Revista de poesia de combate

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POESIA DE COMBATE MODERNO 1ª Edição 2015 1

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Produzido pelo Movimento Literário Ensaísta Kamubukuane, Como incentivo de produção literária dos seus membros, direitos de autores reservados.

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POESIA DE COMBATE MODERNO

1ª Edição 2015

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POESIA DE COMBATE MODERNO

Em Africa não se desenvolve literalmente porque há uma limitação de consciência de saber e ate de ideias criativas quer metaforicamente, quer logicamente…

Para esse cenário das temos o destaque dos poetas africanos como José Craverinha, Noémia de Sousa, Rui Knofli, Rui de Noronha, Amílcar Cabral, Pepetela, Irmãos Albazine Kalunguana, Armando Guebuza entre outros no tempo de escravatura. Designou se o estilo e de escrita que evocavam como o de Poesia de Combate estilo esse que por tempo foi engolido pela nova abordagem do contemporaneidade e o livre modo de escrever poesia, que alguns escritores consagrados não aceitam e chamam de marginalização literária. Neste tempos também ainda existe a poesia de Combate também em Mocambique levado pelos novos poetas como Sanjo Muchanga, Narciso Baloi, Tshaka Waka Bantu, Nebern, Reis Julio Chane, Poeta Pensador, Cláudia Bento, Erica Chixava, Danyela Cristina da Silva, Oscar Fanheiro entre outros. Eles escrevem a nova Poesia de Combate movida com os novos acontecimentos como forma de chamar e alertar ao leitor o que talvez não consegue ver ou vê e não tem como chorar ou reclamar por opressão ao direito de liberdade.

Por Alvaro Danjo Reis

POESIA DE COMBATE

Estremece a terra e a roda giraNeste mundo terror que suspira

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POESIA DE COMBATE MODERNO

E gente eu vi morrer sem posturaAsfixiada no ar que respira.

E aqui a vida dança marrabentaO estatuto que o senhor ostentaTua agressão nunca me atormentaSenão a tua mente tão peçonhenta.

Eu choro e grito por liberdadeQue tu foges sempre a verdadeMinhas lágrimas em tua maldadeApenas por não ser mais cobarde.

Bala não mata a consciênciaNão cala a minha inteligênciaGritarei ao mundo, sua excelênciaTodos ouvirão a tua ignorância.

Sim, eu sou homem, tu és animalTirano, servo, seco e brutalFace limpa, mente canibalCompra o poder a preço infernal.

E minha única arma é a ciênciaDigo verdades com vilmenciaQue és razão desta violênciaE assim vens prestar condolência?

Mataste a mim, mas não o meu legadoQue está sempre ressuscitadoAté quando um próximo azaradoCruzar teu caminho agrosseras?

Matar-me-ás novamente, cobarde?E quantas mais balas meu confradeQuem calará esta comunidadeQue tanto quer a sua liberdade.

Nebern, 06/03/2015

AKM

O silencio que não calaram,Vozes gritam liberticidas

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POESIA DE COMBATE MODERNO

Nos berços do indico,Os mesmos que não mataramOutrora o cão tinhosoO gatilho puxou o opressor,Bum, piom, bum piom,Caiu o embondeiro da expressão,Eu e eles juntos de mãos dadasNa incerteza da desconfiançaPorque tentaste matar o Carlos Cardoso?Na mesma margem do Gilles Citac?Falhaste no Mondlane e no Machel,Cortaste o fio, às azagaias do povo,Tiraste do meu povo o candilarDos viventes, mas a semente já mais,A verdade foi e será a voz que não se cala.

IN: Rabiscos Dum povo Oprimido

(PP)

Dança Mulher

Dança moçaDança mulher

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Dança MoçambiqueLinda muthianaCom o rosto coberto de mussiroAmarra a capulanaRuma para Polana

Espalha a sua felicidadeDança mapico, xigubo e xisaisanaDança a tua cidade

Carrega o seu filhoMostra teu olhar graciosoContagia-nos com o teu sorrisoSegue a sua trilhaDança filha do campo

Mulher elegantePlanta a tua sementeMaputo, Pemba e TeteDança mulherDo Rovuma ao MaputoDo Zumbo ao indicoDança mulherDança Moçambique

Erica Chixava

ATÉ QUANDO?!

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Até quando o fio erguido nos meus olhos vai serpentear o meu rosto e desaguar nas enodoadas paginas da vida,

Minha terra mergulhada em tristeza pois o sangue banha desalmadamente os seios do seu inocente leito.

Até onde irão as vossas atrocidades?! Espezinham a nossa humilde esperança e amordaçam os que tentam alentar este país,

Se não é com uma facadavocês colocam-nos a delirar com uma chuva de balas.

Óscar Fanheiro

Mãe Também Sou Combatente

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Mãe, ainda se lembra quando mataram MondlaneDisseram que ele foi vítima da bomba no escritórioQuando fez 40 anos de sua morte, o cenário mudouAgora essa mentira não se estuda mais na 4ª classe

Mãe, ainda se lembra da morte de Samora MachelAinda não tem resposta do autor da sua morteMas há quem nos prometeu o assassino e não fezPorque podia ser ele mesmo ou seu comparsa torpe

Mãe, lembra também da morte de Urias SimangoDisseram que era o traidor da Pátria e eles quem sãoAs mensagens de condolências não trazem a vidaNem tão pouco o título de heroína vitaliza a ideia…

Mãe, Moçambique ainda não é independente vaquitiTem novos tiranos que comanda tudo aos dedosDecidem que morre e quem vive sobre as suas sombrasMataram a liberdade e trouxeram a insegurança nas ruas

Mãe, tenho medo de ser rico ao mesmo tempo ser pobreA minha espingarda já esta enferrujada para voltar a lutaAs correntes da liberdade voltaram a me acorrentarem.Desta vez acorrentaram a minha opinião como pessoa.

Sanjo Muchanga

Na Beira Sem Eira

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A politica vira macaquice,Quando loucos entendem a políticaPois assumem com burriceE nos faz acreditar na sua menteNos faz acreditar na sua temática

Na burrice da política nos pedem pessoas sãsEnquanto seus políticos são pessoas más,Nos inundam na progressão do saberE na progressão do saber aprendemosAprendemos o valor da liberdade,Aprendemos o valor da igualdade,Aprendemos o valor da irmandade,Aprendemos a ser Homens de verdade,Enfim... aprendemos a vida com vida!

Mas aí vem a políticaQue te oprime a acreditar na autocracia,Que nos prende do que aprendemos,Nos tira a segurança,Nos tira a pujança,E nos inculta a vingança!Nos tira o herói de informação, Cardoso!Nos tira o investigador, Siba-siba!Nos tira quem se fez irmão connosco, Cistac!

Onde vamos?Não sei,Mas tenho a certeza,Que ninguém destrói a liberdade,Ninguém destrói a verdade,Ninguém destrói a dor que nos abalaPor isso faremos do nosso grito a balaPara cada opressor do bendito professor, Cistac!

Chane/Reis Julio Chele. 05. Março. 2015.

Moçambique Perde As grandes perdasQue escondem verdades

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Sempre em horaDa grande revelaçãoAlguém tende morrer.

O que se espera?O que podemos esperar?O povo desconheceA verdade verdadeiraNos encantam com falácias.

Moçambique, Será que ainda podemos sonhar contigo?Por uma vida em paz?De Democracia e liberdade social?Choramos por cada morteQue acontecemDe grandes homens queLutaram para a Edifição De um Estado de Direito.

Nossos heróis Estão sendo mortos Como cãesPela simples causa De nos queremAbrir os olhos.

O Dr. Eduardo MondlaneSerá que foi mesmo mortoCom bomba???O papa Samora morto Num avião q ate hoje Não tem o culpadoO jornalista Carlos Cardoso, ate hoje não se sabe o verdade MandanteE, agora mais uma vezMais uma vez o nossoInocente MoçambiqueEsta de lutoO grande professor.O constitucionalistaGilles Sistac Assassinado

Como um animalEm praça publica Em plena luz do dia.Moçambique perde mais uma vez.

Danyela Cristina da Silva

NHANDAYEYOOOO

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Vivemos numa sociedade onde os abutres se escondem em carros luxuosos e barrigas engravidadas pelos seus falsos discursos políticos,

Larápios! Aprenderam a redigir com excelência a sua desdentada hipocrisia, parlamentam riquezas nos seus gingados discursos,

São filósofos do sofrimento alheio,até o manejamento de uma arma eles conhecem, cambada de ratos,

Se não conseguem corromper-te a preço de banana, condenam-te brutalmente a um sono eterno…

Óscar Fanheiro

Outro Jambul o Mesmo d´Ontem

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POESIA DE COMBATE MODERNO

Na terra do Jambul a escravatura não acabouO Jambul não morreu meu irmão, está vivoAinda varre as ruas e avenidas de MaputoDorme ao relento no esbelto da fome e dor

Jambul é gaigai do Grossista e mendigo do GoaJambul é escravo das ofensas dos assassinosNas costas do Jambul, ainda há mapa de chicotesJambul não dorme noite e dia senão chorar

O sangue que escorre nas estradas e passeiosJambul não tem irmãos, não tem famíliaTodos morreram a título de heróis da pátriaJambul é pobre de consciência de luto e paz

Jambul é mulungo morto a tiro do inserto aquiJambul é ngamula sequestrado de dia aliJambul é juiz morto a tiro no semáforo láJambul é criança e mulher violada e morta cá

Jambul não têm direito de expressão senhor,Serve o nada dos covardes da minha terraJambul não foi homem livre meu irmãoFoi emprestado a liberdade para morrer.

Sanjo Muchanga

Sentenças dos Bandidos

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POESIA DE COMBATE MODERNO

Quem será o próximo silenciado?pelos bandidos juízes sentenciadopor causa do problema de verdades falarcontrariando os falsos democratas que somente sabem matar.

Todos vivemos na incerteza do amanhã com medo de ver um corpo prostradoe de balas todo carregadopara calar a verdade nos que ousam falar.

Mesmo aspirante a poeta tremo de medoposso por tribunal oculto ser julgadoamanhã acordar condenadopor balas de condenação perfurado.

Escrevi na esperança de que existe a liberdade expressão, se não existe hoje estou lixado!

Narciso Baloi

O que Fere não Mata, Fortalece o Coração

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POESIA DE COMBATE MODERNO

O que fere não mata,Fortalece o coraçãoFoi assim,Que chegou o fimSem um adeus tudo acabou

Foi este o fimTrágico e sem explicaçãoCondenando-me a esta prisãoOnde a solidão e a escuridãoGanharam o seu espaço

E ficaram sedentos de sugar o meu coração

E mesmo assim segui lutandoO que fere não mataVou,Desenfreada por estas matasMesmo sem ver o caminho

Fortaleço o meu coraçãoPorque se a ti me deiSe o meu coração Nas tuas mãos deixeiDa tua vida poderei sairSei que vai doerMas saberei sobreviver

Erica Chixava

EXMO SENHOR Senhor,Escrevo directo da minha cabana

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minha cabaninhaque a fome e a secaassolou.

Minha caneta sem tintaao papel sujo rabiscoua pobreza que de um a trintameu pequeno povoadode filhos e netosassolou.

Senhor,a vida é um duelo incontornávelentre o bem e o mala vida e a morteo paraíso e o inferno...Entre:a paz e a guerra,o Céu e a Terra.

E nesta luta contingêncialvence quem tem podere a razãosepara-se da verdade.

Senhor,já não tenho lágrimas nos olhos,chorei a vida inteirabusquei sorrisoe encontrei tristeza, dore dissabor.

Senhor,minhas expectativas de vidaforam pela sortecontrabandeadas,sonhar perdeu sentido,esperança e fé.

Meu sangue todo secoude tanto sol pegare meu corpo todo enrugadoface desfeitasó me cabe lamentar.

Senhor,escrevo direitinho da minha casaminha cabaninha,com minhas mãos tremulase a velhice jovem,pois minha almaa tristeza já herdou.

Nebern, 30/09/2014.

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Pressão do Sistema.

Em copos escuros vou bebendo o meu suorde maníacos delírios que descrevem a minha dor quando por vós não compreendido o meu clamor.

Refém de sistemas bem elaboradosque me obrigam a escreverversos monótonos e apagadospondo o meu corpo e mente bem destroçados.

Agora já não sonho para mim,meus sonhos foram desenhados pela máquina global, tudo resume-se em dormir, acordar, trabalhar, calcular, chorare morrer de desgostos quando sistema me sufoca.

Quem me dera poder percorrer a distância que imensuravelmentesepara – me da infânciaonde somente sorrisos e sonhos tinham importância.

Narciso Baloi

A Vida é Uma Luta

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Para viver Deve-se lutarA luta estaBem dentro de nós.

O significado De lutarEsta na formaVerdadeira De como enfrentamosAs nossas dificuldades.

O olhar com optimismo O q parece q é impossívelLevantar a cabeçaE continuar

O que te fará desistirDe lutar com tudoQ está dentro de tiSoltar o rugido deLeão e gritarGritar e Mostrar a força Q está dentro de ti.

A razão de não Parar de lutarÉ q simplesmenteA vida é uma lutaE quem não lutaNão vive!

Danyela Cristina da Silva

A Liberdade

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A liberdade nasceu em DeusEntregou aos semelhantes SeusAdão e Eva tornaram-se réusReféns da liberdade, até os seus descendentes

Deus abraçou ao Homem e a liberdade, a verdade!Mas alguns não entendem,Nem percebem,Nem dão conta de perceberQue a verdade tem majestade na liberdadeQue a verdade é soberanaQue a verdade é divinaQue não se oprime à vontade humanaQue a verdade educa e não condena

A verdade é para Homem de verdadeE que a liberdade é para quem se embriaga com a verdadeNão sei se eles são heróisNão sei se eles são cowboysMas eles são as sintonias do tempoSão as sintonias dos outros que clamamE os seus santos pensamentos nos emanamNos emanam de coragemNos emanam aos gritos de liberdadePerante aos que fazem da opressão sua vaidade

Os Homens de verdade espelham CristoQue se crucifica em favor do seu semelhantePois renova a humanidade pela verdadeTrazendo sorriso de rosto em rostoOs Homens de verdade são cativantesPorque eterniza a verdade,Eterniza o amor,eterniza a paz,Eterniza a felicidade,Eterniza tu meu irmão,Eterniza a mim também!

Chane/ Reis Julio Chele 04. Marco. 2015

Quero Aprender

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Vamos aprender irmão......Venha escriturar comigo nesta tese de ideias sem documentos.

Me traga a sua carta.....escrever com sentido de erros meus onde somente tu serás meu professore eu seu aluno.

Sim que definimos a natureza... no vapor deste mar cheio de gente,como o povo do meu tempo,as ondas dos meus dizeres na duvida.

Se viesses comigo.....O livro já nos será uma folha, para deixar deitadas as lágrimas do nosso estudo sofrida.

Juntos somos mestres da sapiência, nas nações vindouras do paraíso negro,Todos aprendemos. ... ...nessa folha solta ao acaso dos nervos. E ela suja, é o nosso mestre vamos Aprender com a curiosidade do saber.

Salgado Chicavele

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´´A Luta nao provem da guerra belicista,

mas sim, da consciencia do saber…

Se falarmos do passado, o ontem de Mocambique

vamos encontrar a verdadeira historia

da luta pela liberdade e direito a vida,

igualidade dos Homens e das racas.´´

SANJO MUCHANGA

[email protected]

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