Revista Cietec Info 03

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Publicação mantida pelo Centro Incubador de Empresas Tecnológicas, localizado na Cidade Universitária, campus da USP. A revista tem como tema a inovação e o empreendedorismo.

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Sérgio Rezende: Ministro da Ciência e Tecnologia analisa os quatroanos da Lei da Inovação e revela os investimentos no setor

INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E TECNOLOGIA 3ª EDIÇÃO - DEZEMBRO DE 2009

Novo habitatEstudo revela mudançasno perfil geoeconômico

da maior metrópoleda América do Sul

Economia criativaEles se divertem e

ainda lucram com isso

Como o Brasil está fazendo a lição de casa para se igualar aos outros países emergentes quando o assunto é competitividade tecnológica

DNA da inovação

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EditorialíndicE

assado um ano do início da crise global, grande parte dos economistas e líderes empresariais do mundo todo conver-ge para uma conclusão: a solução virá

mesmo do Bric, bloco dos países emergentes, composto por Brasil, Rússia, Índia e China, respectivamente. Coincidentemente ou não, algumas dessas nações também encabeçam a lista daquelas que mais têm direcionado esfor-ços e investimentos na criação de mecanismos de incentivo ao empreendedorismo inovador.

Basta vermos os levantamentos feitos pelo Banco Mundial sobre a porcentagem do PIB que os países do Bric direcionam à área de inovação para compreendermos que o assunto entrou de vez na agenda pública de discussões. Está certo que, para alguns, em um ritmo menos acelerado, como é o caso do Brasil.

Nesta edição da Cietec.Info, trazemos o raio x desse setor em nosso país, com uma visão acerca das principais fontes de recursos disponíveis para empresas de base tecnológi-ca, oriundas de incubadoras e parques, e o “beabá” que ainda precisa ser feito para al-cançarmos indicadores satisfatórios.

Em entrevista exclusiva, Sérgio Rezende, Ministro da Ciência e Tecnologia, faz um ba-lanço sobre os quatro anos da Lei da Inova-ção e defende o estreitamento de vínculos com a iniciativa privada de modo a reduzir a concentração dos projetos de pesquisa sobre novos produtos e serviços nas universidades e centros de pesquisa. Para o titular da pasta, é preciso deixar as críticas de lado e começar a enxergar “quem está fora da curva”, atuando com excelência dentro do modelo proposto.

E por falar em formatação de modelos, o estado de São Paulo ganha finalmente sua Rede Paulista de Incubadoras, que já nasce vi-toriosa, com 55 entidades associadas e mais de 800 empresas incubadas. A RPI surge sob a chancela do cooperativismo, do comparti-lhamento de ideias e experiências dentro de critérios de competitividade sadia.

A Revista traz ainda a opinião dos fun-dos de investimentos sobre os negócios nascidos em incubadoras e parques, a im-portância da governança corporativa na web e o crescimento dos negócios em bio-tecnologia. Boa leitura!

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O Cietec.Info é uma publicação do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia

Conselho Editorial: Cláudio Rodrigues, Sérgio Wigberto Risola, Franco Margonari Lazzuri,José Ricardo Gonçalves de Mendonça, Leila Gasparindo, Luis Gustavo Malzone, José Carlos de Lucena, Maurício Susteras, Eduardo Giacomazzi, Oscar Enrique de Moraes Nunes

Coordenação Geral: Sérgio W. RisolaCoordenação de Marketing: Eduardo GiacomazziCoordenação de Conteúdo: José Aluízio GuimarãesProdução Gráfica, Editorial e Design: Trama Comunicação Jornalista Responsável: Leila Gasparindo MTB 23.449Editora: Helen Garcia MTB 28.969Editor Assistente: Adriano Zanni MTB 34.799Redação: Adriano Zanni, Fernanda Angelo, Larissa Baroni, Simone Bernardes e Vivian PeresRevisão: Gisele C. Batista Rego (Istarion)Sugestões e informações: [email protected]

Apoio

Parceiros Estratégicos

Expediente

14 EnTER 16 incentivo Lei de Informática

21 vIéS

25 DIRETRIz Por Cláudio Rodrigues

26 inovAÇÃo nA SUA viDA Biotecnologia

28 entreviStA Marcelo Dini, Sebrae-SP

30 pArceriAPrograma Microsoft SOL

32 inveStiMentoCapital de risco

35 inStitUcionAl

36 StAnD by

38 vISÃO Por Sérgio Risola

07cApA

DNA da inovação

22HAbitAtS DA inovAÇÃoSão Paulo apresenta seu novo atlas geoeconômico

18MercADo

Economia criativa impulsiona

novos negócios em parques e

incubadoras

04entreviStASérgio Rezende Ministro da Ciência e Tecnologia

DEZEMBRO 2009

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Diretoao ponto

o Brasil, para alguns, predomina a ideia quase recorrente de que muita ciência é produzida, mas pouca riqueza de fato é traduzida em produtos e serviços de

valor agregado. Dessa forma, a maior parte de nossa produção científica continuaria restrita à área acadêmica, sem desdobramentos signifi-cativos para o mercado.

Em entrevista exclusiva à Cietec.Info, Sérgio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, re-bate a teoria e afirma que é preciso ter cautela quanto à análise. Para o titular da pasta, é fun-damental considerar que a pesquisa científica e a formação de pesquisadores são atividades muito recentes na universidade brasileira, com menos de meio século.

Segundo Rezende, o esforço inicial, ocorri-do principalmente na década de 1970, foi o de criar um sistema de formação de pessoal técni-co-científico de alto nível e uma infraestrutura de laboratórios capaz de suportar uma razoável produção de conhecimento. Por outro lado, o modelo de industrialização adotado pelo Brasil foi o de internalizar plantas dos setores conside-rados dinâmicos da economia mundial, como por exemplo, o automobilístico.

“Isso foi feito com sucesso do ponto de vista da modernização da estrutura produtiva quando comparada com as principais econo-mias do mundo no início dos anos 80. Mas, este modelo não demandava a instalação em paralelo de um forte sistema nacional de ino-vação. Além disso, tivemos crises econômicas, derivadas dos processos inflacionários e da dí-vida externa, que contribuíram também para que o Brasil se atrasasse em sua preparação. Em resumo, precisamos compreender que, de fato, temos um atraso motivado por condições desfavoráveis no passado recente e mais remo-to com o tardio nascimento do ensino superior entre nós. Contudo, se considerarmos o quão jovem ele é, podemos dizer que avançamos bem rápido. Este fato é animador porque de-monstra que temos capacidade de realização neste campo e competência na formulação das políticas de fomento”, destaca.

O Ministério tem investido em incu-badoras e parques tecnológicos, entre-tanto, esse tema ainda não conquistou um lugar definitivo na agenda da mídia e do próprio governo. O desconhecimento da dimensão das políticas públicas para o setor não prejudica uma maior partici-pação de empreendedores, empresários e investidores?

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A experiência mundial mostra que, em al-gumas regiões, esses arranjos foram importan-tes como âncoras do desenvolvimento local, ou mesmo nacional, no caso de países pequenos. Também mostra que muitos dos instrumentos utilizados pela política de fomento à inovação somente foram efetivos quando implementados a partir da articulação de atores localizados na área geográfica de influência e relevantes para o processo naquele plano. As experiências hoje exitosas no Brasil mostram a presença de insti-tuições produtoras de conhecimento e envolvi-das em parcerias com empresas, de governos subnacionais ativos na promoção da inovação e de empresários de segmentos inovadores muito comprometidos com a iniciativa do parque ou incubadora. São estes os ingredientes básicos para que tais instrumentos possam influir no desenvolvimento local ou regional. Os recentes investimentos do MCT em parques tecnológicos em vários estados e os novos instrumentos de apoio financeiro criados pela Finep para empre-sas inovadoras são percebidos pelos investidores e empresários como indicação de que o governo acredita que este é um caminho para desenvol-ver as empresas brasileiras.

A Promoção da Inovação Tecnológica nas Empresas é um dos quatro eixos cen-trais do Plano de Ação de Ciência, Tecno-logia e Inovação para o Desenvolvimento nacional. Que avaliação o senhor faz do Plano, pouco mais de um ano após o go-verno anunciá-lo?

Minha avaliação é positiva. Um aspecto que sempre procuro destacar na condução do PACTI é de que ele incorporou o conceito de inovação à política científica e tecnológica do país. E isso se deve a uma razão muito lógica: em qualquer nação do mundo o progresso tec-nológico só promove justiça social se for capaz de transformar conhecimento em riqueza e, por consequência, gerar empregos e oportuni-dades. Um dos instrumentos que estimulam as empresas a interessar-se pela inovação é o Pro-grama de Subvenção Econômica, cujos recur-sos não precisam ser devolvidos. Após a seleção e comprovação da viabilidade técnica e econô-mica dos projetos, os recursos são liberados de acordo com a evolução do projeto. Em 2006, quando foi criado, o programa disponibilizou R$ 300 milhões a 145 projetos. Entre 2007 e 2009, os recursos são de R$ 1,3 bilhão, benefi-ciando 564 projetos.

O senhor anunciou recentemente no-vos recursos para o Sibratec, quais são as expectativas do Ministério em relação a esse sistema?

A Lei da Inovação abriu possibilidades

para um grande número de ações envolvendo os setores público e privado, antes

inviáveis por falta de autorização legal

Estamos confiantes que o Sibratec (Sistema Brasileiro de Tecnologia) vai contribuir muito para o desenvolvimento tecnológico das em-presas nacionais. Ele se espelha no modelo da Embrapa, muito bem-sucedido, e de institui-ções estrangeiras como a organização alemã Fraunhofer, que congrega 60 institutos tecno-lógicos que trabalham em projetos especiali-zados. A Coreia também tem uma experiência semelhante para apoiar institutos de pesquisa de pequenas e médias empresas. O Sibratec apoia atividades de P&D voltadas para a ino-vação em produtos e processos, conforme as prioridades da política industrial, tecnológica e de comércio exterior. O sistema terá, no biênio 2009/2010, recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da ordem de R$ 120 milhões. Os recursos virão tanto do governo quanto do setor produtivo. A contrapartida deve ser de, no mínimo, 20%. A atuação do Sibratec será descentralizada e os estados terão a tarefa de fazer a interfa-ce com as instituições participantes. Já foram aprovadas 8 redes estaduais no valor de quase de R$ 21 milhões. Esperamos chegar a todos os estados em médio prazo. Estão em fase de implementação 19 Redes Temáticas de Serviços Tecnológicos, envolvendo 469 participações la-boratoriais, pertencentes a 53 instituições.

Quais são as políticas do MCT para esti-mular grandes empresas multinacionais a investir em P&D aqui no Brasil?

Os mecanismos de financiamento existentes e, especialmente, os incentivos proporcionados

pela Lei do Bem já apresentam bons resultados e precisam de mais tempo para consolidação. Acredito que ainda é cedo para sugerir necessi-dade de ampliação de seu escopo. Se perceber-mos necessidade de alterar qualquer dispositivo ou instrumento legal, não há dúvida que isso será feito. Vejam, por exemplo, a Lei da Infor-mática, que está em vigor há muitos anos e tem sido aperfeiçoada ao longo do tempo para acompanhar a evolução do setor.

Como o Ministério pode incentivar a cooperação com ICTs, parques tecnológi-cos e incubadoras nessa área?

Desde 2003, o país conta com uma política de ciência e tecnologia que tem prioridades, fo-cos e recursos financeiros. O PACTI é resultado de uma forte articulação institucional do gover-no federal com estados e municípios, empresá-rios, comunidade científica e organizações da sociedade. O primeiro eixo prioritário do PACTI trata da consolidação institucional do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação. O Ministério também lança encomendas para incluir os estados que não são atendidos por meio de chamadas públicas. Com isso, alguns se utilizam de programas, como o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe), o Pappe Subvenção e o Juro Zero. Para a conso-lidação do Sistema, também são necessários a gestão compartilhada das Fundações de Apoio à Pesquisa dos estados (FAPs) e o trabalho de convencimento de cada unidade da Federação para a importância da implementação de suas leis estaduais de inovação.

E como incentivar também o crescente número de pequenas empresas nacionais a fazer o mesmo?

Para o segmento de pequenas empresas, existe um leque de instrumentos de apoio que vai desde programas de assistência tecnológica até instrumentos de financiamento não reem-bolsável. Procura-se com essa diversidade de mecanismos atender à heterogeneidade deste segmento empresarial. O Sistema Brasileiro de Tecnologia, cuja implementação iniciou-se em 2008, tem por objetivo facilitar as condições de interação entre instituições de apoio ao desen-volvimento tecnológico e as empresas, com ên-fase especial nas pequenas empresas. A Finep, que é a agência de inovação brasileira, opera um conjunto de instrumentos destinados a pro-mover aumento das atividades de inovação e incrementar a competitividade das empresas e da economia brasileiras. Um dos mais interes-santes é o Programa de Subvenção Econômica. Os recursos destinados à subvenção econômi-ca são aplicados no custeio das atividades de

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EntrEViSta séRgiO REZEnDE

pesquisa e desenvolvimento tecnológico de produtos e processos inovadores nas empresas nacionais, com vistas a atender aos objetivos e às prioridades da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior. Especificamente para as micro e pequenas empresas, há o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe Subven-ção). A operacionalização do Pappe ocorre de forma descentralizada, graças a parcerias com instituições estaduais, em especial com as Fun-dações Estaduais de Apoio à Pesquisa (FAPs). São essas instituições estaduais que lançam editais em seus respectivos estados para sele-ção de projetos de empresas organizadas em Arranjos Produtivos Locais. O Prime (Programa Primeira Empresa Inovadora) vai receber recur-sos superiores a R$ 1 bilhão em quatro anos para investir em empresas nascentes de base tecnológica. Estamos trabalhando em forte ar-ticulação com os estados, procurando parcerias que consolidem o Sistema Nacional de Tecnolo-gia e ampliem a capilaridade das ações

Que balanço o senhor faz dos primei-ros quatro anos de funcionamento da Lei da Inovação? Como é possível ampliá-la?

A Lei da Inovação abriu possibilidades para um grande número de ações envolvendo os se-tores público e privado, antes inviáveis por falta de autorização legal ou mesmo impedimento face às normas então vigentes. No entanto, é preciso compreender que, sob vários aspectos, ela autoriza e não determina. Isso quer dizer que as instituições públicas, por meio de suas procuradorias jurídicas, órgãos internos de de-liberação e núcleos de inovação, devem difun-dir internamente e normatizar, quando for o caso, os novos procedimentos permitidos. Os resultados proporcionados pela Lei serão mais

expressivos quanto mais intensa for a mudança de comportamento nas instituições em favor da dinâmica da inovação.

Quais são as principais dificuldades encontradas para que os instrumentos de incentivo à inovação no setor industrial, como a Lei da Inovação, Lei do Bem e dos Fundos Setoriais, alavanquem o setor?

A capacidade de resposta do setor priva-do aos estímulos da política de inovação varia em função das condições macroeconômicas e do tamanho das empresas. À medida que as condições macro se tornam mais estáveis, é possível contar também com políticas mais favoráveis às atividades inovadoras e maiores investimentos das empresas. Nesse ponto, não há dúvidas que avançamos bastante. No caso dos incentivos fiscais, o número de empresas que o utilizavam passou rapidamente de pouco mais de 30 por ano, para pouco mais de 300 em 2007.

Talvez se possa falar de alguma dificuldade no segmento de pequenas e médias empre-sas. Neste caso, o grande envolvimento do empreendedor com as atividades rotineiras da firma parece explicar o menor uso dos variados instrumentos existentes. Há ainda um grande espaço para interação e parcerias com os cen-tros tecnológicos. No Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o período 2007-2011, introduzimos vários programas que bus-cam atuar sobre o desafio de contribuir para que empresas pequenas elaborem e executem seus projetos de inovação.

Há no Ministério um grupo permanente que acompanha as ações decorrentes da Lei

de Inovação e suas complementares. Esse grupo faz consultas frequentes a diversas representações empresariais. Os resultados demonstram uma aprovação muito positiva dos dispositivos legais atualmente em vigor. Existem demandas de aperfeiçoamentos no plano administrativo e gerencial de alguns procedimentos que nos levaram a propor um grupo de trabalho interministerial, que terá o objetivo de analisar e propor as ações neces-sárias ao atendimento dessa demanda sempre que julgado pertinente. Um aspecto bastante elogiado da Lei do Bem é o automatismo nos uso dos incentivos para P&D, conquista que desejamos preservar.

Qual a avaliação inicial do ministério em relação ao primeiro edital do Progra-ma Prime?

Os primeiros resultados são muito promis-sores. Para este ano, a previsão da Finep é de investir R$ 230 milhões. Cada empresa selecio-nada receberá financiamento de R$ 240 mil. A metade desse valor será concedida no primeiro ano e a empresa poderá utilizá-lo para estru-turar seu plano de negócios, contratar consul-tores. O mais importante é que nessa primeira parte, de R$ 120 mil, ela recebe recursos não reembolsáveis, provenientes do programa de subvenção econômica. Isso dá um fôlego mui-to grande ao empreendedor para estruturar seu negócio.

A partir dessa recente experiência do Prime, de que forma o senhor avalia as incubadoras como agentes descentraliza-dos da Finep?

O Prime é um programa complexo e de abrangência nacional, exigindo uma grande infraestrutura de operacionalização. Por isso, a Finep trabalha com operadores descentraliza-dos, chamados de incubadoras-âncora, com os quais firma convênios de cooperação institucio-nal. São 17 incubadoras-âncora que operam o programa e cabe a cada uma delas analisar e selecionar as propostas e repassar diretamente os recursos aos selecionados.

Como o senhor vê a participação do Cietec no apoio à inovação e ao empreendedorismo?

O Cietec tem um histórico de bons servi-ços prestados aos negócios de base tecnoló-gica no Brasil. É um parceiro importante do Ministério da Ciência e Tecnologia no que diz respeito a iniciativas inovadoras e temos as melhores expectativas de seu trabalho como entidade gestora de uma das incubadoras-âncora do Prime.

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Muita ciência, pouca riquezaPotencial inovador do Brasil deve ser fortalecido a partir de alianças entre governo, iniciativa privada e academia. A parceria possibilita a geração de resultados competitivos, equiparando o país ao desempenho da Coreia do Sul, China, Índia e FinlândiaPor Larissa Baroni

o mesmo tempo em que é respon-sável por 2,1% da produção cientí-fica mundial, com a publicação de 30.451 artigos em 2008, o Brasil re-

presenta 0,06% do número de patentes. De um lado, a produção do conhecimento comemora a expansão de 56% em rela-ção ao desempenho de 2007, mantendo o destaque entre os países da América Latina e superando, pela primeira vez, a Rússia e a Holanda. De outro, o desenvol-vimento tecnológico ocupa a 28ª posição do ranking mundial do United States Pa-tent and Trademark Office (USPTO), com 101 registros em 2008, perdendo espaço para China (1.536) e Índia (636).

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tenção do auxílio”, pontua. Na opinião do secretário, no entanto, o dinheiro, ainda que exerça um papel fundamental no pro-cesso de inovação, por si só não garante a transformação desejada. “O procedimen-to também está diretamente relacionado a uma mudança cultural no país”, acrescen-ta Mota, que demonstra ser bastante oti-mista ao dizer que tanto o setor industrial quanto a academia já atentaram para essa necessidade de transformação.

Toque da legislação brasileiraA dificuldade do Brasil em transfor-

mar conhecimento em riqueza, de acordo Dirceu Teruya, pesquisador do Instituto Nacional de Propriedade Indústria (Inpi), está na falta de articulação entre os três agentes responsáveis pela inovação no país: governo, empresa e academia. “A cultura brasileira ainda não aprendeu a direcionar a construção da ciência ao processo inovador”, relata. Para ele, no entanto, o fator limitador tem sido rever-tido com a da Lei de Inovação (10.973, de 2 de dezembro de 2004) e da Lei do Bem (11.196, de 21 de novembro de 2005). “É um marco legal que incentiva e pro-move uma maior aproximação entre esses universos”, aponta.

Com as medidas legais, o financia-mento da pesquisa ganha novos ares, dentro e fora das universidades. Além de viabilizar subvenções econômicas para todos os níveis do setor empresarial – das micro às grandes empresas –, a legislação prevê isenção fiscal àquelas que investi-rem em inovação. O potencial das ações, segundo Mota, já pode ser medido. “Nos últimos quatro anos, conseguimos au-mentar o número de ações, bem como de parcerias entre empresas e universidades direcionadas ao setor inovador. E mais, há cerca de 600 empresas que já fazem uso dos incentivos fiscais por estarem inovan-do”, conta o secretário.

Ainda que reconheça os benefícios das iniciativas legais, Roberto Nicolsky, diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-inovação Tecnológica na Indústria (Protec), aponta alguns entraves que ainda emperram a ex-pansão tecnológica do país. “A restrição da isenção fiscal ao Imposto de Renda atende apenas a instituições que vivem momentos de grandes lucros”, contesta. Ele ainda afir-ma que o benefício fiscal acaba não favore-cendo as micro e pequenas empresas.

O reduzido número de patentes é, no entanto, apenas um dos indicadores da deficiência da transformação de conhe-cimentos em resultados práticos do país. Segundo estudo desenvolvido pelo Banco Internacional para Reconstrução e De-senvolvimento (Bird), o desempenho do Brasil é inferior ao de outras nações em desenvolvimento, como Coreia do Sul, China, Índia e Rússia. Um dos motivos é o baixo investimento em inovação. Enquan-to o setor brasileiro recebe apenas 0,98% do Produto Interno Bruto (PIB), a China aplica 1,22% e a Coreia do Sul, 2,53%. A situação da Finlândia é ainda melhor: de acordo com dados da embaixada, em 2006, o país investiu 3,5% do PIB em pesquisa e desenvolvimento.

O secretário de Desenvolvimento Tec-nológico e Inovação do Ministério de Ci-ência e Tecnologia (MCT), Ronaldo Mota, reconhece que a verba disponibilizada para o setor de inovação é insuficiente para as demandas da economia brasileira. No entanto, acredita que, apesar das ne-cessidades de avanços serem reais, o país vive panorama positivo. “Temos uma forte comunidade acadêmica, que se destaca na produção do conhecimento, além de um setor empresarial cada vez mais agressivo e dinâmico. A capacidade de financiamen-to impulsiona ainda mais o potencial do Brasil”, aponta Mota.

Atualmente, a principal fonte de apoio à inovação do Brasil é o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (FNDCT). O orçamento da iniciativa para 2009 – cerca de R$ 2 bilhões – é cinco vezes maior do que o recurso disponível para 2002, quando foram executados R$ 350 milhões. “Mesmo com os reflexos da crise econômica mundial, os recursos para ciência e tecnologia no Brasil não diminu-íram”, afirma Luiz Antonio Coelho Lopes, superintendente da área de inovação para a competitividade empresarial da Financia-dora de Estudos e Projetos (Finep).

Apesar da expansão, a verba do gover-no federal ainda é inferior à demanda. A Finep, segundo Lopes, estima um público de aproximadamente R$ 3,2 bilhões. Uma previsão 60% superior a sua capacidade orçamentária. “Isso considerando todos os projetos inscritos e sem avaliar suas qualificações. Mas, ao menos, 50% deles atingem os requisitos básicos para a ob-

Mesmo com os reflexos da

crise econômica mundial,

os recursos para ciência e tecnologia no Brasil não diminuíram

Luís Antonio Coelho Lopes, Finep

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POR DEnTRO DOS MARCOS LEGAIS

Com o intuito de alcançar autonomia tecnológica e impulsionar o desen-volvimento do país, em 2005, o go-verno brasileiro regulamentou a Lei de Inovação. O marco legal é orga-nizado em três eixos estratégicos. Ao mesmo tempo em que visa constituir com a parceria entre universidades e empresas, também estimula a par-ticipação de institutos de ciência e tecnologia no processo produtivo e a inovação no setor industrial.

Além disso, a legislação regulamen-ta o instrumento de subvenção no país que prevê o aporte de recursos públicos, não reembolsáveis, direta-mente às organizações inovadoras. A verba, segundo o documento, é de-finida anualmente por meio de por-taria interministerial e direcionada às prioridades definidas na Política Industrial, Tecnológica e de Comér-cio Exterior (Pitce).

Os dispositivos legais para a incuba-ção de empresas no espaço público e a possibilidade de compartilhamento de infraestrutura, equipamentos e recursos humanos para o desenvol-vimento tecnológico também estão descritos na Lei de Inovação. Outro avanço propiciado pela iniciativa é a participação do pesquisador público nos processos de inovação tecnológi-ca desenvolvidos no setor produtivo.

Mas, para ampliar os benefícios às empresas inovadoras no país, o go-verno federal também instituiu, em 2007, a Lei do Bem. A medida prevê incentivos fiscais para pessoas jurí-dicas que realizam pesquisa e desen-volvimento de inovação tecnológica. Há oportunidades em deduções no Imposto de Renda como na Contri-buição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e ainda no Imposto sobre Pro-dutos Industrializados (IPI).

Nicolsky também faz crítica à verba disponibilizada para as subvenções eco-nômicas prevista na Lei de Inovação. “O Brasil arrecada das indústrias cerca de R$ 3 bilhões por ano. No entanto, disponibiliza ao setor, por meio de subvenções, apenas 450 milhões”, compara. Para ele, o país ainda tem muito que avançar, até porque não conseguiu atingir sua autossustenta-bilidade. “É preciso mudar a atuação pú-blica, que aumenta seu déficit tecnológico mundial com a exportação de matéria-prima e a importação de equipamentos de última geração”, sugere. O diretor garan-te que o déficit brasileiro saltou de US$ 33 bilhões, em 2007, para US$ 57 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvol-vimento, Indústria e Comércio (Mdic). Só no primeiro semestre de 2009, a indústria chinesa arrecadou mais do que o dobro do angariado pelo mercado brasileiro em um ano. Segundo o governo chinês, o setor acumulou ganhos de US$ 859,60 bilhões.

Trabalho integradoO esforço na busca de inovação, no

entanto, não pode se restringir às esferas públicas. Na opinião de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Funda-

INVESTIMENTO DO PIBEm iNovAção (%)

0,981,22

2,53

3,50

Brasil

Fonte: Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird)

China Coréia do Sul Finlândia

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capa DnA DA inOvAçãO

Amazonas Fapeam - R$ 32 milhões

São Paulo Fapesp – R$ 50 milhões Fundo Criatec - R$ 100 milhões, compartilhados com outros cinco estados brasileiros BandeiranTI/Confrapar – R$ 30 milhões Brasil São Paulo – R$ 120 milhões

Mato Grosso Fapemat - R$ 40,3 milhões

ParanáFundação Araucária - R$ 3,3 milhões

Rio de Janeiro Fundo Criatec - R$ 100 milhões, compartilhados com outros cinco estados brasileiros NascenTI/Confrapar – R$ 25 milhões Faperj – R$ 80 milhões

NacionalSebrae - R$ 10 milhõesFNDCT - R$ 2 bilhões

PRINCIPAIS FONTES DERECuRSoS DiSpoNívEiS

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NordesteSudene/Banco do Nordeste -

R$ 27 milhões

BahiaFapesb - R$ 24,1 milhões

Pará Fundo Criatec - R$ 100 milhões, compartilhados com outros cinco estados brasileiros Fapespa - R$ 26 milhões

Pernambuco Fundotec II - R$ 77,4 milhões, compartilhados com Pernambuco

Minas Gerais Fundo Criatec - R$ 100 milhões, compartilhados com outros cinco estados brasileiros HorizonTI/ Confrapar – R$ 20 milhõesRotatec/Confrapar – R$ 12 milhões Fundotec II - R$ 77,4 milhões, compartilhados com PernambucoMinas Biotecnologia – R$ 10 milhões Fapemig - R$ 22,1 milhões

Ceará Fundo Criatec - R$ 100 milhões, compartilhados com outros cinco estados brasileiros

Santa CatarinaFundo Criatec - R$ 100 milhões, compartilhados com outros cinco estados brasileiros Fundo SC – R$ 12 milhões Fapesc - R$ 50 milhões

Distrito Federal FAPDF - R$ 96 milhões

ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), as empresas brasilei-ras precisam se convencer da necessidade de usar os instrumentos previstos em lei e ainda seus próprios recursos para investir no setor. “Os recursos governamentais são equivalentes aos da maioria dos países. A verba disponibilizada pelas empresas é que ainda é muito baixa”, acredita. No entan-to, enfatiza uma mudança nesse cenário. “Por muito tempo, as companhias brasilei-ras conseguiram sobreviver sem inovação. Agora, já começam a sentir os reflexos de uma gestão empresarial sem esse investi-mento”, alerta.

Um exemplo dessa problemática é verificado ao analisar o número de pes-quisadores do setor produtivo. “O Brasil forma em média 10 mil doutores por ano. No entanto, apenas 1,9% é incorporado pela indústria brasileira”, comenta Brito Cruz. Segundo ele, a realidade do país é muito diferente de nações que mantêm destaque no setor inovador, como os Es-tados Unidos.

Na visão de Rafael Lucchesi, diretor de operações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), metade de tudo o que se investe em Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil vem do setor privado. Em 2007, de acordo com a CNI, as empresas aplicaram R$ 17,5 bilhões em inovação. Desse total, 76,6% (R$ 13,4 bilhões) saíram do caixa das próprias instituições e 23,4% (R$ 4,1 bilhões) tiveram apoio governamental. “O problema está na intensidade dos inves-timentos privados. O volume das verbas disponíveis para o setor ainda é muito pe-queno”, destaca.

Segundo Nicolsky um dos grandes en-

traves é que, para investir em inovação, as empresas precisam correr riscos, dispor de tempo e recursos. “Muitas, porém, não têm condições de assumir o preço da ou-sadia e colocar todo o seu negócio em xe-que. É aí que deve entrar o governo: para ratear o risco com o setor empresarial”, pontua o diretor da Protec, que enfatiza a falta de visão da política pública brasileira nessa direção. “O compartilhamento do risco tecnológico é inclusive consagrado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que diz que todo país tem o di-reito de subsidiar a inovação tecnológica com até 75% de seu PIB. Isso é o que não fazemos”, argumenta.

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capa RAiO x DA inOvAçãO

Por muito tempo, as companhias

brasileiras conseguiram

sobreviver sem inovação. Agora,

já começam a sentir os reflexos de uma gestão empresarial sem

esse investimento Carlos Henrique de Brito Cruz, Fapesp

Para as empresas nascentes, por exemplo, a Finep disponibiliza o progra-ma Primeira Empresa Inovadora (Prime). A iniciativa prevê, em primeira instância, a concessão de R$ 120 mil, por meio de subvenção econômica, que deverão ser empregados na remuneração de técnicos especializados e na contratação de consul-torias de marketing e gestão. O recurso do programa integra o FNDCT.

Segundo Mota, o fundo prioriza proje-tos nas áreas consideradas prioritárias para o desenvolvimento do país, tais como ma-nufatura, bens de capital, microeletrônica, tecnologias da informação e comunica-ção, componentes eletrônicos, bioetanol, fármacos e medicamentos. Lopes ressalta que basta as iniciativas estarem ligadas a um processo inovador.

O MCT não é o único órgão que inves-te no setor de inovação do país. As empre-sas brasileiras também podem recorrer aos programas do Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco da Amazônia, da Agência de

Para transformar o atual panorama bra-sileiro, Teruya aponta a união das compe-tências do setor acadêmico e empresarial como alternativa. “Uma aproximação que além de ser possível pela legislação, conta com a colaboração especial das incubado-ras e dos parques tecnológicos espalhados por todo o país”, aponta. Juntos, de acor-do com ele, os segmentos estarão mais aptos a superar a restrição orçamentária. “Em união, conseguem produzir tecnolo-gias – uma propiciando verba e a outra, ferramentas e infraestrutura”, descreve.

Opções de financiamento e recursosApesar de o Brasil estar longe do cená-

rio ideal, não se podem ignorar as ações existentes para impulsionar os investimen-tos em inovação. Além do FNDCT, há ou-tras formas de financiamento que podem auxiliar projetos que priorizem a criação de tecnologias para a sobrevivência das empresas brasileiras tanto no mercado nacional, quanto no internacional. “As possibilidades são menores para as micro e pequenas organizações, mas as opções existem”, diz Teruya.

capa DnA DA inOvAçãO

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Apoio ao Empreendedor e Pequeno Em-presário (Sebrae) e das Fundações de Am-paro a Pesquisa (FAP’s).

A Fapesp, segundo Brito Cruz, mantém

quatro editais anuais que investem em co-operações entre universidade e empresa na produção de inovação. “As organizações precisam ter um conjunto de pesquisado-res como colaboradores, além de ter tradi-ção em pesquisas”, descreve. Já o foco do Sebrae está nas micro e pequenas empre-sas. “Trabalhamos com a formação delas no sentido de sensibilizá-las a respeito da importância da inovação”, relata Maria de Lourdes da Silva, representante da Unida-de de Inovação e Acesso à Tecnológica da agência. Ela também aponta a existência de editais de apoio a empresas incubadas. “No ano passado, o Sebrae investiu mais R$ 10 milhões nessas ações”, declara.

Os fundos de investimentos de capital semente também podem ser uma opção às empresas brasileiras. “As iniciativas, em geral, visam obter ganhos por meio de in-vestimento de longo prazo em empresas em estágio inicial com perfil inovador e que pro-jetem um elevado retorno”, explica Patrick Schechtmann, analista do Fundo Criatec. Com o total de R$ 100 milhões, o fundo lançado em 2006 pelo BNDES pretende in-vestir em 50 projetos. Schechtmann informa que não há restrição de áreas. “Basta que as propostas tenham viabilidade mercado-lógica, inovação tecnológica, aplicabilidade, equipe qualificada, necessidade de recursos, além de possibilidades de retorno”, orienta.

Na opinião de Lucchesi, a inovação é a grande fronteira da competitividade. “O setor é o elemento estratégico para o crescimento e a sobrevivência de qualquer negócio em longo prazo. Alguns países em desenvolvimento, como a China e a Índia, já perceberam isso e caminham nessa dire-ção”, aborda o diretor da CNI, que aposta no potencial do Brasil e das indústrias bra-sileiras. “Basta criarmos uma cultura que se propague de modo próprio, gerando reper-cussões circulares, tanto no setor industrial como na economia do país”, acrescenta.

há QuEM FAçA A DIFEREnçA

Pelo 16º ano consecutivo, a IBM lidera o ranking de publicações de patentes no mundo. Em 2008, a empresa re-gistrou 4.186 invenções técnicas no United States Patent and Trademark Office (USPTO). Um esforço que tem surtido efeitos em todos os países em que atua. A filial no Brasil, por exem-plo, integra a lista das 25 organizações mais inovadoras do país, de acordo com um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

“A inovação é o oxigênio da IBM. Sem ela, a empresa não estaria mais no mer-cado. Nosso modelo de negócio exige ser reinventado todo ano”, explica José Carlos Duarte, diretor de Tecnologia e Inovação da empresa no Brasil. O inves-timento anual no setor, segundo ele, gira em torno de US$ 6 bilhões.

Ainda que o cenário pareça ser mais fa-vorável às grandes empresas, há muitas organizações de pequeno porte que con-seguem superar adversidades e investir em inovação. Esse é o caso da P3D – es-pecializada em tecnologias no ambien-te acadêmico. “Inovar é sinônimo de dinheiro. Portanto, sem muitas opções, iniciamos o processo de captação de verba com os amigos e familiares. Até que encontramos uma pessoa física que acreditou no potencial do projeto”, re-lata Mervyn Lowe, CEO da empresa.

Com o primeiro aporte financeiro em mãos, a P3D começou a dar os primei-ros passos. “Conseguimos uma vaga no

Cietec. Em seguida, vencemos o Prê-mio Finep, conseguimos um aporte da Financiadora de Estudos e Projetos, além de capital de um investidor es-trangeiro”, expõe Lowe. Em cinco anos de existência, a P3D investiu aproxima-damente US$ 4 milhões em inovação. Um processo que, na opinião dele, não foi nada fácil. “Os juros que se cobram no país são muito altos e inviabilizam as negociações”, expõe. Apesar de tudo, confessa ter valido a pena. “Atu-almente, exportamos para mais de 20 países, entre eles a Índia e a Finlân-dia”, ressalta e garante que a empresa continuará investindo em inovação.

Foi com esse mesmo objetivo que a Eletrocell – empresa de desenvolvi-mento de sistemas e periféricos as-sociados à tecnologia de células a combustível – não desistiu de tentar buscar recursos financeiros nas agên-cias de fomento do país. Segundo o diretor Gerhard Ett, foram diversos os pedidos negados. “Nenhum deles por falta de qualidade da proposta”, enfatiza. As experiências negativas, no entanto, foram fundamentais para as conquistas futuras. “Com o auxílio do Cietec e a partir do ajuste na ela-boração do projeto, conseguimos ob-ter recursos da Fapesp e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-tífico e Tecnológico (CNPq)”, conta Ett. Os investimentos em inovação, de acordo com ele, contribuíram significativamente para o aumento de 30% no faturamento anual.

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Cento e oito empresas nascentes selecionadas pelo Cietec irão receber a verba do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime). Ao todo, cada projeto receberá R$ 240 mil em um período de dois anos.As empresas foram aprovadas após uma rigorosa avaliação que envolveu questões documentais, além de critérios relacionados ao quesito inovação e potencial mercadológico do projeto. Cerca de 60% das aprovadas são vinculadas a incubadoras e parques. As áreas de atuação predominantes dos projetos são: TICs (35%), atividades profissionais, científicas e técnicas (31%) e indústrias de transformação (12%). Foram selecionadas empresas de 28 cidades diferentes.

APROvADASCOM LOuvOR

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LAnçAMEnTO RPI

No dia 15 de outubro, a Rede Paulista de Incubadoras (RPI) foi oficialmente anunciada em evento que reuniu empresários do setor de empreendedorismo e inovação, executivos e autoridades na sede do SEBRAE-SP. Sérgio Risola, diretor executivo do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) e também presidente do Conselho Deliberativo da Rede, e Ricardo Tortorella, diretor-superintendente

do SEBRAE-SP, foram os anfitriões da solenidade. A Rede já nasce com 51 incubadoras associadas o que representa um universo de mais de 800 empresas. A primeira grande ação da RPI já tem data definida: entre 16 e 18 de março de 2010. A realização da InovaBrasil, feira de negócios que mostrará uma importante face do empreendedorismo inovador, terá como sede o Parque Tecnológico de São José dos Campos.

As empresas da área de tecnologia da informação e comunicação que têm interesse em atuar em mercados internacionais podem se inscrever no Projeto Brasil IT - Emerging Players, resultado da parceria de R$ 6 milhões entre a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). O objetivo é internacionalizar essas empresas em um período de dois anos com a meta de ampliar o volume de exportações de US$ 100 mil (em 2008) para US$ 2,3 milhões (em 2010), segundo a Apex-Brasil.

InTERnACIOnALIzAçÃO

Segundo levantamento feito pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o número de mestres e doutores que atuam em empresas privadas cresceu 17% entre 2005 e 2008, ultrapassando a marca dos oito mil profissionais.Apesar da considerável evolução no estreitamento de vínculos entre a academia e o mercado, sete de cada dez pesquisadores brasileiros continuam a atuar somentedentro das universidades.

DE PORTAS ABERTAS

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A Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) lançou, em outubro, o “Guia Prático de Apoio à Inovação”. A publicação reúne informações sobre os instrumentos de apoio à inovação oferecido tantos pelas agências que atuam em âmbito nacional como as de atuação em cada estado. O material foi desenvolvido com base no programa Pró-Inova que tem como objetivos difundir informações sobre inovação e sensibilizar o empresário sobre a importância das práticas inovadoras. Além da versão imprensa, o Guia tem também está disponível no site: http://proinova.isat.com.br

GuIA PRáTICO

O livro “O processo empreendedor e a criação de empresas de sucesso”, do português Fernando Gaspar, revela ao leitor o processo de desenvolvimento de organizações que trazem em seus pilares idéias inovadoras. A obra apresenta, de forma original e pedagógica, as atividades que o empreendedor terá de levar adiante em três fases simples: descobrir oportunidades, angariar recursos e lançar a empresa no mercado. O livro ainda será lançado no Brasil.

Em sua mais recente obra, intitulada Interfaces, José Alberto Aranha, um dos grandes nomes do empreendedorismo no Brasil, revela aos líderes e profissionais que vivenciam o desafio de catalisar mudanças em suas organizações a chave para compreender as pessoas e suas relações em um ambiente de inovação. Para isso, o autor mostra como explorar as bases reais de uma nova dinâmica entre conhecimento, aprendizagem, indivíduos e ambientes.

LEITuRAS RECOMEnDADAS

Ficha técnica:292 páginas. Edições Sílabo. Preço sugerido: 19,80 euros (cerca de R$ 50).

Ficha técnica:276 páginas. Editora Saraiva. Preço sugerido: R$ 59,00.

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Um estudo divulgado em janeiro pela União Europeia mostra que o Brasil ocupa apenas o 42º lugar entre as 48 nações mais inovadoras. O país, no entanto, foi um dos que mais evoluíram nos últimos dez anos, subindo cinco consideráveis posições. Destaque para os setores de computação, biotecnologia e química, apontados como os que mais contribuíram com lançamentos de projetos.

EvOLuçÃO nO RAnkInG

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Desde que foi criada, em 1991, a Lei de Informática colabora para o forta-lecimento das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no setor de

Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) no Brasil. Entretanto, o texto inicial-mente proposto, que tinha foco especial-mente empresarial, vem sofrendo inúmeros ajustes para também privilegiar institutos de pesquisa e entidades brasileiras de ensino.

Em seu segundo e atual ciclo, iniciado em 2002, a lei recebeu contínuas alterações. En-tre as que mais se destacam, está uma reso-lução de 2005 do Comitê Gestor da Área de Tecnologia da Informação (Cati), a partir da qual incubadoras de empresas de TI passaram a contar também com recursos provenientes dos incentivos da Lei de Informática.

Além disso, as empresas produtoras de bens e serviços de informática e automação

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incEntiVo lEi DE inFORMáTiCA

faz a horaQuem sabe

Incubadoras oferecem diversidade tecnológica e estabilidade econômica, para os investimentos via Lei de Informática. Fomento pode trazer grande lucratividade para empresários

Por Fernanda Ângelo

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também se tornaram obrigadas a investir, pelo menos, 5% de seu faturamento em inovação. Em contrapartida, o empresário consegue redução de Imposto sobre Produ-tos Industrializados (IPI).

Maiores benefícios

Com as mudanças na lei, as empresas podem, além de usar os recursos para seus investimentos internos em P&D, contratar essas atividades em empresas incubadas. “É possível destinar os investimentos obriga-tórios a incubadas, tendo-as como interve-nientes”, explica Adalberto Afonso Barbosa, coordenador geral de Tecnologia da Infor-mação da Secretaria de Política de Informá-tica e Automação, do Ministério da Ciência e Tecnologia (CGTE/Sepin/MCT). “As incu-badoras que as abrigam, porém, devem ser devidamente cadastradas e habilitadas pelo CATI”, destaca o coordenador.

O Cietec é habilitado para receber esses benefícios desde 2007, mas somente ago-ra teve o primeiro caso de investimentos oriundos de benefícios da Lei de Informá-tica. “Ao permitir que os incentivos sejam destinados a empresas privadas com fins

lucrativos, desde que dentro de incubado-ras, a resolução possibilita o estabelecimen-to de verdadeiras relações ganha-ganha”, afirma Debby Forman, responsável pela gestão dos recursos de P&D da The Link, incubada no Cietec.

A empresa foi a primeira a estabelecer um acordo “tripartite” baseado na legis-lação em questão. Sem revelar o nome do parceiro, Forman explica que o investidor recebe a redução no IPI, além de sua parcela nas vendas dos novos produtos, enquanto a The Link aumenta seu faturamento graças à comercialização do produto desenvolvido, assim como o Cietec, com a participação es-tabelecida no contrato de incubação. O go-verno, que desencadeou o processo ao con-ceder o incentivo fiscal à empresa geradora, ganha com a tributação sobre as vendas dos novos produtos.

Para se ter uma ideia do potencial de negócios dessa parceria, de outubro para cá, a The Link recebeu aproximadamente R$ 1,6 milhão da multinacional de origem europeia. Enquanto isso, a receita anual do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-quenas Empresas (Sebrae) para uma empre-sa incubada não passa dos R$ 10 mil.

Segundo Forman, o modelo de inves-timento em incubadora privilegia a gera-ção de empregos registrados e incentiva a pesquisa no setor privado. Além disso, os centros incubadores distribuídos pelo Brasil contam com áreas de TI bastante hetero-gêneas, capazes de atender demandas dos mais diversos nichos dentro do mercado. “Historicamente, as empresas só investem em P&D internamente quando as pesquisas têm relação com seu core business. Agora, há um leque maior de opções nas quais fa-zer investimentos”, observa Barbosa.

Destino certoOutro fato que deve deixar investidores

confortáveis em colocar dinheiro nas empre-sas incubadas é que elas passam por uma série de rigorosos processos de seleção.

Ainda que a Lei de Informática tenha possibilitado investimentos da ordem de R$ 4 bilhões no setor de TIC entre 2002 e 2008, e respondido pelo desenvolvimento de 16 mil projetos, beneficiando 310 em-presas e 252 instituições de pesquisa e de-senvolvimento, casos como o da The Link ainda são raros.

É possível destinar os

investimentos obrigatórios a incubadas,

tendo-as como intervenientesAdalberto Afonso

Barbosa, MCT

POR DEnTRO DA LEI

• Empresas produtoras de bens e servi-ços de informática e automação têm obrigação de investir pelo menos 5% de seu faturamento em P&D.

• Em contrapartida, recebem desconto gradual de até 95% no recolhimento do IPI, chegando à isenção em casos e regiões específicas do país.

• A redução do imposto incide em várias categorias de produtos de informática, automação e eletrôni-cos em geral.

• Empresas com faturamento anual superior a R$ 15 milhões devem investir parte desse em projetos que serão desenvolvidos por ins-titutos de pesquisa, universidades ou empresas associadas a incuba-doras cadastradas.

Para Barbosa, o número de incidências do gênero deve aumentar expressivamente. “No entanto, se considerarmos que as incu-badas são empresas muito pequenas, o valor empregado nelas não deve ser tão grande”, afirma, lembrando que as companhias be-neficiadas pela Lei de Informática têm hoje a obrigação de realizar investimentos de aproximadamente R$ 600 milhões ao ano.

Até aqui, o pouco investimento nas in-cubadoras se deve, em boa parte, à falta de conhecimento da lei. A The Link, por exem-plo, contratou uma empresa de advocacia para dar o suporte necessário.

“O MCT, em conjunto com organizações como o Centro de Desenvolvimento Tecno-lógico (CDT) e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), entre outras, tem promovido ações e dedicado esforços para a divulgação da possibilidade de investimento em incubadoras como parte das obrigações previstas na Lei de Informática”, garante. Ele ainda acrescenta que, embora o decre-to não entre em detalhes operacionais (até mesmo para não “engessar” a lei), o MCT recebe dúvidas e dá as orientações neces-sárias, seja por meio de circulares, portarias seja por decretos.

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mErcado ECOnOMiA CRiATivA

conceito de indústrias criativas, cunhado na Austrália e adotado no Reino Unido em fins da década de 1990, defendia o potencial da cria-

tividade aplicada. No entanto, de forma restritiva, definia como indústrias criativas apenas as capazes de gerar direitos de pro-priedade intelectual, nos moldes estabele-cidos pela atual legislação. “Aos poucos, percebeu-se que, mais importante do que definir setores, era fundamental considerar os processos econômicos comuns a eles e seus benefícios não só para o crescimento, mas para o desenvolvimento socioeconô-mico”, conta Ana Carla Fonseca Reis, fun-dadora da consultoria Garimpo de soluções – economia, cultura e desenvolvimento, consultora da ONU, professora de MBA em Bens Culturais da FGV/SP e organizadora

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Economia criativa.E lucrativa!

Com forte participação de empresas nascidas em incubadoras, produção brasileira no setor cresceu a taxas expressivas nos últimos anos e não vê sinais de desaceleração. A indústria de games é um dos expoentes da chamada economia criativa. A produção de jogos digitais no país aumentou mais de 16% em 2008

Por Fernanda Ângelo

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da obra digital Economia Criativa como Es-tratégia de Desenvolvimento.

Ela explica que a economia criativa hoje compreende os fluxos de atividades que abarcam uma essência cultural e apresen-tam valor econômico. Como poucas vezes se reconheceu, livros, publicações periódicas, fotografia, moda, design, software e cria-ções digitais, entre tantas outras atividades, representam uma estratégia articulada de desenvolvimento socioeconômico, inspirado nos valores culturais e na criatividade de um povo, para produzir localmente e distribuir globalmente bens e serviços de valores si-multaneamente simbólicos e econômicos.

“A economia criativa gera riquezas e ajuda a combater o fantasma do desempre-go. É hora de demonstrar que a propalada criatividade dos nossos povos (dos países em desenvolvimento), mais do que um tra-ço natural, pode constituir a base de sua estratégia de desenvolvimento sustentável”, defende Ana Carla. “Reconhecer o poten-cial econômico da cultura, gerando fluxo de recursos financeiros, significa dar às pessoas a alternativa de sobreviver às custas daquilo que realmente gostam de fazer”, completa.

No Brasil, um dos fortes representan-tes dessa indústria criativa é o mercado de jogos digitais. Tal e qual o jogador atrás do joystick quando leva sua equipe à pró-xima fase de um campeonato, o mercado brasileiro de games vive com entusiasmo a nova etapa em que se encontra. Em-bora ainda represente modestos 0,16% do faturamento mundial do setor, a pro-dução de jogos digitais no Brasil cresceu 16,6% de 2007 para 2008, quando regis-trou receita de R$ 87,5 milhões, confor-

me levantamento da Associação Brasileira de Jogos Eletrônicos (Abragames).

Mais do que cifras, a indústria tem movi-mentado o mercado de games digitais como um todo. Gigantes internacionais, como Activision, Electronic Arts e Ubisoft, insta-laram-se no país e outras tantas empresas independentes iniciaram suas operações. A procura de empresas do ramo para levarem projetos adiante por intermédio do suporte oferecido pelo Centro de Inovação, Empre-endedorismo e Tecnologia (Cietec), localiza-do em São Paulo (SP), também foi a mais alta dos últimos anos.

Todas essas movimentações deram ori-gem ao núcleo de Economia Criativa no centro incubador, o qual abriga empresas com atuação relacionada ao desenvolvimen-to de jogos. Um caso de sucesso é a Insoli-ta Studios cujos negócios estão focados no mercado internacional e envolvem a criação de jogos para consoles como o Nintendo DS e, no futuro próximo, Nintendo Wii.

Winston George Andrade Pexy, dire-tor do estúdio incubado e vice-presidente administrativo e financeiro da Abragames, explica que a tecnologia de última geração por si só não garante um bom game, mas a forma como ela é empregada define a qualidade do conteúdo. A Insólita entende esse conceito como uma associação entre “jogabilidade”, roteiro, arte, design e me-cânica sedutora.

Também nasceu em uma incubadora, em 2003, a empresa que é hoje uma das principais desenvolvedoras de jogos mobile da América Latina. A Meantime comercia-liza seus games para celular em mais de seis idiomas e mantém contratos com pra-ticamente todas as operadoras no Brasil. Incubada no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), a empresa possui 60 jogos distribuídos em toda a Eu-ropa, América Latina, Ásia, Austrália, Esta-dos Unidos e, recentemente, montou uma fábrica com modelo de negócios para aten-der agências e integradores em campanhas de publicidade, que pretendam usar os ad-vergames para celular.

Driblando obstáculosUm dos principais obstáculos para a

evolução da indústria brasileira de games de

43%da produção

nacional de software para jogos foram

destinados à exportação

Até 2011, o mercado de jogos eletrô-nicos representará mais que o dobro dos mercados de filmes e músicas

Indústria de games nos Estados Unidos movimentou mais de US$ 11 bilhões em softwares de jogos em 2008, valor superior à soma da bilheteria de todos os blockbusters de Hollywood

Fonte: Abragames (2008) e Entertainment Software Association (2009)

“GAMES” x hOLLywOOD

entretenimento é que os principais proces-sos envolvidos em seu desenvolvimento são custosos. Isso porque produzir games sofis-ticados – com música, efeitos visuais, recur-sos 3D, entre outros – consome milhões de dólares. “Além disso, o índice de pirataria no setor chega a 90%, um dos mais altos do mundo”, afirma Rodolfo Rigo Calabre-zi, professor de desenvolvimento e produtor de games. Esses fator, aliado a outros, diz o especialista, pode jogar qualquer grande investimento por água abaixo.

Exatamente por isso, o mercado brasileiro de jogos digitais ganhou contornos diferen-tes daqueles conhecidos até então – ou dos existentes em países desenvolvidos. “Temos poucas empresas grandes no Brasil, e a maior parte delas exporta seus produtos”, obser-va Calabrezi. Tanto é que, de acordo com o levantamento da Abragames, em 2008, 43% da produção nacional de software para jogos foram destinados à exportação.

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mErcado ECOnOMiA CRiATivA

No entanto, isso não significa que não haja espaço para as empresas brasileiras in-viabilizadas de realizar grandes investimen-tos. Esse é o caso da incubada DevCase, que optou por desenvolver jogos para o iPhone e está prestes a fechar contrato com uma multinacional brasileira de games para ex-portar o produto. “Assim como há espaço para filmes de curta-metragem na indústria do cinema, há também para games mais simples, que exijam menos recursos”, ga-rante Calabrezi.

Além disso, não necessariamente as em-presas da chamada Economia Criativa pre-cisam ter origem no universo dos jogos. No

R$

87,5milhões

foi o produto nacional bruto do

mercado brasileiro de games (hardware e

software)

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Cietec, incubadas como a P3D e a Mamute Mídia, especializadas em mercados como ensino a distância e conteúdos educacio-nais, acabaram por direcionar seus negócios para o setor de jogos eletrônicos.

No Brasil, descobriram nichos promis-sores e rentáveis, como os jogos educacio-nais, games específicos para usuários com deficiência visual ou aqueles para o mercado corporativo: todos desenvolvidos sob enco-menda. “As empresas brasileiras também têm obtido sucesso na modalidade conhe-cida como advertaining”, afirma Calabrezi, referindo-se à categoria de games envolven-do campanhas publicitárias.

Os empregados do setor cultural

representam

2,14%dos trabalhadores formais no Brasil

Fonte: Ministério da Cultura, Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada, 2007

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m dos principais agentes de mu-dança no mundo atual é a inovação tecnológica. O progresso econômico e social dos países e o êxito das em-

presas dependem da eficiência e eficácia com que o conhecimento tecnocientífico é produzido, transferido, difundido e incor-porado aos produtos e serviços.

Inovação tecnológica pode ser definida como uma nova ideia, um evento técnico descontínuo, que, após certo período de tempo, é desenvolvido até o momento em que se torna prático e, então, usado com sucesso.

As entidades inovadoras devem dispor de mecanismos e ferramentas que lhes permitam orientar sua estratégia, ante-cipando-se às oportunidades e ameaças a seu redor e evitar uma gestão reativa de seu processo de P&D. Para melhorar a capacidade da empresa e enfrentar as mudanças, deve conhecer e vigiar os am-bientes.

A inteligência tecnológica é “um siste-ma para detectar, analisar e utilizar infor-mações sobre eventos técnicos, tendências e, em geral, atividades ou aspectos-chave para a competitividade da empresa com o propósito de obter-se uma melhor utiliza-ção da tecnologia”.

A inteligência tecnológica constitui um passo maior no processo de gestão da in-formação existente, dando ênfase especial na análise e avaliação dos resultados obti-dos com base nos indicadores de mercado tecnológico.

u Tem por resultado disponibilizar as infor-mações científicas e técnicas mais atuais e facilitar sua difusão dentro da organização, identificar e acompanhar/verificar as prin-cipais tendências para uma ou várias tec-nologias com o objetivo de antecipação a mudanças e dispor de informação pertinen-te para seu uso na tomada de decisões de P&D, tais como definição de uma estratégia, análise e seleção de ideias e planificação de uma carteira de projetos tecnológicos.

Dessa forma, a inteligência tecnológi-ca agrega valor à dinâmica do ambiente organizacional, transformando dados e in-formações em elementos gerenciais úteis à tomada de decisão.

Os resultados que se podem esperar de um informe de inteligência tecnológica são conclusões sobre: o estado da técnica, os principais atores do campo tecnológico e o ambiente do mercado existente.

A inteligência tecnológica é uma ferra-menta de gestão que permite a empresa reduzir o risco em suas decisões. Consis-te basicamente em conhecer o momento oportuno da informação adequada e os resultados básicos das atividades de P&D.

A melhor forma de entender a mudan-ça é antecipá-la. Só por meio da anteci-pação da mudança se poderá ter sucesso numa economia cada vez mais global e competitiva. Criar inteligência e vigiar é a melhor forma de controlar todas as variá-veis e ambientes nos quais a empresa se insere. Este é um passo fundamental para o sucesso das empresas.

IntElIgêncIatEcnológIcaE Inovação

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Luís Eduardo

Bertuccini Zagretti é

gerente de Inteligência

Tecnológica da Clarke,

Modet & C Brasil.

Contatos: lzagretti@

clarkemodet.com.br /

[email protected]

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Conhecimento mapeadoAtlas Geoeconômico e de Mutações Territoriais da Cidade de São Paulo destaca principais mudanças ocorridas na capital paulista, especialmente na última década. Estudo tem por objetivo balizar ações de diversas instâncias governamentais

Por Vivian Peres

esultado de estudo idealizado pela Secretaria de Planejamento da Pre-feitura (Sempla) e realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Plane-

jamento (Cebrap), o Atlas Geoeconômico e de Mutações Territoriais da Cidade de São Paulo destaca a necessidade de iniciativas de adensamento tecnológico do setor pro-dutivo, colocando em relevância o trabalho das incubadoras e grandes centros tecno-lógicos.

Ao apresentar a estrutura econômica de São Paulo, do ponto de vista de intensi-dade de conhecimento, é possível verificar os eixos de inovação, conhecimento e uso de novas tecnologias. Os mapas destacam a presença de regiões da cidade que apa-recem como locais centralizadores de algu-mas áreas de atuação econômica.

Um forte exemplo é a região da USP, que ganha grande destaque em produção de co-nhecimento e pesquisa. “É natural, pois a USP responde por boa parte da produção

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habitatS da inoVação sãO pAulO

EMPREGOS POR áREA DE POnDERAçÃO nA RMSP

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científica nacional. Exatamente por isso, um dos parques tecnológicos que nós estamos imaginando fica naquela região próxima ao Cietec”, comenta Manuelito Pereira Maga-lhães, secretário de planejamento da cidade de São Paulo.

Segundo ele, ao encomendar o tra-balho, a Sempla procurou verificar o que ocorreu em São Paulo nas últimas duas dé-cadas e, assim, extrair subsídios para pen-sar o futuro da cidade, especialmente no que diz respeito ao capital humano. “Nos últimos 15 anos, tivemos estabilidade eco-nômica, abertura comercial que colocou o país em relação de competitividade com bens e serviços produzidos. Isso faz com que as empresas nacionais busquem maior produtividade, inclusive, por meio da ino-vação”, detalha.

Nesse contexto de mudanças, os mapas mostram uma análise do que acontece hoje na maior cidade do país, apontando cami-

nhos para uma visão em longo prazo. “Como não poderia deixar de ser, conseguimos o re-trato de uma cidade competitiva, inovadora, que tem uma produção com grande valor agregado e uma força de trabalho altamente qualificada”, garante Magalhães.

Inovação e tecnologia em destaqueEntre os setores com potencial de cres-

cimento, estratégicos para pensar os cami-nhos de São Paulo, aparecem: tecnologia da informação, biotecnologia e fármacos, além da chamada Economia Criativa.

Entretanto, pela relevância apresen-tada e pela inclusão em diversos tipos de atividade de P&D, esses setores nem sempre apareceram de maneira segmen-tada. “A ideia era desmistificar tendên-cias que acreditam que a área de tecno-logia é inovadora por si só. A inovação pode estar presente em qualquer setor”, detalha Tomás Cortez Wissenbach, téc-nico da Sempla.

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Região centro-sul de São Paulo concentra mais de 70% das instituições de ensino, pesquisa e extensão da capital paulista

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Para comprovar essa questão, o pro-fissional destaca características do setor têxtil. “Esse filão de negócios pode incluir desde a produção rotineira de roupas até a pesquisa de novos tecidos e tecnologias, passando por profissionais que viajam o mundo todo em busca de tendências, o que também é conhecimento aplicado à produção”, detalha.

Carlos Torres Freire, pesquisador do Cebrap, destaca que o grande diferencial desse estudo com relação aos anteriores é que mostra a estrutura produtiva, fugindo da oposição simplista entre indústria e ser-viços. “Queríamos uma visão transversal de conhecimento e tecnologia, porque acha-mos que essa é uma nova e excelente for-ma de analisá-los”, comenta. Os pesquisa-dores consideravam que tachar São Paulo como uma cidade industrial ou de serviços explicava pouco a riqueza de produção que a cidade fornece.

Segundo Wissenbach, esse fator foi fun-damental para que pudessem identificar no espaço como os setores estratégicos se dis-tribuem. “Ao contrário do que se imagina, o território é completamente relevante para a inovação, para a troca de conhecimento e aumento da competitividade das empresas”, garante. Isso se deve ao fato de que a produ-ção acontece e interage dentro do território.

Mais pesquisasOs profissionais também perceberam

que existe uma tendência das grandes em-presas multinacionais de descentralizarem os centros de pesquisas para países em desen-volvimento, o que não acontecia há alguns anos. Há o interesse em absorver diferenças de ambientes e culturais, que são pontos es-senciais para a inovação. “Pelo fato de São Paulo concentrar boa parte da produção científica brasileira, configura esse ambiente favorável”, detalha o técnico.

Por outro lado, apesar de ser o principal centro de P&D do país, com grande con-centração de produção de conhecimento, isso ainda não se reverte em resultados fundamentais para a competitividade do município. Nesse sentido, o secretário de planejamento considera que o trabalho de centros de inovação é fundamental para pensar o futuro e reverter esse quadro.

“Se pudermos desenvolver incubadoras e parques tecnológicos, atrair laboratórios

de empresas, formar fundos de investimen-to que beneficiem a associação de risco com o desenvolvimento tecnológico, pode-remos dar um salto considerável”, conclui. Exatamente por isso, o programa de metas da cidade, da agenda 2012, inclui os dois parques tecnológicos que serão trabalha-dos na cidade.

O material foi lançado em setembro nos sites da Sempla e do Cebrap, onde poderá ser conferido por empresas e instituições com interesse no assunto.

O Atlas mostra que o conhecimento na cidade de São Paulo está mais aces-sível e que existe um número cada vez maior de pessoas com formação superior, mas isso não necessaria-mente condiz com as necessidades do mercado, o que pode representar uma escassez de mão de obra. “O estudo fala de reconversão, o que eu acho um tema muito forte, mas acredito, sim, que é preciso adaptar a oferta à procura, olhando essa complexi-dade da estrutura produtiva em São Paulo”, comenta o secretário de planejamento. Ele ainda destaca que escolas privadas de formação superior ainda não colocam no mercado muitos profissionais de exatas, aumentando a necessidade de formação nesse setor.

OLhAR O FuTuRO

habitatS da inoVação sãO pAulO

CiETEC.inFO24

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Dr. Cláudio RodriguesDiretor-presidente

do Cietec

diretriz

t oda embarcação, por melhor estruturada que se apresente e mesmo que tenha tra-çado sua rota com precisão, nem sempre conta com a certeza de um mar calmo e

ventos fortes que a levem a seu destino.

O Cietec, identificado com as iniciativas na incubação de empresas de base tecnológica, vem agora traçando novos destinos, em bus-ca de horizontes ampliados no apoio à pós-incubação de empresas tecnológicas, dando inicio ao fortalecimento das empresas que a Incubadora do Cietec e seu ambiente sinérgi-co ajudaram a construir.

Parte essencial nesse roteiro é o apoio e as parcerias com entidades e instituições públi-cas e privadas, envolvidas no crescimento da cultura do empreendedorismo e da inovação, na direção de continuar assistindo as empresas tecnológicas após o período de incubação de forma a não sofrerem uma abrupta mudança na continuidade do processo de consolidação de seus negócios, bem como para reunir forças e sustentar o nível de crescimento conquistado na condição de empresas incubadas.

O Núcleo de Empresas Tecnológicas Ino-vadoras, recentemente implementado no Cietec, é uma iniciativa fundamental. Um es-paço que tem como função ambientar essas empresas à realidade do mercado, indicando soluções para os gargalos da gestão tecnoló-gica, empresarial e mercadológica e ajudando na interação com instituições de C&T, com outras empresas e cadeias produtivas dos se-tores em que atuam, além de estimular uma visão global para seus negócios.

O ano de 2010 representa um passo de-cisivo no sentido de aprimorar o escopo de atuação do Cietec, com a ampliação das ins-

talações do Núcleo de Empresas e Empreendi-mentos Tecnológicos Inovadores.

Vamos proporcionar às empresas um apoio mais intenso para a internacionalização de seus negócios inovadores, o que significa mui-to mais do que a oferecer informações sobre possibilidades do mercado externo.

Nosso objetivo é identificar grupos empre-sariais com atuação global para gerar oportu-nidades de negócios baseadas no intercâmbio de conhecimento, atrair investimentos e inserir essas empresas em suas cadeias produtivas, contribuindo para posicionar o Brasil em des-taque no mapa das nações desenvolvidas so-cial e economicamente.

No entanto, é necessário compreender que o conceito de inovação é amplo, não necessa-riamente circunscrito a transformações radicais e que se completa no mercado e, por conse-guinte, é uma atribuição do setor empresarial. Neste cenário, é urgente a participação do in-vestidor privado em combinação com políticas públicas de difusão da cultura do empreende-dorismo e da inovação empresarial.

Temos chances ímpares de contribuir para implementação desses avanços. Um ano após o maremoto financeiro nos mercados, nosso PIB cresceu 1,9% no segundo trimestre de 2009, após dois trimestres de contração. A projeção é a recuperação do crescimento pré-crise, num indi-cativo dos bons ventos que podemos aproveitar.

Dessa forma, com bússola apontando para o sucesso, investir no empreendedorismo inova-dor e no fortalecimento e internacionalização de nossas empresas tecnológicas pode, sem dúvida, representar, em um mar de dificuldades, possibi-lidades mais seguras de navegação.

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Biotecnologia: protagonista da ciência no BrasilEspecialistas afirmam que a combinação entre a maturidade científica e o crescimento nacional tem impulsionado os estudos em um dos setores que mais cresce no paísPor Simone Bernardes

unca se falou tanto no desenvolvi-mento de projetos de biotecnologia no Brasil como nos últimos cinco anos. Os estudiosos da área são categóricos

ao afirmar que o país vive o boom do setor em um roteiro parecido como o que aconte-ceu com a internet no final dos anos 90.

“A maturidade que atingimos, ao longo dos anos de pesquisa, o desenvolvimento de estudos na área nas universidades, centros de pesquisa e empresas que foram sendo formadas, construíram esse momento”, afirma Kátia Aguiar, gerente de negócios da Fundação BioRio - a mais antiga da área de biotecnologia da América. Ela ainda apon-ta a criação da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, entre 2006 e 2007, como um marco do momento atual para o setor.

É esse cenário que alimenta e estimula a demanda pela criação de pequenas em-presas no Brasil. Os números comprovam.

Atualmente, 70% das empresas de bio-tecnolgia no país são micro ou pe-

quenas empresas nascentes. A BR3 Agrobiotecnologia, empresa graduada do Cietec, especia-lizada no desenvolvimento de agroquímicos bactericidas e fungicidas de baixa toxicidade ao homem e ao meio ambiente, é um bom exemplo.

Ela é uma das cerca de 40 incuba-das no Centro de Inovação, Empreendedo-rismo e Tecnologia (Cietec), e que formam

n

inoVação na Sua Vida BiOTECnOlOgiA

CiETEC.inFO26

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a rede de cooperação empresarial voltada ao promissor ramo de negócios. A ideia inicial da BR3 era desenvolver pesquisas para a descoberta de uma substância que combatesse uma grave doença do cacau. A evolução nas pesquisas também mostrou que essa mesma substância gerava bons re-sultados com a cultura do café e, posterior-mente, com batata, tomate e feijão.

De lá para cá, os engenheiros agrôno-

mos da empresa desenvolveram um produ-to com características ambientais e toxico-lógicas interessantes, do ponto de vista de impacto e risco, sobre o qual não existiam notícias em todo mundo. “Estamos sempre em busca de novos usos e formulações com esta tecnologia”, afirma o diretor da BR3 Agrobiotecnologia, Rodrigo Perez.

Desde 2001, a tecnologia desenvolvida passou a ser disponibilizada para o merca-do de cooperativas e grandes produtores agrícolas. “O diferencial é oferecer um pro-duto que cuida efetivamente do meio am-biente e da saúde da população. Os investi-mentos estão cada vez mais direcionados”, completa Perez.

Exemplos de desenvolvimento

Outra tecnologia inédita também pro-mete revolucionar os tratamentos médicos de regeneração e crescimento ósseo. A ino-vação está sendo desenvolvida pela Bioac-tive Tecnologia em Polímeros, empresa de desenvolvimento para a engenharia de teci-dos, empresa residente no Cietec.

Há mais de cinco anos, o pesquisador Walter Israel Rojas Cabrera trabalha no

desenvolvimento de uma membrana po-limérica bioativa que atua no processo de regeneração óssea de maneira ace-lerada. Trata-se de um filme de meio milímetro de espessura composto por vários polímeros biodegradáveis, bio-compatíveis e biomimétricos. Todos eles juntos fazem com que o ma-terial não gere nenhuma rejeição do corpo, uma vez que se compor-ta como tecido vivo. O grande dife-rencial diz respeito à adição de fatores bioativos que estimulam a aceleração da formação de tecido ósseo no local onde a membrana for aplicada.

“Debrucei-me sobre estudos no campo da biofísica com o objetivo de saber como funciona o sistema biológico para, mais do que acelerar o crescimento, desenvolver uma estrutura óssea adequada”, afirma Walter, que é o coordenador da pesquisa e sócio fundador da Bioactive.

Os primeiros testes com animais já apontam resultados satisfatórios. Com a utilização da membrana, um osso que de-moraria um ano para ser formado, levou apenas cerca de dois meses. O produto, destinado a médicos ortopedistas, dentistas e demais profissionais que atuam na área de regeneração óssea, deve estar pronto até meados de 2010.

Ação em RedeDiante do cenário atual no Brasil, centros

de incubação e demais instituições ligadas à pesquisa científica e o governo estão unindo forças para a criação da BR Biotec, rede na-cional de negócios em biotecnologia.

“A ideia é criar um grupo que amplie as possibilidades do setor no país em ro-dadas de negociações internas com em-presários e também voltadas ao mercado internacional. Queremos poder negociar à altura com países como Canadá, Estados Unidos e a própria União Européia”, afirma Eduardo Giacomazzi, gerente de negócios do Cietec.

A BR Biotec deve ser apresentada ofi-cialmente durante a BIO 2010, em Chicago (EUA), como forma de inserir a biotecnolgia brasileira nas cadeias internacionais de ino-vação. A BIO, que acontece anualmente e trata-se da maior feira internacional de ne-gócios em biotecnologia, será realizada em maio do próximo ano.

Fonte: Estudo das Empresas de Biociências – Brasil 2009, divulgado este ano pela Fundação BioMinas

DISTRIBuIçÃO GEOGRáFICA DAS EMPRESAS DE BIOCIênCIAS nO BRASIL

72%das empresas

concentradas na região Sudeste desenvolvem

projetos na área

DEZEMBRO 2009 27

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arceiro do Cietec desde sua funda-ção, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tem papel de destaque no estímulo

ao empreendedorismo para inovação no ce-nário nacional. Oferece incentivos a quase 70 incubadoras apenas no estado de São Paulo, tendo sempre como principais metas diminuir a taxa de mortalidade de empre-sas incubadas e alavancar uma produção de conhecimento voltada às necessidades do mercado.

Em entrevista à Cietec.info, Marcelo Dini Oliveira, gerente de inovação e acesso à tecnologia do Sebrae-SP, destaca as ações promovidas pele entidade para estimular a inovação entre as micro e pequenas. O pro-

Por Vivian Peres p

Ganho competitivo

para mpE’s

EntrEViSta MARCElO Dini

fissional também comenta as problemáti-cas envolvidas hoje dentro desse processo, detalhando o que o Sebrae tem feito para combatê-las.

nesta edição, discutimos uma ideia corrente de que se produz muita ciên-cia, mas pouca riqueza traduzida em produtos e serviços de valor agregado no Brasil. Como o Sebrae vê essa con-tradição?

Pode-se verificar até um paradoxo com relação nessa questão. Do ponto de vista da produção científica, existe um volume consistente de papers, de artigos, de teses etc. Ou seja, produção científica registrada no Brasil tem grande relevância. Exatamente por isso, a questão que se coloca é: como fazer, de uma maneira sistemática e perma-nente, a transmissão desse conhecimento produzido para a sociedade? Essa questão dentro do Sebrae, olhando exatamente para o universo das micro e pequenas empresas, sempre inclui como esses empresários po-dem lucrar com esse tipo de inovação e, por outro lado, a colaboração que eles devem ter dentro desse processo.

Mas de que maneira estimular no Brasil essa associação entre espírito

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empreendedor e inovação, focando em mercado?

O próprio sistema Sebrae tem investido muito dentro dessa temática, pois, muitas vezes, a pequena empresa não tem o conhe-cimento. No biênio de 2009 e 2010, estão previstos workshops, palestras e apresen-tações. Vamos trabalhar com instrumentos que ofereçam para as pequenas empresas os meios e formas de poder realmente inovar. A primeira questão em que estamos atuando é na disseminação nacional do ideal de ino-vação. Estão previstos para este ano mais de 200 eventos em todo Brasil. O grande obje-tivo é apresentar para as empresas aquelas soluções que são absolutamente factíveis do ponto de vista da pequena empresa: tra-balhar conceitos de inovação incremental e mostrar boas práticas de outras empresas. Quando a gente fala de apresentar o case, significa exatamente apresentar as práticas que algumas empresas relevantes estão buscando em suas empresas e isso poder se disseminar por meio da formação prática. Outra forma em que estamos atuando mui-to fortemente com relação a essa temática é pela programação de rádio. O Sebrae-SP também lançou recentemente um material bastante interessante que se chama “99 soluções tecnológicas”, que nós estamos usando e que também tem esse objetivo de demonstrar qual é a realidade da inovação dentro da pequena empresa. Ou seja, co-locar isso como uma grande bandeira para poder sensibilizar e orientar as empresas.

O tema ainda não conquistou um lugar definitivo na agenda da mídia e do próprio governo. O desconhecimen-to prejudica uma maior participação de empreendedores, empresários e inves-tidores no desenvolvimento tecnológi-co e da inovação no país?

O que existe, na verdade, é uma falsa comunicação de que inovação é somente a tecnologia da informação ou é ligada apenas a processos de ruptura de grandes empresas. Queremos desmitificar isso para o pequeno negócio. Quando falamos em oportunidades para as pequenas empresas, pode ser realmente uma melhoraria de pro-cesso, de produto, de design, de logística. Enfim, itens que signifiquem um ganho ex-pressivo com relação à competitividade. E esse é o tipo de inovação mais perceptível e possível que pode agregar valor.

é nesse tipo de inovação que o Se-brae tem focado com mais força, su-

prindo com esses workshops? É o conceito de inovação que traba-

lhamos para a grande massa. Mas existe também o outro lado, que é o papel, mui-tas vezes, de uma incubadora de bases tecnológicas de exatamente poder fazer a transferência desse conhecimento da uni-versidade para a sociedade. E a gente crê muito nisso. Tanto que o Sebrae hoje, es-pecialmente no estado de São Paulo, apoia quase 70 incubadoras. Também compre-endemos que o movimento de incubado-ras de empresas pode ser um instrumen-to importante para podermos atuar nessa base do conhecimento científico e de sua transposição para produtos, serviços e be-nefícios para a sociedade.

Mas não seria exatamente essa a grande dificuldade, de fazer esse salto dos polos de inovação para a socieda-de? Como fazer isso?

O sistema Sebrae tem imprimido uma série de melhorias nos últimos anos e de aperfeiçoamento com relação às empresas incubadas. O grande objetivo é criar um mé-todo e um processo de gestão e de acom-panhamento dos projetos que seja efetiva-mente focado em mercado. Ou seja, todo tipo de apoio a uma empresa incubada deve privilegiar o desenvolvimento da consciên-cia mercadológica. O que acontece hoje é que, durante o período em que a empresa está ali residente, ela precisa ter um plano

claro e pragmático, ajustado para que possa se preparar efetivamente para o momento da graduação. Um trabalho de empreende-dorismo inovador forte: pensar em plano de negócios e na entrega de bons projetos. Qualificar o comportamento empreendedor, além da questão tecnológica, é essencial.

Pensando nisso, é possível observar que, nem sempre, os projetos que so-brevivem são os muito inovadores ou com tecnologia mais avançada?

A questão da necessidade da adequa-ção da tecnologia a uma oportunidade de mercado é, sem dúvida, um fator comple-tamente diferencial quando pensamos em um projeto de sucesso. A partir da entrada de bons projetos, é necessário fazer uma gestão muito intensa do modelo de negó-cios e dos passos que esse projeto tem para atuar a partir de seu nascimento. Uma dos exemplos que estamos usando para isso é o Cerne (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos), que é um mo-delo de referência da Anprotec. Consiste em um conjunto de práticas que devem ser seguidas para que possa se avaliar a per-formance dos processos de incubação. Por essa medição, é possível avaliar as empre-sas. O Sebrae-SP vem se preparando para ter uma melhoria cada vez mais significati-va desses indicadores.

Como o senhor vê a parceria com o Cietec no apoio à inovação e ao empre-endedorismo?

Essa é uma parceria de quase dez anos. Entendemos que o Cietec é um player de peso, até por seu porte e localização e, é claro, pelos resultados. O grande desafio que nós temos dentro desta parceria é exa-tamente o de superar o modelo atual. Pre-cisamos transpor para toda a universidade um modelo de possibilidades de inovação, e é esse tipo de trabalho que o Cietec vem fazendo, seja pelo aumento do número de incubados, seja na pré-incubação, seja na disseminação do conceito de empreende-dorismo inovador. Mas também com rela-ção aos processos que observamos de Par-ques Tecnológicos, dentro dos quais exerce um papel essencial em termos de difusão de modelo. Então, a gente compreende que o Cietec tem uma responsabilidade nisso, e também é o núcleo do Parque Tecnológico de São Paulo. Essa é a grande visão que nós temos: construir um modelo olhando já para 2020. Nesse trabalho, o Cietec é es-tratégico e fundamental.

O que existe, na verdade, é uma falsa comunicação de que inovação é somente

a tecnologia da informação ou é ligada apenas a processos de

ruptura de grandes empresas

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Da organização de procedimentos internos à otimização da cadeia de produção, softwares disponibilizados gratuitamente a microempresas da área de tecnologia auxiliam no controle dos parâmetros de produtividade e integram plataformasPor Simone Bernardes

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á dizia Demóstenes, “pequenas oportuni-dades podem ser o início de grandes em-preendimentos”. O que a frase do filóso-fo grego tem a ver com desenvolvimento de negócios na área de tecnologia?

A resposta talvez possa ser fundamen-tada com o case da Adtmobile, empresa que elabora soluções tecnológicas para celulares. Há pouco mais de seis meses, o empreendimento observou seus projetos expandirem-se vertiginosamente porque seus gestores souberam aproveitar uma singela, porém eficaz, oportunidade que lhes bateu à porta.

A Adtmobile é uma das incubadas do Cietec que, desde 2009, estão cadastra-das em um programa que contribui para o desenvolvimento da indústria da tecno-logia e estimula o empreendedorismo das microempresas, o Microsoft SOL, criado pela mundialmente famosa fabricante de softwares em novembro de 2008.

O projeto disponibiliza aplicativos, sis-temas operacionais, recursos e ferramen-tas para designers e desenvolvedores liga-dos a empresas produtoras de softwares que estão em fase de incubação. A Micro-soft investiu cerca de R$ 2,5 milhões para disponibilizar 25 licenças de 58 softwares.

“Além do replanejamento dos custos, a iniciativa também acelerou os proces-sos de implantação dos nossos projetos”, afirma Adalberto Andreoli, sócio-diretor da Adtmobile. A ideia de implementar a compra e venda de ingressos para shows e jogos de futebol pelo celular, que estava prevista para o início de 2010, foi anteci-pada para o final de agosto deste ano.

“O investimento que seria destinado aos softwares foi utilizado para a aquisi-ção de novas tecnologias e capacitação de mão de obra”. Andreoli calcula que a empresa deve economizar entre R$ 20 mil e R$ 25 mil em custos com licenças de uso de programas. Atualmente, a empresa utiliza oito softwares disponíveis: o Win-dows XP, o Pacote Office, o Visual Studio Professional, o Sistema Operacional 2003, programa de bancos de dados (SQL) e o Expression Studio para desenvolvimento de conteúdo para web.

j De acordo com a gerente de Desenvol-vimento de Economia Local de Software da Microsoft, Silvia Valladares, o progra-ma visa apoiar a formação de startups no país. “A ideia é promover ações que con-tribuam para o desenvolvimento da indús-tria e estimulem o empreendedorismo, ajudando também na redução da taxa de mortalidade das microempresas e na ace-leração do seu crescimento”, frisa.

Além dos benefícios proporcionados pelos softwares que são disponibiliza-dos de maneira simples e dinâmica, via download, as empresas podem ter aces-so a treinamentos online e presenciais. A Microsoft ainda oferece apoio técnico no planejamento, desenvolvimento de pro-dutos e orientações sobre financiamento.

Melhoria nos processos de gestãoEsse foi o principal ganho para a Op2B,

empresa incubada do Cietec e especializa-da em otimização de negócios e desenvol-vimento de sistemas de suporte à decisão para a cadeia de suprimento na indústria de processos, agronegócios e logística.

“A infraestrutura baseada no elenco de softwares facilita a nossa comunica-ção interna e com os clientes, garantin-do transparência e clareza nos processos. Além disso, nos tornamos mais compe-titivos, no que tange aos custos de pro-dução”, afirma Maurício Kerche Nunes, diretor de desenvolvimento de negócios da Op2B.

A empresa utiliza todo o Pacote Offi-ce, o Visual Studio Team System, ambiente colaborativo, o Visual Studio, a platafor-ma de desenvolvimento e o Biz Talk, canal de ligação entre os sistemas da empresa e dos clientes.

A Magnamed, que realiza desenvol-vimento de módulos inteligentes para equipamentos médicos, também utiliza as ferramentas para alinhar seu processo de gestão. A empresa, lança mão do sof-tware Visual Studio para criar seu espaço na intranet. “Fora os ganhos em relação ao custo, temos a vantagem de poder acessar o nosso sistema de qualquer parte do mundo”, afirma Wataru Ueda, diretor da Magnamed.

• A empresa deve ter até três anos de existência;

• Faturamento anual igual ou infe-rior a R$ 1,2 milhão;

• Atuar predominantemente na área de tecnologia.

Informações e inscrições:www.microsoftsol.com.br

PARA InSCREvER-SE

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é quanto aMicrosoft investiu para disponibilizar

25 licençasde 58 softwares

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parceriasalém dos indicadores

Empresas de gestão de recursos financeiros investem milhões em pequenos, porém, promissores projetos. Além do dinheiro para impulsionar os negócios, o suporte à gestão estimula o desenvolvimento de novas ideias. O que pensam os fundos de investimento sobre o universo das incubadoras e parques tecnológicos

Por Simone Bernardes

inVEStimEnto CApiTAl DE RisCO

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specialistas e gestores de fundos de in-vestimento são otimistas quando o as-sunto é o cenário de financiamentos de capital de risco no Brasil. Alguns deles

são contundentes em dizer que a queda na taxa de juros é uma tendência irreversível no momento, o que deve atrair investimentos para fundos que lidam com capital semente, como são chamados os aportes feitos em uma fase ainda inicial do projeto com o intuito de criar um modelo de negócio sustentável para uma empresa nascente.

“O fato de termos uma taxa menor do que 10% faz com que os investidores, sejam estes pessoas físicas, grupos privados ou até mesmo internacionais, procurem alternativas de investimento que, eventualmente, remu-neram melhor o seu capital”, analisa Marce-lo Romeiro, sócio e gestor de fundos da Rio Bravo, uma das principais empresas brasilei-ras do setor.

e Marcio Bernardo Spata, gerente do De-partamento de Fundos do BNDES, também acredita que o momento econômico do país é muito favorável a investimentos dessa na-tureza. No entanto, Spata acredita que os investimentos em pequenas empresas ino-vadoras ainda provêm, em sua maior parte, de recursos públicos. “Uma simetria do mer-cado aponta que ainda são muitos os riscos de se investir em algo cujo retorno não foi provado. Essa é a grande insegurança do investidor ao analisar, por exemplo, um ne-gócio nascente em um ambiente de empre-endedorismo e inovação como um parque ou incubadora”, pontua.

Ainda segundo Spata, o desenvolvimen-to do Fundo Criatec, que investe em ideias e projetos inovadores desde 2007, comprova essa teoria. “Ele foi criado para transformar grandes projetos em negócios. Mais do que o incentivo financeiro, ele busca desenvolver

o espírito empreendedor dentro dessas em-presas de uma maneira sólida e com visão de futuro. Por isso, a seleção é rigorosa. Só com esses parâmetros é que conseguimos traduzir para o mercado a segurança de um modelo de negócio que está surgindo”, completa.

Em 2008, apenas 21 das 800 empresas analisadas pelo Fundo Criatec receberam inves-timentos. Cada um delas recebe R$ 1 milhão. Com base nos resultados obtidos por essas empresas, depois de um ano, algumas delas recebem um segundo investimento, que pode chegar a R$ 3 milhões.

O gestor também afirma que, ao receber o investimento de um fundo de capital de ris-co, a empresa adquire um posicionamento diferenciado. “Os clientes sabem reconhecer empreendimentos que passam por auditorias rigorosas e que têm as suas contas em dia. Isso agrega muito valor a sua marca. Além disso, a grande rede de relacionamento que o fundo proporciona a essas empresas é algo a ser con-siderado como diferencial”, completa.

Parceria de sucessoHá pouco mais de dois anos, a Adespec,

empresa fornecedora de soluções de adesivos e selantes de alta tecnologia para indústrias e construção civil, incubada no Centro de Inova-ção, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), viu seus negócios tomarem proporções até en-tão inimagináveis. Em janeiro de 2007, a em-presa foi selecionada para receber investimen-tos de um fundo de capital administrado pela Rio Bravo. De lá para cá, a capacidade de pro-dução aumentou aproximadamente 20 vezes e o tamanho da fábrica está 12 vezes maior.

“Além de atingir grandes mercados do varejo com um de nossos produtos, tivemos a oportunidade de investir em tecnologias vin-das da Europa e da China”, afirma um dos di-retores da Adespec, Flávio Lacerda. Ele calcula que a empresa deve fechar o ano de 2009 contabilizando faturamento em torno de 8 a 12 milhões de reais.

Os produtos e serviços na área de fixação e selagem de vidros e boxes também renderam grande visibilidade à Adespec. Atualmente, a empresa está entre as líderes do Brasil no setor. “Por meio desses investimentos, foi possível le-var ao conhecimento do público e do mercado uma ideia inovadora”, completa Lacerda.

“Depois de dois anos, percebemos que, mais do que potencial, a empresa tem conse-

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Os números de investimento de pri-vate equity e venture capital mos-tram que, assim como a gestão e a governança, o capital intelectual é o maior diferencial em termos de investimentos específicos em novas tecnologias, pois permite consolidar o empreendimento, principalmente sob o aspecto mercadológico.

A indústria de private equity e ven-ture capital registrou um aumento de 53,4% entre 2004 e 2008, com participação de 1,7% no PIB brasi-leiro e 12% de participação no PIB dos Estados Unidos.

O Brasil também mostra um cres-cimento consistente da indústria com a evolução dos números para o capital alocado em investimentos e private equity e venture capital. Em 2005, foram investidos US$ 8,1 bilhões. Em 2006, US$13,3 bilhões. Em 2007, US$ 21 bilhões e, até julho de 2008, esse número já era de US$ 26,6 bilhões.

O MERCADO DE InvESTIMEnTOS nO BRASIL

guido estabelecer e atingir diversas metas que foram traçadas no início da parceria. É impor-tante destacar que o investidor que adentra a um fundo que tem como foco este modelo de negócio precisa ter um pouco mais de paciên-cia e saber desenvolver visão de médio e longo prazos, podendo variar de cinco a dez anos, ou mais. Afinal, investir em empresas nascentes em incubadoras e parques não significa adotar uma postura imediatista quanto à cobrança de resul-tados”, afirma Marcelo Romeiro, da Rio Bravo.

Passos ambiciososO apoio de investidores também impul-

sionou os negócios da Magnamed, empresa especializada em módulos inteligentes para equipamentos médicos. Em outubro de 2008, ela recebeu R$ 1 milhão do Fundo Criatec, do BNDES, para que suas ideias chegassem ao mercado. Desde então, a empresa já viu seu fa-turamento e capacidade de produção aumen-tarem seis vezes.

“Além do apoio comercial, o suporte para a operação da empresa e o trabalho de

networking oferecidos pelos investidores são fundamentais para o sucesso”, afirma Wataru Ueda, presidente do conselho da Magnamed. Ele calcula que a empresa deva crescer 12 vezes mais até o final de 2009.

O empresário também aponta a gover-nança coorporativa como um dos principais ganhos. “Ao criar funções como conselhos, di-retorias em uma área administrativa que antes não existia, o gerenciamento melhorou consi-deravelmente. Dessa forma, podemos pensar futuramente em abertura de capital no merca-do e novas aquisições”, complementa.

O reconhecimento internacional da Magnamed mostra que eles estão no cami-nho certo. Em outubro, a empresa recebeu duas certificações que abrem as suas portas ao mercado exterior. A Turv Nord, certifica-dora alemã de produtos e empresas de tec-nologia, conferiu um certificado de gestão de qualidade e outro de permissão de venda nos produtos da Magnamed para toda a co-munidade europeia.

Marcelo Romeiro, da Rio Bravo: investir em empresas nascentes não significa adotar uma postura imediatista

inVEStimEnto CApiTAl DE RisCOD

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Page 35: Revista Cietec Info 03

A – representantes de Pessoa Jurídica

iPt – instituto de Pesquisas tecnológicas do estado de São PauloTitular: Prof. Dr. João Fernando Gomes de OliveiraSuplente: Dr. Álvaro José Abackerli

Sd – Secretaria de desenvolvimento do estado de São PauloTitular: Dr. Luciano Santos Tavares de Almeida

USP – Universidade de São PauloTitular: Dr. Oswaldo MassambaniSuplente: Dra. Maria Angélica Miglino

iPeN – instituto de Pesquisas energéticas e NuclearesTitular: Dr. Nilson Dias Vieira JuniorSuplente: Dr. José Antonio Diaz Dieguez

instituto ButantanTitular: Dr. Otavio Azevedo MercadanteSuplente: Dr. Paulo Lee Ho

ANPei - Associação Nacional de Pesqui-sa, desenvolvimento e engenharia das empresas inovadorasTitular: Dr. Celso A. BarbosaSuplente: Dr. Martin Izarra

SBPC – Sociedade Brasileira para o Pro-gresso da CiênciaTitular: Dr. Marco Antonio RauppSuplente: Dr. José Raimundo Braga Coelho

FieSP – Federação das indústrias do estado de São PauloTitular: Dr. Arnaldo de AzevedoSilva JuniorSuplente: Dr. Airton Caetano

B – Pessoa Física- Dr. Fernando Leça- Dr. Flavio Fava de Moraes- Dr. Guilherme Ary Plonski - Dr. Plínio Assmann - Presidente

nOvO COnSELhO DELIBERATIvO DO CIETEC

inStitucional COnsElhO DEliBERATivO

Conselho doCietec é ampliadoConselho Deliberativo do Cietec, conforme ao novo Estatuto Social, recebe novos membros e elege seu presidente

m reunião no dia 18 de novembro de 2008, o Conselho Deliberativo do Cietec aprovou os nomes dos indicados pelo Instituto Butantan,

FIESP e SBPC, novas entidades participan-tes desse órgão, e os nomes de Fernando Leça, Flavio Fava de Moraes, Guilherme Ary Plonski (atual Presidente da Anprotec) e Plinio Assmann, reconhecidos por seus serviços à ciência, tecnologia e inovação no país, como seus mais recentes membros.

Na mesma reunião, Plínio Assmann foi eleito, por unanimidade, novo presi-dente do Conselho Deliberativo, suceden-do Claudio Rodrigues, indicado para o cargo de Diretor-Presidente do Cietec.

A indicação de Plinio Assmann para o cargo mais importante da estrutura or-ganizacional do Cietec considerou sua vasta experiência em gestão de ações e projetos inovadores. “Assmann foi presi-dente do Metrô de São Paulo quando da sua implantação, participou do processo de modernização da Cosipa e foi presidente do Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT). Sua experiência na condução dessas empresas e de uma instituição de ciência e tecnologia sempre teve foco na inovação e pode-rá contribuir muito para a consolidação do novo escopo da entidade”, destaca Maurício Susteras, coordenador de Gestão Tecnológica do Cietec.

Com novo estatuto, um Conselho Delibe-rativo ampliado e representativo e uma Dire-toria Executiva profissional, o Cietec iniciou uma nova fase, ampliando o escopo de sua atuação, reformulando, em sequência ao seu Estatuto Social, seu Plano de Negócios e Regi-mento Interno, de modo a consolidar-se como uma entidade estruturada e atualizada para

e

SBPC

FIESP

ações de apoio ao empreende-dorismo e inova-ção empresariais, voltadas, em especial, para a criação, forta-lecimento de empresas de base tecnológica, particularmente as MPE’s.

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Stand by jOsé EDuARDO FiATEs

“Un sombrero de innovaciones”

José Eduardo Fiates desembarcou em terras mexicanas, no mês de setembro,

onde foi eleito presidente da Divisão Latino-Americana da International

Association of Science Parks (IASP). Na bagagem, trouxe novidades de Monterrey,

uma das cidades economicamente mais desenvolvidas daquele país e que aposta

alto no empreendedorismo inovador

ercada por inúmeras formações montanhosas que compõem a pai-sagem natural em uma das regiões mais áridas do México, encontra-se

Monterrey. Com mais de 3,6 milhões de habitantes, configura-se como o segun-do maior centro industrial do país, com diversos centros de ensino e pesquisa. Só por esses motivos, uma “esticada” até o município já valeria a pena.

Para quem precisa de razões extras, Monterrey abriga um grande “sombre-ro” de oportunidades de negócios no que tange à incubação de empresas inovadoras de base tecnológica. Em uma área com mais de 700 mil metros quadrados, o Parque de Investigação e

c

José Eduardo Fiates falou sobre o empreendedorismo inovador na América Latina durante Congresso da IASP no México

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Inovação Tecnológica (PITT) impressiona pelas dimensões e pela potencialidade na geração de pesquisas, que acabam culminando em produtos e serviços ofe-recidos à população.

O empreendimento é fruto de uma política pública agressiva e muito bem direcionada que, com investimentos de mais de US$ 100 milhões, nos últimos cinco anos, colocou definitivamente o PITT na rota de muitos navegadores do movimento, sempre ávidos por inter-cambiar experiências e modelos de ges-tão bem-sucedidos. Jose Eduardo Fiates, diretor-executivo do Sapiens Parque e diretor de Inovação da Fundação Certi, ambos em Santa Catarina, é um deles.

No mês de setembro, esteve em Mon-terrey onde também foi eleito, por una-nimidade, presidente da Divisão Latino-Americana da International Association of Science Parks (IASP).

“Fiquei impressionado com o que vi. O Parque abriga grandes incubadoras nas áreas de energia, nanotecnologia e TIC, além de um centro de pesquisa de empresas estatais, ligado à questão das águas. Sem dúvida, essa parceria com instituições públicas de pesquisa é um modelo de ação inovadora para um par-que tecnológico”, diz.

Fiates complementa que Monterrey, até a primeira metade do século pas-sado, tinha suas atividades econômicas amplamente voltadas à siderurgia. Tanto que havia na cidade uma grande side-rúrgica, símbolo do desenvolvimento local, que, com o passar dos anos, aca-bou se transformando em um grande parque para atividades de lazer, cultura e entretenimento.

“Isso também denota a mudança de vocação do município desde a implan-tação do Programa Monterrey – Cidade Internacional do Conhecimento. Sem dúvida, é um lugar encantador, com inú-meras curiosidades. Esse parque públi-co, por exemplo, é um dos cartões pos-tais. Atração imperdível para turistas”, acrescenta Fiates.Parque de Investigação e Inovação Tecnológica, em Monterrey: 700 mil m² em prol do empreendedorismo

Localizada na região central do México, Mon-

terrey ainda é cenário para alguns contrastes sociais.

Maciços investimentos públicos em tecnologia e

inovação estão mudando, aos poucos, a paisagem

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Sérgio RisolaGerente-executivo

do Cietec e Presidentedo Conselho Deliberativo

da Rede Paulista de Incubadoras (RPI)

viSão

ão poderia ter sido mais apropriado. O dia escolhido para lançamento oficial da Rede Paulista de Incubadoras (RPI) foi o 15 de outubro, conhecido nacio-

nalmente como o Dia do Professor. E não foi por acaso.

Ao longo da última década, o movi-mento de empreendedorismo e inovação veio transformando legitimamente seu pa-pel no sentido de não mais figurar como mero promovedor de acesso às políticas e ações de fomento, mas também como elo entre os diversos conhecimentos e modelos vitoriosos de gestão elaborados por incu-badoras e parques, o que pode conferir aos profissionais que atuam nessas entidades maior habilidade e capacidade para condu-zir processos que levem ao sonhado desen-volvimento sustentado.

Com foco em legitimar os pólos re-gionais de empreendimentos inovadores, a RPI já nasce com 55 incubadoras as-sociadas, compreendendo mais de 800 empresas. A missão é a de identificar as demandas existentes em cada localidade e contemplá-las dentro do planejamento estratégico da rede.

Vale lembrar que esta conversa surgiu há exatos dez anos, em uma reunião na distan-te Belém, capital paraense. Na oportunida-de, discutíamos a importância do coopera-tivismo para o movimento e a necessidade de transpormos os muros que delimitavam a atuação das incubadoras, sempre muito fo-cada na criação de novos negócios de base tecnológica. Não que isso não faça mais par-te do nosso propósito. Pelo contrário.

No entanto, uma década depois, com o apoio de parceiros como SEBRAE, Anprotec e, fundamentalmente, o próprio Governo do Estado de São Paulo, conseguimos in-serir definitivamente o assunto na agenda

n pública e agora voltamos o suor e o cérebro também para a ampliação do escopo des-sas entidades.

É bem verdade, demorou! Foram preci-sas horas intermináveis de discussões para compreender melhor que mudar a agenda da inovação e do empreendedorismo no Brasil não é apenas dever do Estado ou das associações que apoiam o cenário. É dever de todos nós: dos investidores, dos apoiado-res, das cabeças pensantes do movimento. O esforço deve ser conjunto. E foi!

O desafio que se ergue neste momento encontra-se sob duas vertentes: a primeira diz respeito ao estabelecimento e ao reco-nhecimento dessa iniciativa como um progra-ma que atua diretamente na transformação do cenário; a segunda faz jus a uma tendên-cia de acompanhamento dos indicadores de desempenho das entidades, integrando siste-mas, padronizando metrificações, qualifican-do tudo aquilo que é produzido.

De agora em diante, a hélice que pos-sui a missão de propagar esses bons ventos passa a ser movida por três pás. Assim, a RPI estrutura-se para ser um canal técnico no qual gestores, empresários e consulto-res que trabalham nas incubadoras e par-ques possam melhorar sua capacitação. Para ser um canal político, estreitando relações com a própria “entidade-mãe”, vulgo Anprotec, democratizando o acesso à informação, e também para ser um ca-nal institucional na divulgação organizada dos indicadores de excelência que temos, atraindo parceiros e investidores.

Se fosse para resumir em uma única fra-se o sentimento que toma conta do cenário neste instante, parafraseando nosso carís-simo Ary Plonski, presidente da Anprotec, poderíamos lançar mão de três palavrinhas apenas: “Até que enfim”.

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