Revista Cultural Novitas Nº 7

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  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    1/29[1] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

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    2/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [2]

    Revista Cultural

    Novitas

    Ano II Nmero VII

    Setembro de 2010

    Esta uma publicao da Editora Novitas em

    periodicidade bimestral, distribuda em forma

    eletrnica e gratuita.

    Todos os textos, imagens ou qualquer

    outra forma de manifestao aqui publicados

    foram devidamente solicitados a seus autores, que

    autorizaram sua utilizao por meio de mensagem

    eletrnica.

    Imagens no creditadas a outros so

    de autoria de David Nobrega, excluindo-se aquelas

    que sejam relativas aos autores de artigos e de

    alguma maneira ligada aos entrevistados (imagens

    pessoais ou de suas obras).

    Editores:

    Letcia Losekann Coelho

    David Fordiani Nbrega

    Isento de registro ISBN, conforme instruo

    da Biblioteca Nacional.

    Editorial

    Pois bem, chegamos ao segundo ano de nossa revista. E comlouvor, j que os leitores s aumentam. Bom sinal, minha gente. Aospoucos, sem pressa, vamos acostumando mais e mais pessoas a exercero maior direito do ser humano: usar o crebro. Sim, pois aqui no seencontra somentes poesias embargadas de sentimentos e sorimentos,ou contos vampirescos. Entrevistas e artigos so uma tima maneirade ensinar a pensar.

    Esta edio do que h, nada alta. Mais um cone da msicapopular brasileira, imerecidamente no lembrado quando dasdiscusses que vemos por a, o grande Luiz Amrico, nos concedeuuma tima entrevista. E temos msica nova e de extrema qualidadecom Makely Ka, em texto genial do jornalista Marcelo Dolabela. NaLiteratura h David Coimbra nossa primeira entrevista presencial, que embora se acredite regional, tem ases na manga para mais

    de um Brasil. H Van Luchiari, nossa nova autora embora velhaconhecida. E mais artigos, resenhas (inclusive de meu livro Contosque ningum conta), crnicas, contos, poesias. Enim, precisamosaumentar de 20 para 29 pginas, pois com tanto contedo dequalidade no houve como cortar algo.

    Na capa, para quem no sabe, h o smbolo de Libra.

    Eu sabia disso? No, mas a sempre presente astrlogaMadalena, tambm @oiodavida no twitter, me elucidou e veio a

    calhar. Libra, segundo ela, ala da busca de equilbrio da Natureza,renovao de ciclos, um perodo intermedirio onde cada ser(...) na ntegra, leia em iodavida.blogspot.com e acredito pertinentepara o momento que vivemos.

    Mesmo no sendo este o melhor de lugar para de se tocar emassunto poltico vale lembrar que, gostando ou no, voc ter queescolher quem comandar o pas durante os prximos anos. Assim,use Libra ( Veja que interessante, a revista sai sob o signo librianoe esta a stima edio. Coincidncias...) e mantenha o equilbrio.Estude. Com tantos escndalos, impossvel ser conivente com acorrupo que grassa nosso errio, enriquecendo quem se diz patriota.No v pelas cartilhas partidrias, mas use o crebro, como disse l noprimeiro pargrao.

    Tudo bem, voc daqueles que no acredita em Astrologianem em Poltica? No h problema... Apenas pense que muita genteque descrente da vida precisa que voc, que tem poder de voto, aauso dele com sabedoria.

    Pelo bem de todos ns, povo...

    David Nobrega

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    Editora Novitas: Como ver os teuslivros virarem pea de teatro (Saltosde Scarpin, baseada em Jogo deDamas e Mulheres)? Tu pensas emescrever roteiro?

    David Coimbra:O Jos Pedro que estazendo um lme sobre meu romance

    Canibais queria que eu escrevesseo roteiro mas dai eu pensei: P, vouescrever o roteiro sobre um troo queeu j escrevi, n?. Achei demais. Derepente, se der vontade algum dia, seil....

    Agora ver a pea assim,como quando eu vi pela primeira vezencenada, oi interessante, divertido,porque outra linguagem, outra ormade comunicao. No pode esperar queaquilo que tu escreveu seja parecidocom aquilo que est sendo encenado.Outra orma de se expressar, outra

    linguagem. E achei divertido, gostei.Esquisito, mas tu v aquilo que tuescreveu e ca assim: Bah! Eu escreviisso!

    N: No d um certo cime de ver tuas

    personagens por assim dizer na mo deoutras pessoas?

    DC: No, no chega a isso. Claro quemudaram um monte de coisas e tal.Eu resisto tentao de car pensandoAh, poderia car melhor, porque daiseria de meu jeito.

    N: A o roteiro teria que ser teu...

    DC: Sim, claro, assim como a direoe outras coisas. Achei bacana, a genteno pode ter esse tipo de apego. amesma coisa aqui no jornal, que eusempre digo que tem editor que quer

    mudar tudo que o reprter az, porquequer azer do jeito dele. Mas tem coisasque no precisam ser reeitas, no ?

    N: Alguns escritores gachos, principalmente iniciantes, tem

    uma viso de que precisa sair doRS para azer sucesso. Apesar dessepensamento, se ormos vericar a listados mais lidos (com raras excees),

    todos so gachos: Scliar, Martha Medeiros, Lya Luf, Carpinejar eteus prprios livros. Aqui no RS oque nos parece que existem ilhas decultura, que no se misturam. Ento alta alguma coisa, porque no naldas contas aqui um grande centrocultural...

    DC: assim: precisa e no precisa siardaqui. Porque se voc no lido emSo Paulo, voc ca restrito a este

    Diretor executivo de esportes e colunista do jornal Zero Hora alm de comentarista da TVCOMescritor. Participa do programa Pretinho bsico, na rdio Atlntida. autor de mais de 10 ttulos e

    ganhou diversos prmios literrios e jornalsticos.Simptico e inteligente, passeia pelos mais diversos assuntos entre seus livros e suas crnicas.Perfeccionista, trabalha em cada texto como se fosse o melhor de sua vida alm de pesquisar

    muito para escrever.Escreve regularmente no blog http://ht.ly/2BLMF (ClicRBS)No escreve no twitter, porm h um fakeautorizado com a conta @DdCoimbra.

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    mbito regional. O Verssimo pegouno Brasil inteiro com uma situaoespecial, primeiro porque lho doErico Verissimo, j carrega esse nomee que, quer queira quer no, vlido.Depois criou o Analista de Bag, ondeele escreveu uma antologia de crnicasinternacional, sabe? Independente

    de onde tu estejas se tu esta lendoaquele livro tu esta rindo, se divertindo.Da maneira como ele consegue secomunicar, um clssico. O MoacirScliar tem 80 e tantos livros escritos euma atuao de escritor que muitoorte. Um cara que atua como escritor,a uno dele ser escritor, se dedica aisso e tambm conquistou o apoio damdia. A Martha Medeiros conseguiu

    uma comunicao com a mulher declasse mdiainteressante,c o n q u i s t o uuma coluna noRio de Janeiro,no Globo,ento so casosparticulares.

    N: Ento tu saidaqui, vai para

    l az sucesso edepois volta?

    DC: Ah, mas sevoc az sucesso l voc az sucesso aquie a premissa contrria no verdadeira.Eu sou um escritor regional, quem meconhece l so meus colegas jornalistas.Meu nome no um nome que tu

    alas l ora e as pessoas reconhecerocomo acontece aqui, entendeu? ALya Lu no, ela tem uma histriapregressa, mulher do Celso PedroLu (professor, gramtico, fillogo, lingistae dicionarista brasileiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Celso_Luft) e ela agora, maisavanada, conseguiu a coluna na Vejae reconhecimento dos livros e tal. Temgrandes escritores aqui, como o Faraco

    (Sergio Faraco http://pt.wikipedia.org/wiki/Sergio_Faraco), por exemplo, que umbaita de um escritor, e vende 2000livros. Isso aqui, no Rio Grande do Sul.

    N: Tu um autor de assuntos variados.Teus textos geram polmica. Qual oi a crnica ou livro que gerou maispolmica?

    DC: Vrias crnicas. Teve uma queescrevi quando um cachorro mordeumeu lho que os deensores dos

    animais do mundo inteiro, mundointeiro mesmo, me enviaram milharesde email s. Tanto que eu tive queescrever outra crnica pedindo calma,porque estavam at me ameaando.Recebi email dos USA, da China...

    N: Da China, onde inclusive comemcachorro...

    DC:Impressionante, de todo lugar.Pessoas me xingando. At hoje ainda

    recebo um ou outro. Escrevi outracrnica sobre, os vegetarianos. Umagozao, enlouqueceram, oram lazer maniestao no lanamento deum livro meu... Mas eu no escrevopara azer polmica no, viu? Tu dizque causam polmica tal. Eu escrevoe a cada texto eu tento azer o melhortexto da minha vida. Porque eu gostode escrever, sou jornalista para escrevere no escritor jornalista. Sempre naminha vida tudo o que sempre quisoi escrever bem. E trabalho para issotodos dias. Ento eu sempre tento azero melhor texto. E tento ser sinceronaquilo que estou escrevendo. Tentodar minha opinio mesmo, comsinceridade e com honestidade. Temque ser honesto naquele texto ali.

    Ento, agora escrevi um textoViva o Imperialismo, sobre aquelenegcio que os caras cortaram o nariz eas orelhas da moa l no Aeganisto. Ea sobretudo no blog os comentaristasde blog so muito agressivos, n? -- techamam de babaca, por exemplo. Eupublico tudo, no deixo que censuremnada, a no ser que alem de outraspessoas, ai sim eu tiro. Mas eu no ao

    isso para gerar polmica. Eu penso oque escrevi, mesmo. Eu no sou umimperialista no sentido de deenderos Estados Unidos, mas deendo ainterveno da ONU. So casos graves

    de desrespeito aos direitos humanos.Porque ai um Estado inringindouma norma que humanitria bsica.

    Tem uma outra coisa que aspessoas cam bravas comigo que quando contesto esses ativistas, comoos antroplogos, que dizem que todasas culturas so iguais e tal. Eu digo que

    no, que no so todas iguais. A culturaocidental superior e superiorporque prega que todos so iguais,enquanto os outros no, eles pregam adierena. E mais do que isso, a culturaocidental atingiu depois de vriosmassacres, de crueldade , um nvelencontrado na Europa e na Amricado Norte e que a gente pode chamarde teoria de direitos humanos, que

    nico na histria do mundo. Nuncase chegou a esse ponto na deesa dosdireitos humanos, como o que existe nacultura ocidental moderna, algo que nacultura oriental no existe. No existena China, no existe no Oriente Mdio,no existe em outras partes do oriente.No ocidente basicamente pela culturaeuropeia e norte-americana.

    Atingimos um nvel ondese deende as mulheres que soiguais aos outros , os homossexuais que so iguais aos outros e tupode ter qualquer posio poltica,partidria, religiosa, o que nada mais que a liberdade do ser humanocomo indivduo, no ? Isso culturaocidental. A as pessoas se chocam,porque tu est dizendo que oseuropeus e americanos so superiores.Sim, porque quando uma pessoa pensa

    assim sobre os direitos humanos, ela superior. Uma pessoa que pensa assimse coloca em um outro plano. Ou tu

    vai me dizer que um talib que capazde azer aquilo tudo com uma mulher um ser superior? Ao contrrio, elese coloca abaixo da humanidade. Atestou desenvolvendo esse assunto aquicom vocs e vai virar assunto para aprxima coluna...

    Por que eu estou te dizendoisso? Porque algo que eu penso, eujogo com a honestidade, no coragem.Ah porque tu corajoso. No soucorajoso, estou tentando ser honesto

    No soucorajoso,estoutentandoserhonestopara dizer

    o que euestourealmentepensando.

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    5/29[5] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    paradizer o que eu

    estou realmente pensando.

    N: O que trava as pessoas hoje,

    principalmente quem est na mdia, o tal politicamente correto. Vocacaba tanto se policiando para ser politicamente correto que voc acabano pensando por voc. Tudo que seescreve tem que dar aquela maquiada,antes de publicar.

    DC: Olha, se voc car com medo delevar pau, ento melhor no escrevernada. Ah, tu vai ser criticado? A tuescreve um texto andino, ningum

    vai querer ler, sem sal.

    N: Como tu lida com a crtica? No acrtica real, mas a agresso na internet.

    DC:

    Isso algo novo e na imprensa, agente que escreve para jornal, tem queaprender a trabalhar com isso. Porquenunca antes houve esse acesso.

    N: Alguns esquecem que do outro ladoda tela tem gente tambm.

    DC:... tua reao vai direto. Tu umimbecil!.

    aquela coisa assim, antes tu

    tinha que escrever uma carta para ocara do jornal. Se tu ligar para o cara,ele vai te responder. Ningum pega oteleone e te liga para xingar. Na rua? Tuanda na rua e ningum vem te xingar na

    rua. No acontece isso. A carta,tu no vai escrever uma cartapara xingar o cara, porque aitu tem que escrever, tem queir l, postar. Tudo isso azcom que o leitor refita.

    Agora, por exemplo,um email muito dierente

    de um comentrio de blog.Tem muito dessas sutilezasna internet. O cara doemail mais preparadoque o comentarista deblog. N: Como unciona teu

    processo de criao para oslivros?

    DC: Depende do livro. Tem um queeu estou escrevendo agora, um livromodesto, que A Histria do Mundo eo Sentido da Vida. Publiquei no blog juns cinco captulos. que eu gosto paracaramba de histria. Mesmo que euesteja lendo um romance, estou lendoum outro de histria junto, mais oslmes, seriados sobre histria. As vezeseu conto algumas dessas histrias no

    jornal e as pessoas gostam. Meu livro Jogo de Damas tambm isso. E aresolvi azer isso, a Historia do Mundo claro que uma brincadeira .A Histria do Mundo no um livrohistrico, mas um livro de histriasda histria, vamos dizer assim. Masao mesmo tempo histria. Estoucurtindo isso para caramba. Agoraestou na parte dos egpcios e ai releio

    todos aqueles livros que tenho quealam sobre os egpcios. Isso eu gostode azer.

    N: E tuas anotaes ainda camem papel ou j migrou de vez para ocomputador?

    DC: Ah, os dois... Eu uso as duascoisas. Escrevo muito nos prprios

    livros. Se tu pegar meus livros vai ali verum monte de anotaes.

    N: E o e-book? Muitos autores apostamno e-book, dizendo que vai substituir

    o papel, que aumenta o nmero de

    leitores. Tu achas que aumenta onmero de leitores ou mantem?

    DC: Eu acho que o que aumenta onmero de leitores a educao bsicamesmo. O e-book outro meio deleitura. J se leu em papiro, j se leu

    em porcelana, em conchas, se leutambm naquelas lousas que os carasapagavam e depois escreviam emcima, palimpsesto. A chegou o livro, aprensa, que ez com que a inormaoacelerasse e agora o e-book vai pegar.Mais cedo mais tarde pega, porque muito prtico. Eu vi um desses aioutro dia e tu regula o tamanho daonte, regula luminosidade, tem 1500

    livros numa coisinha deste tamanho,vira pgina, marca a pgina, busca. Setem alguma reerncia sobre aquilo,tu tem dicionrio, tu tem Wikipedia.Vai continuar a existir livro de papel?Claro, isso sempre vai existir.

    N: Hoje em dia aqui no Brasil aspessoas leem na mdia 1 ou 2 livros porano...

    DC:Se muito... N: Sim, e c o n c e n t r a d oem quem estno colgio e nasuniversidades.So livros delista, elas soobrigadas a ler.

    Ento o Brasilno um pais

    de leitores esim um pasde escritores.Quando quetu acha que ascoisas no Brasilvo mudar?

    DC:De novo, educao bsica. No temoutra soluo que no seja a educaobsica. No s para cultura, para aleitura, tudo... Segurana pblica, aeducao entre as pessoas, para o

    (...)eu estou

    escrevendo

    agora um

    livro

    modesto,que A

    Histria do

    Mundo e o

    Sentido da

    Vida

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    6/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [6]

    Um projeto nascido do Twitter. Essa a primeira definio de Apenas o necessrio.

    O trabalho rene frases marcantesde 36 twitteiros. A rede social conhecida por limitar em 140caracteres o que se digita, pois isso que pode se encontradono livro da editora Novitas.Originalidade, intensidade e,at mesmo, modernidade aoutra forma de definir Apenas o

    necessrio.O ttulo j uma formade mostrar a brevidade da obra,pois, assim como as curtas frases,a leitura rpida. Efmero? Sim,afinal, aquilo que vai para a internet tende aser breve. Na verdade, a qualidade do textomostra que possvel encontrar boas coisasno mundo virtual. Porm, preciso ficaratento, caso contrrio os textos podero

    passar rapidamente sua frente e acabardespercebidos.

    Um exemplo do que foi mencionadoacima encontrado logo na sexta pgina. Oleitor j ir encontrar um texto um pouco mais

    andrea lucia barros

    resenha literria apenas o necessrio

    desenvolvimento do Brasil mesmo, que algo bsico, estrutural. E educaobsica aquela coisa de tu pegar acriana, colocar no colgio o dia inteiro,

    valorizar a educao. E isso tinha queser a prioridade nmero zero parao Brasil. Como aconteceu na Coreiae na Alemanha. E tambm porque

    muito mais dicil. As Universidades eaculdades esto todas prontas. Agorana educao bsica, colocar proessorali, criar bibliotecas, quadras de esportee at dentistas, alimentao e tal, dicil. Por isso que deveria ser antesda prioridade um... tem que ser a zero,mesmo.

    N: Ests trabalhando em novos

    projetos?DC: Vou lanar um novo livro na eira

    de Porto Alegre J na estrada, baseadoem trs olhetins que lancei no blog,que alterei, modiquei o nal. Esselivro tem uma linguagem dierente,porque eu comeo escrevendo e oFraga (ilustrador de editorial do Jornal ZH http://fragacaricaturas.blogspot.com/)complementa contando a mesma

    histria com quadrinhos. No queele ilustre a histria, ele continuacontando a histria de onde parei. Eestou escrevendo o modesto Mistriodo Mundo e o Sentido da Vida. N: Um conselho para os autoresiniciantes?

    DC : Nelson Rodrigues tinha uma

    rase assim: Conselho para os jovens,envelheam.

    Voc sempre escuta aquelahistria de que as editoras noinvestem em escritores iniciantes.Autor iniciante o que , iniciante.Para vencer tem que deixar de seriniciante. No tem como azer algumacoisa sem tempo. Esse cara que ezo Millenium, o sueco Larsson (Stieg

    Larsson http://www.trilogiamillennium.com.br/), escreveu um best seller espetacular.Ele terminou de escrever, lanou o livroe morreu. um negcio espetacular,todo mundo leu, zeram lme, etc,mas isso coisa de um em um milho.

    Ento no adianta, se o caraquer escrever, o que ele tem que azer se tornar um no-iniciante. E ler muito!

    * * *

    intenso, mas no profundo. (Lembre sempreque so apenas 140 caracteres, ok? Por isso, a

    expresso um pouco entrou na frase anterior.)Devaneios de um paulista que tevea felicidade de ordenar bem aspalavras. Algumas frases chegama provocar certa confuso mental,ento passe para a prxima.O que o livro tem melhor a

    integrao entre pessoas devarias idades de todo o pas. Isso

    torna a experincia abrangenteem todos os sentidos. Um arco-ris de gneros, regionalismos e,principalmente, de pensamentos.A leitura de Apenas o necessrio

    rpida e prazerosa. Embora existam algunstextos que tornam a leitura truncada, no sepreocupe, pois to rpido que o leitor nemir perceber.

    Este e-book pode ser baixado

    gratuitamente em:www.editoranovitas.com.br/e-book

    Andrea Lucia Barros jornalista, escritora ecrtica literria

    andrealuciabarros.com.br

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    7/29[7] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    Lecia Losekann Coelho

    Pedagoga, escritora e editora

    Voc sabe quem inventoua bicicleta? No oi a Caloi. Voc

    sabe quem inventou a luz? Nooi a AESUL nem a CEEE nemo Governo Federal. Voc sabequem inventou o rdio? No oi aAtlntida nem a Jovem Pam.Vocsabe quem criou esse soneto? Eupossa me dizer do amor (que tive):/Que no seja imortal, posto que chama / Mas que seja infnitoenquanto dure.Com certeza no oi

    seu proessor de Literatura.Descoberta: O mundo temmais de trinta anos. Pode parecerassustador, descobrir algo assim deorma to repentina mas az tempoque essa terra habitada e as coisasdo mundo oram criadas poralgum ou alguns.

    Voc pode encontrar asinormaes de orma cil mas porque algum um dia raloumuito para isso acontecer. Segundasurpresa: As coisas no surgem donada, algum as ez e merece oscrditos alm dos lucros.

    Mas alguns pregam odesapego, mas o desapego dosoutros... No o prprio. Criou-sea mentalidade que a cultura deveser de graa para ser consumida,ou seja, precisamos de trabalho

    voluntrio nessa rea de ormaurgente sob pena de logo maisalgum ter a ideia de acabar coma cultura. Engraado que no vejoningum pregar o desapego com otrabalho de mdicos, advogados,psicolgos,polticos, etc... O despegoprecisa ser cultural, como se aarte osse um passatempo e nadaprofssional. Existem sim os que

    desenvolvem atividades artsticaspor puro prazer e sem visar lucro,mas com certeza possuem outras

    ontes de renda. Vamos pregar o degraa de modo amplo e para todas

    as profsses, assim podemos voltara poca do escambo.

    Esses dias li a besteira quecorreto oi Augusto dos Anjos poisganhou pouco com sua obra. Ouno se ensina mais literatura nocolgio de orma verdadeira ou aspessoas esto tendo mais recreioque aula. Augusto dos Anjos morreuantes de poder ver seu talento

    reconhecido. Sim, ele morreu! (Sevoc no sabia, meus sentimentos.)Fato que algum ou algunsat hoje lucram com os livros deAugusto dos Anjos ou atualmenteas obras esto sendo distribudasde graa? Eu pelo menos, no vejolivros impressos e distribudos semcusto do Augusto dos Anjos, por a.

    A descoberta dos ltimostempos para alguns que existeum comrcio cultural. Jura!, diroalguns. Juro! Ningum trabalhade graa, e o mesmo comrciocultural que voc desconhece emuitas vezes critica aquele que capaz de abricar bizarricesartisticas e voc consome sem sepreocupar com o preo. O mercadocultural movimenta dinheiro degente grande e merece o devido

    respeito. Atores, escritores, pintores,cantores, agentes, empresrios,livrarias, teatros, cinemas, grfcas,estdios todos envolvidos nomercado cultural que eito por

    voc e por mim que consumimoscultura. O consumidor tem papelundamental no comrcio culturalalem da mdia que divulga, mas

    vejam bem, estamos em pocas que

    todos podem sobresair no meio. s utilizar as erramentas de ormaconsciente. No a mdia que te

    ora acomprar

    tal CD outal livro vocque tira odinheiroda carteira e compra. E se vocconsome o mercado anda. Issounciona desde que o primeiroescritor escreveu o primeiro livro ouo primeiro ator encenou a primeira

    pea. O desapego pregado o plgio aceitvel. Quando oescritor ou msico amoso rendemanchete mas se no , a briga pelosdireitos autorais fca parecendo umalimento para o ego. Como existeum mercado, um autor, algum quecriou, os crditos devem ser dados.Mesmo que a pessoa escreva porexemplo, por puro prazer, oi elaquem escreveu. Texto ou rase deautoria desconhecida algo comumque no existe. Arte no o que

    voc planta e colhe da terra, arte criada por um indivduo.Respeite a intelectualidade e acultura. Ao invs de voc acharbrecha para copiar e reclamar dopreo de livros, CDs, peas deteatro e tudo voltado a cultura,

    voc poderia se engajar em ummovimento muito mais interessante:O de baixar impostos, preo dagasolina e todo o consumo dirio.Se baixssemos nossos impostosteramos mais dinheiro paraconsumir cultura. Ou a culturamesmo no paga mais imposto paraser eita?

    letcia losekann coelho

    opinio desapego pelo teu

    Augusto dosAnjos morreuantes de poderver seu talento

    reconhecido.Sim, ele morreu!

    (Se voc nosabia, meus

    sentimentos.)

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    8/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [8]

    O exlio de Caetano Veloso e GilbertoGil em Londres em 1969 deu por encerradoo momento da Tropiclia e abriu um fossona histria da experimentao sonora namsica brasileira. O que viria substituir essarevoluo? At meados da dcada de 1970,algumas respostas surgiram: Walter Franco,Secos & Molhados, S Rodrix & Guarabira,Raul Seixas, Belchior, Raimundo Fagner,

    Alceu Valena, entre outros.

    Mas a melhor resposta sairia dasprprias lides tropicalistas. Gal Costaaglutinou vozes dispersas e estabeleceu oque alguns crticos e historiadores da MPBdesignaram de Ps-Tropiclia: Jards Macal,Waly Sailormoon, Jorge Mautner, LuizMelodia, Pitti, Lanny Gordin, Rogrio Duprate Os Novos Baianos. Continuao e rupturaem um mesmo lance de dados.

    Somente dez anos depois, a msicabrasileira veria um momento to inovadore revolucionrio, com o surgimento dachamada Vanguarda Paulistana. De Arrigo

    Barnab, Itamar Assumpo, Tet Espndola,Vnia Bastos, Eliete Ne greiros, Paulo Barnab& Patife Band, Robinson Borba, HermelinoNader, Premeditando O Breque, Rumo eLngua de Trapo.

    Novamente a experimentao eraa tnica dominante. Experimentar com:texto, melodia, ritmo, harmonia, arranjo,interpretao e instrumental.

    A Vanguarda, assim como a Tropiclia,

    organicamente, teve vida curta. Em menosde cinco anos, seus artces se dispersaram:contratados por majors, abandonando adico radical, incorporados a falsa linhaevolutiva da MPB.

    As contribuies no foram poucas, mascaram, quase sempre, como inuncia aquie ali e no como linguagem.

    Nos ltimos dez anos, foram surgindo

    intrpretes e compositores que efetivamenteestabeleceram uma espcie de Ps-Vanguarda Paulistana.

    O cantor, compositor, instrumentista e

    Twitter uma ferramenta cada vez mais utilizada, lapidando o cio ou temperando o ao nosso

    de cada dia. E atravs de uma indicao vinda dali, vinda de nossa boa amiga Luma (@luzdeluma)

    conhecemos Makely. E nessa noite, a msica de bom gosto e sonante como h muito no se encontra

    passou a fazer parte da playlist desta Editora.

    Conhea mais sobre Makely Ka, em texto de Marcelo Dolabela(*)

    Makely Ka a fome da karneMakely Ka a fome da karne

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    9/29[9] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    poeta Makely Ka , sem dvida, nome dedestaque nessa nova cena.

    Seu mais recente lbum Autfago um bom exemplo decomo os paideumas da Tropiclia eda Vanguarda Paulistana foram relidose ampliados em uma potica doce-

    amarga dylan-leminskiana sobre baserudo-lrica entre samplers e microfonias.

    Em um primeiro momento, ao ouviro CD-suporte, como Makely designa nominimanifesto abpd a pqp, o que surgeem primeiro plano o trabalho poticocom o texto: rimas enviesadas (males /maxilares; tenso / sonso; crtico / prtico;vtima / sndico; santo / cancro; crdito /mdico; bra / diga, etc.), anal, na faixa

    No se meta, Makely j avisa: eu rimoa torto e a direita; falsa-tcnica palavra-puxa-palavra; estrutura anafrica (eu nosou... / eu no sou...; estou aprendendo...estou aprendendo...); e, principalmente,temas retorcidos: o cotidiano canabalizandoa metafsica; a metafsica, em (auto)fagocitose situacionista (em Equincio:

    Um tomo dentro da esfera / gera umsistema que gira...). As melodias trazem umbatuque psicodlico, uma espcie de Hendrixexecutando uma cuca digital. s vezes, atroca de instrumentos amplia essa levada: ocontrabaixo soa como guitarra; a repetiovocal, como percusso; e a multiplicidadepercussiva, com recorrncia e loop mntricos.

    Entre texto, sonoridade e voz, os samplers

    sutis

    funcionam como desviossubliminares (Glauber Rocha, no programa

    Abertura; Hugo Chavez, na Onu; SubcomandanteMarcus, no Mxico. Maiakovski, na UnioSovitica).

    O resultado vigorosamente pop-experimental. Pop-linguagem; pop-Prometeuque permuta temperatura de mundos dsparese produz efeitos mpares, na concepoDuchamp-Warhol-Zappa.

    Makely o Kara (khlebnikoviano)nesse cara-e-coroa. Entre o voltil pop e oinamvel experimental. Entre o mutvele o permanente. Autfago, no da prpriaespcie, mas da improvvel fome.

    Marcelo Dolabela poeta, jornalista, pesquisador, escritor e crtico de msica, autor do ABZ do Rock Brasileiro e Amonia,

    entre outros.

    Fotos de Gisele Moura com tratamento grfco de Bruno Brum. Adaptao de David Nobrega.

    Contos de Varanda

    de Maurcio de Oliveira

    (vencedor do I Concurso Novitas de Contos e Crnicas)

    Breve!

    Leia mais e escute Makely em makelyka.com.br

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    10/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [10]

    Sozinha novamente, o tempo comea a darmostras de suspenses e descontinuidade. fndo obreve perodo em que acreditou viver e ter controlesobre a vida. fnda a crena de que algo mais alm do

    tempo da espera lhe possvel. Seu prncipe-vida talveznunca tenha existido, apenas se manteve na iluso. Elano a nica desiludida. Os personagens que circundamsua vida, tambm encontram, um a um, a linha dotempo; mas logo so atirados ao longe; logo se perdemnovamente.

    O tempo expandido da dor a leva novamenteao prncipe-vida. Mas este agora no a engana. Ela sabetratar-se de uma iluso; como um monumento, umaTorre de Babel que pretendia alcanar o Paraso, mas sserviu incomunicabilidade.

    Agora a vida que tenta alcan-la, tomandopara si o condutor de sua trajetria. Mas princesa,no interessa mais iludir-se; apavora-a apenas a ideia. A

    vida pulsa, d saltos em seu encalo; mas para quando

    Daniela Blanco designer, ilustradora e colunista da

    Revista Capitu ( revistacapitu.com )

    daniela blanco

    o tempo da espera

    se depara com a morte. A princesa fnalmente, aundana gua etrea da vida, que lhe recolhe na morte; a guaa recebe assim como a concebeu. L a vida no mais aalcanar. O tempo no tem mais a menor importncia.A espera j est terminada.

    Falar sobre o tempo me parece paradoxal, poisenquanto se ala, o tema do embate no para ou esperaat que se chegue a uma concluso. Seria ento o alarsobre o tempo, no viver?

    Transormar estes questionamentos em imagensem movimento, imagens que s chegam ao seu fmapoiando-se no tempo, ainda mais extraordinrio.Maya Deren trs a tona estas e outras questes comseu flme Ritual in Transfgured Time. A proposta decriar uma narrativa sobre o tempo, em um perodo emque a linearidade era quase que imprescindvel na artede contar histrias, oi desafadora. Essa linearidade,mesmo que dicil de ser compreendida se az presenteno flme como o nico meio de contar a histria no-linear do tempo.

    Link do flme no Youtube:http://www.youtube.com/watch?v=xrWNXLPFz40

    contos que ningumconta

    O novo livro de

    David Nobrega, autore editor da Novitas, jencontra-se disponvel.

    Visite nosso site emeditoranovitas.com.br e

    encomende j o seu!

    Veja resenha de Andre Lucia Barros na pgina 29 desta revista.

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    11/29[11] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    PALAVRAS DESNUDAS

    L Martinssweetychaos.blogspot.com

    Eu te amoVoc me amaAmemo-nos, ento.Dias longe. Noites pertoBraos e abraos

    Sonhos despertosFaz tempo te ameiE hoje igualOrgulho, respeito, pele,coisa e talRisos cmplicesPalavras desnudas.Conheo teu olharSei quando falar. QuandocalarEntre estranhamentos edesentendimentos

    os dias passam, eles passamNada mais naturalMar de rosas e comercial demargarinano combinam com a vida real.

    INSENSATEZ DOIDIVANAS

    Cristiano Melocristianooliveirademelo.blogspot.com

    Laudanizado pela amorfa esfera epigeicaFlica e acefalina, pusilnime estoico,Abre asas sobre a jocosa ticaCertame infalvel e verborrgico.

    Estupefato de sua denegvel aleivosiaRubra a face desmedida em verdade,Furta da presa a alma lealdada comhipocrisia,Funesto corteleiro da improvidaamizade.

    Se clama ao amor o escudvelludibriante,Grita ao desafeto tal feita doentia.

    Horda de palavras melotmicas adiante.

    Da responsabilidade no se pode fugirem quantia,No futuro aguarda a esfinge galante.Jus alada da sorte que lhe vir emserventia.

    O DESPERTAR

    Flvia Braunfbbraun.blogspot.com

    Ecoa em si o suave som da alma.Do cu, a Lua ilumina o quarto escuro.Nessa mgica cena, do sonho desperta.E vive a noite mais intensa de sua existncia...Noite em que o sonho a leva ao mundo real.

    E o que real, mesmo? ( ela sempre questiona )Real sentimento, movimento, emoo, corao.Real o amor, que impalpvel, inspirador.

    E ela resolve se aninhar nos braos dele, nesse calor sem fim.

    Do sonho guardou a vontade de ser o mais belo dos jardins.Da janela do quarto a Lua acenou,Mostrando que seu despertar fora certeiro.A hora de viver o mais intenso sentimento chegara.

    Olhou nos olhos dele, tocou seu rosto.O sorriso confirmando o futuro que se anunciava.Mais presente do que nunca.E eterno por toda sua durao.

    poesia

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    12/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [12]

    MARIA JOO

    Flvia Britosabe-de-uma-coisa.blogspot.com

    e h nesse mundo algum capaz de guardar,sse algum Maria Joo.esignada no h como Maria Joo.ilenciosa no h como Maria Joo.

    aria Joo guarda nos bolsos moedas eores brancas.aria Joo guarda no peito palavras eespedidas.

    uarda nos ps a inteno dos passos.uarda no corpo a inteno dos ossos.uarda na boca a inteno dos risos.uarda na alma a inteno dos riscos.

    aria Joo enovela as vontades numarretelguarda.aria Joo acomoda as feridas num cestoguarda.

    coragem embrulhada em papel de po:uardada por Maria Joo.amor trancado num pingente de corao:

    uardado por Maria Joo.

    aria Joo vai guardando, e guardando, euardando...guardando...guardando.

    aria Joo guarda o choro no castanho doslhos difcil carregar nos ombros o pesoesse olhar gemente.

    ilenciosa no h como Maria Joo.esignada no h como Maria Joo.uardando tudo.e toda gente.

    RENDEIRAS DO TEMPO

    Thiago Azevedomangaepoesia.blogspot.com

    descansodaalma.blogspot.com

    Vai a mulher rendeira,separar mais retalhos,corta, picota e costura,so restos de pano, colcha de trapo.

    Cada pedao, uma histria,um jardim de rosas,um novo boto de flor,restos de tecido rendadodesmonta e remonta em lavor.

    Retalhos de tempo,colcha de memria,parte, de partes, de partes,passado, futuro e presente,que formam nossas histrias.

    Mais uma parte que se fia,Mais um trapo que se funde,pequenas centelhas de tempo,colcha sempre incompleta,eterno movimento, em amide.

    Incansvel mulher rendeira,que a vida fia e descostura,nossos velhos e gastos pedaos,colcha de tempo que fulgura,somando a mais e mais restosde outros pedaos de trapos.

    SUBCULTURA INCONSCIENTE

    Sylvia Beirute

    e em experincia directacomunicar com a personalidadedas influnciasque envaidecem o meu lado absoluto,poder que domina.

    dissecar uma me e um pai salientes,curiosidades nas minhas metforas, bemcomo os sentidos que coexistem e amam,e toda uma subcultura

    inconsciente no meu autoconfronto.

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    13/29[13] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    Mas era eu,Que por no ser mais crianaNo podia ter cado nessabrincadeiraNesse jogo de mau gosto

    De te fantasiar ser o opostoDa mesmice corriqueira.

    Hoje guardo de heranaA solitria idealizaoDos milhares de euteamosrepetidos em vo,No meu p, o teu beijoDessa mscara de desejo,Desejo de um s endereo,Menor, bem menor que mereoMuito menos que eu tinha pradar.

    Vai querer me negar?Quer dizer que um dia chegou ame amar?Que num estalar se transforma oamor em erroE fazes dele o enterroSem sequer me convidar?

    Faz um favor:Recolhe cada uma das cenas deteatro mal-feito

    Engole cada um dos versos baratosApaga aquelas letras escritassem pudor.Todos os atosRegistrados de um jeitoQue cicatrizaram embaixo docobertor.

    No sei de onde veio essaautoridadeDe usar da inverdadePra despertar a boba meninaSe fazendo de bom rapaz.No, no fala mais!Nem canta ao meu ouvido emnenhum idiomaRecompe, ou melhor, desafinaPra que eu no consiga traduzir

    E possa, enfim, dividirO que todo esse tempo foi soma.

    Aproveita e me livra da celaEu no caibo em abertura de

    novelaE esquece Cazuza e BebelPois no precisas dizer maisnadaFica assim, onde estsNo lugar de onde nunca saiuNo teu posto, de onde nuncapermitiuA minha oferta de cu,Minha porta escancarada...

    Devolve o meu cheiro, viu?E v se leva o teu que esqueceste

    aqui que eu preciso dormir!

    Esquece meu rosto,Meus olhos,Meus sinais.Deixa-me livrar do teu gostoDos teus olhos,E de tudo mais.

    Enfrento cada meia-noiteComo se a ltima fosse

    So madrugadas de aoite, de rioa correr claro que eu sei perder!Mas que o sabor doceEsse, que vinha de um ser que hoje eu sei -No era vocAinda faz lembrar feito canoA tela que eu desejeiO amor que nela pinteiDesperdiado, largado no choEm completo desprezo, desdmPor algum que eu criei,Que nunca existiu, mais ningum.

    A propsito, a saber,Desprazer em (re)conhecer.

    ()TONA

    Monica Saraivablogdamoni.blogspot.com

    Das metforas que no useiDe todas as que apostrofeiNadaEm inverso nem se falaDe tudo tentei

    DE PALAVRA

    Kiara Guedeswww.nesteinstante.com

    Tentei at prosopopeiaMas nem mesmoA persuaso das entrelinhasFaz uma palavraMudar de ideia

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    14/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [14]

    Eu me enganeiPensandoConfiando em qualquer umJogando palavras a quem me foidado

    De presenteSendo da mesma matriaEnriquecido de carbono e potssioMas pelo jeitoFoi empobrecidoDe lixo e fuga

    Um punhado de gente fracaGestos compressoresAtitudes especulativasSaneamento intestinalPara o enriquecimentoGenuno da amizade

    E voc sofre tudo isso emsilncioPorque seu mrtir causa tantarepugnnciaE te condenam por ser nojento

    AcordoDespertoEstou acomodado no choE da pra frente segue a rotinaCom essa bola que vai rolandoNa mesma ruaNo mesmo sentido

    Sem sentido

    As pessoas so diferentesE ento inconformadasA expresso do cansao a mesma em todas as faces

    Eu no queria ter infectadoCom essa minha indiferenaDos padres sentimentaisNo queria ter mostradoQue posso sentirApenas com os olhos

    Ento eu fiquei escondidoCego no buracoMeus outros sentidos se aguaramImpurezas no meu corpoAinda virgem

    Noites em estadoMortoEstado num trpicoMortoInstvel na mesa de cirurgiaMortoEstado da vida

    Numa morte comemorativaPondervel fantasiaMorto

    A vulgaridade fluiDo meu sorrisoEmana da sua mente

    LIXO E FUGA

    Bruno Bossolantormentos.wordpress.com

    Emana de ns doisE de cada umPro seu prximoQue est ao ladoNa frente

    Esperando pelo toqueE no ser tocadoPode causarRepulsa

    Eu fujo pra longeDe mimDe tudo o que hExistindo no bafoDos visionriosProfetasEruditosBeberresSoltando na cria enfurecidaGotas de complacncia

    No poesia um tnel claroComo voc enxerga a suaexistnciaDefinhando na neblinaPiscandoLimpando os olhosMas sem pararOlhando pra baixoS quando o penhascoEstiver amontoado

    Sobre seu corpo

    Percorre a almaNuma velocidadeIrremedivelInexorvelSaltita nas veiasDanaHarmoniosamentePulsa nos instintosComo uma vitrolaArranhandoA pele machucadaEspetacularmente moldadaNo banalismoDesgua no mundoNo lixo urbanoFedorento e lucrativoPra uma fugaVoraz e perptuaAssim com os ossosDoentes e as pernasE as mos e a caraNo cotovelo um roxoManchas de agressoDa esperanaE te cala

    Calando a vozOs sentimentosA razoConscincia da derrotaE vai embora

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    15/29

    Editora Novitas: Como o santista Amrico Francisco

    Filho enveredou pelo samba e tornou-se Luiz Amrico?

    Luiz Amrico: Comecei cantando com 13 anos de idadeem programas inantis e em rdios, at ser convidado agravar um compacto duplo com duas msicas romnticas.Em 1968, com 21 anos ui inscrito por amigos no Programade Calouros do Slvio Santos, onde tinham as provas

    semanais.Fui campeo da segunda semana, e disputei afnal do ms onde me sagrei vitorioso. No fnal do anoteria a grande fnal a prova anual queoi no Pacaemb e me torneicampeo, ganhando dos

    outros 11 vencedores do ano.Fui o grande vitorioso e o prmio na poca era

    uma viagem pro exterior, que na poca vendi e pudecomprar uma casa para os meus pais. Fui campeo commeu verdadeiro nome: Amrico Francisco Filho, masaps ter vencido o concurso ui contratado por uma grandegravadora e achavam que Amrico no era um bom nomee queriam colocar Luiz Fernando, mas meu pai

    Luiz Amriconasceu Amrico Francisco Filho, em Santos, nolitoral paulista.

    Para os quarentes fcil lembrar das frequentes aparies deste

    cantor em programas de televiso, como Silvio Santos, Chacrinha, Flvio

    Cavalcanti...

    Mais fcil ainda lembrar de seu maior sucesso Camisa 10 , que com bom-humor

    dava um grande puxo de orelha nos boleiros da poca.

    Hoje, alm de continuar cantando e compondo, empresrio da noite. A Lucky Scope,

    sua casa noturna, est localizada no Guaruj e ali se apresenta acompanhado de seus flhos a

    Banda Feitio , aos sbados.

    Mais uma grande personalidade de nossa msica brasileira que honra a Novitas,dispondo-se a responder algumas poucas perguntas, que podem ser lidas abaixo:

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    16/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [16]

    (Amrico Francisco) no deixou e acabei convencendoque colocassem Luiz Amrico

    EN: O seu maior sucesso provavelmente oi Camisa 10,

    que criticava a Seleo Brasileira de 1974. A Seleo que

    disputou a Copa do Mundo de 2010 no merecia umaalfnetada daquelas?

    LA: Meu primeiro sucesso oi Desafo (Quando eutiver com a minha cuca cheia de cachaa), tambmconhecida como Cachaa e a na sequncia veio oCamisa 10 que ez muito sucesso, fcando mais deum ano nas paradas de sucesso de todo o Brasil. Essaseleo do Dunga merecia um aperto maior, pois altoucomprometimento e muita humildade! Mas meu maiorsucesso oi Fio da Via!

    EN: Acredita que ouviremos MPB de qualidade nasrdios novamente?

    LA: H muito tempo atrs a gente no imaginavaouvir samba tocando em FM, mas hojetoca muito samba de qualidade juntode muito samba ruim. Acho que muitaMPB de qualidade toca em FM, mas nocomo realmente deveria tocar. Portanto,acredito que o Brasil est passando poruma evoluo musical e espero que daquia algum tempo possamos ouvir msicas

    de qualidade e principalmente bemgravadas, o que hoje no tem ocorrido...

    EN: A internet, para os artistas em geral, pode ser uma erramenta ajudando a resgatar grandes nomes e divulgando novos talentos comopode ser perniciosa, por conta da pirataria. Qual tuaviso do assunto?

    LA: Hoje acho que existe muito sucesso orado!

    Antigamente o artista tinha que ser bom e cantar comorquestras em programas de rdio e de tv ao vivo, parair se destacando e caindo na

    graa do povo. Hoje lanam absurdos na internet e derepente vira um hit, mesmo o artista no tendo nenhumaqualidade. Mas sei tambm que a nova gerao acabaconhecendo mais meus sucessos do passado devido ainternet. Acho ento que uma aca de 2 gumes, tantoajuda a divulgar msicas e artistas bons, quanto tambmdivulga porcarias. Acho que uma super erramenta,mas sem controle de qualidade.

    EN: De cantor e compositor, ganhador de inmerosprmios e grandes parcerias , a empresrio da noite. O

    que fcou para trs te d sensao de misso cumpridaou ainda podemos esperar novidades?LA: Tenho a sensao de misso cumprida e de quemarquei uma gerao. Mas principalmente por ter doisflhos que seguiram meus passos de cantor e que juntosconseguimos montar uma casa noturna que az sucessoh 18 anos com mais de duas mil pessoas por sbado,

    que curte nossa msica e nosso som. Mas com certezapodem esperar novidades, pois j estamos trabalhandona gravao de um DVD com todos

    os meus sucessos e com convidadosespeciais!

    EN: Por alar em grandes parcerias,poderia contar ao nossos leitores mais jovens alguns dos grandes nomes comquem tenha subido aos palcos? Comquem lhe agradou mais trabalhar?

    LA: Cantei com grandes nomes da MPBcomo ngela Maria, Nelson Gonalves,Benito di Paula, Jair Rodrigues, Joo

    Nogueira, Agep e muitos outros, mas apesar de sersambista sempre gostei muito de seresta. Meu maiorprazer oi ter gravado com Slvio Caldas um dos maioresseresteiros do Brasil e de quem meu pai era . Tive oprazer de conviver com o Slvio Caldas um bom tempoem Atibaia-SP.

    Tenho asensaode misso

    cumprida e deque

    marquei umagerao.

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    17/29[17] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    EN: Vrios artistas atuais tem regravado tuas

    composies, como no passado outros tantos ascantavam...

    LA: Alcione gravouDesafo...(Cachaa), e a Clementinade Jesus e Os Embaixadores do Samba gravaram Nahora da sede. Depois o Wilson Simonal gravou No medeixe sozinho. Atualmente, tive a elicidade de ver meus

    flhos, o Grupo Feitio, gravarem Carta de Alorria ,pela Zlia Duncan gravando Na hora da sedee o ZecaBaleiro, que gravou Fio da Via.

    EN: Independente do sucesso de uma cano, sempreh aquela que o xod do cantor/compositor. Existealguma que lhe seja especial?

    LA: Fiz vrias msicas que adoro, mas que no setornaram sucesso, mas a msica que fz, que mais gosto

    e que tambm oi um grande sucesso oi Carta deAlorria.

    EN: Podemos enviar uma cpia desta entrevista para

    o Zagalo?

    LA: Com certeza! Na poca cheguei a encontrar oZagallo mas ele sempre levou na brincadeira. Quem nogostou muito e fcou muito puto na poca oi o Leo!Mas oi bobagem, no entendeu a brincadeira!

    EN: Ento o samba acabou virando coisa de amlia...

    LA: O maior prazer para mim, dividir o palco commeus flhos e saber que o maior prazer deles dedividirem o palco comigo.

    Recentemente eles inauguraram uma casade samba em Santos de nome Typographia Brasilem minha homenagem e com todos os meus trous(Cassino do Chacrinha, Globo de Ouro, etc), sete Discosde Ouro e um Disco de Platina, alm de contar um

    pouco da minha histria.

    Quer saber mais sobre o Luiz Amrico? Nada melhor que ouv-lo, ao vivo, cantando com seus flhos da Banda Feitio,em uma das duas casa da amlia:

    luckyscopepraa walter bellian, 86

    guaiba - guaruj - sp - brasil

    typographia brasilrua XV de novembro, 115/117

    centro - santos - sp - brasil

    www.typographiabrasil.com.brwww.luckyscope.com.br

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    18/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [18]

    EU - PLEONASMO

    preciso esclarecer... Sou pessoa de poucaspalavras, mas gosto que elas signiquem algumacoisa.

    Sou melanclica e introspectiva. Gosto de serdiscreta com as coisas que sinto.

    No sou muito de fazer festa com tudo, mas

    aquilo que me estimula eu fao questo de celebrar.Sou exibicionista. Sou tmida. Tento parecer

    esperta, mas no fundo, acredito em todo mundo.Sou de fcil manuseio, apesar do excesso dedesconana. No sou metida, Sou distrada!

    No gosto que me ignorem, que me enganem,que me enrolem, que me deixem no vcuo, esperando.

    Fujo de unanimidades. Burrice me broxa.Grosseria, estupidez, preconceitos e injustias meirritam, me deixam indignada.

    Gosto dos que se entregam, dos que se

    apaixonam.Ai de quem inveja o que sou, o que tenho e o que

    busco, porque minha alma ESCUDO, ESPELHO, BUMERANGUE...

    Quando tenho muito sono, me d crise deriso. Alis, crises de riso so constantes... para memanter protegida. Se vc no presenciou alguma,provavelmente ainda ver.

    Sou perfeccionista e exigente comigo mesma.Quero ser sempre um pouco melhor em alguns

    aspectos. Quero ser sempre um pouco pior em outros.Uma certa dureza necessria. Pura sobrevivncia.Entenda.

    Sou preguiosa. Minha preguia de redebalanando e livro pousado no colo.

    Sou de bons amigos e boa companhia. Tenhopnico de multides (eu me relaciono com elas squando canto). Prero a intimidade s badalaes.

    Qualidade importante e eu prezo isso. Sim, soumuito na minha. E s porque sou na minha no querdizer que sou arrogante. No confundam introspecocom falta de educao.

    Eu gosto de um bom lme, um bom livro, umbom amigo pra sair e bebericar e conversar e aprendere rir e chorar...

    No me acho inteligente e nem intelectualdemais, mas sei que conheo as pessoas profundamente.Isso j nasceu comigo, essa intuio sobre tudo. Minhaalma antiga.

    Eu reconheo alguns talentos que eu tenho.Entrego-me a eles sem medo. No os nego. Sei muitobem que eles me salvam e me mantm inteira, mesmoquando tudo em volta desaba e vira caos.

    Elogios me desconcertam. Nunca sei o que

    fazer com eles. Ento aceito.No deixo que saibam das minhas fragilidades, maselas existem tantas e pasme: coram, envergonhadasquando algum as percebe.

    Eu tenho uma memria estranha que s

    Muito se fala sobre artistas multimdias, embora muitos deles sejam especiais

    em determinada rea, enquanto pincelam por outras.

    Esse no o caso de Van Luchiari, que pinta, canta, escreve, fotografa e

    garanto que basta lhe fornecer os materiais corretos borda, caseia e chuleia.

    Abaixo conhea mais sobre essa artista que em breve ter seu livro publicadopela Novitas, nas palavras de quem mais a conhece: ela mesma.

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    19/29[19] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    Quer mais? Ento acesse:

    Van Luchiari

    Twitter: www.twitter.com/vanluchi

    VAN FILOSOFIA! - vanluchi.blogspot.comMY SPACE (msicas) - myspace.com/vanluchiari

    MAHALLLA (banda)- mahalilla.com.brLOJA VIRTUAL: zazzle.com.br/vanluchi

    vezes me deixa na mo. Mas nunca(raramente, v l!) esqueo a letra deuma msica.

    Sou uma pessoa de poucaspalavras. Mas acredite: quando falo pra valer. verdadeiro. Saiba.

    Voc pode at pensar quetenho tudo, que sei de muitas coisas...Que gosto de chocolate, que como

    morangos gemendo, que tenho insnia, que amomuitas coisas, que adoro assistir Friends, que amominha casa, que almoo com a famliapelo menos duas vezes por semana evalorizo isso (J quei sem por algumtempo e posso garantir que assimno um bom modo de se viver).Que no dia a dia eu sou simples, masadoro conforto e mordomias. Que meentrego, que me masturbo, que leioCalvin & Hobbes, que beijo bem,

    que sou perfeccionista, que tenhomedo de dirigir, que pinto, que assisto13 lmes por semana, que quase nofalo, que falo demais, que sou louca,que no sei danar como antes, quetenho mania de guardar cartas efotos e pessoas, que sinto saudadesdos amigos, que gente inteligenteme estimula, que cozinho muito bem, que mudo osmveis de lugar sempre que meentedio, que meus olhos so verdese turquesa, que canto, que gosto

    de ar condicionado mesmo no frio,que durmo pouco e por isso zolheiras, que banhos me excitam,piscinas tambm, talento tambm,que gosto de perfume, que adorofazer amor no mar, que fao arte,que fao arte e mais arte... E queprero deixar abertas todas as janelas para que entrem todos osinsetos (Sbia cano).

    Se d tudo errado eu grito,

    xingo, falo palavres. Se d fome,eu trepo. Se eu amo, eu AMO. Seeu odeio, s detesto um pouco. Se sangro, perdoo.Esquecer, no esqueo. Meus amigos de verdade, esseseu AMO pra valer, VALORIZO mais que tudo e MIMOat doer. Os outros, eu RESPEITOtotalmente.

    No tenho medo de estar s, tenhomedo de estar vazia. No tenho medo damorte. Tenho muito medo da dor. Eusou assim: um elo entre o bom e o ruim.Um caminho ngreme e maravilhado.Talvez o caminho errado. O comeode algum m ou o princpio de algumaeternidade. Uma pedra no sapato. Umapalavra repetida. Um olhar que entra edesvenda. Profunda e introspectiva.

    Eu contenho verdades, algumasocultas. Sou mistrio e gosto de s-lo.

    Eu omito desejos. Eu s mearrisco e me lano porque o ar queme segura denso. Denso de vida,denso de coragem instantnea enova.Mas no sou descartvel, nem item

    de coleo, nem trofu, nem comum. Sou nica emereo ser tratada como tal. Sou rara e por isso quero

    respeito.O palco o meu real. A minha

    iluso mora nos bastidores. Quandoacaba o espetculo que comea aminha fantasia. Essa que me destrie me embala. Que me atormenta eme alivia. Que me realiza e di.

    Sim... eu sou nada. Souamanhecer cansado, anoitecendo.

    Um pedao escuro do dia. Chancedesperdiada. Sou do avesso, soucontroversa. O que eu quero sertudo. Para algum. Para mim. Paravoc talvez. Ou no. Tanto faz.

    Eu exijo - e pretendo -verdades. Eu jamais serei breve ouesquecimento. Escrevo no silncio e

    meu silncio cheio de sons. Sons que eu te entregonas mos e que entram pelos teusouvidos e percorrem teu corpo.

    O que eu te dou me faz eterna

    em ti.E eu gosto de eternidades.E agora? Voc me conhece?

    Todas as imagens aqui dispostas

    so do acervo da autora. Todos osdireitos reservados, com cesso para

    esta matria exclusivamente.

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    20/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [20]

    Aqui deitado olho o resto de dormnciadela, sono suspirado em que eu poderia imaginarum monte de loucuras, um monte de cogitaes,

    mas no. S ca a certeza de que a lma vez,de que um silncio talvez reinar como se fosseuma vitria dos clichs, da mesmice, quando naverdade apenas mais uma face do desencontroe da tortura que nos espreita a cada momento emque vivemos. Aqui deitado busco a sua sombradeitada na parede, tambm, com o rosto sabe-se l onde e o pensamento sabe-se em que lparagens. A repeo de tantas coisas em poucotempo me faz crer que o tempo o espao a vidapor vezes ca uma coisa meio travada, engasgada,teimosa em se perpetuar em situaes estranhasdeagradoras de tonturas e equvocos. Mostrementes que reconhecem que os chistes e aspragas lanadas em volta de mesas repletas degarrafas e tranquilizantes, a doce nostalgia de jovens que esto envelhecendo, a melancoliade uma tarde de idades que vo se apagando eque vo reconhecendo as tardes que j se foram,

    que se fecham como livros queridos, mas quemartelam os coraes e no os reabrimos tocadospor uma estranha prudncia. Que diz: acabou.

    Acabou. Essa estranha prudncia deitada

    em uma tarde que se alongou madrugadaadentro, apagada como almas tocadas porlcool e tranquilizantes assustada como

    espritos arrojados do alto de cus sem nuvense que tristemente acabam acalentadas em mosdormentes , inl. A repeo visita minhamente, minha sombra dependurada na paredeno mostra meu rosto, o tempo e o espao vivema brincar com meus pensamentos que pareo vera se debaterem no cho, teimosos, engasgados,travados: um quadro da minha vida. Um bareternizado, uma conversa sustentada por milnioscomo gotas dgua de uma tortura chinesa, cadasegundo de perda, de dano. Abandono. A apariodo silncio agora reina enquanto l fora ummundo de tolices de promiscuidades talvez nosafaste de vez. No sei por onde o seu pensamentocaminhar depois de hoje. Livros queridos no meserviro de cobertor, no desfrutarei de vitriaalguma. As portas vo se fechar, nenhuma msicamais riscar o meu caminho e deixar marcas. assim. E eu co aqui, senndo o suspiro derredo

    dele sobre mim. Grave recordao deitada porsobre minha sombra, pelas minhas sombras. E euaqui carei. Para quando as portas se fecharem.Ficarei com o olho no cho. Eu. Aqui. Deitada.

    A ARTE DE PERDER

    lisson da Hora

    ponspopuli.blogspot.com

    A arte de perder no nenhum mistrio;

    tantas coisas contm em si o acidente

    de perd-las, que perder no nada srio.

    Elizabeth Bishop

    contos

    Caticos de Uma Mulher Crnica

    de Tatiana Cavalcanti

    Breve!

    (Visite o site da autora : taticavalcanti.com.br)

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    21/29[21] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    S amei trs vezes e nas trs, morri.Dizem as ms lnguas que j morri muito maisque isso. Vai ver no me lembro. E se no melembro por que no senti. Minha primeiramorte foi aos 16 anos. Eu havia mudado paraGois e namorava um cara. Um tipo metaleiroe estudante de geografia. Namorado perfeitoe a gente ia junto pra tudo que era canto.Era a coisa mais linda de se ver. Aos sbados,freqentvamos um planetrio. Ele me falava

    de astros, estrelas e planetas e eu achava eleo cara mais inteligente do mundo. A gente nose largava e at causava inveja na vizinhana.Aos 16 anos, eu era romntica. Eu s queriasaber de romantismo. E pensvamos em terquatro filhos e todos eles j tinham nome. Oitomeses depois os pais deles se transferiram praBraslia e l se foi meu amor. De mala e cuia.Nos vamos sempre que dava. E aos poucos foimorrendo a paixo. Depois quando j no tinha

    mais paixo, fui morrendo tambm. Meu amormorrendo por asfixia. Amor sem paixo mortecerta. E meu namorado, o romntico perfeito,morreu e nunca mais o vi. E fui crescendo.Depois da minha primeira morte, comecei afumar maconha e andar embriagada de vodcacom coca cola. Minha me disse que eu estavaficando viciada e que aquilo no era certo. Aspessoas costumam confundir vontade comvicio. So coisas diferentes. No sei explicar. E...ainda somos os mesmo e vivemos como osnossos pais... Eu vivia cantarolando. Aos 19anos, veio o moo da biblioteca . Eu semprefrequentava a biblioteca da faculdade depois daaula. Ele era uma espcie de mestre. Era maisvelho que eu uns 20 anos. Ele era adulto e sepreocupava comigo. Tinha uma mania de mechamar de Menina. Na hora eu ficava de carafeia. No gostava de ser menina diante de tantosaber. Depois, eu ate gostava. Ele me ensinavade msica clssica, de literatura, de vinhos e me

    fazia entender Portinari. E quanta bobagem eufalava. Ele falava de texturas, quebra de cores,a suavidade dos traos fortes e eu l, bem nomeio da minha meninice me desmanchando.Aos 19 eu me desmanchava fcil. Bastava sentir

    minhas coxas roarem uma na outra pra medesmanchar. Ele achava graa e dizia que eranatural esse desmantelo todo aos 19. E teveum dia que me ligaram do hospital. Leucemia.E mais uma vez, enquanto ele morria de cncer,eu morria de parada respiratria. Fiquei mau.Entrei em depresso. Tentei suicdio, mas nofuncionou. E cai fcil no papo de Cssia ...mudaram as estaes, nada mudou... mas, eusei que alguma coisa aconteceu, t tudo assim

    to diferente... O tempo passou e aos 25 jureique no morreria mais de amor. Nada mais mepassaria a perna. Nem amor, nem dio, nemleite derramado, nem iluso, nem nada. Euagora era adulta e no morreria mais nos braosde amor nenhum. Pronto! Tava decidido. Fuime dando em outras camas, sem amor mesmo.At que um dia, botei pra quebrar. Escancareide vez. Enchi a cara e sai beijando todo mundo.Sou fera. Sou bicho. Sou anjo. Sou mulher...

    E tudo foi por terra. Acordei em cama alheia eat disse: Eu te amo. Fiquei noiva. De alianae tudo. A famlia inteira festejou. E at casachique mobiliada, com carro e um labrador nojardim, eu tinha. E ele lia tudo que era livro queeu gostava. E a gente tomava porre de vinho eia pra balada de rock. Ah! Bendito seja esseshomens de 40. Por fim, deu pra sentir cime.Era cime o tempo todo. E deu pra me negarleitura e beijos. At que me negou amor. E eramurro em ponta de faca e cime em cima decime. At que um dia, de tanto cime, ele metraiu. Acordei decidida a matar o amor. Ele foipro trabalho e eu fiz as malas. Foi nesse dia,que morri pela terceira vez. Entrei no taxi. Vio tempo passar e percebi que o espetculoperdeu a graa. Tudo fica muito serio, dietticoe linear. Tomei conscincia das minhas mortes.Na verdade, nunca quis morrer. Era tempode voltar a ser o que eu no seria, se tivessea chance de escolher de novo. Nunca fui boa

    em mltiplas escolhas e decidi seguir a regra.Quatro anos depois fiz do tempo meu ditador.Estado civil, Eu.

    , acho mesmo que cheguei ao fim. Mortade vez.

    AMOR MORTO

    Tmara Lopesinnmidade.blogspot.com

    Se tens um corao de ferro, bom proveito.

    o meu, fzeram-no de carne, e sangra todo dia.

    Jos Saramago

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    22/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [22]

    ELOQUNCIA

    Van Luchiarivanluchi.blogspot.com

    Fica aqui, dentro desse amor que no morre,no morre, no morre.

    Oi. Como ests?(Aos pedaos. uma confuso, sabe? Eu

    quero dizer-te que gostaria de ter, apenas por uminstante, esses teus olhos que me vem assim todiferente do que eu sei que sou por dentro. Ou nosei. Ou no tenho. Porque eu sou s esse meu abismobuscando asas. Apenas essa fresta escancarada napele... ferida aberta que no sara. Essa coisa emmetamorfose. E essa vontade de enar-me numacpsula e perder-me desse tempo que no meentende e me corri. Me corri, entende?

    Queria dizer-te dessa imensido mascaradaque eu trago escondida sob esse vu melanclico.Dizer-te que sou profunda, mas de uma profundezaintragvel, asxiante.

    Sou submersa. E no sei se um dia chegarei supercie de mim. E assim me fao porque o silnciome habita e sem ele eu no existo.

    Acostumei-me a ser essa solido disfarada

    de alegria. Vulnerabilidade vesda de fortaleza.Tambm preciso contar-te como to melhoro meu dia quando acordo longe de mim. Ou quandobebo caf fresco ou saboreio morangos ou descubrouma msica. E como me sinto viva quando deixo-memolhar pela chuva ou quando atravesso os minutossem que nada me machuque, nem eu mesma. Ecomo eu gosto quando no h espinhos nas coisas,nas pessoas, na vida. E dos pequenos prazeres queeu tenho nessas coisinhas dirias que cabem todas

    to imensas nas minhas mos. Entende?Eu queria que tu soubesses dessa blindagemque eu carrego em mim. Dessa capa que me protegee envolve corpo, alma, palavras, tudo. Essa cascaimpenetrvel com jeito invencvel, mas que pordentro chora e se desmancha.

    ... eu queria mesmo dizer-te que essa quevoc v da da altura dos teus olhos, , no fundo,uma nitude. Uma substncia etrea prestes adiluir-se e ser esquecida, porque nada mais do

    que um mero desvio de si mesma.Mas no fundo eu tambm queria pedir-te,voraz, com todo o meu silncio: no te desvies demim.)

    Estou bem, obrigada.

    DA CANO DO FIM PARA O COMEO POSSVEL

    Talita Prateshistoriadaminhaalma.blogspot.com

    Ouve, meu amor

    : eis que a Vida quis inaugurar em mim umanova vida e eu me assustei com a novidade.Preciso do tempo para fazer com que esse novo queconhecido e um pouco gasto e eu possa olh-lo commenos estranheza, e para isso imprescindvel certadose de solido.

    : nessa busca pungente e vital que tenhoempreendido pela minha verdade, descobri quepadeo do desconhecido do amor s sei dele o que

    minha fantasia foi capaz de inventar. No mais, s vepistas. E descobrir que at hoje eu s havia inventadoo amor me desesperou como ter verdo dor emvo, ter saudade do que nunca foi um desperdcioda vida (que o grande pecado).

    Mas agora houve a mudana, meu amor (?), eela veio de onde eu menos esperava de dentro domim (no mim existem coisas que o eu desconhece).Eu, at a to inexvel na estrutura, ousei desconstruir

    tanta coisa, ousei colocar a casa abaixo e visitar ovazio da ausncia dos pontos de apoio. Quesonei osdogmas que embalavam minha bonana e minha vidasegura. Para que?, voc se pergunta... Para poder mereerguer sozinha e nova e s e livre. Li-vre.

    E te confesso (como bom te confessar o queest alm da minha nudez bvia!) que tais descobertasme foram possveis graas ao desnudamento daprpria realidade (aaltheia to desejada?): os sonhosesto acordando, as expectavas vestem trajes maistransparentes e a fantasia tem se me apresentadocomo exceo, no mais a regra.

    O que eu quero? Eu desejo que o nosso amor(e a prpria Vida) seja possvel e tangvel, sem fbulaou expectavas de perfeio. No fao questo dealardes, mas de clareza. esse o meu desejo. Aindaque para isso a gente tenha que inventar o m: paraque o comeo seja real.

    preciso reinaugurar a nossa histria.

    (No sei se o que vou te dizer inveno, mas:eu te amo. Se o amor fosse uma escolha, eu escolheriate amar.)

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    23/29[23] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    VORAZ

    Andr Salvianoconfrariadostrouxas.blogspot.com

    Toca de tatu, lingia e paio, boi zeb

    Rabada com ang, rabo de saia

    Naco de per, lombo de porco com tutu

    E bolo de fub, barriga dgua.

    Aldir Blanc, Joo Bosco e Paulo Emlio

    Eu queria comer tanto, mas sem engasgar, euqueria comer demais. Vivia com fome, muita fome,a terapeuta dizia que os amores lights me fariambem Voc precisa se alimentar melhor, ela dizia. Eeu querendo carne sangrando, batata frita, feijocarregado de carne salgada, pernil bem temperado:

    alecrim, folha de louro, pimenta do reino, limo,cominho etc. Lombo de porco com tutu, torresminho,rabada com agrio. O que acontece com essas meninasde hoje? A maioria s quer saber de fast-food, eucava puto!

    Naquela noite eu nha bebido muito, alucinadodesci a rua da Lapa, chegando na Mem de S olhei pralua: cheia, linda. Eu vazio, um trapo. Uma menina deolhos verdes se aproximou, mas pra mim eram azuis,ela disse verdes duas vezes, eu connuava vendo

    azuis. Cigana? Talvez quisesse me enganar, dinheiro,levar pra cama. Paramos um tempo na esquina coma Gomes Freire, duas cervejas, dois Sampoerna dementa, uma piada, dois sorrisos sem graa. Subimosat a Riachuelo, entramos no Sinuca da Lapa. Cervejade garrafa. Porra, eu com tanta fome. No dia seguinte,por volta do meio-dia, notei que minha vida precisavamudar. Outros caminhos, andanas outras.

    Mandei um foda-se pra minha terapeuta,que se dignou a dizer Voc precisa de bons modos,menino! Mas eu preciso mesmo de Amor. Com Amaisculo, e que no me deixe morrer de fome, e queno me sacie apenas numa noite, ou duas.

    Eu quero um banquete. Cansei de migalhas.

    MOTIVOS PARA ODIAR UMA MARIAZINHA

    Flvia Queirozrelicariovazio.blogspot.com

    Mariazinhas... Desde pequena as encontropor a: aliciantes e astutas. Tem a perversa mania deaparecer na hora errada. Falam com leveza e simpaa,

    so espertas, s vezes bonitas e sempre odiosas.Pois , admito que sou daquelas pessoas passionaise susceveis. Tudo me tange. Leonina, ciumenta epassional. Uma juno explosiva.

    No gosto de quase nada. Mas tenho a terrvelnecessidade de me senr amada por tudo o quedesperta meu querer.

    A elas aparecem: as Mariazinhas. Muitas sechamam Joana, Natlia, Juliana ou sei l mais o qu...Mas todas so Mariazinhas!

    Aquele po de garota que compete semanunciar batalha (as piores!). Ligam no celular delequando a gente t discundo relao ou fazendoas pazes, esbarram "por acaso" e comeam paposinterminveis dos quais no fao nem ideia. Mandamrecados carinhosos e dbios. Me enlouquecem eainda so vmas.

    provvel que eu tambm j tenha sidouma Mariazinha na vida de alguma Flvia por a.Mariazinhas so inimigos disfarados em pele de

    pssego e com olhos brilhantes. Tem voz suave, e pelomenos por um instante, balanam o corao do caraque a gente gosta.

    Pois , a culpa sempre delas! Anal, ele suma pea... Nunca faria por mal... O cara de quem segosta sempre o prncipe encantado, mesmo que caiado cavalo branco enquanto cavalga ou que no tenhaum reino.

    Ele me ama! Mesmo que olhe pra algumamaldita Mariazinha por a, ou fale com ela do jeito queeu gostaria que falasse comigo. Ele perfeito e cheiode imperfeies (mas isso outra histria, talvez como tulo de "Joozinho").

    O Aniversrio de Bruxameixa

    de Madalena Barranco

    Breve!

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    24/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [24]

    talento para o futebol. Bem lembro, nas selees daeducao sica (nos tempos de colgio), quando dois

    colegas bons de bola escolhiam sistemacamente um aum para os seus mes, no raro era eu car por lmoe haver discusses, porque ningum me queria no seusta. E (maldio da Lei de Murphy!), os gordinhossempre guravam no me dos sem-camisa. Voltandoa mim... Recordo que na adolescncia os homens-machos comearam a despontar, ao passo que oshomens-no-to-machos comeavam a desapontar.Os machos j se ensaiavam com as garotas, enquantoos outros tendiam ao onanismo ritualsco.

    Interessante que os machos crescem primeiro, j,os outros, cam para trs e parece que nem paracrescer servem. Os machos fazem e acontecem e soo orgulho dos pais (maches frustrados, facilmentedesmoralizados pela me ou mulher). Ns, os no-to-machos, cvamos l, cabaleira da sociedadehipcrita, analisando, observando, testemunhandoa ascenso alheia... Tive trs amigos-machos nestapoca. O primeiro tornou-se operrio da construocivil. O segundo comeou a puxar fumo e, logodepois, a puxar etapas na penitenciria. O terceiro,hoje, anelinha. Connuamos amigos, mas porfora da conngncia social e cultural, deixamos deconviver. Minha primeira namorada s apareceu aos21, quando eu estava por me graduar em engenharia.Acredito que meus pais j mudaram (a contragosto)seu pr-conceito sobre o homem-macho frustrado noqual se tornou o seu lho. Se fosse hoje, certamente,pendurariam na porta da maternidade um esquadroou quem sabe? uma agenda e um relgio.

    ***O Analista de Bag seria o prossional ideal

    para terapeuzar o Homem-Macho. Depois de cincominutos sendo analisado, o tratamento ecaz viria tona como um golpe perverso: um chute nas bolas teu melhor remdio, vivente!. E o homem-machopagaria a consulta com sasfao...

    ***

    No aconselho a ningum, principalmente umhomem-no-to-macho a se auto-analisar. Corre orisco de acabar se concluindo.

    ***

    Ns homens (machos), j nascemos com a sinade ter de fazer bonito na vida. Geralmente, j somos

    recebidos ao nascer com apelidos de Campeo,Galo Cinza, Terror da Vizinhana... No raro,na porta do quarto da maternidade, pendurar-sechuteirinhas ou luvinhas de boxe. Mal nascemos e jnos projetam como dndis, comedores de rapaduras eraparigas, egocntricos e inis reis do puteiro. Este o esterepo do Homem-Macho, aquele que esbanjapiadas nas rodas de amigos, o que ostenta suasconquistas masculinas como se fossem trofus, aqueleque faz do sexo um esporte sem valor senmental,

    enm, aquele que praca obscenidades em pblicoe os outros aplaudem. No parece leve, pois, o fardoexistencial que espera o Homem-Macho que acaba dechegar ao mundo! Assustado com o cenrio cacoque o recepciona neste mundo carnal, logo que chega,sem saber que homem no chora, o recm nascidono resiste e pe a boca no mundo... Bu!

    ***Meu nome Rubens, esta foi a frase mais

    longa que o recm desencarnado ex-presidirio pdepronunciar diante de So Pedro O Porteiro do Cu.O engraado que do Cu (l de dentro do tosonhado paraso catolicista), cada vez que as portasse abriam vinha um rufo de som abafado; alis, somabafado e ar viciado, mido, enfumaado e quente.Uma longa la de espera se formava ali fora e SoPedro, um Drag King de cabelos neon, contava osenleirados e os vistoriava com uma passada de olhospor cima dos escalpos... Tu sim. Tu no. Tu sim. Tuno..., assim a la andava vagarosamente. Ali fora

    fazia frio. Era uma noite molhada. O limbo assim.,dizia um casal que parecia j ser experiente naquelasituao. Hostess! Lembra de mim?, gritou umhomem afeminado de meia idade que, pelo jeito, jquarava na la h um sculo. So Pedro o tou e disse:Tu no!. L dentro - dava para ver, cada vez que asportas se abriam, seres andrginos se movimentandomecanicamente com olhos ausentes, imersos numaatmosfera psicodlica, sincopada, minimalista e comiluminao estroboscpica ofuscante; mquinas

    carburadas com balinhas de Ecstasy. Sim! O Cu... Aviso do Paraso uma festa rave.

    ***Eu, Marcelo, no me tornei pugilista. Sequer ve

    O COMPLEXO HOMEM-MACHO

    Marcelo Sorianoyohoy.blogspot.com

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    25/29[25] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    H que se observar uma, nem to sul,diferena: no confundir (confundir, neste caso,equivale literalmente a trocar as bolas) homem-no-to-macho com macho-no-to-homem. evidenteque a inverso do jogo de palavras pode conduzir osujeito a um status de macho-oreado ou macho-arco-ris, que, na mais amena das hipteses do bocaa boca social, pode evidenciar complexos e rotulaes

    tradicionalistas, no a respeito do tamanho do pnis,mas quanto aos infortnios da fase anal.

    ***

    Para nalizar esta crnica conturbada e pseudo-

    autocrca, ouso relacionar algumas expressesque jamais devem ser arculadas pela boca de umhomem-macho complexado e legmo:

    Eu no bebo cerveja.

    Prero novela a futebol.

    A maioria das mulheres no vagabunda.

    Eu amo e sou el a minha esposa.

    Meu lho h de ser um sensvel e culto escritor.

    No reexo do monitor do laptop um rosto meiocansado.

    Dois traos bem fortes dos dois lados da boca. Eno meio da testa outra marca que parece que franziu,mas no franziu no.

    Parei o que estava fazendo, minimizei todasas janelas e me xei no contorno. Tentei relaxaros msculos entre osso do nariz, testa e tudo mais.Estavam relaxados.

    Me olhei por uns trs minutos s respirando. Asabedoria a arte de prestar ateno.

    Em mil momentos me detesto como se eufosse meu nico e maior inimigo. Em alguns raros eume idolatro como um sobrevivente de guerra faz coma liberdade.

    Eu no canso de viver, mas meu reexo, esseaqui na minha frente me diz que hora de parar.Parar de ir to longe e to alto sem saber cair. Pararde querer ganhar o mundo quando tudo que se tem s um monte de sensaes que o mundo no quernem saber o que e nem para o que serve. Outras

    REFLEXO DE MIM

    Taana Cavalcantacavalcan.com.br

    cinqenta vidas sero poucas e rasas para que eupossa aprender que ser over cafona para cacete eos humanos costumam cuspir no sapato dos cafonasemocionais.

    Eu acho bem mais fcil s ser. S que no pode,

    no cabe, quase falta de educao ou de inteligncia.E eu mudo o rumo das coisas para o reexo clarear.E eu dano uns tangos que eu acho dramcosdemais, mas se isso que tem, vamos l. Danar avida qualquer que seja a nota para celebrar a sortede ter um Renato. De cho, de teto, de cobertor, decmplice, de parceiro de um jeito que grande parte doUniverso no sabe como ser.

    s um dia qualquer em que eu me olhei comcalma e ateno.

    Um dia qualquer s que com mais rugas. s isso a vida. Um monte de boas experincias

    que viram marcas no corpo para a gente no ngir que possvel esquecer com meia dzia de botox e unssilicones espalhados por a.

    Meleca, a Bruxinha Sapeca

    de Marcos de Andrade

    Breve!

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    26/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [26]

    Italo Calvino escreve, em Seis propostas para oprximo milnio, que A literatura (e talvez somente a

    literatura) pode criar os ancorpos que cobam a expansoda peste da linguagem. Escritas pouco antes de suamorte - como se sabe, a sexta proposta no chegou a serterminada - para as Charles Eliot Norton Poetry Lecture(tambm comumente conhecidas simplesmente comoConferncias Norton) da Universidade de Harvard,as tais lies americanas repensam que conceitosliterrios deveriam ser culvados (e salvaguardados)no somente para o sculoXXI, como nossa mentalidade

    imediasta pode supor, maspara o milnio mesmo.

    No sei se Calvinorepensaria suas posies sevesse vivido ao menos a viradado milnio. Em 1985, aindavivamos uma ordem de coisasoriundas da primeira metade dosculo XX que, por bem ou pormal, de forma capenga, ditava

    condutas e pensamentos. Eucreio que ele repensasse, sim,ainda que reiterasse ainda maiscada um dos cinco valores que elearrolou para suas conferncias.Mesmo no vivendo a reviravolta que aconteceu nomundo da informao, com a disseminao da web, ele

    j pressena, com essa sensibilidade inata aos arstasem geral, o quanto a peste da linguagem j comeavaa se espalhar.

    E que peste essa? O que seria forte o suciente

    para contaminar as pessoas e as zesse crer queviver uma pobreza de signicados - disfarada de umsuposto enriquecimento de valores morais ou mesmo

    pessoais, em detrimento de toda a farsaque a co e a poesia produz, nos randodo caminho da redo... -, longe da leveza,da rapidez, da exado, da visibilidadee da mulplicidade, mais salutar do

    que viver a ressignicao domundo? O mais irnico,

    e talvez fosse esse omaior temor de Calvino, a capacidade de estapeste, como um vrusmutante, transformar-

    se em algo que frequentemente ilude os incautos,fazendo-os crer em uma redo que as livra de todoo embuste que s os que manipulam a linguagem sejam os poetas e/ou os escritores sabem fazer.

    Mas essa conversa anga e fatalmente nosremeteria aos anseios republicanos de Plato. Ou aorealismo socialista ou fala do general espanholMillan Astraya, aliado de Franco (que disse: sempre

    que me falam em Cultura, d-me vontade de pegar napistola); a verdade que a tal peste alastrou-se sob aforma do policamente correto, da falsa liberdade dalinguagem, enm, sem estar sob o poder dos donosdela outrora e nunca foram donos de coisa alguma,como diz Virgnia Celeste de Carvalho, minha amiga, ademocracia comea na linguagem.

    Mas, se o capitalismo cria a iluso de liberaralgo, como ironiza a Marilena Chau, cercando

    tudo com uma necessidade de

    funcionalismo absurda, e decerta forma concordamos quea escolha livre, e cada umbusca o que realmente quer,por que nos debruamos, nosdebatemos, nos revoltamoscontra aquilo que ao nosso ver reconhecidamente nocivoe enganador? Talvez porquereconheamos, ao menos ns,que nos propomos a escrevere a brincar com a linguagem,que no adianta somentebuscar funcionalismos ou atmesmo admir que a literatura

    em si no tem nalidade alguma. Calvino tanto sabiadisso que imaginou uma vez um castelo de desnoscruzados. Borges, os seus labirintos. Kaa, suasencruzilhadas. Vivemos no o da navalha a procurarvalores que delimitem e norteiem a nossa produoestca. O que renegamos, o que aceitamos? Dentro

    de tal pensamento, sensato , ainda que haja algumque julgue sensato tentar arrebanhar de qualquer jeitocoraes e almas, quase que como um proselismocamuado de certa prepotncia (Porque Literatura ISSO que eu fao!), viver sempre a repensar o que ofazer literrio. J recebi crcas ferozes por crerem queeu queria impor uma viso academicista e tradicionaldas coisas como houve quem cricasse o Calvinopelo mesmo crime. No por a. Quando paramospara reer verdadeiramente sobre um destes valores

    que o escritor italiano elenca em seu livro ou sobreoutras, quem sabe mais inerentes a ns vemos quea questo no um mero julgamento do que cabvele do que no . o quesonamento sobre o que sequer ver como algo programco, verdadeiro minarete

    lisson da hora

    repensando propostas

    O que renegamos, o queaceitamos? Dentro de tal

    pensamento, sensato , aindaque haja algum que julguesensato tentar arrebanhar

    de qualquer jeito coraes ealmas, quase que como um

    proselitismo camufado decerta prepotncia...

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    27/29[27] setembro de 2010 revista cultural novitas n 7

    lisson da Hora Mestrando

    em Teoria da Literatura UFPE

    a clamar pela presena das mentes deslambidas, queao invs de quererem fazer literatura querem mesmo aparecer desculpem a crueza e do que feitode forma espontnea. Espontneo porque no quercriar de fato um impacto maior do que capaz de criar.Ningum derruba castelo de cartas com uma granada.E o no programado, o que no se quer fazer modelarsalvaguarda uma das coisas mais primrias que se v

    lquido, apenas para usar um termo do ZygmuntBauman: o indivduo.

    Ao expor suas propostas, Calvino, ainda quemembro do Oulipo (a Ocina de Literatura Potencial,que dentre outros nomes tem consigo o Georges Perec,o Raymond Queneau, o Jacques Roubaud e o MarcelBnabou) que nunca se props a ser modelo de nada,alis, s a (re)pensar connuamente a literatura primou por lembrar exemplos individuais. Com o tempo,as escolas se desfazem ao peso da poeira e do juzo,

    e cam somente as obras. A peste da linguagem temhorror ao individualismo e autencidade. Fugindo daplanicao, dos programas, dos manifestos, que muitasvezes julgo ser apenas mscaras para um fascismo ou umesquerdismo manco ou no caso, agora, de um certoespalhafato em querer-se mostrar antenado ou mesmodescolado, o que ca o individual, aquela voz quesempre sufocada quando se mostra crca. Por issotalvez, que a crca tenha falido: ou foi calada pelas vozesque se proclamaram autocrcas, ou justamente porcalar vozes que cricavam essa propalada autocrca.

    Joo Cabral de Melo Neto disse sabiamente,ecoando o pensamento de outros grandes, que cadaum tem a sua prpria poca. E que dentro dela cadaum faz e refaz as suas regras, suas ideias, seus valores.Talvez falte a tantas pessoas que tentem fugir da pesteda linguagem a qual Calvino se refere esse pensamento. ter para si e somente para si tais regras. No adiantamais tentar perpetuar reunismos, imaginar escolinhasou movimentos. O movimento do eu. No com umegocentrismo bobo que no admite troca de ideias. Os

    indivduos interagem e repensam. A literatura precisamais disso, deste repensar, menos holofotes e factides.

    Caso contrrio, necessitaramos de umainnidade de milnios para a prxima proposta.

    Bibliografa:

    BAUMAN, Zygmunt. Vida lquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2007CALVINO, Italo. Seis propostas para o prximomilnio: lies americanas. So Paulo:Companhia das Letras, 1994.

    Virgnia C. Carvalho: casainabitada.com.br

    O tema literatura contempornea muitovasto, seriam necessrias muitas pginas, seriamlevantados muitos debates. Renando o tema, aindaassim, precisaramos de muito espao para analisara literatura contempornea, nesta altura e j agorarestrita ao nosso pas, pois tambm o mundo vasto,como dizia o outro.

    Ao passar para uma regio, ou para o espaode apenas um estado no caso, a minha Bahia posso retratar o que ocorre nos demais estados doBrasil, excetuando o famoso eixo Rio-So Paulo e,talvez, o Rio Grande do Sul, pois este lmo tem maisleitores e editoras, sendo visto como um estado que

    sabe usufruir de sua literatura.Em poucas palavras: o que ocorre na Bahia o

    seguinte: embora se saiba que a literatura brasileiranasceu na Bahia com Gregrio de Matos e os outrospoetas da poca, e se saiba igualmente de nomesfamosos como Castro Alves, Adonias Filho, JorgeAmado, a verdade que hoje no se tem conhecimentonos outros estados do que se vem fazendo de literaturada mais alta qualidade na Bahia.

    Principalmente nos lmos anos tem havido

    uma intensa avidade literria com vasta produo delivros, inclusive de novos autores que, infelizmente,por circunstncias de distribuio, no chegam slivrarias do pas.

    Fugindo da questo localista, procuro voltare pensar em uma abordagem mais interessante.Afunilando, pois, ainda mais, vrios caminhospoderiam ser tomados. melhor conservar a miradaem um ponto especco e trazer apenas a problemcaque procura localizar o lugar do escritor e o lugar doleitor nos dias atuais.

    O leitor, o grande leitor, ainda senta napoltrona, ou deita no sof, na cama, e abre seu grandelivro para desfrutar do prazer da grande literatura? Otexto literrio contemporneo entende, ou comporta,o grande leitor, o grande livro do grande escritor, agrande literatura?

    Atualmente, a chamada literatura produz livroscomo objetos de consumo, colocados nas livrariasem setores bem denidos: best sellers, auto-ajuda,infanto-juvenil, infanl etc, como nas gndolas dos

    supermercados, ou nas seces dos magazines. Talatmosfera afasta o leitor sensvel para no usar,mais uma vez, a expresso grande leitor.

    Em linhas muito gerais, foi desse modoque a literatura encontrou alternavas para fugir

    gerana damulakis

    literatura contempornea

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

    28/29revista cultural novitas n 7 setembro de 2010 [28]

    ganhou com a falta de preconceito em relao noapenas ao contedo (ao que assunto poco e ao queno ), ganhou, enm, com a falta de constrangimento.

    E mais: em ambas, na prosa e napoesia, os modos de linguagemesto totalmente de acordocom a cadncia mais acelerada,ou seja, com a velocidade em

    frases curtas, com a comunicaobreve, de forma a assemelhar-se com o cinema, quando at ospersonagens das narravas soformados, na mente do leitor,pelo que realizam em aes,dispensando pers psicolgicos.Poderamos concluir que hmaior parcipao do leitor paracompletar o texto? Creio que

    sim, mais do que nunca o leitor coautor.Ainda assim, a literatura connua associada

    s leis do mercado econmico, o qual, contas feitas,coloca em risco valores arscos; contudo, notrioque ela, a literatura, quer exisr e resisr s mudanasque o tempo vem velozmente impondo e segue emfrente, mesmo que fugindo de modismos, parapermanecer com o potencial e a realizao dessafora, a fora da arte literria.

    Procure os blogs que ofeream literatura de

    qualidade, separe o joiodo trigo, fcil idencar.Depois, resta aproveitar umaboa leitura.

    do esquema estanque que vinha engessando suaproduo. Acompanhando a escalada tecnolgica, aopo tomada pela literatura foi a internet. Podemtorcer o nariz para os blogs, mas nos blogs que encontramos aproduo literria contempornearealizada pelos escritores de todo oBrasil. A opo atende ao escritor e

    ao leitor.Muitos livros nasceram em

    blogs. Aqui, na Bahia, vrios desseslivros atenderam aos pedidos deseguidores dos blogs. E posso falarda emoo que, tanto o escritor,quanto seus leitores, experimentamno dia do lanamento. J emquatro ocasies, os blogueirosque colhem o material postado e

    passam este material para o livroimpresso, chegaram a criar outro blog, especco parao lanamento. Em suma: blogs foram construdosapenas sobre o livro, para divulgar o lanamento,para informar sobre o escritor, para fazer uma pr-venda. No dia da festa, os blogueiros se renem, oesprito o de um encontro de pessoas que sentemalgo em comum naquele instante, h muita alegria noar. A resposta, sendo to boa, vem incrementando aproduo literria e a leitura.

    Vale registrar que a prosa, na blogosfera, perde

    a verbosidade porque, tendo cada postagem umespao restrito para no espantar leitores (a maioriano gosta de ler textos longos na tela), isto acabouprivilegiando o miniconto, o microconto. J a poesia

    Gerana Damulakis escritora e crca literriaa

    Principalmente nosltimos anos tem havido

    uma intensa atividade

    literria com vastaproduo de livros,inclusive de novos

    autores que, infelizmente,por circunstncias de

    distribuio, no chegams livrarias do pas.

    Uma editora que investe em novos autores!

    Acompanhe nosso blog ( editoranovitas.com.br/blog) e twitter(@Editoranovitas). Fique por dentro de nossos lanamentos!

  • 8/8/2019 Revista Cultural Novitas N 7

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    andrea lucia barros

    resenha literria contos que ningum contaA ambio e arrogncia esto juntas nesseconto. claro que tudo vai depender doponto de vista do leitor, mas esse deve serconsiderado o melhor conto do livro. Ahistria encorpada e muito bem amarrada.Trata-se de um texto em que o pice, naverdade, no est no meio dele, mas, sim, notodo. Desde o incio o leitor cativado pelasimplicidade do texto e da narrativa. Mas melhor no alar muito porque ele realmentemerece a leitura.

    J Deus e o Diabo revela ladosinteressantes do ser humano e do mundoatual. Um dilogo aberto e rancoentre os dois personagens quedo ttulo ao conto se desenrolaem um bar. Um pobre ser comum pego para testemunhar o bate-papo. bastante divertido. Paraum autor, uma das coisas mais

    importantes conseguir amarrarum texto. Isso signiica conseguirconduzir a histria sem que hajaum erro qualquer. exatamenteisso que David az em Subumano.

    A histria, que parece despretensiosa, serevela mais complexa do que se imagina. Oinal um dos mais interessantes do livro.

    O livro alm de abordar temas

    variados interessante pela narrativa ardidade Nbrega. Ele no poupa palavras paradescrever cada lugar e personagem. Em suaobra os elementos que compem a narrativaso to bem articulados que cil ler umconto atrs do outro sem perceber que, aospoucos, o livro vai terminando. Uma belaleitura para um leitor que deve estar cansadode procurar algo dierente nas estantes das

    livrarias.

    Um livro de contos, para ser bom,deve contar com uma boa narrativa, bonspersonagens e boas histrias. Caso essamistura no acontea ele, com certeza, estaradado ao esquecimento. Pois so justamenteesses trs elementos que so encontrados nolivro Contos que ningum conta de DavidNbrega. Em seu livro, o autor consegue azercom o que leitor tenha muitas sensaes nodecorrer da leitura. Raiva, angstia, nojo, dor,sorimento, amor, alegria e elicidade. Todos

    esses sentimentos esto ali, nas palavras deDavid.Em Tardias relexes, o

    leitor encontrar uma histria cujanarrativa um soco no estmago. Atransormao (e degradao) pelaqual passa a personagem muitobem construda e os elementosque compem o conjunto so

    pereitos. Com uma outra tnica,Nbrega toma a loucura comoponto de partida para Amizades.Aqui, o texto revela o contrastede classes sociais e como a mentehumana pode ser pega de surpresa por seuspensamentos.

    O poder de escrever leva ao receptor amensagem codiicada, isto , o autor coloca

    no texto uma carga que, a sua maneira,poder remeter a determinado sentimento.Contudo, quando a mensagem revelada poroutrem se transorma em