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INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E TECNOLOGIA 4ª EDIÇÃO - NOVEMBRO DE 2010 Brito Cruz: diretor científico da Fapesp comenta as perspectivas dos setores de Ciência,Tecnologia e Inovação no Estado de São Paulo para os próximos 15 anos De olho na pós-incubação e para garantir o fortalecimento das empresas nascidas em seus ambientes, centros de empreendedorismo e inovação ampliam escopo e vão atrás de parcerias estratégicas Redes de negócios E mais! Internacionalização de MPE inovadoras Prime e Lei de Informática: balanço Setor farmoquímico ganha novo impulso

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Publicação mantida pelo Centro Incubador de Empresas Tecnológicas, localizado na Cidade Universitária, campus da USP. A revista tem como tema a inovação e o empreendedorismo.

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INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E TECNOLOGIA 4ª EDIÇÃO - NOVEMBRO DE 2010

Brito Cruz: diretor científico da Fapesp comenta as perspectivas dos setores de Ciência, Tecnologia e Inovação no Estado de São Paulo para os próximos 15 anos

De olho na pós-incubação e para garantir o fortalecimento das empresas nascidas em seus ambientes, centros de empreendedorismo e inovação ampliam escopo e vão atrás de parcerias estratégicas

Redes de negócios

E mais!Internacionalização de

MPE inovadoras

Prime e Lei de Informática: balanço

Setor farmoquímico ganha novo impulso

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EditorialíndicE

intersecção indispensável entre empresa e universo acadêmico é uma das tônicas desta edição da Cietec.Info. Em reportagem

investigativa, fomos tentar descobrir os motivos que ainda tornam peque-na a inserção de doutores nas em-presas que investem em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços.

A revista chega aos leitores em um momento importante para o Cietec. Com a consolidação do pro-cesso de pós-incubação, completa-se o ciclo de apoio à inovação de base tecnológica, primeira missão da entidade. Assim, justamente com os processos de pré-incubação e in-cubação, esse posicionamento esta-rá cada vez mais presente na agen-da de fortalecimento dos negócios aqui abrigados.

O assunto, de certa forma, tam-bém está relacionado à matéria que trata sobre a parceria inédita entre Cietec e Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) cujo objetivo é aproximar o trabalho de pesquisa na área de saúde, feito pelas empresas associadas, de po-tenciais investidores, além de alavan-car futuras relações comerciais dos micro e pequenos empreendimentos.

É uma oportunidade para fazer um balanço do primeiro ano do Pro-grama Primeira Empresa Inovadora que proporcionou, dentre outras coi-sas, um recorde quanto ao número de projetos inscritos para seleção pela in-cubadora do Cietec no ano de 2009. Falando em incentivo, tem ainda a Lei de Informática e um bate-papo com Robert Binder, do Criatec, fundo de investimentos de capital semente que já contemplou duas empresas do Cietec: Magnamed e BR3.

Sem esquecer a entrevista com Carlos Henrique de Brito Cruz, di-retor científico da Fapesp, que nos apresentou um sólido estudo sobre o plano de Ciência, Tecnologia e Ino-vação em São Paulo. A meta é que o estado com maior produção econô-mica do País passe a investir 2,3% do seu PIB em P&D até 2020. Vale a pena conferir! Boa leitura!

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O Cietec.Info é uma publicação do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia

Conselho Editorial: Claudio Rodrigues, Sérgio Wigberto Risola, José Pereira Lopes Leal, Franco Margonari Lazzuri, Leila Gasparindo, Luis Gustavo Malzone, José Carlos de Lucena, Maurício Susteras, Eduardo Giacomazzi e Oscar Enrique de Moraes Nunes

Coordenação Geral: Sérgio W. RisolaCoordenação de Marketing: Eduardo GiacomazziCoordenação Editorial: José Aluízio GuimarãesProdução Gráfica, Editorial e Design: Trama Comunicação Jornalista Responsável: Leila Gasparindo MTB 23.449Editora-chefe: Helen Garcia MTB 28.969Editor-assistente: Adriano Zanni MTB 34.799Redação: Adriano Zanni, Juliana Lanzuolo, Larissa Leiros Baroni, Lilian BurgardtRevisão: Gisele C. Batista Rego (Istárion)Sugestões e informações: [email protected]

Apoio

Parceiros Estratégicos

Expediente

4 EnTREvISTA Carlos Henrique de Brito Cruz - Fapesp 7 EntEr

8 IncEntIvo Prime e Lei de Informática

12 mErcadoLugar de doutor é na empresa

14 ParcErIasSetor farmoquímico ganha novo impulso

15 vIés Antonio Britto

16 DIRETRIz Claudio Rodrigues

18 nEgócIos IntErnacIonaIs MPE inovadoras conquistam mercado no exterior

20 InovaÇÃo na sUa vIda Brazil Ozônio

22 InovaÇÃo na sUa vIda Eccaplan

24 vIés Guilherme Ary Plonski

25 vIés José Luís Sagarduy

26 ExPrEss Robert Binder - Criatec

28 InstItUcIonal Relatório Anual de Atividades

30 vISÃO Sérgio W. Risola

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esponsável pela maior produção econômica – mais de 30% do PIB (Produto Interno Bruto) – e detentor do principal par-que industrial nacional. Não é por acaso que o Estado de São Paulo é considerado por muitos como o “motor econômico”

do Brasil.

O resultado apresentado no estudo “Plano de C&T&I para o Estado de São Paulo nos próximos 15 anos” evidencia que o estado mais rico da nação tem investido bastante em pesquisa e desenvolvimento nos últimos anos, principalmente pela participação da iniciativa privada, que representa quase o dobro do dispêndio federal. Investimento é maior até do que países como Rússia, Itália, Espanha e China.

EntrEViSta CaRlOs HENRIquE dE BRITO CRuz

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Avanço em pesquisa pode ser muito maior

Para Carlos Henrique de Brito Cruz, um dos condutores do estudo “Plano de C&T&I para o Estado de São Paulo nos próximos 15 anos”, as dificuldades que o País enfrenta no Ensino Médio prejudicam não somente a formação de novos pesquisadores como a de profissionais necessários ao desenvolvimento do Brasil em todas as atividades

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Mesmo assim, Carlos Henrique de Bri-to Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e um dos condutores do estudo, acredita que somente uma ampla transfor-mação em todos os sentidos possa elevar o dispêndio de 1,52% do PIB paulista para 2,3% até 2020, que é a média da Organiza-ção para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Precisamos de mais educação e melhor infraestrutura, além de alguns ajustes nas políticas de incentivo à pesquisa”, planeja o executivo.

Cietec Info – O senhor conduziu uma ampla pesquisa sobre o setor de C&T&I em São Paulo. Qual o panorama que po-demos extrair desse trabalho?

Carlos Henrique de Brito Cruz – O Es-tado de São Paulo tem uma intensidade de atividades em P&D bem superior à do resto do Brasil. Aqui, o dispêndio em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) chegou a 1,52% do PIB estadual em 2008, enquanto no Brasil foi de 1,09% do PIB. No Estado de São Pau-lo, o maior dispêndio é aquele feito por em-presas em suas atividades internas de P&D, o que também contrasta com o que ocorre no resto do País. A terceira característica re-levante é que, na parte pública do dispêndio em P&D, a contribuição estadual é quase o dobro da parte federal, retratando pequeno apoio federal à pesquisa em São Paulo.

Cietec Info – Em comparação com o Brasil, nota-se que o aumento do inves-timento paulista em P&D nos últimos anos tem se mostrado mais consistente. Por que isso ocorre?

Carlos Henrique de Brito Cruz – O dis-pêndio em P&D em São Paulo tem sido mais estável do que o realizado no Brasil. Contri-buem para isso: o setor empresarial mais ati-vo em P&D e a estabilidade do financiamento estadual por meio do apoio às universidades estaduais (USP, Unicamp e Unesp) e à Fapesp.

Cietec Info – De maneira geral, o Es-tado de São Paulo investe em P&D com recursos próprios, sem grandes aportes do governo federal. Qual a implicação no desenvolvimento de P&D&I nacional?

Carlos Henrique de Brito Cruz – A principal implicação é que os impostos pagos pelos paulistas apoiam não somente o desen-volvimento científico e tecnológico do Estado como também o do Brasil. Isso é pouco reco-nhecido pelo governo federal, especialmente nos últimos anos. A contribuição ao Brasil não

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EntrEViSta CaRlOs HENRIquE dE BRITO CRuz

se dá somente na criação de co-nhecimento como também na formação de recursos humanos: pós-graduandos formados em instituições em São Paulo aju-dam a popular as principais uni-versidades federais.

Cietec Info – O número de vagas para o Ensino Su-perior é maior do que o nú-mero de pessoas concluin-do o Ensino Médio. Isso prejudica o aumento do número de pesquisadores. Como o senhor avalia esse resultado e, em sua visão, o que é preciso ser feito para reverter tal cenário?

Carlos Henrique de Brito Cruz – As dificuldades que o

Brasil enfrenta no Ensino Médio prejudicam não somente a formação de pesquisadores como a formação de profissionais necessá-rios ao desenvolvimento do Brasil em todas as atividades. Na Conferência Paulista de C&T&I, vários apresentadores destacaram essa restrição. É preciso que o Brasil faça uma verdadeira revolução no Ensino Médio para formar pessoal na quantidade e qua-lidade que o País precisa para sustentar o desenvolvimento que desejamos.

Cietec Info – As pesquisas geradas em Institutos de Ensino Superior têm especial destaque no que se refere à composição do dispêndio público. Em tese, é um investimento acadêmico, não diretamente ligado à geração de riqueza por meio de produtos, servi-ços e patentes comerciais. A universi-dade tem mecanismos para reverter esse quadro?

Carlos Henrique de Brito Cruz – Não é correto que a pesquisa acadêmica seja desconectada da criação de riqueza. A pesquisa acadêmica forma a base para o desenvolvimento do conhecimento e é es-sencial na formação de profissionais, para a pesquisa e para outras profissões, bem preparados para enfrentar os desafios do mundo moderno. Estes profissionais preci-

sam, durante sua formação, conviver num ambiente motivador e desafiante, no qual aprendam a aprender e ganhem confiança para enfrentar desafios intelectuais ousa-dos. A pesquisa acadêmica é definitiva para esse tipo de formação.

Cietec Info – O dispêndio em P&D na indústria automotiva ainda tem prepon-derância no cenário paulista. Por outro lado, setores como eletrônicos e semi-condutores ainda são tímidos. Existem políticas para balancear de alguma for-ma tal cenário?

Carlos Henrique de Brito Cruz – O setor automobilístico é o grande puxador do desenvolvimento em São Paulo como é também em muitos outros países, por isso é natural que se destaque. Para todos os setores, há políticas de incentivo importan-tes, que podem ser aperfeiçoadas. Mas o mais determinante para o esforço de P&D de empresas é o crescimento da econo-mia e a intensidade de exportações. Para intensificar exportações, os desafios que o Brasil enfrenta não dependem de políticas de incentivo à P&D, mas de políticas que reduzam o custo Brasil, especialmente no câmbio e infraestrutura.

Cietec Info – Recentemente, o senhor disse que o alvo para 2020 é elevar o dis-pêndio de 1,52% do PIB paulista para a média da Organização para a Coopera-ção e Desenvolvimento Econômico, que é de 2,3% do PIB. O que é necessário fa-zer para atingir tal meta ou, ao menos, se aproximar desse objetivo?

Carlos Henrique de Brito Cruz – É pre-ciso manter o desenvolvimento econômico do País por uma década nos níveis atuais. Ao mesmo tempo, em que o dispêndio em P&D contribui para o desenvolvimento, ele é resul-tado do desenvolvimento. Precisamos de mais educação e melhor infraestrutura, ao lado de alguns ajustes nas políticas de incentivo à pesquisa. No setor público, é preciso elevar os referenciais qualitativos. No setor privado, é preciso haver mais exposição à competição mundial por meio de exportações. Em ambos os casos, internacionalização deve ser uma meta relevante.

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Precisamos de mais educação

e melhor infraestrutura, além de alguns

ajustes nas políticas de incentivo à pesquisa

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Vinte e três empresas e entidades brasileiras ligadas à biotecnologia participaram da BIO International Convention 2010, em Chicago. Na bagagem, trouxeram o lançamento da marca BrBiotec Brasil para caracterizar internacionalmente os produtos do País. A BIO 2010 é o maior evento mundial do setor, que reúne desde pequenas empresas incubadas até multinacionais, com faturamentos bilionários.

A iniciativa BrBiotec é um trabalho conjunto do Cietec, Apex-Brasil, Fundação Biominas, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundação Bio-Rio. O mercado de biotecnologia movimenta no País ao redor de US$ 10 bilhões/ano, com maior ênfase nas áreas de saúde pública e meio ambiente, mas a política nacional para o setor, estabelecida em 2007, estima que o Brasil fique entre os cinco maiores polos mundiais até 2015.

PEDRA funDAMEnTAl

APOIO AO PRé-SAlApós a inauguração, em novembro de 2009, do laboratório de engenharia naval do Centro de Engenharia Naval e Oceânica, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), sediado em São Paulo (SP), volta a canalizar recursos para obras de grande complexidade envolvendo laboratórios de ensaios pesados. A partir de 2011, a estrutura orçada em mais de R$ 21,7 milhões deve entrar em funcionamento como uma abrangente área de pesquisa para dar suporte à Petrobras na exploração e produção do petróleo extraído do Pré-Sal.

A Petrobras participa do projeto com cerca de R$ 9,4 milhões para a compra de equipamentos. O governo de São Paulo já investiu outros R$ 8,5 milhões, sendo que o restante veio da Fapesp e de empresas privadas. O prédio em construção tem 3 mil m² de área e será equipado com duas pontes rolantes de 15 toneladas cada uma, instaladas a dez metros de altura, que auxiliarão nos testes. “Com a descoberta das reservas do pré-sal, cresceu a demanda de parceiros como a Petrobras, que precisará de suporte às plataformas, por exemplo”, disse João Fernandes Gomes de Oliveira, presidente do IPT.

“A academia está envolvida com esse novo momento do Brasil, o momento em que a pesquisa científico-tecnológica se coloca a serviço do empresariado para parcerias de sucesso. Fico muito animado quando coloco o pé em uma incubadora e vejo jovens se arriscando nessa engrenagem em vez de optarem simplesmente por serem empregados em suas áreas de atuação”.

A frase é de Sergio Machado Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, durante visita ao Cietec em 1º de setembro de 2010, quando foi recebido por autoridades e empresários, tomando conhecimento sobre o novo posicionamento estratégico da entidade.

APOSTA CERTA

O Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen) anunciou a destinação de R$ 50 milhões pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) para a elaboração do projeto básico, licenciamento ambiental e experimentos de concepção do Reator Multipropósito Brasileiro, que será construído no município de Iperó (SP). O investimento total, distribuído pelos próximos seis anos, é de R$ 850 milhões. A construção coloca o Brasil no caminho da autossuficiência na produção de radiofármacos.

O reator brasileiro, por ser multipropósito, também contemplará outras áreas estratégicas que incluem o teste de combustíveis e materiais utilizados em reatores de potência como Angra I e II, e a utilização do feixe de nêutrons para pesquisa básica e tecnológica pela comunidade científica nacional. Para José Augusto Perrotta, diretor de Projetos Especiais do IPEN e assessor da presidência da CNEN, a iniciativa trará inúmeros benefícios na área da saúde, com a nacionalização dos radioisótopos produzidos em reatores – que hoje são importados pelo Brasil, impactos positivos também na indústria, no meio ambiente e na agricultura. “O reator terá 30 mW de potência e irá fortalecer a base científica e tecnológica, formando o mais novo polo aglutinador de tecnologia nuclear do País”, encerra Perrotta.

EnERGIA nuClEAR

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inda que os primeiros anos repre-sentem o período de maior risco na vida de qualquer empreendimento, a Modclima – empresa nascente es-

pecializada na produção de chuvas artifi-ciais – conseguiu transpor a turbulência. Em menos de oito meses, além de signifi-cativo desenvolvimento em seus produtos, conquistou quatro novos clientes e garantiu um aumento de 10% no faturamento.

Esses avanços só se tornaram viáveis graças à inclusão no Programa Primeira Em-presa Inovadora (Prime). Além da subven-ção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no valor de R$ 120 mil, a Modclima passou a contar com o apoio à gestão como empresa associada ao Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecno-logia (Cietec), que assume no programa o papel de incubadora-âncora.

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incEntiVo PRIME

Prime beneficia 1.380 empreendimentos com subvenção econômica de R$ 120 mil e consultoria especializada de incubadoras

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resultadosParceria

de sucesso e muitos

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De um lado, recursos não reembolsáveis para a reestruturação da cultura organiza-cional. Do outro, incubação não residente garante o suporte técnico para a consoli-dação de uma ideia inovadora. Para Majory Imai, uma das sócias da empresa, os recur-sos da Finep e o relacionamento com o Cie-tec proporcionaram a abertura das portas do mercado para a comercialização da tec-nologia de produção de chuvas.

“Como vivemos de pesquisa e novas tecnologias, sem esse auxílio, enfrentaría-mos muitas dificuldades até que o produ-to atingisse o estágio de comercialização”, explica. O apoio, segundo ela, também faz toda a diferença para o desenvolvimento do negócio principalmente na questão da cre-dibilidade associada ao nome de dois órgãos de peso.

Assim como a Modclima, outras 1.380 empresas se beneficiaram do programa, es-tabelecido pela financiadora por meio de 17 incubadoras-âncora, representantes de di-versas regiões do País. O Cietec, por exem-plo, é responsável pelo acompanhamento dos 106 empreendimentos paulistas apro-vados no Prime.

A iniciativa visa criar condições financei-ras favoráveis para que empresas nascentes de no máximo dois anos de existência pos-sam consolidar com sucesso a fase inicial de desenvolvimento de seus empreendimen-tos. A previsão é que, até 2012, cerca de R$ 650 milhões sejam investidos em 5 mil novos negócios.

Na opinião de Sérgio Risola, diretor-executivo do Cietec, o projeto é inovador e preenche uma lacuna nas opções de subven-ções econômicas existentes. “Há muitos edi-tais focados no desenvolvimento de pesqui-sas e na compra de materiais, mas nenhum, até então, direcionado no apoio à gestão”, aponta ele, que enfatiza a importância desse investimento principalmente em empresas nascentes. “Gestão bem-estruturada signifi-ca sobrevivência competitiva e maior rentabi-lidade nos negócios”, explica.

Para Risola, a grande falha daqueles em-preendimentos que se enquadram nas es-tatísticas e morrem nos três primeiros anos de vida está no investimento exclusivo na estrutura tecnológica. “Falta a base para o planejamento e a implementação de pro-cessos que vão levar o negócio ao sucesso.”

R$ 650milhões é a previsão de

investimentoem novos

negócios até2012

Voos mais altos: Modclima foi uma das empresas con-

templadas pelo Prime e pas-sou a contar com o apoio do Cietec em sua gestão

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incEntiVo PRIME

Mas para atingir as dimensões do pro-grama, Marcelo Camargo, chefe do Depar-tamento de Apoio à Empresa Nascente da Finep, cita a importante participação das incubadoras-âncora em todos os processos – desde a captação e seleção das empresas apoiadas até o acompanhamento do desen-volvimento dos projetos e a distribuição dos recursos. “O corpo técnico da agência não suportaria a demanda do Prime. Portanto, nada melhor do que descentralizar a atua-ção e contar com a colaboração de agentes especializados em empreendimentos inova-dores nessa fase de crescimento”, relata ele.

Além do acompanhamento contínuo dos processos de cada uma das empresas beneficiadas, o Cietec ofereceu, àqueles interessados, espaço em sua incubadora de empresas. “Possibilidade que inclui progra-mas de capacitação, assistência jurídica e comercial, auxílio na inserção profissional. É uma grade de MBA para os empreendedo-res”, descreve Risola.

Estruturas gerenciaisPara auxiliar o processo de acompa-

nhamento de suas 106 empresas, o Cietec desenvolveu o sistema eletrônico Primesis. “Existiam duas opções para estruturar o programa como a Finep desejava. Investir

em uma equipe média para gerir os recursos e acompanhar manualmente os processos ou criar um software complexo com a oti-mização de todas as tarefas”, explica Franco Margonari Lazzuri, coordenador de Tecnolo-gia da Informação do Cietec.

Segundo Lazzuri, não adianta fazer um sistema só com o formulário eletrônico de inscrições. Era necessário criar um programa que visualizasse todos os processos dentro da gestão e facilitasse a manutenção das in-formações. “Assim, os gestores teriam mais tempo para trabalhar a inteligência”, assegu-ra ele. O desenvolvimento do software, com todas essas características, foi então realizado por uma das empresas incubadas no Cietec.

A maior segurança na gestão de proces-sos rendeu a parceria com outras 11 incu-badoras-âncora, que dividiram os custos da criação e manutenção do Primesis. “Ges-tores e empreendedores devem preencher os formulários dos programas, responsáveis pela geração de relatórios periódicos e com-parativos. Os envolvidos gastam, em média, 20 minutos por mês para abastecer as infor-mações do sistema”, diz o coordenador, que garante que, com ou sem o software , os relatórios devem ser feitos por exigência do próprio edital do programa. “As verbas da

subvenção econômica só são liberadas após aprovação de todas as etapas devidamente preenchidas e concluídas”, atesta.

Atual estágioA menos de três meses do término da

primeira edição do Prime, as 1.380 empre-sas participantes já receberão a segunda e última parcela da subvenção no valor de R$ 60 mil. Recursos que deverão dar sequ-ência ao trabalho de gestão iniciado em ja-neiro de 2010 e garantir a autossustentabili-dade dos negócios a partir de 2011.

As expectativas da Comunica Geral – empresa de negócios que permite o en-contro de dois públicos com necessidades complementares – em relação a seu futuro sem o auxílio da Finep e do Cietec são posi-tivas. “A participação no Prime comprovou o potencial de nosso negócio e nos deu con-fiança para investirmos mais na empresa”, relata Rogério Augustos Costa Leme, sócio-diretor do empreendimento.

Segundo ele, até o final do ano, a Co-munica Geral terá condições de manter todos os seus custos e investir em outros desenvolvimentos. “Estamos cumprindo à risca as metas de faturamento para viabilizar nossa independência”, diz Leme.

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lém da subvenção econômica do Progra-ma Primeira Empresa Inovadora (Prime), a Phi Innovations – distribuidora de um sistema operacional Linux chamado Phi-

Linux – pode explorar a consultoria do Cietec para multiplicar seus ganhos. Foi a partir de uma análise da incubadora que a empresa nas-cente encontrou em seu arcabouço legal um caminho complementar: a Lei de Informática.

A lei concede incentivos fiscais para que em-presas produtoras de hardwares específicos invistam em Pesquisa e Desenvolvimento. Para aderir ao benefício, é necessário aplicar ao me-nos 4% do faturamento anual em instituições de ensino e pesquisa credenciadas, programas e projetos prioritários em tecnologia da infor-mação ou em fundo setorial de informática. Em contrapartida, terá uma diminuição de até 80% no valor do Imposto sobre Produtos In-

dustrializados (IPI).

A medida, na opinião de Flávio de Castro Alves Filho, sócio da Phi Inno-vations, agregou valor ao negócio. “Como prestamos um serviço consi-derado crítico e com alto risco, é bem

mais fácil captarmos clientes a partir dos benefícios concedidos pela Lei de Informática. O risco para

incEntiVo lEI dE INFORMáTICa

eles diminui e as oportunidades de negócios para nós aumentam”, afirma ele, que ressalta a importância do auxílio do Cietec nesse pro-cesso. “Além da ideia, recebemos toda a assis-tência jurídica necessária. Talvez, sozinhos, não tivéssemos essa visão”, completa. Os resultados das mudanças operacionais já são visíveis. A empresa formada inicialmen-te apenas por seus três sócios, hoje mantém oito colaboradores. As áreas de atuação tam-bém foram estendidas. “O negócio, antes específico ao setor aeroespacial, já abrange os segmentos médico, de telecomunicações e de medição de energia elétrica”, diz. Trans-formações que naturalmente movimentaram o faturamento anual da Phi Innovations, que passou de R$ 80 mil para R$ 400 mil. “Cerca de 30% dos ganhos são reflexos da Lei de Informática e, consequentemente, do auxílio do Cietec”, garante Alves Filho.

As expectativas para o próximo ano são ain-da mais ousadas. Alves Filho conta que a empresa já está investindo na criação de um produto próprio e que, até o final de 2010, será feito seu lançamento. “Alguns contra-tos de exportações, inclusive, começam a ganhar consistência”, comemora o sócio da Phi Innovations.

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Auxílios extras

Com o auxílio da Lei de Informática, os sócios da Phi Innovations comemoraram o aumento do faturamento anual:de R$ 80 mil para R$ 140 mil

Legislação concede benefícios fiscais para que empresas produtoras de hardwares específicos invistam em Pesquisa e Desenvolvimento

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mErcado lugaR dE dOuTOR é Na EMPREsa

inserção desses profissionais em seus qua-dros de funcionários, sem dimensionar os futuros ganhos que esse investimento pode proporcionar ao negócio”, diz o presidente da Confap. “Não quer dizer, porém, que ti-tulamos brasileiros para ficarem desempre-gados”, completa ele.

Mas quem sai perdendo com essa inver-são é o próprio País. “As empresas são as grandes protagonistas do processo de ino-vação de qualquer nação. E não é diferente no Brasil. Sem a participação de doutores, a competitividade é restrita e o crescimento nacional amarrado”, garante Lima. Embora a situação ainda esteja muito aquém da ideal, Borges Neto cita a existência de algumas ações que prometem reverter a realidade para os doutores brasileiros. “Entre elas, está a Lei de Inovação e o aumento de estí-mulos públicos para a inserção desses profis-sionais nas empresas”, relata.

Pesquisa revela que a cada dez titulados, oito seguem paraa academia. Proporção é desigual à tendência mundial

esmo que o número de doutores no Brasil tenha crescido 278% nos últi-mos doze anos, a inserção desses pro-fissionais no meio empresarial ainda

é muito pequena. De um lado, a titulação de 11.368 brasileiros, em 2009. Do outro, a baixa concentração dos pós-graduados na academia, com a participação de apenas dois em cada dez doutores brasileiros na cadeia produtiva.

Os dados da pesquisa “Doutores 2010: estudos da demografia da base técnico-científica brasileira”, realizada pelo Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), comprovam o distanciamento do Brasil em relação às tendências internacionais.

A realidade brasileira é desproporcional se comparada à dos países desenvolvidos e à das nações pertencentes ao grupo de emergentes. É o que garante Mario Borges Neto, presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). “Na Coreia do Sul, por exemplo, 76% dos doutores estão inseridos nas em-presas”, cita. No Brasil, segundo dados do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), 76,7% das pessoas envolvidas em pesquisa e desenvolvimento estão concentradas no Ensino Superior, 19,8% no meio empresa-rial, 3,1% no governo e 0,3% em institui-ções privadas sem fins lucrativos.

Essa desigualdade também é visível se analisado o número de doutores por habi-tantes. “Rússia e a Coreia do Sul têm quatro pesquisadores a cada mil pessoas. A pro-porção nos Estados Unidos e no Japão é de cinco por mil”, compara Borges Neto, que destaca o baixo volume de doutores brasi-leiros se comparado com o tamanho da po-pulação. Segundo ele, no País, há em torno de 0,5 titulados por mil pessoas. “Se o Brasil mantiver o atual ritmo de desenvolvimento, vão faltar pesquisadores especialmente nas áreas consideradas estratégicas. O tão temi-do apagão em engenharia já é uma realida-de”, enfatiza o presidente do Confap.

Para Guilherme Marco de Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Pes-quisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), a preferência dos pesquisadores brasileiros pelo ingresso na academia está muito mais relacionada às oportunidades de mercado do que à vonta-de profissional. “Há diversos motivos que justificam isso, entre eles a falta de cultura inovadora das empresas e o distanciamento entre o setor acadêmico e o corporativo”, aponta ele.

Borges Neto partilha da mesma opinião de Lima. “Ainda são poucas as empresas que investem na contratação de doutores. Muitas analisam apenas o fator custo para a

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Inserção de doutoresem empresas ainda é baixa

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As incubadoras de empresas também são apontadas pelo vice-presidente da Anpei como agentes propulsores para a ampliação do número de titulados na cadeia produtiva. “Muito mais do que o elo entre o setor privado e acadêmico, os centros de incubação são o berço da maioria das empresas de base tecnológica do País. Eles formam organizações já com uma mentalidade cultural diferenciada, aptas a competirem nesse mundo inova-dor. Fator que, naturalmente, exigirá a inserção de doutores na equipe das incu-badas”, explica Lima.

fora da curvaO Centro de Inovação Empreendedoris-

mo e Tecnologia (Cietec), por exemplo, está alinhado à tendência mundial e comprome-tido a auxiliar o Brasil a reverter as curvas do mercado de trabalho dos doutores bra-sileiros. É o que aponta Mauricio Susteras,

coordenador de Gestão Tecnológica do Cietec. “A previsão é que cada uma de nossas incubadas tenha pelo menos um mestre ou doutor. Há aquelas que se des-tacam e mantém até cinco titulados em seu quadro de funcionários”, afirma ele. Ao menos 100 dos 806 funcionários envol-vidos em uma das 139 empresas incubadas no Cietec têm título de doutor.

Segundo Susteras, 90% da transforma-ção do conhecimento obtido nas universi-dades em produtos, serviços ou sistemas é feito nas empresas. “Nascimento propicia-do fundamentalmente por doutores, que detêm todo o suporte técnico para gerar ciência e, consequentemente, transformar conhecimento em inovação e rentabilida-de”, assegura ele, que justifica a dificulda-de de comunicação entre o mundo empre-sarial e o meio acadêmico com a ausência de pesquisadores na cadeia produtiva.

O coordenador aponta ainda a exigên-cia de doutores para organizações interes-sadas em angariar recursos públicos tanto para o seu desenvolvimento científico como operacional. “Todos os editais obrigam que ao menos os coordenadores dos projetos sejam titulados”, diz.

Mesmo que a inserção de doutores no setor empresarial seja importante para a criação de inovação e a garantia da com-petitividade, Susteras enfatiza que apenas 20% do sucesso de um negócio está relacio-nado ao conhecimento técnico e científico. “Os outros 80% estão vinculados à capta-ção de recursos, ao suor, ao trabalho, ao marketing, à comercialização, à comunicação e ao networking”, alerta o coordenador do Cietec, que sugere que as empresas, nas-centes ou não, invistam tanto no desenvol-vimento tecnológico como em uma boa ges-tão administrativa.

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o mês de setembro, o presidente da Associação da Indústria Farmacêuti-ca de Pesquisa (Interfarma), Antonio Britto, visitou o Cietec para firmar de

vez a parceria que já estava sendo estudada desde o início do ano.

Acompanhado por uma comitiva de executivos ligados a dez multinacionais da indústria farmacêutica, Britto comentou que os aspectos que determinaram a esco-lha do Cietec como parceiro foram a ex-celência quanto aos processos de pesquisa e gestão, além dos resultados expressivos alcançados pela entidade em relação ao número de patentes e marcas registradas nos últimos anos.

O acordo de cooperação deve aproximar o trabalho de pesquisa em fármacos, feito pelas empresas associadas, de potenciais investidores, além de alavancar as relações comerciais dos micro e pequenos empreen-dimentos inovadores do Cietec nas áreas de biotecnologia e farmoquímica com foco nas oportunidades de negócios que se abrem e acordos de P&D no setor.

Para a Interfarma, o Brasil tem enorme potencial de crescimento em ambas as áreas em função de sua biodiversidade. “Sem dú-vida, existe um grande conhecimento mútuo entre pesquisadores que se dedicam à saúde e à indústria de medicamentos. Nós e o Cie-tec, pelos papéis que desenvolvemos, somos capazes de aproximar estudos científicos e interesses de mercado”, ressaltou Britto.

A opinião do presidente da Interfarma vai ao encontro do discurso do diretor exe-

n

Farmoquímicaganha novo

impulsoAcordo de cooperaçãocom a Interfarma deve estreitar laços entre o trabalho de pesquisa feito por empresas associadasdo Cietec e o mercado

cutivo do Cietec, Sérgio Risola, que acredita que o elo será essencial para unir as duas pontas do processo de produção de co-nhecimento. “Esse casamento de oportu-nidades e conhecimento técnico-científico é muito válido, não apenas para as institui-ções envolvidas, mas para o desenvolvimen-to brasileiro em geral, pois, dessa forma, conseguimos estimular o crescimento sus-tentado”, opina.

Dentre as empresas do Cietec visitadas na ocasião do acordo, estavam a Ciallyx (especia-lizada em estudos pré-clínicos e desenvolvi-mento de produtos farmacêuticos humanos e veterinários), a Zelus (de inovação incremental e pesquisa e desenvolvimento, voltada para os mercados farmacêutico, cosmético e vete-rinário), a Censa (Centro de Espectometria de Massas Aplicada), além da Venbion (laborató-rio de biotecnologia aplicada ao melhoramen-to genético de espécies).

de participação

no mercado de

medicamentos

parcEriaS INTERFaRMa

SOBRE A InTERfARMA

laboratórios farmacêuticos no País

faturamento anual:

3057%

R$18,5 bilhões

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NOVEMBRO 2010 15

a extraordinária evolução do País, nos últi-mos anos, pode ser medida pelos temas dominantes em cada uma das eleições presidenciais, desde a redemocratização.

Em 1989, na primeira delas, saciamos a fome por desfrutar da liberdade de pensar e de esco-lher caminhos.

Conquistada a democracia, foi fácil definir o próximo grande tema – a necessidade de colocar em ordem a moeda, domar a inflação, reduzir o custo de vida. Vieram, então, as elei-ções dominadas pela questão macroeconômi-ca, não por acaso vencidas pelo propositor da estabilidade, Fernando Henrique Cardoso.

Tema resolvido, era hora de partir para questões de cunho mais social: distribuição de renda e geração de emprego. Nada mais natu-ral que Lula vencesse. E agora, que a democra-cia vingou, a economia estabilizou-se e as polí-ticas sociais se impuseram, qual será o grande tema da agenda nos próximos anos?

Se perguntarem ao povo brasileiro, a res-posta é clara: a situação da saúde pública é hoje a maior preocupação do País, com 59% das respostas, segundo pesquisa DataFolha, realizada em dezembro de 2009. Sete vezes mais que o cuidado com a habitação, quase duas vezes mais que os justificados temores com a segurança.

Ou seja, temos um cenário favorável para que a questão seja realmente debatida, este-ja presente, inclusive, no centro das discussões eleitorais, na efetiva prioridade dos candidatos.

Talvez seja também a oportunidade para além de um debate intenso, termos um de-

bate com maturidade à altura do que o Brasil conquistou e merece. Afinal, em matéria de saúde pública, todos os que se apresentam nesta “corrida” já foram governo; todos já puderam ver a enorme distância entre discur-so e realidade, ambições e recursos, precon-ceitos e verdades.

Se o País conseguiu extraordinários consen-sos em termos de liberdades públicas, orienta-ção econômica e políticas sociais, que estranha maldição haverá sobre a saúde pública que nos impeça de discuti-la com racionalidade?

Temas não faltam: a necessidade de for-talecer o sistema público de saúde com mais gestão, mais qualidade e mais recursos; aproveitar as oportunidades criadas pelo desenvolvimento da ciência no País e fazê-lo, realmente, importante em inovação em saúde humana; criar um sistema moderno que amplie o acesso a medicamentos. En-fim, avaliar e festejar de forma construtiva o quanto avançamos nesses 25 anos em pontos fundamentais como, por exemplo, a redução da mortalidade infantil, além de não fugir dos desafios que a população já identificou e quer ver superados.

Nós queremos contribuir para que esta oportunidade não seja perdida. E que, a exemplo de tantos desafios que superamos em tão pouco tempo, sejamos capazes de fazer de 2011 um ano que permita grandes avanços. Para isso, nós brasileiros, já temos a receita, aplicada com sucesso em outros problemas também muito cruciais. O País está avisando que espera por isto: coragem para discutir e mais coragem ainda para dis-cutir racionalmente.

Uma opoRtUnidadE paRa a saúdE no BRasil

Antonio Britto

é presidente da

Associação da

Indústria Farmacêutica

de Pesquisa

(Interfarma)

viés

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CIETEC.INFO16

Dr. Claudio RodriguesDiretor-presidente

do Cietec

diretriz

s números são hoje de conheci-mento público e notório: somos um país com cerca de 400 incu-badoras de empresas e 20 par-

ques tecnológicos em atividade.

Nessas incubadoras orbitam hoje mais de 4.800 empresas tecnológicas nascentes, tendo sido graduadas, nos últimos dez anos, 1.500 empresas que faturam hoje R$ 1,6 bilhão por ano.

Se somarmos a esses números os resultados de nossa base acadêmica, atualmente com mais de 230 mil pes-quisadores e cerca de 14 mil artigos pu-blicados por ano, que colocam o Brasil entre os 15 países que mais produziram co-nhecimento científico no mundo, os núme-ros do IBGE que mos-tram que 33,4% das empresas industriais no país fizeram al-gum tipo de inovação e ainda os resultados da ampliação signi-ficativa dos recursos advindos das agên-cias de fomento e de políticas de apoio a Ciência, Tecnologia e Inovação, temos sem dúvida um cenário relevante para o crescimento e fortale-cimento das empresas brasileiras com produtos, serviços e processos com alto valor agregado.

No entanto, com algumas exceções, não é isso que acontece. Nossa posi-ção no ranking da inovação de produto para o mercado não se aproxima, nem de longe, da nossa liderança na gera-

Um passo à frente

Ric

ardo

Ben

ichi

o

o ção de conhecimento. Segundo o IBGE, somente 9,7% das empresas incubadas brasileiras introduziram produtos novos no mercado. E aí nos questionamos o que há de errado nessa equação. Es-tamos plantando, adubando, mas não estamos colhendo o que a nossa socie-dade espera.

Numa primeira observação, pode-ríamos especular que da mesma forma que foram necessários mais de 50 anos para consolidar o nosso sistema de pós-graduação e institucionalizar as nossas agências de fomento de P&D, de modo a se chegar aos resultados de hoje, tam-bém na inovação, precisaríamos esperar

outros 50 anos para se ter melhores re-sultados em escala mundial.

No entanto, di-ferentemente da geração de conheci-mento, no tema de inovação os tempos são curtos e os me-canismos e proces-sos são outros e os resultados são mais abrangentes, afetan-do diretamente o de-

senvolvimento econômico do país.

Nesse sentido, ações de fortaleci-mento e continuidade de políticas pú-blicas apropriadas, mecanismos de in-termediação, apropriação e utilização de conhecimento científico e tecnoló-gico, aproximações e interseções entre o mundo acadêmico e empresarial e entre agentes públicos e privados, in-vestimentos do setor privado também

As pequenas empresas

representam mais de 90%

dos 6 milhões de estabelecimentos formais existentes

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NOVEMBRO 2010 17

Shutterstock

Um passo à frentenos pequenos negócios tecnológicos, valorização da propriedade intelectual, ampliação da participação de pesqui-sadores na indústria - são formados hoje, no País, mais de 11 mil doutores por ano - precisam, não só fazer par-te, como serem priorizadas num projeto nacional de busca de um “lugar ao sol” na inovação mundial.

Nesse caminho as pequenas em-presas que hoje representam mais de 90% dos 6 milhões de estabelecimen-tos formais existentes, participam com cerca de 25% do PIB nacional e geram mais de 14 milhões de empregos, nos parece, sejam o segmento com maior impacto para alavancar o crescimento da inovação e, consequentemente, da competitividade das empresas brasileiras.

Esse é o universo das incubadoras que são en-xergadas como agentes capazes de contribuir significativamente para a criação, consolidação e fortalecimento das pequenas empresas nas-centes brasileiras.

O Cietec como protagonista desse universo, vem, nesses seus mais de 10 anos de existência, de maneira contí-nua, ampliando suas ações e processos buscando adequar e aperfeiçoar sua expertise para uma atuação cada vez mais profissional no apoio a gestão dessas em-presas, desde sua estruturação até a eta-pa de fortalecimento de seus negócios, com o início de participação no mercado e geração de empregos.

Nessa caminhada, foi criado há pou-co mais de 2 anos, o Núcleo de Empre-endimentos Tecnológicos Inovadores do Cietec. Destinado a apoiar a gestão de empresas graduadas em incubadoras, hoje já com 16 empresas, se posiciona para tornar-se uma referência no proces-so de pós-incubação de empresas, como são suas incubadoras, nos processos de pré-incubação e incubação.

Como parte do compromisso de con-tinuamente aperfeiçoar seus modelos de gestão interna, o Cietec não só aplaude como se coloca como uma das entidades candidatas a participar do Cerne, progra-ma criado pela Anprotec e Sebrae, que

busca uma certificação para atestar a qualida-de das incubadoras de empresas brasi-leiras. O Cerne trará para as incubadoras não só um diferencial, como já acontece, por exemplo, com as cer-tificações ISO, como também vai permitir a criação de uma base de referência para ni-velar suas ações e re-sultados.

É preciso ir sempre além, fazendo sempre mais. Utilizando uma metáfora criada pelo Ary Guilherme Plonski, pre-sidente da Anprotec, poderíamos dizer que é necessário sim continuar regan-do essa imensa floresta de bonsais que já cultivamos, mas abrindo-se para um ecossistema ainda maior, passando a pensar e agir de maneira mais integrada e convergente quando o assunto é o em-preendedorismo inovador.

Elas participam com cerca de 25% do PIB

nacional e geram mais de

14 milhõesde empregos

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CIETEC.INFO18

nEgócioS intErnacionaiS P3d

Made in CieteC - Brazil

Associadas miram o mercado externo e colhem bons frutos

o DNA das empresas inovadoras, indepen-dentemente do porte, estão produtos e serviços capazes de transpor fronteiras e de ganhar o mercado internacional. Mui-

tas empresas associadas ao Cietec já seguem por este rumo. Lapidaram seu negócio para agregar valor à marca e, já bem-sucedidas em território nacional, alçaram voo rumo ao exterior.

Desde 2005, a P3D conta com o apoio da USP e do Instituto de Pesquisa e Tecnologia (Ipen) para desenvolver softwares educacionais a fim de levar a tecnologia para a sala de aula. Na aula de Biologia, por exemplo, giz e lousa são substi-tuídos por um programa interativo sobre o corpo humano ou sobre o funcionamento de vários sistemas de nosso organismo, multiplicando os recursos do professor.

“Ao divulgar nossos produtos em feiras de educação e escolas, tivemos retorno surpreenden-te de instituições internacionais que afirmavam nunca ter visto algo parecido”, lembra Mervyn Lowe, presidente da P3D.

A origem de tanta repercussão é facilmente compreendida, já que os softwares se antecipa-ram às tendências de mercado 3D e interativida-de – coqueluches da atualidade, reverenciadas em filmes como Avatar.

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NOVEMBRO 2010 19

“Eram produtos que estavam à frente de seu tempo, então, iniciamos o processo de exportação no mesmo ano de fundação da empresa. Para isso, captamos recursos do exterior com um Angel Capitalist (in-vestidor inicial)”, conta Lowe.

Hoje, a P3D exporta para o Chile, Porto Rico, Espanha, Portugal, Finlândia, Turquia, República Tcheca, Eslováquia, África do Sul, Tailândia, Filipinas, Índia e China. Seu faturamento com os produtos exportados é de R$ 700 mil com taxa de crescimento de 70 a 100% ao ano. “Te-mos parcerias com os distribuidores locais e estamos em conversas avançadas com publishers em alguns mercados”, ressalta o presidente da P3D.

Apoio às associadasPara amparar as empresas que partem

para a exportação de seus negócios, o Cietec faz aproximações com Câmaras de Comércio, Consulados e Embaixadas para receber mis-sões comerciais internacionais que desejem visitar o Cietec e conhecer as empresas. Nos últimos cinco anos foram 144 missões interna-cionais, totalizando 768 visitantes estrangeiros de 26 países.

Além disso, promove rodadas de negócios internacionais e disponibiliza serviços de des-

pachantes, tradutores, escritórios de proprie-dade intelectual etc.

“Mas é importante observar se original-mente o plano de negócios das empresas con-templa o mercado externo. Qualquer decisão de internacionalização não planejada toma um tempo considerável, esforço e investimento adi-cionais que, por vezes, retardam os resultados e a própria evolução dos negócios”, alerta Oscar Nunes, coordenador de Negócios Internacionais.

A decisão de exportar não pode ser toma-da de forma oportunista. As empresas têm de se preparar previamente buscando desde o início certificações que requerem adequações e eventuais novos desenvolvimentos para o atendimento das legislações dos países en-volvidos. Nunes explica que a exportação é praticamente um segundo negócio, que não há como improvisar. Por isso, é fundamental também que as empresas tenham seus preços claramente definidos durante as negociações, e que tenham sites e materiais impressos em inglês e espanhol.

“Os contratos comerciais devem ter a su-pervisão de escritórios especializados nessa área, e é importante que a empresa conheça fisicamente o cliente e/ou fornecedor envolvi-do nas transações. Além disso, o registro de patentes é praticamente mandatório nesse tipo de negócio”, completa Oscar Nunes.

É importante observar se

originalmente o plano de negócios das

empresas contempla o mercado externo. Qualquer decisão de internacionalização

não planejada toma um tempo

considerável, esforço e investimento

adicionais que, por vezes, retardam os resultados e a

própria evolução dos negócios.

Oscar Nunes, Cietec

Softwares educacionais da P3D ganharam o mundo com o apoio do Cietec

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Água pura, ambientes sanitizados, alimentos esterilizados. Aparelhos geradores de ozônio cumprem estas e outras tarefas de maneira acessível e sustentável

le é invisível, gratuito e passa boa parte do dia praticamente desperce-bido por todos. Mesmo assim, é vital para a sobrevivência da maioria dos

seres vivos. Parte integrante do ar, o oxi-gênio foi descoberto por Joseph Priestley, em 1772, mas foi Lavoisier quem estabe-leceu suas propriedades, mostrando que o elemento químico compunha o ar e a água, além de constatar seu papel fundamental nas combustões e na respiração.

O ozônio é um gás presente na atmos-fera, gerado pela ação dos raios elétricos nos átomos de oxigênio – o que fez do elemento químico a matéria-prima essen-cial para os negócios de Samy Menasce, proprietário da Brasil Ozônio, empresa as-sociada ao Cietec. “Durante mais de dez anos, o cardiologista Edson Cezar Phillipi pesquisou as atribuições do ozônio até de-senvolver um equipamento capaz de gerar o gás. Travamos uma parceria e, até 2005, aperfeiçoamos os estudos com base nos testes em tratamento de piscinas. Funcio-nou muito bem”, conta Menasce.

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inoVação na Sua Vida BRasIl OzôNIO

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As pesquisas acerca das características e aplicações do gás levaram a empresa a identificar um potencial de mercado con-siderável para o ozônio em processos de tratamento, sanitização, esterilização e oxidação. Os pesquisadores desenvolveram equipamentos que potencializam a gera-ção do gás, que pode ser usado em subs-tituição do cloro e de outros compostos químicos de forma mais eficiente. “O po-tencial do gás já era conhecido, entretanto, antigamente seu processo de obtenção era caríssimo. Utilizava-se oxigênio puro com-primido em cilindros. O que nós consegui-mos foi viabilizar um equipamento a um baixo custo capaz de produzi-lo em larga escala e sob alta concentração”, especifica o proprietário da empresa.

Os geradores de ozônio BRO3 são mo-dulares, podem ser instalados em qualquer lugar que tenha ar e, em função do baixo consumo de energia, é possível mantê-los ativos até com energia solar. Segundo Samy Menasce, os equipamentos não necessitam de insumos e nem geram resíduos. “Já es-tamos na 5ª geração de aparelhos. Com a primeira, era possível gerar apenas 1g de ozônio por hora a uma concentração que não chegava a atingir 3 g/m³. Atualmen-te, o módulo mais simples é capaz de gerar 10 g/h e a concentração é de 15 g/m³”.

A Brasil Ozônio foi graduada em 2007 pelo Cietec, conta hoje com 12 funcionários e está instalada em uma área de 110 m², como pós-incubada, no Núcleo de Empre-sas e Empreendimentos Tecnológicos Ino-vadores. Há uma equipe de engenheiros por trás dos projetos desses equipamentos, responsável pelo desenvolvimento de cada peça, separadamente.

Aplicações preciosasPor se tratar de um poderoso germici-

da, 100% natural e 100 vezes mais potente que o cloro, a higienização de piscinas à base de ozônio não é danosa para os ca-belos nem para os olhos. O gás trata a pele e deixa os cabelos lisos e macios. Parcei-ros do Greenpeace, Samy Menasce reforça sua preocupação com o meio ambiente e afirma que a água tratada com ozônio não polui os rios ao ser desprezada.

O sistema BRO3 também é ideal para o tratamento de águas de poços artesia-nos, aquários, caixas de água e efluentes industriais; sanitização de frutas, horta-liças, grãos e farinhas; desodorização de gases advindos da produção de fertilizan-tes, cigarros, sucos e polímeros. Também é possível sanitizar e desodorizar ambientes como ônibus, avião e quartos de hotéis. O sistema foi idealizado a fim de substituir os

desinfetantes e bactericidas que possuem substâncias tóxicas.

Além das cinco gerações de BR03, a menina dos olhos da Brasil Ozônio neste momento é a Autoclave. A máquina ecolo-gicamente correta esteriliza equipamentos cirúrgicos, sem riscos de incêndios nem ex-plosões, porque trabalha em temperatura ambiente e sem pressão. Apesar de o preço igualar-se ao das máquinas similares já exis-tentes no mercado, a tecnologia da Brasil Ozônio consome 90% menos energia e não libera toxinas para o meio ambiente.

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CIETEC.INFO22

inoVação na Sua Vida ECCaPlaN

Sustentabilidade inspiranovos negócios

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NOVEMBRO 2010 23

m 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a I Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente em Es-tocolmo, na Suécia. A partir de então,

foi dada a largada para as discussões sobre desenvolvimento e meio ambiente, além da busca pela solução dos efeitos das mudanças climáticas. A questão veio evoluindo e, mais tarde, o conceito de desenvolvimento susten-tável foi difundido na implantação de práti-cas de reciclagem, reflorestamento e outras soluções ecologicamente corretas.

Foi justamente esse mercado que atraiu Fernando Beltrame que, em 2008, fundou com outros três sócios a Eccaplan – consulto-ria que promove ações socioambientais para empresas e auxilia os clientes a quantificar, reduzir ou compensar o impacto ambiental gerado a partir do fornecimento de seus ser-viços e produtos.

“Qualquer atividade empresarial, inde-pendentemente do porte, agride o meio am-biente, uma vez que você consome energia, se desloca para o trabalho, gera lixo e outros resíduos diariamente. Então, o primeiro passo é mapear todas as atividades da empresa pra saber onde ela está emitindo maiores quan-tidades de gás carbônico”, explica Beltrame.

Depois de quantificados os impactos, verificam-se quais os pontos passíveis de re-dução. Então, uma gama de iniciativas é indi-cada pelos consultores da Eccaplan para apli-cação dos colaboradores, que são instruídos, por exemplo, sobre como reduzir a emissão de poluentes no ambiente de trabalho.

“Sugerimos que evitem algumas viagens através dos sistemas de teleconferências. O lixo gerado pode ser reduzido reaproveitan-do o material ou diminuindo o consumo de

e

Eccaplan quantifica e ajuda a reduzir o impacto ambiental causado pelas empresas, oferecendo soluções para a conquista de créditos de carbono o que pode reverterem aumento da lucratividade

produtos descartáveis. A empresa pode subs-tituir o uso de sachês de açúcar pelo produto a granel, entre outras atitudes que fazem a diferença”, pontua.

Em seguida, a Eccaplan quantifica a taxa de poluentes remanescentes e por intermé-dio de projetos ambientais e de tecnologias limpas converte o impacto negativo que a empresa causou em ações benéficas ao meio ambiente. “Se um evento impactou 10 to-neladas de gás carbônico, a gente compensa com uma ação que retira essa quantidade de circulação”, exemplifica o empresário.

Tecnologia limpaBeltrame exalta o case de uma cerâ-

mica de Tocantins que costumava alimen-tar seus fornos com madeira para obter a matéria-prima e que hoje utiliza a casca de arroz. Ele explica que, inicialmente, o projeto não compensava financeiramen-te, pois implicou uma série de gastos de adaptação dos equipamentos e também alterações na logística.

Porém, com os créditos de carbono, o projeto se torna viável. “No caso deles, a cada tonelada de gás que eles deixaram de emitir ao mudar a matéria-prima para a casca de arroz, eles ganharam bolsas de crédito de carbono, disponibilizadas no mercado. E as empresas que desejarem compensar o impacto, podem comprar es-ses créditos”, detalha.

Dessa forma, a empresa incentiva o de-senvolvimento de tecnologias limpas que contribuem para preservação da natureza, conferem qualidade de vida às comunidades em seu entorno, além de garantirem uma imagem politicamente correta, o que pode ser explorado na comunicação corporativa.

A vantagem em aderir à tecnologia lim-pa está na possibilidade de reverter custos em benefício. Ou seja, os gastos adicionais para evitar emissões ou para pagar com-pensações, caso a redução de emissões não seja técnica ou economicamente viá-vel, passam a ser fonte de ganhos de rendi-mento ou produtividade. “Outro exemplo disso são os parques eólicos, que reduzem em até 90% a emissão de poluentes na at-mosfera”, conta Beltrame.

Além disso, a Eccaplan desenvolve um programa que pode ser adotado por outras empresas que se interessem pelas diretrizes e metodologias criadas para quantificar o impacto ambiental. “Este é o primeiro pro-grama brasileiro de incentivo às tecnologias limpas. Muitos dos programas de compensa-ção ambiental ocorrem através do replantio. O nosso, entretanto, foi o primeiro a utilizar a metodologia internacional em incentivo aos projetos ambientais certificados”, ressalta.

Trata-se de um conceito um pouco novo no Brasil, mas que tende a ser seguido, principalmente agora com a proximidade de grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Fernando Beltrame complementa que é uma espécie de “moeda” que quantifica a redução da emissão de poluentes na atmos-fera pela empresa.

CRéDITO DE CARBOnO

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CIETEC.INFO24

e m conferência com o instigante título “Espaço e Tempo”, Hermann Minkowski, notável matemáti-co judeu-alemão de origem lituana, expôs à ilustre Assembleia dos Cientistas Naturais Alemães, em

1908, (...) uma tendência radical. Doravante o espaço por si mesmo e o tempo por si mesmo serão reduzidos a meras sombras e apenas uma espécie de união entre ambas se manterá como uma realidade independente1.

Ao propor a noção de espaço-tempo concomitante a Albert Einstein, de quem havia sido professor, Minkowski contrariava o senso comum prevalecente, segundo o qual inexistiria conexão entre os conceitos de espaço e de tempo. As evidências experimentais coletadas, uma delas em Sobral (Ceará), ajudaram a disseminar gradualmente uma compre-ensão do mundo físico que ultrapassava os limites clássicos.

As mudanças em curso no movimento brasileiro de incubadoras de empresas caminham em sentido idêntico de superação dos contornos tradicionais, quer do espaço, como do tempo. Essas mudanças articulam-se no programa para a implementação dos Centros de Referência para apoio a Novos Empreendimentos, conhecido pela sigla Cerne.

A superação fundamenta-se no reposicionamento da incubadora de empresas como plataforma institucional, estratégica e operacional para promover o empreende-dorismo inovador em regiões, temas e setores prioritários para o País. Esse modelo, que se inspira nos Business & Innovation Centres (BIC) europeus e nos Small Business Development Centers norte-americanos, está em franca implementação pela Anprotec, em parceria com o Sebrae.

No que se refere ao limite espacial, estamos caminhando em direção às incubadoras sem paredes. Ou seja, as incuba-doras agregam ao olhar interno sobre as empresas residentes, sua atividade precípua, uma atenção a empreendedores (as) e empreendimentos que estão além de seus muros.

Um exemplo concreto de superação dos limites do es-paço da incubadora acontece no pioneiro Programa Primei-ra Empresa Inovadora (Prime), realizado pela Finep. Parcela substancial das mais de 1,4 mil empresas selecionadas na primeira edição do Prime está fora do ambiente físico das 17 incubadoras que as selecionaram, apoiam e acompanham.

Uma das pedras de toque do processo de incubação é sua limitação no tempo. Levantamento da Anprotec mos-trou que a presença média da empresa nascente numa incubadora brasileira é de quatro anos.

A superação do limite temporal se dá nos dois senti-dos do fluxo, gerando os conceitos de pré e pós-incuba-ção. A primeira, a montante, já é praticada em diversas incubadoras, por vezes com nomes próprios, alguns deles bastante sugestivos. Por exemplo, no Cietec a pré-incu-bação recebe a designação Hotel de Projetos. Ela destina -se a empresas ainda na fase de sua constituição jurídico-administrativa e de captação de recursos financeiros para sua instalação, com planos de negócios em elaboração ou revisão2.

Uma das frentes em que a pré-incubação deverá se intensificar é a do estímulo ao empreendedorismo inovador dos estudantes do ensino técnico e tecnoló-gico. Esse campo da educação adquire vigor crescente nos anos recentes e integra, em posição destacada, os programas dos dois candidatos finalistas à Presidência da República.

Delineia-se uma tendência de valorizar a pós-incuba-ção que, igualmente, pode receber nomes próprios varia-dos. Assim, no Cietec ela levou à configuração do Núcleo de Empresas e Empreendimentos Tecnológicos Inovado-res. Ele se define como ambiente de apoio a empresas e empreendimentos tecnológicos, especialmente às em-presas graduadas de incubadoras, estruturadas jurídica e administrativamente, em processo de fortalecimento e consolidação de seus negócios, e com planos de negó-cios aprovados pelo Cietec, já com participação relevante no mercado e na geração de empregos3.

Os parques tecnológicos, que estão florescendo no País, são ambientes naturais para a pós-incubação. De fato, a própria rationale do parque é ser um ponto de apoio capaz de alavancar a competitividade das empresas que já passaram pelo estágio inicial de formação.

Numa escala nacional, a Anprotec está, junto com a Apex e outros parceiros, atuando para ajudar as em-presas graduadas a galgar novos degraus na escada da competitividade. Um foco visível dessa atuação é a inter-nacionalização de empresas intensivas em conhecimento de porte pequeno. Nesse caso, as empresas graduadas podem ou não estar num ambiente físico específico.

A convergência da incubação sem paredes e da pré e pós-incubação ilustra a reformulação radical do empre-endedorismo inovador nacional, em que “o espaço por si mesmo e o tempo por si mesmo estão sendo reduzidos a meras sombras”.

sUpERando limitEs

Guilherme Ary Plonski,

presidente da

Associação Nacional

das Entidades

Promotoras de

Empreendimentos

Inovadores (Anprotec)

1 CORRY, L. Hermann Minkowski and the Postulate of Relativity. Tel Aviv University. Acesso em http://www.tau.ac.il/~corry/publications/articles/pdf/mink.pdf, realizado em 14.10.20102 http://www.cietec.org.br/index.php?id1=10.3 Idem.

viés

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NOVEMBRO 2010 25

S egundo afirmação da Organização Mun-dial da Propriedade Intelectual (OMPI), as empresas que desejam obter pleno rendi-mento de seus conhecimentos especializa-

dos e de sua criatividade deverão tomar as medi-das apropriadas para estabelecer uma estratégia de Propriedade Industrial e Intelectual e incluí-la em sua estratégia empresarial.

A OMPI procura ultrapassar a ideia da proprie-dade industrial como “mera posse” de registros. As empresas procuram a rentabilidade do conheci-mento que geram e, depois do registro da proprie-dade industrial, questionam-se: e agora?

A resposta é rentabilizar. Para isso, antes do desenvolvimento de um projeto, deve-se possuir informação dos antecedentes tecnológicos as-sim como uma ideia rigorosa sobre onde, como e com que meios será comercializada. Devem ser estabelecidos acordos internos e externos de con-fidencialidade desde as fases iniciais e fazer um levantamento de seus conhecimentos, a fim de determinar quais são passíveis de proteção e com que alternativas.

Devem-se conhecer os mecanismos de trata-mento de conhecimento partilhado, os de licencia-mento e os de contratação. Isso implica saber os preços praticados pelo mercado e quanto podere-mos obter dos outros em troca de nosso conheci-mento. Quer dizer, avaliação.

Avaliar os próprios produtos e a marca com que se comercializam será uma das premissas, pois apenas podemos considerar como inovação o fruto de P+D que chega ao mercado e é aceito por este. Com uma avaliação, pode haver ainda a possibilidade de obter financiamento dando esses ativos de Propriedade Intelectual como garantia.

Para a otimização e coordenação de todo este processo, é importante dispor de um sistema de gestão de propriedade industrial e intelectual. De-

finir uma estratégia, conhecer o que se protege e o que não se protege, que vias utilizar; saber como transferir tecnologia e como recebê-la em segurança. É importante saber também como lidar com contratos que contenham esses conceitos; como estabelecer pactos com o pessoal que traba-lha com informação sensível; como se internacio-nalizar com garantias, obter financiamentos com a própria propriedade industrial que se gera, coor-denar os distintos departamentos da empresa etc.

Dotar-se de um sistema de gestão para coor-denar todas as áreas é simples, exequível de um ponto de vista econômico e comodamente acessí-vel em termos de tempo.

Implementá-lo é normal em empresas mais competitivas. Uma gestão eficaz da Propriedade Intelectual e Industrial leva a uma maior competi-tividade e isso conduz a aquisição de novo conhe-cimento, ao uso, ao licenciamento, ao aumento das relações comerciais e, com isso, à obtenção de retorno do esforço.

Como exemplo, serve o reconhecido aumento dos resultados de empresas em setores tão distin-tos como o aeronáutico, automobilístico, indus-trial, energético, universitário e portuário.

São muitas as empresas que definiram este sistema como “simples, eficiente, rentável e ino-vador”. Para além das empresas com algum tama-nho e estrutura, um sistema que permita a eficácia na exploração do conhecimento gerado é particu-larmente útil nas PME; e muitas se beneficiaram de sua implementação, melhorando significativamen-te seus resultados.

Cumprir o que a OMPI indica de forma a esta-belecer uma estratégia de propriedade intelectual e industrial nas empresas é um trabalho de consul-toria para dar valor e obter ótimo rendimento da propriedade industrial e intelectual em benefício dos clientes.

a gEstão EficiEntE paRa cRiaR vantagEm E lidERaR mERcados

José Luis Sagarduy,

Clarke, Modet & Co – Espanha

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ExprESS ROBERT BINdER

Braço direito da inovação

Div

ulga

ção

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iel escudeiro de boas ideias e projetos rentáveis, o Fundo Criatec já injetou R$50 milhões em 27 projetos aprova-dos em um pouco mais de dois anos de

atuação. Ainda restam R$ 50 milhões para no-vos investimentos. Vários setores já foram con-templados, mas Robert Binder, presidente da instituição, declara preferência por soluções em energia limpa. Em entrevista à Cietec.Info,ele fala sobre as dificuldades fiscais que de-sencorajam os empreendedores e detalha as ações do fundo em prol da novidade.

A importância do capital semente é muito reconhecida em países como os Estados unidos. no Brasil, ainda engati-nhamos nesse aspecto. Quais os entra-ves para que esse tipo de recurso deslan-che no País?

Primeiramente, a economia tem de estar favorável para receber novos negócios. Mas a taxa de juros ainda é uma barreira enorme. O custo para se obter capital de giro é absur-do e desencoraja o empreendedor. A carga tributária e a burocracia que cercam a legis-lação trabalhista estimulam a atividade infor-mal. Os procedimentos fiscais referentes aos impostos sofrem alterações constantemente e o funcionário admitido em regime CLT cus-ta o dobro do salário que recebe.

O cenário econômico brasileiro está em momento promissor de aquecimen-to. Como fundos como o Criatec podem contribuir para esse cenário?

O investimento em inovação apoia pro-dutos que fazem a diferença, gerando em-pregos qualificados e riqueza. Um exemplo promissor é o grupo de Minas Gerais, que criou um mecanismo de busca chamado Acuan – “achei” em tupi-guarani. No ano passado, eles foram adquiridos pela Google e passaram a ser seu centro de desenvolvi-mento tecnológico na América Latina.

Os empresários estão devidamen-te preparados para receber as apostas dos fundos?

O preparo para o capital de risco de uma forma geral é deficiente. Falta instrução so-bre as operações, empreendedorismo e lite-ratura sobre os temas.

Quais são os critérios para que um empresário possa contar com os benefí-cios do Criatec?

f Fazemos uma avaliação qualitativa para conferir se a proposta contempla uma tec-nologia consistente, se o empreendedor tem propriedade intelectual sobre o assunto, se produto oferecido tem espaço no mercado. Além disso, analisamos cuidadosamente o grau de persistência do empreendedor – se ele tem condições suficientes de levar adiante um ideal diante das hostilidades que enfren-tam as pequenas e médias empresas.

Em sua opinião, qual a região do País mais fértil em ideias?

Recebemos solicitações de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Florianópolis. Mas não há como destacar uma região pelas ideias - a não ser em relação à estrutura e apoio aos empresários. Neste quesito, a capi-tal catarinense desponta pelo excelente nível de vida e educacional – que compõem um ambiente muito favorável para empreender. Sem contar o apoio fundamental da Associa-ção Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) que atua desde 1896 em prol do de-senvolvimento do setor. Trata-se de uma in-cubadora tão eficiente quanto o Cietec.

Além do investimento, vocês par-ticipam ativamente da gestão das empresas, dando suporte estraté-gico e gerencial ao empreendedor, ajudando na seleção e formação da equipe, definindo metas e acompa-nhando os resultados. De que ma-neira isso se aplica na prática e quais os benefícios que esse apoio reverte ao empresário?

Apoiamos o empresário no tocante à gestão e estruturação de seu negócio, pois sabemos que o respaldo do setor pú-blico é deficiente. Visitamos as investidas semanalmente e damos orientação fiscal para que seu gestor não seja assassinado pelos impostos, disponibilizamos nosso conselho de administração e contratação de recursos humanos. Com isso, a empre-sa passa a ter um valor intangível diante do mercado.

Dentre as associadas ao Cietec, duas delas são investidas do Criatec: a Magnamed, com módulos utilizados em ventiladores de terapia intensiva e aparelhos de anestesia; e a BR3, que desenvolve e comercializa tecnolo-gias em defensivos agrícolas. Ambas se projetaram e colheram bons frutos com a parceria. Há prospecções futu-ras com outras empresas associadas?

Estamos sempre atentos às ideias provenientes do Cietec, pois sabemos a qualidade e eficiência dos serviços e apoio prestado às associadas. Caminha-mos no mesmo sentido no incentivo de bons projetos.

Quais as projeções para o próximo ano? Há um montante de investimen-to maior destinado a alguma área es-pecífica? Qual a área e qual a previsão dos valores?

O montante inicial era de R$100 mi-lhões, dos quais já injetamos metade.Foram 27 projetos aprovados em dois anos pelo Criatec. Com a outra metade, pretendemos contemplar diversas áreas e não concentrar apenas em um setor, para distribuir o capital de risco. Mas gostaría-mos de ver mais projetos no segmento de energia limpa – área que enxergamos um potencial significativo.

Estamos sempre atentos às ideias

provenientes do Cietec,

pois sabemos a qualidade

e a eficiência dos serviços e apoio prestado às associadas.

Caminhamos no mesmo sentido,

incentivando bons projetos

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inStitucional RElaTóRIO aNual dE aTIVIdadEs

Desafios renovadosCietec divulga Relatório Anual de Atividades de 2009 com números recordes e anuncia novo posicionamento estratégico. Empresas associadas faturaram mais de R$ 41 milhões no ano passado. Pós-incubação é uma das áreas que deve ganhar propulsão na estrutura da entidade

mpreendedores de todo o mundo já en-tenderam o recado: é preciso aderir a um novo desenho do mercado que prima cada vez mais por inovação, qualidade de

investimentos e parceiros de peso. Só assim é possível competir.

Feita a lição de casa, o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) soube colher expressivos resultados em seus primeiros dez anos de existência e consolidar indicadores. Tanto que o Relatório Anual de Atividades de 2009, que acabou de ser divulgado, traz números importantes, como o faturamento registrado pe-las empresas associadas, que fecharam o ano com R$ 41,2 milhões.

Outro destaque diz respeito ao volume de recursos financeiros obtidos pelo Cietec para seu próprio custeio em 2009: R$ 1,25 milhão e tam-bém ao número recorde de empresas aprovadas para incubação na entidade: ao todo, foram 59 novos empreendimentos, com 93 projetos inscri-tos para o processo de seleção, muitos dos quais oriundos do Programa Primeira Empresa Inovado-ra (Prime), da Finep.

Juntamente com os indicadores, o Cietec de-cidiu apresentar um reposicionamento, definindo suas estruturas de negócio para processo de in-cubação e pós-incubação. Essa mudança reforça igualmente um novo foco: o de ampliar as polí-

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ticas de incentivo não somente para atender às demandas das empresas associadas a suas incubadoras de empresas, mas apoiar e forta-lecer micro e pequenos empreendimentos que já estão em um momento de amadurecimen-to de suas atividades no mercado, ou seja, em fase de pós-incubação.

“Não se pode esperar outra coisa do Cie-tec a não ser protagonismo nesse cenário, abrigando e apoiando células que dão origem a produtos e processos com valor agregado e contribuindo para o surgimento de negó-cios rentáveis. À medida que as esferas de atuação se revelam ampliadas, os olhares se voltam também para a pós-incubação”, res-salta Cláudio Rodrigues, diretor-presidente do Cietec, que aposta na maior inserção das associadas no mercado internacional para os próximos anos.

O Cietec encerrou 2009 com 124 em-presas tecnológicas inovadoras associadas, as quais geraram, nesse período, perto de 900 postos de trabalho de qualidade: outro núme-ro recorde.

José Carlos de Lucena, coordenador técni-co do Cietec e um dos responsáveis pelo Re-latório Anual de Atividades, afirma que para cada unidade de real investida no Cietec, ou-tros R$ 8,75 foram recuperados em formato de impostos pelos cofres públicos em 2009. “O quadro atesta o compromisso com a in-tegração e a ampliação dos valores interno e externo da chamada inteligência competitiva empresarial. E não se trata apenas de produ-tos e serviços altamente tecnológicos, mas também como geradores de importantes divi-sas para as esferas públicas federal, estadual e municipal, o que converte benefícios a toda a sociedade”, pondera.

novas instalaçõesNo dia 1º de setembro, o Cietec recebeu

a visita do ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, que recebeu das mãos do di-retor-presidente da entidade o Relatório Anu-al de Atividades. Na ocasião, foi anunciada a instalação de mais um módulo que passará a integrar o Núcleo de Empresas e Empreendi-mentos Tecnológicos Inovadores que, atual-mente, abriga 16 empresas, distribuídas em dois blocos que somam 6 mil m² de área cons-truída, e cada uma delas possui à disposição espaços com cerca de 200 m².

Sergio Rezende ainda conheceu de perto algumas das iniciativas que apresentam gran-

de potencial de crescimento em inovação e rentabilidade, entre elas, um avião para mo-nitoramento não tripulado da Xmobots, os primeiros stents coronários fabricados no País pela Innovatech, um carro elétrico movido a bateria da empresa Electrocell e a produção de moléculas químicas farmacêuticas da Sintefi-na, braço de P&D da Indústria Farmacêutica Biolab, todas elas associadas ao Cietec.

O estreitamento de laços com o Ministério da Ciência e Tecnologia representa um mo-mento não apenas para reflexão dos indica-dores apresentados pelo Cietec, mas também para redirecionamento de objetivos estratégi-cos, principalmente após a descontinuidade dos recursos financeiros oriundos de convênio com o Sebrae-SP em julho deste ano. “Essa descontinuidade representa uma perda or-çamentária de 45%. Somente em 2009, o Sebrae-SP aportou mais de R$ 915 mil em re-cursos financeiros no Cietec. O fim, ainda que temporário, desta parceria representa uma nova fase na busca de parceiros e oportunida-des. Vamos olhar adiante”, incentiva Cláudio Rodrigues, diretor-presidente.

RETORNARAM AO PAÍS NA FORMA DE IMPOSTOS A CADA R$ 1,00 APORTADO NO CIETEC

PELO SEBRAE-SP EM 2009

8,75R$

Origem em R$ mil

convênio Sebrae-Spconvênio Finep

2008 2009

820,6

430,9

915,5

245,788,1

mct - lei de informática

recursos financeiros obtidos para custeio das atividades do cietecTotal em R$ mil

2006 2007 2008 2009

902,7

1.441,8 1.251,5

1.649,3

2006 2007 2008 2009

902,7

1.441,8 1.251,5

1.649,3

2009

1.249,31.251,51.441,8

902,7

200820072006

2008 121

124

número de empresas associadas

2009

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Sérgio W. Risoladiretor-executivo

do Cietec e presidentedo Conselho Deliberativo

da Rede Paulista de Incubadoras (RPI)

visão

gestão ou “management” adquire contornos próprios do momento em que vivemos, ou seja, de profundas transformações no modelo de admi-

nistrar as organizações. E esses novos com-portamentos organizacionais demandam pesquisas para entender o que as pessoas fazem e como essas atitudes podem afetar o desempenho das organizações

Com o objetivo de nos mantermos atu-alizados em relação ao dia a dia da gestão do empreendedorismo e da inovação e ainda sob a ótica das novas estruturas organizacio-nais, nos refugiamos novamente na sala de aula. Dezenove atores do empreendedorismo inovador brasileiro, incluídos nestes Oscar e eu, participaram do curso de pós-graduação lato sensu em Gestão de Habitats de Inova-ção, realizado na FIA/USP. A entidade organi-zadora da empreitada foi a Anprotec, sob o patrocínio do Sebrae-Nacional.

Além do conteúdo técnico extremamente qualificado, os temas relacionados à gestão de pessoas permearam boa parte da grade. Bateu-se muito na tecla: como obter mais dos líderes que comandam essas organizações que denominamos habitats de inovação.

E falando em gente, do livro Interfaces, do amigo José Alberto Sampaio Aranha, faço a mixagem de algumas reflexões: na organi-zação o importante não é ter indivíduos que aprendem, mas grupos que absorvem o co-nhecimento, o incorporam e o transformam em conduta coletiva e, em razão disso, troca-se o nome dos novos gestores por dinamiza-dores da inteligência coletiva, transformando grupos heterogêneos, unidades e departa-mentos em comunidades inteligentes, flexí-veis, autônomas e ainda felizes.

a Para promover essas transformações, é necessário administrar o conhecimento, definindo e implementando estratégias com a participação de todos os segmen-tos da organização, criando assim um ambiente inovador, sinérgico e compatível entre os valores das pessoas e os valores da entidade.

Portanto, esse líder deve ser projetista,

professor e, acima de tudo, um regente. Para que isso também possa acontecer, deve-se recordar Peter Drucker quando pregou que as organizações que atuam nas sociedades baseadas em conhecimento podem melhorar seu desempenho obtendo mais das mesmas pessoas. E ainda realço o que julgo de mais profundo em seu último livro: “em forte contraste com os trabalha-dores de ontem, para os quais um empre-go era acima de tudo um meio de vida, os trabalhadores do conhecimento, em sua maioria, veem seu trabalho como sentido de vida”.

Vale ainda uma reflexão sobre uma máxima do indiano C. K. Prahalad (1941-2010), também alvo de nossos estudos: “os bons líderes são como os cães pastores: latir muito, mas não morder e saber onde ir sem perder o rebanho. Esse líder deve ser capaz de compreender o modo de criar consenso, ter disposição para escutar os que discordarem dele e para liderar a partir de trás, o que implicará muita humildade”.

Com o foco nas pessoas é que procura-mos administrar o Cietec e, por extensão, permitir que os empresários nascidos nesse ambiente inspirem-se neste comportamen-to e, assim, possam cumprir melhor os ob-jetivos de seu plano de negócios.

pEssoas: EssE é nosso nEgócioR

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