Revista Conterrâneos nº 36

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A revista de quem é do Banco do Nordeste Mágica e picadeiro PROJETO LEVA ARTE DO CIRCO PARA JOVENS E CRIANÇAS DA PERIFERIA DE MACEIÓ SÉRIE BNB 60 ANOS | CENTRO DE TURISMO DO CEARÁ | CUIDADO E PROTEÇÃO ANIMAL | SANTO ANTÔNIO E O CASAMENTO Maio / Junho 2012 - Edição Bimestral N O. 36 ISSN 1980-3148

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Capa e diagramação de conteúdo da Revista Conterrâneos nº 36. Publicação interna do Banco do Nordeste.

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A revista de quem é do Banco do Nordeste

Mágica e picadeiroPROJETO LEVA ARTE DO CIRCO

PARA JOVENS E CRIANÇAS DA PERIFERIA DE MACEIÓ

SÉRIE BNB 60 ANOS | CENTRO DE TURISMO DO CEARÁ | CUIDADO E PROTEÇÃO ANIMAL | SANTO ANTÔNIO E O CASAMENTO

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Maurício Lima

Editor Ambiente de Comunicação [email protected]

Cartas do Leitor

Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar pela excelente reportagem da colega Luziane Freire sob o título “Liberdade assegurada por lei” (Conterrâneos, número 34). O assunto foi tratado de maneira transparente, elucidativo e sem estereótipos.

Infelizmente, na página 16, há uma impropriedade quando é dito “...ele defende que todos – independente da opção sexual...”, pois ser homossexual, assim como ser heterossexual não é opção e sim orientação. Ou seja, ninguém opta por gostar do mesmo sexo ou do sexo oposto, assim como não se opta por ser homem ou mulher.

Estou à disposição para esclarecimentos adicionais, ao tempo que gostaria que essa informação fosse veiculada de alguma forma, pois falar em opção sexual, infelizmente, denota preconceito.

Joaquim Manoel Pitombeira de Oliveira – Ambiente de Segurança Corporativa

Dizem que foi grande a consternação quando o Circus Maximus ardeu sob as labaredas do grande incêndio na Roma Antiga – aquele cuja autoria atribuiriam a Nero. Muitos séculos depois, o circo é outro. Atravessou épocas diferentes e adaptou-se, reinventou-se. Dos horrores romanos aos espetáculos high-tech das grandes companhias trilhou um caminho repleto de coleções exóticas, truques de mágicas, pirofagias, contorcionismos e palhaços. Conservou, porém, algo que lhe parece intrínseco: esse espírito transformador, a superação dos limites humanos.

Nesta edição da Conterrâneos, trazemos uma amostra desse caráter libertador das artes circenses, exemplo das pequenas transformações cotidianas que o circo é capaz de revelar. Trata-se do projeto “Sua Majestade O Circo”, desenvolvido com crianças e jovens da periferia de Maceió (AL), na Vila Emater II ou “Favela do Lixão”, justamente por ter se desenvolvido em torno de um aterro sanitário, hoje desativado. O objetivo é favorecer a inclusão social por meio da arte-educação e do conceito de circo-social.

Seguindo a linha das transformações cotidianas, trazemos também histórias de benebeanos que decidiram mudar o destino de animais abandonados optando por lhes proverem abrigo, comida, cuidado e proteção.

Ainda na seção de comportamento, duas outras matérias: uma sobre a paixão de um grupo cearense pela pesca marítima; outra traz um recorte das várias atividades que funcionários desenvolvem fora do Banco, seja no plano artístico, seja no âmbito dos trabalhos sociais.

Na série “BNB 60 Anos”, revisitamos as memórias de José Maria Firmeza, funcionário aposentado, admitido no primeiro concurso, em 1954, época em que o Banco do Nordeste era fortemente marcado pelo signo agrícola. É a intensa ligação com a terra e seu compromisso profissional que permeia a trajetória de 27 anos.

A dedicação à missão encampada pelo Banco do Nordeste também perpassa a história dos funcionários das agências de Aracaju-Centro (SE), Fortaleza-Montese (CE) e Pirapora (MG), também retratadas nesta edição. A revista traz ainda um apanhado da contribuição dos cinco anos do Centro Cultural de Sousa para a dinâmica cultural do alto sertão paraibano.

Para fechar, conhecemos o Parque Estadual das Dunas de Natal; o Centro de Turismo do Ceará, antiga Cadeia Pública de Fortaleza; e as histórias das fiéis devotas de Santo Antônio, o santo casamenteiro.

Boa leitura e até à próxima edição!

Erramos

Diferente do que foi publicado na edição nº 34 (jan/fev 2012), Alberto Oliveira é o autor do cordel “Don Quixote enfrentando a Zé Limeira na fronteira dum mundo imaginado”.

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Majestade Circo Projeto utiliza a arte circense para promover inclusão social de crianças e jovens na periferia de Maceió

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Pulo do peixe O papel do Banco do Nordeste no desenvolvimento de Pirapora, situada às margens do Velho Chico

Cadeia pública“Depósito de escravos” nos tempos antigos, o Centro de Turismo do Ceará é referência no comércio de artesanato

Força sergipanaA contribuição dos resultados operacionais da Agência Aracaju-Centro para a economia do estado

Em alto marA paixão pela pescaria marítima leva colegas a se aventurarem nos verdes mares do litoral fortalezense

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Signo agrícolaAs memórias de José Maria Firmeza, funcionário admitido no primeiro concurso, em 1954

Amigo homemO engajamento de colegas nos projetos de proteção e defesa dos animais em várias cidades do Nordeste

Cultura em SousaO balanço da atuação do CCBNB-Sousa após 5 anos de fomento à cultura no alto sertão paraibano

Santo casamenteiroA festa do Pau da Bandeira e as simpatias oferecidas pelas fiéis devotas de Santo Antônio

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CapaCrianças participantes do

projeto “Sua Majestade O Circo” desenvolvido

em Maceió (AL). Foto de autoria de Alba Ribeiro.

Presidente: Paulo Sérgio Ferraro

Diretores: Fernando Passos, Luiz Carlos Everton de Farias, Manoel Lucena dos Santos, Nelson Antônio de Souza, Paulo Sérgio Ferraro e Stelio Gama Lyra Júnior.

Ainda nesta ediçãoColunas: “Papo Conectado” e “tudibom”Resenha: “A poesia nas esferas do conhecimento” Crônica: “O Auto do Bode” Conto: “Agente Pereirinha amplia concorrência de mercado” Prá relaxar: ”Cruzadex “

Redação: Ambiente de Comunicação Social e Assessorias Estaduais de Comunicação. Edição: Mauricio Lima (CE 01165/JP). Diagramação: Carminha Campos e Deborha Rodrigues. Revisão: Maxshwell de Oliveira e Raquel Dias. Conselho Editorial: Angélica Paiva, Edgar Fontenele, Eliane Brasil, Lúcia Teles, Mauricio Lima, Danilo Lopes.

Conterrâneos - Revista de comunicação interna dos funcionários do Banco do Nordeste, distribuída pelos Correios para o endereço constante do SIP. Funcionários aposentados podem solicitar assinatura gratuita através de correspondência para o Ambiente de Comunicação Social, e-mail para [email protected] ou ligação para 0800 7283030.

Correspondências - Cartas, sugestões de pauta e outras contribuições devem ser enviadas para a pasta institucional Revista Conterrâneos ou para o Ambiente de Comunicação Social - Av. Pedro Ramalho, 5700 - Passaré - CEP 60743-902 - Fortaleza - CE.

Miolo impresso em papel couche fosco 90g/m2 e capa em 170g/m2.

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Com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) operacionalizados pelo Banco do Nordeste, por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/NE I), o Parque passou, em 1995, por uma revitalização no valor de, aproximadamente, R$ 1,5 milhão. As obras englobaram recuperação ambiental, plano de manejo e a implantação do Centro de Visitação.

Esses investimentos proporcionaram melhores condições de infraestrutura para que a população e os turistas frequentem o local com mais conforto, segurança e itens de lazer. Entre os visitantes assíduos do Parque, estão os colegas Joserri de Oliveira Lucena, gerente de Negócios, e sua esposa, Joana D’arc de Araújo Lucena, gerente de Suporte a Negócios, ambos da Agência Natal Centro.

“O Parque das Dunas é uma extensão de nossa casa. Frequentamos com assiduidade, pois é um ‘grande quintal’

Deyse Moura

Super-RN [email protected]

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onde Samuel, nosso filho de quase três anos, pode ver muitos animais e árvores que antes só conhecia por fotos. É um espaço que nos dá alegria, pois é a oportunidade de respirar ar puro e onde o meio ambiente sobrevive nessa selva de pedras e asfalto”, afirma Joserri.

Atletas do Parque

A área do Parque aberta ao público possui sete hectares e é denominada “Bosque dos Namorados”. O espaço corresponde a menos de 0,6% da área total da reserva, mas é a porta de entrada para o desenvolvimento de diversas práticas de lazer e esportivas.

Um dos corredores que usam esse espaço diariamente é o gerente executivo da Superintendência Estadual do Rio Grande Norte, Orlando Gadelha Simas Sobrinho. Ele é atleta “de carteirinha”, literalmente. Por apenas R$ 20 (taxa anual), é possível obter a carteira de coopistas e ter acesso ao local em qualquer dia.

Todo dia é dia de parque

Criado em 1977, o Parque Estadual das Dunas de Natal “Jornalista Luiz Maria Alves” foi a primeira Unidade de Conservação Ambiental do Estado. Possui mais de 1,1 mil hectares de mata nativa e é considerado o segundo maior parque urbano do Brasil, com titulação de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, segundo a Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, é assim. A partir das 4h30min da manhã, o Parque das Dunas já está aberto para receber visitantes. São atletas – profissionais ou amadores –, famílias e amigos que procuram o espaço como opção de lazer, encontros e eventos.

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“Comecei a frequentar o Bosque dos Namorados há mais de 15 anos com a finalidade de praticar atividades físicas e lazer com a minha família. É um ambiente seguro, arborizado, super agradável e muito bem localizado, pois está no centro geográfico da cidade. É perfeito para se manter contato com a natureza. Aliás, Natal ressente-se muito da falta de parques desse tipo”, afirma o gestor.

Aos finais de semana, a gerente estadual do Crediamigo, Liliana Fernandes Arruda de Brito, também costuma correr no Parque. “Além de me exercitar, também gosto de ir alguns domingos à tarde para fazer leituras tranquilas e participar de trilhas, sempre que possível”, conclui.

A taxa anual dos coopistas, bem como o ingresso para entrar no Parque (R$ 1) são valores simbólicos para ajudar na manutenção do local, já que o Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema) é o responsável pela administração de todo o complexo. Alunos e professores das redes municipal e estadual de educação não pagam a taxa, desde que solicitem previamente por ofício.

1 - Casal Joserri e Joana Darc, com seu filho, Samuel

2 - Carteira de coopista do Parque das Dunas do gerente Orlando Gadelha

De acordo com o Idema, atualmente são mais de 6,5 mil coopistas cadastrados e a visitação média mensal é de nove mil pessoas, sendo a maioria de crianças e adolescentes.

Além de espaço para a prática esportiva, o Bosque também possui grande área voltada para a realização de piqueniques, com dezenas de mesas de apoio, bancos e brinquedos infantis. É comum observar famílias inteiras, bem como grupos de adolescentes ou idosos reunidos em meio às árvores.

O bolsista Yuri San Ferreira da Silva, que trabalha no Ponto de Atendimento do Pronaf do Rio Grande do Norte, em Natal, costuma se reunir com amigos no Bosque sempre que possível. “Recentemente, realizamos um encontro com os componentes do Grupo Juventude Mariana Vicentina, da Igreja Católica, do qual faço parte”, destacou Yuri.

O ambiente também é muito procurado para a realização de ensaios fotográficos dos mais diversos. Suas paisagens ilustram álbuns de noivos, campanhas publicitárias, peças de marketing de artistas locais, entre outros.

3 - Orlando Gadelha e sua duas filhas, Sofia e Rafaela

4 - Yuri e amigos realizando reunião católica

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Ecossistema

O Parque das Dunas conta com um ecossistema rico e variado. Possui fauna e flora de relevância bioecológica, inclusive abrigando algumas espécies que estão em risco de extinção. Por essa razão, o local é bastante frequentado por biólogos, ambientalistas e profissionais ligados à área de educação ambiental.

Diversas caravanas de estudantes, desde a educação infantil ao ensino superior, visitam o local para participarem de aulas sobre preservação ambiental. Algumas dessas aulas são ministradas durante a realização de trilhas ecológicas e, ao todo, são três opções de roteiro, sempre orientadas por guias devidamente treinados.

De acordo com o biólogo Elizeu Antunes dos Santos, doutor em Bioquímica e Biologia Molecular pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professor de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do

Som da Mata

Há seis anos é realizado o projeto musical “Som da Mata”, que aos domingos, no final da tarde, realiza shows gratuitos de música instrumental para os visitantes. Os eventos são promovidos pelo empresário Marcos Sá de Paula e acontecem no anfiteatro, com capacidade para 160 pessoas.

No final de 2011, o Banco do Nordeste patrocinou a promoção do “I Festival Som da Mata”, com três dias de apresentações de grupos instrumentais locais e enfoque na música nordestina. O evento foi bastante prestigiado, pois serviu como opção cultural para a população natalense durante o mesmo período do Carnatal, o carnaval fora de época da cidade.

Norte (UFRN), o Parque das Dunas é um dos poucos parques urbanos com grande área de mata atlântica preservada.

“Na área do Bosque existe uma espécie de ‘vitrine’ para a população, uma amostra do acervo da fauna e flora existente em todo o perímetro protegido. É possível, inclusive, observar algumas espécies animais ‘empalhadas’, como pássaros, borboletas e lagartos, bem como admirar algumas variedades de orquídeas que não são comumente encontradas em áreas metropolitanas”, afirma Elizeu.

Inspiração

O contato direto com a natureza, além de todos os benefícios já conhecidos, também pode servir de fonte de inspiração para escritores e artistas. Portanto, essa reportagem finaliza com poema criado em março passado pelo colega Ildemar Vieira, analista do Controle Interno, em Natal, durante sua caminhada diária no Parque.

Serviço Parque das Dunas:

Horário para visitação: Ter a Dom, das 8h às 18h Horário para Coopistas cadastrados: Seg a Dom, das 4h30min às 18h Telefone: (84) 3201.4440 Email: [email protected] www.parquedasdunas.rn.gov.br/

Poema das idades Criança

tem esperança... Juventude

tem You Tube... Maturidade

tem saudade (do tempo que passou) Maior Idade

vem a eternidade. E a vida segue o baile.

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É cada vez mais comum encontrar profissionais de uma determinada área que em seu tempo livre dedicam-se a atividades bem diferentes. No Maranhão, as unidades do Banco do Nordeste possuem vários exemplos nesse sentido, com muitos benebeanos que são verdadeiros artistas da música, literatura, culinária, decoração e da área social.

mais para que eu entrasse no mercado. Timidamente, fui divulgando minhas criações e, quando dei conta, já estava completamente envolvida na atividade”, disse.

A princípio, os clientes de Claudeth eram os amigos, depois os amigos dos amigos também entraram para a lista, que se expandiu rapidamente e hoje é tão grande que algumas propostas são até mesmo recusadas devido à falta de tempo. “Trabalho durante o dia, à noite vou para a academia e, geralmente, trabalho em casa ao chegar. Quando não consigo terminar as encomendas no decorrer da semana, avanço pela madrugada para não perder os prazos. Sempre que posso, aproveito também os finais de semana para acelerar os trabalhos”, explica.

Arte de escrever

Com quatro títulos publicados e várias premiações registradas no currículo, o gerente de Suportes Jurídicos da Gerência Estadual da Conaj, Gilmar Pereira Santos², encontrou, bem cedo, um hobby na arte de escrever. Quando ainda estava na faculdade, ele começou a publicar artigos em jornais. Anos mais tarde, juntamente com amigos, fundou um periódico. Na

Claudeth Alves¹, atendente generalista lotada na Superintendência Estadual, é uma das que possuem afinidade com as artes, fazendo decoração de eventos nas horas vagas. Ela conta que entrou no ramo há dois anos, sem nenhuma pretensão. “Comecei a fazer lembrancinhas e organizar festinhas por pura diversão. Daí, as pessoas começaram a enfatizar o meu talento, incentivando cada vez

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Marine Noronha

Super-MA marinenoronha@

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Benebeanos além do ofício

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“Tem bailarina que faz Direito”. “Tem músico que faz Arquitetura”. “Tem fotógrafo que faz Administração”. Essas são algumas das frases expostas em outdoors nas ruas da cidade de

São Luís (MA). Trata-se de campanha publicitária realizada por uma faculdade que enfatiza a polivalência de seus estudantes e a valorização de profissionais versáteis.

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década de 90, publicou seu primeiro livro e, posteriormente, mais três obras.

“Os dois últimos livros foram publicados pelo Programa Cultura da Gente, do BNB. A partir de então, com o patrocínio desse Programa, vislumbrei novos horizontes na área literária. Tive oportunidade de divulgar minhas obras em feiras de livros, jornais, rádio, televisão e cadernos literários”, orgulha-se.

Fazendo uso do tempo livre de suas férias para escrever, Gilmar está produzindo uma nova obra e, em breve, apresentará aos leitores uma novidade. “Este ano, estarei publicando um novo livro no segmento infantil, com o titulo provisório “Princesa do Mar”, também patrocinado pelo Programa Cultura da Gente”, informa.

Mas os talentos do colega escritor não param por aqui! Outra habilidade desenvolvida por ele é a de compositor. Recentemente, Gilmar teve uma música de sua autoria selecionada para fazer parte do CD em comemoração aos 80 anos da Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão, que será lançado este ano.

O artista benebeano também possui planos para a área musical. “Tenho outras nove composições com tema regional. Pretendo, em um futuro próximo, gravar um CD, convidando cantores maranhenses conhecidos para participar do projeto”, conta.

Mãos de fada

Cozinhar, durante muito tempo, foi considerada uma habilidade exclusivamente feminina. Apesar das mudanças nas divisões de papéis entre homens e mulheres, que alterou, entre outras coisas, esse modo de pensar, ainda existem muitas mulheres que não abrem mão de serem verdadeiras “rainhas da cozinha”.

“Cozinhar é ousar, é testar, é combinar e, se é feito com amor, tudo sai bem feito”. A declaração é de uma dessas “rainhas da culinária”, Walquíria Tinôco³, do Suporte Operacional de Hardware e Software da Super-MA.

Ela explica que a eficiência na cozinha vem de berço. “Meus avós maternos tinham um restaurante e, durante a minha infância, acabava brincando de comidinha. Comecei a morar sozinha bem cedo e essa foi a fase de aperfeiçoamento dos meus dotes culinários”. No entanto, não é somente em casa que as receitas de Walquíria fazem sucesso. Entre os colegas de trabalho ela já conquistou muitos apreciadores com refeições rápidas na hora do almoço.

“Gosto de todas as receitas que a Walquíria faz. O diferencial é o modo como ela reaproveita alimentos e cria pratos deliciosos”, elogiou o auxiliar de serviços gerais da Super-MA, Roberto Cabral, um dos muitos apreciadores.

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Para continuar a receber elogios e deixar os colegas com água na boca, Walquíria tem um segredo: “Sempre que tenho oportunidade, faço algum curso rápido. No último evento que fui, participei até de uma aula de culinária japonesa”, destaca.

Paixão pelo social

Momentos de reflexão, atividades físicas, expediente no trabalho, tempo para desfrutar a companhia do neto... Para administrar bem essas e outras tarefas, o dia de Regina Lúcia Araújo , analista bancária na Agência São Luís - Renascença, começa bem cedo, antes das 5h.

Entre muitos compromissos e responsabilidades, ela ainda encontrou um tempo na agenda para se dedicar a projetos sociais. Segundo ela, o interesse pelo tema ganhou impulso a partir do convite do Ambiente de Responsabilidade Social para fazer parte da equipe do programa “’Educando para Desenvolver”.

“Foi um trabalho muito gratificante, que deixou boas lembranças. Com este sentimento fortalecido, nasceu em mim o desejo de criar meu primeiro projeto”, lembra. Com o apoio do Programa Cultura da Gente, ela

desenvolveu “O Despertar da Serpente para a Preservação do Meio Ambiente”, uma peça teatral voltada para a conscientização da comunidade e do público em geral sobre a importância dos cuidados com a Lagoa da Jansen, um dos principais pontos turísticos da cidade.

O segundo projeto desenvolvido por Regina, mais uma vez com o apoio do Programa Cultura da Gente, foi uma continuação do primeiro. Trata-se da realização de uma oficina de reciclagem com o objetivo de oferecer instruções à comunidade sobre como transformar em produtos úteis o material lançado na lagoa, que é prejudicial ao ambiente.

Sempre privilegiando as faixas etárias formadas por crianças, adolescentes e idosos, Regina planeja um novo projeto a ser realizado no próximo ano, dessa vez com foco na inclusão digital. Quando questionada sobre a rotina cansativa e a escassez do tempo vivida pela grande maioria da sociedade, Regina dá uma dica: “Quando administramos bem nossos horários, não existe impedimento que nos faça dizer que não temos tempo para fazer o que é necessário e o que amamos”, conclui.

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Vinte anos de dedicação e união

É difícil imaginar um morador de Fortaleza (CE) que nunca andou pelas ruas do Montese. Com 66 anos de existência, o bairro, além de ser uma área valiosa da cidade, tornou-se um dos grandes centros comerciais e espaço de aconchego para seus moradores.

O bairro do Montese, situado na zona oeste de Fortaleza (CE), carrega a lembrança da vitória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a memorável Batalha de Montese, ocorrida no dia 14 de abril de 1945, nos Apeninos (norte da Itália), durante a Segunda Guerra Mundial. Ali, o poderoso e, até então, imbatível exército

alemão sofreu fragorosa derrota, o que, naturalmente, contribuiu para o fim da guerra, com a rendição total da Alemanha, no dia 8 de maio daquele ano. Talita Cavalcante

Ambiente de Comunicação [email protected] Inspirado na bravura dos valentes

soldados brasileiros que guerrearam nessa batalha foi fundado, no mesmo 14 de abril, o bairro Montese, que anteriormente era chamado de “Pirocaia” (aldeia dos peles vermelhas, em tupi). O responsável por essa homenagem foi Dr. Ximenes, como é mais conhecido o dentista, escritor e jornalista Raimundo Nonato Ximenes.

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Economia local

Um dos primeiros bairros de Fortaleza a ser beneficiado com a descentralização dos setores de comércio e serviço da capital, o Montese há muito deixou de ser um bairro periférico para se tornar autossuficiente. No local, encontram-se estabelecimentos

Fundada em 31 de março de 1992, Agência Fortaleza-Montese tem como foco pequenas e médias empresas

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Fotos: Júlio serra

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comerciais, escolas, agências bancárias, entre outros serviços. Lá também estão situadas duas das paróquias mais tradicionais da cidade, a de Nossa Senhora de Nazaré e a de Nossa Senhora da Aparecida, padroeira do Brasil.

Já a economia do bairro está concentrada, principalmente, nas lojas de aluguel de roupas para festa, serviço para qual o Montese é referência em toda a capital. Outro marco da história desse tradicional bairro foi a chegada do BNB, há 20 anos.

Atualmente, a Agência Fortaleza – Montese é a unidade com maior quantidade de operações de crédito destinadas às empresas geradoras de energia eólica. O foco da Agência, além da excelência no atendimento ao cliente, é oferecer auxílio para pequenas e médias empresas. “Somos pioneiros nesse tipo de atendimento”, destaca o gerente Jorge Ivan Falcão Costa.

De acordo com ele, no Programa de Ação 2011, a Agência encontra-se na 8ª posição do grupo de agências “Mercado 5”. No ano de 2010, obteve a 4ª colocação, o que tem propiciado maior visibilidade à Unidade, em virtude da elevação do valor do seu ativo operacional, volume de captação de recursos, resultado operacional, entre outros dados significativos, possibilitados pelo trabalho da equipe.

Cabe ainda registrar que a Carteira Empresarial (médias e grandes empresas) obteve a 5ª colocação no Banco em 2011

e a 1ª no ranking do estado do Ceará. “Atualmente, contamos com cerca de 20 colaboradores – entre gerentes, agentes de desenvolvimento, assistentes e caixas –, equipe que administra um quadro com 42 mil clientes, sendo 1.297 empresas e 39.845 pessoas físicas. Destes, 24.200 são atendidos pela Unidade do Crediamigo”, informou Jorge Ivan.

20 anos de história

Fundada em 31 de março de 1992, a Agência Fortaleza-Montese passou por vários momentos marcantes, sendo o espírito de integração da equipe sua marca registrada. Para relembrar essa história, contamos com as lembranças do gerente executivo da Agência, Luíz Gonzaga de Sousa, presente na Unidade desde a sua fundação.

Gonzaga, como é mais conhecido, afirma que é uma grande honra fazer parte desses 20 anos de muito esforço e dedicação. “Já vivenciei muitos momentos na Agência, algumas dificuldades sim, mas principalmente superações e momentos de satisfação, tanto com os clientes quanto com toda a equipe que compõe a Fortaleza-Montese”, ressalta o gerente executivo.

O gestor da Agência, Jorge Ivan, também recorda a alegria ao receber o cargo, uma vez que tem a função como um grande presente. “Uma das principais características dos colaboradores da Montese é a sintonia entre a equipe. As celebrações também são um marco, fazemos sempre questão

Pioneiros na Agência do Banco do Nordeste no Montese Comemoração de resultados é tradição da equipe

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Equipe atual:

Ana Maria de Lima Ana Thays Landim Sousa Antonio Veras Rodrigues Junior Fernanda Bezerra de Souza Francisco Bento de Araújo Francisco Charles Pereira Alves Francisco das Chagas Bezerra Filho Gabriel Guedes da Silva Junior Gilberto Damasceno Farias João Gomes da Fonseca Jorge Ivan Falcão Costa (gerente) Jose Odi Ponte Leolina de Andrade Sampaio Luiz Gonzaga de Sousa Maria Inês Perucchi Novais Rosimeire Guedes de Carvalho Lima Sheila Freitas Lima de Sousa Silvana Vasconcelos Brito de Oliveira Terezinha de Jesus Costa Furtado

de comemorar os resultados. Sinto um grande orgulho em poder fazer parte dessa Unidade”, ressalta.

Outro colaborador dessa entusiasmada equipe é o gerente de Negócios Bento Araújo. Atuando na Agência há cinco anos, ele se diz satisfeito com os resultados do trabalho em conjunto, bem como com a convivência agradável entre os funcionários. “Estou feliz com o que faço, principalmente por contar com uma equipe composta por colegas que, diariamente, trabalham lado a lado, em um clima organizacional de alto astral”, avalia.

Vários colegas que passaram pela Agência também fazem questão de prestar sua homenagem aos vinte anos da Unidade. É o caso da gerente de Negócios do Ambiente de Negócios Empresariais, hoje lotada no Centro Administrativo, Tânia Evaristo. Além de ter contribuído com seu trabalho para a Unidade durante oito anos, ela reside no bairro desde criança e mantém sua conta até hoje naquela agência, especialmente por considerá-la um lugar agradável, seja pela eficiência do serviço ou pela presença dos colaboradores.

“Agradeço a dedicação do colega Gonzaga em contribuir para os resultados da Unidade, além de manter vivos os laços de amizade entre os que passaram por lá e continuar assumindo o papel de agregar os novos colaboradores, com sua alegria, humildade e amor”, avalia Tânia.

Equipe atual da Agência Fortaleza-Montese

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Em meio a ruas de barro, casebres improvisados, falta de saneamento e de um depósito do que antigamente era o “lixão” de Maceió (AL), o colorido de fantasias, o movimento dos malabares e das pernas de pau, o coro de crianças cantando e a dança com animadas coreografias dão todo o contraste.

a realidade com a escassez de recursos e o desamparo do poder público.

Para ingressar no projeto, é preciso estar matriculado na escola. As atividades são diárias e envolvem o acompanhamento pedagógico das tarefas escolares, bem como o desenvolvimento de trabalhos de expressão corporal e psicomotora, aulas de ioga, iniciações acrobáticas, pernas de pau, clown, contorção, malabares, diabolô, prato chinês, monociclo, aéreos de trapézio, técnicas de mágica e picadeiro, além de literatura, matemática e teatro.

A iniciativa surgiu da arte-educadora Perolina Batista de Andrade¹, ou Peró, como é mais conhecida, que traz na bagagem cursos no Cirque du Soleil, a quem o projeto é associado, e participação na equipe do circo do ator Marcos Frota. Esse ano, Peró teve que se afastar dos trabalhos por causa de um grave problema de saúde e as atividades chegaram até a ser suspensas por um certo período. No entanto, amigos, parceiros e voluntários se uniram para dar continuidade às ações da ONG, até a

A magia do circo e sua arte de superar limites e viver em coletividade são ensinadas a cerca de 220 crianças e adolescentes que vivem em situação de risco na Vila Emater II, local conhecido como “Favela do Lixão”, justamente por ter se desenvolvido em torno do aterro sanitário da cidade, hoje desativado. Por meio da arte-educação e do conceito de circo social, o projeto “Sua Majestade O Circo” se transformou em organização não governamental e atua, desde 1998, na localidade.

Assim como nas aulas de malabarismo que oferece à garotada, concentração, força e equilíbrio também têm sido essenciais para sua própria existência, marcada por uma luta constante para contrabalançar a esperança em mudar

Alba Christina

[email protected]

Projeto alagoano de inclusão social por meio da arte circense faz malabarismo para sobreviver, mas – contando com o apoio de

parceiros e voluntários –, garante que não vai deixar o show parar.

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Hoje tem espetáculo?

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tão esperada recuperação e retorno de sua mentora. “A Peró sozinha é a Instituição”, afirma Marco Antônio de Campos, gestor temporário do projeto e um dos que tomou para si a tarefa de não deixar parar o espetáculo.

Parceria e solidariedade

E os “meninos da Peró”, como são carinhosamente chamados, tem muito trabalho a fazer. Neste segundo semestre de 2012, vão sair em turnê integrando o “Espaço Cultural Híbrido Itinerante – Sua Majestade O Circo, Cine-Teatro das Tradições Populares”, projeto contemplado pelo Programa BNB de Cultura – Parceria BNDES.

Marco Antônio conta que, com o apoio do BNB, já foram comprados computadores, equipamentos de som, uma lona e as ferragens do circo, que têm capacidade para 500 pessoas e vai viajar por dez municípios alagoanos, levando apresentações, oficinas de circo, música, literatura, cinema nacional, cultura popular, teatro, dança, gastronomia regional, autos e biblioteca temática digital.

Além do Banco do Nordeste, outras instituições são parceiras da ONG, como a Algás (concessionária alagoana de gás natural), que está contribuindo para a reforma da sede do projeto e também custeia as despesas de viagens dos participantes do “Sua Majestade O Circo” para espetáculos do Cirque du Soleil no Brasil.

“Já fomos a apresentações em São Paulo, Belo Horizonte e Salvador; no primeiro ano foi um grupo de 40 pessoas do projeto, depois levamos 60, e no terceiro ano mais 80, entre alunos, voluntários e até os pais de algumas crianças. É importante porque elas assistem ao espetáculo e fazem contato com os artistas”, destaca Marco Antônio.

O próprio Cirque du Soleil, original de Québec (Canadá), também apoia o projeto. Em 2009, as crianças e adolescentes da ONG foram convidadas para pintar o painel do espetáculo “Quidam”, com dimensões de 6m x 2,40m, repleto de referências da cultura alagoana e que ficou exposto durante a turnê do circo no Brasil.

O artista plástico Persivaldo Figueirôa, voluntário do projeto, fez oficinas de pintura com as crianças e participou da montagem

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da obra. Segundo Marco Antônio, esse ano o “Sua Majestade O Circo” também foi responsável pelo painel do espetáculo “Varekai” para a apresentação do Cirque du Soleil em Salvador (BA), realizada em maio. Persivaldo, mais uma vez, foi recrutado para a missão. “É uma forma de dar visibilidade ao projeto e também arrecadar fundos, já que, ao final das apresentações, o painel pode ser vendido ou leiloado”, ressalta Marco.

O “Sua Majestade O Circo” também é uma das 22 instituições integrantes da Rede Circo do Mundo Brasil, que atua em cinco regiões do País e é parceira da ONG canadense Jeunesse du Monde e da empresa artística Cirque du Soleil.

Do lixão à reciclagem da própria vida

Para Marco Antônio, um dos principais resultados que a ONG tem alcançado é o combate ao trabalho infantil, aliado ao resgate da cidadania do público atendido, o que acaba refletindo em melhoria de vida para a população do entorno, incluindo os pais dos alunos assistidos pelo projeto.

“O lixão funcionou por mais de 20 anos e as pessoas dessa comunidade passaram a vida inteira sobrevivendo da economia do

lixo; o trabalho infantil também sempre foi culturalmente aceito, então é muito difícil mexer nessa realidade. Até hoje, o lixo ainda está presente, ele não saiu daqui, está sendo coberto e existem três cooperativas de reciclagem que sobrevivem dele”, afirma Marco.

Ele conta que, apesar das dificuldades, já percebe grandes mudanças. “Muita coisa mudou de quando começamos por aqui. Presenciei coisas as mais subumanas possíveis, como famílias se alimentando de lixo; as pessoas sabiam os horários dos caminhões e quando chegavam os carros de determinados supermercados que traziam lixos de carne ou de iogurte elas se alimentavam disso. Retirar as pessoas do lixo, dessa realidade, é muito difícil. Então, o projeto veio também para formar atividade que vai gerar renda, mostrar uma alternativa a essa situação”, destaca.

Marco ressalta ainda o problema da escolaridade baixa naquela região e o preconceito que as crianças sofrem por serem da “Favela do Lixão”. No entanto, até essas dificuldades estão sendo amenizadas com a atuação do projeto. “As crianças

Marco Antônio, ao centro, é um dos coordenadores do projeto

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obrigatoriamente têm que estar matriculadas na escola, mas o problema também é, além de todas as deficiências do ensino público, o próprio preconceito que elas sofrem por serem da favela. Elas têm que ser tratadas não com diferença, mas, antes de tudo, com deferência, para poderem alcançar os outros alunos”, reflete.

Participação coletiva

Para conseguir interferir na difícil realidade dos moradores do antigo lixão de Maceió, a ONG “Sua Majestade O Circo” precisou incluir a comunidade no processo de educação a que se propunha e nas atividades realizadas. “O projeto conseguiu conscientizar boa parte dos pais contra o trabalho infantil e a não permanência das crianças no lixão, já que isso fazia parte da cultura deles. O segundo impacto na mudança da realidade local foi em relação à responsabilidade dos pais com seus filhos. Trouxemos esses pais para dentro do projeto. Hoje, dois deles trabalham diretamente na ONG. Um, no dia de folga do serviço, está aqui ajudando. O próprio presidente da ONG é um rapaz da comunidade que foi educado no projeto. O nosso Conselho Fiscal também tem pessoas da comunidade. Assim, eles têm a consciência de que isso aqui é deles”, enfatiza Marco.

Um dos pais que trabalham no projeto é Elias Belchior da Silva. Ele atesta a importância da ONG para a comunidade, bem como a

contribuição de Peró, a quem considera a segunda mãe daquelas crianças. “Conheci a Peró desde quando ela trabalhava na Cruz Vermelha e a acompanho até hoje. Tenho seis filhos e todos seis passaram por aqui, foram alunos da Peró; o mais velho já está com 25 anos. Se não fosse ela, talvez muitos desses meninos não estivessem mais aqui, por conta das drogas, da prostituição”, afirma.

Elias também fala do efeito do projeto para a elevação da autoestima da comunidade. “Quando hoje perguntam para uma das crianças do projeto: ‘vocês são de onde?’, elas respondem com orgulho: ‘da Favela do Lixão’, porque aqui existe esse projeto reconhecido e é onde elas desenvolvem um trabalho, uma arte”.

A voluntária e arte-educadora Fabiana Santana de Almeida é prova viva desse pensamento de Elias. Ela cresceu no projeto, foi alfabetizada na ONG e hoje ensina aos novos participantes a arte circense e a possibilidade de mudar o seu destino. “Quando conheci a Peró, eu era criança, tinha uns dez anos. Não gostava das atividades da escola, mas do circo eu gostava! Já participei de várias apresentações com perna de pau, cospe fogo e malabares. Hoje, estou na coordenação do projeto e no reforço da alfabetização. Minha vida poderia ter tomado outro rumo se não fosse esse trabalho, como muitos que andam nas ruas, perdidos nas drogas e na violência”, considera.

Circo Esperança

No filme O Palhaço (2011), dirigido e estrelado por Selton Mello, o personagem principal é o palhaço Benjamin, que vive com sua trupe no Circo Esperança, mas sai em busca de sua identidade e da própria alegria de viver. O nome do personagem é uma homenagem ao artista Benjamim Oliveira que, na vida real, em fins do século XIX, com 12 anos de idade, fugiu da fazenda em que seus pais eram escravos, no interior de Minas Gerais, com um circo que passava pela cidade. Mais tarde, se tornou um importante artista circense e ator de teatro da época.

Selton Mello, no processo de pesquisa e criação do filme, visitou “Sua Majestade O Circo” mais de uma vez e se encantou com os trabalhos desenvolvidos na comunidade. Por essa razão, o ator vai gravar um vídeo para a campanha de arrecadação de doações e alimentos para a manutenção das ações da ONG. A campanha será lançada na abertura do projeto contemplado pelo BNB de Cultura, do circo-teatro itinerante.

O ator e diretor deve ter se identificado com o que viu na “Favela do Lixão”. Tal qual o personagem Benjamim, as crianças assistidas pelo “Sua Majestade O Circo”, reencontram a alegria de viver na arte circense. Tal qual o artista Benjamim, da vida real, os participantes do projeto têm a possibilidade de mudar o destino e, com o seu circo, se libertar da escravidão imposta por um mundo em que drogas, prostituição e falta de assistência à saúde ainda fazem parte do cotidiano.

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melhorar sua performance e incentivando novos movimentos aeróbicos, por exemplo.

Tênis inteligente: Todo mundo que faz caminhada ou corrida sabe que a escolha do tênis é determinante na boa prática esportiva, pois envolve questões como o tipo de pisada do corredor, o solado e o amortecimento dos impactos.

Desta forma, os novos tênis para treino vêm com sensores de pressão e movimento que informam ao usuário a melhor forma de pisar e correr, bem como se autoajustam ao tipo de esforço feito pelo praticante.

Nike Fuel Band: Imagine que toda a sua atividade física está sendo monitorada e registrada via GPS, podendo ser acompanhada pelo seu celular e na Internet e comparada com a dos seus amigos, em uma espécie de competição. Com um bracelete desenvolvido pela Nike, a empresa ampliou sua estratégia de esporte como serviço, e gerou nos Estados Unidos uma febre campeã de vendas. Por enquanto, o produto não foi lançado no Brasil.

Mesmo com tudo isso, este autor que vos escreve deseja que seus rotineiros leitores não fiquem presos a essas soluções cibereletrônicas. Afinal de contas, nada substitui o bom e velho estilo de vida espartano, somado a uma boa alimentação. Enquanto não chega a era dos implantes cibernéticos, não viveremos cenas como nos filmes de ficção científica. Hoje, nosso corpo ainda é uma máquina frágil e que precisa ser muito bem cuidada, com ou sem auxílio tecnológico.

C omo a tecnologia amplia e estimula a prática esportiva? Para atletas, não é novidade a contribuição que as inovações tecnológicas vêm promovendo

para o segmento, seja nas competições ou no treinamento diário: roupas especiais para natação são desenvolvidas baseadas no comportamento dos peixes; pretende-se usar um chip na bola de futebol, evitando assim as eternas discussões sobre impedimentos e gols; câmeras e sensores avaliam cada movimento, retornando tabelas e dados sobre a atividade muscular dos indivíduos...

Entretanto, vamos falar de nós, esportistas de fim de semana. O que a tecnologia tem feito para nos estimular? Você, que não participa de nenhuma atividade física promovida pela empresa, ou mesmo em casa, porque não encontra tempo e acaba afogado na rotina, pode se beneficiar com alguma boa solução de tecnologia e perder uns quilinhos, ganhando resistência para encarar dias melhores?

As empresas esportivas já enxergam que a promoção do bem estar não está ligada ao consumo de produtos voltados para o ganho muscular ou para a redução de gordura. Na verdade, o que elas constataram é que, por meio de um serviço oferecido aos clientes, eles podem ter como benefício mais saúde.

Dessa forma, uma ferramenta que ajuda no desempenho esportivo ou na melhora de saúde tem maior apelo de venda do que um simples objeto acessório. Veja alguns exemplos:

Videogames: O Xbox 360 da Microsoft possui um acessório revolucionário, que é febre em todo o mundo: o Kinect. Este dispositivo captura os movimentos do jogador e os processa em um computador. Vários jogos de fitness foram desenvolvidos para “estudar” os movimentos do usuário, sugerindo

Esportistas do ciberespaço

Daniel [email protected]

Ambiente de Publicidade e Mídias Digitais

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Município da mesorregião do norte de Minas Gerais, Pirapora tem população estimada em 54 mil habitantes. Situada a 370 km ao norte de Belo Horizonte, capital do estado, ela marca o ponto inicial da navegação no Rio São Francisco. Cidade de praia fluvial e cachoeiras, atrai turistas de Montes Claros (170 km), Brasília

(520 km) e Belo Horizonte, principalmente durante o carnaval.Waleska Lima

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Banhada pelas águas do Velho Chico, Pirapora é uma cidade de praia fluvial que atrai e encanta os inúmeros turistas. Seu nome tem origem tupi e significa “pulo do peixe”.

Capital morena do São Francisco

fruticultura, produzindo em larga escala uva, mamão, manga, melão, pinha e goiaba, além do plantio em pequena escala, feito por produtores

de milho, feijão, arroz, mandioca, tomate, alface e banana.

Com a instalação da agência do Banco do Nordeste na cidade, em novembro de 1975, observou-se um impulso maior em sua economia. “A agropecuária, o comércio, a prestação de serviços e o turismo são incrementados por meio do apoio da agência, que continua sendo imprescindível na região e impulsiona

Em função de sua posição geográfica privilegiada, dos incentivos econômicos e das diversas vias para escoamento da produção, surgiram várias empresas em seu Distrito Industrial, que abriga empresas produtoras de ferro silício, silício metálico e têxtil.

Com o crescimento da indústria, o comércio igualmente experimenta um surto desenvolvimentista em seus diversos setores, o que se efetua também devido às múltiplas operações mercantis proporcionadas pelos bancos instalados no município.

Nas atividades agrícolas, destaque para a implantação do Projeto Piloto de Irrigação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que tem como carro-chefe a

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também estes setores, trazendo tecnologia, inovação e aumento da produtividade”, relata Ricardo Barbosa Figueiredo1, funcionário da Unidade.

Em 2009, a Agência de Pirapora movimentou um valor de R$ 25,7 milhões. Nos anos seguintes, 2010 e 2011, foi realizada uma contratação média anual de R$ 57,4 milhões. Destaque para os financiamentos destinados às micro e pequenas empresas (R$ 9,1 milhões); agricultura familiar (R$ 4,3 milhões); setor rural (R$ 39,7 milhões) e médias e grandes empresas (R$ 1,8 milhão). Com o crescimento da demanda na Agência, ocorreu a criação de mais três carteiras: micro e pequena empresa, agronegócios pessoa física e, recentemente, pequeno produtor rural.

Segundo o gerente da Agência, Milton Flávio Carvalho Magalhães2, nos anos de 2010 e 2011 é perceptível o crescimento da região, tanto no setor agrícola quanto no comercial, sendo notória a participação do Banco. “Quando conseguimos perceber o fruto de nosso trabalho, ele fica muito mais gratificante. Logo, acreditamos que em 2012, quando ocorre o Centenário da Cidade de Pirapora, cujo desenvolvimento se confunde com a evolução dos negócios da Agência, também será de crescimento para a região, com colaboração do trabalho da equipe da Agência, que está sempre pronta para melhor atender seus clientes internos e externos”, diz o gerente.

Jorgelita Gonçalves Lopes Cançado, funcionária aposentada, sempre recorda com carinho do tempo em que trabalhou no Banco e da contribuição para o desenvolvimento da cidade de Pirapora e região. “Trabalhei no

Banco do Nordeste durante muitos anos. Por todo esse tempo e, ainda nos dias de hoje, sinto-me agradecida, honrada e orgulhosa, por um dia, como dizíamos naquela época, ter ‘vestido a camisa do Banco’ e feito parte do quadro de servidores de uma instituição que muito se preocupa com o bem estar de seus funcionários, além de contribuir fortemente para o desenvolvimento regional”, relata.

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Centro de Convenções José Geraldo Honortato Vieira

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Praça Cariris, principal praça da cidade

Equipe atual

Milton Flávio Carvalho de Magalhães (gerente) Adson Pinheiro Junior Antônio Feitosa Neto Avelita Coelho Nascimento Fabiano Lima dos Santos Fábio Sarmento Fernanda Carneiro de Abreu Rocha Gabriel Magalhães Geraldo Aristóteles Aparecido Cardoso Vieira Gilberto Wagner Soares Henerson Jean Santos de Almeida Jonathan Marcelo dos Santos Luciana Pereira Gomes Luciano Martins Ribeiro Márcia Viana de Abreu Maria Aparecida Oliveira de Queiros Maria Elisa Carvalho de Andrade Maria Iolanda Nonato de Carvalho Maria Luisa Pacheco Dias Murilo Santos Barbosa Ricardo Barbosa Figueiredo Ronaldo Mechetti Sales Viviane Alves Pires Walmir Francisco Rosa Wanderley Aparecido Pereira Silva Zenóbio Alexandrino Soares

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História e turismo

Em 03 de abril de 1847 foi criado o distrito de Pirapora. Já em 14 de maio de 1853, o município é

anexado ao distrito de Curvelo com o nome de São Gonçalo de Pirapora, com uma população de

70 pessoas morando em 15 casinhas cobertas de capim ou palha de coqueiro; eram pescadores e

suas famílias, que subsistiam exclusivamente dos resultados da pesca.

Em 30 de agosto de 1911, a Lei Estadual 556 cria o município de Pirapora e, em 1° de junho de

1912, é instalado oficialmente o município, data em que é comemorado seu aniversário.

Hoje, ao comemorar 100 anos e estrategicamente localizada, Pirapora pode ser considerada uma

das cidades mineiras que possuem maior potencialidade turística. Cortada pelo Rio São Francisco,

com temperatura média acima dos 23°C, possui um verdadeiro clima de praia e inúmeros atrativos

turísticos, tais como:

Ponte Marechal Hermes: Inaugurada em 1922, a ponte fabricada na Bélgica é um verdadeiro

cartão postal da cidade, com 694 metros de extensão, ligando a cidade de Pirapora a Buritizeiro.

A Ponte Marechal Hermes foi a primeira construída sobre o Rio São Francisco.

Praça dos Cariris: É a principal praça da cidade, onde acontecem diversas manifestações culturais.

O maior atrativo turístico da localidade é a “Feirinha de Arte e Cultura”, que acontece todas as

sextas-feiras.

Vapor Benjamim Guimarães: Construído em 1913, nos EUA, pela empresa James Rees & Com.,

o Vapor Benjamim Guimarães navegou no rio Mississipi e, posteriormente, em rios da Bacia

Amazônica. Na segunda metade da década de 20, a firma Júlio Guimarães adquiriu a embarcação

e a montou no porto de Pirapora, recebendo o nome de “Benjamim Guimarães”, uma homenagem

ao patriarca da família proprietária da firma. A partir de então, o vapor passou a realizar contínuas

viagens ao longo do Rio São Francisco e em alguns dos seus afluentes. O Benjamim Guimarães é o

último exemplar movido à lenha.

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Conhecido por praias de verdes

mares e redes nas varandas em casas de

interior, o Ceará é dono de uma

rica história. Um dos lugares

onde essa memória pode

ser resgatada é o Centro de

Turismo do Ceará.

HISTÓRIA E ARTECentro de Turismo do Ceará

Desde 1973, a antiga Cadeia Pública de Fortaleza deu lugar a um centro de comercialização do artesanato local. A antiga Empresa Cearense de Turismo (Emcetur), que hoje se chama Centro de Turismo do Ceará, comemora 39 anos de existência em 2012. O lugar passou a contar com atividades comerciais a partir de 1973, tendo sido tombado pelo patrimônio

histórico estadual em 1982. Tamara Lopes

Bolsista do Ambiente de Comunicação Social

[email protected]

Atualmente, nas mais de 100 lojas podemos encontrar vários produtos típicos da região nordestina, tais como rendas de bilro, redes, crochê, artigos feitos com palha e couro. Também são comercializados vários tipos de rapadura, doces a base de frutas típicas, castanha de caju, licores e aguardentes.

Já no andar superior do estabelecimento está instalado o Museu de Arte e Cultura Popular, que contém várias peças que retratam a história do nordestino, como bonecos e esculturas, além de uma jangada em tamanho real e um tear de redes. Ali também funcionava um Museu de Mineralogia, recentemente desativado.

Parceria

Há seis anos na presidência da Associação Comercial do Centro de Turismo do Ceará (Acentur), Márcia Gadelha destaca que muitos artesãos contaram com apoio do Crediamigo para ampliarem seu negócio. “Eu mesma já estou no sexto empréstimo e, graças a ele, pude comprar mais

As pessoas devem conhecer a his tória da cidade e, assim, conhecerem sua identidade cultural

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Centro de Turismo do Ceará

mercadorias e contratar funcionários para me ajudarem nas vendas”, afirma a artesã, que há dois anos faz empréstimos com o Banco junto a um grupo de colegas.

Desde pequena, Márcia tem contato com a área comercial, pois a avó tinha uma loja no Mercado Central e a mãe continuou os negócios da família na antiga Emcetur. “Eu brincava por esses corredores enquanto minha mãe trabalhava. Então, o trabalho com artesanato sempre esteve presente na minha vida”, recorda.

De acordo com Márcia, para melhor atender a demanda de pessoas que visitam o local, os artesãos passaram por alguns cursos de capacitação do Sebrae e têm buscado conhecer novos idiomas. “A maioria dos associados já começou algum curso de línguas, geralmente o mais procurado é o de inglês”, relata.

Com conhecimento de causa, Márcia salienta algumas preocupações quanto à divulgação do Centro de Turismo. “Vêm muitas pessoas para cá de todas as partes do país e do mundo. Às vezes, param aqui uns cinco ônibus dessas empresas de turismo. Mas o problema é que elas não permanecem por muito tempo, passam apenas alguns minutos e, em seguida, vão para as praias, que estão no roteiro da viagem”, comenta.

Como solução para esse problema, ela sugere que o Centro de Turismo seja palco de eventos culturais, porque “quem visita aquele espaço quer conhecer nossa cultura e a nossa história, não somente as nossas belezas naturais”, reforça.

Um pouco de história

Para entender um pouco sobre a fundação desse equipamento cultural, consultamos a professora Silviana Mariz, que possui uma tese de mestrado intitulada “Oficina de Satanás: a Cadeia Pública de Fortaleza (1850 – 1889)”.

“A minha pesquisa inicia em 1850, que é quando começam os debates e discussões em torno da necessidade de se construir uma cadeia pública em Fortaleza, porque antes só existia o que era chamado de ‘casa de correção’, para onde eram enviados jovens chamados ‘filho-família’, assim chamados porque ‘davam trabalho’ para a família. Não era necessariamente um lugar de criminosos”, afirma Silviana.

Como Fortaleza era uma cidade pequena, a Cadeia Pública, a princípio, era um lugar de “depósito de escravos” e reclusão de

Corredores onde antes circulavam escravos teimosos e contraventores abrigam hoje toda variedade de artesanato

Antigas celas deram lugar a pequenas lojas onde se pode comprar rendas de bilro, redes, crochê e artigos feitos com palha e couro

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pessoas que cometiam pequenos delitos. Os senhores enviavam seus escravos mais arrogantes e teimosos para lá, com o objetivo de puni-los. E estes sofriam constantes torturas físicas e psicológicas. A população seguia o princípio religioso de que “quem foge as normas de conduta está possuído por alguma coisa maligna”. Então, essas pessoas eram mantidas em isolamento com relação ao restante da sociedade.

Após esse período, a cadeia passou a seguir o modelo norte-americano como centro civilizador, cujo princípio era a regeneração do preso. Mas, enquanto o discurso remetia a um tratamento diferenciado aos presos, com o objetivo de melhoramento de conduta, os soldados ainda mantinham tratamentos agressivos. Surgiram então as oficinas de trabalho dentro da cadeia pública, já que os presos precisavam de algo para retomar a dignidade de suas vidas.

“Enquanto os presos com melhor comportamento iam para o beneficiamento de algodão e de couro, aqueles que tinham uma má conduta eram encaminhados para pedreiras e outros trabalhos braçais. Como na época não existia um sistema de saneamento básico, eram esses presos que levavam os dejetos até o mar”, conta Silviana.

No auge da Cadeia Pública, em 1870, problemas como superlotação e fugas já existiam. A sociedade começava a discutir sobre o atentado à dignidade humana que era a vida dos presos em celas onde mal

podiam se sentar devido à lotação. As famílias só podiam visitá-los mensalmente, mas segundo relatos obtidos pela historiadora, os familiares costumavam se comunicar do lado de fora e jogar objetos para dentro das celas onde estavam seus entes queridos.

“Parece que a transformação do prédio em um centro de turismo é uma forma de camuflar o passado. Mas as pessoas devem conhecer a história dos lugares da cidade, para, assim, conhecerem sua própria identidade cultural”, defende Silviana.

A historiadora concorda com Márcia Gadelha no que tange à necessidade de que políticas públicas atentem para a valorização da memória, a fim de que não só os turistas, mas a própria população esteja ciente de que em cada lugar existe algo que representa o povo cearense.

Maioria dos artesãos participam de cursos de capacitação para atender melhor os turistas

Mulheres na cadeia

Quando o Centro de Turismo ainda era sede da Cadeia Pública, não havia uma distinção entre penitenciárias femininas e masculinas. Então, as mulheres que cometiam ou eram acusadas de alguns delitos eram encaminhadas para a Cadeia Pública, mas permaneciam em setores distintos dos masculinos. A maioria das mulheres que estava presa era acusada de infanticídio, aborto e prostituição.

Segundo a historiadora Silviana Mariz, se uma mãe, por distração, deixasse o filho morrer afogado na banheira, já era acusada de infanticídio, o que hoje poderia ser enquadrado como abandono de incapaz.

“Uma mulher que às três horas da tarde estivesse em frente à própria casa por algum tempo, já poderia ser acusada de prostituição por algum vizinho. E existem relatos de casos parecidos”, afirma Silviana.

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resenha

“Fonte de Hipocrene” (2011) é o terceiro livro de poesias da funcionária aposentada do BNB, Yvany Gurgel do Amaral. Nele, podemos encontrar diversas histórias em que teremos contato com as particularidades do ser, uma vez que a autora busca exaltar em suas poesias valores e emoções, propiciando um passeio por todas as esferas do conhecimento.

Assim, durante a leitura somos convidados a passear desde o cotidiano até instâncias mais elevadas, o que permite um contato maior com nós mesmos e com a divindade, por meio da filosofia, da arte, da espiritualidade e da mitologia.

De acordo com a autora, o título do livro faz referência a uma lenda da mitologia grega. A história conta que o cavalo Pégaso deu uma patada em uma pedra do Monte Hélicon, a morada das Musas, e desta jorrou uma água cristalina, fonte consagrada aos poetas como símbolo de inspiração.

Yvany considera que bebe dessa fonte desde a sua infância, quando copiava poemas e poesias no caderno de suas tias e, principalmente, após a adolescência, momento em que começa a criar composições próprias.

Hoje, ela dedica o tempo livre da aposentadoria à poesia, ao canto e composição de músicas. Agraciada pelo Programa Cultura da Gente, a escritora já publicou livros como: “Véu de Afrodite” (2009) e “Cio da Lua” (2010). Para quem deseja ler mensagens de amor e otimismo, textos que enaltecem o bom e o belo, “Fonte de Hipocrene” é uma ótima opção. Yvany, que todo dia cria novos poemas, conta que seu quarto livro, já selecionado pelo Centro Cultural do BNB, deve ser lançado em breve.

Fonte de Hipocrene[Yvany Gurgel do Amaral]

Cultura da Gente, 2011Poesia / 128 págs.

A poesia nas esferas do conhecimento

* Por Saulo Lobo Ambiente de Comunicação Social

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Agente Pereirinha amplia concorrência de mercado

Adstoni Lopes

Ambiente de Políticas Territoriais, Ambientais

e de Inovação [email protected]

Hoje narrarei o “causo” de uma ação do nosso herói Pereirinha para viabilizar um financiamento que parecia impossível. Foi na mesma época em que esse agente de fomento pintava, alinhavava, bordava e fazia o “chuliado” nas oficinas Cadeias Produtoras do Holofote do Progresso, quando ainda trabalhava na Agência de Nova Siriema.

Certa feita, entrou na Agência um sujeito falando coisas que ninguém conseguia entender. O gerente Taborda mandou logo ele falar com o agente Pereirinha, que além de bancário, funcionava como despachante, professor de crédito, consultor de movimento social, juiz de paz, psicólogo de clientes e tudo mais que viesse pela frente...

Depois de muito custo e paciência, ficou claro que o potencial cliente, seu Genésio, queria um financiamento para montar uma “empresa de títulos de capitalização com sorteio de prêmios”. Pereirinha parecia estar escrevendo os planos de seu Genésio no computador, mas estava mesmo era digitando a ata da última reunião do Holofote.

- “Explique melhor isso, seu Genésio”, falou o nosso agente para ganhar tempo e tentar entender aquele leriado.

- “Ah, é simples. Eu quero o dinheiro do Banco para montar uma empresa tipo a Tele Sena do Baú da Felicidade”, explicou Genésio, sujeito rude, em tom firme e grave.

O agente resolveu então fazer três perguntas, como quem ameaça um xeque-mate numa partida de xadrez,

para ver se acelerava procedimentos e decisões:

- “O senhor tem experiência com esse tipo de atividade? Pretende implantar essa empresa aqui em Nova Siriema? Acha mesmo que pode dar certo?”.

Genésio, de cabeça erguida, respondeu com convicção:

- “Se eu achasse que daria errado não estaria aqui, né mesmo? Vou começar por Nova Siriema, mas depois estarei em todo o Vale do Umbu Teimoso, invadirei o sertão e tomaremos todo o Nordeste e também a Bahia”, disse ele. “E tem mais, já trabalhei muito tempo com o Sílvio Santos em São Paulo. Agora chegou a hora de desbancar aquele filho d’uma égua”.

- “É mesmo, seu Genésio? E o que o senhor fazia junto com Sílvio Santos?”, perguntou Pereirinha.

- “Eu vendia carnê do Baú da Felicidade na Estação da Luz”, respondeu Genésio, enquanto ajeitava uma gravata imaginária.

Pereirinha estava impressionado com a determinação de Genésio, mas sabia que a empreitada era difícil e que o

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28 Maio / Junho 2012

Page 27: Revista Conterrâneos nº 36

Banco dificilmente financiaria um potencial concorrente na venda de títulos. Resolveu então utilizar um pouco mais de pragmatismo na conversa.

- “E hoje, o senhor mexe com o que, seu Genésio? De onde tira sua renda? Como é que o senhor sustenta a família?”, questionou Pereirinha, com sua velha característica de encarrilhar perguntas.

- “Ah, hoje eu alimento os bruguelinhos lá de casa vendendo os detergentes e desinfetantes que minha mulher fabrica no quintal de casa”.

- “Ôxe, mas isso o Banco financia que é uma beleza”, disse Pereirinha.

- “Mas com essa atividade a grana que entra é mais curta do que coice de preá”, ponderou Genésio, enquanto coçava o queixo.

Nisso, Pereirinha já começava a fechar o computador. Precisava finalizar o assunto. Ficou olhando para Genésio esperando ele definir a situação.

- “Então, seu Pereira, o que preciso fazer para que o Banco nos ajude na fábrica de detergentes?”.

O agente de fomento entregou a lista de documentos necessários e orientou sobre a linha de crédito, os trâmites e os processos. Apesar de verificar a determinação de

Genésio, não colocara muita fé na efetivação do negócio, visto que para aquela atividade a lista de procedimentos, certidões e atestados era mais cumprida do que língua de manicure.

E não é que Genésio, após algumas idas e vindas na Agência, recebendo inclusive novas orientações de Pereirinha, conseguiu efetivar um financiamento para a sua pequena indústria de produtos de limpeza?

O tempo passou e, depois de alguns meses, Pereirinha estava trocando o pneu de seu carro, na estrada de piçarra que ligava Nova Siriema à Calangópolis, quando parou um motoqueiro e perguntou se ele estava precisando de ajuda.

- “Obrigado, mas não precisa. Já resolvi o problema”, disse Pereirinha. “Êita! Mas num é que é seu Genésio?! Como vai, meu amigo? E a fábrica, está indo bem?”.

- “Vamos todos bem, seu Pereira. A nossa empresa está crescendo mais ligeiro do que família de coelho. Até já comprei essa moto com reboque para levar detergente nos distritos de Nova Siriema e adjacências”, disse.

- “E o Silvio Santos?”, brincou Pereirinha. “Esqueceu aquela história de desbancar o homem do Baú?”, questionou.

- “Ôxe! Nem me lembro mais dele. Meu adversário agora é um tal de Gessi Leve!”.

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A Unidade Aracaju-Centro do Banco do Nordeste atua no município há 57 anos, com destaque para o segmento empresarial. Prova disso é que em 2011 ela conquistou o terceiro lugar geral do Banco na carteira, com aplicação de R$ 89,6 milhões, distribuídos em 98 operações.

Ao longo do último ano, a Agência Aracaju-Centro realizou um total de 748 operações, somando R$ 133 milhões aplicados, resultado obtido graças ao empenho dos seus 26 funcionários. Os números fazem de Aracaju-Centro a maior agência em volume de negócios de Sergipe, entre as 15 unidades operacionais sediadas no estado.

Segundo o gerente da Unidade, Hermílio Carvalho Neto, a Agência a cada ano tenta superar suas metas e mostrar credibilidade e qualidade em seus serviços. Para o ex-gerente Agnaldo Francisco Rosa (atual gerente da Agência Aracaju - Siqueira Campos), muitas foram as

transformações ocorridas nos últimos anos.

“O principal aspecto foi o crescimento do número de clientes, tanto da área empresarial, quanto da área de MPE, pois se triplicou a quantidade de empresas atendidas”, disse. Outro ponto de destaque é o crédito comercial, que durante a gestão de Agnaldo (últimos três anos) obteve crescimento de mais de 350%. Além disso, a captação de recursos cresceu mais de 180% no mesmo período.

Aracaju nos primórdios

Em 1855, foi fundada a primeira capital planejada de um estado

A chegada da agência do Banco do Nordeste à capital sergipana veio em 1955, mais exatamente em 17 de janeiro. A partir daí, sua contribuição

para o desenvolvimento econômico da região não parou mais.

Lucas Nabuco

Super-SE [email protected]

Aracaju-Centro e seus bons resultados

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30 Maio / Junho 2012

Fotos: hotsite Dos 154 anos De aracaJu

http://www.aracaJu.se.gov.br/154anos

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brasileiro. O projeto foi feito pelo engenheiro Sebastião Basílio Pirro, e as ruas projetadas geometricamente como um tabuleiro de xadrez para desembocarem no Rio Sergipe. Assim, Aracaju – “cajueiro dos papagaios”, em tupi-guarani –, foi uma das cidades pioneiras dessa tendência geométrica.

Isso se deu porque São Cristovão, a antiga capital de Sergipe (na época, Sergipe Del Rey), estava tendo dificuldades em relação aos portos. Situada no interior do estado, a navegação era somente fluvial, um aspecto negativo, já que os navios de maior porte não conseguiam passagem por conta do seu peso.

A partir de 1854, a praia que hoje é território de Aracaju começou a chamar atenção do Governo da província, que assim transferiu a Mesa de Rendas Provinciais e a Alfândega para aquele local e construiu uma agência do Correio, uma subdelegacia policial e um porto na praia, denominada Atalaia.

Com a necessidade de um porto de maior porte na Província, no dia 2 de março de 1855 a Assembleia Legislativa abriu uma sessão, na qual Inácio Joaquim Barbosa, primeiro presidente da Província Sergipe Del Rey, decidiu transferir a capital de São Cristovão para a cidade que seria erguida ali. As terras onde hoje Aracaju está situada foram doadas à Pero Gonçalves por volta de 1602 e, somente em 1865, a nova capital se firmou.

Nos dias de hoje

A pequena cidade, outrora tímida, hoje se desenvolve a pleno vapor. Já ganhou status de “capital de melhor qualidade de vida” e hoje desponta no cenário nacional com a realização da festa de São João, considerada uma das melhores do país. Além de todos esses predicados, Aracaju tem ainda a Orla de Atalaia como seu maior cartão-postal, tida por alguns como a mais bonita do Brasil.

De acordo com economista e professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Ricardo Lacerda, Aracaju é marcada pelo setor de serviços, que responde por 80,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

No segmento, cabe destacar o peso do setor público (15,1%) e do setor industrial (19%), em contraponto ao setor agrícola, com somente 0,2%. Ao lado de atividades tradicionais, tanto no comércio quanto na indústria, Aracaju sedia serviços tecnologicamente mais avançados e sofisticados do estado, como os de telecomunicações, informática, saúde, educação e consultoria.

É importante lembrar que a capital responde por 25,6% da população do estado, mas representa 42,9% da riqueza gerada.

Equipe de funcionários:

Hermílio Carvalho Neto (Gerente) Adna Oliveira Lima Aldiceia de Sousa Tosi Alyne Sousa Dantas Cora Rego dos Santos Eliene Carvalho Santos Fernanda Maria Barbosa Nunes Franklin José Dias de Paiva Gilson Dias Damacena Hugo Michel Vieira de Aragão Santos Íris Nalba da Silva Bezerra Jacqueline Marques da Silva Oliveira José Dornival Pedrosa de Oliveira José Francelino Alves José Nilton Oliveira Pires Joseney Matos Campos July Reis Duarte Luiz Alberto Nogueira Morato Marcos dos Santos Andrade Maria Alzenira Freitas de Souza Rita de Cássia Martins Urpia Sandra Ribeiro dos Santos Valdir Mesquita de Souza Wellington Kerner Marques

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A pesca marítima é mais um hobby de nossos colegas do Banco. Para o vigilante do Passaré,

Hilton Raulino, tudo começou em 2009, quando conversava com pescadores no Mucuripe. Dali surgiu o interesse de ir com eles. O passeio foi tão bom que ele logo buscou companhia.

Na época, chamou mais três colaboradores do Banco para pescar. Hoje, o grupo estendeu-se e cerca de doze benebeanos se aventuram. Segundo Hilton, em uma das viagens foram necessários dois barcos, porque o número de pessoas havia aumentado para 22.

Em alto mar, rumo às águas misteriosas do oceano, o grupo busca uma tranquilidade que se mistura ao espírito aventureiro.

Ainda assim, quando os ventos estão fortes, ficam cautelosos quanto à viagem, por não serem tão acostumados quanto os pescadores profissionais.

Neste ano, foram feitas duas pescarias, organizadas pelo analista da Célula de Gerenciamento de Recursos de Segurança, José Cavalcante, que aluga

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Quatro horas da manhã. O sol, ainda nascente, convida os pescadores a rumarem em direção ao bairro do Mucuripe, em Fortaleza (CE).

Entre eles, podemos encontrar alguns colaboradores do Banco do Nordeste.

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Paisagem do pôr do sol vista da praia do Mucuripe

Gledson Viana (de chapéu) e colegas de pescaria em alto mar

Ana Maria Lima

Ambiente de Comunicação Social

[email protected]

Aventuras entre as velas do Mucuripe

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Page 31: Revista Conterrâneos nº 36

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Benebeanos descansam antes da volta à terra firme

os barcos. Alguns deles, maiores e mais confortáveis, possuem lotação para 18 pessoas; outros para dez. “A preparação é feita a cada dois meses e existem dois tipos de pescaria: em águas rasas e em alto mar. A primeira é realizada aos fins de semana e a última precisa de mais tempo para ser organizada, em função do material necessário. Buscamos nos divertir, pois é uma atividade muito relaxante e nos proporciona satisfação e lazer”, declara.

Segundo o gerente executivo do Ambiente de Administração, Gledson Viana, no ano passado, foram inúmeras as pescarias feitas no primeiro semestre. “Mas no restantes do ano fomos poucas vezes, devido ao agito exagerado do mar”, conta. Gledson destaca ainda que eles levam um pescador experiente para velejar o barco e que passam, aproximadamente, três horas navegando em direção ao local de ancoramento.

O capitão, como é chamado, faz a condução dos aventureiros a pontos específicos, em que a profundidade do mar fica em torno dos 30m.

Quando atracam, eles se deleitam com a paisagem.

Contato com a natureza

Para o supervisor de Segurança do Banco, Pery César, o que os atrai na viagem é o clima, a tranquilidade e a ambientação totalmente diferente do cotidiano. “É possível avistar golfinhos, tartarugas marinhas e peixes de todos os tamanhos”, destaca.

Em meio ao passeio, os benebeanos esquecem o tempo, admirando a bela paisagem, e retornam ao Porto do Mucuripe somente às 18h, com a sensação de estarem prontos para mais uma semana de trabalho. “Apesar de pescar desde os dez anos e gostar muito de peixe, essa não é a razão principal do passeio. Estar no mar durante

um dia, longe da terra e em contato com a natureza, dá uma sensação

de humildade. Faz com que percebamos o quanto somos

pequenos diante daquela imensidão”, revela Gledson Viana.

“É possível avistar golfinhos, tartarugas marinhas e peixes de todos os tamanhos”

Ao fim de mais uma pescaria, à noite, no Porto do Mucuripe

Histórico

O termo Mucuripe vem do tupi e tem como significado alternativo “no rio dos gambás”,

referindo-se a uma espécie de peixe cujo odor é semelhante ao do gambá.

Conta-se que quando os holandeses chegaram ao Ceará em 1649, o local foi porto de ancoragem de embarcação. Nos anos 40, o lugar foi escolhido como porto de navios. Atualmente, é um bairro de grande expansão, muito admirado pelos turistas. Co

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Page 32: Revista Conterrâneos nº 36

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Colegas, como é bom voltar à tudibom! Ainda mais por receber tantas imagens e momentos especiais. Nossos colaboradores estão caprichando e viajando mundo afora... essa é a edição mais internacional até o momento. Continuem assim, registrando os bons momentos da vida: em casa, na sua cidade, seu estado, seu país ou no exterior. O importante é participar e ser feliz! Até a próxima e um abraço.

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tudibom - o lugar da nossa genteBruno [email protected]

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Mais um belo momento na tudibom: Letícia Camboim (Ag. João Pessoa-Centro), o marido João Adelino (Gerat-PB) e a filha Sofia, de férias em Paris. Precisa perguntar se gostaram?

São Francisco (Califórnia-EUA) é daqueles locais que devem ser revisitados. De lá, eu trouxe esse cartão postal: a ponte Golden Gate. Ainda tive a felicidade de ver parte da família em Dallas e também visitar Las Vegas e Los Angeles.

“Gostaria de compartilhar com os colegas minhas aventuras e paisagens deslumbrantes na tudibom”,

escreveu Pietro de Araújo (Ag. Santo Antônio-RN). Escolhemos o orgulho de ser brasileiro no clima

congelante e nas paisagens do Valle Nevado (Chile). Valeu!

Essa veio de longe direto para a tudibom: João Carlos Neves Segundo (CRO-PE) viajou ao Egito e Israel e conferiu de perto as Pirâmides e o Monte Sinai. Sorte dele!

Page 33: Revista Conterrâneos nº 36

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tudibom - o lugar da nossa gente

Tem muito bom gosto o casal Tomaz de Almeida Neto (Amb. Jur. Gest. do Contencioso)

e Fátima Gomes. Na imagem eles aparecem no famoso Monte Saint-Michel, na França. Essas férias, com certeza, foram tudibom!

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Alegria do casal Davi Sampaio (Ag. Itapipoca-CE) e Michele Almada em pleno show de Paul McCartney, em Recife. O ex-Beatle é tudibom!

Cafona mesmo só o nome da festa! Animação e alegria tomou conta desse encontro tudibom da equipe de Colatina (ES). Originalidade: nota 10!

Mirna Nunes e o namorado Klayton Lima (ambos da CRO-PB) não são fracos! Os dois subiram a Table Mountain, na Cidade do Cabo (África do Sul) e puderam contemplar esse visual. A tudibom agradece!

Page 34: Revista Conterrâneos nº 36

quando o escritor estadunidense Louis Bromfield, fundador da famosa fazenda Malabar, preferiu o trato com a natureza aos requintes diplomáticos, talvez estivesse cedendo a um apelo interior ao qual não correspondia quando transitava entre salões e escritórios. José Maria Firmeza de Sousa, funcionário aposentado,

a comissão incorporadora, aquele pessoal, até que surgiu a oportunidade do concurso. Nessa época, meu pai já tinha sido convocado para trabalhar no BNB. Ele me pediu pra não fazer o concurso em Fortaleza, porque ele trabalhava ali, etc, tal. Então, eu fui fazer o concurso em João Pessoa. Passei, voltei e me incorporei aos 33 que passaram aqui. Logo em seguida, foi instalada a agência. O primeiro gerente foi o doutor Aristóteles Magalhães Cordeiro, que havia sido gerente da agência Centro do Banco do Brasil aqui. Então, ele já conhecia a praça, as pessoas. Trabalhei na seção de depósito, no Crédito Rural. O concurso foi em 54, eu tomei posse em junho daquele ano.

RC: Quais as lembranças mais marcantes dessa época?

JM: Havia duas coisas interessantes. Uma delas é que o Banco era um exército composto de general e soldado. Não tinha cabo, nem sargento, nem capitão, nem coronel, nem nada. Foi o pessoal do Banco do Brasil, que veio implantar o Banco do Nordeste, e nós, que não sabíamos de nada, éramos novatos. Resultado: o Banco teve de recorrer aos mercados locais, aqui

O fato de ser funcionário de uma entidade que nascia marcada pelo signo agrícola já calava a consciência. E a gratidão pelos 27 anos gastos nesta casa confirma a analogia, porque “foi uma troca em que os dois ganharam”. Sessenta anos depois, um depoimento lúcido, veemente, resgata o fio que conduz a uma história “semeada” e “cultivada” por mãos de toda uma geração: o compromisso com a missão do Banco do Nordeste.

Revista Conterrâneos: Como começou a sua história com o Banco?

José Maria Firmeza: Eu, desde muito jovem, talvez por influência do meu pai, acompanhei com muito interesse os problemas e soluções, as políticas econômicas voltadas para o Nordeste. Por isso, eu acompanhei de muito perto a instalação do Banco,

A concreta afeição à terra

Emanuele Sales

Ambiente de Comunicação Social

[email protected]

José Maria Firmeza

admitido no primeiro concurso, em 1954, não precisou renunciar à carreira de bancário para viver a concretude da afeição pela terra.

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Page 35: Revista Conterrâneos nº 36

eu me refiro mais à Fortaleza, e buscar nos bancos particulares esse pessoal que já tinha certa tarimba de Contabilidade, de tecnologia de depósito, de manuseio de títulos, de regras de cobrança, de desconto. Por isso mesmo, entraram servidores que colaboraram muito com o Banco, porque sem eles, a coisa não andava.

Trabalhei bastante no Crédito Rural, depois fui pra Auditoria, onde fazíamos mais ou menos tudo, porque não tinha, por exemplo, um auditor especializado nisso ou naquilo. Mas, quando tinha alguma coisa de maior profundidade, a gente escolhia a pessoa que tinha mais aptidão para aquele tipo de assunto. A Auditoria era muito importante porque era o elo entre a agência, que operava, e a Direção Geral, que mandava. Então, os gerentes normalmente se queixavam e a gente trazia essas informações. Informávamos, pedíamos e íamos suprindo a Direção Geral de feedbacks vindos das Agências.

RC: Como era a sua vida nessa época?

JM: Como eu estava dizendo, eu sempre fui muito interessado pelo desenvolvimento do Nordeste. Naquele tempo, o funcionalismo do Banco tinha um esprit de corps fora de série. O sujeito não podia falar muito do Banco do Nordeste em qualquer lugar, porque, se tivesse um funcionário por perto, ele reagiria com muita veemência. Pois bem, eu tinha consciência de que só pelo fato de ser funcionário do Banco, eu já estava colaborando decisivamente com o crescimento do Nordeste. Isso se fortaleceu muito quando, em 1964, eu saí da Auditoria e fui ser gerente da Agência Fortaleza-Centro. Aí, a coisa era muito mais palpável. Você via a firma crescer, você negociava com o cliente, você tinha o empresário ao seu lado, você via que aquele cara começou com pouco, depois foi crescendo, em dois anos já era maior, descontava 20 títulos, agora já descontava 60, 100, 1.000 títulos. Então, era muito gratificante. Depois, eu continuei isso quando me tornei gerente da Agência Centro de Salvador. Depois de Salvador, à convite do Governo da Bahia, eu fui para o Banco do Estado da Bahia. Quando o doutor Camilo Calazans assumiu, ele me pediu pra voltar à Direção Geral, para o Departamento de Crédito Geral. Foi lá que eu me aposentei.

RC: Nesses cinco anos na Agência Fortaleza-Centro, houve algum fato que o senhor gostaria de destacar?

JM: Aquilo tudo andou como um todo, como uma máquina que vai produzindo e a produção vai saindo. Nós mudamos muito de prédio. A Agência, quando eu assumi, era na rua Major Facundo, 372, no prédio que era de propriedade da Cimaipinto (Companhia Importadora de Máquinas e Assessórios Irmãos Pinto. O Banco adquiriu o prédio em outubro de 1955). O Banco era tão pequeno, tão inseguro que, quando esse prédio foi comprado, o doutor Rômulo Almeida, nosso primeiro presidente, teve medo de não conseguir pagá-lo. Eu me lembro de que o contrato de compra e venda com a Cimaipinto tinha uma cláusula de retrovenda. Se o Banco não pudesse pagar, a Cimaipinto receberia o prédio de volta, devolvendo o que já tinha sido pago.

“Antes, o grande desafio do Banco era adquirir uma ‘filosofia musculosa’”RC: Foram muitos anos na casa. Como foi o crescimento na vida pessoal?

JM: Eu casei, tive duas filhas, depois me separei. Depois de ter me aposentado, fui trabalhar no Banco Mercantil de Crédito e, quando houve a intervenção do Banco Central no BEC (Banco do Estado do Ceará), fui chamado para o BEC. Então, fui para o Rio de Janeiro estudar a agência do BEC de lá. No Rio, eu conheci a minha segunda esposa, com quem vivo até hoje. Moro aqui e moro lá porque, como eu sou muito ligado à terra e como a minha família mora aqui, nós somos oito irmãos, eu sinto muita necessidade de conviver com eles.

Eu nasci aqui, mas me considero interiorano, porque a família do meu pai é de Quixadá e da minha mãe é do Cariri. Então, eu sempre fui muito ligado ao sertão, tive fazenda aqui. Tive muito orgulho da minha fazenda porque foi eleita, em dois anos consecutivos, a melhor fazenda do estado do Ceará.

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RC: A escolha por trabalhar no Banco tem a ver com esse apego à terra, ao sertão?

JM: Há essa ligação sim, não tenha dúvida! É quase uma simbiose. Quem tem umas explicações muito interessantes sobre isso é o escritor norte americano Louis Bromfield (escritor, romancista e roteirista estadunidense, famoso por ter criado um modelo de fazenda sustentável. Morreu em 1956). Ele escreveu um livro muito interessante, “Eu e a terra”, e depois escreveu “Fazenda Malabar”. Eu li esse livro faz muitos anos. Ele era diplomata de alto nível, foi embaixador dos Estados Unidos em Berlim, no tempo da Guerra, mas abandonou tudo pra comprar uma fazenda. No fim, acabou sendo fazendeiro. Aí, ele narra e faz considerações muito interessantes a respeito desse chamamento da terra.

RC: Que lembranças o senhor traz dessa vivência no sertão?

JM: Tem uma coisa que eu nunca vou esquecer... Havia uma fazenda de propriedade do meu avô. Eu e meu pai tínhamos muita vontade que ela permanecesse em posse da família. Mas o meu avô morreu, meu pai não teve mais tempo de tomar conta da propriedade. Então, houve a seca de 1958, que foi violentíssima, morreu muita gente, muito bicho e tudo. Foi aí que meu pai me exortou “Olha, nós precisamos tomar uma providência. Ou abandonamos de vez ou...”. Fomos lá olhar. Saímos daqui depois do expediente e chegamos por volta de 11h da noite. Ligamos os faróis do carro e encontramos umas trezentas, quatrocentas reses praticamente mortas (pausa). Aquele mar de animais caídos... Naquela hora, nós decidimos tomar conta da fazenda, fazer uma regressão daquela situação. E conseguimos, felizmente.

RC: Como era o nome do seu pai?

JM: José Bonifácio de Sousa. Ele foi trazido pra cá, para o Banco do Nordeste. Aliás, isso que eu vou contar é algo que eu gostaria que se

registrasse nesse depoimento. O Banco do Brasil, naquele tempo, tinha um presidente e diretores. Mas quem mandava lá era um camarada que ocupava o cargo de superintendente. Esse superintendente era o dono do Banco do Brasil em matéria operacional. Ele era de família cearense, mas nasceu em Manaus. Chamava-se Francisco Vieira de Alencar. Esse cavalheiro era um homem muito rígido, até intransigente. Ele foi escolhido pelo Getúlio e por seus assessores – o doutor Rômulo, principalmente – pra compor a comissão de implantação do Banco. Era ele, o doutor Rômulo, e um paraibano, que era do alto serviço público, do Dasp (Departamento Administrativo do Serviço Público). Naquele tempo, o Dasp era uma espécie de faculdade do funcionário público. Esse paraibano, que se chamava Cleanto de Paiva Leite, era economista, havia andado muito pelo Chile, naqueles programas da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Eles três fizeram a comissão de incorporação do Banco. E nessa época já começaram a trazer gente pra cá. O Vieira de Alencar conhecia a “nata” do Banco do Brasil e pediu que o meu pai viesse pra cá. Meu pai veio para o BNB por intermédio dele.

Mas o que eu queria marcar, em relação ao Vieira de Alencar, é o seguinte: você sabe que a Constituição estipulou que 3% da renda tributária do País fossem destinados a aplicações no Nordeste. Ora, 3% de todo imposto que se recebe nesse País é um mar de dinheiro! Pois bem, um terço desse dinheiro constituiria um fundo que seria dividido em dois: 20% seria para acudir emergências e o restante seria para o Governo aplicar em empréstimos que visassem ao desenvolvimento da Região. Esse dinheiro devia ser administrado pelo Banco do Brasil, mas houve um decreto que tirava dele essa administração e passava para o Banco do Nordeste. Aliás, foi na mensagem do Getúlio para a criação do BNB, lá estava dito que o Banco teria como capital aquele dinheiro. Bem, se fosse hoje ou em outra época, ou com outros homens, o Banco do Brasil jamais permitiria que esse dinheiro saísse de lá. Não haveria possibilidade de eles abrirem mão de um negócio desses. Isso é meu raciocínio. Não vi isso escrito em canto nenhum, eu nunca li nada a respeito, é somente o que eu penso. Aí, chega Vieira de Alencar, que naquele tempo era quem mandava lá e, de maneira mansa e pacífica, aceitou o negócio sem discutir. Eu presumo que a “nordestinidade” de Vieira de Alencar falou mais alto.

“dei muita coisa ao Banco, mas foi uma troca em que os dois lados ganharam”

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Page 37: Revista Conterrâneos nº 36

RC: O senhor trabalhou no Crédito Rural na Agência Fortaleza-Centro e na Direção Geral. Como era lidar com esse segmento?

JM: A agricultura, naquela época, tinha dois tipos de pessoas com quem você tinha de tratar. A agricultura familiar, da agência do interior, era a agricultura do caboclo, mesmo. O cara vinha e tal, tirava o emprestimozinho dele, às vezes tinha medo, aí o gerente tinha de ter certa habilidade de pegar o cara e trazê-lo. Depois, ele se tornava cliente, ficava tradicional. Geralmente, eram homens de caráter, pessoas que pagavam muito bem, que quando não podiam pagar por causa de uma seca, se entristeciam.

E tinha o cliente das agências de capital, que eram os clientes maiores, quase o “agricultor empresário”. Essa vontade de progredir, que é atávica à agricultura, se era boa por um lado, por outro significava um risco, porque as pessoas se entusiasmavam muito e criavam projetos inviáveis. Queriam coisas mirabolantes, como importar e fazer inseminação artificial de sêmen da Holanda, quando aqui não se conseguia sequer fazer uma programação de cobertura. Aí, a função do gerente já era quase a inversa, que era de ir freando. É bem verdade que, no meio desses, havia muitos bons agricultores, clientes de primeira linha, realistas, que trabalhavam com o pé no chão. A esses nós incentivamos muito.

RC: O que foi mais desafiante no começo do Banco e o que é mais desafiante hoje?

JM: Antes, o grande desafio do Banco era adquirir uma “filosofia musculosa”. Era que o Banco soubesse o que ele era e o que ele queria ser. Isso, no início, não existia, ninguém sabia. O doutor Rômulo sabia. Talvez o pessoal da comissão de implantação também soubesse o que eles queriam. Mas aconteceu que o doutor Rômulo entrou em janeiro e o Getúlio Vargas se suicidou em agosto. E ele, imediatamente, nem pestanejou, pediu demissão. O Banco ficou órfão muito cedo. E aí? Houve as dúvidas, né?! Quem salvou a pátria aqui foi doutor Raul Barbosa.

Eu não conheço muito bem o Banco de hoje, mas tenho a impressão de que seria necessária uma boa reciclagem nessa maneira de o funcionário ver a si e ao Banco. É pura impressão isso que eu vou dizer, mas hoje, parece que basta cumprir a obrigação, receber o dinheiro no final do mês e acabou. Antigamente, você se interessava, ia atrás e procurava... Essa reciclagem é que eu acho que o Banco precisaria.

RC: O que o senhor considera o seu maior aprendizado aqui dentro do Banco?

JM: Minha família me deu uma boa parcela da minha formação e o Banco me deu o restante. O que eu aprendi aqui foi praticamente tudo o que eu sou. Eu aprendi um pouco de disciplina quando estive no Exército. Eu não chego atrasado em canto nenhum, não digo que vou sem poder ir, sou muito disciplinado. Pois bem, o resto foi o Banco quem me deu. Tudo! Eu soube aproveitar, dei muita coisa ao Banco, mas ele me deu muita coisa também. Foi uma troca em que os dois ganharam.

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Page 38: Revista Conterrâneos nº 36

Apesar do carinho recebido por alguns bichinhos, que têm a sorte de encontrar um lar de verdade, nem sempre o homem é o melhor amigo dos cães. Basta uma simples volta pela cidade para perceber que, todos os dias, animais são abandonados por seus donos, pelos mais variados motivos. Pode ser em função de uma doença,

mudança de domicílio, porque a cadela teve uma ninhada grande e a família não pode ficar com todos os filhotes ou, simplesmente, por descaso.

Em Teresina, o jovem Marcílio Wander, funcionário da Agência de Caxias (MA), resolveu fazer a diferença. Começou a resgatar cães abandonados pelas ruas e tratá-los, até conseguir um novo lar para eles. “Meu primeiro resgate foi da cadela Esperança. Era um sábado à tarde, quando a vi cambaleando na Avenida Homero Castelo Branco. ‘Ligou’ aquele alerta em mim, dei a volta no quarteirão, coloquei-a no carro e a levei direto para a clínica. Foram uns dois meses de tratamento, ela estava com um tumor na mama e foi feita a cirurgia para remoção. Era uma cadela muito doce”, conta Marcílio.

Durante o tratamento de Esperança, havia outra cadela para adoção na clínica, a Daphine. As duas ficaram amigas e conseguiram ser adotadas pela mesma dona, por intermédio de Marcílio. Quinze dias depois desse primeiro resgate, ele estava na casa de uma amiga quando ouviu latidos de dor... Eram filhotes sendo jogados

no meio da rua por uma senhora. Imediatamente, ele pegou as três

cadelinhas, a quem chamou de Penélope, Charlote e Kate, e

levou para uma clínica.

“Elas estavam cheias de carrapatos

e pulgas, foi feito o

tratamento com banho

terapêutico, vermífugo, vacina e, duas semanas

depois, eu já estava levando-as para Caxias (MA), para seus novos

lares”, relata Marcílio, que conseguiu a adoção das cadelinhas por colegas do Banco.

Depois disso, vieram uma série de resgates de cães doentes ou que foram atropelados e estavam abandonados pelas ruas. Ele os levava para clínicas, custeava o tratamento e conseguia lares novos para os cãezinhos, já recuperados. Atualmente, Marcílio tem dois cães de estimação, o Tao e a Vida.

Ele conta que essa relação com animais abandonados veio justamente após o roubo da cadelinha Vida, em 2011. “A sensação de vazio e impotência

Serviço Associação Piauiense de Proteção e Amor aos Animais (Apipa)

Rua Trinta e Oito, 1041 Loteamento Vila Uruguai Bairro Uruguai – Teresina-PI CEP: 64073-167

Fones: (86) 3081-9670 / 8846-8020

Horário de visitação: 13h às 16h

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Mara Dallenna Barroso

[email protected]

“O cachorro é o melhor amigo do homem”, diz um ditado bastante popular. Isso porque os cães são fiéis, brincalhões, defensores árduos dos seus donos, carinhosos

e companheiros. Não guardam rancor. Mesmo depois daquela briga por conta do chinelo rasgado ou por causa do vaso de planta quebrado no jardim, eles continuam lá,

abanando o rabo, aguardando ansiosamente a chegada dos seus donos.

O melhor amigo do cão

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foi terrível, fiquei sem comer, ausentei-me do trabalho... Ela já fazia parte da família. Comecei uma divulgação na mídia, cartazes na rua e muita oração pelo retorno da Vida”, conta Marcílio. Um mês depois, ele recebeu uma denúncia do local onde a cadelinha estava sendo mantida presa e conseguiu fazer o resgate.

“Com essa ausência fiquei mais sensível à situação de vulnerabilidade dos animais. A realidade do abandono e descaso ficou mais clara para mim. Antes, eu me preocupava com o bem estar dos meus cães, como se os outros não fossem responsabilidade minha. Com o retorno da Vida, vi que não podia apenas agradecer por isso, eu precisava fazer algo além. Então comecei a fazer resgates de animais em situações de perigo”, relata.

Voluntariado

Em janeiro de 2012, por meio de amigos, Marcílio Wander conheceu a Associação Piauiense de Proteção e Amor aos Animais (Apipa). “Já tinha ouvido falar da Associação, assistido algumas reportagens, mas nunca tinha ido lá. Soube do resgate que eles fizeram de uma cadela, a Pitty, que teve as duas patas dianteiras amputadas. Resolvi ir conhecê-la na clínica e a situação dela me chocou tanto que amortizei a dívida do tratamento e de mais outras duas cadelas”, diz Marcílio.

E assim, ele começou a colaborar efetivamente com a Apipa, tornando-se voluntário, participando das reuniões da associação, fazendo resgates, levando os cães pra passear e contribuindo

financeiramente no tratamento dos animais nas clínicas veterinárias.

“Espero que as pessoas se conscientizem e passem a ver os animais como seres vivos que sentem fome, sede, dor, frio, falta de carinho e de proteção, e que se deprimem com ausências... Não são meras coisas, descartáveis. E que, apesar de todo tipo de agressão sofridas, eles são capazes de ainda continuar sendo fiéis e companheiros”, declara Marcílio Wander.

Apipa

A Associação Piauiense de Proteção e Amor aos Animais foi criada em dezembro de 2007, como uma entidade sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover campanhas de conscientização da sociedade quanto aos direitos dos animais. Além disso, mantém um abrigo onde ficam os bichinhos resgatados enquanto aguardam adoção.

Atualmente, a associação possui cinco funcionários fixos, sendo dois enfermeiros e três para limpeza, além de cerca de 25 voluntários esporádicos, que contribuem financeiramente e com o resgate e o cuidado dos animais. A Apipa mantém-se com doações, tanto financeira, quanto de rações para filhotes e adultos, produtos de higiene animal e material de limpeza.

Adoção de animais

Outras histórias de amor entre pessoas e animais se repetem pelo Nordeste afora. É o caso de Ana Luiza Lobato Rezende, analista da Central de Retaguarda, em Aracaju (SE). Após a perda do seu cachorro de estimação, ela

Marcílio Wander no abrigo da Apipa

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Charlote, Kate e Penélope, quando filhotesCadelinha Vida após resgate e tratamento

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genética e crônica e indicou um enfermeiro que trataria Cachorro. Foram quatro meses de tratamento semanal, até que o animal teve uma recuperação completa.

Quando a vizinhança soube da melhora de Cachorro, de pronto informaram sobre um gato de rua com doenças de pele e sugeriram que a família de Claudia Simões o adotasse. “Em fevereiro de 2011, minha mãe trouxe para casa aquele animalzinho desnutrido, cheio de sarna, dermatites, vermes, quase sem pelos e que cabia na palma da mão. Surdo, mas tinha os olhos azuis mais lindos que já vi em um gato”, conta Cláudia.

O tratamento foi difícil, o gato perdeu os poucos pelos que tinha, mas conseguiu reagir. A família se apegou tanto ao animal, que resolveu adotá-lo também, para alegria de Cachorro, que a esta altura já havia se apegado ao gato, batizado de Finx. Claudia Simões não se arrepende de ter adotado Cachorro e Finx como animais de estimação e adora vê-los juntos, saudáveis e carinhosos. “Cachorro tem ciúmes de Finx, ele fica afastando a gente do gato, é um barato! Eles se amam como verdadeiros irmãos”, conta.

recebeu a oportunidade de adotar uma cadela da mesma raça, um cocker spaniel, que seria sacrificada no Centro de Zoonose de Sergipe.

A cadela havia sido abandonada na rua com a pata quebrada em várias partes. O veterinário se ofereceu para realizar a cirurgia gratuitamente, caso ela e a família aceitassem adotá-la. “Minha mãe, deprimida, relutou com medo de novo sofrimento por causa da perda de nosso cachorrinho, o Puff. Sem que ela soubesse, eu e as minhas irmãs autorizamos a cirurgia e a levamos para casa. Lembro como se fosse hoje da Luma fazendo companhia para a minha mãe, correndo de muletas pela casa inteira, sempre esperta e pronta para simplesmente nos amar, como o nosso amigo-irmão-filho Puff”, conta Ana Luiza.

A recuperação da pata de Luma foi difícil e os veterinários sugeriram amputação, mas a família não aceitou. “Demos a ela a oportunidade de nos mostrar que, com muita fé, melhoraria. E ela correspondeu! Espantosamente, os ossinhos ‘colaram’ após dois meses de muletas!”, relata.

A cadelinha Luma faleceu no último mês de abril, após nove anos de convivência com a família de Ana Luiza. “Nada pode apagar o que fica em nossos corações. Gostaria de um dia encontrá-la para continuar retribuindo todo o amor que recebi enquanto tive a sorte de ter convivido com ela”, declara.

A advogada Claudia Simões, do Conaj – Aracaju, também adotou um cão depois de perder o seu boxer branco, o Bandit Juzé, envenenado. Uma vizinha ofereceu outro cão da mesma raça, com três meses, que tinha problema de convivência com os outros cães da casa. De pronto a família aceitou o novo amigo e, com a demora para escolher um nome, ele passou a ser chamado de “Cachorro”.

Com um ano de vida, Cachorro foi acometido de uma doença de pele e Claudia Simões não encontrava um veterinário especialista. “Nós já tínhamos perdido as esperanças em vê-lo curado. Queríamos afastar a possibilidade de calazar, pois ele estava com a pele toda ferida. Foi quando nos indicaram um veterinário dermatologista do Centro de Zoonoses”, conta Cláudia Simões. O veterinário diagnosticou a sarna demodécica, que é uma doença

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Os animais de Claudia Simões, Cachorro e Finx, descansam juntos após a recuperação

A cadelinha Luma viveu nove anos com Ana Luiza

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Já a gerente executiva da Célula de Apoio Operacional do Ceará, Claudia Maria Brígido Bezerra Sales, adotou animais devido a insistência de sua filha, Irina Sales, que cursa Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC), onde encontrava vários animais abandonados. Irina passou a levar alguns para casa: a primeira, foi a cadela Shanty, nome indiano que significa “paz”.

Deram esse nome porque ela era muito agitada. Irina a encontrou abandonada, fraca e com fome. Pôs a cadelinha na mochila e levou pra casa. A família apegou-se ao animal e não quis entregá-lo à adoção. Depois de Shanty, vieram mais dois gatos, o Pio e a Luna, todos recolhidos por Irina e acolhidos por toda a família. Irina destaca que os animais fazem muito bem para a convivência familiar. “Além disso, nos sentimos felizes em salvar essas vidas, tirá-los da rua e trazer para cuidar em casa”, diz.

Claudia Sales é casada com Vicente Aderson Paz Sales, gerente de Produtos e Serviços do Ambiente de Gestão de Riscos. Eles foram resistentes no início, a família é grande (são quatro filhos) e ainda ter vários animais de estimação, morando em apartamento seria complicado. Mas depois cederam e apoiaram a iniciativa da filha.

Eles lembram que a rotina da casa mudou bastante após a chegada dos bichos, inclusive pelos cuidados para manter a saúde dos animais e também da família. “Os animais são companheiros fiéis e estimulam o sentimento de união na família,

transformando a casa em um ambiente com muita vida”, afirma Cláudia. Ela também lembra que “é necessário dedicar atenção aos bichinhos, dar a alimentação adequada e levá-los sempre ao veterinário”.

Responsabilidade

O cuidado com os animais ultrapassa o campo dos sentimentos e torna-se uma realidade de responsabilidade ambiental. Segundo Marcílio Wander, a Apipa recebe, em média, 15 a 20 ligações por dia para fazer resgates de animais abandonados. Além disso, muitos apenas deixam os animais na porta da associação, “eles acham que é uma espécie de depósito”, informa.

Para ele, faltam políticas públicas para os animais abandonados nas ruas, o que não impede que cada um, como ele, possa ajudar em algo. “Por que não se juntar um grupo de três ou quatro amigos e fazer a castração de animais de famílias pobres? A médio e longo prazo isso resultará em um grande benefício. Esses animais deixarão de ter em média quatro filhotes a cada cio. Em um ano, serão 15 a 20 cães (dependendo da raça do animal e dos seus ciclos de cio) a menos nas ruas, já que, na maioria dos casos, as famílias não ficam com todos os animais”, explica.

Claudia Simões também vê os cuidados com animais como uma responsabilidade. “Ter um animal é para toda a vida, seja a dele ou a sua. Os bichos não são descartáveis, possuem verdadeiro amor incondicional para com o seu dono. São seres vivos que precisam de

cuidados, carinho e afeto, e nunca devem ser vistos como acessórios de moda, que basta trocar a estação e joga-se fora. As pessoas precisam descobrir e praticar essa responsabilidade”, diz.

A atenção e carinho destinados aos animais abandonados partem de um sentimento que se encontra no lar, com os bichos de estimação. “O Tao e a Vida representam a felicidade de chegar em casa e tê-los sempre radiantes esperando a minha volta. Tento me espelhar nesse carinho incondicional que eles têm. Parece ser tão fácil... Acho que nós, humanos, é que complicamos. A vida é bastante breve e apenas passar por ela deve ser muito sem graça”, avalia Marcílio Wander.

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Os bichinhos adotados fazem parte da família de Cláudia Sales

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Élcio Hilan

Ambiente de Super-PB

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Encravado no alto sertão paraibano, mais precisamente na cidade de Sousa, a 427 km da capital João Pessoa, está o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). Em funcionamento desde 25 de junho de 2007 e inaugurado pelo então ministro da Cultura, Gilberto Gil, e pelo presidente do Banco do Nordeste à época, Roberto Smith, o CCBNB foi

criado com o objetivo de disseminar cultura, de forma gratuita, em uma região na maioria das vezes abandonada, valorizando a cultura local e formando um público crítico, principalmente dando acesso à cultura a quem antes não a tinha.

Cinco anos de cultura na Terra dos dinossauros

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“Contação de Histórias”, um dos projetos desenvolvidos no CCBNB de Sousa

empresas prestadoras de serviços.

Pelos palcos e corredores do Centro Cultural de Sousa já se apresentaram artistas de renome nacional e internacional. Mas o principal foco são os artistas da região, que não têm espaço na mídia. “Esse centro cultural é um verdadeiro lança-chamas para incentivar os jovens a buscarem a sua raiz cultural”, vibra Tiquinho, um dos integrantes do grupo Seresta Pura (Sousa-PB), que costuma se apresentar no espaço.

“Contaminando” todo sertão

Com o Programa Arte Retirante, que leva apresentações do Centro Cultural para as comunidades, mais pessoas têm tido acesso a essas atrações que

Na “Cidade Sorriso”, como é conhecida Sousa, a história não foi diferente. Em 2007, os rumos artísticos e a própria história da cidade tomaram outros caminhos. Isso porque os jovens sousensses costumavam ir à capital para estudar e ficar mais “cheios de cultura”, como se diz no sertão. Com a chegada do CCBNB, esses jovens, em especial os que vinham de famílias mais humildes, passaram a ter uma esperança de futuro.

De acordo com o médico Francisco Nóbrega Gadelha, frequentador assíduo do Centro Cultural desde a sua fundação e autor do projeto “Áudio Clube”, a vida cultural de Sousa e do sertão paraibano se divide em antes e depois do CCBNB. “Os artistas da região têm a oportunidade de mostrar seu trabalho, coisa que antes não acontecia. Além disso, as oficinas oferecidas no Centro vêm formando e descobrindo outros grandes artistas da terra”, comemora.

Valorização cultural

Até abril de 2012, foram registradas a visita de 927.180 pessoas no CCBNB e a realização de 3.367 eventos gratuitos. Além desses números, foi identificado o incremento proporcionado à região no tocante à conceituação do fazer e apreciar arte, além de resultados significativos na geração de renda a profissionais e

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tão bem representam a cultura local. O Programa já foi levado a 14 municípios da região, além de bairros da própria cidade de Sousa, tais como Angelim, Guanabara, Alto do Cruzeiro, Alto do Dnocs, Mutirão e Comunidade Cigana.

Esta ampliação da área de atuação refletiu-se também no incremento de novos usuários, “permitindo a efetivação de nossa missão primeira na formação de plateias nas áreas das artes visuais, música, teatro, cinema, literatura, filosofia e atividades infantis, abrangendo um público pertencente às mais variadas faixas etárias e classes sociais e agora também de bairros periféricos, mais distantes do prédio do Centro Cultural em Sousa”, destacou Tessi Leticia Barbosa, do CCBNB-Fortaleza.

O gerente do CCBNB-Sousa, Lênin Fúlvio de Freitas, ressalta que os cinco anos do Centro Cultural têm sido de fundamental importância para o desenvolvimento do setor no alto sertão paraibano. “Com isso, temos ajudado a promover emprego e renda aos artistas e produtores culturais, disseminando a arte em locais que antes não tinham acesso”, reforça.

De forma indireta, hoje o CCBNB-Sousa alcança todo o estado, abrangendo mais de 80 cidades. Trabalho esse que vem sendo apoiado pelos “Espaços Nordeste” dos municípios de Princesa Isabel e São Bento.

Para Leonardo Alves de Oliveira, presidente do Fórum de Cultura do Alto Sertão (Foca), o Centro Cultural é o principal incentivador e promotor de ações e políticas do setor na região. “Apesar de estar localizado em Sousa, suas atividades abrangem todo alto sertão do estado, incluindo programas de formação como cursos, oficinas, palestras, entre outras ações nas áreas de música, artes cênicas e audiovisual”, acrescenta Leonardo, que também é avaliador do Programa de Cultura Banco do Nordeste / BNDES.

O próprio Foca surgiu dentro do Centro, graças a um processo de formação político-cultural desenvolvido na localidade. “O sertão evoluiu 50 anos em cinco com a atuação do CCBNB de Sousa, que se transformou na casa do artista. De forma democrática, ele aqui pode apresentar seu trabalho, opinar sobre a programação, criticar e sugerir ações. O público é respeitado, pois todos têm igual direito e o dever de participar das atividades desenvolvidas”, conclui Leonardo.

Natural de Sousa, o artista plástico Berg diz que a chegada do CCBNB abriu os horizontes culturais tanto da população, quanto dos artistas da terra. “Aqui exponho meus trabalhos e as pessoas de baixa escolaridade, ou até mesmo os alunos que aqui frequentam, conseguem compreender o que quero expressar. Isso também é fruto do trabalho feito com os jovens”, afirma.

Prédio do Centro Cultural do Banco do Nordeste, em Sousa

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Luziane Freire

Ambiente de Comunicação Social

[email protected] De repente, o vento trouxe um pedaço de papel com o nome de um rico mercador a quem a moça deveria entregar o bilhete. A mensagem dizia que o comerciante deveria pagar à moça em moedas de prata equivalentes ao peso do papel. Inexplicavelmente, foram necessários 400 escudos de prata para que a balança atingisse o equilíbrio.

Foi nesse momento que o comerciante lembrou que havia prometido o exato valor ao santo e que nunca havia cumprido a promessa. Arrependido, decidiu, então, dar o dinheiro à moça.

Assim, com o tempo, Santo Antônio foi ficando popular e ganhando fama entre as jovens mulheres. Hoje, muito mais do que casamenteiro, é um mártir. Vítima incansável de simpatias, o “bem-aventurado” ganhou esse atributo por ajudar quase forçadamente outra solteirona.

Afastando um pouco a fantasia para dar lugar a uma definição um pouco mais isenta, podemos encontrar no dicionário Houaiss a seguinte definição de casamento: “união voluntária de um homem e uma mulher, nas condições sancionadas pelo direito, de modo que se estabeleça uma família legítima”. Eis a questão! Como chegar lá?

Seja homem ou mulher, todos já conhecem o caminho tradicional: paquerar, namorar, noivar e casar. Mas esses passos naturais não acontecem tão facilmente e, em alguns casos, é preciso uma ajudinha extra, uma forcinha sobrenatural, sendo mais comum a do bom e famoso Santo Antônio.

Queridinho entre as moças solteiras, Santo Antônio é muito popular pelo mundo. Batizado de Fernando Bulhões, nasceu em 1195, em Portugal, e viveu grande parte de sua vida em Pádua, na Itália. Ficou conhecido porque ajudava mulheres a encontrarem um marido.

A história que eternizou o santo como casamenteiro foi a que, certa vez, na região de Nápoles, uma moça cuja família não possuía bens suficientes para pagar o dote, ajoelhou-se à frente da imagem de Santo Antônio e, desesperada, começou a rezar e pedir ajuda.

Casamento, uma palavra um tanto quanto idealizada pelo público feminino, em especial para as mulheres que sonham com o seu príncipe encantado, vindo a galope, com

um buquê de flores e com aquele sorriso de paralisar qualquer rosto.

Além de milho e roupas de chita, a época junina é um prato cheio para as moças botarem fé no casório. Nessa missão, elas contam com um santo aliado.

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çãoSanto, cupido e mártir

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TOReza a lenda que uma moça havia perdido as esperanças de arranjar um marido e, sabendo da qualidade de casamenteiro de Santo Antônio, apegou-se a ele. Construiu um pequeno altar, mandou fabricar uma imagem do santo e, todos os dias, dedicava um pedaço do seu tempo rezando uma novena. A jovem ofertava flores, limpava o local com muito zelo, até que se passaram anos e nada. Tomada pelo desespero e transtornada pela falta de atenção do santo, ela atirou a imagem pela janela. Inexplicavelmente, foi assim que ela conheceu seu marido. A estátua atingiu a cabeça de um rapaz que passava ao lado e, por coincidência, também era solteiro. Foi amor à primeira vista.

Assim, com o passar do tempo, tornou-se comum impingir “castigos” ao santo de proporções maiores. São tantos e de maneira tão perversa que é difícil acreditar que Santo Antônio ainda atenda alguém.

Mas não é que aconteceu! Ana Karolina Pamplona, do Ambiente de Comunicação Social, garante que já viveu de pertinho essa experiência e também recomenda o martírio. “Minha tia roubou uma imagem de Santo Antônio de uma amiga, separou o santo da criança que a imagem carrega, pendurou de cabeça para baixo e disse à imagem que só voltaria tudo ao normal depois que ela casasse. Foi tiro e queda!”, afirma.

Festa

Comemora-se o dia de Santo Antônio em 13 de junho e é justamente nessa época que o número de preces aumenta. São novenas, promessas e até festa para homenagear o santo. A crença é tanta que todos querem agradecer e, na maioria dos casos, rezar para que o marido apareça o quanto antes.

Entre as festas mais conhecidas, podemos citar a Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio, em Barbalha (CE). De cunho popular, o momento já é considerado Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Anualmente patrocinada pelo Banco do Nordeste, essa comemoração é um dos eventos mais populares do Nordeste.

1- Rosanne Rocha conferiu de perto as comemorações da Festa do Pau da Bandeira 2- Os festejos em homenagem a Santo Antônio atraem cerca de 300 mil pessoas à Barbalha (CE) 3- Vários grupos musicais apresentam-se durante os 15 dias do evento 4- Para assegurar o casamento, mulheres retiram lascas do pau para fazer chá

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A festa surgiu em 1983 como uma manifestação religiosa em homenagem ao padroeiro da cidade, Santo Antônio, e, com o tempo, foi ganhando dimensão cultural. Atualmente são 15 dias corridos de festa, reunindo cerca 300 mil pessoas, inclusive de outros estados.

Na época do festejo, a cidade de Barbalha se transforma em uma cidade junina. Além dos aspectos religiosos, é possível se divertir com as apresentações de atrações musicais, quadrilhas, quermesse e, claro, o típico forró.

A grande atração cultural do festejo está no transporte do “pau da bandeira”. Nesse momento, é derrubada a árvore mais alta do sítio da igreja matriz da cidade e o tronco é transportado pelos conhecidos “carregadores do pau da bandeira” até o meio da festa. No seu trajeto, o pedaço de pau é alvo número um das mulheres que querem casar. Até chegar ao seu destino final, as moças ficam desesperadas para tocar no tronco, isso porque há uma crença que as mulheres que encostam no pedaço de madeira casam.

Cena, no mínimo, engraçada, na opinião de Jacqueline Araujo Correia, gerente executiva de operações de recuperação de crédito da agência de Lavras da Mangabeira (CE). “As pessoas se manifestam de forma irreverente. No ano que participei, as minhas amigas me aconselharam a não chegar perto do pau enquanto ele era carregado pelas ruas. Fiquei, então, vendo a brincadeira de longe e foi assim que descobri o porquê do aviso.

Vi muita mulher tentando chegar perto do pedaço de pau e, em alguns casos, as coitadas eram até esfregadas nele”, revela.

No caso de Rosanne Rocha, funcionária da Célula de Produção Audiovisual, foi diferente. Ela não presenciou o carregamento do pau da bandeira, mas fez questão de chegar perto e pedir uma ajuda extra a Santo Antônio. “A cultura popular nordestina é riquíssima! E eu admiro muito as nossas manifestações e a fé do nosso povo. Então, estando em Barbalha, em pleno dia 13 de junho, não poderia deixar de ir conferir o tradicional pau de Santo Antônio. Só que meu pedido pra ele acabou sendo mais complicado, além de me mandar um marido, ele também precisaria me mandar um candidato que me fizesse acreditar que esse negócio de casamento pode dar certo”, brinca.

Pesquisa

Se você é mulher, solteira e está à procura de um marido, pense bem. Nem tudo está perdido! Talvez essa seja a única oportunidade de ser feliz. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, em março de 2012, com 200 mil pessoas em 158 países, mulheres são mais felizes do que os homens e, as solteiras, ainda mais do que as casadas. Assim, se Santo Antônio ainda não atendeu suas preces, você pode optar em ser livre, leve, desimpedida e, claro, feliz.

Você acredita no poder casamenteiro de Santo Antônio? Que arriscar?

Seguem abaixo algumas simpatias. Cuidado para não exagerar!

1 – Você escolhe uma imagem de Santo Antônio e, de cabeça para baixo, coloque-a dentro de um copo com água. Com fé, você afirma para o santo que só o tirará de lá quando tiver arranjado namorado.

2 – Pegue na imagem do Santo António e fale com ela. Diga-lhe que enquanto ele não lhe arranjar um namorado, ela passará frio dentro da sua geladeira e, se demorar muito, irá para o congelador. Retire-o de lá quando o seu amor lhe bater à porta.

Simpatias

3 – Pegue 7 rosas coloridas e coloque-as em um vaso. Enquanto você faz isso, reze para Santo Antônio. Depois que elas secarem, leve as pétalas até uma igreja onde aconteçam muitos casamentos e ofereça a Santo Antônio.

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Francisco das Chagas Cunha Filho

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Aexpressão do título soa ligeiramente vulgar, considerando adoção comum a bairros de grandes e pequenas cidades, em especial do Nordeste. Quem nunca ouviu falar numa localidade assim chamada e, às vezes, motivo de constrangimento para alguns moradores? Que não se apresse o leitor em querer alterar a grafia, pois, com certa presunção,

podemos mesmo admitir que a prosódia ostenta ares universais, se para isso corroborar o parentesco mitológico do caprino. No primeiro caso, tem-se Alto do Bode, com a ligeira conotação geográfica de periferias urbanas a guardar episódios sombrios. No outro caso, o termo assume caráter mais solene – auto –, se levarmos em conta o aspecto simbólico e a celebridade do bicho.

O bode não só faz parte de uma pecuária típica de subsistência em regiões semiáridas, como também integra o universo cultural de forma mítica e folclórica do imaginário

coletivo, sendo o bicho considerado um símbolo nordestino e universal.

O auto do bode

A Grécia antiga nos lembra que o deus Pan, protetor dos bosques e dos rebanhos, veio ao mundo com chifres e pés de bode, para o deboche das ninfas e registro olímpico do primeiro caso de bullying – tão presente nos

dias de hoje e que tem despertado o interesse de pesquisadores para entender o comportamento esquisito dos mortais. Diz a clássica língua que, em virtude dos caracteres bodescos, o filho

de Mercúrio e Penépole teria sido ridicularizado por deuses e deusas, em plena trivialidade festiva dos salões eternos. Tomado de pirraça e opinião, o estranho rebento negou-se, desde então, a gozar as benesses do amor, vivendo de modo arredio nas florestas. Entretanto, nada disso impediu que o deus silvestre lograsse o direito a culto, bem antigo na Arcádia, e certamente anterior a qualquer civilização. Curiosamente, outra vez, foi desbancado pelo

vedetismo olimpiano. Seu culto foi extinto, diante da pompa de outros ritos patrocinados pelos deuses, presumivelmente mais belos. De toda sorte, o deus Pan manteve-se fiel a sua relação com a natureza inteligente, fecunda e criadora.

Outra variante mitológica desse quadrúpede malcheiroso aparece na linhagem dos sátiros, espécie mista de homem com bode, pertencentes à tribo do sábio Sileno, sendo todos parceiros de farra de Dionísios, o deus do vinho e da embriaguez. Ao que tudo indica, as bizarras figuras herdaram o hábito xereteiro e a virilidade sedutora dos rufiões. Na pintura renascentista, há um flagrante desses maníacos selvagens em cena de assédio sexual no quadro de Peter Paul Rubens (1577-1640), em “Diana e suas Ninfas surpreendidas pelos Sátiros”. A obra reverencia a bela e tentadora deusa da caça que nunca escondeu seu repúdio ao atrevimento dos instintos inferiores. Vede o caso do apaixonado caçador Acteon, que foi transformado num javali só porque, na ânsia de pegar uma brecha divinal, flagrou a formosa deusa tomando banho numa fonte. Misericórdia!

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Passadas as nuvens do Renascimento, o renomado artista espanhol Francisco Goya (1746-1828) retratou em tons diabólicos o bichinho tão querido das bruxas, embora a figura fosse frequentemente mencionada como “O Grande Bode ou Cabrão”. O quadro compunha a coleção “Pinturas Negras”, que Goya usou para ornamentar os muros de sua casa, conhecida como a “Quinta do Surdo”. Provavelmente, uma referência aos cultos pagãos ou provocação proposital contra os rigores da Inquisição, mal acostumada a mandar para a fogueira adeptos e suspeitos de práticas obscuras. Só por ter pintado as famosas Majas em poses nada usuais, quase o detonaram em processo inquisitorial aberto contra ele em 1821. Contudo, livrou-se da encrenca pelo talento inquestionável de uma existência abnegada, em que retratou a vida mansa da coroa, na condição de Pintor Real. Lembre-se que nessa época não havia fotógrafo nem assessor de imprensa.

Ainda sob o aspecto religioso, há o caso da tradição judaica do Holocausto que celebra a expiação de pecados. Durante a antiga cerimônia, o pobre animal era eleito como Bode Expiatório, cuja missão era pagar os pecados do povo, sendo a expressão incorporada ao uso popular. Nesse auto, o sacerdote punha as mãos sobre a cabeça do infeliz e confessava de modo solene e fervoroso as faltas humanas cometidas pela comunidade. Depois, soltava o bicho carregado de coisa ruim pelo deserto para ser raptado e possivelmente esfolado por algum anjo das trevas. Coitadinho.

Mas, em se tratando da grandeza do bode, há um caso extremamente emblemático que não se poderia, aqui, omitir. Trata-se do bode mais famoso de Fortaleza, o Bode Ioiô. Este não tinha nada de campestre e muito menos de arredio. O ex-bicho do mato pulara as cercas do sertão para dar com os cascos e as fuças no coração do povo alencarino. Bode Ioiô acumulou entre outros ofícios a marca de boêmio, namorador e presepeiro. Frequentava, assiduamente, a Praça do Ferreira, berço e seio da intelectualidade cearense. Para quem duvidar, é só conferir os

autos biográficos, registrados no Museu do Ceará e nas homenagens de poetas e artistas da Belle Époque de Fortaleza, como Otacílio Azevedo e Raimundo Girão. Está lá, ainda preservado em pêlo e osso, para gringo ver. Lindo e irreverente como fora em vida. Em Hollywood, arena do Tio Sam, há estátua em sua homenagem. Pode, senhor Obama?

Bebia cachaça, cerveja ou whisky, dependendo do humor e do bolso mais generoso. Mas tudo com classe, nada de cuspidelas nem mão nos beiços. No máximo, uma discreta bodejada. Uma de suas gaiatices dá conta de que ele farejava os rabos-de-saia que abundavam em torno dos camelôs e artistas de rua, tão comuns naquele logradouro. Era nessa hora que ele mostrava serviço, abusando dos chifres para desfraldar as peças íntimas de donzelas e dondocas (ah, bicho sem vergonha!). Conquistou simpatia, caindo nas graças de leigos e cultos. Além disso, não passou despercebido na política local. Em 1922, para a surpresa de mesários e de figuras ilustres de nossa vã oligarquia, apareceu como o vereador mais votado de Fortaleza, embora não tenha assumido, porque certamente alguém teria que pagar o bode, ambiguamente falando.

Ioiô deixou legado folclórico e fez da Praça do Ferreira seu auto perene, ao ar livre. Quando apareceu morto na rua, não faltou quem especulasse a causa mortis como sendo cirrose hepática, atentado político ou crime passional por ter, inadvertidamente, ferido a honra de alguém melindroso ou pisado nos calos de algum noivo ofendido.

Como vedes, existem muitos autos e altos para o famoso cabra. Afinal, para quem conhece o sertão, sabe que o bicho detesta os brejos e adora um serrote, onde desgraçadamente vira preza fácil das onças de quatro e de dois pés. Não seria ainda os resquícios de sua fama expiatória? Êta, bicho da peste!

Crôn

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“Diana e suas Ninfas surpreendidas pelos Sátiros”, de Peter Paul Rubens Bode Ioiô, símbolo da irreverência cearense Conterrâneos

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Page 50: Revista Conterrâneos nº 36

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HORIZONTAIS

1. Da mesma terra, compatriota – Capital nordestina que sedia o Banco do Nordeste2. Planta medicinal também usada em saladas, o mesmo que salsão – Regra categórica, norma – Extensão mais ou menos limitada de espaço, território ou superfície – ... das Rocas, reserva biológica situada próximo a Natal3. São Paulo (sigla) – Raiva intensa – Organização Mundial de Saúde (sigla) – Grande extensão de água salgada 4. Grande ave nativa da Nova Zelândia, já extinta – Unidade de comprimento equivalente a 2,54cm - Símbolo químico do Rádio5. Academia de Letras Latinas (sigla) – Colocar acento gráfico em uma palavra 6. Cidades (uma paraibana e outra pernambucana) que disputam o título de capital do forró (AG)7. Arquivo Nacional (sigla) – Cartunista brasileiro que se notabilizou por usar roupas femininas – Antiga, fora de uso – Unidade Agrícola (sigla)8. Símbolo químico do xenônio – Grupo de Amigos (sigla) – Nordeste (sigla) – Na geometria, nome dado a um segmento de reta orientado9. Escola de Agronomia (sigla) – Estado da região norte colonizado por cearenses – Adicional de Tempo de Serviço (sigla) – Observatório Astronômico (sigla) – Período de tempo longo10. Cobertura de cabeça usada por autoridades da Igreja Católica – Escola Internacional (sigla) – Movimento harmônico de levantar as mãos feitos pelas torcidas nos estádios de futebol, passando ideia de onda11. Estado em que o tipo de governo é a monarquia – Fruto da jaqueira – Negativa – Pronome pessoal da 1ª pessoa do singular12. Higienizador de cabelos – Mobiliário indispensável a uma casa, sempre acompanhado por cadeiras ou bancos – Capital do Maranhão (AG)

VERTICAIS

1. Estado do escritor José de Alencar (sigla) – Aipim ou mandioca2. Cidade paraibana da região do Curimataú oriental (AG) 3. Líquido inflamável em forma de gel pegajoso e incendiário muito usado como arma na guerra do Vietnã – Misturado, moderno (pop. ing.)4. Tecnologia da Informação (sigla) – Elemento químico empregado para a fabricação de eletrodos e joias, também usado em implantes5. Conjunto de acontecimentos históricos narrados em verso, poesia épica – O “amigo” do Jerry no desenho animado6. Utensílio doméstico usado para puxar água do chão – Formular negativa, afirmar que não7. Instituto de Letras (sigla) – Capital nordestina que significa “Cajueiro dos Papagaios” (AG)8. Planta também conhecida como Babosa – Grupo de Trabalho (GT) 9. Nordeste (sigla) – Estação de estrada de ferro10. Economia Informal (sigla) – Fedor – Clube Atlético Mineiro (sigla)11. Prato típico japonês, feito à base de legumes cozidos, ovos e tofu12. Aquele que tem autoridade para mandar ou impor ordem 13. Fundação de Ação Social (sigla) – A única capital nordestina que não fica localizada no litoral14. Orquestra Regional (sigla) – União dos Estudantes do Ceará (sigla) 15. A marcha que move o carro para trás – Cama de lona usada para transporte de doentes – Açude cearense, um dos maiores do Nordeste16. Empresa de avião nacional – Zoonose que acomete mamíferos e pode ser transmitida ao homem 17. Sigla do estado do Amazonas – Rede Católica de Educação – Sufixo que significa novo 18. Casa, residência – Unidade de Assistência Técnica Especial (sigla) – Universidade de Lisboa (sigla)19. Escola Técnica (sigla) – Centro Acadêmico (sigla) – Ouro, em espanhol20. Produzir grande ruído ou “frescar” com os outros – Relativo ao campo, agrícola 21. Alagoas (sigla) – Bebida de origem indígena, bastante consumida nas festas juninas – Moderno sistema de frenagem automotiva (sigla)

*Todas as cidades sinalizadas com a sigla (AG) possuem agência do Banco do Nordeste.

Dicas: moa / mix / aloe / napalm

Conterrâneos

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