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Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 1 Criação de Empresa: escritório de arquitetura e urbanismo especializado na revitalização e reabilitação de edifícios históricos para uso de novos empreendimentos no centro histórico do Recife Antigo 1 Camila Medeiros Mariangela Campana Concluintes do curso de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão do Mercado Imobiliário, FCAP-UPE Profª Derçulina Tavares Novais Orientadora RESUMO A pesquisa objetivou apresentar uma proposta de criação de um Escritório de Arquitetura e Urbanismo especializado na revitalização e reabilitação de edifícios históricos para uso de novos empreendimentos no centro histórico do Recife Antigo. Foram explorados fontes de natureza histórica, bibliográfica e documental, além de dados primários via entrevistas com diversos profissionais envolvidos nessa área específica de atuação. O levantamento realizado, além de revelar uma carência de mão-de-obra especializada nessa área, demonstrou que a revitalização dos edifícios decadentes é economicamente viável e rentável, desde que sejam atraídos novos investidores e novas atividades para o bairro. PALAVRAS-CHAVE: Gestão urbana, revitalização, patrimônio histórico ABSTRACT The research aimed to present a proposal of creation of an Office of Architecture and Town planning specialized in the revitalization and rehabilitation of historical buildings for use of new entrepreneurship in the historical centre of “Recife Antigo”. There were explored data of historical, bibliographical and documentary nature, besides primary sources based on interviews with several professionals engaged in this specific professional area.. The results showed that there is a lack of work specialized in this area, and that the revitalization of the decadent buildings is economically viable and profitable, as long as new investors and activities are attracted for the district. KEY-WORDS: Urban management, revitalization, historical patrimony 1 INTRODUÇÃO O projeto empresarial desenvolvido tem como objetivo principal a criação de uma empresa diferenciada no ramo da arquitetura: um escritório de arquitetura e urbanismo especializado na 1 Trabalho selecionado em 2008: PRÊMIO FCAP PROJETO EMPRESARIAL DE SUCESSO v. 2 jul./ago./set. 2009 ISSN 1982-2065

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Criação de Empresa: escritório de arquitetura e urbanismo especializado na revitalização e reabilitação de edifícios históricos para uso de novos

empreendimentos no centro histórico do Recife Antigo 1

Camila Medeiros Mariangela Campana

Concluintes do curso de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão do Mercado Imobiliário, FCAP-UPE

Profª Derçulina Tavares Novais

Orientadora

RESUMO

A pesquisa objetivou apresentar uma proposta de criação de um Escritório de Arquitetura e Urbanismo especializado na

revitalização e reabilitação de edifícios históricos para uso de novos empreendimentos no centro histórico do Recife

Antigo. Foram explorados fontes de natureza histórica, bibliográfica e documental, além de dados primários via

entrevistas com diversos profissionais envolvidos nessa área específica de atuação. O levantamento realizado, além de

revelar uma carência de mão-de-obra especializada nessa área, demonstrou que a revitalização dos edifícios decadentes

é economicamente viável e rentável, desde que sejam atraídos novos investidores e novas atividades para o bairro.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão urbana, revitalização, patrimônio histórico

ABSTRACT

The research aimed to present a proposal of creation of an Office of Architecture and Town planning specialized in the

revitalization and rehabilitation of historical buildings for use of new entrepreneurship in the historical centre of “Recife

Antigo”. There were explored data of historical, bibliographical and documentary nature, besides primary sources based

on interviews with several professionals engaged in this specific professional area.. The results showed that there is a

lack of work specialized in this area, and that the revitalization of the decadent buildings is economically viable and

profitable, as long as new investors and activities are attracted for the district.

KEY-WORDS: Urban management, revitalization, historical patrimony

1 INTRODUÇÃO

O projeto empresarial desenvolvido tem como objetivo principal a criação de uma empresa

diferenciada no ramo da arquitetura: um escritório de arquitetura e urbanismo especializado na

1 Trabalho selecionado em 2008: PRÊMIO FCAP – PROJETO EMPRESARIAL DE SUCESSO

v. 2 jul./ago./set. 2009 ISSN 1982-2065

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revitalização e reabilitação de edifícios históricos para uso de novos empreendimentos no Centro

Histórico do Recife Antigo.

Inicialmente, o projeto apresenta um breve histórico sobre os centros históricos urbanos e

suas características particulares que os tornam diferentes de outras áreas urbanas. Esta breve

caracterização serve de base para o capítulo seguinte que trata especificamente do centro histórico

do Recife Antigo, o bairro que foi escolhido como alvo inicial dos projetos da empresa. Neste

capítulo, fala-se um pouco da história do bairro e de sua privilegiada situação geográfica, além de

abordar o estilo de vida das diversas fases do bairro e as reformas urbanas que ocorreram em

concordância com grandes acontecimentos, como por exemplo, a invasão holandesa.

Em continuidade, trata-se do processo de revitalização do bairro do Recife Antigo, com as

primeiras propostas elaboradas na década de 70, com investimentos de diversas instituições, como o

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN, a Fundação pró-Memória e a

Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife – FIDEM. Após a

apresentação deste processo, conclui-se o histórico do bairro mostrando a situação do bairro do

Recife na atualidade, que impressiona pelo contraste entre um desenvolvimento econômico

crescente e a degradação das edificações históricas que dão respaldo ao nome do bairro.

Após a fundamentação teórica o projeto apresenta o método da pesquisa. Neste ponto, a

pesquisa, que além de ser histórica bibliográfica e documental, também utilizou uma pesquisa

exploratória de cunho qualitativo, focando uma entrevista com perguntas abertas com diversos

profissionais com envolvimento na área de atuação da empresa, como forma de verificar a

viabilidade da criação deste escritório especializado, apresenta também a análise dos dados obtidos

na pesquisa.

Em seguida vem a apresentação da empresa, com sua a caracterização que envolve

logomarca, localização e objetivos. Além disso, fala-se um pouco sobre o entorno de sua

localização, sobre os aspectos técnicos e administrativos da empresa e as estratégias de marketing a

serem implantadas.

Por fim, a conclusão do trabalho, baseada principalmente no resultado da pesquisa, mas com

uma forte influência da crença no potencial dos centros históricos urbanos como espaços

alternativos para novos negócios e para o desenvolvimento econômico de uma cidade, e não apenas

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pontos turísticos que se tornam obsoletos e degradados pelo descaso e falta de investimento do

poder público.

Os edifícios do passado eram projetados com um olhar sobre a perenidade, por isso os

materiais eram escolhidos segundo os critérios da resistência e durabilidade. Em contrapartida, a

arquitetura contemporânea vive uma era de incessante superação tecnológica de equipamentos,

onde - num breve espaço de tempo - inovações transformam-se em obsolescências. Desta forma, as

construções atuais não pretendem antever o porvir, apenas dão condições para que as novidades

sejam incorporadas ao longo dos anos, graças a uma flexibilidade proposta na infra-estrutura das

edificações.

Desde a instauração do império do computador, novas demandas se impuseram à base

estrutural de qualquer projeto. Para garantir que os prédios erguidos há décadas atrás não pareçam

velhos e inaptos às funções atuais, resta apenas recorrer a ações de reabilitação e revitalização,

baseadas no retrofit, um conceito surgido na Europa e nos EUA, que tem o objetivo de revitalizar

antigos edifícios, aumentando sua vida útil, através da incorporação de modernas tecnologias e

utilização dos mais avançados materiais.

O problema da pesquisa se caracteriza pela identificação de uma demanda por mão de obra

especializada na revitalização e reabilitação de edifícios históricos, viabilizando a criação de um

escritório de arquitetura especializado nesse nicho de mercado, desenvolvendo soluções inteligentes

para a viabilização física de novos negócios.

A escolha do local de atuação inicial da empresa foi delineada pelo seu histórico de reformas

urbanas e revitalizações e pelo desenvolvimento econômico dos dias atuais, que tem atraído novos

negócios ao bairro. Logo, percebe-se que o local é adequado para a instalação do escritório de

arquitetura por ser um laboratório e um gerador de oportunidades de trabalho para a empresa.

2 OS CENTROS HISTÓRICOS URBANOS

Os centros históricos urbanos têm características particulares que os diferenciam de outras

áreas urbanas. Apesar de muitos deles terem perdido suas funções tradicionais por processos de

estagnação econômica, criando uma distinção entre centro histórico e centro urbano, continuam

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sofrendo pressões por mudanças impostas pelas transformações políticas, econômicas, sociais,

espaciais e culturais.

São áreas que têm vida social e cultural própria, abrigam populações estáveis que a utilizam

para habitar, trabalhar, estudar e como local de lazer, circulação e de suas manifestações culturais e

religiosas. Também recebem os turistas e visitantes, usuários que são atraídos por seu patrimônio,

cultura e paisagem. É também uma área cultural por excelência, na qual se concentra a maioria dos

melhores exemplares arquitetônicos, dos espaços urbanos da cidade e as manifestações artísticas,

folclóricas e religiosas que traduzem a sua história e sua cultura (PINA, 1999).

Fonte: Tecnosolo

Figura 1 – Centro Histórico de Salvador, pólo cultural, turístico e comercial.

Segundo Benevolo (1984, p. 67), quando se conservam alguns edifícios antigos, no meio da

aglomeração atual das cidades, não existe mais o organismo da cidade antiga. Permanecem apenas

algumas construções e alguns ambientes isolados, em um novo organismo contínuo. Isso também

contribui para acentuar o contraste entre a cidade antiga que desapareceu e a recente, erguida em

seu lugar. O novo modelo urbano é incompatível com o organismo da cidade anterior e leva à sua

destruição, transformando suas vias antigas e dando nova interpretação aos edifícios antigos. Ao

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mesmo tempo pede emprestado à cidade antiga o prestígio formal que sente falta, razão pela qual

não leva a fundo a sua total destruição.

A especulação imobiliária agrava essa destruição e nada perdoa, principalmente quando se

tem notícia de abertura de processo de tombamento de edificações. Ocasionalmente ocorre o

tombamento literal, a demolição de casarões expressivos, a descaracterização de imóveis valiosos,

tudo em nome de um falso progresso (IANINNI, 1988, pg 20). Quando se enfrenta na prática o caos

urbano, a principal preocupação que se tem é com as constantes ameaças à integridade dos sítios

históricos urbanos e de seus elementos constitutivos, como os monumentos, o casario e a paisagem.

Fonte: Moura Dubeux

Figura 2 – Exemplo de descaracterização pela especulação imobiliária: antigo Hotel Castelinho, na praia

de Boa Viagem, quase imperceptível com a construção de 02 torres de apartamentos.

Em geral, os problemas dos centros históricos urbanos são praticamente comuns,

diferenciando-se na escala e nos fatores característicos de cada um, de cada região. O crescente

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aumento do interesse nos centros históricos, causa problemas como o aumento da população

residente e alterações nas edificações e na trama urbana, com a consequente destruição do acervo

edificado, trazendo profundas alterações na escala urbana, contribuindo para acelerar os processos

de degradação, agravados por gestões públicas inadequadas. Se por um lado se tem monumentos

aparentemente preservados, o conjunto do casario e a paisagem estão gravemente comprometidos

(BOSI, 1986; BOSI, 1987; BRASIL, 1998; INSTITUTO COLOMBIANO DE CULTURA, 1979).

Fonte: Sebastião Aquino

Figura 3 – Exemplo de preservação isolada de monumentos, Rua Barão do Rio Branco,

Recife Antigo.

A revitalização ou a reabilitação dessas áreas, não deve apoiar-se somente na atividade

turística para sua viabilidade e sustentabilidade, mas também nas demais potencialidades

econômicas de cada uma, com o interesse e a participação da população para assumir novos papéis

no mercado e na geração de capital. Deve-se avaliar a função do valor cultural das construções e seu

valor derivado da utilização que se pode fazer dela, e pelos novos valores adquiridos pela sua

conservação e manutenção, ocorridas pelas diferentes formas de apropriação do espaço na cidade,

assim como daquelas mudanças vinculadas as transformações produtivas e as respostas da

população local. Essas funções devem adaptar-se às necessidades sociais, culturais e econômicas

dos habitantes, sem causar prejuízo ao caráter específico do conjunto histórico, reafirmando o

conceito de função social do patrimônio habitacional (PINA, 1999; IPAC, 1995).

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Não se quer ‘cidades-museus’, nem cidades mortas, estagnadas e de casas desertas, nem

edifícios estruturalmente, funcionalmente e economicamente obsoletos, nem indesejáveis processos

de gentrificação em nossos centros históricos que afastam a população que faz a cultura do local, e

sendo impossível impedir a dinâmica urbana das cidades, é necessário encontrar soluções para

minimizar os danos causados pelas pressões por mudanças, preservando as naturezas dinâmicas e

multifuncionais dessas áreas históricas e conservando suas qualidades patrimoniais que formam

suas identidades distintivas (PINA, 1999; HARDOY, 1986).

3 O CENTRO HISTÓRICO DO RECIFE

3.1 Histórico do Bairro do Recife

O nome RECIFE vem da curiosa muralha natural de rochedos de coral ou arrecifes, que

corre paralela à costa. Ela protege o porto contra a força das ondas, ventos e tempestades. Foi neste

singular local na desembocadura do Rio Capibaribe, num estreito istmo (depois ilha), que a atual

cidade iniciou o seu povoamento.

Fonte: Recife Antigo por Eduardo Camões. Art Collection Editora

Figura 4 – Arrecifes

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Segundo os registros históricos encontrados, o bairro marítimo, Recife, por volta de 1548

era apenas um começo de povoado, formado por pescadores ou pessoas ligadas ao mar e contava

com três armazéns. Este povoado servia de porto para a cidade de Olinda. No início da

colonização, o Recife emerge como ponto estratégico para conquistas e comércio. A característica

de uma sociedade bélica que precisa se defender de ataques de piratas e conquistadores reflete-se na

presença de fortificações existentes ou reformadas até hoje, como o Forte do Brum, que teve sua

construção iniciada no ano de 1626 pelos portugueses. Foi conquistado em 1630 pelos holandeses,

que concluíram as obras do forte e com a expulsão dos invasores em 1654, foi reconstruído pelos

portugueses e permanece preservado até os dias atuais, abrigando o Museu Militar.

Fonte: Velhas Fotografias Pernambucanas 1851/1890 - Gilberto Ferrez

Figura 5 – Fotografia antiga do interior do Forte do Brum.

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Fonte: Fundaj

Figura 6 – Forte do Brum nos dias atuais.

Após a Invasão Holandesa surgem as construções de taipa atendendo a espontaneidade das

necessidades. Em 1637 uma população de 2.700 habitantes se estabelecia no Recife, que se

desenvolve pouco depois do abandono e incêndio de Olinda, indo até a Igreja da Madre de Deus.

Heróis e pessoas comuns imprimiram suas marcas nas ruas do Bairro do Recife, onde hoje sentimos

o passado.

A nova visão da formação de lucro, não mais condenável, mas desejável, fez desta nova

sociedade/cidade um grande centro comercial, onde se utilizava a moeda e um sistema de mercado

tão adiantado e efervescente como na Europa. Produtos como porcelanas orientais, sedas e

damascos aqui chegavam mudando os costumes de uma época. Construções, ruas e pontes eram

edificadas, como testemunhos da urbanização do período como no caso das ruas da Moeda, do Bom

Jesus e o Forte do Brum. No Século XVII o porto do Recife era o maior porto das Américas.

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Fonte: Velhas Fotografias Pernambucanas 1851/1890 - Gilberto Ferrez

Figura 7 – Porto do Recife

O comércio efervescente refletiu na expansão do bairro com aterros e pontes que ligaram e

solidificaram a ocupação do Continente. No decorrer dos séculos, a cidade se estendeu para lugares

chamados Santo Antônio, São José e Santo Amaro, hoje componentes do Centro Histórico. Após a

expulsão dos holandeses, Recife estava consolidada como centro de negócios e residências. Neste

período já existe referência à Casa da Moeda. Entretanto, Recife só será elevada a categoria de vila

em 1710.

Datam do Século XVII a construção dos sobrados portugueses com influência holandesa,

altos e estreitos, de altura variada, com 2, 3 e 4 pavimentos. No andar térreo desses sobrados

estavam os estabelecimentos comerciais, no primeiro andar escritórios e nos demais andares, as

residências. Os viajantes eram atraídos, quando de sua chegada pelo mar, por seus sobrados altos e

estreitos (diferentes dos existentes em outras cidades), pelas ilhas, pelas pontes e pelos rios. A

população que circulava pelas ruas era em sua maioria de homens escravos. As mulheres não saiam

às ruas, só de palanquins, e não chegavam à porta de casa durante todo o dia.

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Fonte: Longo Alcance

Figura 8 – Gravura de Luis Schlappriz, Rua da Cruz, atual Rua do Bom Jesus

O Recife do Século XIX era uma das principais cidades do Brasil. Lugar próspero

aumentando dia a dia em importância, opulência e, claro, em antigas rivalidades com Olinda. Estas

rivalidades e seu passado de lutas retardariam a concessão legal do título de cidade. A revolução

industrial na Inglaterra teve significativa repercussão em Recife, como cidade portuária. O livre

comércio entre as nações estreitas cosmopolitas gera mudanças nas relações físicas e nos costumes

da cidade.

O viajante Koster anota, em 1811, algumas mudanças do atual Bairro do Recife, "As casas

tinham sido reparadas e as rótulas foram substituídas pelas janelas com vidro e balcões de ferro. As

mulheres continuavam saindo de palanquins, mas com a vinda das inglesas, os passeios à tarde se

tornavam cada vez mais freqüentes". No tempo das procissões da Semana Santa, após as férias de

verão, quando as pessoas saíam para os arredores, as ruas se enchiam de gente com os círios acesos

ladeando as igrejas.

A partir do Século XIX a diferença entre portugueses e brasileiros se acentua. Algumas

restrições econômicas, como o monopólio e o comércio reservado aos reinóis associado a outras

causas sociais, desencadeiam movimentos emancipacionistas. Recife é um terreno fértil para

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rebeliões. Dada a persistência da tensão entre brasileiros e portugueses suas ruas foram testemunhos

de lutas para a independência brasileira, que culminaram na Revolução de 1817. Tais lutas

sucessivas retardaram a decisão de tornar Recife capital.

A expansão em fins do Século XIX se reflete na necessidade de melhorias do porto, na

construção do Teatro Apolo e na Torre do Observatório, hoje Torre de Malakoff.

Fonte: Velhas Fotografias Pernambucanas 1851/1890 - Gilberto Ferrez

Figura 9 – Arsenal da Marinha e Torre Malakoff

No início do Século XX, a partir das demandas do Brasil republicano, foram feitas reformas

no Porto e no setor sul do Bairro do Recife, um prenúncio das mudanças que ocorreriam ao longo

do século com o advento dos ideais de desenvolvimento e progresso que privilegiariam a destruição

de vários edifícios emblemáticos do Bairro do Recife e do Centro Histórico como um todo.

Assim o Século XX é caracterizado por reformas e demolições em busca de modernização.

No Bairro do Recife inicia-se uma época de abertura de avenidas e construções modernas.

Desaparecem construções pioneiras como a Igreja do Corpo Santo um dos maiores e mais antigos

templos da cidade e a Rua da Cadeia. Em seu lugar surge um novo traçado urbano dominando dois

grandes bulevares, calçadas decoradas (há cerca de 15 padrões variados), quadras tipo ferro de

engomar e edifícios ecléticos apelidados de "bolo de noiva".

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Fonte: Fundaj

Figura 10 - Reforma do Porto do Recife, meados da década de 20

Fonte: Jornal do Commercio

Figura 11 – Bairro do Recife Antigo nos dias atuais

O Bairro do Recife se consolida como área boêmia da cidade, com prostíbulos famosos,

boates e diversas entidades financeiras que constroem a identidade do bairro. Em meados do Século

XX, entretanto instala-se no Bairro do Recife um processo de deterioração física e desaquecimento

funcional que só seria revertido seguindo uma tendência internacional pós-guerra de recuperar e

requalificar centros históricos.

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Fonte: Vida Simples

Figura 12 – Processo de deterioração física do Recife Antigo

O final da década de 70 é marcado pela preocupação com o passado na memória, não só em

Recife, mas em todo o país (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, entre outros). Aqui essa

preocupação é refletida na elaboração de um Plano de Preservação dos Sítios Históricos da Região

Metropolitana do Recife, o que desencadeará na criação de uma legislação específica de

preservação (Lei n°.13.957/97), incorporada na Lei de Uso e Ocupação do Solo da Cidade em 1983.

A ação concretizada de todo esse espírito de manutenção e preservação da memória de

lugares históricos encontrará sua expressão materializada em 1987 com o Plano de Reabilitação do

Bairro do Recife. A partir de então a continuidade de ações voltadas para empreender a preservação

de nossa memória se tornou prioritária.

Atualmente em busca de adaptar o passado às condições da vida contemporânea e

confrontando as mudanças da atualidade, o Bairro do Recife tem sido prioridade do poder público

para diversificar empreendimentos e a promover o turismo. Hoje o bairro salvaguarda seus valores

históricos, seus tesouros artísticos aliado ao charme do bom viver por suas ruas. Afinal o Bairro do

Recife é o berço da cidade, onde tudo começou.

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3.2 O Processo de revitalização

As primeiras propostas efetivas de revitalização no Bairro do Recife tiveram origem nos

programas de conservação dos sítios históricos elaborados ainda na década de 70, devido a grande

investida institucional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e da

Fundação pró-Memória.

Em 1976, a Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife -

FIDEM, elaborou o Plano de Preservação dos Sítios Históricos da Região Metropolitana do Recife -

PPSH/RMR. Tratava-se de tentar integrar os sítios históricos num complexo processo de

desenvolvimento e não de excluí-los como se fossem "santuários", de uso restrito. Desse plano,

resultou um grande cadastro que identificava 109 sítios históricos, urbanos e rurais, nos nove

municípios que então formavam a Região Metropolitana do Recife. Cada um destes municípios se

ocuparia, a partir da conclusão desse Plano, de desenvolver projetos específicos de preservação de

cada um dos seus sítios identificados.

A Prefeitura do Recife modificou radicalmente a Legislação de Uso e Ocupação do Solo da

Cidade (Lei n° 14.511/83) e incorporou a Lei nº 13.957 em setembro de 1979. A partir desta Lei, o

Prefeito pode declarar a instituição de 31 sítios históricos de preservação e de suas zonas de

proteção. Também foi criado o Departamento de Preservação dos Sítios Históricos - DPSH,

vinculado à Empresa de Urbanização do Recife, com as atribuições de realizar estudos, projetos e

levantamento referentes à área de preservação e, mais importante, atuar como instância de análise

de projetos arquitetônicos e de fiscalização de obras nesses sítios históricos.

A ação de preservação evoluiu a partir de 1986, quando deslocou para o centro da cidade,

uma equipe técnica multidisciplinar que conduz o Plano de Reabilitação do Centro Expandido

(Santo Antônio, Santo Amaro, São José, Boa Vista e Bairro do Recife). No ano seguinte foi

deflagrado o Plano de Reabilitação do Bairro do Recife. Nesta ocasião, da área total edificada do

Bairro do Recife, apenas 30% encontrava-se efetivamente ocupada. A instalação do Escritório

Técnico do Bairro do Recife, "in-loco" visa à recuperação desses espaços.

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A adesão da esfera estadual a esta etapa do processo, consubstancia-se através da Agência

de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco - AD/DIPER, com o plano de

incorporar a economia e o desenho urbano à prática do planejamento urbano. Trata-se de um plano

abrangente de reestruturação urbana que propõe e lança as bases para os pólos de ação: Bom Jesus,

Alfândega e Pilar. A partir de 1993 foi lançado um projeto de impacto que concentra as ações na

Rua do Bom Jesus e ao seu entorno, espaço mais antigo da cidade, cujo traçado remonta ao Século

XVII. O Projeto Cores da Cidade, em parceria com as Tintas Ypiranga e a Fundação Roberto

Marinho, promoveu a recuperação e as pinturas das fachadas, introduzindo um cromatismo que

destaca e explicita a riqueza de composições das fachadas ecléticas.

Fonte: Geocities

Figura 13 – Fachadas da Rua do Bom Jesus, Recife Antigo após a recuperação.

As estratégias de ação concentraram-se então, na criação de incentivos fiscais, na elaboração

e aprovação de Plano Específico de Revitalização, em consonância com a Lei Orgânica do

Município, com o Plano Diretor da Cidade e, principalmente, com a definição de um modelo de

gestão que proporcione um desenvolvimento local com bases sustentáveis.

A Prefeitura, através da Lei nº 16.290/97 (Plano Específico de Revitalização da Zona

Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural 09 - Sítio Histórico do Bairro do Recife),

define para o Bairro do Recife, três setores em função de características espaciais, compreendendo o

Setor de Intervenção Controlada, o Setor de Consolidação Urbana e o Setor de Renovação.

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Foram ainda definidos cinco pólos de interesse, unidades de caráter temporário, que

possibilitarão planos estratégicos e específicos, são eles: Pólo Bom Jesus, Pólo Alfândega, Pólo

Pilar, Pólo Arrecifes e Pólo Fluvial. Foi criado o Fundo de Revitalização do Bairro do Recife para

prover de recursos orçamentários às diversas ações a serem implantadas. Hoje o processo de

revitalização do Bairro do Recife, conta com o apoio da opinião pública e do empresariado que têm

investido na área com novos empreendimentos.

3.3 O Bairro do Recife na atualidade

O bairro do Recife é o marco zero do Recife de onde começou toda a história da cidade,

possuindo uma beleza natural única e geograficamente bem localizado - perto de Olinda, Boa

Viagem, Ilha do Leite, contando também com um porto de passageiros. É um bairro marcado pela

história pernambucana nos seus edifícios, no seu traçado urbano, seus moradores e usuários, e

configura-se como palco de acontecimentos culturais e tecnológicos, destacando-se cada vez mais

como um pólo de negócios.

Fonte: Skyscrapercity

Figura 14 – Vista aérea do Bairro do Recife Antigo

Mas apesar de sua importância e potencial latentes, ainda se encontra numa situação longe

do ideal, marcada principalmente pelo estado degradado de muitos edifícios. Isto se deve a diversos

fatores políticos e sociais que levaram ao esvaziamento dos bairros mais antigos do Recife e

consequentemente a sua degradação, entre eles: a mudança nas áreas de interesse da economia, o

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surgimento dos shoppings centers, a falta de estacionamento e a diminuição do movimento do Porto

do Recife.

Contudo, nos dias atuais alguns movimentos indicam que pode haver uma mudança

significativa nesse cenário. Este processo de mudança deve ser iniciado pelo Bairro do Recife

Antigo, local agora de dois importantes portos, o marítimo e o digital, este último responsável pela

presença de 120 empresas e 4.000 colaboradores no bairro atualmente. Este fator oxigena o

comércio local e atrai novos investimentos para o centro, criando uma perspectiva de crescimento.

Uma prova disso são as várias iniciativas de investimento no bairro, como a decisão da nova

direção do Shopping Paço Alfândega em retomar as obras do famoso edifício Chanteclair, que será

um grande centro cultural com sete salas de cinema e restaurantes. A nova direção do shopping

também estuda a possibilidade na mudança do seu perfil de empreendimento, que pode vir a abrigar

lojas de departamento, acreditando que assim irá atender melhor aos usuários e com isso, aumentar

o volume de comércio.

Fonte: Skyscrapercity

Figura 15 – Shopping Paço Alfândega com Edifício Chanteclair ao fundo.

Outro exemplo de investimento é o primeiro empreendimento residencial da construtora

Moura Dubeux Engenharia no Bairro do Recife Antigo, com 2 torres de apartamentos de 37 andares

cada uma. É um empreendimento que gerou muita discussão e que já causa um grande impacto na

paisagem horizontal do Recife Antigo, mas que deve movimentar a área de forma diferenciada,

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atraindo outros tipos de serviços necessários à moradia. Além disso, a mesma construtora junto com

a Queiroz Galvão e a GL Empreendimentos adquiriram uma área de 101 mil metros quadrados no

Cais José Estelita, próximo às duas torres, onde pretendem construir um complexo com edifícios

residenciais, empresariais, flats e cinemas, utilizando os galpões como área cultural.

Fonte: Pierre Lucena

Figura 16 – As duas torres de apartamentos da Moura Dubeux Engenharia.

É importante perceber também que outros investimentos estão sendo feitos nos bairros

vizinhos, como a instalação de faculdades no bairro de Santo Antônio e a previsão para

investimentos em habitações sociais no bairro de São José, o que contribui para uma valorização do

Centro do Recife como um todo.

Com todos esses acontecimentos configura-se um novo cenário no bairro do Recife Antigo.

É um cenário de desenvolvimento, dinâmico, no qual se percebe a necessidade de soluções que

acompanhem as reais demandas dos novos usos que se instalam no bairro. Assim como foi

desencadeado o processo de degradação, sabe-se que estas soluções também dependem de fatores

sociais e políticos, além do interesse do empresariado, porém tem-se ciência de que a arquitetura e o

urbanismo é um forte aliado para a revitalização e reabilitação dos edifícios, que vai além de pintura

de fachadas, e que contribui para uma ordenação urbanística do bairro.

Assim, identifica-se como uma oportunidade de negócio a criação de um Escritório de

Arquitetura e Urbanismo especializado na revitalização e reabilitação de edifícios históricos que

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esteja comprometido em suprir a demanda de cada nova empresa ou empreendimento e com a

preservação destes edifícios, através de soluções inteligentes e atraentes.

4 MÉTODO DA PESQUISA

Para sustentar a viabilização de um Escritório de Arquitetura especializado na revitalização e

reabilitação de edifícios históricos situado no bairro do Recife Antigo, foi feita uma pesquisa

histórica bibliográfica e documental sobre os centros históricos e sobre o centro histórico do Recife

Antigo, além de uma pesquisa exploratória de cunho qualitativo, focando uma entrevista com

perguntas abertas com profissionais diferenciados, mas que possuam envolvimento na área, como

por exemplo: arquitetos, engenheiros, empresários e corretores imobiliários.

Para que a coleta de dados respondesse adequadamente aos objetivos da pesquisa, as

perguntas foram focadas no estado de degradação dos edifícios e no desenvolvimento econômico do

bairro. Em relação aos participantes, alguns critérios foram observados no que diz respeito ao seu

perfil: (i) estar inserida no mercado imobiliário, tendo conhecimento das especulações o mesmo

envolve e (ii) ter conhecimento dos serviços que podem ser oferecidos por um escritório de

arquitetura e urbanismo para a reabilitação de edifícios.

A entrevista foi feita com o envio do questionário via e-mail para 7 profissionais das áreas

descritas no primeiro parágrafo, sendo que foram obtidas respostas de 5 entrevistados. A Tabela 1

apresenta a caracterização dos entrevistados.

Tabela 1 – Caracterização dos entrevistados

Entrevistados Profissão Segmento da Empresa

A Arquiteta e Urbanista Projetos de Arquitetura

B Arquiteto e Urbanista Projetos de Arquitetura

C Empresário Vendas e Aluguéis de Imóveis

D Corretor Imobiliário Vendas e Aluguéis de Imóveis

E Engenheiro Civil Construção Civil

Fonte: Dados provenientes da pesquisa.

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4.1 Análise dos dados

Com o intuito de obter informações para a análise e interpretação dos dados em relação aos

objetivos propostos pela pesquisa, foram resgatados alguns dos excertos das entrevistas realizadas

com os profissionais citados no item anterior, contendo os posicionamentos e as observações mais

relevantes.

4.1.1 Relação entre o estado de conservação das edificações e o desenvolvimento econômico do

bairro do Recife Antigo

De acordo com os entrevistados, verifica-se uma unanimidade no que diz respeito à relação

entre o estado de conservação das edificações e o desenvolvimento do bairro do Recife Antigo.

Todos têm a opinião de que a degradação existente no bairro dificulta o seu desenvolvimento, como

pode ser ilustrado pelos seguintes comentários:

(...) a degradação é um fator negativo para o desenvolvimento da área, por gerar a falta de

interesse de investidores em áreas comerciais ou turísticas (entrevistado A).

(...) se as edificações estivessem em melhores condições seria mais atrativo para as empresas

se instalarem já que teriam menos custo inicial, pois contariam com uma infra-estrutura

existente (entrevistado B).

(...) é uma reação natural do ser humano a rejeição a qualquer coisa mal cuidada, largada e

degradada, principalmente para ocupação comercial /empresarial onde estes quesitos são

fundamentais (entrevistado C).

(...) o desprezo do poder público aliado à falta de investimento da iniciativa privada tem e

muito colaborado para a degradação de um dos mais importantes legados da história de

Recife. A falta de um planejamento estratégico entre esses dois entes dificulta o

desenvolvimento sócio-econômico daquele local (entrevistado D).

(...) um ambiente bonito e confortável fornece tranquilidade e bem-estar favoráveis à

negociação (entrevistado E).

Os entrevistados apontam como principal fator causador desta degradação a falta de

interesse do poder público, principalmente no que diz respeito à infra-estrutura do bairro. Além

desse fator principal, também apontam outros fatores bem diversificados, como a falta de

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investimento da iniciativa privada, a falta de interesse dos proprietários, a escassez de

estacionamento de veículos e a falta de segurança.

4.1.2 A reabilitação dos edifícios degradados como oportunidade para novos negócios no bairro do

Recife Antigo

Quase todos os entrevistados concordam que a reabilitação dos edifícios degradados pode

ser uma oportunidade para a atração de novos negócios e empreendimentos diversificados para o

bairro, como demonstram os posicionamentos a seguir:

(...) esta ação despertaria o interesse em investimentos para o local, sendo assim, uma

importante ação para o desenvolvimento da área (entrevistado A).

(...) sim (...) encontrar edifícios já prontos pra receber um empreendimento evitando maiores

custos iniciais seria mais atrativo (entrevistado B).

(...) quase todas as cidades no mundo onde este fato aconteceu as regiões revitalizadas

explodiram em desenvolvimento e valorização, porem é necessário não só a reabilitação,

como também que se façam as infra-estruturas necessárias (entrevistado C).

(...) com a revitalização e criação de infra-estrutura há uma natural valorização e

conseqüente atração de novos negócios. (entrevistado D).

Porém, segundo o entrevistado B, a própria localização do bairro em questão já subsidia

investimentos.

5.1.3 A viabilidade da criação de um escritório de arquitetura especializado na revitalização e

reabilitação de edifícios históricos no bairro do Recife Antigo

Em relação à viabilidade da criação da empresa proposta pela pesquisa, todos os

entrevistados responderam que sim, é viável a criação de um escritório de arquitetura especializado

na revitalização e reabilitação de edifícios históricos com foco inicial no bairro do Recife Antigo,

como se pode verificar em alguns relatos:

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(...) uma empresa de arquitetura com esta especialização garantiria o desenvolvimento de

projetos com a responsabilidade de manter a identidade do local, preservando a História do

Bairro, fator bastante relevante para estas ações (entrevistado A).

(...) pode se tornar viável pelo domínio da legislação local e o consequente trânsito nas

relações com o poder legislativo, porém necessita de muita expertise, uma vez que existem

empresas gigantes no mundo especializadas neste segmento e que arquitetura é apenas uma

divisão das mesmas (entrevistado C).

(...) é viável porque existe nicho de negócio definido: público consumidor, fornecedor e

concorrência. No entanto a amplitude deste negócio deve exigir uma equipe

multidisciplinar: parceria com advogados especialistas, órgãos públicos e comunidade local

(entrevistado E).

5 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

5.1 Caracterização da empresa

Empresa: Revita Soluções Inteligentes

Localização: Avenida Barbosa Lima, n° 149, sala 315, bairro do Recife Antigo, Recife-PE

Logomarca:

Objetivo Geral: Desenvolver projetos de arquitetura que revitalizem e reabilitem os edifícios no

Centro Histórico do Recife Antigo, com foco em sua modernização.

5.2 Entorno

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Fonte: Google Maps

Figura 17 – Mapa de localização da empresa no Bairro do Recife Antigo.

O local de instalação da empresa baseou-se na escolha de um local estratégico, inserido no

bairro do Recife Antigo por ser o local em potencial a ser trabalhado inicialmente. Por isso, foi

escolhido um dos mais antigos edifícios do bairro do Recife Antigo, o Edifício Alfredo Fernandes,

que passou por uma grande reabilitação, transformando-se num importante edifício empresarial,

porém mantendo muitas características originais.

A empresa será localizada na Avenida Barbosa Lima, n° 149, próxima a Avenida Rio

Branco e entre as Ruas do Apolo e Rua da Guia, locais de referência no bairro. No mapa acima

pode ser identificado o local exato da empresa a partir da indicação de um balão com a letra A.

5.3 Aspectos técnicos

A empresa preocupa-se em oferecer serviços e produtos de alta qualidade e com perfil

flexível, apresentando aos clientes diversas oportunidades de negócio, desde uma simples

consultoria até um projeto arquitetônico completo. Para isto foi preciso pesquisar junto aos clientes

e ao mercado, para entender melhor as necessidades não satisfeitas, as demandas latentes e as

tendências futuras.

Partindo deste princípio, foi definido um conjunto de serviços que possam ser percebidos

pelos clientes como benefícios e que façam uma diferença relevante na hora da contratação dos

serviços, em relação aos concorrentes, como pode ser verificado na listagem abaixo:

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Pesquisa histórica do edifício a ser revitalizado;

Consultoria no desenvolvimento do projeto de revitalização do edifício;

Projetos de arquitetura e engenharia (ambientação, construção e demolição, estrutura,

elétrica, hidráulica, iluminação, etc.);

Recuperação de fachadas;

Acompanhamento e fiscalização de obras.

5.4 Aspectos administrativos

6.4.1 Estrutura organizacional (layout + recursos humanos + organograma)

A empresa será uma sociedade limitada, composta por 02 sócios-diretores, sendo um deles

responsável pela direção de projetos e o outro responsável pela direção comercial. Os sócios serão

também os responsáveis pela atração de novos negócios para a empresa e pela condução destes até a

sua aprovação.

Os recursos humanos da empresa serão inicialmente supridos com 06 colaboradores de

diferentes áreas, formando uma equipe multidisciplinar e participativa, sendo:

Tabela 2 – Equipe de Trabalho

01 Secretária;

01 Administrador;

01 Arquiteto;

01 Engenheiro;

01 Diretor de Projetos (sócio-diretor);

01 Diretor Comercial (sócio-diretor). Fonte: Dados provenientes da pesquisa.

Além destes profissionais, a empresa também contará com o apoio de serviços terceirizados,

como 01 auxiliar de serviços gerais e 01 técnico de informática.

O layout da empresa (Apêndice B) foi definido de forma a criar ambientes de trabalhos

propícios à criatividade e ao desenvolvimento de novas idéias, preocupando-se em fornecer

estrutura e materiais necessários ao pleno desenvolvimento dos projetos. Para isso, a empresa será

instalada numa área de 100m², subdividida da seguinte forma:

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Tabela 3 – Subdivisão física da empresa

Recepção + sala de espera;

Sala de Produção;

Sala do Financeiro;

Acervo Técnico + Biblioteca;

Diretor de Projetos;

Diretor Comercial;

Copa. Fonte: Dados provenientes da pesquisa.

Por estar localizada em um edifício empresarial antigo do bairro, os sanitários foram

mantidos em seu local original (nas circulações, como área comum do edifício), objetivando a

preservação da estrutura do edifício.

5.4.2 Recursos materiais e financeiros

Os recursos financeiros utilizados na abertura da empresa serão cotas igualitárias dos sócios-

diretores, que somadas formam um capital próprio no valor estimado igual a R$ 200.000,00. Este

valor está baseado no custo total de abertura da empresa, que está estimado em R$ 80.000,00, sendo

R$ 40.000,00 de custos mensais e o restante de custos com a infra-estrutura, com um capital de giro

de quatro vezes o valor dos custos mensais.

O custo mensal estimado da empresa com a folha de pagamento dos colaboradores será de

R$ 35.595,26, de acordo com a tabela a seguir.

Tabela 3 – Folha de Pagamento

Secretária (salário mínimo + VT) R$ 546,40

Administrador R$ 2.500,00

Arquiteto R$ 2.500,00

Engenheiro R$ 2.500,00

Diretor de projetos (sócio) R$ 4.000,00 (pró-labore)

Diretor comercial (sócio) R$ 4.000,00 (pró-labore)

FGTS R$ 160,92

INSS R$ 965,57

Férias R$ 10.672,24

13° Salário R$ 7.965,00

TOTAL R$ 35.810,13

Fonte: Dados provenientes da pesquisa.

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Além da folha de pagamento, a empresa terá custos mensais com prestação de

serviço, como pode ser visualizado na tabela seguinte:

Tabela 4 – Prestação de serviços

Auxiliar de Serviços Gerais R$ 40,00/dia

Técnico de Informática R$ 250,00/mês

TOTAL Variável

Fonte: Dados provenientes da pesquisa.

Já o custo mensal da empresa com infra-estrutura está estimado em R$ 3.855,00 e está

discriminado na Tabela 5.

Tabela 5 – Infra-estrutura

Aluguel Salas (02 salas) R$ 700,00

Condomínio (02 salas) R$ 400,00

Telefone Fixo + Internet R$ 350,00

Celular Recepção R$ 250,00

IPTU/CIM/Bombeiros R$ 430,00

Energia R$ 350,00

Serviços Reprográficos R$ 100,00

Manutenção equipamentos/móveis R$ 100,00

Manutenção software/internet R$ 200,00

Refeições e similares R$ 100,00

Correios e similares R$ 50,00

Material de consumo R$ 250,00

Material de expediente R$ 150,00

Serviços contábeis R$ 250,00

Segurança R$ 125,00

Assinaturas e similares R$ 50,00

TOTAL R$ 3.855,00

Fonte: Dados provenientes da pesquisa.

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Inicialmente a empresa precisará investir em recursos materiais necessários para

o bom funcionamento da sua infra-estrutura. Este investimento inicial está estimado em R$

37.569,00, e está detalhado na Tabela 6.

Tabela 6 – Recursos materiais

Item Valor

05 computadores de mesa ligados em rede R$ 5.000,00

02 notebooks com acesso à rede R$ 4.000,00

01 multifuncional ligada em rede R$ 400,00

01 impressora laser ligada em rede R$ 649,00

06 estações de trabalho R$ 6.000,00

06 cadeiras de escritório R$ 1.200,00

03 cadeiras para sala de espera R$ 600,00

01 prancheta com régua paralela R$ 300,00

01 aparelho de telefone fixo R$ 100,00

01 aparelho de fax R$ 300,00

Internet rápida R$ 200,00

01 câmera digital R$ 800,00

01 mesa de reunião R$ 4.000,00

08 cadeiras de reunião R$ 2.400,00

01 TV LCD 42” R$ 3.000,00

01 aparelho de DVD R$ 120,00

Mobiliário para livros, revistas, arquivos R$ 3.000,00

Mobiliário para amostras de material

construtivo

R$ 1.000,00

Mobiliário para escritório R$ 3.000,00

01 microondas R$ 300,00

01 cafeteira R$ 100,00

01 frigobar 500,00

01 mesa para copa R$ 300,00

03 cadeiras para copa R$ 300,00

TOTAL R$ 37,569,00

Fonte: Dados provenientes da pesquisa

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29

5.4.3 Cultura organizacional

Segundo Maximiano (1995), a administração participativa é uma filosofia de administração

de pessoas que valoriza a sua capacidade de tomar decisão e resolver problemas. Ela aprimora a

satisfação e motivação para o trabalho contribuindo para o melhor desempenho e competitividade

das organizações.

A partir deste conceito, decide-se que a cultura organizacional da empresa será uma Gestão

Participativa, onde os colaboradores terão a possibilidade de influenciar no processo da tomada de

decisão, de participar democraticamente, de defender seus pontos de vista sobre os investimentos e

outras formas de revitalização e reabilitação dos edifícios a serem trabalhados. A empresa ainda terá

uma avaliação e controle de 360 graus, onde cada colaborador(a) avalia todos os outros

colaboradores da equipe, em períodos quadrimestrais.

Também faz parte da cultura organizacional da empresa o incentivo à atualização dos seus

colaboradores, por meio de especializações, workshops, palestras ou qualquer outro evento que

agregue valores às atividades desenvolvidas no escritório. A empresa também estuda a

possibilidade de, no futuro, implantar um sistema de participação nos lucros e de flexibilidade de

horários, visto que se trata de uma equipe de profissionais e por ser uma atividade que não necessite

de cumprimento de horários à risca.

5.4.4 Missão, visão e estratégia

Missão: Oferecer soluções especializadas de arquitetura para a revitalização e reabilitação de

novos usos aos edifícios históricos.

Visão: Ser uma empresa de referência em projetos e soluções de revitalização e reabilitação

de edifícios históricos.

Estratégia: Conquistar o cliente através de forte estratégia de marketing com foco na

preservação do patrimônio histórico através de soluções inteligentes para a instalação de novos

negócios no bairro.

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5.4.5 Fluxograma

Fonte: Camila Medeiros e Mariangela Campana

Figura 18 – Fluxograma da Empresa

5.4.6 Marketing

Nos estudos sobre marketing, podem ser encontradas diversas definições para o termo, mas

duas destas definições chamaram a atenção pela clareza e guiaram a escolhas das estratégias a

serem aplicadas na empresa:

“Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo

de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços

de valor com outros” (KOTLER; KELLER, 2006).

“Marketing é a entrega de satisfação para o cliente em forma de benefício.” (KOTLER;

ARMSTRONG, 1999).

A partir destas definições conclui-se que as estratégias de marketing de uma empresa

englobam todo o conjunto de atividades de planejamento, concepção e concretização, que visam à

satisfação das necessidades dos clientes, presentes e futuras, através de produtos/serviços existentes

ou novos.

Na empresa em questão, o primeiro passo estratégico relacionado ao marketing foi o

desenvolvimento da marca, para que a empresa possa se posicionar no mercado frente à

Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009

31

concorrência. O objetivo da marca é que a empresa possa se tornar uma “referência” para os

clientes desta região ou setor de atividade na prestação de serviços em sua especialidade. Para isso,

foi elaborado um slogan (frase), que sintetiza a principal qualidade da empresa: Revita Soluções

Inteligentes.

Sabe-se também que um dos elementos mais importantes de uma marca é a credibilidade,

qualidade que a empresa pretende conquistar com competência técnica, relacionamento de

transparência e bom atendimento com seus clientes. (LIMA, 2008).

Após a definição da marca, a empresa utilizará outros elementos na sua estratégia de

marketing, como o telemarketing, um serviço que será executado rotineiramente por uma secretária

devidamente treinada, onde será organizado um cadastro de clientes, de forma a colocar todas as

informações sobre estes clientes, e os serviços que já foram prestados a eles. Será feito contato,

periodicamente, colocando os serviços e produtos da empresa à disposição.

Além disso, será utilizado um sistema de correspondência para enviar periodicamente

mensagem aos clientes, inicialmente via e-mail, por ser mais econômico. A correspondência serve

de apoio ao telemarketing, os dois são complementares. Esta comunicação cria um relacionamento

e mantém o cliente informado sobre a realidade da empresa.

Outra estratégia da empresa será o uso de material promocional, como o cartão de visita,

panfletos, placas de obra e o próprio material de escritório personalizado. O cartão de visita é um

elemento simples, mas poderoso na conquista de novos clientes. Todos os colaboradores da

empresa utilizarão esta importante ferramenta de marketing de maneira ativa e em todas as

oportunidades principalmente em eventos e reuniões que participar. Ele poderá ser importante para

conquistar novos parceiros e ampliar sua rede de contatos.

Os panfletos serão elaborados com a relação de todos os serviços prestados, e a descrição

da forma de trabalhar da empresa. Serão realçados os benefícios em relação aos clientes, e terão a

logomarca, slogan e telefone bem destacados. Este folheto será divulgado frequentemente, em

locais estratégicos, através de parceiros, de outros escritórios ou empresas de áreas complementares.

Assim como os panfletos, as placas de obra e o material de escritório terão destaque para a

logomarca, slogan e telefone da empresa.

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A empresa também utilizará a internet como ferramenta de marketing, através da elaboração

e publicação de artigos em sites, da utilização de blogs pessoais, da elaboração de um site da

empresa, da participação em diversas comunidades de profissionais e de muitos outros recursos que

a internet possibilita como o relacionamento com a sociedade. Este relacionamento será ser

desenvolvido através de contatos com a imprensa, publicação de artigos, propagandas em jornais,

opiniões, estatísticas, matérias informativas e sugestões que possam ser úteis ao seu público alvo.

Outra forma de relacionamento com a sociedade, será através da participação em entidades

de classe, associações comerciais e de negócios. Esta forma de participação possibilita travar

conhecimento com futuros parceiros e aumentar seu relacionamento interpessoal.

Um elemento extremamente importante para a estratégia de marketing de qualquer empresa

é o ótimo relacionamento com os clientes. Segundo Lima (2009), o bom relacionamento ainda é o

principal fator de fidelização, construção da marca e em consequência, do sucesso da empresa. Será

preciso desenvolver empatia com os clientes e comunicar as mensagens de maneira equivalente, ou

seja, o que o profissional falar para um cliente, deve significar o seu pensamento e suas ações.

Por fim, um dos principais desafios para novas e antigas empresas é o conhecimento do seu

mercado de atuação, através de estudos e pesquisas, para descobrir as tendências e as novas

oportunidades que estão se abrindo no seu ramo de atividade. Será preciso ficar atento ao mercado,

conversar com outros profissionais, ler as revistas especializadas do setor, participar de eventos e

congressos, pesquisar na internet, visitar sites de outros profissionais, buscar informações no

exterior e tentar habitualmente estar atualizado. Mantendo esta rotina de pesquisa, a empresa poderá

prever tendências e descobrir nichos de mercado, novas oportunidades de negócios e novas

necessidades de clientes que estarão surgindo. Agindo desta forma, a empresa estará se tornando

mais competitiva frente aos concorrentes.

6 CONCLUSÃO

A criação de um Escritório de Arquitetura e Urbanismo especializado na revitalização e

reabilitação de edifícios históricos para uso de novos empreendimentos no Centro Histórico do

Recife Antigo foi proposta, pois se acredita que a revitalização dos edifícios decadentes é

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economicamente viável e rentável, desde que sejam atraídos novos investidores e novas atividades

para o bairro, preservando o seu patrimônio através da consolidação de uma nova dinâmica.

Com base na coleta de dados e informações provenientes da pesquisa, foi verificada uma

relação estreita entre a degradação dos edifícios históricos e o baixo desenvolvimento do bairro do

Recife Antigo, o que está diretamente relacionado a falta de planejamento e de serviços que

agreguem a estas edificações os elementos necessários para a implantação ou a continuidade de

novos negócios ou empresas no bairro.

Por outro lado, a partir da análise e interpretações das informações coletadas, foi possível

conhecer a percepção dos profissionais da área em relação a empresa e aos serviços prestados,

proporcionando uma fundamentação relevante em relação ao processo de criação da empresa,

mostrando a sua viabilidade, e até uma necessidade de engajamento nesta área que é carente de

mão-de-obra e profissionais especializados.

Espera-se que a empresa venha a contribuir para a preservação do patrimônio histórico de

forma inteligente e contemporânea, adequando os edifícios às novas necessidades do mundo

moderno, garantindo assim a sua permanência na cidade, porém sabemos que para que isso

aconteça é necessário o comprometimento do Poder Público com a melhoria da infra-estrutura,

principalmente no que diz respeito a estacionamento, segurança e transporte, que tornariam o bairro

ainda mais atrativo.

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GLOSSÁRIO

Blog - é um site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados

artigos, ou "posts".

Centro histórico - sítio urbano localizado em área central da área-sede do município,

configurando-se em centro tradicional.

Conjunto histórico - sítio urbano que se configura em fragmento do tecido urbano da área-sede do

município ou de qualquer um dos seus distritos ou, ainda, sítio urbano que contenha monumentos

tombados isoladamente.

Gentrificação - é um processo no qual bairros fisicamente deteriorados sofrem intervenções de

renovação urbana com um aumento no valor da propriedade, junto com uma afluência de residentes

mais ricos que deslocam e substituem os habitantes originais do bairro.

Palanquim – rede suspensa em um varal, para transportar pessoas.

Revitalização – é o conjunto de medidas que visam criar nova vitalidade para um complexo

arquitetônico ou urbanístico, mediante novas formas de utilização.

Reabilitação – é o conjunto de medidas que visam restituir a um complexo arquitetônico ou

urbanístico, um grau de eficiência ou funcionalidade.

Reinol – português nascido em Portugal.

Retrofit – é um termo utilizado para designar o processo de modernização de algum equipamento já

considerado ultrapassado ou fora de norma. Em arquitetura o termo se refere a revitalizar e atualizar

as construções para aumentar a vida útil do imóvel, através da incorporação de modernas

tecnologias e materiais de qualidade avançada.

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Sustentabilidade – entende-se como um processo sistêmico, relacionado à continuidade dos

aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana, que cria hoje as

condições de sobrevivência do amanhã.

Telemarketing - termo inglês criado por Nadji Tehrani em 1982, designa a promoção de vendas e

serviços via telefone.

REFERÊNCIAS

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fatores que viabilizam a aceitação de novos produtos cerâmicos no mercado norte-americano.

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