivas, nas quais os fatores de lesõessão freqüentes em jogadores amadores por ser um desporto de

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grande impacto. Contrapondo as idéias desse trabalho e dotrabalho anterior Inklaar (1994; cit. Gonçalves, 2000) consideraque a lesão futebolística é todo tipo de dano causado pelo fute-bol, classificada como a lesão do futebol que ocorre duranteuma época desportiva, em situação de jogo ou preparação queimpede o atleta a participar de novos jogos durante o tempo delesão. Em concordância, Luthje e colaboradores (1996) utiliza-ram a definição de que a lesão no futebol é um incidente ocorri-do ao jogador durante a época desportiva, durante um jogo,obrigando o atleta a abandonar a atividade e consultar um médi-co.

De acordo com a tabela abaixo, dos 100 indivíduos avali-ados, 61 obtiveram lesão em membro inferior, sendo que desses61 atletas 15 apresentavam idade entre 25 – 30 anos,correspondendo à maior quantidade de lesão. As lesões emmembros superiores ocorreram em apenas 12 jogadores e a mai-or incidência foi entre 31 – 35 e 36 – 40 anos, o que representou4 atletas em cada categoria. Os atletas que não obtiveram lesõesfutebol.

Tabela 1. Tabela demonstrativa de todos os indivíduosavaliados

Concordando com os resultados da Tabela 1, PE-REIRA e colaboradores (2009), declaram que as maiores inci-dências de lesão ocorrem em atletas de até 30 anos, por levar emconsideração o novo estilo do futebol mundial e as maioresexigências em atletas mais jovens. Contrapondo esse estudo,Cohen (1997), ao analisar a distribuição das lesões em relação aidade, encontrou o predomínio em jogadores mais velhos, sen-do progressivo com o passar da idade.

De acordo com o Gráfico 2 que é o demonstrativo dequantidade de lesões em membro superior e em membro inferior,os jogadores sofreram um número maior de lesões em membroinferior comparada com o membro superior, sendo 83,56% daslesões ocorridas em MMII e 16,44 em MMSS.

Gráfico 2 - Demonstrativo de quantidade de lesões emequipe do Ipatinga futebol clube – MG, Teixeira, 2008, e decla-ram que muitas dessas lesões são causadas pelo desgaste crô-

nico e lacerações, decorrentes de movimentos repetitivos queafetam os tecidos suscetíveis por não realizar o aquecimento ounão alongar o suficiente antes de um jogo ou exercício podetambém contribuir para o surgimento de uma lesão em que omembro inferior apresente um maior desgaste a movimentosrepetitivos. Concordando com os resultados obtidos Pozo ecolaboradores (2005) obtiveram 3,6% das lesões em membrosuperior; 8,3% eram lesões no tronco e 88,1% eram de membroinferior, notando-se maior incidência em membro inferior. Talachado é provavelmente explicado pelo fato de que o futebolseja um esporte praticado com os membros inferiores, atribuin-do esse achado à sobrecarga e estilo do futebol, o qual exigegrande quantidade de movimentos bruscos em curto intervalode tempo.

De acordo com o gráfico 3, as maiores incidências de le-sões no membro superior são as de fraturas e luxações e acome-tem cada uma a porcentagem de 33,33% , existem também as debursite de ombro e lesões no manguito rotador que acometemcada separadamente 16,67% do total.

Nesse estudo verificou-se que no membro superior existeuma grande concentração de luxações e fraturas, trauma diretoe impacto. Com o estudo de COHEN (2003) os resultados foramsemelhantes, pois em seu estudo o índice de lesão em membrosuperior foi menor, contradizendo o tipo de lesão já que essaslesões foram por contraturas.

De acordo com a gráfico 4, as maiores incidências de le-sões em membro inferior são musculares no joelho, com 42,62%do total, o entorse de tornozelo que tem aproximadamente 27%do total, distensão muscular na perna com 22,95% e rompimen-tos de ligamentos no pé com 8,20%. Essas lesões são devido aoesforço realizado durante os jogos, como as mudanças de posi-ções, saltos e movimentos curtos.

Gráfico 4 - Demonstrativo do percentual de principaislesões em membro inferior.

Nesta amostra de lesões em membro inferior percebe-seque as lesões musculares em joelhos são as de maior incidên-cia. Essa amostra não foi compatível com a amostra da literatura,

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pois Nilsson & Roaas encontraram maior incidência de contu-sões. Contrapondo os resultados, Teixeira (2008) observou emseu estudo que o maior número de lesões foi em distensõesmusculares na perna, ocorrendo em aproximadamente 69% dototal de lesões em seu estudo. Também em contraposição a esteestudo e ao estudo anterior de Leite; Cavalcante Neto (2003),Gould III (1993) apud Leite; Cavalcanti Neto (2003), considera oentorse de tornozelo a lesão mais comum em membro inferior nofutebol. Eitner (1998) apud Leite e Cavalcanti Neto (2003)enfatizaram que as contusões no joelho aparecem com maiorfreqüência em jogos de futebol devido a mudança de movimen-to brusco e mudança de posição em curto tempo.

CONCLUSÃOConclui-se que jogadores amadores têm um alto número

de lesões e suas lesões de maior incidência estão nos membrosinferiores devido à falta de treinamento e preparação da muscu-latura para os jogos.

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ResumoA Síndrome de fibromialgia (SFM) é uma afecção reumáti-

ca caracterizada por dor músculoesquelética difusa crônica em11 tender points. Afeta principalmente mulheres e esta associa-da a distúrbio do sono, fadiga, rigidez matinal, ansiedade e alte-rações de humor e comportamento. Este estudo teve por objeti-vo avaliar a qualidade de vida de portadores de SFM e o impac-to da síndrome nas atividades de vida diária (AVDs). Participa-ram vinte indivíduos com SFM, sendo 14 mulheres e 6 homens.Foi aplicado o Questionário do Impacto da Fibromialgia (FIQ) eo questionário Medical Outcome Study Short-Form 36 HealthSurvey (SF-36). No FIQ a intensidade da dor foi intensa em 75%dos entrevistados, e durante a ultima semana apenas 5% senti-ram-se bem todos os dias, 20% não sentiram bem em nenhumdia. A rigidez estava presente em 50% dos pacientes, 65% tive-ram interferência nas habilidades de trabalho, 45% apontou adepressão como muito intensa e os outros sintomas como ner-vosismo e ansiedade foram qualificada por 85% como fator demuita tensão. No SF-36, todos os domínios apresentaram dimi-nuição nos resultados: capacidade funcional (25%), limitaçõesfísico e emocional (75 e 50%), dor, percepção geral de saúde evitalidade (40%), aspecto social (15%), saúde mental (10%), eimpacto negativo nas atividades diárias e de trabalho (65%).Conclui-se que a SFM provoca um impacto negativo nas AVDsdos pacientes, pois 75% relataram a dor como muito severa eestá associada com a diminuição da qualidade de vida em váriosdomínios.

Palavras-chave:Fibromialgia, Qualidade de vida, Questionários

AbstractThe Fibromyalgia Syndrome (FMS) is a rheumatic disorder

characterized by chronic widespread musculoskeletal pain in 11tender points. It mainly affects women and is associated withsleep disturbance, fatigue, morning stiffness, anxiety and moodswings and behavior. This study aimed to evaluate the qualityof life of patients with FMS and the impact of the syndrome inactivities of daily living (ADLs). Participants included twentypatients with FMS, 14 women and 6 men. We applied theFibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ) and the MedicalOutcomes Study Short-Form 36 Health Survey (SF-36). In theFIQ, pain intensity was severe in 75% of respondents, and inthe last week just 5% felt well all day, 20% did not feel well at anyday. The rigidity was present in 50% of patients, 65% hadinterference with job skills, 45% indicated depression as veryintense and other symptoms such as nervousness and anxietywere described by 85% as much tension factor. SF-36, all areasshowed a decrease in the results: physical functioning (25%),physical and emotional limitations (75 and 50%), pain, generalhealth perception and vitality (40%), social aspect (15%) , men-tal health (10%), and negative impact on daily activities andwork (65%). It is concluded that FMS has a negative impact onADL of the patients, because 75% reported pain as very severeand is associated with decreased quality of life in several areas.

Key words:Fibromyalgia, Quality of Life, Questionnaires

1. Farmacêutica Homeopata e Mestranda em Farmácia; Professora da Universidade Novede Julho. 2. Mestrando em Gestão Integrada de Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, Professor daUniversidade UniRadial Estácio.3. Professor Doutor de Farmácia da Universidade Bandeirantes.4. Professora Doutora de Farmácia da Universidade Bandeirantes.

Recebido: maio de 2009Aceito: setembro de 2009Autor para correspondência: Patricia Nancy Iser BemE-mail: [email protected]

Gabriela Natália Ferracini1, Eder Rodrigues Fernandes1,Lucas Augusto Pereira1,Lívia Karina Ferreira Ventura1, Cristina Vieira1Flávia1, Mariana Valente2

Avaliação da Qualidade de Vida de Portadores de Fibromialgia eo Impacto da Síndrome nas Atividades de Vida Diária

Quality Of Life Assessment In of Patients With Fibromyalgia Syndrome Andits Impact on Daily Living Activities

1. Graduandos em Fisioterapia pela Universidade Paulista (UNIP) – São José do RioPreto2. Fisioterapeuta, Supervisora do estágio de Fisioterapia Preventiva e Ergonomia daUNIP – São José do Rio Preto

Recebido: 23/01/2010Aceito: 15/04/2010Autor para correspondência: Gabriela Natália FerraciniE-mail: [email protected]

INTRODUÇÃOA síndrome de fibromialgia (SFM) é a segunda afecção

reumatológica mais comumente encontrada nos países indus-trializados, afeta predominantemente mulheres com idade entre30 e 50 anos, caracterizada por dor difusa e crônica em 11 de 18pontos anatomicamente específicos denominados tender points(MARTINEZ et al, 2001 e KAPAN, 2000).

O quadro clínico também inclui distúrbios do sono, fadi-ga e rigidez matinal, além de alterações de humor e comporta-mento, como irritabilidade, ansiedade e depressão. A intensida-de dos sintomas é variável em cada caso podendo, até mesmo,comprometer o desempenho profissional (SEXTON e FORS,2002; HAUN et al, 1999).

O tratamento da SFM inclui terapia medicamentosa, acom-panhamento psicológico e nutricional, além de diversas abor-

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dagens fisioterapêuticas como hidroterapia, técnicas manuaispara liberação de pontos gatilhos, exercícios aeróbios, alonga-mento e eletroterapia. Ainda assim, a complexidade clínica daSFM compromete muitas vezes os resultados paliativos de ali-vio da dor (RUIZ et al, 2007; LINARE et al, 2005).

Nesse sentido, a cronicidade da SFM e o aumento daexpectativa de vida associados ao desconhecimento daetiopatogenia da fibromialgia e a incompreensão dos familiares,resultam em prejuízos psicossociais e laborais, provocando sen-timentos de vulnerabilidade, desamparo e exclusão (CARR etal, 1996; BERBER et al, 2005). Assim, este estudo objetivouavaliar a qualidade de vida de portadores de SFM e o impactoda síndrome nas atividades de vida diária com a utilização dosquestionários SF-36 e FIQ, respectivamente.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

Participaram deste estudo vinte indivíduos com diag-nóstico fisioterapêutico de síndrome de fibromialgia, sendo 14mulheres com idade entre 30 e 75 anos, e 6 homens com idadeentre 30 e 75 anos.

A avaliação consistiu na aplicação de dois questionári-os compostos por questões fechadas, o Questionário do Im-pacto da Fibromialgia (FIQ) que avalia a interferência da síndromena realização das atividades de vida diária e sintomas como dor,fadiga, rigidez matinal, irritabilidade, ansiedade e depressão(MARQUES et al, 2006). E o questionário Medical OutcomeStudy Short-Form 36 Health Survey (SF-36), em sua versão Bra-sileira (CICONELI et al, 1999), para avaliar a qualidade de vida.Seus resultados são mostrados em escores de 0 a 100, obtidosa partir de uma relação de quesitos compreendidos em oitoescalas, abordando vários aspectos da qualidade de vida.

Um termo de consentimento livre e esclarecido foi expla-nado sobre o interesse voluntário de sua participação no estu-do, da liberdade de interrompê-la a qualquer momento, dos pro-cedimentos a serem realizados, dos riscos potenciais, e do usoconfidencial das informações obtidas. Após o consentimento,os questionários foram entregues aos voluntários, que recebe-ram as orientações acerca do preenchimento, podendo tirar aqualquer momento suas dúvidas. Aqueles que não compreen-deram ou se negaram a responder foram excluídos do estudo.Casos de não consentimentos em nada prejudicou os voluntá-rios.

O preenchimento dos questionários foi realizado peloparticipante em uma sala fechada, calma, com a presença de umpesquisador, sem controle de tempo a fim de que não houvesserazões de conduzir o voluntário a respostas apressadas.

RESULTADOS

O resultado do FIQ em relação à intensidade da dor apon-tou que 75% dos entrevistados consideram-a muito severa. Du-rante a última semana 5% dos entrevistados relataram bem es-tar diário, enquanto que 10% sentiram-se bem quatro dias, 30%durante três dias, 15% de um a dois dias e 20% não se sentirambem em nenhum dia.

A rigidez estava presente em 50% dos pacientes, porém55% realizam suas atividades de vida diária normalmente. Ossintomas da doença interferiram nas habilidades de trabalho em

65% dos entrevistados, a depressão foi apontada como muitointensa em 45% dos pacientes e os sintomas de tensão, nervo-sismo e ansiedade foram qualificados como “muita tensão” por85% dos entrevistados.

Em relação ao descanso noturno, apenas 25% dos parti-cipantes o definiram como sendo bom, enquanto o cansaçomatinal foi qualificado como muito intenso por 60% dos partici-pantes 65% relataram cansaço durante todo o dia. Os resulta-dos do questionário SF-36 estão apresentados na tabela 1.

DISCUSSÃO

Devido ao aumento da expectativa de vida, as doenças crôni-cas tornam-se predominantes, implicando na melhora da qualidadede vida de seus portadores, primordialmente no alivio da dor e dosofrimento. E esta se deve ao desenvolvimento de instrumentospara mensurar a qualidade de vida.

No presente estudo o índice de queixa dolorosa apresentou-se elevado no questionário FIQ, mas sem alterações nas atividadesde vida diária de 55% dos participantes, porém no estudo realizadopor Martinez e colaboradores, 2001 obteve diminuição na execuçãodas atividades diárias.

Os sintomas de tensão, nervosismo e ansiedade tiveram re-sultados condizentes com um estudo realizado por Santos e colabo-radores em 2006, onde apresentaram índices elevados.

Os resultados do SF-36 mostraram uma correlação entre osaspectos de dor, estado geral de saúde e vitalidade, condizendo comoutros trabalhos que utilizaram o mesmo instrumento para medirestas variáveis (KAPAN, 2000; LINARE et al, 2005; CARR, et al 1996;BERBER et al, 2005; SABBAG et al, 2007). Já nas limitações emocio-nais, a depressão esteve presente em 60% dos fibromiálgicos, corro-borando com Santos e colaboradores em 2006 que relatam que adepressão é fator de piora da funcionalidade social e emocional.

No presente estudo as limitações físicas interferem na capa-cidade funcional dos pacientes segundo o SF-36, e de acordo com oestudo realizado por Sabbag e colaboradores em 2007, o condiciona-mento físico está correlacionado não somente com a capacidadefuncional, mas também com a intensidade da dor e qualidade de vida.

Poucos são os estudos que utilizam questionáriosdirecionados a indivíduos com SFM para verificação da qualidadede vida e seu impacto nas AVDs.

CONCLUSÃOConclui-se que a Síndrome de fibromialgia provoca um

imacto negativo nas atividades diárias dos pacientes, pois 75%relataram a intensidade da dor como muito severa e está associ-ada com a diminuição da qualidade de vida em vários domínios,incluindo o estado social (59%), psicológico (57%) e físico (26%).

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RECOMENDAÇÕESEste estudo demostra a necessidade de realização de no-

vos estudos com uma amostra maior e homogênea em relação aidade e gênero. O desenvolvimento de um questionário padrãopara SFM seria interessante para avaliar a sua influência na QVe permitir comparações entre as populações.

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Cinesioterapia Facial Microcorrente Galvânica no Tratamento deRugas

Facial Kinesiotherapy and Galvanic Microcurrent on Wrinkle´s Treatment

RESUMOO envelhecimento é um processo biológico acompanha-

do de alterações intrínsecas ou extrínsecas. Com o aumento daexpectativa de vida dos brasileiros, a população está envelhe-cendo. As rugas faciais são os primeiros sinais do envelheci-mento. A pesquisa teve como objetivo analisar a cinesioterapiafacial e a microcorrente galvânica no tratamento de rugas. Oestudo propôs uma pesquisa descritiva, comparativa eintervencionista. A população da pesquisa constou de 22 mu-lheres pareadas pela idade de 30 a 65 anos de idade, sendodivididas em dois grupos A e B. O tratamento foi realizado naClínica Escola da Faculdade Christus na cidade de Fortaleza –Ce, no período de setembro a novembro de 2009. Os dadosforam coletados através de uma ficha de avaliação específicapara rugas faciais e de fotografia. Como resultado, obteve-se ofototipo de pele II nos dois grupos, quanto ao tipo de pele amais encontrada no grupo A foi seca e no grupo B mista, naclassificação das rugas nos 2 grupos houve presença de rugassuperficiais e profundas nas regiões fronto-glabelar, orbital doolho, nasogeniana, orbicular da boca e mentoniana e para onível de satisfação das pacientes todas ficaram satisfeitas aotérmino do tratamento. Conclui-se que a pesquisa apresentousignificância nos 2 grupos demonstrando bons resultados nasrugas faciais.

Palavras-chave:Envelhecimento, Face, Exercícios, Galvânica

ABSTRACTAging is a biological process followed to intrinsic or

extrinsic. With increasing life expectancy of the Brazilianpopulation is aging. Facial wrinkles are the first signs of aging.The research aimed to analyze the kinesiotherapy facial galvanicand microcurrent in the treatment of wrinkles. The studyproposed a descriptive, comparative and interventional. Thestudy population consisted of 22 women matched for age from30 to 65 years of age, divided into two groups A and B. Thetreatment was done at the clinic of the School Christus in Forta-leza - Ce, from September to November 2009. Data were collectedthrough an evaluation form specifically for facial wrinkles andphotography. As a result, we obtained skin phototype II in bothgroups, the type of skin found most frequently in group A wasdried and mixed in group B, the classification of wrinkles in the2 groups was the presence of superficial wrinkles and deepregions fronto-glabellar, orbital eye, nasogenian, orbicular ofthe mouth and chin and to the satisfaction of all patients weresatisfied at the end of treatment. Concluded that the researchhad significance in the 2 groups demonstrated good results infacial wrinkles.

Key words:Aging, Face, Exercises, Galvanic.

1. Graduada em Fisioterapia – Christus2. Especialista em Fisioterapia Dermato-Funcional - FIC, Docente da FaculdadeChristus

Lia Pontes Gondim1, Amanda Cavalcante Moreira1 , Katiane Rocha Vieira1, Esthefânia Bessa1,Renata Bessa Pontes2

INTRODUÇÃOO envelhecimento é um fenômeno biológico de caráter

progressivo, dinâmico e irreversível acompanhado de alteraçõesdas funções orgânicas sendo influenciado por diversos fatoresintrínsecos e extrínsecos. O envelhecimento intrínseco, tambémchamado cronológico é previsível e inevitável. Já o envelheci-mento extrínseco ou fotoenvelhecimento está relacionado à ex-posição solar crônica que se sobrepõe ao intrínseco. Com asmodificações dos hábitos de vida, a distribuição etária da popu-lação brasileira vem se modificando. A sociedade brasileira está

envelhecendo e, com isso vem diminuindo o número de jovenstornando-se assim uma população idosa (KEDE; SABATOVICH,2004; PAPALÉO NETTO, 2004).

O conceito de beleza de uma sociedade baseia-se no prin-cípio da juventude. Com os padrões estéticos cada vez maisexigentes e devido aos avanços tecnológicos, tornou-se possí-vel retardar os indesejáveis sinais do tempo através de recursosfisioterápicos que atuam de forma a minimizar os principais efei-tos do tempo, dentre eles as rugas (ENVELHECIMENTOCUTÂNEO, s.d.).

As rugas faciais constituem-se em um dos parâmetrosmais visíveis do envelhecimento cutâneo, causam incômodo as

Recebido: 05/03/2010Aceito: 21/04/2010Autor para correspondência: Lia Pontes GondimE-mail: [email protected]

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pessoas, pois, elas são inevitáveis e possuem um aspectoinestético. Ocorre o declínio de elastina e colágeno, proprieda-des essenciais na elasticidade da pele. As rugas podem ser clas-sificadas em: profundas, superficiais, dinâmicas, gravitacionaise estáticas possuindo cada uma suas especificações. Para otratamento de rugas, podem ser utilizados recursos fisioterápi-cos como cinesioterapia e eletroterapia (GUIRRO; GUIRRO,2004).

A cinesioterapia facial é um exercício em que ocorre au-mento da oxigenação local, aumento do metabolismo celular,vasodilatação do vaso sanguíneo melhorando assim o tônus damusculatura facial, redução de rugas e linhas de expressão atra-vés dos movimentos resistidos faciais (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

A Microcorrente Galvânica (MCG) é uma corrente de bai-xa freqüência que proporciona a atenuação de rugas e linhas deexpressão causando os efeitos fisiológicos da corrente galvânica(GUIRRO; GUIRRO, 2004).

Em vista disso, a Fisioterapia Dermato-Funcional realizaações terapêuticas com abordagem direcionada nas disfunçõesestéticas sendo necessário o conhecimento do fisioterapeutaem fisiologia, anatomia e patologia para o tratamento preventi-vo e curativo das patologias. O tratamento de rugas visa à me-lhora do tônus muscular, nutrição e metabolismo da pele pro-porcionando uma melhor harmonia facial (GUIRRO; GUIRRO,2004).

O modelo de beleza atualmente em evidência é o da pelejovem e sem rugas. O motivo dessa transformação se dá devidoàs alterações decorrentes do envelhecimento intrínseco eextrínseco da pele. As rugas são os primeiros sinais visíveis doenvelhecimento cutâneo que, no decorrer dos anos, a pele co-meça a sofrer alterações que modificarão gradativamente seuaspecto e, através desses fatores a problematização desta pes-quisa a ser desenvolvida baseia-se nas perguntas: quais osefeitos que a cinesioterapia facial e a MCG causam nas rugas?Quais os benefícios que a cinesioterapia e a MCG proporcio-nam nas rugas faciais?

Baseado em Queiroz (2007) a cinesioterapia mostrou-seum forte aliado no tratamento de rugas faciais proporcionandosignificativas alterações no aspecto das rugas das pacientes.Observando os resultados positivos da pesquisa, surgindo ointeresse pela temática descrita e, pela técnica de MCG comorecurso para a atenuação de rugas.

Uma vez que, a valorização da estética pela sociedadeencontra-se em ascendência, o presente trabalho tem finalidadede comparar os resultados obtidos através da cinesioterapia eMCG no tratamento de rugas, fazendo-se necessário realizaruma reeducação da paciente quanto ao uso indevido de algunsgrupos musculares da face para uma prevenção adequada doaparecimento precoce de rugas.

Justifica-se a escolha do tema pela necessidade de maisestudos científicos na área de Fisioterapia Dermato-Funcionalpara comprovar a autenticidade das técnicas utilizadas. Assim,esse trabalho servirá como fonte de pesquisa aos profissionaise aos interessados pela temática.

Esse trabalho teve como objetivo geral analisar acinesioterapia facial e a microcorrente galvânica no tratamentode rugas e como objetivos específicos comparar o uso dacinesioterapia facial e da microcorrente galvânica com diferen-tes graus de intensidade da corrente no tratamento de rugasfaciais, iIdentificar os tipos, fototipos de pele e as regiões daface acometidas pelas rugas, classificar os tipos de rugas en-contradas nas pacientes e o tipo de dor antes e após o tratamen-

to com cinesioterapia facial e microcorrente galvânica, analisaro nível de satisfação das pacientes submetidas ao tratamentode rugas com cinesioterapia facial e microcorrente galvânica.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICAA face é o espelho de todas as emoções e sentimentos

através da expressão facial sendo possível ainda ser observadaa simetria e percepção dos movimentos do rosto (SANTOS,2006).

Além da expressão de sentimentos por meio da face atra-vés de movimentos voluntários ou involuntários, os músculosfaciais, conhecidos também como músculos dérmicos ou mús-culos mímicos, pertencem a uma categoria especial dos múscu-los e também fazem parte da mastigação tendo a sua inervaçãopelo nervo trigêmio (HISLOP; MONTGOMERY, 1996).

Os músculos são delicados, finos e fixam-se por uma par-te da extremidade no esqueleto e a outra parte fica presa nacamada profunda da pele sendo assim, eles possuem a capaci-dade de movimentar a pele do escalpo e da face modificando aexpressão facial (DÂNGELO; FATTINI, 2001).

O conjunto de alterações biológicas que ocorremna pele decorrente da idade é chamado cronossenescênciacutânea ou dermatocronossenescência (NASCIMENTO et al,1998).

O envelhecimento representa um conjunto de modifica-ções no organismo a partir do nascimento. Como a pele é umórgão externo, fica mais fácil identificar as transformações daidade (BORELLI, 2004).

O envelhecimento cutâneo é acompanhado pela forma-ção de rugas. A pele se pregueia, enruga, fica flácida, delgada,seca. As fibras colágenas da derme tornam-se mais grossas,perdem elasticidade e gordura depositada no tecido subcutâ-neo. O envelhecimento é caracterizado pela perda de elasticida-de da pele, pela queda dos tecidos, músculo, gordura, pelo cres-cimento da cartilagem e absorção óssea. Com o declínio dessaspropriedades da pele que essenciais para uma peleluminosa,proporcionam a pele um aspecto rugoso (GUIRRO;GUIRRO, 2004; LIRA, 2008; COMPTON et al, 2000).

O envelhecimento pode ser classificado em dois tipos(BORELLI, 2004):

Intrínseco ou cronológico: é decorrente do desgaste na-tural do organismo sem ação de fatores externos. Inicia-se aos30 anos, a pele torna-se fina, frágil, inelástica, ocorre reduçãogradativa do fluxo sangüíneo dos vasos cutâneos, colágeno,gordura, fibras elásticas, densidade de folículos pilosos e ductosglandulares.

Extrínseco ou fotoenvelhecimento: ocasionado pelo ex-cesso de radiação solar ultravioleta (UV) sobre a pele durantetoda a vida. A pele apresenta-se precocemente velha e, comoconseqüência degeneração das fibras elásticas, pigmentaçãoirregular, ressecamento, telangiectasias e rugas profundas.

O Sol não é o único responsável pelo envelheci-mento extrínseco, o cigarro possui grande influência, pois anicotina tem ação vasoconstrictora, diminui a circulação san-guínea normal, reduz a irrigação da pele e aumenta a flacideztecidual. A alimentação e a má qualidade do sono também inter-ferem para o envelhecimento cutâneo (ENVELHECIMENTOFACIAL, s.d).

A degeneração cronológica ocorre principalmente sobreas regiões expostas como face, pescoço, dorso das mãos e an-

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tebraço. Além do envelhecimento intrínseco e extrínseco, o usoincorreto da mímica facial causa um desgaste precoce das fibraselásticas causando rugas na face principalmente ao redor dosolhos os chamados “pés de galinha”, proporcionando uma apa-rência envelhecida na pele (A PELE, 2007).

As características do envelhecimento cutâneo diversifi-cam de acordo com os tipos:

Hipertrófica: a pele possui aspecto mais grossa, flácida,infiltrada e distendida com coloração amarelo - parda e, apre-sentando predisposição a rugas profundas (GUIRRO; GUIRRO,2004).

Atrófica: pele fina, seca e rica em manchas pigmentadas.A epiderme se torna atrófica e degenerada (MAGALHÃES, 2008).

O envelhecimento da pele pode ainda ser acentuado de-pendendo do tipo e fototipo de pele. Fototipo de pele signifi-ca a característica da pele com relação a sua coloração e reaçãoà exposição do Sol (MARTINS, 2004).

As rugas possuem uma grande influência social, pois sãoos sinais visíveis do envelhecimento e a população deseja umaaparência jovem sem manchas e pregas na pele e, principalmen-te na face (RUGAS, 2006).

Com o envelhecimento, as glândulas sebáceas tornam-sehipertrofiadas com uma menor produção de sebo deixando apele ressecada, as fibras elásticas além de diminuírem e se modi-ficarem, estão diretamente ligadas à derme e, todas essas altera-ções no tecido fazem com que as rugas se manifestem (MARTINS,2004).

As rugas podem ser congênitas, adquiridas ou de expres-são. Os sulcos de expressão surgem em decorrência da repeti-ção constante de alguns movimentos faciais que, com o passardos anos ocorre um desgaste da musculatura e da pele cominfluência da gravidade (PELE, 2009).

Borelli (2004) cita que as rugas faciais características doenvelhecimento surgem por volta dos 50 anos de idade. Aspregas aparecem no rosto mesmo quando o mesmo encontra-seem repouso. Guirro e Guirro (2004) classificam as rugas em:

·Profundas ou permanentes: não sofrem alterações quan-do a pele é esticada.

·Superficiais: decorrente do excesso de radiação solaronde, há perda ou diminuição das fibras elásticas.

As rugas além de serem classificadas como profundasou superficiais, são divididas em categorias que definem aespecificidade de cada uma.

As mesmas podem ser classificadas em diferentes tiposque, são elas: dinâmicas, estáticas e gravitacionais (GUIRRO;GUIRRO, 2004):

• Estáticas: surgem no movimento estático da pele, atin-gem as mesmas estruturas do que as rugas dinâmicas. As rugasfinas devem-se ao adelgaçamento da epiderme.

• Dinâmicas ou rugas de expressão: devido aos movimen-tos repetitivos dos músculos da mímica facial, aparecem com omovimento. Desenvolvem-se rugas nas regiões: ao redor dosolhos, horizontais na fronte, glabelares verticais, sulconasogeniano e peribucal.

• Gravitacionais: são rugas estáticas decorrentes do en-velhecimento cronológico ocasionando flacidez e ptose das es-truturas do rosto.

O parâmetro de avaliação de rugas se dá através da Esca-la de Glogau (tabela 3) que, elaborou uma classificação dofotoenvelhecimento graduado de I a IV (SOUZA et al; 2007).

As pregas cutâneas faciais possuem ainda uma gradua-ção de acordo com a idade da mulher, sendo divididas em pri-

meiro, segundo e terceiro grau. As rugas de primeiro grau ocor-rem em pacientes de faixa etária aproximadamente aos 25 anos,sendo localizadas nas pálpebras superiores formando algumasvezes linhas pequenas próximas ao ângulo lateral do olho. Asrugas de segundo grau surgem entre 30 a 40 anos de idade e, asrugas de terceiro grau aparecem aos 50 anos de idade em dianteaonde, a pele vai se pregueando ainda mais no decorrer dosanos (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

Com o enrijecimento do colágeno, a pele torna-se delga-da, pregueada manifestando-se através das rugas. As regiõesda face acometidas pelas rugas são: frontal: com rugas glabelarese transversais; orbital: ptose palpebral, bolsas gordurosas; na-sal com presença de rugas transversais da raiz nasal, ptose daponta nasal, exarcebação do ângulo nasolabial, malar e terçomédio;malar e terço médio da face: depressão do sulco nasolabial,ptose facial, pregas e rugas; bucal: rugas periorais e queda doângulo inferior da boca; mento: velamento da linha mandibular,pregas submandibulares e flacidez da pele e região cervical ondeocorre o excesso de gordura entre a mandíbula e o osso hióide,pregas transversais profundas, linhas e rugas verticais que se-gue da margem da mandíbula ao terço superior do tórax(GUIRRO; GUIRRO, 2004).

Os primeiros sinais cronológicos aparecem nos olhos,seguido de rugas na testa, ptose de sobrancelha e ângulo donariz, atrofia da comissura labial, perda da linha da mandíbula edo ângulo do pescoço com acúmulo de gordura nessa região(ENVELHECIMENTO FACIAL, s.d).

A flacidez facial é causada principalmente pela reduçãodos níveis hormonais decorrentes do envelhecimento e, pelaausência de atividade física facial. Existem dois tipos de flacidez:muscular ou profunda e a dérmica ou superficial. A muscular éocasionada pelo sedentarismo (devido a falta de conhecimentoda importância da utilização dos exercícios faciais), alimentaçãoerrada e pelo efeito sanfona. A flacidez se acentua mais aindaquando ocorre processo de emagrecimento, pois, o rosto ¨mur-cha¨ e proporciona uma maior flacidez. A superficial ocorre pelaperda de componentes do tecido conjuntivo como: elastina,colágeno e fibroblastos que, proporcionam aspecto de firmezana pele e, com a ausência desses elementos, a pele fica comaparência envelhecida (BORELLI, 2004).

A flacidez facial possui um caráter benigno no envelheci-mento, não há como não acontecer, mas mesmo assim, as mu-lheres buscam sempre uma forma de retardar o aparecimento damesma principalmente quando se refere a face, um local ondenão há como esconder (ZUCCO, 2004).

O rosto revela o envelhecimento da pele. As rugas podemainda não estar evidentes, mas a flacidez e a ausência de vitali-dade cutânea já demonstram a ação natural da força da gravida-de (BORELLI, 2004).

A cinesioterapia quando aplicada no tratamento de rugasfaciais, é feita como um exercício resistido em que uma contra-ção muscular estática ou dinâmica é resistida por uma forçaexterna que será aplicada pelo fisioterapeuta. O princípio doexercício resistido nas rugas é de: aumentar força muscular, pre-venindo a flacidez tecidual (COLBY; KISNER, 1998).

Não é somente o corpo que precisa de exercícios, o rostopossui grande necessidade de ser trabalhado para manter osmúsculos da face, pescoço e colo com aparência firme e jovem.Com o passar dos anos, o rosto perde a forma original pois aflacidez da pele tende a modificar as nossas feições e, além detornar mais evidente as rugas (RODRIGUES, s.d).

Os exercícios atuam de forma preventiva quando iniciado

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precocemente fortalecendo a musculatura facial de forma a sua-vizar as rugas e linhas de expressão (ZACKIEWICZ; PIEROTTI;MENDES, 2003).

A cinesioterapia facial proporciona grandes benefícioscomo: aumento do metabolismo, da oxigenação local e circula-ção sanguínea, oxigena fibras musculares, aumenta suavemen-te a massa muscular, suaviza linhas de expressão e aumenta otônus da musculatura ativando a produção de colágeno eelastina, componentes da pele que são primordiais para que nãoexista flacidez (RODRIGUES, s.d).

O procedimento é simples, barato e eficaz, mas, possuicontra-indicações como: gestação (pois ocorre aumento dometabolismo e circulação sangüínea que, pode vir a prejudicar ofeto e ou a gestante), sendo necessária à exclusão dessas paci-entes para um tratamento seguro e eficaz (COLBY; KISNER,1998).

A MCG é uma corrente de baixa freqüência, com fluxoconstante onde não sofre interrupção e não varia a intensidadeé unidirecional e polarizada. Possui os mesmos efeitos fisiológi-cos da corrente galvânica, mas, para uso da fisioterapia Dermato– Funcional, é reduzida a décima parte, sendo trabalhada emmicro ampéres (µA) e possui diferentes técnicas que variam deacordo com o objetivo principal do tratamento (REED; LOW,2001).

A corrente galvânica de baixa intensidade (300 µA), decaráter não invasivo, aumenta a produção de adenosinatrifosfato (ATP) em até 500% aumenta a síntese de proteínas,causa aumento no transporte da membrana plasmática e,consequentemente aumenta a produção de colágeno(COSSIALS; SOUZA; ALCAIDE, 2005; LIRA, 2008).

É um método que tem por objetivo reduzir e atenuar asrugas faciais e linhas de expressão através do processo de nor-malização do fluxo da corrente, restabelecendo a homeostaselocal. A excitação da corrente elétrica aumenta a concentraçãode receptores do fator de crescimento que ajudam norealinhamento das fibras de colágeno, aumentando à velocida-de de renovação das células do tecido, proporcionando assimuma aparência vistosa a pele (PEREIRA et al, 2008).

A agressão tecidual provocada pela corrente na camadasuperficial da epiderme age com a finalidade de estimular novascélulas de colágeno e elastina, melhorando a nutrição tecidual epossui ainda efeitos fisiológicos como: vasodilatação de capi-lares e arteríolas, ativação da circulação, aumento do metabolis-mo gerando hiperemia local, aumento da oxigenação sangüíneae maior aporte de nutrientes e íons (REED; LOW, 2001; VENTU-RA; SIMÕES, 2003).

O trabalho que a corrente realiza promove a regeneraçãocelular através da ativação produzida pelas células e atua dire-tamente na musculatura, proporcionando relaxamento e contra-ção muscular, aumentando o tônus muscular atuando na pre-venção e atenuação da flacidez facial (STRAZZI, s.d).

As contra- indicações da MCG devem ser respeitadaspara o bem- estar do paciente nos seguintes casos (REED; LOW,2001): presença de marcapasso (em aparelhos utilizados para ocontrole cardíaco evitam que o ritmo dos pulsos elétricos pro-duzidos sejam afetados mediante alguma interferência elétrica),gravidez (pelo aumento do metabolismo que causa vasodilataçãode capilares e arteríolas podendo interferir na gestação), feridase traumas locais (a corrente pode vir a provocar lesões ou quei-maduras do tecido), alteração da sensibilidade (quando o paci-ente não apresenta condições de responder com os mecanis-

mos de defesa, vai apresentar o risco de queimaduras ou altera-ções eletroquímicas) e hipersensibilidade devido a intolerânciado paciente com o uso da corrente elétrica.

O eletrolifting pode ser realizado através de diversos apa-relhos, dentre eles o aparelho Striat® da marca Ibramed para otratamento de rugas e linhas de expressão, para a realização daterapia é necessário um eletrodo ativo em forma de caneta quecontém uma agulha fina (5mm) para a concentração da correnteocasionando o carreamento de partículas hidratadas para a re-gião pericárdica, sustentada por uma haste; o eletrodo passivoé do tipo placa (MANUAL, s.d).

Antes de realizar o procedimento estético, algumas eta-pas devem ser seguidas para um tratamento eficaz e seguro. Apele da paciente deve ser higienizada com loção específica pararemoção de impurezas da pele, as mãos devem estar protegidascom luvas estéreis para evitar contaminação do tecido. A esteri-lização é de grande importância, pois vai causar a destruição demicróbios, bactérias, vírus, fungos e protozoários imperceptí-veis a olho nu e, garante a não transmissão de doenças entrepaciente e fisioterapeuta (GUIMARÃES, 2004).

O procedimento trabalha a estimulação de rugas e linhasde expressão causando uma hiperemia no local da aplicação notrajeto da ruga. Para a execução da técnica, podem ser realiza-dos os procedimentos seguintes (GUIRRO; GUIRRO, 2004):

·Deslizamento da agulha dentro do canal da ruga;·Penetração da agulha em pontos específicos da ruga;·Escarificação: deslizamento da agulha no local da ruga.

A agulha é posicionada em 90 graus (°) ocasionando uma lesãono tecido local.

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa do tipo descritiva, comparati-va e intervencionista.

A pesquisa foi realizada no Laboratório de FisioterapiaDermato - Funcional na Clínica Escola da Faculdade Christus,situada à Rua Vereador Paulo Mamede, nº 130, no período desetembro a novembro de 2009.

A amostra foi de vinte e duas (n=22) mulheres com faixaetária de 30 a 65 anos que estiveram interessadas no tratamentode rugas.

Pacientes do sexo feminino que possuíam pele enrugada,flácida, delgada e que se interessaram pelo tratamento de rugasfaciais.

No estudo foram excluídas pacientes que se encontravamem gestação em qualquer período, que possuíssem prótesesmetálicas no local da aplicação, sensibilidade alterada,hipersensibilidade ou irritação à corrente elétrica, perda da inte-gridade da pele no local da aplicação e traumas locais.

Para a coleta de dados foi aplicada uma ficha de avalia-ção específica para rugas faciais e através de documentaçãofotográfica com máquina digital Sony de 4.1 mega pixels. Noprimeiro atendimento realizou-se o procedimento de higienizaçãocom gel de limpeza facial, esfoliação da pele com creme facialesfoliante e assepsia do local com algodão embebido em álcoola 70%.

Para a realização do tratamento foi utilizada a técnica decinesioterapia facial e após a aplicação desta técnica foi realiza-do a MCG com o aparelho Striat®.

A cinesioterapia facial foi feita através do movimento de

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deslizamento da pele com resistência externa no músculos: fron-tal, orbicular dos olhos, corrugador do supercílio, elevador dolábio superior e da asa do nariz, zigomático maior, zigomáticomenor, depressor do lábio inferior, orbicular da boca, bucinador,risório e mentual. Para cada músculo foram realizadas 30 repeti-ções por atendimento.

Para uso da MCG: o eletrodo passivo tipo placa ficouacoplado próximo da região a ser tratada e o ativo foi aplicadoatravés da técnica de escarificação com inclinação de 90o da agu-lha (5mm) que eram individuais e ao final de cada aplicação essaagulha foi armazenada em recipiente com álcool a 70% previa-mente identificado com número da paciente até o final do trata-mento.

Realizou-se um protocolo de tratamento e reavaliação dapaciente como forma de comprovação dos resultados obtidos.As pacientes foram selecionadas de forma aleatória e pareadaspela faixa etária. O tratamento foi realizado em 22 pacientes dividi-das em grupo A e grupo B em que, foram utilizados os recursos decinesioterapia facial e MCG com intensidades de 50µA para ogrupo A e 300µA para o grupo B com a técnica de escarificação.Cada paciente foi atendida individualmente por 10 sessões, duasvezes na semana com duração de 30 minutos (min) cada atendi-mento.

Durante as etapas do tratamento com MCG, as pacientesresponderam através da Escala visual numérica a escala de dorreferida em que, a paciente foi informada sobre a necessidade declassificação de sua dor em notas de 0 a 5. A nota 0 significavaausência de dor e, a nota 5 mostrava que a dor era torturante,servindo de parâmetro para a tolerância da paciente com o recur-so utilizado (CAMPOS, 2005).

Ao final dos 10 atendimentos, cada paciente respondeu aum questionário de satisfação do tratamento fisioterápico e fo-ram submetidas à reavaliação.

As pacientes receberam um exercício para casa onde reali-zaram a cinesioterapia facial de frente para o espelho onde traba-lharam através da contração isométrica os músculos faciais.

Após a coleta, os dados foram organizados e agrupadosde acordo com o objetivo do estudo por meio de gráficos e tabe-las e analisados através da ficha de avaliação e da documentaçãofotográfica da região da face armazenadas no início, meio e térmi-no do tratamento, confrontando com a literatura referente ao tra-balho. Para as fotos não foi utilizado o uso de flash, preconizandoa regra dos terços e sem o uso de efeitos especiais. Os dadosforam avaliados pela estatística descritiva e inferencial, com nívelde significância de 95%, utilizando o programa Prism 3.0.

As pacientes foram esclarecidas sobre o objetivo da pes-quisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclareci-do que foi elaborado de acordo com a Resolução 196/96 doConselho Nacional de Saúde (CNS) no qual concordaram emparticipar da pesquisa, que não teriam nenhum ônus com a de-sistência da mesma e que sua identidade foi mantida em sigilo,este termo também obedece aos preceitos éticos do código deética do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional – Resoluçãodo Conselho Nacional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional(COFFITO 10,1978) que estabelecem os princípios para as pes-quisas em seres humanos, levando em consideração os precei-tos éticos através da confidencialidade, sigilo e anonimato (BRA-SIL, 1996). A coleta de dados teve início após a apreciação doprojeto pelo comitê de ética e pesquisa da Faculdade Christusem 30 de setembro de 2009 sendo protocolado em número 031/2009.

RESULTADOS E DISCUSSÕESA pesquisa foi realizada no Laboratório de Fisioterapia

Dermato- Funcional da Clínica Escola da Faculdade Christus.Participaram desse estudo vinte e duas (n=22) mulheres de ida-de entre 30 a 65 anos onde houve a predominância de pacientesde faixa etária de 41 a 50 anos (n=4) e 51 a 60 anos (n=4) nogrupo A e idade entre 30 a 40 anos (n=3), 41 a 50 anos (n=3) e 51a 60 anos (n=3) no B (Figura 1). Houve desistência de voluntariascom idade de 61 a 70 anos (n=2) reduzindo o número das mes-mas no grupo B, ficando esse grupo no total de 10 mulheres.

Figura 1 - Gráfico dos grupos de pacientes avaliadas. For-taleza, 2009 (n=22).

No envelhecimento ocorre a perda da elasticidade da pele,elastina, colágeno deixando a pele com aspecto rugoso. Ocorreo declínio de todas as funções no organismo que repercute napele através do enrijecimento de colágeno, reduzindo assim suacapacidade de reabsorção de água causando a calcificação dasfibras de elastina propiciando assim as rugas faciais.

Segundo Borelli (2004) o envelhecimento intrínseco ini-cia-se aos 30 anos de idade onde começam a aparecer rugasfaciais finas e linhas de expressão mais acentuadas. ConformeGuirro e Guirro (2004) as rugas surgem na face a partir dos 35anos de idade no entanto, os dois autores concordam que devi-do a fatores externos (envelhecimento extrínseco) a pele podemanifestar rugas decorrentes da exposição solar em excesso,fumo, má qualidade de sono e alimentação.Os resultados obti-dos na pesquisa mostraram que as pacientes do grupo A tinhama faixa etária caracterizada entre 41 a 50 anos (n=4) e 51 a 60 anos(n=4). A idade das pacientes no grupo B foi de 30 a 40 anos, 41a 50 anos e 51 a 60 anos obteve n=3 em todas as voluntárias.Concordamos com os autores quanto o início do envelhecimen-to intrínseco baseado nos dados coletados.

Quanto ao fototipo de pele (Figura 2) que significa a ca-racterística da pele com relação a sua coloração e reação à expo-sição do Sol, o fototipo de pele de predominância no grupo A foio fototipo II (n=5) e do grupo B também o fototipo II (n=4) e o demenor incidência o fototipo III (n=3) no grupo A e no grupo B ofototipo III (n=3) e IV (n= 3) isso se deve à população queprocurou o tratamento ter sua predominância fototipo II.

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Para Martins (2004) o envelhecimento da pele pode sermais acentuado dependendo do tipo e fototipo de pele. Borelli(2004) concorda com o autor e conclui que fototipo I é o quepossui maior predisposição à rugas e o fototipo VI apresentamenor predisposição a rugas. Na pesquisa a amostra dos doisapresentou a maioria fototipo II, no grupo A (n=5) e no grupo B(n=4) devido a procura das voluntarias serem de pele brancauma vez que as pacientes foram pareadas pela idade de formaaleatória.

No estudo realizado, a predominância do tipo de pele (Fi-gura 3) apresentou diferenças de um grupo para o outro, ondeno grupo A o tipo de pele mais encontrada foi a seca (n=6) e dogrupo B o tipo de pele mista (n=8).

Na visão de Borelli (2004) o tipo de pele seca que devidoa ausência de sebo que serve de proteção para a pele, apresentamaior incidência de rugas e a pele oleosa menor incidência arugas faciais. No grupo A as voluntárias apresentaram maiorincidência de pele seca. Concordando com o autor que ressaltaque pessoas com pele seca apresentam maior predisposição arugas faciais. No grupo B houve maior número de pele mistasendo esse tipo de pele oleosa na zona T e seca na região deorbicular de olho e bochecha.

As pacientes dos dois grupos tiveram cinco regiões ava-liadas e caracterizadas de acordo com o tipo de ruga no início efim do tratamento. As regiões foram fronto-glabelar, orbital doolho, nasogeniana, orbicular da boca e mentoniana. No grupo A(Figura 4), a região fronto-glabelar apresentava rugas superfici-ais no início (n=5) e no final (n=6) havendo um acréscimo derugas superficiais ao final do tratamento. As rugas profundasno início (n=7) e no fim (n=5) apresentaram melhoras quanto àsua classificação.

Na região orbital do olho obteve no início rugas superfici-ais (n=5) e no fim (n=7) e rugas profundas no início (n=7) e nofim (n=5).

A região nasogeniana, apresentou no início rugas super-ficiais (n=3), no fim (n=1), rugas profundas no início e fim (n=8)e ausência de rugas no final do tratamento (n=2).

Na região orbicular da boca, apresentaram no início rugassuperficiais (n=7), no fim (n=9), rugas profundas no início (n=7),no fim (n=3) e ausência de rugas no final (n=2).

Na região mentoniana, mostraram rugas superficiais noinício (n=6), no fim (n=9), rugas profundas no início (n=6) e nofim (n=3) e ausentes no final (n=1).

As 12 voluntárias do grupo A (n=12) com rugas superfici-ais tiveram média na coluna estatística de 5,2 no início e 6,4 nofinal do tratamento com diferença de 1,2 no teste de análiseestatística One - Way ANOVA não paramétrico. As pacientescom rugas profundas apresentaram média na coluna estatísticade 6,8 no início e 4,6 no final com diferença de -2,2 no teste deanálise estatística.

O grupo apresentou resultado estatisticamentesignificante com p=0,03 mostrando o acréscimo de rugas super-ficiais e o decréscimo de rugas profundas otimizando o trata-mento visto que demonstrou que o tratamento comcinesioterapia facial e microcorrente galvânica para rugas apre-sentou alterações quanto à classificação das mesmas que pas-saram de profundas para superficiais e de superficiais para au-sentes.

No grupo B (Figura 5), a região fronto-glabelar apresenta-va rugas superficiais no início (n=5), final (n=4), as rugas pro-fundas no início e fim (n=5) apresentaram melhoras quanto àsua classificação e outras foram classificadas como ausentesno final (n=1).

Na região orbital do olho obteve no início rugas superfici-ais (n=5), no fim (n=6) e rugas profundas no início (n=5) e no fim(n=4).

Na região nasogeniana, no apresentou no início rugassuperficiais (n=2), no fim (n=5) e rugas profundas no início (n=8)e fim (n=5).

Na região orbicular da boca, apresentaram no início rugassuperficiais (n=4), no fim (n=8), rugas profundas no início (n=6)e no fim (n=1) e ausência de rugas no final do tratamento (n=1).

Na região mentoniana, mostraram rugas superficiais noinício (n=8), no fim (n=8), rugas profundas no início (n=3) e nofim (n=1) e ausentes no final (n=1).

As 10 voluntárias do grupo B (n=10) com rugas superfici-ais tiveram média na coluna estatística de 4,8 no início e 6,2 nofinal do tratamento com diferença de 1,4 no teste de análiseestatística One - Way ANOVA não paramétrico. As pacientescom rugas profundas apresentaram média na coluna estatísticade 5,2 no início e 3,2 no final com diferença de -2 no teste deanálise estatística. O grupo apresentou resultado estatistica-mente significante com p=0,01 mostrando o acréscimo de rugassuperficiais e o decréscimo de rugas profundas ao final do trata-mento. Observou-se assim que as pacientes apresentaram ate-nuação de linhas de expressão, rugas superficiais e profundasapós o tratamento.

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Borelli (2004) cita que as rugas faciais características doenvelhecimento tornam-se evidentes ao repouso por volta dos50 anos de idade. Como apontada por Guirro e Guirro (2004) asalterações na face por volta de 45 a 55 anos são as rugasperiorbiculares, frontal e glabelares, acentuação do sulconasogeniano e formação de bolsas de gordura nas pálpebrasinferiores. Ainda citando Guirro e Guirro (2004) a classificaçãode rugas é definida por superficial, decorrentes da exposiçãosolar onde há diminuição das fibras elásticas e profunda, ondea pele não sofre alterações quando é esticada. Observamos napesquisa que as rugas profundas tornaram-se mais acentuadasapós os 50 anos e sendo mais evidentes nas regiões fronto-glabelares, orbicular do olho e mentoniana concordando assimcom os autores.

A MCG é uma corrente de baixa frequência que proporci-ona a atenuação de rugas e linhas de expressão causando osefeitos fisiológicos da corrente galvânica. Na técnica deescarificação da agulha sobre a pele da voluntária, ela mencio-nou um nível de dor através da Escala visual numérica de dorreferida em que a paciente classificou sua dor em notas de 0 a 5.A nota 0 significa ausência de dor e a nota 5 mostra que a dor étorturante, servindo de parâmetro para a tolerância da pacientecom o recurso utilizado. As pacientes identificaram através des-sa escala o tipo de dor no início e fim do tratamento (Figura 6).No grupo A, as pacientes classificaram a dor no início comoausente (n=2), fraca (n=8) e desconfortável (n=2) e no fim a dorfoi ausente (n=2) e fraca (n=10). No grupo B (Figura 7), as vo-luntárias apresentaram no início ausência de dor (n=3), dor fra-ca (n=10) e desconfortável (n=1) e no fim apenas dor fraca (n=10).O estudo mostrou que a tolerância das pacientes quanto aonível de dor foi maior quando comparada o início e fim do trata-mento.

De acordo com Colby e Kisner (1998) a cinesioterapia éum tipo de exercício resistido em que uma contração muscularestática ou dinâmica é resistida pela força externa do fisiotera-peuta.

Zackiewicz, Pierotti e Mendes (2003) afirmam que os exer-cícios atuam de forma preventiva quando iniciados precoce-mente fortalecendo a musculatura facial suavizando as rugas elinhas de expressão. Concordando com os autores, acinesioterapia facial atua de forma preventiva quanto à flacidezfacial. As pacientes apresentaram melhora significativa naflacidez facial com o tratamento.

Reed e Low (2001) ressaltam que a MCG é uma correntede baixa frequência, tem fluxo constante é utilizada na Fisiotera-pia Dermato – Funcional em micro ampéres(µA). Para Pereira etal (2008) é um procedimento que tem objetivo de reduzir e atenu-ar rugas e linhas de expressão. A excitação da corrente elétricaajuda no realinhamento das fibras de colágeno, aumentando avelocidade de renovação celular. Guirro e Guirro (2004) analisou

que o procedimento trabalha a estimulação de rugas e linhas deexpressão causando uma hiperemia no local da aplicação notrajeto da ruga. A corrente demonstrou bons resultados concor-dando com os autores que afirmaram que a corrente estimulacolágeno e elastina.

Quanto à verificação da satisfação das pacientes ao finaldo tratamento (Figura 8) com a cinesioterapia facial e MCG nasrugas foram observados bons resultados, reduzindo rugas, su-avizando linhas de expressão e proporcionando até o desapare-cimento de algumas rugas. As voluntárias ressaltaram de acor-do com o nível de satisfação no grupo A, muito satisfeita (n=9)e satisfeita (n=3) e no grupo B, muito satisfeita (n=7) e satisfeita(n=3). Nenhuma das voluntárias alegou estarem insatisfeitascom o tratamento. Observou-se assim que com a redução derugas, com a alteração na classificação e com uma melhora naflacidez facial, as pacientes relataram níveis excelentes de satis-fação.

No entanto, existiram alguns pontos negativos na pes-quisa como a desistência de cinco (n= 5) pacientes sendo duas(n=2) no grupo A e três (n=3) no grupo B devido assuntospessoais e o estímulo doloroso que a corrente provocou naspacientes.

Desta forma, foi verificado o nível de satisfação das paci-entes quanto ao uso da cinesioterapia facial e MCG no trata-mento de rugas que por sua vez faz reduzir rugas presentes naface. Para a pesquisa foram utilizados testes não paramétricospara comparar o uso da cinesioterapia facial e microcorrentegalvânica no tratamento de rugas. A pesquisa apresentousignificância nos dois grupos mostrando acréscimo de rugassuperficiais e decréscimo de rugas profundas demonstrandoótimos resultados, sendo necessária a continuação da pesqui-sa com uma amostra populacional maior para que o trabalhoapresente maior relevância quanto aos seus resultados.

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CONCLUSÃOA face é o espelho das emoções, é através das expressões

faciais que distinguimos as reações das pessoas. No envelheci-mento a pele torna-se seca, flácida, áspera, sem brilho e com ru-gas e, as mesmas causam incômodo na população principalmentepela influência que a sociedade impõe da juventude como padrãode beleza.

As rugas faciais representam os primeiros sinais do enve-lhecimento. São diversos os recursos para o tratamento de rugasdentre eles a cinesioterapia facial e MCG utilizados na pesquisaque apresentaram respostas satisfatórias quanto à classificaçãode rugas.

A faixa etária das pacientes de maior predominância nogrupo A foi de 41 a 50 anos (n=4) e 51 a 60 anos (n=4) e no grupoB foi de 30 a 40 anos (n=3), 41 a 50 anos (n=3) e 51 a 60 anos (n=3).O fototipo de pele mais encontrada nos dois grupos foi o II,sendo no grupo A (n=5) e no B (n=4). O tipo de pele seca foi maisencontrado no grupo A (n=6) e mista no grupo B (n=8). As regi-ões da face foram: fronto-glabelar, orbital do olho, nasogeniana,orbicular da boca e mentoniana. As rugas foram classificadascomo superficiais ou profundas no início e final do tratamentoobtendo como resultados nos dois grupos um acréscimo de ru-gas superficiais e decréscimo de rugas profundas. As pacientesrelataram através da escala de dor descrições como: ausência dedor, dor fraca e desconfortável que foi bem tolerada pelas volun-tárias. Ao término do tratamento, todas as pacientes citaram esta-rem satisfeitas com o resultado.

A partir dos resultados da avaliação e documentação foto-gráfica antes e após o tratamento, podemos observar que estapesquisa apresentou resultados satisfatórios esteticamente, poisas rugas superficiais, profundas e linhas de expressão ficarammais suaves e algumas desapareceram.

A análise estatística do tipo e região de ruga no grupo Aapresentou p = 0,03 e grupo B p= 0,01 mostrando que a pesquisafoi estatisticamente significante apresentando relevância nos re-sultados. Para a pesquisa foram utilizados testes não paramétricospara comparar o uso da cinesioterapia facial e MCG no tratamen-to de rugas. A pesquisa apresentou significância nos dois gruposmostrando acréscimo de rugas superficiais e decréscimo de ru-gas profundas demonstrando ótimos resultados.

O estudo mostrou ainda que as diferentes intensidades dacorrente não modificaram os resultados deste modo, ficou com-provado que as pacientes se beneficiaram com as duas intensida-des da corrente para atenuar as rugas faciais.

Desta forma, foi verificado o nível de satisfação das paci-entes quanto ao uso da cinesioterapia facial e MCG no tratamen-to de rugas que por sua vez faz reduzir rugas presentes na face.Assim sendo, finaliza-se a pesquisa observando que a utilizaçãoda cinesioterapia facial e microcorrente galvânica influenciaramde forma expressiva na aparência das rugas e na percepção visualdas pacientes. Entretanto, faz-se indispensável novos estudoscientíficos sobre o assunto, principalmente quando utilizada umaamostra maior de pacientes.

REFERÊNCIAS

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A Percepção da Ética Profissional entre os Acadêmicos deFisioterapia da UNESC FACULDADES

Perceptions of Professional Ethics Among Physiotherapy Studentsof Unesc Colleges

ResumoEntende-se que a ética são normas e regras que orientam

a conduta humana, porém estudar ética é estudar os tipos dejulgamentos que fazemos sobre o que consideramos o certo ouerrado. O objetivo deste estudo foi analisar o nível de conheci-mento ético percebido pelos acadêmicos de Fisioterapia da Uniãode Ensino Superior de Campina Grande - UNESC Faculdades. Aamostra foi composta por 57 acadêmicos de fisioterapia do 1º e8º período, sendo utilizado um questionário de caráter sócio-demográfico e outro com questões relacionadas à ética profissi-onal. Observou-se que a grande parte dos entrevistados erammulheres, com faixa etária inferior ou igual a 25 anos, solteiros esem filhos. Com relação às questões inerentes à ética, percebe-se que embora muitos acadêmicos ainda não tenham estudadoética, há um conhecimento prévio em relação à ética profissio-nal, implicando em uma preocupação maior em se tornar um bomprofissional.

Palavras-chave:Ética; Acadêmicos; Fisioterapia.

Milena Carla Barreto1, Kattyúcia Cruz Meireles Silva2, Tatiane Lima de Araujo Silva3

INTRODUÇÃOAinda não existe um conceito definido sobre o que é

ética. Muitos a confundem com moral. No entanto, Carvalho(2000) ressalta que a moral baseia-se em um conjunto de princí-pios, valores e normas que regulam a conduta humana em suasrelações sociais; enquanto que a ética implica em uma opçãoindividual, que requer adesão íntima da pessoa e valores, prin-cípios e normas morais.

A ética pode ser considerada como um tratado teórico damoral, que tornaria concretas questões morais, ou, como a ci-ência especulativa da moral, podendo ser estudada sob a pers-pectiva de várias abordagens: ética filosófica, científica,discursiva e profissional (BRUGGER, 1969; SANCHEZ-VASQUEZ, 1975; PEREIRA, 1981).

Pode-se definir a ética como um conjunto de regras, prin-cípios ou maneiras de pensar, que guiam, ou chamam a si aautoridade de guiar as ações de um grupo em particular(moralidade), ou, também, o estudo sistemático da argumenta-ção sobre como nós devemos agir (filosofia moral). A simplesexistência da moral não significa a presença explícita de ética,

AbstractIt is understood that the ethics are norms and rules that

guide human conduct, but studying ethics is to study the kindsof judgments we make about what we consider right or wrong.The aim of this study was to assess the level of ethical knowledgeperceived by the students of Physiotherapy Union of HigherEducation in Campina Grande - UNESC colleges. The sampleconsisted of 57 academics from physiotherapy 1st and 8th period,being used a questionnaire of socio-demographic and otherissues related to professional ethics. It was observed that alarge proportion of respondents were women, aged less than orequal to 25 years, unmarried and without children. With respectto matters relating to ethics, realize that although many scholarshave not studied ethics, no prior knowledge about professionalethics, implying a major concern in becoming a goodprofessional.

Key words:Ethics; Academic; Physiotherapy.

entendida como filosofia moral, pois é preciso uma reflexão quediscuta, problematize e interprete o significado dos valoresmorais (CAMPOS, 2005).

A ética, portanto, é a ciência do dever, da obrigatoriedade,a qual rege a conduta humana. Isso implica dizer que ética podeser conceituada como o estudo dos juízos de apreciação, que sereferem à conduta humana suscetível de qualificação do pontode vista do bem e do mal, seja relativa à determinada sociedade,seja de modo absoluto (CAMPOS et al., 2002).

As discussões em torno das questões éticas têm sidoretomadas e ampliadas nas últimas décadas, nos diversos espa-ços da sociedade e, particularmente, no campo da saúde. Istodecorre em conseqüência de grandes utopias modernas e proje-tos coletivistas (SELLI, 2002).

Os debates sobre a ética torna-se alvo de estudos, tendoem vista que a insuficiência de conhecimentos éticos pode le-var a uma conduta contrária a esses princípios que norteiam aprática profissional, a qual vem se intensificando nas últimasdécadas.

Diante do exposto surgem alguns questionamentos acer-

Recebido: 11/03/2010Aceito: 25/04/2010Autor para correspondência: Tatiane Lima de Araujo SilvaE-mail: [email protected]

1. Fisioterapeuta graduada pela União de Ensino Superior de Campina Grande - UNESCFaculdades2. Fisioterapeuta graduada pela União de Ensino Superior de Campina Grande - UNESCFaculdades3. Mestre em Saúde Coletiva pela UEPB, Especialista em Serviços de Saúde Pública pelaCESED e em Fisioterapia Neurofuncional pela UEPB. Fisioterapeuta concursada do municípiode Campina Grande – PB, Professora da UNESC Faculdades, da Faculdade Maurício de Nassaue da Faculdade Integrada de Patos - FIP.

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ca da ética nos alunos de Fisioterapia, os quais direcionam esteestudo: o conhecimento insuficiente a respeito da ética profis-sional conduz a uma postura contrária aos princípios da éti-ca? Os alunos ao ingressarem na faculdade conhecem sobre aimportância de se adotar um comportamento ético?

Entretanto, agir de acordo com a ética não é simples, vistoque se vive em uma sociedade democrática, pluralista, altamen-te capitalista e competitiva, composta de pessoas diferentesentre si, não somente diferentes em função de suas personali-dades, como também o são relativamente a categorias ou grupode pessoas, levando muitas vezes a situações que influenciamas pessoas a terem ações imorais e a um posicionamento con-trário à ética.

Este trabalho teve como objetivo geral analisar o nível deconhecimento ético percebido pelos acadêmicos de Fisiotera-pia da UNESC Faculdades e fez-se necessário pela importânciade se alertar os profissionais em Fisioterapia sobre a adoção deposturas éticas. Visto que os conhecimentos sobre ética profis-sional são insuficientes, levando-os a terem condutas contrári-as aos princípios da ética, afim de que possa adquirir posterioratuação após os conhecimentos adquiridos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A ética estuda os valores e os costumes de uma pessoaou um grupo. Nesse sentido, ética são normas e regras queorientam a conduta humana, porém estudar ética é estudar ostipos de julgamentos que fazemos sobre o que consideramos ocerto ou errado, e esses julgamentos podem ser classificadosde acordo com certa linha ética existente, ou seja, a ética é uminstrumento que busca uma classificação, uma determinação doque é certo ou errado, bom ou mau, permitido ou proibido, deacordo com um conjunto de normas ou valores adotados histo-ricamente por uma sociedade (VALLS, 2004).

A moral está relacionada a um sistema de normas queexpressam valores, códigos formalizados, conjunto internamentecoerente de princípios ou de propósitos socialmente validados,discursos que servem de modelo para as relações sociais e aoscomportamentos dos agentes. As questões morais escondem-se em muitas decisões e ações do cotidiano. Toda atitude éticainclui a necessidade de escolher entre vários atos possíveis.Esta escolha deve basear-se, por sua vez, em uma preferência.Escolhe-se tomar tal atitude porque ela se apresenta como maisdigna, mais elevada moralmente, ou mais valiosa (SELLI, 2002).

A ética profissional estudaria e regularia o relacionamen-to do profissional com sua clientela, visando a dignidade huma-na e a construção do bem-estar no contexto sócio- cultural ondeexerce sua profissão. Quando se fala de ética profissional refe-re-se ao caráter normativo e até jurídico que regulamenta deter-minada profissão a partir de estatutos e códigos específicos.Sendo a ética inerente à vida, sua importância é bastante evi-denciada na vida profissional, porque cada profissional tem res-ponsabilidades individuais e responsabilidades sociais, poisenvolvem pessoas que dela se beneficiam. A ética é ainda indis-pensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e “ora2000).

A formação do futuro graduado ou profissional não po-deria reduzir-se a incrementar seu conhecimento deontológico,mas sim deveria incorporar aprendizagens que permitissem oseu desenvolvimento ético e moral como pessoa, tanto na di-

mensão individual como social (SANTIAGO, 2002).Troncon et al. (1998) afirma que a formação do acadêmico

da área não pode prescindir da transmissão de valoreshumanísticos e do aprendizado de conhecimentos próprios dasciências humanas. A faculdade deveria ser um espaço em queos problemas éticos fossem discutidos, proporcionando o de-senvolvimento da capacidade dos alunos de lidar com os pro-blemas do campo da moral, com os quais inevitavelmente sedefrontarão durante sua prática profissional.

METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo do tipo transversal, com umaabordagem quantitativa, descrevendo e analisando estatistica-mente os dados coletados, identificando assim, a visão dosacadêmicos de fisioterapia da UNESC Faculdades sobre a éticaprofissional.

A população-alvo para o desenvolvimento da pesquisafoi composta por 57 alunos de Fisioterapia de uma universidadeparticular de Campina Grande – PB. Foram incluídos os alunosmatriculados no 1º e no 8º período e que aceitaram participar dapesquisa.

Dentre os instrumentos abordados foi utilizado um ques-tionário contendo questões de caráter sócio-demográfico, comotambém questões relacionadas à ética profissional. O questio-nário sócio-demográfico foi composto por 4 questões abordan-do o sexo, idade, estado civil e presença de filhos dos acadêmi-cos. O questionário relacionado à ética aborda questões a res-peito da ética profissional, moral e importância da ética.

Os dados foram sistematizados, digitados e arquivados,utilizando-se o programa Excel 97, e foi utilizada a análise esta-tística descritiva através de médias simples, porcentagens ecomparações. E os resultados apresentados em forma de gráfi-cos e tabelas.

Os participantes da pesquisa expediram concordânciadocumentada de autorização da pesquisa, onde foram preser-vadas as identidades dos sujeitos envolvidos, assegurando osprincípios éticos da pesquisa através da Resolução nº196/96 doConselho Nacional de Saúde. Foi preservada a identidade dossujeitos envolvidos e eles poderiam se recusar a participar oudesistir em qualquer momento da pesquisa. O estudo foi apro-vado pelo Comitê de Ética com o número 0302.0.133.000-09.

RESULTADOS E DISCUSSÕESO questionário foi composto por 4 questões sobre os

dados sócio-demográficos e 6 questões relacionadas à ética.No questionário sócio-demográfico foi analisado sexo, idade,estado civil e número de filhos.

Com relação ao sexo foram encontrados 75% (n=43) dosexo feminino e 25% (n=14) do sexo masculino. Segundo Gava(2004), na maioria dos países, observa-se que ao longo da histó-ria que o ato de cuidar é exercido por mulheres. Como a Fisiote-rapia é uma área voltada à reabilitação, conseqüentemente, ocuidado, as mulheres tornam-se maioria nesta profissão.

Quanto a faixa etária dos acadêmicos foram encontrados61% (n=35) com idade inferior ou igual a 25 anos, 35% (n=20)com idade entre 26 e 35 anos, 3,5% (n=2) e nenhum acadêmicocom idade acima de 46 anos.

O tempo na universidade é de descobertas, de prepara-

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ção profissional, de início da vida adulta. No Brasil o tempomédio para cursar o ensino médio é de 15 a 17 anos, deste modoos alunos prestam vestibular muito cedo, antes dos 20 anos, oque possivelmente justifica a baixa faixa etária encontrada naamostra

Com relação ao estado civil, foi observado no que 66,6%(n=38) são casados; 26,4% (n=15) são solteiros; 7% são divor-ciados (n=4) e nenhum aluno é viúvo.

Devido ao ritmo intenso de estudos e da dedicação paraingressar numa faculdade, os estudantes brasileiros, em suamaioria são solteiros, visto que ainda são jovens e optam darpreferência aos estudos e adiam o compromisso matrimonial,pois isso gera mudanças maiores na vida do jovem, como obri-gações com a casa e com o sustento da família, fazendo com queaconteça uma maior dificuldade em continuar os estudos.

De acordo com a presença de filhos, 32% (n=18) afirma-ram ter filhos e 68% (n=39) afirmaram não ter filhos.

A formação de uma família, nos tempos de hoje, necessi-ta de preparação tanto psicológica quanto financeira. Quando aidéia de ter um filho se torna uma realidade na vida do jovem, oimpacto da responsabilidade é grande, tanto na vida das mulhe-res como na dos homens. Os jovens universitários, muitas ve-zes, não trabalham e dependem do sustento dado pelos pais.Ter um filho necessita de estabilidade financeira e profissional etempo, e na atualidade, os jovens não dispõem desses requisi-tos.

O questionário acerca das considerações sobre a éticaprofissional dos acadêmicos, foram abordados 6 itens, cada umcom 4 alternativas, enfocando o conhecimento sobre a ética e amoral.

Quando pesquisado sobre o que é ética, observa-se que19,2% (n=11) disseram ser o conjunto de normas e condutasque deverão ser postas em prática no exercício de qualquerprofissão, onde se estabelece regras concretas; 12,2% (n=7)afirmaram ser o mecanismo que regula o relacionamento do pro-fissional com sua clientela, visando a dignidade humana e aconstrução do bem-estar no contexto sócio-cultural onde exer-ce a sua profissão; 66,6% (n=38) afirmaram ser o conjunto deprincípios, valores e normas que regulam a conduta humana emsuas relações sociais e 2% (n=1) disseram que a ética estabele-ce regras para garantir a ordem, independente de fronteiras ge-ográficas.

Diante do exposto, percebe-se que os acadêmicos possu-em um conhecimento prévio sobre o que é ética, pois grandemaioria afirmou que a ética é o conjunto de princípios e normasque regulam a conduta humana e as relações sociais.

Ética pode ser conceituada como o estudo dos juízos deapreciação, que se referem ao comportamento humano, suscetí-vel de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, do certoou errado, e do justo ou injusto. O indivíduo capaz de avaliarsuas ações é também capaz de exercer a ética (CAMPOS et al.,2002).

Em relação ao número de acadêmicos que já tinham estu-dado ética, 70% (n=40) afirmaram já ter estudado esta disciplinae 30% (n=17) disseram que não ou ainda não estudaram estadisciplina.

De acordo com os dados, observa-se que embora umapequena parcela tenha afirmado ainda não ter estudado ética,muitos destes acadêmicos relataram saber o que seria ética, poisesta não tem a sua origem na faculdade, mas sim, é um aprendi-zado da vida, algo que vai se estruturando com o passar dosanos.

Quando perguntados sobre a importância dada a esta dis-ciplina durante a graduação, 25% (n=14) disseram que a éticaainda não foi estudada na sua graduação; 9% (n=5) disseramque a ética foi estudada na sua graduação, mas não foi dadatanta importância, pois já possuía valores morais definidos enão achava necessário esta disciplina; 26% (n=15) afirmaramque a ética foi estudada em sua graduação, porém essa discipli-na foi cursada apenas para cumprir a grade curricular obrigató-ria; 40% (n= 23) disseram que a ética foi estudada na graduaçãoe foi dada muita importância a esta disciplina, pois consideravade grande valia para a formação profissional e pessoal.

Lima Junior (2006) expressa que estudar ética na escola étão importante quanto as demais disciplinas. O período escolaré justamente a hora de formar o caráter, mas geralmente as pes-soas que estudam ética durante a graduação não dão a impor-tância necessária para que se possa obter o conhecimento arespeito do assunto.

Quando perguntados sobre como os acadêmicos analisa-vam a ética na sua vida, 79% (n=45) acham que a ética é essen-cial; 11% (n=6) acham necessária para uma formação acadêmicae 2% (n=1) acham a ética sem importância.

Como já foi abordado anteriormente, os acadêmicos vêema ética como parte fundamental para a construção de um exímioprofissional e, deste modo percebe-se que os acadêmicos ava-liam a ética como sendo um componente essencial para a vidaprofissional e pessoal.

Em relação à importância do estudo da ética para a práticaprofissional, 51% (n=29) consideram que por mais competenteque seja, aquele que não tem ética será conhecido por todoscomo um mau profissional; 49% (n=28) consideram que a ética éindispensável para ser um bom profissional

Em qualquer situação, seja social ou profissional, as rela-ções interpessoais devem guiar-se por padrões éticos rigoro-sos (TRONCON et al., 1998).

Os acadêmicos acham que o estudo da ética é de extremaimportância para a construção de um profissional ético e com-petente, pois para ser um bom profissional é necessário nãoapenas ter estudado ética durante a graduação, mas sim possuiratitudes éticas.

Com relação ao que é moral, 46% (n=26) disseram que amoral é a parte da filosofia que trata dos costumes ou dos deve-res dos homens, esta voltada as considerações que dizem res-peito a aparência, a gosto, e a convivência; 25% (n=14) afirma-ram que a moral exige seriedade, em compromisso; 15% (n=9)afirmaram que a moral é aplicada e restrita a um setor especificodo comportamento humano, isto é, comportamento típico e ca-racterístico que apresenta o homem, quando exerce uma deter-minada profissão e 14% (n=8) disseram que a moral não regulaapenas níveis salariais e coisas semelhantes, mas sim, forma apersonalidade profissional.

Comparando a percepção da ética pelos acadêmicos do 1ºperíodo e do 8º período, percebe-se uma certa imaturidade exis-tente entre os acadêmicos do 1º período, pois com o passar dotempo de curso e com o amadurecimento pessoal e profissional,as acadêmicos tendem a ver a ética com uma maior seriedade ecompromisso. Os acadêmicos do 8º período têm uma visão maisaprofundada da ética, principalmente da ética profissional, poisjá tiveram a oportunidade de colocá-la em prática efetivamentedurante os atendimentos com os pacientes, situação esta emque são vistos como verdadeiros profissionais e não como es-tudantes, sendo, dessa maneira, cobrados a assumirem uma

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postura mais séria e ética.

Observando os dados, verificamos que 24% dos acadê-micos do 1º período e 19,2% dos acadêmicos do 8º definem aética como o conjunto de normas e condutas que deverão serpostas em prática no exercício de qualquer profissão, onde seestabelece regras concretas; 24% dos acadêmicos do 1º perío-do e 12,2% do 8º período entendem que a ética é o mecanismoque regula o relacionamento do profissional com sua clientela,visando a dignidade humana e a construção do bem-estar nocontexto sócio-cultural onde exerce a sua profissão; 48% dosacadêmicos do 1º período e 66,6% do 8º período consideram aética como sendo o conjunto de princípios, valores e normasque regulam a conduta humana em suas relações sociais e 3%dos acadêmicos do 1º período e 2% do 8º período acham que aética estabelece regras para garantir a ordem, independente defronteiras geográficas.

Percebe-se uma diferença significante quanto à percep-ção da ética nos distintos períodos, levando a entender que taldiferença deve-se ao fato dos acadêmicos do 1º período aindanão haviam estudado ética. Isso nos levar a pensar que a facul-dade exerce um importante papel na construção do ser ético,pois ao ingressar numa faculdade, ainda imaturos, os acadêmi-cos não levam à sério a importância de ter comportamentoséticos, para que sejam vistos com profissionais sérios e verda-deiramente comprometidos com a sua profissão e não têm umaopinião totalmente formada em relação ao que é ética.

Para 86% dos acadêmicos do 1º período e 76% do 8ª perí-odo a ética é essencial, 7% dos acadêmicos do 1º período e 20%do 8º período consideram a ética necessária para uma formaçãoacadêmica.

Portanto, de acordo com a Tabela 2, podemos perceberque o bom profissional é aquele que possui embasamento teó-rico e prático, mas que também possui valores e atitudes éticasbem estabelecidas e definidas, pois na área de saúde é impres-cindível possuir um caráter ético, uma vez que estará lidandocom seres humanos, sentimentos, dor, vidas e, muitas vezes,morte.

Observando os dados, 55% dos acadêmicos do 1º perío-do e 48% do 8º período consideram importante o estudo daética, pois por mais competente que seja, aquele que não temética será conhecido por todos como um mau profissional; 45%dos acadêmicos do 1º período e 52% do 8º período considerama ética profissional indispensável para ser um bom profissional.

De acordo com a Tabela 3, observa-se que os acadêmi-cos, independente do período que estão cursando, possuem

um visão de que a ética irá qualificar se o profissional é compe-tente ou não, pois a ética regula as relações profissionais epessoais, deste modo, um profissional sem ética é consideradoum mau profissional. Todo ser humano possui um senso ético,uma espécie de “consciência moral”, estando constantementeavaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más,certas ou erradas, justas ou injustas.

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Análise do Conhecimento de Auxiliares de Limpeza sobre asDoenças Ocupacionais

Knowledge Assessment of Cleaning Assistants About Occupational Diseases

ResumoOs distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho

(DORT) tem se constituído em grave problema de Saúde Públi-ca, sendo primordial uma intervenção com intuito preventivo.Devido ao grande destaque dos DORT entre as doençasocupacionais, a atuação da fisioterapia nas empresas, cresce acada dia pela descoberta da importância do investimento emações preventivas e por não estar o fisioterapeuta limitado,apenas, a curar e reabilitar. Este estudo objetivou realizar umlevantamento dos conhecimentos dos sujeitos da pesquisa noque se refere às doenças ocupacionais (DORT), formas de pre-venção e de controle, exercícios laborais, posicionamento cor-poral e afastamento do serviço. Tratou-se de um estudoexploratório de cunho quantitativo, cuja amostra foi compostade quatro funcionárias de uma instituição de ensino técnicoestadual, localizada no interior do Estado de São Paulo, sendoutilizado como instrumento de coleta de dados um questionáriocom questões fechadas. Como resultado verificou-se a falta deconhecimento e informação sobre os DORT e suas formas deprevenção/controle. Com base nos dados obtidos pode-se con-cluir que a prevenção é o caminho mais correto na atuação comtrabalhadores, pois acaba com um ciclo no qual, os mesmosficam negligenciados no saber sobre os DORT e os torna agen-te ativo na transformação de seu ambiente de trabalho.

Palavras-chave:DORT. funcionárias. prevenção.

Andréia Dias1, Lucas Ferreira2

INTRODUÇÃOOs Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Traba-

lho (DORT) são afecções de músculos, de tendões, de sinóvias,de nervos, de fáscias e de ligamentos, isoladas ou combinadas,com ou sem degeneração de tecidos. Estas lesões atingem emmaiores proporções – mas não somente – os membros superio-res, a região escapular e a região cervical, sendo sua origemocupacional, decorrendo (de forma combinada ou não) do usorepetido ou forçado de grupos musculares e da manutenção depostura inadequada (OLIVEIRA, 2001; BARBOSA, 2002; BRA-SIL, 2003; REGIS FILHO, 2006; SANTOS et al., 2008).

Para Renner (2005), as estruturas músculo-esqueléticaspassam a ser alvo freqüente destas agressões independente-mente do tipo de atividade ou do produto fabricado, do proces-

Abstract

ABSTRACT

Related musculoskeletal disorders work (DORT) hasconstituted a serious public health problem, being a primarypreventive intervention order. Due to the great prominence ofRSI among occupational diseases, the role of physiotherapy inbusiness, is growing every day by the discovery of theimportance of investing in preventive measures and not be limitedto the physical therapist, only to heal and rehabilitate. Thisstudy aimed to survey the knowledge of the research subjectswith respect to occupational diseases (DORT), ways ofprevention and control, work exercises, body positioning andremoval service. This was an exploratory quantitative, thesample consisted of four employees of an institution of technicaleducation state, located in the State of Sao Paulo, being usedas a tool for data collection a questionnaire with closedquestions. The results showed a lack of knowledge andinformation about DORT and its prevention / control. Based onthe data obtained it is concluded that prevention is the mostcorrect way to work in acting, because with just a cycle in whichthey are neglected in the know about DORT and becomes anactive agent in the processing of your environment work.

Key words:DORT; workers; prevention.

so e organização do trabalho.De acordo com Brasil (2003), os DORT têm se constituído

em grande problema da Saúde Pública em muitos dos paísesindustrializados. Santos et al. (2008) dizem que os DORT repre-sentam mais da metade das doenças ocupacionais,contabilizando em 2001, segundo o Centro de Estudos da Saú-de do Trabalhador (CESAT), 65% dos casos de diagnósticos dedoenças ocupacionais.

Segundo Ribeiro (2002), no que se refere em atenção pri-mária à saúde do trabalhador, é importante diferenciar os termosprevenção de promoção, onde prevenção se caracteriza comotoda atividade realizada antes da instalação da doença com oobjetivo claro de impedir o aparecimento da mesma; já o termopromoção refere-se a ações voltadas à melhoria da qualidade devida de um grupo social.

Recebido: 25/03/2010Aceito: 29/04/2010Autor para correspondência: Lucas Lima FerreiraE-mail: [email protected]

1. Fisioterapeuta Mestre em Saúde Coletiva pela UNESP-Botucatu, docente daFundação Educacional de Fernandópolis – FEF;2. F isioterapeuta graduado pela FEF. Aprimorando em Fisioterapia Hospitalar pelaFAMERP.

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Essa mesma autora cita que a prevenção, é uma das açõesque têm sido mais discutidas atualmente, no que diz respeito aocombate dos DORT; porém suas causas estão sendo reconheci-das e poucas ações preventivas têm sido realizadas.

Devido ao grande destaque dos DORT entre as doençasocupacionais, a atuação da fisioterapia nas empresas, cresce acada dia pela descoberta da importância do investimento emações preventivas e por não estar o fisioterapeuta limitado, ape-nas, a curar e reabilitar. Neste contexto, a atuação preventiva dofisioterapeuta inclui campanhas educacionais e implementaçãode programas de prevenção que trazem benefícios para o em-pregador como, diminuição da fadiga, do desconforto físico, doestresse emocional e da incidência de doenças ocupacionais, e,benefícios para a empresa como, diminuição dos gastos e donúmero de acidentes, além do aumento da produtividade e dolucro (SANTOS et al., 2008).

Salim (2003) salienta que, sob as relações de gênero, oacometimento quantitativo maior dos DORT, se expressa, so-bretudo, através da mulher trabalhadora, fato diretamente rela-cionado não a uma “suposta” propensão biológica, mas, aopapel e à forma de inserção da mulher nas divisões social esexual do trabalho. Segundo Walsh et al. (2004), a incidênciados DORT é maior entre os trabalhadores jovens; as mulheressão as mais atingidas, prevalecendo a faixa etária de 20 a 39anos. Esses mesmos autores dizem ainda, que a presença de dormuito forte é uma das características mais instigantes dos DORT.

Com base no conteúdo descrito, este estudo objetivourealizar um levantamento dos conhecimentos dos sujeitos dapesquisa no que se refere às doenças ocupacionais (DORT),formas de prevenção e de controle, exercícios laborais,posicionamento corporal e afastamento do serviço.

MATERIAIS E MÉTODOO presente estudo tem caráter exploratório de cunho quan-

titativo. A pesquisa envolveu a integração dos pesquisadores esujeitos, no levantamento de problemas sobre os DORT.

Esta pesquisa foi realizada em uma instituição de ensinotécnico denominada Escola Técnica Estadual (ETEC) campusFernandópolis, localizada na cidade de Fernandópolis, regiãonoroeste do estado de São Paulo.

A escolha dos sujeitos se deve a uma pesquisa anteriorde iniciação científica intitulada “Investigação de queixa dolo-rosa em grupos de funcionárias de uma instituição de ensinosuperior”, na qual foram encontrados resultados relevantes dealgias para o grupo auxiliares de limpeza.

Os sujeitos foram quatro funcionárias do setor de limpe-za, todas do sexo feminino, que foram abordadas durante seuhorário de trabalho no próprio ambiente laboral, após consenti-mento da direção da ETEC em questão. É importante ressaltarque a amostra foi constituída por um grupo pequeno devido àempresa analisada possuir um quadro de funcionários reduzidopara a função de auxiliar de limpeza.

Após esclarecimento dos objetivos da pesquisa, os su-jeitos receberam e assinaram um Termo de Consentimento Livree Esclarecido, desenvolvido após o parecer favorável do Comi-tê de Ética em Pesquisa da Fundação Educacional deFernandópolis, ressaltando-se que as mesmas teriam o direitoao anonimato e sigilo de sua identidade, assegurando-lhes ain-da, o direito de se recusar a participar ou se excluir do estudoquando julgasse necessário.

Para coleta de dados foi utilizado um questionário comquestões fechadas sobre a problemática DORT em todas assuas nuances, embasados em referenciais epidemiológicos dasdoenças ocupacionais em questão.

A análise dos dados da pesquisa foi feita de forma quan-titativa e apresentado sob a forma de tabela descritiva.

RESULTADOSDe acordo com os objetivos propostos na presente pes-

quisa, foi aplicado um questionário para o levantamento dosconhecimentos das funcionárias sobre as doenças ocupacionais(DORT), sobre as formas de prevenção e de controle, e ainda,questões sobre exercícios laborais, posicionamento corporal eafastamento do serviço.

Para uma melhor visualização e interpretação dos resulta-dos, elaboramos uma tabela onde estão resumidos os resulta-dos do questionário aplicado.

Tabela 1: Questionário aplicado como instrumento decoleta de dados.

Na tabela 1 é estão demonstradas as respostas das funci-onárias pesquisadas referentes ao questionário utilizado comoinstrumento de coleta de dados.

DISCUSSÃOA questão 1 referiu-se ao conhecimento sobre as doen-

ças ocupacionais (DORT). Foi obtida uma resposta (25%) quedemonstrou ter conhecimento sobre essas doenças e três res-postas (75%) que relataram não conhecer. Esse resultado de-monstra que a maioria dos sujeitos da pesquisa não tem conhe-cimentos sobre as doenças ocupacionais.

Entre as possíveis causas do aparecimento das doençasocupacionais, podem ser citadas, entre outras, a falta de infor-mações no contexto da empresa (GRAVINA; ROCHA, 2006).

Barbosa (2002) ressalta que existem especialistas fecha-dos no saber não informado a população, contribuindo para oalto índice de sub-notificações da doença.

Observa-se na questão 2 as respostas referentes ao co-nhecimento dos sujeitos da pesquisa quanto aos fatores de

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risco para o desenvolvimento dos DORT, onde, verificou-seduas respostas (50%) demonstrando ter conhecimento sobreos possíveis fatores de risco, e duas respostas (50%) relatandonão ter conhecimento. De acordo com esse resultado, pode-severificar que houve divisão entre as funcionárias pesquisadas.

Barbosa (2002) cita que o conhecimento dos processosfisiopatológicos é fundamental para o trabalho de prevenção etambém para impedir o desenvolvimento da doença ocupacional.Porém, observa-se um déficit de informações sobre a fisiopatologiados DORT aos indivíduos que trabalham em uma empresa, o queaumenta as estatísticas sobre as queixas referentes à doençaocupacional (DELIBERATO, 2002).

Os fatores de risco organizacionais (físicos, sociais e psi-cológicos) são, segundo Ghislene e Merlo (2005), os principaisresponsáveis pelo desenvolvimento dos DORT, pois o trabalha-dor realiza trabalhos repetitivos, está exposto a ambientes inade-quados e a extensas jornadas de trabalho, além de manter a mes-ma posição corporal por período de tempo prolongado, assim,todos esses fatores podem desencadear doenças ocupacionais.E, portanto, deveriam ser conhecidos por funcionários de empre-sas.

Na questão 3 foram citadas as respostas dos sujeitospesquisados quanto ao conhecimento sobre os sinais e sintomasdos DORT. Foram obtidas duas respostas (50%) relatando terconhecimento e duas respostas (50%) relatando não conhecer ossinais e sintomas apresentados pelos DORT. O resultado obtidonesta questão revela novamente uma divisão de conhecimentosdas funcionárias.

Barbosa (2002) descreve que a identificação dos sinais esintomas referentes aos DORT facilitará o reconhecimento preco-ce da instalação da doença, impedindo o absenteísmo na empre-sa.

Contudo, Chiavegato Filho e Pereira Junior (2004) ressal-tam que ainda hoje predomina sobre o meio científico a contro-vérsia na caracterização dos quadros referentes aos DORT, refle-tindo às limitações em relação à caracterização dos quadros clíni-cos e aos aspectos envolvidos na sua causalidade. Isto favoreceo quadro de desinformação aos funcionários das empresas impe-dindo o diagnóstico e tratamento precoces a essas doenças.

Na questão 4 foram citadas as respostas referentes ao des-conforto físico no final do dia de trabalho por parte das funcioná-rias pesquisadas. Dos quatro sujeitos pesquisados, dois (50%)responderam ter desconforto físico no fim do dia de trabalho, edois (50%) disseram não apresentar nenhum tipo de desconfortofísico ao final de sua jornada de trabalho diária. Esse resultadodemonstra que não houve maior predileção por nenhuma dasopções apresentadas, sendo desta forma, possível observar queexistem diversas relações que influenciam nas alterações ou nãodos sistemas corporais mesmo para grupos que praticam o mes-mo tipo de atividade laboral.

Segundo Leite et al. (2007), o desconforto físico é um dosfatores favoráveis para o desenvolvimento dos DORT. Corrobo-rado pela dor, seja ela, localizada, irradiada ou generalizada, estedesconforto favorecerá o aumento de absenteísmos no trabalho(PINTO et al., 2006). A dor é um dos sinais mais importantes epreditivos dos DORT, porém, a mesma é pouco valorizada pelostrabalhadores, principalmente no seu início, quando é caracteri-zada como um desconforto (CARVALHO, 2002; NEVES, 2003;WALSH et al. 2004).

“Geralmente existe uma grande dificuldade de quantificação,localização e caracterização da dor, visto que esta mesmo sendoreal é determinada por características proprioceptivas individu-

ais” (CARVALHO, 2002, p. 35-36).Verifica-se a partir dos dados apresentados na questão 5,

que nenhuma das funcionárias relatou ter se afastado do traba-lho por motivo de doenças ocupacionais. Apesar desse resulta-do, pode-se inferir, com base na questão 4, que há indícios de quepossam ocorrer futuramente afastamentos do trabalho devidoaos desconfortos físicos relatados por duas das pesquisadas, ouseja, se não houver uma atuação preventiva nesta empresa.

Os DORT constituem grave problema de Saúde Pública,pois há alta e crescente incidência de casos no Brasil, além dassub-notificações existentes. As doenças ocupacionais são difi-cilmente notificadas, pois necessitam de avaliação e comprova-ções de sua causa para serem reconhecidas, por isso, os númerosestatísticos nem sempre correspondem com a realidade(CHIAVEGATTO FILHO; PEREIRA JÚNIOR, 2004; LEITE et al.,2007).

O’Neill (2000) mostra dados fornecidos pelo INSS, que co-locam os DORT em segundo lugar como causa de afastamentosdo trabalho no Brasil, devido as incapacidades temporárias oupermanentes adquiridas pelo trabalhador.

Na questão 6 estão expostas as respostas referentes aoconhecimento dos sujeitos da pesquisa sobre as formas de pre-venção dos DORT, onde obteve-se uma resposta (25%) afirman-do conhecer as mesmas e três respostas (75%) alegando desco-nhecer tais informações. O resultado revela a carência de informa-ções dos sujeitos da pesquisa sobre as formas de prevenção dasdoenças. Assim, há uma predisposição às funcionárias em de-senvolver fatores que facilitem o aparecimento das doençasocupacionais (DORT), por existir a escassez de informações so-bre estas doenças.

A prevenção é a melhor forma de intervenção realizada paracombater os DORT. Empresas que aderiram à estratégia de pre-venção obtiveram excelentes resultados criando uma cultura sau-dável de consciência corporal e postural, desenvolvendo bem-estar físico e emocional no ambiente de trabalho (NASCIMEN-TO; MORAES, 2000; DELIBERATO, 2002). Resultados positivoscomo os descritos pela literatura, reforçam e fortalecem o intuitode aplicação da intervenção do fisioterapeuta na prevenção dasdoenças ocupacionais.

A questão 7 demonstra que apenas um dos sujeitos dapesquisa (25%) tem conhecimento sobre os exercícios laborais eque três (75%) não possuem nenhum conhecimento. Este dadoretrata o déficit de informação dos sujeitos da pesquisa na realiza-ção de exercícios laborais, os quais amenizam ou evitam o desen-volvimento das doenças ocupacionais. Os colaboradores da em-presa apresentaram deficiência no conhecimento de que os exer-cícios como alongamentos e fortalecimentos são fundamentaisna prevenção de muitas patologias desenvolvidas no trabalho.

Segundo Maciel et al. (2005), os exercícios laborais sãoconsiderados fator essencial na prevenção das doençasocupacionais, pois atingem o sistema músculo-esquelético comoum todo. A aplicação dos exercícios laborais reduz o índice defadiga muscular, aumenta a produtividade e promove níveis ade-quados de saúde física e mental propiciando benefícios geraispara funcionários e proprietários (DELIBERATO, 2002; FONSE-CA, 2006).

Murofuse e Marziale (2001) enfatizam que são exercíciosde curta duração com objetivo terapêutico e preventivo a fim deAinda sobre postura, Rosa et al. (2008) citam que a mesma, deveser constantemente reeducada durante a execução das ativida-des laborais, sendo este, fator preponderante para redução daincidência de doenças ocupacionais.

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Na questão 9 encontram-se as respostas referentes ao inte-resse dos sujeitos da pesquisa em conhecer as doençasocupacionais e como evitá-las. O resultado foi que as quatrofuncionárias (100%) manifestaram interesse em conhecer taisdoenças e saber as formas de evitá-las. Esse resultado demonstraque, diferente do encontrado nas questões 1 e 2 deste estudo,pode-se perceber que os sujeitos da pesquisa não possuem co-nhecimentos claros a respeito das doenças ocupacionais e seusfatores desencadeantes, por tal, despertou-se o interesse dosmesmos em participar da pesquisa em questão.

Este resultado evidência algo positivo, pois atualmente énecessário que o interesse em conhecer os DORT seja mostradopelos próprios funcionários. Quando isso acontece tem-se aber-tura e acesso para realização do momento de conscientização dosfuncionários (educação em saúde) na empresa.

Segundo Maeno et al. (2001), a divulgação das informa-ções sobre LER/DORT é de suma importância, pois é atravésdela, que o indivíduo tem conhecimento sobre a patologia favo-recendo a ação preventiva. Ela informa o trabalhador sobre ossintomas provocados pela doença, alertando-o a procurar trata-mento precoce a fim de impedir a instalação e evolução da mesma.

CONCLUSÃOA presente pesquisa objetivou realizar um levantamento

dos conhecimentos de funcionárias com cargo de auxiliares delimpeza, no que se refere às doenças ocupacionais (DORT), for-mas de prevenção e de controle, exercícios laborais,posicionamento corporal e afastamento do serviço. Isto posto,verificou-se que o grupo profissional avaliado possui déficitimportante de conhecimentos relativos às doenças ocupacionais(DORT) em todo o seu contexto, o que abre caminho a novaspesquisas na área em questão.

Assim, sugere-se que há na instituição pesquisada, ne-cessidade de uma atuação preventiva do fisioterapeuta, o quepoderá conceder aos trabalhadores conhecimentos indispen-sáveis sobre os DORT e uma melhor condição de vida/saúde notrabalho.

Cabe aqui ressaltar, que a prevenção é o caminho maiscorreto na atuação com trabalhadores, pois acaba com um ciclono qual, os mesmos ficam negligenciados no saber sobre osDORT, e os torna agente ativo na transformação de seu ambien-te de trabalho.

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Professores em Sala de Aula: Uma Análise Postural

Teachers in Classroom: A Postural Evalution

Resumo

No dia-a-dia do professor, o conjunto de movimentos,progressivos e contínuos, onde as articulações ficam cada vezmais hipomóveis, favorece a uma alteração na postura padrão,podendo levar o professor a apresentar dores crônicas e inca-pacidade funcional. Esta pesquisa tem como objetivo analisar apostura adotada por professores em sala de aula associando-acom a presença de dores. Estudo do tipo corte transversal,descritivo e analítico, realizado no período de fevereiro a abrilde 2009, em um centro para estudos da língua Inglesa, com 27professores. Todos apresentavam dor em pelo menos um seg-mento corporal, sendo a dor lombar, no pescoço e ombros asmais relatadas. Na análise postural destacou-se: rotação, tor-ção, inclinação de tronco e apoio unipodal na postura de pé e,apoio no sacro ou em apenas um ísquio para a postura sentada.Podemos inferir que as posturas de pé e, principalmente, a sen-tada, adotadas pelos professores, por tempo prolongado, po-dem ser danosas para a saúde dos mesmos, sendo uma dasresponsáveis pela presença de dores nos diversos segmentoscorpóreos, principalmente na coluna.

Palavras-chave:Professores. Postura. Sala de aula. Dor.

Simone Hande1, Valéria Conceição Passos Carvalho2,Carla Raquel de Melo Daher³, Priscila Cabral Cavalcanti3

INTRODUÇÃO

Na vida do homem o seu trabalho é de grande importância,pois é fonte de seu sustendo, eleva sua auto-estima levando a suaauto-realização. Entretanto, esse fator tão importante na vida dohomem pode ser prejudicial à saúde, provocar doenças e até mes-mo levar à inatividade, caso seja realizado em condições inadequa-das (DELIBERATO, 2002). No dia-a-dia do trabalhador, o seu tra-balho deve ser realizado em boas condições a fim de promover asaúde, equilíbrio físico e emocional, levando ao bem estar doindividuo, resultando na qualidade de vida ideal (BUSS, 2000;ULRICH, 2005)

Atualmente a profissão do professor não é favorável ao seugrupo de trabalhadores quando se leva em consideração o merca-do e condições de trabalho. Os professores brasileiros têm a tarefade educar cerca de 57,7 milhões de brasileiros, matriculados desdecreches até o ensino o superior de graduação (BRASIL, 2003),sendo eles mais de 2,6 milhões (INSTITUTO NACIONAL DE ES-

Abstract

During a teacher’s daily activities, the progressive andcontinuous group of movements, where the articulations becomeless mobile, causes a change on the standard posture, whichmay lead to the presence of chronic pain and disability. Thegoal of this research is to evaluate and analyze adopted postureby teachers in classroom, associating it with the presence ofpain. Cross-sectional, analytical and descriptive study, heldbetween February and April of 2009 at an English LanguageCenter, with 27 teachers. All of them reported pain in at least onebody segment, and low back, neck and shoulder pain were themost reported. Standing posture was associated with rotation,torsion, body flexion and one leg support; along with sittingposture, with sacrum support or one ischiun support, stood outin the postural analysis. It can be implied that the standingposture and, mainly, the sitting posture, adopted by teachers,for a long period of time, can be harmful to their health andresponsible for the presence of pain in many body segments,specially the back.

Key words:Teachers. Posture. Classroom. Pain.

TUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA,2003).

No dia-a-dia do professor, o conjunto de movimentos ondeas articulações ficam cada vez mais hipomóveis, favorece a umaalteração na postura padrão formando um novo conjunto de movi-mentos combinados e limitados. Em posição desfavorável, osmúsculos passam por um processo de adaptação levando ao en-curtamento e com isso as articulações são mais exigidas (PINTO,2008).

Todo esse conjunto de fatores juntamente com alteraçõesda coluna como a hipercifose, hiperlordose ou escoliose, podemlevar o professor a apresentar dores crônicas e incapacidade fun-cional. Ao adotar uma postura errônea o mesmo é um forte candi-dato a desenvolver distúrbios da voz e lesões articularesprovocadas pelo esforço repetitivo (PINTO, 2008).

O nível de comprometimento das patologias é justificadopor esta classe de trabalhadores através da falta de tempo devidoà carga horária de aulas e correções de trabalhos. Este fato vem

Recebido: 20/10/2009Aceito: 13/06/2010Autor para correspondência: Simone HandeE-mail: [email protected]

1. Acadêmica do curso de fisioterapia da Universidade Católica de Pernambuco -UNICAP2. Profª. Ms. Em Saúde Coletiva e Doutoranda em Neurociências e Ciência doComportamento; Docente da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).3. Especialista em Terapia Manual e Postural pela FIR; Docente da Uiversidade Católicade Pernambuco - UNICAP.3. Acadêmica do curso de fisioterapia da Universidade Católica de Pernambuco –UNICAP.

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favorecendo a procura por parte deles, por profissionais de fisiote-rapia, considerando um aumento de sintomas e patologias como acervicalgia, cervicobraquialgia e lombalgia, grande parte em pro-cesso crônico (PINTO, 2008).

A dor é uma das principais causas de sofrimento, incapacidade,inabilidade e de imensuráveis repercussões psicossociais e econômi-cas (MOURA, 2006). Segundo a IASP (Associação Internacional deEstudo da Dor) pode ser descrita como “Experiência sensorial e emo-cional desagradável associada ou relacionada à lesão real ou po-tencial dos tecidos” (ALMEIDA et al., 2008; SETZ et al., 2001). Ela éconsiderada como uma experiência genuinamente subjetiva e pessoal(SOUSA, 2002).

A postura pode ser definida como uma relação dinâmica, ondeas diferentes partes do corpo, especialmente os músculos esqueléticos,adaptam-se a estímulos recebidos em experiências físicas e emocio-nais (BRACCIALLI; VILARTA, 2000; VASCONCELOS, 2006). A pos-tura pode ser descrita, também, como o equilíbrio muscular e ósseo,com capacidade para proteger as demais estruturas do corpo humanode traumatismos na posição de pé, sentado ou deitado (BRACCIALLI;VILARTA, 2000; KENDAL; MCCREARY; PROVANCE, 1995). Valedestacar que o movimento, o gasto energético, a fadiga, as atividadesda vida diária e o ambiente estão relacionados e influenciam na posturaadotada por um indivíduo (VASCONCELOS, 2006).

A avaliação postural é de extrema importância para se determi-nar possíveis alterações da postura corporal e mensurar desequilíbrios.A partir de uma avaliação postural é possível se realizar um programade intervenção fisioterapêutica como forma preventiva para os malesdecorrentes da má postura, adequando a melhor postura para cadaindividuo, bem como realizar um acompanhamento da evolução e re-sultados de tratamentos (AMANTÉIA, 2004; IUNES et al., 2005;VERDERI, 2008).

Diante do aumento de distúrbios posturais entre os docentesé que a presente pesquisa foi motivada, no intuito de analisar a posturade professores em sala de aula associando-as à presença de dores.Desta forma, os resultados da presente pesquisa servirão como diretri-zes tanto para os fisioterapeutas e outros profissionais que atuam naárea de saúde, bem como, na própria conscientização por parte dosprofessores da importância de uma boa adequação postural e medidasde prevenção dos distúrbios osteomusculares relacionados ao traba-lho.

MATERIAIS E MÉTODOSO presente estudo está vinculado a Universidade Católica de

Pernambuco, ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, curso de Fisi-oterapia. O mesmo foi realizado nas salas de aula em um centro paraestudos da língua Inglesa, no período de fevereiro a abril de 2009, com aaprovação do Comitê de Ética em pesquisa da referida instituição CAAE:3628.0.000.096-08.

O desenho do estudo é do tipo corte transversal, descritivo e ana-lítico, a amostra é intencional e compõe o universo de professores da ABA– Associação Brasil América, dos cursos de kids, pre-teens, teens, adults

e Maple Bear, perfazendo um total de 58 professores. Foram incluídosprofessores de ambos os sexos, na faixa etária dos 18 aos 55 anos, comhorário de trabalho matinal de segunda a sábado e concordância dosmesmos em participar do estudo mediante a assinatura do Termo de Con-sentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Dentre os critérios de exclusãoencontram-se gestantes e participantes que não cumprirem as etapas dapesquisa. Inicialmente 32 professores assinaram o TCLE, sendo cincoexcluídos por falta de tempo para participar das etapas da pesquisa, porestar gestante ou fora da faixa etária exigida pelo estudo, desta forma aamostra final foi composta por 27 professores.

Os professores foram identificados através do cadastro na coor-denação acadêmica da instituição e durante o horário de trabalho foramexplicados os objetivos e benefícios da pesquisa, sendo os mesmos con-vidados a participar de forma voluntária através da assinatura do TCLE.

Para o início da coleta de dados foi agendado previamente com oprofessor um horário para observação do desenvolvimento das ativida-des do mesmo em sala de aula e, análise das posturas adotadas para arealização do seu trabalho em sala de aula. Durante as observações foirealizada filmagem das aulas, focando o professor, na realização do seutrabalho em sala, registrando suas posturas, através de uma câmera com asseguintes características: Cannon® Power Shot SD870IS Digital ELPH 8.0Mega Pixels.

Posteriormente foi realizado um novo agendamento com o profes-sor para retirada de fotografias deles (as) para Avaliação PosturalComputadorizada (A.P.C.), no posturograma. Durante essa análise foi uti-lizado o Software Fisiometer de Posturograma, versão: 2.8, devidamenteautorizado e analisado pela fisioterapeuta responsável (ARRUDA;SIMÕES, 2008). O paciente foi posicionado em posição ortostática, emseguida foram colocados marcadores nos seguintes pontos anatômicos:glabela, trago direito e esquerdo, acrômio direito e esquerdo, espinha ilíacaântero-superior direita e esquerda e ângulo inferior da escápula direita eesquerda, processo espinhoso L4 (KENDAL; MCCREARY; PROVANCE,1995).

As imagens foram retiradas todas por um avaliador, numa mesmasala reservada, com um tripé, uma máquina digital Cannon® Power ShotSD870IS Digital ELPH 8.0 Mega Pixels e a imagem fotográfica na menorresolução (0.3 Mega Pixels), para que fosse propiciada uma imagempadronizada global do paciente sem cortes. A máquina foi posicionadaparalelamente ao solo, com uma distância entre, o apoio com o professore o ponto com fio de prumo do tripé, de 2,50 m e, entre a lente da máquinae o solo de 96 cm. As imagens foram captadas nas vistas: anterior,posterior, perfil direito e esquerdo (KENDAL; MCCREARY; PROVANCE,1995) e retiradas duas fotos de cada vista para uma maior segurança. Paratais procedimentos foi solicitado ao voluntário que se apresentasse comtraje de ginástica ou de banho, vestimenta necessária para a devidamarcação das proeminências ósseas.

Ainda na segunda etapa da coleta de dados foi aplicadoum questionário a respeito de dados pessoais e história da dorcomo descrito no Quadro I. O questionário foi adaptado atravésdas duas primeiras etapas do Roteiro de Avaliação Global –RAG (MARQUES, 2005).

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Na tabela 3, observam-se os dados coletados através daA.P.C., onde a maioria dos voluntários, 85,2% (n=23), apresen-tou desvio da glabela, 59,3% (n=16) apresentavam assimetriaescapular, 66,7% (n=18) apresentavam assimetria pélvica, 63%(n=63) apresentavam alinhamento escapular, 96,3%(n=26) ca-beça anteriorizada e 51,9% (n=14) ombros protusos.

Ao se estudar a relação entre o número de segmentoscom a dor e prática de atividade física, horas de trabalho sema-nal, faixa etária dos alunos não foi observado associação posi-tiva entre as mesmas. Já na relação entre número de segmentoscom dor e IMC pode-se observar que a dor está presente emmaior número de segmentos no professor que se apresenta nafaixa de obesidade (Tabela 4).

Ao final da pesquisa os professores foram informados arespeito de possíveis alterações posturais presentes e sugeridoo encaminhamento deles a um profissional especializado na áreade traumato-ortopedia, bem como, foi realizada a entrega decartilhas contendo orientações de como melhorar a sua posturaem sala de aula. A elaboração das cartilhas foi norteada atravésdas observações em sala de aula e os respectivos víciosposturais adotados pelos professores.

A análise estatística foi realizada pelos Softwares SPSS13.0 e o Excel 2003 com testes aplicados com 95% de confiança.Foi realizado o Teste Exato de Fisher para as variáveis categóri-cas e os resultados apresentados em forma de tabelas e gráficoscom suas respectivas freqüências absoluta e relativa

RESULTADOSA amostra foi composta por 27 professores, sendo 23

mulheres e quatro homens, com idade entre 26-35 anos. Quantoao grau de instrução dos professores 100% da amostra apre-sentavam nível superior. Com relação ao número de horas sema-nais trabalhadas foi observado que 29,6% (n=8) trabalham 21-30h, 37% (n=10) 31-40h, e 14,8 % (n=4) acima de 50h. A práticade atividades físicas foi relatada por boa parte dos voluntários40,7% (n=11), sendo 59,3% (n=16) sedentários. Ao analisar oIMC foi visto que mais da metade dos entrevistados, 63% (n=17),apresentavam peso adequado (Tabela 1).

Em relação ao local de dor, foi observado que todos osprofessores apresentavam pelo menos um local de dor, e a mai-oria, 92,6% (n=25), relatavam sentir dores lombares, 59,3% (n=16)dor nos ombros, 48,1% (n=13) no pescoço e 44,4% (n=12) nacabeça (Tabela 2). Foi relatado por todos os voluntários da amos-tra a presença dessas dores por pelo menos seis meses.

Quando questionados sobre o período do dia em as do-res apresentavam-se mais intensas, os mesmos relataram ser aofinal do expediente, no período da noite. Entre as situações quelevavam a piora do quadro álgico temos: passar muito temposentado 21,7% (n=5) e flexão do tronco 21,7% (n=5), seguidospor passar muito tempo de pé 13% (n=3) e adotar posturas portempo prolongado 13% (n=3). Já as situações que levavam amelhora da dor eram: ao deitar / dormir 25% (n=5) e ao ingerirmedicamentos 15% (n=3) (Tabela 2).

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Na análise das posturas destaca-se que: na postura de pétemos rotação, torção e inclinação do tronco, apoio unipodal ouencostando-se à parede; sentado observa-se apoio no sacro ouem apenas um dos ísquios, quando de pernas cruzadas, nãoapoiavam os pés no chão deixando-os pendurados e livres ou,apoiados no pé da cadeira; ao escrever no quadro eles ficamnas pontas dos pés com extensão máxima de cabeça para escre-ver em pontos acima de sua altura, ou inclinação de tronco eflexão máxima de cabeça para escrever em pontos baixos de-mais.

Chama a atenção que os professores da faixa etária crian-ça adotavam posturas específicas, tais como: postura de cóco-ras ao interagir com uma criança, sentada no chão com inclina-ção anterior de tronco e, muitas vezes com uma criança sentadaem sua perna.

DISCUSSÃONa educação básica o gênero feminino representa a mai-

oria, já o masculino aumenta sua participação na escola à medi-da que as séries evoluem (BRASIL, 2003). Este fato repete-se nopresente estudo, já que a população estudada era composta nasua maioria apenas por mulheres no ensino infantil e os homensestavam presentes no ensino de adultos e adolescentes.

Grande parte dos docentes tem carga horária acima de 20horas semanais e, quando se trata de professores de Portuguêse Matemática do Ensino Fundamental e Médio superior a 30horas, sendo um quinto destes acima de 40 horas (BRASIL,2003). O perfil de carga horária da pesquisa encontra-se dentrodestes padrões.

Vale ressaltar que além de carga horária em sala de aula,os professores ainda possuem carga horária de planejamentode aulas, correções, orientação de alunos, atendimento de pais,organização de atividades extra-escolares, participação de reu-niões de coordenação, preenchimento de relatórios, e ainda,muitas vezes cuidar do patrimônio, materiais, recreios dos alu-nos e locais de refeições (CARLOTTO, 2003; GASPARINI;BARRETO; ASSUNÇAO, 2005), o que foi observado entre osdocentes da presente pesquisa. Essa carga de tarefas escolaresde responsabilidade dos docentes acaba por levar os professo-res a conflitos, ao perceber que o seu tempo está reduzido paraatividades individuais e pessoais (CARLOTTO, 2003).

A dor, atualmente, é considerada como um sinal vital, tãoimportante quanto os outros, e deve ser avaliada para se traçarum tratamento ou conduta terapêutica (SOUSA, 2002). Existemdois tipos de dor, a aguda e crônica, sendo a aguda associada aalgum tipo de lesão corporal e tende a desaparecer logo queesta melhora, já a crônica é aquela que perdura por mais de seismeses (PESSINI, 2009). Entre a amostra estudada, observou-sea presença de dor por mais de seis meses, o que pode sugerirque as más posturas adotadas em sala de aula, no cotidiano dosprofessores, possam contribuir para a manutenção deste qua-dro.

Dentre os sintomas das síndromes de dor crônica inclu-em-se as cefaléias, lombalgias, cervicobraquialgias (lesões poresforço repetitivo), sendo todas sem patologias específicas,embora apresentando grau elevado de sofrimento e incapacida-de, de causas multifatoriais (OLIVEIRA, 2000). Pode-se sugerircom os resultados apresentados pelo presente estudo, que osprofessores são fortes candidatos a desenvolverem ou a apre-sentarem as síndromes de dor crônica advindas do trabalho.

As regiões dolorosas, mais acometidas, referidas pelosprofessores abrangeram coluna lombar, ombro e pescoço, res-pectivamente.Ao comparar os locais de dor referido pelos pro-fessores do presente estudo foi possível perceber semelhançaem estudo realizado com professores, no interior de São Paulo,onde 57,7% dos mesmos queixavam-se de dores no pescoço ecoluna lombar, e 34,4% dores de cabeça (VEDOVATO;MONTEIRO, 2007). A semelhança em ambos os estudos sugereque estas dores podem ser advindas do tempo prolongado napostura sentada e, até mesmo de pé, de forma errônea, junta-mente com a repetição de movimentos.

Através da A.P.C. realizado nos professores neste estu-do, pudemos perceber a presença de assimetrias na grande mai-oria deles, tal fato pode sugerir que as más posturas adotadaspelos mesmos favoreçam o desenvolvimento de assimetrias.Podemos associar a assimetria escapular presente em 59,3%(n=16) dos professores, com a elevação de ombro realizada nomomento em que o professor escreve no quadro em pontosacima de sua altura; a assimetria da cintura pélvica, presente em66,7% (n=18), com o apoio unipodal adotado pelos professoresdurante suas aulas; a cabeça anteriorizada, presente em 96,3%(n=26), com a extensão de cabeça realizada pelos professoresao escrever no quadro em pontos acima de sua altura; e, ombrosprotusos, presente em 51,9% (n=14), com a inclinação anteriorde tronco.

De acordo com o descrito acima e através dos resulta-dos do presente estudo, podemos inferir que as posturas de pée, principalmente, a sentada por tempo prolongado, adotadaspelos professores, podem ser danosas para a saúde dos mes-mos, sendo uma das responsáveis pela presença de dores nosdiversos segmentos corpóreos, principalmente na coluna.

CONCLUSÃOA presente pesquisa revela um forte compro-

metimento do sistema osteomuscular entre os pro-fessores avaliados, pois todos apresentavam dor empelo menos um segmento e por um período de maisde seis meses. Ou seja, ser professor é um fator derisco nas situações de posturas analisadas. Sugere-se assim a realização de mais estudos acerca das pos-turas adotadas em sala de aula com uma amostramaior, para elucidar melhor a relação entre os fato-res de risco o desenvolvimento de dor e alteraçõespostura is .

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Proposta Fisioterapêutica para Síndrome do Impacto do Ombro

em Nadadores de Competição

Physiotherapist Proposal for Shoulder Impact Syndromeon Competition´s Swimmers

Resumo

A natação é a segunda modalidade esportiva mais prati-

cada no Brasil e uma das lesões mais comuns neste esporte é

por impacto nos ombros de nadadores de competição denomi-

nado ombro de nadador ou Síndrome do Impacto do Ombro

(SIO). Este estudo avaliou os efeitos de um protocolo

fisioterapêutico para SIO em nadadores de competição. Partici-

param do estudo 22 nadadores de ambos os gêneros, do Espor-

te Clube Palestra de São José de Rio Preto-SP, com média de

idade de 16 anos, e para os quais foi aplicada a escala visual

analógica, um questionário, uma avaliação fisioterapêutica e

prescritos exercícios. O programa fisioterapêutico foi compos-

to por exercícios de alongamento estático e fortalecimento da

cintura escapular. Foram realizadas três sessões semanais com

duração de 50 minutos cada, totalizando 36 sessões. As princi-

pais queixas dolorosas identificadas foram dores nos ombros

(18.1%), seguidas de dor lombar (13.6%) e nos joelhos (9%). Na

avaliação inicial a dor foi definida como moderada em 90,9%, e

leve em 9% dos indivíduos. Após o programa de reabilitação

todos os indivíduos definiram-na como leve. A aplicação dos

testes específicos previamente à prática do programa foi positi-

vo em 27,2%. Na reavaliação os testes foram positivos apenas

em 0,16% dos sujeitos (p=0,002). Concluiu-se que o programa

fisioterapêutico adotado mostrou-se eficaz na redução das quei-

xas dolorosas em curto prazo.

Palavras-chave:Impacto do Ombro, Prevenção, Nadadores.

Gabriela Natália Ferracine1, Eder Rodrigues Fernandes2, Aline Margioti Zanella3

INTRODUÇÃO

A natação é a segunda modalidade desportiva mais prati-

cada no Brasil, tratando-se de uma atividade esportiva não trau-

mática que envolve todos os segmentos corpóreos simultanea-

mente e intensamente. As lesões por impacto nos ombros de

nadadores competitivos são denominadas “ombro de nadador”

ou Síndrome do Impacto do Ombro (SIO), isso ocorre devido a

compressão do manguito rotador (MR) entre a cabeça umeral e

o arco córacoacromial, provocada pela excessiva elevação do

braço acima de 90º (MARTINS, 2005; CONHEN e ABDALA,

Abstract

Swimming is the second most practiced sport in Brazil

and one of the most common injuries in this sport is due to

impact on shoulders of competition’s swimmers named

swimmer’s shoulder or shoulder impingement syndrome (SIO).

This study evaluated the effects of a physical therapy protocol

for SIO on competition’s swimmers. The subjects of this study

were 22 swimmers of both genders from Esporte Clube Palestra

de São José de Rio Preto-SP, with average age of 16 years-old,

and which for it was applied the visual analogue scale, a

questionnaire, performed a physical therapy assessment and

prescribed exercises. The physical therapy program consisted

of static stretching exercises and strengthening the shoulder

girdle. There were performed three sessions weekly lasting 50

minutes each, totalized 36 sessions at all. The main complaint

that we identified were pain in shoulders (18,1%), followed by

back pain (13,6%) and knees pain (9%). At initial assessment

pain was defined as moderate on 90,9%, and as mild on 9% of

subjects. After the rehabilitation program, all subjects defined

it as mild pain. The application of specific tests previously to

program practice was positive in 27,2%. At reassessment the

tests were positive only at 0.16% of subjects (p = 0.002). We

concluded that the physical therapy program adopted was

effective in decreasing the pain complaints in short term.

Key words:Shoulder Impingement Syndrome, Prevention, Swimmers.

2003; WEINSTEIN e BUCKWALTER, 1994).

Mais de 50% dos nadadores de elite sofrem de dores no

ombro, mais comum em nadadores dos estilos borboleta, livre e

costas. Segundo o Departamento de Medicina Esportiva do

USA Swimming, 65% a 85% dos nadadores competitivos per-

dem treinos por causa de dores nos ombros e 10% dos 50%

nadadores perdem competições (WEINSTEIN e

BUCKWALTER, 1994; FAGGIONI et al, 2005).

A prevenção e reabilitação para o ombro do nadador po-

dem impedir a progressão da lesão e a ruptura do MR. As braça-

das do estilo crawl têm um componente de rotação interna (RI)

mais forte que o componente de rotação externa (RE), portanto

Recebido: 14/01/0000

Aceito: 13/06/2010

Autor para correspondência: Gabriela Natalia Ferracini

E-mail: [email protected]

1. Alunos do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) de São José do

Rio Preto.

2. Fisioterapeuta, mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de São José

do Rio Preto (FAMERP), docente do curso de Fisioterapia da Universidade Paulista

(UNIP) de São José do Rio Preto.

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deve-se fortalecer os RE para obter um equilíbrio na relação dosRI e RE. Estudos revelam que exercícios feitos com faixas elásti-cas para o fortalecimento dos rotadores externos são mais efeti-vos depois da prática da natação, pois antes de nadar podemlevar o MR. a fadiga, aumentando assim, os riscos de lesões.(STOCKER e PINK, 1995; NEER, 1972). Neste sentido, este es-tudo objetivou avaliar os benefícios de um programafisioterapêutico para síndrome do impacto do ombro em nada-dores competitivos.

CASUÍSTICA E MÉTODOSApós aprovação pelo comitê de Ética e Pesquisa envol-

vendo seres humanos os participantes foram informados sobreos objetivos do estudo e, concordando em participar como vo-luntários assinaram um termo de consentimento livre e esclare-cido.

Participaram do estudo 22 nadadores de ambos os sexos,do Esporte Clube Palestra de São José de Rio Preto-SP, sendo15 do sexo feminino com idade entre 12 e 21 anos (media de15,53 anos) e 7 do sexo masculino com idade entre 14 e 20 anos(media de 16 anos). Todos eram nadadores profissionais da ligasecundária que mantinham uma rotina de treinamento de 3 a 4horas diária.

Na avaliação fisioterapêutica além da anamnese e examefísico da cintura escapular foi aplicado um questionárioinvestigativo e utilizado a escala visual analógica – EVA, comdescritores para intensidade da dor de 1 a 10 sendo 10 o piorescore.

Este questionário contém dados pessoais, práticas deexercícios físicos, estado geral de saúde, sintomasmusculoesqueléticos, estilo competitivo, freqüência e duraçãodo treino e tempo de prática do esporte. No exame físico foramrealizadas inspeção e exame funcional do ombro através demovimentos ativos e testes específicos (Testes de Neer, Speed,Hawkins-Kennedy e Yergason). Todos os testes foram realiza-dos com o indivíduo sentado. Foram incluídos os nadadoresque relataram dor à palpação e em pelo menos um dos testes.

O programa fisioterapêutico foi composto por exercíciosde alongamento estático e fortalecimento da cintura escapularcom resistência elástica do tipo Thera Band verde (intensidadeleve), progredindo para Thera Band cinza (intensidade modera-da), sendo três séries de dez repetições. Foram realizadas trêssessões por semana logo após o treinamento, em dias alterna-dos, com duração de 50 minutos, sendo 20 minutos de alonga-mento e 30 minutos de fortalecimento, totalizando 36 sessões.Todos os exercícios foram realizados com os nadadores em po-sição ortostática.

Os dados colhidos e os resultados referentes aos nada-dores competitivos foram correlacionados e submetidos à aná-lise estatística pelo teste t student.

RESULTADOSIdentificou-se que a principal queixa de todos os nadado-

res é a dor, intensificada com o movimento articular, especial-mente após competição e durante certas condições climáticas.A fadiga após competição foi relatada por todos os participan-tes. Apenas quatro (18,1%) participantes, além da natação, pra-ticavam regularmente outros esportes que utilizam os membrossuperiores: dois voley e dois academia.

Na avaliação inicial a dor foi relatada como moderada em90,9% e leve em 9% dos indivíduos, após o programa de reabi-litação todos os indivíduos relataram-na como leve.

Com relação a intervenção fisioterapêutica, nove nada-dores (40,9%) já precisaram de atendimento, quatro nadadores(18,1%) devido a dores no(s) ombro(s), três (13,6%) por doreslombares e dois (9,0%) com dores no(s) joelho(s). Nenhumparticipante (100%) havia se submetido a um tratamento cirúrgi-co.

O estilo competitivo predominante entre os nadadores foio nado crawl (31,8%), seguido do nado borboleta (27,2%), cos-tas (18,1%), peito (13,6%) e medley (9,0%), conforme mostradona tabela 1.

A aplicação dos testes específicos previamente à práticado programa foi positivo em 27,2%. Na reavaliação apresentou-se positivo em apenas 0,16% (p=0,002). Ilustrado no gráfico 1.

DISCUSSÃOConstatou-se que o programa preventivo adotado re-

duziu as queixas dolorosas, mostrou benefícios na qualida-de e rendimento dos treinamentos, além de sensação debem estar, favorecendo maior adesão aos treinamentos. Ossintomas dolorosos no(s) ombro(s) estiveram presentes em97,83% dos entrevistados, da mesma forma, no estudo rea-lizado por RAGASSON e STABILLE em 2001, com 82% derelato de dores no(s) ombro(s).

Além das dores no ombro, os sintomas mais relatadospelos nadadores foram coluna lombar (33%) e joelho (10%),condizendo com o estudo realizado por GIORDANO e cola-boradores em 2000 tendo relatado 52% dor lombar, seguidode joelho (33%), torcicolo (24%), tornozelo e cotovelo(12%).

Alguns autores acreditam que as causas da grandeincidência de quadros dolorosos no(s) ombro(s) dos nada-dores de alto nível estão relacionadas a sobrecarga edesequilíbrio das estruturas anatômicas devido ao grandevolume e intensidade de treinamento e também ao uso in-correto de técnicas de nado que ocorre quando há fadiga,excesso ou falta de flexibilidade e déficit proprioceptivo(SCHWARTZMANN et al, 2005 e KAPANDJI, 1990).

Em relação à predominância da lesão, os achados des-ta pesquisa são semelhantes ao da literatura. Todavia, po-demos dizer que a freqüência maior de lesão no membrosuperior direito pode estar relacionada com a dominância ea lesão pode ser resultado de maior sobrecarga mecânica(KAGAN, 2008 e TRUIT, 2003).

O estilo competitivo parece estar relacionado com asdores nos ombros, TRUIT em 2003 afirmou que cerca de80% dos nadadores com dor no ombro eram especialistasem nado crawl, corroborando com nosso estudo que apre-sentou prevalência de 31,8% de dor no ombro também nosespecialistas em nado crawl.

A fisioterapia preventiva com exercícios de alonga-mento pela técnica de Faci l i tação NeuromuscularProprioceptiva, exercícios de fortalecimento muscular es-pecífico e exercícios proprioceptivos, possibilita melhor ren-dimento esportivo e aproveitamento do treinamento e podeimpedir a progressão da lesão e a ruptura do MR(SCHWARTZMANN et al, 2005 e KAPANDJI, 1990; KISNERe COLBY, 2005 e TRUIT, 2003).

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Volume 2 • Número 3 • maio/junho de 2010

movimento & saúde • REVISTAINSPIRAR

CONCLUSÃOConclui-se que o programa fisioterapêutico adotado mos-

trou-se eficaz na redução, em curto prazo, das queixas doloro-sas.

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TABELAS E GRÁFICOS

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