Revista de Seguros Ano 90 nº 893

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ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DO MERCADO SEGURADOR ANO 90 Nº893 ABRIL/MAIO/JUNHO DE 2015 Certificação Profissional da CNseg vai ajudar a abrir novas portas para o mercado, afirma o presidente Marco Antonio Rossi, em entrevista à Revista de Seguros INVESTIR EM INFRAESTRUTURA É A NOVA APOSTA PARA O CRESCIMENTO GOVERNO QUER O SETOR DE SEGUROS NA LINHA DE FRENTE DOS INVESTIDORES

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Abril / Maio / Junho de 2015

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ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DO MERCADO SEGURADOR ANO 90 Nº893 ABRIL/MAIO/JUNHO DE 2015

Certificação Profissional da CNseg vai ajudar a abrir novas portas para o mercado, afirma o presidente Marco Antonio Rossi, em entrevista à Revista de Seguros

INVESTIR EM INFRAESTRUTURAÉ A NOVA APOSTA PARA O CRESCIMENTOGOVERNO QUER O SETOR DE SEGUROS NA LINHA DE FRENTE DOS INVESTIDORES

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EXPEDIENTE

SUMÁRIO

E Mais... 4 – Editorial; 14 – Mediação; 22 – Microsseguros; 32 – Emissões de GEE; 34 – Artigo; 36 – Estudos CNseg;

ENTREVISTAMarco Antonio Rossi fala sobre a Certificação da CNseg, que pretende acelerar o progresso profissional dos colaboradores do setor.

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DESAFIOS & OPORTUNIDADESO pacote de concessões em infraestrutura anunciado pelo Governo pode contar com o setor de seguros no rol de investidores.

PRÊMIO INOVAÇÃOA 5ª edição do Prêmio, um nova rodada de incentivo à inovação, tem um número maior de concorrentes, acirrando a disputa final.

SEGURO RURALAlém do Plano de Subvenção ao Seguro, anunciado em junho, Governo fixou em 60% o nível mínimo de cobertura sobre a produtividade estimada.

SAÚDE SUPLEMENTARPressionadas pela alta dos custos, operadoras cobram mudança de paradigma do modelo de assistência médica e hospitalar.

NOVA SEDEA Escola Nacional de Seguros inaugura no segundo semestre a nova unidade da capital paulista, que reunirá todas as atividades administrativas e acadêmicas.

SE LIGA!Promovida pela CNseg no âmbito do PNAT, campanha pretende ajudar as pessoas a mudarem seu conceito de dirigibilidade.

CAPITALIZAÇÃOReservas batem recorde num momento desfavorável da economia, e bom desempenho confirma a confiança dos consumidores nos produtos.

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PRESIDENTEMarco Antonio Rossi

1º VICE-PRESIDENTEJayme Brasil Garfinkel

VICE-PRESIDENTES NATOSMarcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco Antônio da Silva Barros, Osvaldo do Nascimento e Paulo Miguel Marraccini

VICE-PRESIDENTESMário José Gonzaga PetrelliPatrick Antônio Claude de Larragoiti Lucas

DIRETOR NATOLuiz Tavares Pereira Filho

DIRETORESAcacio Rosa de Queiroz Filho, Alexandre Malucelli, Alfredo Lalia Neto, Edson Luis Franco, Francisco Alves de Souza, João Francisco Silveira Borges da Costa, Jorge Hilário Gouvêa Vieira, Luiz Eduardo Loureiro Veloso, Marcelo Augusto Dutra Labuto, Nilton Molina, Pedro Cláudio de Medeiros B. Bulcão, Pedro Pereira de Freitas, Thierry Marc Claude Claudon, William Alan Yates, Wilson Toneto.

DIRETORA EXECUTIVASolange Beatriz Palheiro Mendes

REVISTA DE SEGUROSÓrgão de divulgação do mercado segurador

CONSELHO EDITORIALÂngela Cunha, Luiz PeregrinoFernandes Vieira da Cunha,José Cechin, José Ismar Alves Tôrres,Neival Rodrigues Freitas, SolangeBeatriz Palheiro Mendes.

Editora-chefeÂngela Cunha (MTb/RJ12.555)

Coordenação EditorialVIA TEXTO AG. DE COMUNICAÇÃ[email protected] - 2262.5215

Jornalista ResponsávelVania Mezzonato – MTb 14.850

RevisãoCláudia Mara

Colaboradores Bianca Rocha, Cezar Faccioli, Fernanda Thurler, Gabriel Oliven, João Maurício Rodrigues, Larissa Moraes, Marcia Alves e Maria Luisa Barros.

FotografiaDouglas Asarian, arquivo CNseg, divulgação das empresas, Shutterstock, Agência Brasil

Projeto Gráfico Tapioca Comunicação

Redação e CorrespondênciaSuperintendência de Comunicação – CNseg Adriana Beltrão, Claudia Mara, RodolfoCampos e Vagner Ricardo.

Rua Senador Dantas, 74/12º andar, Centro - Rio de Janeiro/RJ CEP. 20031-205Tel. (21) 2510.7777

www.cnseg.org.br E-mail: [email protected]

Escritório CNseg/Brasília SCN/Quadra1/Bloco C Ed. Brasília Trade Center – sala 1607

Gráfica: Walprint Distribuição: Serviços Gerais/CNseg Periodicidade: Trimestral Circulação: 5 mil exemplares

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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04 • REVISTA DE SEGUROS

INVESTIMENTO REQUERREGRAS CLARAS

A

EDITORIAL

ÂNGELA CUNHA, Editora Executiva

pesar da conjuntura bastante complexa e adversa, o viés do

mercado segurador parece muito pro-missor. Essa é a impressão da matéria de capa desta edição, “Desafios e Oportunidades”, que trata da exorta-ção do Governo para que as segura-doras se tornem players mais ativos na área de infraestrutura. O aceno para que o mercado segurador amplie seus investimentos visando reduzir os gaps logísticos partiu do ministro da Fazen-da, Joaquim Levy, para quem os inves-tidores institucionais — incluindo-se aí o seguro — devem ser os protagonis-tas do crescimento. Porém, a participação crescente dos investidores institucionais está condi-cionada a um marco regulatório que não coloque em riscos as reservas acumuladas pelas seguradoras para proteger os bens segurados e repô--los, quando da ocorrência de sinistros. Ou seja, regras claras para remunerar os capitais aplicados nos fundos para infraestrutura.O fato é que há um cenário positivo não só para os investimentos em títulos atrelados à infraestrutura, mas também para a criação de produtos mais robustos para amparar os riscos dos empreendimentos em rodovias, portos, ferrovias, aeroportos, explo-ração e produção de petróleo e gás. A retomada dos negócios de grandes riscos representa não só capitais segurados vultosos, mas também a movimentação de milhões de prêmios, sem falar em desafios e acuidade na área de subscrição.

Fora a infraestrutura, algo que ajuda o Brasil a continuar no foco das seguradoras estrangeiras (leia a reportagem ‘Fusão e Aquisição’ nas págs. 14 e 15), por ser o País a por-ta de entrada para a consolidação dos grupos internacionais na Amé-rica Latina, outras ações paralelas colaboram para reforçar as perspec-tivas positivas. Como por exemplo a iniciativa da CNseg de promover a certificação dos profissionais do mercado, o CPC. Como ocorre em mercados madu-ros de seguros, a certificação é um passaporte para ter profissionais mais bem preparados para contribuir para o crescimento de seguros e os desafios futuros, explica o presidente da CNseg, Marco Antonio Rossi, na entrevista desta edição. O primeiro exame ocor-rerá em outubro pela Escola Nacional de Seguros. O Prêmio Inovação, aquele que reúne as principais soluções inovadoras voltadas para o mercado, chega à 5ª edição, com modificações que acirram a disputa pelas primeiras colocações. Esta edição traz ainda matéria sobre os impactos da chamada inflação médica no segmento de Saúde Suplementar, o recorde nas reservas técnicas acumuladas pelo segmento, superior a R$ 30 bilhões, e a boa notí-cia no Seguro Rural, com a promessa de pagamento da safra anterior, ainda que sinalize com menos recursos para novos negócios.

Boa leitura!

Executivos de mercado, autoridades de supervisão e stakeholders, entre outros participantes, terão uma oportunidade de debater os temas mais sensíveis, estratégicos e palpitantes da indústria de seguros em setembro, quando será realizada a 7ª Conseguro, de 15 a 17 de setembro, no World Trade Center de São Paulo. A inovação importante nesta edição do evento será a incorporação de quatro outros tradicionais eventos do setor para ampliar a discussão sobre as dúvidas para o crescimento sustentado.

O 4º Encontro Nacional de Atuários - ENA, por exemplo, quer identificar os principais fatores que podem afetar os resultados das seguradoras; a 5ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros, as inovações no campo da relação de consumo; o IX Seminário de Controles Internos & Compliance, se sua empresa está preparada para identificar e mitigar seus riscos; ao passo que o Seminário de Riscos Especiais visa listar os prejuízos potenciais causados pelas mudanças climáticas.

Os temas de debate falam direto ao futuro do mercado, incluindo-se aí as megatendências do setor, as novas oportunidades e riscos, como o da longevidade.

DESTAQUE

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ENTREVISTA

UM DIPLOMA PARA RECONHECER MÉRITOS E COMPETÊNCIAS

rofissionais que reúnam as com-petências para exercer posições

de liderança no mercado segurador poderão ter seus méritos reconhe-cidos pela Certificação Profissional CNseg - CPC. A diplomação foi criada pela Confederação com o objetivo de acelerar o progresso pro-fissional dos colaboradores do setor e de sistematizar o conhecimento es-pecífico em seguros. A CPC iniciará nas capitais de São Paulo e Rio de

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Por MÁRCIA ALVES

Janeiro, onde os candidatos serão submetidos a exame aplicado pela Escola Nacional de Seguros, no dia 21 de outubro. A avaliação será abrangente e envol-verá conhecimentos específicos em cinco disciplinas, que compreendem desde os princípios técnicos, legais e normativos de Danos e de Pes-soas, além de Previdência Comple-mentar Aberta, Saúde Suplementar e Capitalização, Ética, Controles

Internos, entre outros. Segundo o presidente da CNseg, Marco An-tonio Rossi, a CPC foi estruturada em torno de competências, em vez de funções específicas, não ape-nas para reconhecer as habilidades dos profissionais brasileiros, como também para elevá-los ao patamar de mercados desenvolvidos, onde a certificação profissional é utiliza-da para identificar competências e alavancar carreiras.

Marco Antonio Rossi

Vale registrar que no Brasil a certificação profissional era uma demanda dos próprios colaboradores, que almejavam um diploma que os equiparasse aos melhores profissionais do mundo.

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ENTREVISTA

A seguir, Marco Rossi explica por que a CPC será um marco na qualifi-cação do setor de seguros.

Por que a CNseg assumiu a missão de certificar os profissionais do mer-cado segurador?Primeiramente, porque é nosso com-promisso institucional estimular e ofe-recer meios para elevar a qualificação dos profissionais do setor de seguros. Diante da dinâmica e complexida-de do seguro, o conhecimento e a prática serão os principais instrumen-tos para enfrentarmos as demandas do futuro. Nosso foco é aprimorar as qualificações dos recursos huma-nos do setor, não apenas para que as empresas de seguros obtenham melhor desempenho em sua ativida-de, como também para reconhecer formalmente a capacidade e o mérito de profissionais talentosos.

Como a CPC poderá alinhar o País a mercados mais desenvolvidos?

O mercado de seguros brasileiro não teria avançado tanto nos úl-timos anos se não contasse com profissionais bem preparados e com excelente nível de conhecimento. Inclusive, no âmbito da formação e qualificação profissional o setor evoluiu bastante, com ampla oferta de cursos, desde técnicos até os de nível superior, incluindo os de pós--graduação e mestrado.

Porém, faltava a essa importante for-ça de trabalho o reconhecimento de seu mérito e competência, por meio de uma certificação profissional em nível com os profissionais de merca-dos amadurecidos. No Reino Unido, por exemplo, o mercado de seguros dispõe de um órgão, o Chartered In-surance Institute - CII, com a finalida-

de exclusiva de certificar os profissio-nais em vários níveis de competência e em atividades gerais e específicas. Também os Estados Unidos possuem várias entidades, entre elas, o The Institutes, que oferece programas de formação e certificação profissional reconhecidos em todo o mundo. Vale registrar que no Brasil a certificação profissional era uma demanda dos próprios colaboradores, que almeja-vam um diploma que os equiparasse aos melhores do mundo.

O que muda na vida do profissional que obtiver a CPC?

O primeiro ganho será seu próprio desenvolvimento pessoal, seguido do reconhecimento, tanto em sua empresa, como também no merca-do. Um profissional certificado terá mais chances de empregabilidade e condições de ascender na carrei-ra. Em outros países, a certificação é como passaporte para os que aspiram ingressar no mercado de seguros. Para os profissionais que já atuam na área e desejam galgar novos cargos, a certificação não apenas os prepara como valida seus conhecimentos.

A CPC poderá amenizar o problema da falta de mão de obra qualificada?

Não diria que falta mão de obra qualificada. Talvez, em segmentos específicos, como o de Resseguro, onde a oferta é maior que a procura, em virtude do pouco tempo de exis-tência do mercado aberto. Mas, sob outro ponto de vista, considero que a demanda por profissionais qualifi-cados está aquecida. Recentemente, uma consultoria de recrutamento mapeou os ramos que tendem a re-munerar melhor os seus profissionais

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neste ano, destacando o seguro entre as atividades mais valorizadas, com aumentos salariais de até 17%, en-quanto as perspectivas econômicas indicam baixo crescimento. Portanto, a CPC seria um instrumento essen-cial para estimular o aperfeiçoamento profissional e, ainda, atrair novos talentos para o setor.

Então, atrair novos talentos é um dos propósitos?

Sim, porque a CPC não é voltada apenas aos profissionais que atu-am no setor de seguros. Outros profissionais que tenham alguma afinidade, interesse ou atuem indi-retamente no mercado, por meio de prestação de serviços, por exemplo, também poderão obter a certifica-ção. Gerentes de riscos, advogados, peritos, corretores de seguros e outras categorias são candidatos naturais à certificação. Muitos detêm conhecimento e prática, mas não o reconhecimento devido. Para estes, a CPC representará uma conquista e a validação de sua capacidade, abrindo novas portas no mercado.

A CPC poderia substituir, futuramente, a certificação técnica ou os propósitos são distintos?

Sim, os propósitos são distintos e, portanto, uma não substituirá a ou-tra. A certificação técnica foi criada pelo órgão regulador no intuito de aperfeiçoar a capacidade técnica dos profissionais do setor. Para tanto, a autarquia editou um conjun-to de normas - a Resolução CNSP nº 115/2004 e a Circular Susep nº 290/2005 -, que uniformizou as con-dições mínimas para a certificação técnica de profissionais que atuam nas áreas de Regulação e Liquidação

de Sinistros de Auto e Residencial, Atendimento ao Público, Controles Internos e Venda Direta. Inclusive, a CNseg é uma entidade certificadora técnica, desde 2008, e a FenaPrevi, desde 2007.

Qual o público-alvo e quais os critérios para se obter a certificação?A CPC é destinada a profissionais que atuem ou queiram atuar no mer-cado de seguros, com potencial para desempenhar cargos superiores nas empresas e instituições do mercado. Para obter a certificação profissional, os candidatos devem ser aprovados em exame presencial. No caso da CPC, o nível de conhecimento exigido é amplo, abrangendo o segmento de Seguros Gerais, Capitalização, Previdência Complementar Aberta e Saúde Suplementar. Já o exame será

constituído por questões de múltipla escolha em cinco disciplinas, com pesos diferenciados. O candidato deverá atingir a média global de sete, de acordo com a grade e pesos esta-belecidos.

Como os candidatos poderão se pre-parar o exame do CPC?Para facilitar os estudos, a Escola Nacional de Seguros disponibiliza-rá gratuitamente material de apoio baseado em publicações sobre os assuntos abordados. A bibliografia recomendada contempla a legis-lação vigente, como resoluções e circulares da Susep, leis e decretos e publicações atualizadas.

Como os interessados podem ser inscrever?O primeiro exame será realizado no dia 21 de outubro, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. O exame será presencial, na parte da manhã, em local a ser confirmado. A taxa de inscrição será de R$ 200,00 (para pessoas físicas), com desconto para inscrições feitas pelas empresas empregadoras. As inscrições podem ser realizadas pelos próprios profis-sionais ou por suas respectivas em-presas, entre os dias 17 de agosto e 18 de setembro, pelo site da Escola.

O Programa CPC atingirá outros estados?Sim, este é um objetivo. Em 2016, a CNseg e a Escola Nacional de Seguros já se organizam para o lançamento do curso preparatório (opcional), primeira-mente em formato presencial e, pos-teriormente, em formato EaD (ensino a distância). Disponibilidade de tempo e dificuldade de deslocamento não serão empecilhos para quem deseja obter a certificação profissional.

Marco Antonio Rossi

Muitos detêm conhecimento e prática, mas não o reconhecimento devido. Para estes, a CPC representará uma conquista e a validação de sua capacidade, abrindo novas portas no mercado.

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INFRAESTRUTURA NA MIRA DAS SEGURADORAS

Decisão do mercado de se tornar parceiro dos investimentos vai depender da qualidade dos projetos e de detalhes que garantam a redução dos riscos.

Por FERNANDA THURLER

DESAFIOS & OPORTUNIDADES

O pacote de concessões em infra-estrutura anunciado pelo Governo

no início de junho poderá contar com o setor de seguros como um novo player no rol de investidores. Tudo vai depender da melhoria da qualidade dos projetos e de minúcias que levem à redução dos riscos do investimen-to, segundo afirma o presidente da FenaPrevi, Osvaldo do Nascimento. Para ele, os estudos de factibilidade dos projetos de infraestrutura não são suficientemente completos, o que compromete a remuneração do capital, tornando-os pouco atrativos para os investidores privados.

O Junto com fundos de pensão, as seguradoras são os maiores investidores institucionais do País, respondendo por ativos de R$ 460 bilhões – valores referentes ao primeiro trimestre deste ano e que representam uma evolução de 20% em relação ao mesmo período de 2014. Hoje mais de 90% dos recursos estão aplicados em títulos públicos do Governo Federal e o restante está em ações e títulos privados.

De acordo com o executivo, do ponto de vista regulatório, não existem restrições à mudança no portfólio de aplicações, de modo que o

setor de seguros possa contribuir, crescentemente, na condição de investidor institucional, para eliminar os gaps na infraestrutura do País.

“Mas tem que haver maior garantia de retorno. As seguradoras têm como principal missão entregar aos clientes aquilo que eles adquirem: se compram uma apólice de seguro ou investem em previdência, querem o retorno compatível com o risco assumido. Então, a indústria de seguros vai investir em projetos de infraestrutura à medida que forem compatíveis com suas necessidades de remuneração do capital”, pondera.

APOSTA DO GOVERNO

A proposta do setor de investir em projetos de longo prazo está em linha com o pensamento do Governo de Dilma Rousseff e contempla os planos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de incentivar o desenvolvimento do seguro para sua utilização como instrumento de auxílio à política ma-croeconômica.

Para tentar recolocar a economia brasileira nos eixos, o ministro

Arquivo CNseg

Principais lideranças do mercado segurador mundial prestigiaram encontro de Londres

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O papel do Governo para estimular o crescimento econômico é o de criar as condições necessárias para o setor privado cumprir seu papel de desenvolver a economia.

Joaquim Levy

negocia a aprovação das medidas de ajuste fiscal no Congresso e está envolvido na modelagem de um novo programa de concessões de rodovias, portos, aeroportos, telecomunicações, energia e outros projetos de infraestrutura.

Com recursos estimados em R$ 611 bilhões, os investimentos na área de infraestrutura são a grande aposta do Governo para a retomada do cresci-mento econômico a partir de 2016. O primeiro passo foi dado no início de junho com o lançamento do Programa de Investimento em Logística - PIL, que vai mobilizar R$ 198,4 bilhões na concessão de estradas, portos e ferro-vias e aeroportos.

O BNDES deverá participar como financiador do pacote de novas con-cessões, mas o ministro vem sinali-zando claramente a necessidade de financiamentos privados para cumprir a agenda de investimentos. “O papel do Governo para estimular o crescimento é criar condições para o setor privado cumprir seu papel de desenvolver a economia”, declara Levy.

ENCONTRO EM LONDRES

No encontro realizado no início de maio, em Londres, sobre oportunidades na

infraestrutura brasileira, o ministro direcio-nou sua mensagem não aos investidores estrangeiros e às lideranças do mercado segurador brasileiro e executivos de alguns dos principais bancos nacionais presentes à reunião.

“O mundo está buscando títulos de infra-estrutura, e os investidores institucionais têm essa oportunidade de alocar uma quantidade enorme de recursos nessa classe de ativos para ajudar a acelerar a recuperação da economia brasileira. Pro-jetos bem planejados, apoiados por uma legislação regulatória apropriada, podem tornar esses títulos muito atrativos”, disse o ministro na ocasião.

Presente no encontro, o presidente da FenaPrevi, que representou o presidente da CNseg, Marco Antonio Rossi (que não pode participar por motivo de força maior), avalia que as propostas apre-sentadas foram animadoras. “O ministro fez um discurso otimista sobre o Brasil, garantiu que o País é um destino confiá-vel para a aplicações de longo prazo. Ar-gumentou ainda que o Governo trabalha para dar condições ao setor privado para investir no País, com o esforço de sim-plificar o sistema tributário, reorganizar o panorama fiscal e estimular investimentos por meio de concessões”, diz Osvaldo do Nascimento.

Participaram do encontro cerca de 60 pessoas, entre eles, o embaixador do Reino Unido no Brasil, Alexis Ellis, o embaixador do Brasil no Reino Unido, Roberto Jaguaribe, e o presidente do Lloyd’s em Londres, John Nelson.

CONTRIBUIÇÃO ESSENCIALA maior participação no financiamento dos projetos de longo prazo pelo setor privado, especialmente do mercado de capitais e em particular das segurado-ras, também é defendida pelo presi-dente do BNDES, Luciano Coutinho. Durante palestra num seminário sobre crédito internacional em maio, no Ministério do Planejamento, ele disse que a contribuição das seguradoras é essencial, principalmente na elabo-ração dos projetos de infraestrutura e logística, com a criação de mecanis-mos para garantir maior proteção aos debenturistas durante a fase de cons-trução das obras. Como nessa etapa existem mais riscos envolvidos, Cou-tinho propõe que haja uma cobertura de liquidez para o debenturista durante eventual período de interrupção e algum tipo de suporte de liquidez para que o projeto se complete.

A ideia seria “desenhar apólices mais adequadas ao tipo de risco da fase de construção de projetos”. Mas Osvaldo do Nascimento ressalta que o proble-ma central da atração dos investidores e financiadores privados está na quali-dade dos projetos.

“Não é o caso de atrair o investimento para depois pensar no desenvolvimento dos projetos. É preciso priorizar a quali-ficação dos técnicos responsáveis pelos projetos, que devem ser economica-mente viáveis, com custos compatíveis que garantam o retorno financeiro pro-posto”, afirma. No passado, alguns pro-jetos de infraestrutura foram iniciados sem a conclusão do projeto executivo, o que exigiu do investidor desembolsos além do previsto inicialmente.

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DESAFIOS & OPORTUNIDADES

“E isso também se aplica à elaboração dos contratos de garantia. Como é que as seguradoras vão garantir algo que não foi devidamente quantificado?”, ques-tiona o executivo, acrescentando que todos esperam do Governo a definição de uma “agenda de mitigação de riscos” relacionados aos projetos. “No caso dos seguros, isso se aplica a seu papel de investidor institucional e também de formulador do contrato de garantida das obras de infraestrutura licitadas pelo poder público”, complementa.

No que depender do ministro da Fa-zenda, não há motivos para maiores apreensões por parte do setor. “O Go-verno vai mitigar riscos da participação do setor de seguro e isso reflete o nível de sofisticação que nossa economia já tem”, afirmou o ministro Levy, por oca-sião do lançamento do PIL.

Isso por que, no caso dos contratos de Garantia, principal modalidade utilizada na licitação de obras públicas, a com-panhia de seguros atua como fiadora e

responde pelo pagamento do credor em caso de impossibilidade ou insolvência. Ou seja, o risco da seguradora está na inadimplência contratual do tomador.

O presidente da Comissão de Crédito e Garantia da FenSeg e diretor do Grupo Segurador BBMapfre Gerais, Rogério Vergara, declarou ao jornal Valor Econô-mico que os limites de garantias para as coberturas nas licitações e contratos da Administração Pública (Lei nº 8.666/93) são desencorajadores. “A garantia hoje existente é pouca para os riscos envolvi-dos nos projetos e isso gera certo desin-teresse das seguradoras em participar de grandes obras licitadas”, pondera o executivo, acrescentando que esse per-centual não é suficiente nem para cobrir as multas por quebra contratual.

A proposta de equiparação da lei aos limites já praticados no mercado (nos contratos com o setor privado, os per-centuais de garantia variam entre 40% e 60%) foi encaminhada ao Congresso Nacional por meio de Medida Provisó-

ria: para as garantias de concorrência, o limite passaria de 1% para 5%; para o caso de obras comuns, de 5% para 30%; e para as obras de alta comple-xidade, de 10% para 45%. A lei ainda não foi modificada, mas a instituição do Regime Diferenciado de Compras - RDC, em 2011, vem possibilitando o ajuste de alguns contratos. No mercado norte-americano, as garantias chegam a 100% do risco e, na Europa, a 30.

PROJETOS BEM ELABORADOS

A falta de qualidade dos projetos de infraestrutura no Brasil também é con-siderada pelo Banco Mundial - BIRD, como um dos obstáculos ao financia-mento das obras. Durante o seminário sobre Financiamento para o Desen-volvimento, promovido pelo Ministério do Planejamento, em maio, a diretora da instituição para o Brasil, Deborah Wetzel, afirmou que existe um grande volume de recursos à procura de ativos de longo prazo que assegurem um ga-nho regular, mas esses valores buscam projetos bem elaborados, que reduzam os riscos do investimento.

Justamente para reduzir os riscos na construção, o Ministério da Fazenda fir-mou recentemente um convênio de US$ 1,5 milhão com o BIRD, para apoiar es-tudos e ações destinados a impulsionar o investimento privado em infraestrutura no Brasil. Segundo a Fazenda, a proposta é desenvolver ações para ampliar o acesso ao mercado global de debêntures de infraestrutura (título privado com rendi-mentos atrelados a projetos na área).

A pasta anunciou ainda que está sendo estudado o estímulo a outros instrumen-tos privados de captação de recursos, seja em moeda local ou estrangeira. Os estudos analisarão as melhores práti-cas internacionais e buscarão meios de diminuir os riscos dos projetos, inclusive com mudanças no marco regulatório (legislação que regula os contratos).

Comitiva em Londres (da esq./para dir.): Alexandre Malucelli (J Malucelli Seguradora), Alfredo Lalia Neto (HSBC Seguros), Marco Barros (FenaCap), Roberto Westenberger (Susep), Solange Beatriz Palheiro Mendes (CNseg), Marcio Serôa Coriolano (FenaSaúde), Osvaldo do Nascimento (FenaPrevi), Paulo Marraccini (FenSeg), João Francisco Borges da Costa (HDI Seguros), Vinícius Albernaz (Bradesco Seguros), Maria Elena Bidino (CNseg) e Yael Chen (Lloyd’s de Londres)

Arquivo CNseg

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INTERESSE ESTRANGEIRO

ESTRANGEIRAS ESTÃO DE OLHO NO MERCADO BRASILEIRO

Novos players consideram Brasil estratégico para consolidação dos negócios na América Latina.

om um nível de evolução nos negócios acima do crescimento do

PIB nos últimos anos (mais de 10%), o setor de seguros não só chamou a atenção do ministro da Fazenda, Joa-quim Levy, durante o evento realizado, em Londres, para a apresentação das oportunidades de investimentos de longo prazo no Brasil. Presentes na plateia como investidores institucionais, as seguradoras e as resseguradoras estrangeiras demonstraram particular interesse pelo mercado segurador bra-sileiro, informa o presidente da Fena-Previ, Osvaldo do Nascimento.

Os questionamentos específicos sobre a indústria partiram tanto dos gran-des competidores internacionais que já operam no País, quanto de novos players, para os quais a entrada no mercado brasileiro pode representar a consolidação dos negócios na Améri-ca Latina. No primeiro caso, segundo o executivo, estão as resseguradoras que têm expectativa de aumentar sua participação no setor, atualmente restrita a 20%.

MARCO REGULATÓRIO

O presidente da FenaPrevi revela que, na ocasião, as perguntas em quase sua totalidade se referiram ao marco regulatório do setor. “Questões que foram respondidas de forma satisfa-tória pelo superintendente da Susep,

C Roberto Westenberger, que estava presente ao evento”, disse.

O executivo ressaltou ainda que a apresentação dos projetos em estudo para a melhor adequação das regras ao desenvolvimento do mercado foi importante para a percepção, por par-te dos investidores, de que a autarquia vem atuando no marco regulatório de forma muito parecida aos órgãos de regulação da Europa.

Na sua opinião, os grandes players do mercado internacional aparenta-ram não ter dúvidas sobre a potência que é o Brasil no que diz respeito à geração de negócios, especialmen-te no mercado de seguros. O maior questionamento sobre a alocação dos recursos, pondera ele, fica por conta da condução da política econômica e sobre as possibilidades de efetivação do ajuste fiscal e, por conseguinte, do equilíbrio dos gastos públicos. “Mas, nesse ponto, a explanação do ministro Levy foi irretocável e tudo vai depender da perseverança do País em perseguir suas metas”.

AMPLIANDO NEGÓCIOS

Uma vez que o Brasil continua ofe-recendo oportunidades atraentes de crescimento a longo prazo, avalia o executivo, é natural que participantes estrangeiros de destaque continuem demonstrando interesse em entrar

A grande questão das companhias estrangeiras é como viabilizar a distribuição no País.

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ou ampliar seus negócios por aqui. E quanto à indústria de seguros, a interpretação dos investidores é que o setor ainda não atingiu o patamar de outros mercados e, por isso, tem pela frente muito espaço para crescer.

No caso das seguradoras, os princi-pais desafios podem ser a concentra-ção mercadológica, complexidades na distribuição e modelos de corretagem. “A grande questão das companhias estrangeiras é como viabilizar a distri-buição no País”, explica. Mas, também nesse ponto, Nascimento volta a lem-brar que o Brasil vem buscando ativa-mente incorporar os desenvolvimentos globais à regulamentação local.

“Podemos chegar a um marco regu-latório que melhore a distribuição por canais eletrônicos, via corretores ou agência. Como estávamos tratando com seguradoras do ramo Vida, que

O entusiasmo das empresas internacionais com o mercado brasileiro é explicado pelos números: a despeito dos prog-nósticos de desaceleração do consumo e do quadro reces-sivo, o mercado de seguros continua mantendo o cresci-mento na casa dos dois dígitos e registrou 16,2% (dados da CNseg) somente nos primei-ros três meses deste ano, em comparação a igual período de 2014. No trimestre, a economia brasileira teve queda de 0,2%, puxada pelo desempenho negativo do setor de serviços e da indústria e pelo recuo do consumo das famílias e dos in-vestimentos, segundo o IBGE.

O presidente da FenaCap, Marcos Barros, diz que o bom desempenho do setor pode ser

explicado, entre outros fatores, pela maior familiarização do brasileiro com os produtos da indústria de seguros. “O aumento da renda levou as pessoas a se preocuparem mais com a prevenção do patrimônio e a formação de poupança”.

Segundo ele, as pessoas não deixam de demandar seguran-ça. Ao contrário, no momento de crise econômica, aumenta o conceito de necessidade de proteção. “Isso sem falar nos esforços da indústria na busca por novas soluções de serviços e produtos”, acrescenta.

A opinião é partilhada pela economista Juliana Serapio, da Confederação Nacional do Comércio - CNC. “É importante encontrar diferenciais no atendi-

mento para tornar, por exemplo, a relação empresa e cliente mais fortalecida. Num cenário de constantes mudanças, as re-ações do varejo devem ser cada vez mais rápidas e os modelos de negócio, construídos com base em processos flexíveis”.

Para a economista, os prin-cipais motivadores do desa-quecimento do consumo são a desaceleração do mercado de trabalho, as altas taxas de juros ao consumidor e o com-prometimento do orçamento das famílias com o reajuste das tarifas e a inflação. “As condições de consumo no Brasil estão muito deterioradas e essa é a perspectiva geral para todas as classes sociais. O ano será muito fraco para o varejo”, analisa.

DESEMPENHO DO MERCADO EXPLICA INTERESSE

operam com previdência, foi levantada essa questão da necessidade de criar condições do ponto de vista regulató-rio, para que os

grupos internacionais possam aumen-tar seus investimentos no setor”. (FT)

Juliana Serapio: “É importante encontrar diferenciais no atendimento para tornar, por exemplo, a relação empresa e cliente mais fortalecida.”

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SOLVÊNCIA DO MERCADO DESPERTA APETITE DE INVESTIDORES

Apesar do cenário conservador, aprovação da lei que autoriza participação de estrangeiros no capital de empresas da área de saúde deve impulsionar o setor de seguros.

FUSÃO E AQUISIÇÃO

abertura do setor de saúde ao investimento estrangeiro poderá

representar um significativo impulso ao movimento de fusão e aquisição de empresas no setor de seguros. A avaliação é da sócia líder de Seguros da KPMG no Brasil, Luciene Teixeira Magalhães, que trabalha este ano com um cenário mais conservador no que diz respeito às atividades de fusão e aquisição entre as empresas de seguros, a não ser pelos desdo-bramentos da aprovação em janeiro passado da Lei 13.097, que autori-zou a participação de investidores estrangeiros no capital (inclusive o controle) de empresas da área de saúde em diversos setores, como hospitais e clínicas.

De acordo com levantamento realiza-do pela KPMG, no primeiro trimestre de 2015 foram registradas apenas duas operações, contra um total de 21 transações realizadas em 2014, e outras 20, em 2013. Com isso, a previsão é que as atividades de fusões e aquisições no setor este ano

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fiquem abaixo do nível de recupera-ção observado depois da significativa queda de 2012, quando o número de operações foi um pouco mais da metade do registrado no ano anterior: 16 contra 31, em 2011.

AMBIENTE DE RISCO

A expectativa de desaceleração do mercado de fusões e aquisições

O Brasil continua sendo foco de investimentos de empresas estrangeiras, que identificam nesse momento ‘uma janela’ para a realização de bons negócios a preços competitivos.Luís Motta

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em 2015 não diz respeito apenas à indústria de seguros e engloba, em menor ou maior grau, os demais setores da economia, afirma Luís Motta, também sócio líder da área na KPMG. “O ambiente no Brasil para as transações é de maior risco. Com a incerteza sobre às perspec-tivas macroeconômicas e regulató-rias, o investidor assume uma po-sição de mais cautela na avaliação de negócios de aprimoramento de valor. Quanto maior o risco, menor o preço ofertado e maior o retorno desejado”, avalia.

O executivo adverte, no entanto, que o cenário não é de ruptura – e que alguns aspectos da conjuntura econômica do País são favoráveis, como, por exemplo, o ajuste fiscal proposto pelo Governo, visando ao corte das próprias despesas e ao aumento da arrecadação pela eleva-ção de impostos e outras receitas. Principalmente no que diz respeito à maior atração do capital internacio-nal, argumenta Luís Motta. “O Brasil continua sendo um foco de investi-mentos de empresas estrangeiras, que identificam nesse momento ‘uma janela’ para a realização de bons negócios a preços competitivos”.

Luciene Magalhães reitera que o mercado brasileiro de seguros continua oferecendo oportunidades atraentes de crescimento a longo prazo, de forma que participan-tes estrangeiros de destaque vêm demonstrando interesse em entrar ou ampliar seus negócios por aqui. “O setor de seguros no Brasil vem apresentando um crescimento con-sistente e significativo nos últimos dez anos, sempre acima do cresci-mento do PIB. Apesar das pressões

econômicas ao longo dos últimos anos sobre outros segmentos da economia, o seguro ainda não foi afetado de maneira significativa”.

Ela destaca que, apesar de ter ganhado nos últimos anos maior relevância na formação do PIB Brasi-leiro, a participação do setor ainda é pouco representativa se comparada à observada em economias, como as do Chile, Portugal, Bélgica e Estados Unidos. “Mas, do ponto de vista do investidor internacional, o fato é con-siderado positivo, porque revela uma oportunidade relevante de crescimen-to e fortalecimento”, analisa.

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS

A esse fator, soma-se ainda o retorno positivo obtido pelos compradores no longo prazo, como demonstra a análise da evolução dos preços das ações das seguradoras envolvidas em uma fusão ou aquisição na última década. “Trata-se de um mercado solvente, bem regulado, com oferta de produtos sofisticados, que de fato resguardam o patrimônio de quem busca proteção”, afirma.

Na avaliação da executiva, os prin-cipais desafios aos novos entrantes podem ser: concentração mercado-lógica, complexidades na distribui-ção e modelos de corretagem. “Pois no aspecto regulamentar, o Brasil busca ativamente se moldar e incor-porar os desenvolvimentos globais na regulamentação local”, pondera Luciene Magalhães.

Com relação ao impacto sobre o se-tor de seguros da abertura do capital das empresas da área de saúde ao investimento estrangeiro, a sócia da KPMG prefere não fazer projeções fi-nanceiras. Mas garante que a medida

O setor de seguros no Brasil vem crescendo de forma consistente nos últimos dez anos, acima do PIB. Apesar das pressões econômicas, o setor ainda não foi afetado de maneira significativa.

Luciene Magalhães

beneficiará de forma significativa as operações de fusão e aquisição de companhias de seguros.

“O mercado brasileiro precisa desse aporte de recursos, tanto na saúde pública como na privada, e o inves-tidor estrangeiro tem apetite para realizar investimentos nos volumes demandados. Agora, o que de fato vai representar para o setor de segu-ros em termos de consolidação do crescimento vai depender de como essas transações serão configuradas. Mas o mercado traz boas práticas e algumas seguradoras já fazem negó-cios com esses players”. (FT)

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FRANQUIAS

A natureza de rede e a constante capacitação técnica e motivacional de franchising ajudam o setor a atravessar bem o atual cenário.

Cristina Franco

CRISE PASSA AO LARGO DO SETOR DE FRANCHISING

Na década de 2003 a 2013, o número de franquias aumentou 398% e intensificaram-se as parcerias com o mercado segurador.

indústria de franchising no Brasil vem crescendo em níveis

superiores à evolução do PIB: a expectativa é crescer entre 7,5% e 9%, com previsão de aumento de marcas de 8% e de expansão de novas unidades de 9% a 10%.

Segundo o relatório Focus, divul-gado pelo Banco Central no início de junho, economistas do merca-do financeiro trabalham com uma retração da economia de 1,3% este ano, o que será o pior resultado em 25 anos, se confirmada. Mas, a contar dos resultados apurados no primeiro trimestre deste ano, a crise econômica vem passando ao largo das atividades de franquia realizadas no País. Foram R$ 31,3 bilhões de faturamento entre janeiro e março, contra R$ 28,7 bilhões do mesmo período de 2014.

RESILIÊNCIA DO SETORNa avaliação de Cristina Franco, presidente da Associação Brasileira de Franchising -ABF, os números são um forte indicativo da resiliência do setor, que, mesmo num perío-do mais difícil, conseguiu ter bom desempenho. “A natureza de rede e a constante capacitação técnica e motivacional de franchising ajuda-

A ram o setor a atravessar bem o atual cenário”, diz ela.

A executiva atribui tal desempenho à abertura de novas lojas (mesmo em ritmo menor), à manutenção em níveis relevantes do emprego e da renda e às mudanças compor-tamentais observadas no Brasil de alguns anos para cá, como melhor qualificação profissional, a neces-sidade de se alimentar fora do lar e a maior presença da mulher no mercado de trabalho.

“Certas conquistas da estabilidade econômica não devem regredir. E não podemos esquecer que o Brasil conti-nua forte em áreas como o agronegó-cio e, onde há renda, há espaço para franchising”, ressalta Cristina.

Atualmente 128.809 empresas ope-ram no Brasil pelo sistema. Mas nem sempre foi assim. Em apenas uma década, o número de franquias saltou 398%, passando de 56 mil para 114 mil (período de 2003 a 2013). Desde então, intensificaram-se as parcerias com o mercado segurador.

PROTEÇÃO DO SEGUROSegundo o diretor presidente da ABF Rio, Beto Filho, como um negócio que envolve diversos riscos, o sistema

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CRISE PASSA AO LARGO DO SETOR DE FRANCHISING

de franquias espera compartilhar ou minimizar sua exposição a eles, con-tratando a proteção de um seguro. “O setor espera que o mercado segurador acompanhe seu crescimento, oferecen-do cada vez mais soluções de seguros que se adaptem às especificidades de franchising”, afirma.

O executivo explica que a demanda do produto seguro pelo setor se diferencia entre franqueados e franqueador. Os donos de franquias contratam seguros relativos a pequenas e médias empre-sas, como incêndio, roubo e danos elétricos, protegendo seu ponto co-mercial de prejuízos inesperados. Já os franqueadores, detentores da marca e do conhecimento que são repassados aos franqueados, também contratam os seguros empresariais básicos, além de alguns de responsabilidade civil e de proteções financeiras.

“O seguro contratado varia de acordo com o porte da operação, uma vez que no mercado de franquias há também multinacionais e empresas de capital aberto”, diz Beto Filho. Ele destaca ainda alguns acordos de operação firmados entre franqueados e segura-doras para a formatação de contratos específicos para redes. “A marca esten-de a cobertura a seus franqueados à medida que eles ingressam na rede”.

Na outra ponta da parceria, estão as empresas de corretagem, que vêm ampliando sua atuação por meio do sistema de franchising. Beto Filho lembra que, dada à regulamentação do setor de seguros, não há franquias no Brasil que operem como seguradoras. Mas há corretoras de seguros que op-taram por crescer via franquias e estão se expandindo com velocidade.

Na sua avaliação, a franquia pode ser uma maneira eficiente de se acelerar a expansão de corretoras de seguros a um custo competitivo e mantendo uma maior unidade na prestação de serviço.

“Outros prestadores de serviços do mercado de seguros, como TI, pode-riam adotar este modelo para acelerar sua expansão”, acrescenta Beto Filho.

SEGMENTOS EM EXPANSÃODe acordo com a Pesquisa de De-sempenho Trimestral de Franchising da ABF, os segmentos de franchi-sing que mais cresceram no período foram: Alimentação e Esporte; Saúde, Beleza e Lazer, ambos com uma expansão do faturamento da ordem de 14%; Comunicação, Informática e Eletrônicos, com 11%.

Nos três primeiros meses do ano, foram abertas 3,7% novas lojas e fechadas 1,1%, ficando o mercado com um saldo positivo de 2,5% de novas unidades. Em número de lojas, os segmentos que mais cresceram foram Acessórios Pes-soais e Calçados (14%) e Comunicação, Informática e Eletrônicos (13%).

O diretor de inteligência de mercado da ABF, Claudio Tieghi, explica que em um momento menos favorável economicamente, segmentos mais tradicionais como Alimentação e Esporte; e Saúde, Beleza e Lazer tendem a se fortalecer, pois refletem mudanças comportamentais da so-ciedade mais consolidadas, como o bem-estar e as facilidades cotidianas. Já os segmentos de Comunicação, Informática e Eletrônicos refletem a crescente digitalização da sociedade, gerando oportunidades na venda de produtos, consultoria, assistência técnica e outros serviços.

“Numericamente, embora o shopping seja fundamental para o mercado de franquias, a loja de rua vem ganhando importância. Notamos também que há um grande espaço para o cresci-mento de operações de e-commerce e/ou multicanal no mercado de fran-chising”, conclui. (FT)

Beto Filho: “O setor espera que o mercado segurador acompanhe seu crescimento, oferecendo soluções de seguros que se adaptem às especificidades de franchising.”

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ENERGIA

UM NOVO CICLO DE NEGÓCIOS PARA GRANDES RISCOS

A retomada dos investimentos na área de exploração de petróleo e gás leva mercado a se preparar para oferecer seguros adequados aos riscos do setor.

realização da 13ª rodada de concessão de áreas de explora-

ção e produção de petróleo e gás, que prevê o leilão de 266 blocos e a arrecadação de até R$ 2,5 bilhões em bônus de assinatura, inaugura um novo ciclo de negócios para a car-teira de Grandes Riscos do setor de seguros. O evento faz parte do Plano Nacional de Energia e deverá ocorrer em outubro, conforme anunciou no início de junho o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga. A expectativa é de que haja grande movimentação de recursos pela indústria de petróleo e gás, principalmente em razão dos investimentos estrangeiros, o que representará um significativo aumento da demanda pelos contratos de prote-ção aos riscos das operadoras.

Desde a fase de licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível - ANP, até o desen-volvimento dos poços de petróleo e gás (182 localizados em bacias terrestres e 84 em bacias marítimas), as empresas buscarão alternativas para o gerenciamento e mitigação de seus riscos operacionais e financei-ros. Quanto mais remoto e desafiador o projeto, maiores os investimentos e os riscos envolvidos. Pelas estimati-vas do mercado, o volume dos con-tratos com as companhias envolvidas

A com a exploração e produção de óleo pode chegar a U$ 600 milhões.

CAPACIDADE LOCALDe acordo com Adriano Oka, vice-presidente de Marine da JLT Re Brasil, esse é o limite estimado de capa-cidade disponível no mercado nacional para atender à demanda de seguros de Riscos de Petróleo. “Internacionalmente, esse valor é muito maior e pode chegar a U$ 8 bilhões, dependendo do tipo de risco. Em geral, as seguradoras não devem garantir sozinhas esses investi-mentos, pois o montante a ser segura-do deve ultrapassar a capacidade local”, afirma o executivo.

Nada mal para um segmento de mercado que vem registrando queda no volume de prêmios arrecadados em razão da crise econômica internacional, que derrubou os preços do petróleo, e da paralisação dos contratos da Petrobras, às voltas com problemas financeiros e a investigação de proces-sos por corrupção.

“A próxima rodada de leilões vai oferecer 266 blocos exploratórios em dez bacias sedimentadas, divididas entre onshore e offshore. Além da grande aposta em bacias do Norte e do Nordeste, temos também pequenas bacias no Sul que podem se reve-lar grandes produtoras com até 400

A próxima rodada de leilões vai oferecer blocos exploratórios em dez bacias sedimentadas, divididas entre onshore e offshore.

Luiz Eduardo Duque Dutra

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metros de camada de óleo”, ressalta Luis Eduardo Duque Dutra, assessor especial da Diretoria da ANP.

COBERTURAS ADEQUADAS

De acordo com o presidente da Comissão de Risco de Crédito da FenSeg e diretor do Grupo Segura-dor BBMapfre, Rogério Vergara, o setor está preparado para atender à demanda gerada pela retomada dos investimentos na área da exploração nacional de petróleo e gás, com a oferta de seguros adequados aos riscos dos empreendimentos.

“O mercado tem os instrumentos neces-sários para apoiar esses projetos, tanto na etapa de construção como na de operação”, assegura. Ele enfatiza ainda que o setor tem a experiência necessá-ria para garantir que possíveis danos, muitas vezes inerentes à etapa de construção, sejam reparados na veloci-dade adequada, evitando problemas de geração de caixa decorrentes da inter-rupção do projeto e que comprometem a remuneração do agente financeiro.

Nesse aspecto, Carlos Frederico Ferreira, diretor presidente da Austral Resseguradora, ressalta a necessi-dade de alguns ajustes referentes à regulamentação, para que a oferta se adeque à demanda. “Principalmente no que diz respeito à cobertura para abandono de poço exigida pela ANP”, afirma em referência à publicação pela Susep ano passado da Circular 477 em substituição à Circular 232, que inclui o novo seguro Garantia Financeira contra Abandono do Poço.

PRODUTO SOB MEDIDA

Os riscos são grandes, uma vez que envolvem contrato de longo prazo e tecnologia ainda em desenvolvimento. “Mas, por isso mesmo, corretores, clientes, seguradoras e Susep estão em conversações para fazer um pro-duto sob medida para as necessidades dos envolvidos”, informa Adriano Oka.

Outra boa nova para as companhias especializadas no segmento de Riscos de Petróleo foi o anúncio pelo ministro Eduardo Braga de que, a pedido da

indústria petrolífera, o Governo tam-bém estuda flexibilizar as regras de conteúdo local. Uma das alternativas avaliadas é reduzir o peso da proposta de conteúdo nacional no lance ofertado pelas companhias no leilão. Outra ideia é reduzir a punição às petroleiras com relação ao descumprimento do índice de nacionalização.

Entre outros, a construção de plata-formas aliada à exigência do conteúdo nacional foi um dos motivos apontados pelas seguradoras para as dificuldades contratuais referentes aos leilões de 2010 e 2011, devido à falta de infraes-trutura e até à demora na moderniza-ção e construção de estaleiros. E como o mercado de seguros para o setor de petróleo ainda é muito concentrado na Petrobras, que responde sozinha por cerca de 40% dos prêmios do segmento no País, as apólices de risco de construção de plataformas e navios plataformas são um importante nicho de negócios para as seguradoras. (FT)

Adriano Oka: “Em geral, as seguradoras não devem garantir sozinhas esses investimentos, pois o montante a ser segurado deve ultrapassar a capacidade local.”

Rogério Vergara

O mercado tem os instrumentos necessários para apoiar esses projetos, tanto na etapa de construção como na de operação.

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20 • REVISTA DE SEGUROS

NOVA RODADA DE INCENTIVO À INOVAÇÃO

Prêmio Antônio Carlos de Almeida Braga chega à 5ª edição com novidades e aumento do número de concorrentes, o que acirra a disputa.

Por LARISSA MORAIS

riado para fomentar a busca de soluções inovadoras no

mercado segurador, o Prêmio Antônio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros chega à 5ª edição renovando as próprias regras. A principal mudança é o aumento do número de finalis-tas que participarão da segunda etapa de avaliação dos projetos, o que acirra a disputa pelas pri-meiras colocações. Também há novidades na composição do júri e nos valores dos prêmios, que tiveram um aumento significativo. As inscrições tiveram início dia 30 de abril e vão até 30 de setembro.“Todas as edições tiveram no-vidades em sua estrutura e regulamento, desde a divisão em categorias, em 2012, até o reposicionamento para um maior foco em inovação e a criação da segunda etapa de julgamento, em 2014. O trabalho da Gerên-cia Executiva do Prêmio é não só fazê-lo acontecer. É também observar, ao longo do processo, o que funciona e o que pode e deve ser aperfeiçoado, pensando em soluções e colocando-as em prática”, afirmou a diretora exe-cutiva da CNseg, Solange Beatriz Palheiros Mendes.Na 5ª edição, o número de fina-listas vai aumentar de três para

C cinco em cada uma das três categorias (Produtos e Serviços, Processos e Comunicação). Eles serão selecionados numa primeira etapa de julgamento e terão que defender seus projetos perante o júri de sua categoria. A necessi-dade de apresentação dos pro-jetos foi uma novidade da edição passada que deu certo.

“Essa fase de apresentação mostrou-se extremamente im-portante para um conhecimen-to mais detalhado dos traba-lhos participantes. Antes, era apenas classificatória. Com a mudança, a disputa será maior, pois nem todos da final ficarão entre os vencedores”, explicou Solange Beatriz. As apresenta-ções acontecerão entre os dias 25 e 27 de novembro, em um dia para cada categoria.

JÚRI MAIS NUMEROSOOutra novidade foi o aumento no valor dos prêmios oferecidos aos vencedores. Os primeiros colocados em cada categoria receberão R$ 30 mil; os segundos colocados, R$ 15 mil, e os tercei-ros, R$ 10 mil. No ano passado, as quantias foram de R$ 20 mil, R$ 10 mil e R$ 5 mil. Os valores são, sem dúvida, um atrativo, mas para Solange Beatriz o que mais

move as pessoas a entrar na disputa é o reconhecimento do setor, dentro e fora da empresa em que atuam. Para a próxima edição, o júri foi ampliado de cinco para nove jurados, três por categoria. Os oito que já asseguraram sua participação foram Antonio Penteado Mendonça, Bruno Miragem, Helio Portocarrero, Joaquim Falcão, Mariana Mei-relles, Nadja Sampaio e Sergio Besserman Vianna. Para as defesas, na segunda etapa, os jurados serão divididos em grupos, conforme suas áreas de atuação. “Esse foi mais um passo na direção do aprimora-mento das avaliações”, explicou Solange Beatriz.

No ano passado, 78 projetos foram inscritos, número mais de 40% superior ao de 2013. Ainda segundo Solange Beatriz, a expectativa é que, mais uma vez, a quantidade de inscritos seja recorde, e a qualidade dos trabalhos surpreenda positivamente. Em relação ao público, o objetivo é atrair colaboradores de empresas que nunca participaram. “Queremos chegar cada vez mais aos corretores de seguros e resseguros, e

PRÊMIO INOVAÇÃO

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ampliar a participação dos colaboradores das entidades do setor, que foram incluídos em 2014 na lista dos que podem se inscrever”, contou.

MAIS PARTICIPANTES

O perfil dos participantes é bem diversificado e vem se renovando a cada edição. Entre os inscritos, há desde altos executivos e profissionais de nível gerencial até colaboradores de entidades do setor e corretoras de seguros e resseguros, e corretores autônomos de diferentes regiões do País. Para a surpresa dos organizadores, surgiram interessados entre prestadores de serviços de companhias seguradoras. “Isso mostra o quanto o Prêmio vem se disseminando; sobre esses pedidos, vamos avaliar caso a caso”, disse Solange.

Cada autor poderá inscrever apenas um trabalho por categoria. As regras completas, com o detalhamento da formatação dos projetos, entre outros aspectos importantes, estão no endereço http://www.premioseguro.com.br/2015/. Além de elementos pré-textuais (capa, resumo e apresentação), os projetos deverão conter planos de negócios que detalhem justificativa, contexto, público atingido, ações realizadas, resultados e plano de monitoramento do projeto. O anúncio dos finalistas será feito em 18 de novembro e, a cerimônia de premiação está marcada para 17 de dezembro.

DIRIGENTES COMEMORAM A INICIATIVA

Mais que nunca, precisamos ser inovadores para atender, com qualidade e eficiência, às diferentes demandas de todos os segmentos da sociedade. O melhor de tudo é o caráter democrático da premiação, pois abre oportunidade para todos que tenham desenvolvido um projeto inovador. Fico feliz também pela abertura do Prêmio para a participação dos corretores de seguros. A categoria se esforça e investe bastante para oferecer inovações que favoreçam o mercado como um todo e, particularmente, crie um cenário ainda mais favorável para o consumidor.

Armando Vergílio, presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros -Fenacor

O Prêmio estimula a produção intelectual desse segmento. Os cases apresentados valem como uma interessante amostra da capacidade criativa e adaptativa das empresas e seus colaboradores e da aplicação de princípios de sustentabilidade à atividade securitária. Esta grande iniciativa da CNseg permite que sejam conhecidas e apresentadas a público as melhorias da relação com os segurados, agregando assim maior percepção de valor e utilidade aos seguros. O crescimento progressivo das inscrições demonstra a importância dos temas, que tenderão a ocupar cada vez mais espaço no dia a dia da atividade de seguros.

Dilmo Bantim Moreira, presidente do Clube Vida em Grupo São Paulo - CVG-SP

O Prêmio é de grande importância para o mercado não só por reconhecer o trabalho dos securitários e corretores, mas por incentivar os profissionais a buscar novas soluções, como uma comunicação mais eficaz, soluções sustentáveis, negócios que consigam atender à real necessidade dos clientes, entre outros. Além disso, Antônio Carlos de Almeida Braga é uma referência para todos nós.

Augusto Frederico Costa Rosa de Matos, presidente do Sindicato das Seguradoras nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e do Distrito Federal - Sindseg MG/GO/MT/DF

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PRÊMIO

O Prêmio identifica e estimula novos talentos no mercado segurador, muitas vezes ocultos, e ainda divulga formas, por meio dos cases selecionados, de aprimoramento ao atendimento das necessidades do consumidor de seguros. Cada processo pode ser sempre melhorado, portanto encontramos aqui uma forma de estimular a criatividade em prol das necessidades de melhoria visando oportunidades de negócios e fortalecimento das empresas mediante a crise

Estela de Moura Rey, presidente do Clube Vida em Grupo Rio Grande do Sul - CVG-RS

A criação desse Prêmio representou um marco no mercado de seguros. Hoje, no ambiente interno das empresas, nota-se claramente a ansiedade dos empregados em apresentar suas inovadoras ideias e grupos se reúnem para discutir exaustivamente a melhor forma de apresentá-las. Dentre as ideias selecionadas, muitas são descartadas embora sejam excelentes, pois não resistem ao crivo da sustentabilidade.

Francisco Alves de Souza, presidente do Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar - Sinapp

INOVAÇÃO

O Prêmio é mais uma brilhante iniciativa da CNseg para integrar o setor e estimular o aprimoramento contínuo. O crescimento do número de inscrições ano a ano demonstra o interesse de todos os integrantes do mercado segurador brasileiro pela inovação. O resultado é a criação de novos produtos, melhoria na formatação e oferta das modalidades já consolidadas, representando ganho de performance para o setor e, consequentemente, benefício para toda a sociedade, dada a relação muito próxima que existe entre os seguros e a qualidade de vida das pessoas.

João Gilberto Possiede, presidente do Sindicato das Empresas nos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul – Sindseg – PR/MS

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O CVG-RJ tem acompanhado a expressiva contribuição que os trabalhos apresentados nesta premiação pioneira têm oferecido ao setor. Dos jovens aos mais experientes profissionais, o legado que eles disponibilizam para o desenvolvimento do segmento é inquestionável. Parabenizo a direção da CNseg e seu corpo técnico, e a organização do evento, pela iniciativa relevante que tem levado reconhecimento e destaque a todos aqueles que se dedicam e emprestam os seus estudos, pesquisas e experiências ao seguro.

Marcello Hollanda, presidente do Clube Vida em Grupo Rio de Janeiro - CVG-RJ

O Prêmio Antônio Carlos de Almeida Braga tem importância ímpar no meio securitário, haja vista suas características de estimular a busca constante das melhores práticas no intuito de alcançar as satisfações plenas dos operadores e consumidores de seguros.

Julio Cesar Rosa, presidente do Sindicato das Empresas no Estado do Rio Grande do Sul – Sindseg - RS

O Prêmio é um fomentador da criatividade para o setor de seguros brasileiro. Dá oportunidade a todos que desejam ver suas ideias divulgadas e dá visibilidade ao mercado de seguros com alternativas e soluções que podem ser implementadas nas operadoras.

Mauro Cesar Batista, presidente do Sindicato das Empresas no Estado de São Paulo - Sindseg - SP

O Prêmio oferece o espaço que o mercado precisava para mostrar a produção de ideias da indústria de seguros, ao mesmo tempo que estimula os profissionais a acreditarem em seus projetos. É uma iniciativa bastante positiva, visto que o setor precisa de constante aperfeiçoamento, além de ser uma forma de fazer os profissionais acreditarem no seu potencial, oferecendo-lhes a oportunidade de se tornarem protagonistas de uma mudança importante dentro da área em que atuam.

João Giuseppe Esmeraldo, presidente do Sindicato das Empresas nos Estados da Bahia, Sergipe e Tocantins – Sindseg-BA/SE/TO

Se a meta do mercado de seguros é manter-se em crescimento, não existe outro caminho que não seja o do conhecimento. Para reagir aos enormes desafios que o futuro impõe, é necessário abrir espaço para boas ideias e soluções que permitam ao setor atingir o grau de prosperidade que almeja. A iniciativa do Prêmio é louvável, pois estimula a criatividade e reconhece novas formas de pensar a atividade. A premiação é um importante instrumento para inspirar a busca de talentos e para valorizar as práticas que farão a diferença no desenvolvimento do seguro.

Luis López Vázquez, presidente da Associação Paulista dos Técnicos de Seguros - APTS

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24 • REVISTA DE SEGUROS

PRÊMIO INOVAÇÃO

A inovação é, sem dúvida, um dos caminhos para o desenvolvimento do Brasil, pois aumenta a competitividade entre as empresas nacionais e, por consequência, do País em relação às outras nações. Nesse sentido, o Prêmio é extremamente importante, pois inclui o setor de seguros nessa esfera, premiando empresas e pessoas que tiveram sucesso nessa área. Um dos setores que mais têm crescido no País nos últimos anos, o mercado de seguros precisa estar na vanguarda de iniciativas como essa. Lidamos com o conceito de proteção, e a melhor forma de proteger é inovando.

Roberto Santos, presidente do Sindicato das Empresas nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo – Sindseg – RJ/ES

Na condição de dirigente de uma instituição de ensino, sou entusiasta de ações que proporcionam o surgimento de soluções inovadoras, estimulam o desenvolvimento dos profissionais do nosso setor e, consequentemente, das empresas em que atuam. O Prêmio vem cumprindo esse propósito de trazer nova luz às questões mais prementes da nossa indústria, com foco na criatividade e sustentabilidade dentro do ambiente de negócios. Nossa admiração e total apoio a esta iniciativa, aproveitando para parabenizar a CNseg pelo sucesso do Prêmio ao longo dos últimos anos.

Renato Campos, diretor executivo da Escola Nacional de Seguros - ENS

O Prêmio é sim uma iniciativa que permeia de forma exemplar e única as melhores ideias do mercado de seguros, na intenção de ampliar as boas práticas para toda cadeia produtiva, principalmente na influência do comportamento humano - fato este que dá a importância do engajamento de todos nós. Um sucesso de práticas sustentáveis para toda a humanidade.

Paulo Lückmann, presidente do Sindicato das Empresas no Estado de Santa Catarina - Sindseg SC

Todo incentivo às mais diversas possibilidades de fomentarmos a cultura do seguro é muito bem-vindo, e o Prêmio cumpre muito bem esse papel. A cada ano, vemos um número maior de projetos inscritos e isso mostra uma parte do que foi desenvolvida, ao longo de um ano, e reforça o que já sabemos: que o mercado é repleto de ações, iniciativas e projetos inovadores.

Mucio Novaes, presidente do Sindicato das Empresas no Norte e Nordeste - Sindseg - NNE

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26 • REVISTA DE SEGUROS

APOSTA NA PROTEÇÃO PARA FOMENTAR A SAFRA AGRÍCOLA

Plano de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural para este ano terá R$ 668 milhões em caixa.

Por GABRIEL OLIVEN

salvação vem literalmente da lavoura. Na contramão da crise

econômica, o setor agropecuário colhe fartos indicadores de crescimento e tem sido um dos únicos a registrar ganhos reais de produtividade no Brasil. Daí a atenção especial que o Governo destinou ao lançamento do Plano Safra 2015/2016, anunciado no começo de junho.

Os recursos disponíveis para financiar as operações de custeio, investimento e comercialização da agricultura empresarial alcançam R$ 187,7 bilhões, o que repre-senta 20% a mais que na safra anterior. Neste cenário, o Governo chegou a anunciar que o Seguro Rural teria prioridade estratégica, como um dos pilares da política agrícola. No entanto, o orçamento real para a safra será menor que o previsto, em função do atraso no repasse das subvenções oficiais.

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SEGURO RURAL

A proteção contra intempéries climáticas e fatores econômicos adversos deve ser uma das apostas do Governo para fomentar a safra. O orçamento do Plano de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural - PSR é de R$ 668 milhões para este ano – mas deste total R$ 300 milhões serão destinados a pagamentos da safra anterior.

Em 2014, o anúncio do Plano Agrícola e Pecuário contemplava R$ 700 milhões em subsídios, mas somente R$ 400 milhões foram devidamente orçados pelo Governo e chegaram, de fato, a ser liberados para o ano-safra. O restante ainda não foi disponibilizado às seguradoras. Este ano, dos R$ 668 milhões orçados, apenas a produção de trigo absorveu R$ 90 milhões e outras culturas de inverno (cevada, canela e triticale), cerca de R$ 2 milhões, restando para a safra de verão R$ 276 milhões.

Ag.

Bra

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Kátia Abreu

Queremos um seguro com credibilidade na praça. Os seguros de 2014 não vão impactar na safra de 2015.

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MAIS AUTONOMIA

O Governo, no entanto, tem ou-tras fichas para incentivar o seguro Rural. Uma delas é a padronização das apólices, medida que começou este ano, quando foi fixado em 60% o nível mínimo de cobertura ofe-recida pelas seguradoras na safra 2015/2016, sobre a produtividade estimada dos produtos de multirris-cos para grãos.

O plano prevê ainda a criação do Sistema Integrado de Informações do Seguro Rural - SIS-Rural, e a formação de grupos de produtores para negociação com as segurado-ras. Segundo a ministra da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, o objetivo é melhorar a transparência na negociação com o mercado segurador. Pelo novo formato, o produtor rural terá mais autonomia para escolher a empresa com quem contratará a apólice.

“O Sistema Integrado de Informa-ções vai acabar com a dificuldade da transparência, o que era usado como argumento para não baixar o custo do seguro. Queremos mudar essa realidade. Esse plano mostra que o ajuste econômico não se dá apenas com cortes, mas também com inves-timentos”, afirmou a ministra, ao lado da presidente Dilma Rousseff, ao discursar durante solenidade oficial no Palácio do Planalto.

PROTEÇÃO DA SAFRA

O fato é que, desde a criação do PSR, em 2005, o seguro Rural tem sido

uma ferramenta eficaz na proteção da safra, atraindo o interesse cada vez maior de produtores – e também de seguradoras. A abertura do mercado de resseguros, dois anos mais tarde, contribuiu para esta expansão. Hoje, a principal demanda dos produtores diz respeito a fatores climáticos, como secas, geadas e granizos.

“Na safra 2013/2014, o seguro agrícola registrou mais de R$ 14 bilhões em importância segurada, contra menos de R$ 3 bilhões há oito anos. Esse volume mostra a solidez do mercado. A contratação de uma apólice é fator de segurança para o produtor, além de estimular a geração de empregos e de renda no campo”, afirma Gláucio Toya-ma, diretor técnico de Seguros Rurais do Grupo Segurador BB Mapfre. Os seguros agrícolas oferecidos pelo grupo englobam mais de 70 tipos de cultivos, entre grãos e frutas (com destaque

para soja, trigo, milho, maçã e uva), além de cobertura pecuária e florestal.

Mesmo com o ritmo de crescimen-to, o mercado ainda tem um vasto potencial a ser explorado. Na safra 2013/2014, apenas 13,8% (ou 9,6 milhões de hectares) da extensão de terra destinada à agropecuária, de um total de 69,2 milhões de hecta-res, estavam cobertos pelo seguro Rural. Aí reside a importância da subvenção governamental como fator de incentivo à demanda pelo seguro agrícola e ao desenvolvimen-to de novos produtos.

FERRAMENTA ESSENCIAL

Segundo Joaquim César Neto, vice-presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg e gerente da área de seguro Rural da Porto Seguro, o Governo tem papel fundamental na consolidação do mercado. “O subsídio ao produtor é peça-chave para reduzir o custo do seguro. Mas é preciso ajustar o ritmo de repasses governa-mentais ao da venda de apólices. O atraso no empenho dos recursos às empresas seguradoras pode inibir o crescimento do seguro Rural”, alerta.

O executivo, porém, é otimista quanto às perspectivas do seguro Rural. “O mercado segurador está pronto para atender ao aumento da atividade agropecuária no País. Hoje, nove seguradoras trabalham com o produto e várias já manifestaram desejo de ingressar neste segmento. O seguro é uma ferramenta essencial na lavoura”, arremata.

Glaucio Toyama

A contratação de uma apólice é fator de segurança para o produtor, além de estimular a geração de empregos e de renda no campo.

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28 • REVISTA DE SEGUROS

Joaquim Cesar

O subsídio ao produtor é peça-chave para reduzir o custo do seguro. Mas é preciso ajustar o ritmo de repasses governamentais com a venda de apólices.

SEGURO RURAL

As projeções otimistas para a ati-vidade agropecuária – e o seguro Rural, em particular – estão finca-das em solo fértil. Dados do IBGE mostram um quadro revelador. No primeiro trimestre do ano, enquan-to o Produto Interno Bruto - PIB, nacional recuou 0,2%, a agricul-tura registrou expansão de 4,7%, puxada pela soja. Já a indústria encolheu 0,3% no período e os serviços, 0,7%. O Governo estima que, nos próximos 10 anos, a safra agrícola aumentará em 60 milhões de toneladas e a produ-ção de carnes (bovina, suína e de aves), em 8 milhões de toneladas.

Daí a expectativa do mercado com o anúncio do Plano Safra 2015/2016 e da subvenção ao seguro Rural. O subsídio é um ingrediente básico para baixar o custo do seguro, protegendo a lavoura e a renda de pequenos e médios produtores. Esse instru-mento está amparado em legisla-ção federal que remonta à década passada. Em 2003, foi sanciona-da a Lei 10.823, que autorizou o Governo a instituir subsídio para a contratação do seguro Rural. A lei foi regulamentada pelo Decreto 5.121/04, que estabeleceu o Pro-grama de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural - PSR.

O principal objetivo do PSR é pro-mover a universalização do aces-so ao seguro Rural, como instru-mento para estabilidade da renda agropecuária. Paralelamente, ele deve induzir o uso de tecnologias

adequadas e modernizar a gestão do agronegócio. O mercado segurador apostou na ideia e não parou de crescer desde então. Em 2005, a área segurada não passava de 68,1 mil hectares em todo o País. Em 2013, já eram quase 10 milhões de hectares. O número de produtores atendidos saltou de 849 para 65.556 no período, totalizando mais de 100 mil apólices contratadas.

O volume total segurado che-ga hoje a R$ 16,8 bilhões, com destaque para a Região Sul, que concentra 60% das apólices. O seguro Rural atende a mais de 30 atividades e culturas distintas, com ênfase em soja, milho, uva e trigo. As seguradoras trabalham com uma ampla gama de pro-dutos, sendo que há a predomi-nância das coberturas contra as adversidades climáticas.

A apólice pode oferecer tanto uma cobertura ampla, o chamado seguro multirrisco, quanto o risco nomeado, que restringe a cober-tura a um ou mais itens. Essas condições são estabelecidas entre os corretores de seguro e os clientes, de maneira individual.

A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada por qualquer pessoa física ou empresa que cultive ou produza espécies contempladas no Programa. Ela permite ainda a complementação dos valores por subvenções concedidas por meio de estados e municípios.

SOJA IMPULSIONA EXPANSÃO DA AGRICULTURA

O acerto das dívidas com as segura-doras já está na pauta do Governo. Para resolver as pendências relativas à safra 2014/2015, o Ministério da Agricultura pretende receber crédito suplementar de R$ 300 milhões do Ministério da Fazenda. Somados aos Restos a Pagar previstos no Orça-mento de 2014, que aguarda repasse de R$ 390 milhões, o problema deve ser solucionado este ano.“Não queremos deixar mais Restos a Pagar, pois isso gera insegurança no mercado. Queremos um seguro com credibilidade na praça. Os seguros de 2014 não vão impactar na safra de 2015”, garante a ministra Kátia Abreu.

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30 • REVISTA DE SEGUROS

AUMENTO DOS CUSTOS, UM DESAFIO AO CRESCIMENTO

A ANS não regula os prestadores de serviços e mercado defende uma maior ação do Governo para equilibrar os gastos do setor.

Por JOÃO MAURÍCIO RODRIGUES

ressionadas por custos crescentes e sem condições de repassá-los

na íntegra, as operadoras de saúde, o único elo da cadeia de Saúde Suple-mentar a ter preços controlados pela Agência Nacional de Saúde Suplemen-tar – ANS, cobram uma mudança de paradigma do modelo de assistência médica e hospitalar. E deixam claro que os números exuberantes do setor - cerca de 50 milhões de beneficiários de planos médico-hospitalares, perto de 25% da população brasileira – já não são mais suficientes para dar conta do aperto da margem das empresas. O Governo brasileiro, caso repita o que fez os Estados Unidos, poderia ser o fiel da balança, usando seu poder de grande comprador para barganhar preços e custos menores dos demais players da cadeia de Saúde Suplemen-tar, garantindo o equilíbrio do sistema.

“Estamos fazendo a nossa parte, cor-tando despesas, aumentando a eficiên-cia dos processos administrativos e absorvendo alguns gastos por exigên-cia da ANS, como é o caso da implan-tação das ouvidorias. Mas as outras partes da cadeia produtiva têm que

P

O compartilhamento de risco atrelado a metas de performance é um caminho para tentar equilibrar o sistemas.

Denizar Vianna

SAÚDE

fazer o mesmo”, adverte o presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano.O único elo da cadeia produtiva do setor regulado é o das operadoras, ressalta o executivo, acrescentando que a ANS não regula os prestado-res de serviços de saúde, o distribui-dor de medicamentos, os serviços de diagnósticos e os fabricantes de materiais. Em consequência, defen-de uma maior ação do Governo para equilibrar o setor. “Só o Governo tem o poder de com-pra e pode nos ajudar a obter preços menores de medicamentos, acelerar a implantação de uma instância que avalie o custo-benefício de importação de equipamentos e materiais, além de incentivar os hospitais a mudar o para-digma de remuneração”, afirma.Na sua avaliação, nos Estados Unidos essa questão só avançou porque o Governo é um grande comprador e incentivou os prestadores a mudar o paradigma de remuneração. Coriolano informa que entre 2008 e 2012, época da recessão dos Estados Unidos, o governo americano implantou novos modelos de remuneração de prestado-

SUPLEMENTAR

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REVISTA DE SEGUROS • 31

res de serviços, para derrubar preços e custos. “Aqui no Brasil paga-se pela quantidade de procedimentos reali-zados, o que só provoca aumento da despesa”, observa.

CUSTO MÉDICO

O aumento de custos no Brasil intensificou a partir da edição da Lei 9.656, de 1998, época em que todas as operadoras foram obrigadas a dar cobertura para todas as doenças previstas pela Organização Mundial de Saúde - OMS, o que elevou o custo médico e a frequência das despesas.O dirigente observa que o Governo exige que as operadoras façam uma gestão para reduzir custos, mas a própria legislação não dá instrumentos para que a ANS possa fazer questiona-mentos de ato médico, por exemplo. “O problema relacionado às órteses e próteses já vinha sendo denunciado pelas operadoras há mais de cinco anos e ninguém fazia nada. Foi preciso que uma CPI fosse criada para que a população tomasse conhecimento”.

Professor associado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, Denizar Vianna avalia que o desperdício no uso de tecnologias diagnósticas e terapêuticas é o grande vilão da Saúde Suplementar. “A tecnologia em saúde deve ser indicada para o paciente certo, na hora certa, no local certo”, explica.Para ele, o problema ocorre devido à baixa capacidade de resolubilidade de médicos, além do uso excessivo de tecnologias médicas pelos hospitais, por representar a maior margem de contribuição para prestadores e, infeliz-mente, fraudes de alguns provedores.Marcio Coriolano adverte que as ope-radoras tentam fazer a melhor ges-tão possível, mas os custos não são formados por ela. “Queremos mudar o sistema, mas encontramos resistência dos prestadores. Não são as operado-ras que formam o preço de consulta, exames nem tampouco a frequência de pessoas doentes”, acrescenta.

Na visão do executivo, está acon-tecendo um ciclo muito grande da valorização da atividade de presta-ção de serviços na saúde privada. O resultado, segundo ele, é que a taxa de lucratividade dos prestadores tem

aumentado muito. “Nesse cenário, esse setor não quer ceder para negociar a redução do preço. É por isso que se cria esse ambiente de certo desconforto”, esclarece.

FATORES DE ALTA

Economista do Instituto de Ensino e Pesquisa - Insper, Paulo Furquim de Azevedo entende que existem qua-tro grupos principais de fatores que fazem com que os custos e preços subam. O primeiro é o envelhecimen-to da população e a modificação do tipo de doença, que levam a uma intensidade maior de internações por pessoas. “Este fator explica pouco do crescimento recente, por se tratar de mudanças lentas, mas permitem prog-nosticar um elevado crescimento dos custos nas próximas décadas”.

O segundo fator é o crescimento da renda, que permite que as pessoas possam ter acesso a uma assistência à saúde de melhor qualidade. “Estes dois primeiros fatores são positivos, reflexos da melhoria das condições de vida da população, e não devem ser vistos como um problema”.

Marcio Coriolano

Aqui no Brasil paga-se pela quantidade de procedimentos realizados, o que só provoca aumento da despesa.

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SAÚDE SUPLEMENTAR

O terceiro é a inovação tecnológica, que adiciona novos procedimentos e exames, sem necessariamente substituir os antigos, explica Furquim de Azevedo. No entanto, ele assinala que a inovação é bastante positiva, pois está associada a uma melhoria da qualidade, mas há perdas re-levantes no modo como as novas tecnologias são incorporadas ao sistema de saúde.

A inovação tecnológica está associa-da ao último fator relevante aponta-do pelo representante do Insper: a ineficiência de operação do siste-ma, que acontece pelas falhas de mercado de incentivos inadequados, derivadas da informação assimétrica entre médicos, hospitais, pacientes e operadoras de saúde.

“O problema decorre do descola-mento entre aquele que decide quais procedimentos adotar e aqueles que sofrem as consequências da decisão (quem paga pelos procedimentos). Isso leva a dois tipos de problema: over-use (internações e consultas cujo custo é superior ao benefício gerado) e over-treatment (excesso de procedi-mentos em uma internação)”.

MEDIDAS SUSTENTÁVEIS

As projeções no incremento da sinis-tralidade das operadoras de planos de saúde e os consequentes repas-ses para as fontes pagadoras (em-pregadores e pessoa física) tornam o sistema de Saúde Suplementar insustentável no longo prazo, na opi-nião de Denizar Vianna, que também é Consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID. Segundo ele, a sugestão para o setor pode ser resumida em “cinco Is”: Informação, Indicadores, Incentivos, Integração e Inovação.

O especialista explica que o sistema de Saúde Suplementar iniciou há algum

tempo um processo de consolidação para ganhos de escala, via fusões e aquisições entre operadoras de planos de saúde, hospitais e laboratórios de métodos diagnósticos.

“Algumas operadoras optaram por modelos verticalizados na tentativa de controlar a prestação do servi-ço, principalmente os hospitais. Na operação propriamente dita, há clara orientação das operadoras de planos de saúde para gerenciar o fluxo do usuário na rede, principalmente o doente crônico”, explica ele.

Denizar Viana destaca que há inicia-tivas de compra centralizada para melhor negociação de preço, uso de segunda opinião médica para minimizar o desperdício e direcio-namento para grupos médicos com acordos prévios.

Na sua avaliação, a relação entre fonte pagadora e prestador de serviço só vai evoluir para um ganha-ganha se houver alinhamento de incentivos. “O compartilhamento de risco atrelado a metas de performance é um caminho para tentar equilibrar o sistema, caso contrário, continuaremos assistindo a esse quadro em que quem paga a conta não quer pagar, quem oferece o serviço extrapola o uso de tecnologias desnecessárias e o paciente não está educado e informado para tomar deci-sões corretas”, adverte.

O economista do Insper explica ainda que, a maior parte das empresas tem se esforçado com medidas de monitoramento e controle, mas que, muitas vezes, são ineficazes. “Deve haver coordenação entre todos esses elementos para que o sistema fun-cione eficientemente. Algumas vezes, a demora em um procedimento, por necessidade de autorização junto à operadora, pode implicar em custos bastante elevados”, afirma Paulo Furquim de Azevedo.

Algumas vezes, a demora em um procedimento, por necessidade de autorização junto à operadora, pode implicar custos bastante elevados.

Furquim de Azevedo

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Marcio Coriolano sugere que o Brasil siga o exemplo que deu certo nos Estados Unidos e implante um sistema de capitalização em que as pessoas jovens paguem por uma caderneta de poupança específica para a saúde. O objetivo é que possam pagar um plano de saúde quando forem mais idosas.

Segundo o dirigente, naquele país é raro uma caderneta de

poupança não vir acompanhada de uma franquia associada. “Lá o segurado paga uma parte pequena das despesas, mas suficiente para que exerça um poder de fiscalização das despesas que são cobradas pelos hospitais, médicos e laboratórios”.

Coriolano destaca que a inflação médica em dois programas financiados pelo governo dos Estados Unidos é a mais baixa

exatamente porque os usuários têm que pagar uma franquia e podem negociar preços.

O Medicare (programa de assistência médica para crianças) tem custo de 2,2% ao ano; e o Medicaid (programa de assistência médica para idosos e pobres) chega a 1% ao ano. Os dois programas são administrados pelo governo americano.

SEMINÁRIO DEBATE O TEMA

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O gráfico indica que entre 2007 e 2013 o gasto per capita do Seguro Saúde nos EUA cresceu 29%. Isso equivale a uma taxa anual de 4,3% ao ano. No mesmo período, a inflação média de preços da economia americana (IPC US) foi de 12,55%, o que corresponde a uma taxa anual de 2% ao ano. Ou seja, a “inflação” médica americana foi duas vezes a inflação geral.

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63%

6%

Private Insurance

Medicare

Medicaid

2023

Crescimento acumulado em público per capita e os gastos de saúde privada nos Estados Unidos

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AÇÕES EDUCATIVAS BUSCAM REDUZIR MORTES NO TRÂNSITOA campanha Se Liga!, promovida pela CNseg no âmbito do PNAT, pretende ajudar as pessoas a mudarem seu conceito de dirigibilidade.

Por MARIA LUISA BARROS

CAMPANHA

e beber, não dirija. Se dirigir, não beba!” Ao que parece, grande

parte dos motoristas brasileiros já aprenderam essa lição. No entanto, muitas outras ainda devem ser de-coradas até que possamos eliminar de vez a pecha de que “o motorista brasileiro ou é um alegre louco ou um frio sádico”, imputada a nós pelo escritor francês Albert Camus, em sua visita ao Brasil em 1949. E a lição da vez no processo de aprendizagem de uma direção mais segura é sobre o perigoso hábito de usar o celular ao volante. A estimativa é que 25% dos acidentes do País sejam causa-dos por motoristas que estão falando ou enviando mensagens de texto enquanto dirigem.

O alerta vem sendo feito por meio de várias campanhas no âmbito do Pro-grama Nacional de Apoio ao Trânsito - PNAT, promovidas desde o início des-te ano pela CNseg e com o apoio do Observatório Nacional de Segurança Viária - ONSV. Batizado com a expres-são popular ‘Se liga!’, o PNAT prevê

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34 • REVISTA DE SEGUROS

‘SE LIGA!’

várias ações no campo educativo, exatamente para conscientizar e levar as pessoas a mudarem seu conceito de dirigibilidade, especialmente no que se refere à percepção dos riscos.

DIREÇÃO PERIGOSA

“Uma simples distração de 10 segundos no trânsito pode ser fatal. O trânsito no Brasil ainda mata mais

do que muita guerra”, observa Marco Antonio Barros, superintendente geral da Central de Serviços e Proteção ao Seguro da CNseg – Ceser, e presidente da FenaCap, referindo-se aos fatores que induzem a uma direção perigosa, em especial ao mau hábito de dirigir e usar o celular ao mesmo tempo.

“Falar ao celular, comer, beber, acender e fumar um cigarro são ações que distarem a atenção e resultam num extenso período de direção às cegas: 150 ou 200 me-tros, durante o qual o motorista não vê o que está acontecendo à sua frente ou ao redor”, alerta.

Segundo o executivo, o objetivo do programa é justamente fazer com que as pessoas percebam que algumas atitudes são absolutamente contrárias à prática de uma direção segura e colocam em risco não somente quem está no volante, mas todos em volta. De abrangência nacional, a campa-

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nha também vem sendo direcionada regionalmente para a maior adequa-ção às diferentes realidades do País. Para isso, conta com folders educa-tivos, jogo virtual e simuladores que mostram o que pode ocasionar uma colisão a 15 km/hora, além de um filme ilustrativo sobre os riscos do uso do celular pelo condutor do veículo.

FATORES DE RISCO

O programa engloba ações educa-tivas e de alertas sobre os demais fatores de risco que podem causar acidentes, como: ingestão de álcool; alta velocidade; falta de uso de cinto de segurança e de cadeiras especiais para crianças; a falta de cuidados com itens do carro, como luz de alerta e freios; manutenção de pneus, entre outros. “É sabido que 72% de todos os acidentes são causados por falha humana. O objetivo é ter uma socie-dade mais racional no que diz respeito ao trânsito”, destaca Marco Barros.

As estatísticas sobre registros de mortes nas ruas e estradas nacionais atestam a atualidade da observação do escritor francês - os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de morte no País, concorrendo com agressões e doenças hiperten-sivas. Somente na década de 2001 a 2012, o número de pessoas mortas em acidentes de trânsito no Brasil

cresceu 48,7%: foram 453.779 vítimas no período, revela pesquisa do Obser-vatório Nacional de Segurança Viária.

Mas do mesmo instituto também vem uma boa notícia: as mortes no trân-sito em 2013 caíram quase 6% em comparação a 2012. Foram 42.266 mortes contra 44.812, respectiva-mente. No mais recente estudo di-vulgado em seu site no final de maio, o ONSV classifica esse bom resulta-do como uma conquista de toda a sociedade: cidadãos, poder público e iniciativa privada.

DÉCADA DE AÇÃO

Os dados foram contabilizados com base nas estatísticas do Portal da Saúde - Departamento de Informática do Ministério da Saúde – DataSus, sobre o total de óbitos no País, que inclui todas as causas de mortes. Nos primeiros anos da Década de Ação para Segurança no Trânsito, 2011 e 2012, houve um aumento de 3,6% no País (43.256 e 44.812 respectivamen-te). Em 2013, a redução foi de 5,6%, representando a manutenção da vida de 2.554 pessoas.

“A redução não significa que estamos nos trilhos em relação à meta propos-ta, pois precisamos de uma série de pelo menos três anos para confirmar a tendência de queda. Apenas o resul-tado positivo de 2013 não é suficiente para isso”, analisa o diretor presidente do Observatório, José Aurelio Rama-lho. Os dados de 2014 só devem ser anunciados no próximo ano.

Entre os estados, Rondônia teve a queda mais expressiva: 19%. Tam-bém na Região Norte está o 2º esta-do com a maior redução: Acre, com 18%. No Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro a redução foi de 12%. São Paulo registrou queda de 6%. Já entre os estados que tiveram au-mento no número de mortes, o Mato Grosso lidera a lista com quase 5% a mais que o ano anterior.

Marco Barros

Uma simples distração de 10 segundos no trânsito pode ser fatal. O trânsito no Brasil ainda mata mais do que muita guerra.

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ESCOLA TERÁ NOVO ENDEREÇO EM SÃO PAULO

A Escola Nacional de Seguros vai inaugurar novas instalações na capital paulista, que reunirão todas as atividades administrativas e acadêmicas.

Por BIANCA ROCHA

Escola Nacional de Seguros está prestes a estrear novo endereço

em São Paulo. No segundo semestre, o prédio adquirido pela instituição em 2013 abrirá as portas na Rua Augusta, 1.600, no bairro Consolação, para receber os alunos que hoje estão distribuídos em três unidades (uma em Bela Vista e duas na Avenida Paulista), que serão desativadas após a inauguração da nova instalação.

O prédio conta com nove andares (do 2º ao 10º pavimento), totalmente reformados para concentrar, em um só espaço, todas as atividades adminis-trativas e acadêmicas (ensinos técnico e superior) da Instituição na capital paulista. Os números da estrutura impressionam: nos 4,5 mil metros qua-drados de área poderão ser acomoda-dos, simultaneamente, mais de 1.200 alunos, em 28 salas de aula, laboratório de informática, biblioteca e auditório.

FÁCIL ACESSO

O imóvel tem localização privilegiada, a meia quadra da Avenida Paulista e da estação Consolação do metrô, o que garante fácil deslocamento para os demais bairros da cidade. Além disso, possui um edifício-garagem anexo, com 126 vagas terceirizadas. O investimento total da instituição com aquisição e reforma do imóvel foi de R$ 30 milhões.

Na avaliação do diretor executivo da Escola, Renato Campos, a instala-ção proporcionará mais segurança e conforto ao corpo docente e alunos e, portanto, é um passo fundamental para a expansão da Entidade na maior cidade do País e capital do estado que concentra mais de 50% da produção do mercado de seguros.

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ESCOLA

“A estrutura que será inaugurada em breve representa um verdadeiro salto de qualidade e nos permitirá crescer de forma sustentável no principal centro de negócios do Brasil. O investimento feito é diretamente proporcional à importân-cia dessa região para o mercado de seguros e para a Escola”.

CONCENTRAÇÃO

O diretor destaca que, dos mais de 15 mil alunos atendidos anualmente pela Instituição em todo o Brasil, metade é administrada pela Unidade São Paulo.

Para o novo endereço, serão transferi-das quatro turmas de MBAs em anda-mento hoje, além da Graduação em Ad-

ministração com linha de formação em Seguros e Previdência e do Curso para Habilitação de Corretores de Seguros.

A nova sede abrigará, ainda, palestras, seminários e cursos de curta duração ligados ao segmento de seguros.

“Trata-se de um espaço moderniza-do para garantir mais interação entre professores. Eles estarão concentra-dos em um só local, o que vai gerar ganhos acadêmicos enormes. Para os alunos, será a oportunidade de estudar em um ambiente altamente aparelhado e com todas as facilidades para um aprendizado seguro e eficien-te”, conclui Renato Campos.

Prédio novo: são nove andares totalmente reformados, com 28 salas de aula, biblioteca, estações para estudo individual e auditório para 160 pessoas

Douglas Asarian

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CAPITALIZAÇÃO

RESERVAS BATEM RECORDE E ANIMAM EXPECTATIVAS

Bom desempenho ocorre em momento desfavorável da economia e confirma a confiança dos consumidores nos produtos do segmento.

Por CEZAR FACCIOLI

cenário mais complexo no plano econômico não tem impedido

a trajetória de alta e de seguidos recordes nas reservas técnicas acumuladas pelo segmento de Capitalização. No primeiro trimestre, o montante acumulado soma R$ 30,2 bilhões, alta de 10,6% sobre o mesmo período do ano passado. O resultado reflete a confiança crescente dos consumidores nas quatro modalidades de produtos, sobretudo em um período em que as mais tradicionais aplicações financeiras convivem com o aumento dos saques. “Essa marca histórica significa que os portadores de títulos de capitalização estão mantendo suas economias guardadas por mais tempo”, comemora o presidente da FenaCap, Marco Antonio Barros.

A desaceleração existe, mas é mais suave e desigual entre as modalidades de produtos. O segredo da Capitalização para manter a atratividade nesse contexto desfavorável se desdobra em vários

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38 • REVISTA DE SEGUROS

Marco Barros

O objetivo dos produtos, tanto aqui, quanto no exterior, é fazer com que as famílias tenham uma reserva financeira.

CAPITALIZACÃO

fatores. Além do estímulo dos sorteios, que incentiva a permanência nos planos, existe uma carência para quem quer resgatar o valor antes do prazo.

Para Marco Antonio Barros, a carência é um fator positivo, pois o mecanismo faz com que as pessoas assumam o compromisso de economizar. “Além disso, o título de capitalização é um instrumento muito simples e de fácil aquisição, que dispensa burocracia, não exige comprovantes de renda e residência e tem um tíquete médio baixo, da ordem de R$ 28”, argumenta.

A evolução recente das taxas de juros não afetou a rentabilidade dos títulos de capitalização nem a atratividade dos produtos. Os títulos da modalidade Tradicional, carro-chefe do setor, garante ao cliente a devolução de 100% do valor guardado ao fim do prazo de vigência do plano. Além disso, o portador participa de sorteios de prêmios ao longo de todo o período de vigência do título.

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REVISTA DE SEGUROS • 39REVISTA DE SEGUROS • 39

SOLUÇÕES DE NEGÓCIOSPara atender a perfis variados de clientes, as empresas de Capitalização estão transformando os títulos em soluções de negócios. É o caso da solução de Garantia de Aluguel, que substitui a figura do fiador nas transações de aluguéis comerciais e residenciais. Crescem produtos que oferecem soluções de filantropia, como os da modalidade Popular com cessão de direito de resgate, no qual o cliente doa o valor do resgate para alguma entidade beneficiária desses recursos.

Destaque ainda para os produtos de solução para fidelizar clientes (nos quais se encaixam os produtos da modalidade Incentivo), quando uma empresa compra uma série fechada e cede aos seus clientes o direito aos sorteios. Outra inovação é a diversificação dos canais de distribuição, por meio dos call-centers e das vendas online.

Marco Barros mostra-se cauteloso ao analisar se, com os níveis atuais de reservas líquidas acima de R$ 30 bilhões, o segmento atingiu uma dimensão compatível com o peso da economia brasileira. “O produto de Capitalização na sua essência é um instrumento de acumulação de recursos, e o brasileiro tem pouca cultura de juntar dinheiro”, comenta. A mesma cautela ele adota quando explica se os exemplos internacionais,

de mercados mais desenvolvidos, autorizam supor que o segmento, como proporção do PIB, tem muito a evoluir. “O objetivo dos produtos, tanto aqui, quanto no exterior, é fazer com que as famílias tenham uma reserva financeira”, compara.

cautelosos e a formar reservas para o caso de emergências financeiras. Isso favorece a Capitalização, que é um instrumento que ajuda a construir a disciplina para economizar, contando ainda com o incentivo dos sorteios”, argumenta.Na atual conjuntura econômica, de esforço fiscal adicional e redução provável nos níveis de emprego e renda da maioria da população, os títulos de capitalização acabam sendo uma solução para auxiliar as pessoas e as famílias a formarem reservas, notadamente com o produto Tradicional, na avaliação do presidente da FenaCap. “Nesses momentos de oscilação da economia, as pessoas tendem a ser mais cautelosas e a se defender contra imprevistos”, explica.O ano de 2015 será de ajustes e melhoria dos indicadores, na avaliação de Marco Barros, acrescentando que, nesse contexto, a expectativa do segmento é repetir o desempenho de 2014, período em que foi registrado um crescimento de 4,3%. “Há muito espaço para crescer, especialmente pelo avanço da educação financeira e das iniciativas que estimulam o consumo consciente”, conclui.

Num cenário de ajuste fiscal e redução nos níveis de emprego e renda, os títulos são uma boa opção para se formar um ‘pé de meia’

DISCIPLINA PARA ECONOMIZARO recente repique inflacionário, com as taxas anuais superando o teto da meta fixado pelo Governo, influiu no comportamento dos investidores na maior parte das aplicações financeiras. Sobre esse fenômeno, Barros mostra-se otimista quanto às perspectivas do segmento. “Esta situação é relativamente recente e naturalmente influi na decisão dos consumidores, que tendem a ficar mais

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ARBITRAGEM E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAÉ primordial para o Judiciário poder contar com mais rigor na aplicação da arbitragem, estendida agora à área pública, para a composição de conflitos.

GLORIA FARIA, Superintendente Jurídica da CNseg

provada no Congresso Nacional e sancionada pela Presidência

da República, a nova Lei de Arbitra-gem nº 13.129, de 26 de maio de 2015, veio enriquecer a Lei anterior nº 9.307/1996, que tratava do assunto. Com quase duas décadas de vigên-cia, a lei anterior já não atendia plena-mente às necessidades das formas e do alcance que os contratos toma-ram para atender ao desenvolvimento econômico, tecnológico e social e os negócios deles derivados.

Destaco apenas dois pontos que acredito ser de maior interesse para o setor, ambos permitindo, em tempos de notória necessidade de cuidados extras, quer pela diminuição de inves-timentos quer pela multiplicação das normas de vigilância e acauteladoras de comportamento e processos, uma oxigenação e facilitação no fecha-mento de contratos entre Governo e iniciativa privada.

O novo texto legal, já em seu art. 1º veio facultar à administração pública a utilização da “arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis”, destacando apenas que, no caso do contrato ter como parte a administração pública, a arbitragem “será sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade”. Debaixo do beneplácito do artigo, alocam-se todos os

A seguros de grandes riscos que protegem obras de vulto e outros projetos públicos.Até mesmo o Judiciário, pela ma-nifestação do ministro Luiz Felipe Salomão, mostrou-se satisfeito com a nova aplicação, declarando no jornal Valor Econômico que “a expectativa é de que isso vai atingir contratos de grande envergadura e que podem atrair bastante investi-mento estrangeiro”.

O segundo ponto é a manutenção do texto do §2º do art. 4º da Lei 9307/1996, que permite a cláusula compromissória de arbitragem nos contratos de adesão “se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitra-gem ou concordar, expressamente, com a sua instituição...”.Vale ressaltar que o texto aprovado no Congresso Nacional e remetido à Presidência da República vedava a aplicação da arbitragem aos contratos de adesão, mas recebeu veto total.É primordial para o Judiciário poder contar com mais rigor na aplicação da arbitragem, estendida agora à área pública, para a composição de conflitos, aliando-se à media-ção, conciliação e moderação, que seguem se desenvolvendo e aper-feiçoando sua atuação na esfera da iniciativa privada.

ARTIGO

O texto aprovado no Congresso Nacional e remetido à Presidência da República vedava a aplicação da arbitragem aos contratos de adesão, mas recebeu veto total.

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ESTUDO CNSEG

A CAPACIDADE DE SE BENEFICIAR DAS ADVERSIDADES

Os mercados de seguro de países em desenvolvimento, como o Brasil, têm uma componente antifrágil em sua natureza.

Por NÚCLEO DE ESTUDOS E PROJETOS

escritor Nassim Taleb afirma que ‘antifrágil’ é aquele que tem ca-

pacidade de se beneficiar das adver-sidades. Trazendo esse conceito para o nosso setor, a relação do mercado segurador com a economia seria antifrágil? Teria o mercado segurador, especialmente o brasileiro, a capacida-

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de de crescer mesmo num momento econômico adverso como o atual?

Certamente esta pergunta possui diver-sas facetas, difíceis de serem devida-mente analisadas num curto texto. Mas pode-se afirmar que os mercados de seguro de países em desenvolvimento, como o Brasil, têm uma componente antifrágil em sua natureza.

Isso porque, mesmo tendo passado por numerosas adversidades financei-ras, o mercado segurador mundial, que apresentou uma desaceleração em seu crescimento, avançou e se recriou ao longo do tempo. Evoluiu na busca de pilares sólidos de solvência que ofere-çam segurança para a sociedade e que o tornem um dos grandes investidores na estrutura econômica estabelecida.

SUSTENTABILIDADE DO NEGÓCIO

Um exemplo recente é a crise financei-ra internacional de 2008, que inspirou grandes projetos do setor na procura da melhor estimativa de capital reque-rido para solvência, levando-se em consideração os riscos aos quais uma seguradora está sujeita. Esses projetos têm por finalidade intrínseca promover o uso, nas empresas, das melhores práticas de governança e compliance, além de garantir a sustentabilidade do negócio frente a volatilidades.

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Em se tratando de turbulência financei-ra, o Brasil, com histórico recente de estabilidade econômica, demonstra a capacidade do mercado segurador ao longo dos anos, por meio de seu cres-cimento significativo. Ilustrativamente, este mercado – que inclui seguradoras, EAPC’s, sociedades de capitalização e todas as operadoras de saúde – alcan-çou R$ 327 bilhões em arrecadação no último ano, com um crescimento médio anual desde 2008 de 14% em termos nominais, ou 8% em termos reais.

O grande volume das provisões téc-nicas, geradas a partir do montante ar-recadado, faz com que este mercado se torne um dos grandes acumulado-res de poupança interna, capaz de au-xiliar no desenvolvimento nacional, por meio de investimentos diretos e indire-tos. Em 2014, o total de investimentos realizados pelo mercado segurador, computando-se o patrimônio líquido e as provisões técnicas, chegou a quase R$ 700 bilhões. Frisa-se que grande parte destes investimentos é feito em títulos de emissão do Tesouro Nacio-nal, mecanismo utilizado para financiar projetos do Estado.

PILARES DE CRESCIMENTO

Diante desse cenário, aponta-se a seguinte questão: estaria o mercado segurador dependente do bom desempenho econômico do País ou será um dos grandes agentes responsáveis por sustentar os pilares de crescimento nacional?

Sua função anticíclica, no sentido de estabelecer o equilíbrio econômico de um país deve ser destacada. Para que uma economia se mantenha aquecida em meio a uma dificuldade financeira, o nível de consumo deve ser minimamente afetado. Entretanto, as prioridades da população nesse momento se alteram, de forma que a perda de um bem material não impul-siona a reposição deste bem, a não ser que este esteja segurado.

Como se observa, a amplitude do setor beneficia diretamente milhares de segurados que, avessos aos riscos, encontram no seguro a garantia à sua proteção, de sua família e da sociedade por preservar condições de sustento e o próprio patrimônio. Como consequência, a paz e a ordem pública são preservadas e a máquina econômica continua a girar.

EXPOSIÇÕES A RISCOS

Diante do alcance que a atividade seguradora oferece para a segurança econômica e social de um país, em momentos de grandes exposições aos riscos, o mercado se depara com uma oportunidade desafiado-ra de acelerar o amadurecimento e incentivar uma mudança cultural do corpo social, a fim de possibilitar o crescimento do índice de penetração do seguro, ou seja, o grau do seu consumo pela população.

As estatísticas apontam que este fenô-meno está acontecendo no Brasil. Ao comparar-se o total de 123% de cres-cimento na arrecadação do mercado segurador no período de 2008 a 2014, em comparação com o crescimento da economia brasileira de 78% neste mesmo período, vê-se um crescimento a passos largos.

Diante das evidências apontadas, sobressai a característica antifrágil do setor, influenciando positivamente a eco-nomia, e despertando, no corpo social, a consciência para a capacidade deste mercado em ajudá-lo.

Como retorno direto à sociedade, apenas em 2014, o setor pagou em sinistros, indenizações, sorteios e resgates de capitalização e bene-fícios de planos de caráter previ-denciário o montante de R$ 167,1 bilhões e em resgates de provisões de caráter previdenciário R$ 40,3 bilhões, no País.

O Brasil com histórico recente de estabilidade econômica, demonstra a capacidade do mercado segurador ao longo dos anos, através de seu crescimento significativo

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UM GUIA PARA A EXCELÊNCIA NAS VENDAS

Por JOSÉ FERNANDO BARON Especialista em Gestão Estratégica da Informação pela UFMG

ão, este não é mais um livro com instruções milagrosas de como

arrancar vendas. Tom Hopkins, o autor, um dos mais bem-sucedidos vendedores imobiliários que os Estados Unidos já conheceram, não conseguiu sua fortuna com passes de mágica. O que ele colocou nas páginas deste livro foi o caminho das pedras do seu sucesso, como ele se tornou um dos milionários mais jovens (aos 27 anos) da indústria imobiliária americana. Como conseguiu vender 365 imóveis num único ano.

Com um verdadeiro passo a passo de como obter sucesso em vendas, Tom nos mostra como as nossas atitudes “pró--vendas” nos levarão a concretizar os ne-gócios no dia a dia, sempre independen-temente da situação do mercado, assim como nossas atitudes “anti-vendas” nos levarão ao fracasso.

De forma clara e bastante didática – sua empresa de treinamento em vendas, a Tom Hopkins International é conhecida mun-dialmente – ele passeia pelas técnicas de vendas, demonstrando porque negligenciá--las pode significar perda de negócios, às vezes não a curto prazo, mas a médio e longo prazo, tornando-nos mais suscetíveis ao impacto quando chegam as crises, da mesma forma que as utilizando correta-mente continuaremos a ter sucesso, inde-pendentemente dos humores do mercado. Às vezes, uma venda forçada significará várias vendas perdidas no futuro.

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Livro ensina como gerar bons resultados para os negócios quando ninguém está comprando

Quando uma crise chega, as compras de empresas, famílias e pessoas ime-diatamente diminuem, tornando o ‘bolo’ de recursos para se comprar menor. Porém, aqueles que dele querem comer (vendedores que precisam vender em troca destes recursos) continuam do mesmo tamanho. Logo, o bolo será insuficiente para todos, daí alguns con-seguirem uma fatia maior em detrimento de outros que sequer pegarão um pe-queno pedaço. O segredo do sucesso na crise é ficar entre os que comem os maiores pedaços. E é exatamente o que Tom nos ensina neste interessante livro.

Dividido em 12 capítulos, aborda os assuntos de forma clara, didática e objetiva, desde uma abordagem sobre a profissão de vendas – gerente comercial, gerente de relacionamento, consultor de vendas, profissional de vendas, não importa a denominação, todos somos vendedores – os tipos de vendedores, as técnicas de vendas, aprofundando os assuntos com exemplos da vida real, vi-vidos por ele quando atuava como ven-dedor ou de colegas e colaboradores, nos mais diversos ramos de negócios.

Se você é um vendedor experiente pro-vavelmente encontrará nas páginas deste livro as razões para aquela venda perdida, aquela dificuldade enfrentada noutra nego-ciação, enfim, identificará diversos eventos de sua vida profissional retratados e explicados. Se você ainda é iniciante nesta apaixonante profissão, aprenderá como agir para obter o sucesso esperado.

Após a leitura, você compreenderá exatamente o que é o mercado, quais as forças que agem sobre ele, como ele re-age a cada tipo de estímulo e como são tomadas as decisões, quando e porquê.

É um livro rápido, você o lerá em pouco tempo, mas não se iluda, você voltará às suas páginas diversas vezes. É como um livro de cabeceira, consultá-lo po-derá se tornar uma rotina, uma salutar e profícua rotina.

VENDAS EM TEMPOS DE CRISEAutor: Tom HopkinsEditora Best BusinessAno: 2015 / Nº Páginas: 286

BIBLIOTECA

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É HORA DE TER PACIÊNCIA

Apesar das dificuldades econômicas, o setor de seguros deve apresentar um desempenho positivo, bem acima da média da economia.

ANTONIO PENTEADO MENDONÇA, jornalista e especialista em Seguros e Previdência

Brasil vive uma crise. A inflação atinge 8% ao ano, o desemprego

sobe, a indústria está em recessão e o comércio sente o momento. Na con-tramão do País, no primeiro trimestre do ano o setor de seguros cresceu em patamares significativos. Mas é uma leitura delicada. Para depurar os números é necessário levar em conta como se dá o faturamento da ativida-de. Em média, os prêmios são parce-lados, seu pagamento não acontece à vista, mas ao longo do tempo, num determinado número de meses.

Sob esta ótica, a maior parte dos prê-mios do primeiro trimestre diz respeito a seguros fechados em 2014. O real impacto da crise sobre a atividade só será mensurável no final do segundo trimestre. Além disso, é importante descontar a inflação do período. Mes-mo assim, o setor de seguros deve apresentar um desempenho positivo, bem acima da média da economia.

Seguros é um setor de apoio, que serve para garantir a manutenção da capacidade de atuação e do patri-mônio nacional. É uma ferramenta de proteção social, ou seja, se a socieda-de cresce, o setor cresce com ela; se há uma crise, ele encolhe.

Só que esta verdade, como a maioria dos fatos da vida, é relativa. Ninguém discute que em 2015 as seguradoras

venderão menos apólices para carros zero quilômetro. Não tem como ser diferente. Ao longo do ano a indús-tria automobilística venderá menos veículos que em 2014. Então, as se-guradoras também venderão menos seguros nesta carteira.

De outro lado, uma grande parte dos veículos que estavam segurados no ano passado terá seus seguros reno-vados este ano. Somados aos seguros novos que serão contratados, teremos um resultado geral positivo, o que não significa que todas as companhias manterão a produção e que todos os corretores continuarão crescendo.

Antonio Penteado Mendonça

Ainda que grandes economistas prevejam um 2016 tão difícil quanto 2015, depois dele virão 2017, 2018 e assim por diante. Agora é o momento certo para planejar o futuro.

Este é o ponto que é preciso fo-car. Em época de vacas magras é fundamental se conhecer o cenário e ser o mais cauteloso possível. Não é hora de grandes invenções, nem de grandes tacadas, pelo menos em campos saturados, como é o caso do seguro de veículos.

O que fazer? O Brasil é maior do que a crise. Ainda que grandes economis-tas prevejam um 2016 tão difícil quan-to 2015, depois dele virão 2017, 2018 e assim por diante. Agora é o momen-to certo para planejar o futuro. O país tem poucos seguros por habitante. A penetração dos produtos ainda é restrita basicamente à classe média e as apólices contratadas mal cobrem 25% da frota de veículos.

No campo dos seguros patrimoniais, mais de 18 milhões de residências não são seguradas. A maioria das empresas ou não tem seguro ou tem garantias insuficientes. O agronegócio necessita de apólices modernas. Há espaço para os produtos de pessoas se desenvolverem bem mais. Há de-manda por outros tipos de cobertura.

Enfim, passada a crise, o setor tem condições de retomar o ritmo de crescimento acelerado que foi sua marca nos últimos 20 anos. A paci-ência é uma virtude. É só aguardar o momento certo.

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