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Bodas de Diamante de Jônice e Ilza Tristão Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro Ano 93 - Junho 2014 - Nº 850 Revista do Café Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro Ano 93 - Junho 2014 - Nº 850

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Bodas de Diamante de Jônice e Ilza Tristão

Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro Ano 93 - Junho 2014 - Nº 850

Revista do CaféCentro do Comércio de Café do Rio de Janeiro Ano 93 - Junho 2014 - Nº 850

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Editorial

Seminário Internacional de Santos

Inauguração do Museu da Imigração

Bodas de Diamantes – Jônice Tristão

Brasil aproxima compradores

internacionais de seus cafés especiais

EPAMIG 40 anos

Brasil - Ucrânia: Comédia de Erros -

Rubens Barbosa

Ferrugem, seca e preços baixos afetam

safras na América Central

Eduardo Castanho esclarece dúvidas

sobre o CAR

Álbum Naumann Gepp

Mordida na Banana – Xico Graziano

A repercussão das decisões do CARF

Desoneração do Imposto de Importação

de Café Industrializado

Audiência Pública na Assembleia de

MG, para discutir rotulagem

Fazenda São Fernando

Panorama

Storino, um nome que

deixará saudades

SumárioCoordenadoraAlessandra Rodrigues de Almeida

ReportagensNatália Fernandes, Paulo A.C. Kawasaki e Thâmara Malfatti

ColaboradoresAdriana Damiani Correa Campos, Celso Luís Rodrigues Vegro, Eliana Anceles, J. B. Matiello, Luiz Otavio Araripe, Leila Vilela Alegrio, Rubens Barbosa e Xico Graziano

CapaJônice e Ilza Tristão

Diagramação, Arte e Projeto GráficoHands-on Editoração Eletrônica

Impressão Gráfica52 Gráfica e Editora Ltda.http://www.52grafica.com.br

Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro

Diretoria Biênio 2013/2015Presidente: Guilherme Braga Abreu Pires FilhoDiretor-Secretário: Batista ManciniDiretor-Tesoureiro: Alexandre PiresDiretor de Patrimônio: Ruy Barreto FilhoGerente Geral: Guilherme Braga Abreu Pires Neto

Conselho AdministrativoCSB Trading S/A Exp. e ImportaçãoWarrant Exp. Importação Ltda.Sumatra Comércio Exterior Ltda.Agropecuária São Francisco de Paula Ltda.GBP Consultoria EmpresarialUnicafé Comércio ExteriorEISA Empresa Interagrícola S/AStockler Comercial e Exportadora Ltda.Halley Exp. e Imp. Ltda.Três Aranhas Com. e Ind. Ltda.Valorização Empresa de Café S/AAgropecuária Pedra Lisa S/A

Sindicato do Comércio Atacadista de Café do Município do Rio de Janeiro

Diretoria Quadriênio 2014/2018Presidente: Guilherme Braga Abreu Pires NetoSecretário: Batista ManciniTesoureiro: Ruy Barreto FilhoDiretor de Patrimônio: Alexandre Todeschini Pires

Rua Quitanda, 191 - 8º andar - Centro - CEP: 20091-000 Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone: (21) 2516-3399 / Fax: (21) 2253-4873 [email protected] / www.cccrj.com.br

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Créditos: divulgação aCs / José luiz Borges

Créditos: raul FonseCa e diego santoro

Créditos: guilherme Bergamini

Créditos: Juh guedes

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O café verde tem uma alta volatilidade preço. Aspectos fundamen-

tais da produção e consumo explicam essa característica. Nós economistas, diríamos que a oferta e a demanda de café verde são inelásticas, portanto, qualquer variação na quantidade gera uma maior variação no preço.

Do ponto de vista da ofer-ta, o café, uma cultura perene e com um ciclo de produção bianual, variações de preço ajustam a oferta apenas em períodos maiores que um ano. Aumentos ou reduções de área plantada em função do preço, normalmente só acontecem em ciclos de preços longos e acentuados. Em períodos me-nores do que um ano, varia-ções da quantidade produzida acontecem apenas marginal-mente por aumento ou redu-ção dos tratos culturais. No caso de aumento de preços o aumento da área plantada em produção só acontece em 2

ou 3 anos, e em casos extre-mos de preços baixos, mesmo quando o preço está abaixo do custo de produção, a redução da área plantada só acontece quando o preço da saca de café cai abaixo do custo va-riável de produção, (quando existe a possibilidade de uti-lização alternativa da terra).

Também do ponto de vis-ta da demanda, o café verde é um produto inelástico . O preço da matéria prima café

verde, representa apenas uma parcela do preço do café lí-quido consumido. Nos casos de café torrado e moído dis-tribuído pelo grande varejo, o componente de custo café verde representa menos de 50% do preço final . No con-sumo fora de casa, a partici-pação do preço do café verde no preço da xícara de café é ainda menor representando em muitos casos cerca de 5% do custo final total. E ainda,

A volatilidade preço no mercado de café

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mesmo no consumo domésti-co, na medida em que os con-sumidores sofisticam os mé-todos de preparo, a correlação preço de café verde e custo para o consumidor tende a re-duzir. A inelasticidade preço da demanda de café ainda tem outros dois fatores importan-tes, a saber: Café é consumido em sua maioria por consumi-dores de renda media e alta, e portanto, a demanda tende a ser inelástica, além disso café não tem um produto de subs-tituição muito claro .

Apesar da volatilidade his-tórica do café, todos nós, par-ticipantes do mercado, temos a impressão que a volatilida-de tem aumentado. Tomando como base os fechamentos do contrato ‘C’ de café de Nova York de 1975 até 12 de Ju-nho de 2014 as médias anuais corroboram essa percepção. Utilizando como uma medi-da da volatilidade a média da variação intradiária (diferença entre a mínima e a máxima do dia, em percentual do valor de fechamento) no corrente ano temos 4,1%. No período dos 39 anos avaliados apenas em 1997 tivemos um valor supe-rior (4.3%). E ainda, a interpo-lação de uma tendência linear demonstra a tendência do au-mento desta variação intradiá-ria. A grande variação intradi-árias, além de um indicador da volatilidade do mercado, é um parâmetro de indicação da in-certeza da tendência.

Calculando a média anual das va-riações diárias per-centuais (variação diária absoluta em relação ao valor do fechamento do dia anterior) 2014 é o terceiro mais volátil ano nos ultimos 39 anos. Na média a va-riação diária está em 2.2%. A maior média anual também é a de 1997 com 2.8% e a segunda em 1994 com 2.3%.

A tendência estrutural da volatilidade do preço do café atrai um forte interesse de especuladores nos mercado futuros. A maior atenção dos especuladores no mercado de café em muitos momentos serve para aumentar a pró-pria volatilidade, se tornan-do assim uma “self fullfiling profecy”. De acordo com a CFTC nos últimos 10 anos a participação no mercado futuro de café, do agregado das empresas e pessoas físi-cas não comerciais tem au-mentado de forma significa-tiva alcançando regularmente mais do que 50% da posição em aberto. Mais importante, existem indicações de que essa participação, se medida pelo número de contratos ne-gociados diariamente, supera 75% do volume de negócios.

A definição clássica de que a participação de agentes de mercado não comerciais

seriam um fator de estabili-zação, e portanto, redução de volatilidade e de distribuição de risco, parece também não se aplicar no mercado do café.

Não parece existir um mo-tivo único para o aumento da volatilidade-preço no mer-cado de café. A única ação possível seriam melhores fon-tes estatísticas de produção e consumo mundial, que servis-se pelo menos para reduzir a incerteza dos dados no merca-do de café.

Luiz Otavio Araripe, Diretor da

Valorização Empresa de Café S/A

1 É importante não confundir a inelasticidade da demanda do agregado de café com a quase perfeita elasticidade de troca entre qualidades diversas de café através do “blend”.2 Em países da OECD este percentual é ainda menor.3 A exceção é o chá.4 Dados de mínima, máxima e fechamento da segunda posição em aberto.5 Até 12 de Junho6 Commodities Futures Trading Commission7 Participantes não envolvidos em atividades comerciais com café.

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20º Seminário Internacional do Café de

Santos

Crédito das Fotos: divulgação aCs / José luiz Borges

Natália Fernandes

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Café do Brasil – Sustentabilidade na

Produção e no ComércioEmpresários, executivos e profissionais do setor cafeeiro fomentam a importância da sustentabilidade do campo à xícara.

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Reunindo profissionais de mais de 14 países envolvidos no mer-

cado cafeeiro, a 20ª edição do Seminário Internacional de Café de Santos aconteceu nos dias 07 e 08 de maio, com objetivo de apresen-tar tendências da produção e consumo, expor diversos pontos de vista, além de de-bater e trocar informações sobre a sustentabilidade na produção e comércio do maior país produtor e expor-tador de café do mundo, o Brasil.

Com iniciativa e realiza-ção da Associação Comer-cial de Santos, o presidente da instituição, Roberto Cle-mente Santini, fez questão de destacar a importância do Porto de Santos nas expor-tações de café do País, res-ponsável por cerca de 75% do total embarcado anual-mente, volume maior do que é produzido em cada um dos principais países concorren-tes, como a Indonésia por exemplo.

Com mais de 320 inscri-tos, o principal seminário do setor no País contou com a participação do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que ressaltou a relevância do

café para a economia bra-

sileira e paulista, bem como para a saúde e melhora do hu-mor. “Não há saúde sem gera-ção de emprego, renda, rique-za e oportunidade. O café gera tudo isso”, complementa.

Alckmin comentou ainda que São Paulo é um dos Esta-dos que tem o maior número de propriedades que produzem cafés sustentáveis, o que gera segurança para o consumidor e para o produtor.

Indústrias que apoiam e incentivam a produção sustentável de café

Avançando na jornada da sustentabilidade, represen-tantes de grandes indústrias de café do mundo apresenta-ram as ações que vem sendo desenvolvidas para apoiar e promover a produção de cafés

sustentáveis.De acordo

com o diretor de desenvol-

vimento de fornecimento de produtos da Nestlè, Orlando Garcia, muitos consumidores ainda não sabem a realidade do mundo do café. Diante dis-so a empresa tem trabalhado estratégias de educação e en-gajamento dos consumidores, visando a valorização dos ca-fés produzidos com responsa-bilidade ambiental e social.

Ainda visando criar valo-res, a Nestlè tem se compro-metido com mais de 170 mil cafeicultores em todo o mundo nas compras diretas de café.

Para Tim Scharrer, dire-tor de trading e operações da Starbucks Coffee, a sustenta-bilidade se trata de uma obri-gação, de uma necessidade, do futuro da produção cafeeira. Resultado da valorização da produção de cafés sustentá-veis, atualmente mais de 90% do café que a empresa compra é certificado e até 2015 espe-ra-se que 100% dos grãos ad-quiridos sejam certificados ou verificados.

A Starbucks Coffee se preocupa em comprar seus cafés respeitando as pessoas e os locais que os produzem. Para isso criaram um progra-ma de diretrizes que ajudam os cafeicultores a produzir de Governador Geraldo Alckmin

Presidente Roberto Santini discursando na abertura do evento

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uma forma que seja melhor para as pessoas e o planeta. O programa se chama Práticas de Equidade na Produção de Café (C.A.F.E., Coffee and Farmer Equity), e segundo Tim Schar-rer já é um sucesso.

A realidade brasileira

Considerada uma questão de educação e sobrevivência, a sustentabilidade já está inserida na cafeicultura brasileira. Con-tudo, ainda há um grande desa-fio para implantação da susten-tabilidade no campo e para o desenvolvimento do consumo desse tipo de produto.

De acordo com coordena-dores de programas sustentá-veis de empresas e instituições da cadeia, o setor produtivo no País ainda é bastante conserva-dor, o que cria a necessidade de se trabalhar com grande trans-parência quanto às exigências dos programas de certificação e verificação e seus resultados, para então se ter a fidelização do produtor.

Feito isso, acredita-se que o segundo passo é a capacitação e formação de uma equipe para controle de custos e definição de um plano de trabalho, em que a disponibilidade de tempo e pessoas é primordial. Conco-mitantemente deve ser trabalha-da a educação do consumidor.

Sustentabilidade econômica da safra brasileira deve ser afetada pelos efeitos da estiagem

Com a estiagem afetando boa parte das regiões produto-ras de café no Brasil em 2014,

a sustentabilidade da cafeicul-tura deverá ser comprometi-da em função dos prejuízos à renda do produtor. Frente à isso, José Braz Matiello, En-genheiro Agrônomo da Fun-dação Procafé, fez questão de esclarecer os prejuízos às lavouras cafeeiras, bem como quantificar as possíveis perdas para a safra a ser colhida em 2014 e 2015.

De acordo com Matiello, as perdas estimadas para a sa-fra 2014 variam de 25 a 37,4% para o café arábica, e de 11 a 12,6% para o café conilon, es-timando assim uma colheita de 40 a 43 milhões de sacas em 2014 e para 2015, uma produ-ção de 38,7 a 43,6 milhões de sacas.

Grandes feitos ao Café do Brasil

Durante o evento, Luiz Marcos Suplicy Hafers, con-selheiro da Sociedade Rural Brasileira foi homenageado pela sua vida dedicada ao café. Após a homenagem, emocio-nado e muito grato, Hafers comenta que o café é o centro de sua família e de sua vida há muitos anos. “Café é paixão, paixão que não passa, às vezes é ilusão, outras vezes termina em casamento”, explanou.

Orlando Garcia, Nestlé

Tim Scharrer, Starbucks Coffee

Prof. José Braz Matiello

O homenageado, Luiz Hafers, Roberto Santini e Roberto Rodrigues

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Museu da Imigração reabre com público de 4 mil pessoas

Thâmara Malfatti

Créditos: raul FonseCa e diego santoro

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Completamente reformulada, instituição reinaugura as instalações com nova exposição e programação cultural diversificada

Cerca de quatro mil visitantes prestigiaram a reabertura do Museu da Imigração, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, no dia 31 de maio. A solenidade contou com a presença do governador Geraldo Alckmin, de Marcelo Mattos Araujo, secretário de Estado da Cultura, do ex-governador de São Paulo, José Serra, do ex-secretário da

Cultura, Andrea Matarazzo, e da coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico, Renata Vieira da Motta. Compondo a abertura solene, estiveram na cerimônia os representantes do Instituto de Preservação e Difusão da História do Café e da Imigração (INCI) - organização social gestora do Museu da Imigração e do Museu do Café -, Roberto Ticoulat, presidente do Conselho de Administração, Luiz Marcos Suplicy Hafers, ex-presidente do Conselho de Adminis-tração e Marília Bonas, diretora executiva dos museus.

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Após período de restauro, a instituição abriu as portas ao público completamente refor-mulada e com a nova exposi-ção de longa duração: “Mi-grar: experiências, memórias e identidades”, também inaugu-rada na ocasião da reabertura. No discurso, Alckmin ressaltou a importância do prédio que acolheu mais de 2,5 milhões de imigrantes e migrantes. “Hoje é um dia de grande emoção e muita alegria. São Paulo foi fundada em 1554 pelos padres jesuítas e renasceu aqui, com a Hospedaria de Imigrantes, em 1887. Essas paredes ouviram mais de 70 línguas diferentes, gente do mundo inteiro que veio para São Paulo no período áureo do café e depois se dedi-cou também à indústria e apli-cou muitos sonhos. Esse é o DNA de São Paulo. De pessoas que vieram em busca de traba-lho, de oportunidades, de cora-ção partido, e desse sacrifício para construir a grandeza do nosso estado, do nosso país”.

A programação cultural do dia contou com dança e música de comunidades de imigrantes e descendentes da Lituânia, Rússia, Itália, Paraguai e Bo-lívia, além de apresentação de música instrumental brasileira, DJ´s que trouxeram ritmos lati-no-americanos, intervenção do grupo Teatro dos Narradores e show de cantor e compositor Arnaldo Antunes. Como des-taque, os visitantes puderam conferir a exposição de longa duração que, em oito módulos, apresenta um percurso panorâ-mico sobre o processo migra-tório, abordando a experiência do deslocamento e as heranças imigrantes e migrantes presen-tes em São Paulo. A história da Hospedaria do Brás é o foco de três módulos, que tratam sobre os serviços, experiências e usos do edifício. A sala “Hospedaria em Movimento”, um espaço de convivência que trará pequenas mostras, também foi aberta ao

Governador Geraldo Alckmin discursando na solenidade de abertura

Projeção nas mesas cenográficas do refeitório

Sala que recria o dormitório da Hospedaria

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público. O local abriga o úl-timo módulo da exposição de longa duração, com uma ma-quete do edifício e objetos do acervo relacionados à constru-ção do prédio, como telha, fil-tro e ladrilhos hidráulicos. Os visitantes também encontra-ram nesse espaço a exposição temporária “SER Imigrante: o mesmo e o outro”, que estimu-la a reflexão sobre o conjunto de condições que determinam a aceitação ou não de quem mi-gra para o Brasil, em caráter temporário ou permanente.

Obra de Restauro

O primeiro restauro completo da antiga Hospedaria de Imigrantes foi um trabalho minucioso que promoveu a recuperação e modernização do edifício. Com investimento de R$ 20 milhões do Governo do Estado de São Paulo, a obra teve início em dezembro de 2010. Foram completamente recuperadas a fachada e ambientes internos, cobertura, pisos, esquadrias (portas e janelas) instalações hidráulicas, elétricas e de dados; foi instalada climatização e iluminação interna e externa; escadas de emergência e equipamentos de acessibilidade e sistema de segurança eletrônica.

O Museu da Imigração fica localizado na Rua Visconde de Parnaíba, 1316, no bairro da Mooca, em São Paulo. O horário de funcionamento é de terça a sábado, das 9h às 17h, e aos domingos das 10h às 17h. Durante os meses de junho e julho o acesso aos espaços expositivos é gratuito. Quinze-nalmente, às sextas-feiras, o MI oferece visitação noturna, ampliando seu horário de atendimento até às 21h. Outras informações estão disponíveis no site www.museudaimigracao.org.br.

apresentação da comunidade paraguaia

Guilherme Braga, Roberto Ticoulat, Marcelo Mattos, Eduardo Carvalhaes, Luiz Hafers, Marília Bonas, Nuno Ramos e Takamitsu Sato

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Casal Ilza e Jônice Tristão comemoram Bodas de Diamante

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Com a presença de um grande grupo de amigos, empresários do café, autoridades, políticos e da comunidade capi-xaba, em Pedra Azul, recanto turístico próximo a Vitória/ES, Jônice e Ilza, ao lado de seus familiares, filhos, noras, genro e netos, celebraram o transcurso de suas Bodas de Diamante, 60 anos de união feliz e exemplar, em uma linda

festa, carregada de muita emoção.Casal com presença marcante no mundo do café, Jônice Tristão teve uma atuação destacada nos negócios do café, de-

senvolvendo e transformando a Casa Misael, empreendimento iniciado por seu pai, José Ribeiro Tristão, no Grupo Tristão, importante conjunto de empresas que se tornaram líderes não só no comércio e exportação de café, mas também no ramo industrial de torrefação e moagem e indústria de café solúvel, e financeiro. Neste período de 60 anos, com o dedicado apoio de seus filhos Ronaldo, Sérgio, Ricardo e Patrícia, cada um liderando uma das áreas de atividades, Ilza e Jônice construí-ram uma invejável união familiar, em casa e nos negócios, consolidando uma bela história de amor e de vida. Os discursos de seu filho mais velho, Ronaldo, e de sua primeira neta, Carolina, transmitiram de modo emocionante os sentimentos de amor, respeito e gratidão que caracterizam a família.

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Presentes, acompanhados de suas esposas, o Governador Renato Casagrande, o Presidente da Assembleia Legislativa Theodorico Ferraço, o Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Sérgio Bizzotto, o ex-Governador Paulo Hartung e Elcio Alvarez, o Arcebispo de Vitória Dom Luiz Mancilha, que abençoou o casal,o Deputado Cesar Colnago, o Diretor Executivo da OIC, Robério Silva, Embaixador Jório Dauster, Antonio Oliveira Santos, Presidente da CNC, Enio Bergoli da Costa, Secretário de Agricultura do ES, Jair Coser, Presidente da Unicafé, o Presidente do Banco Safra, Carlos Alberto Vieira, o Presidente do Centro do Comércio de Café do RJ e Diretor Geral do CECAFÉ, Guilherme Braga Abreu Pires Filho, Bertrand Bouvery e Wagner Wakayama (Ueshima Coffee), o artista Juarez Machado, o cirurgião Mauro Galvão, empresários Otacilio Coser, Américo Madeira, e outros.

Família Tristão

Governador Renato Casagrande e Luiz Paulo Vellozo Lucas

Otacilio e Marilia Coser

Créditos: moniCa zorzanelli e Kd imagem

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Bruno e Talita de Pinho, Eduarda Buaiz e Claudio RezendeO casal Cecile e Bertrand Bouvery e Diva Michelini

Rita Rocio Tristão e Juarez Machado.

Américo e Mariana Buaiz

Anamaria Castro, Virginia Casagrande, primeira dama do Estado, e Sueli Chieppe.

Jair Coser, Carmen e Carlos Alberto Vieira, Beatriz Pires e Guilherme Braga.

Créditos: hélio dórea

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Revista do Café | junho 2014

Brasil aproxima compradores internacionais de seus cafés especiaisEmpresários nacionais detalharam regiões cafeeiras e processos de produção na maior feira mundial do setorPaulo André Colucci Kawasaki

A BSCA, por meio do projeto setorial Bra zilian Specialty and

Sustainable Coffees, desen-volvido em parceria com a Apex-Brasil, e com o apoio do MAPA e do SEBRAE, le-vou empresários associados e seus produtos para a maior feira do setor no mundo, a 26ª Exposição Anual da Specialty Coffee Association of Ame-rica (SCAA), realizada pela entidade norte-americana em Seattle (EUA).

O estande elaborado para o evento localizou-se estrate-gicamente no corredor junto à entrada do pavilhão e foi um dos mais movimentados. O destaque da delegação brasi-leira ficou por conta da apre-sentação do novo mapa das origens produtoras do grão no Brasil. Elaborado pela BSCA após consulta a órgãos estaduais e federais, ele traz

20 origens produtoras, com a delimitação por município. “Sempre pensamos em avan-çar no que diz respeito à pro-moção internacional dos cafés brasileiros. Como o País não possuía uma atualização da discrição de suas áreas de produção, desenvolvemos essa geografia para que todo o mundo conheça a diversida-de do nosso parque cafeeiro”, explica Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Asso-ciação.

De acordo com ela, a es-truturação do mapa é fun-damental para que o Brasil apresente ao mundo que tem capacidade para produzir uma grande diversidade de cafés, aliando quantidade à quali-dade. “A intenção da BSCA é promover os cafés nacionais e suas origens, destacando que cada uma possui característi-cas únicas e é capaz de colher

um produto que proporcione excelentes bebidas na xícara”, comenta. Vanusia completa recordando que o Brasil é um país continental, com ampla diversidade de topografia e clima entre suas regiões pro-dutoras. “Esse ambiente faz com que os cafés de cada uma dessas origens tenham características diferenciadas e únicas, fato que não ocorre em nenhuma outra nação que produz o grão no mundo”.

O espaço do Brasil na ex-posição contou com o “Es-presso Bar”, onde um barista americano contratado serviu dois blends compostos por café das diversas origens pro-dutoras brasileiras. Além dis-so, foram realizadas degusta-ções da bebida filtrada, com explicações sobre cada uma das áreas produtoras nacio-nais, no “Brew Bar”. “Am-bas as atividades suscitaram

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enorme interesse do público e contribuíram, dessa manei-ra, para fortalecer a imagem de qualidade dos cafés brasi-leiros junto a profissionais e consumidores de todo o mun-do”, comenta a diretora-exe-cutiva da BSCA.

O lançamento da versão em inglês do livro “Pós-co-lheita do café” (“Handbook of coffee post-harvest tech-nology”), de autoria do pro-fessor Flávio Meira Borém e que contém um capítulo escrito por Silvio Leite, um dos idealizadores do concur-so Cup of Excellence, e outro por Vanusia Nogueira, tam-bém teve o estande nacional como palco. “É uma obra fundamental para se entender e por em prática os processos de pós-colheita. Entre outros pontos, aborda os trabalhos realizados no Brasil, as ten-dências mundiais e as meto-dologias de classificação de cafés commodity e specialty”, relata Vanusia.

Além das atividades no es-tande, a delegação brasileira realizou sessões de cupping três vezes ao dia, com uma delas sendo dedicadas aos cafés de “comércio justo” da Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BR Fair), que contou com o apoio do SEBRAE. A BSCA também organi-zou diariamente uma sessão “Taste of the Harvest”, con-tendo 29 cafés certificados pela Associação à disposição dos participantes do evento. “Em geral, as sessões foram bastante disputadas por com-pradores internacionais, não apenas dos EUA, mas de todo o mundo, valendo destacar a quantidade de asiáticos que se interessaram por nossos cafés”, comenta Javier Faus Neto, presidente da BSCA.

Robério Silva no estande Cafés do Brasil

Javier Faus Neto recebendo visitantes na feira

Silvio Leite na sessão de Taste of the Haverst

Crédito: BsCa divulgação

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Participação do Brasil

Sobre o evento

A delegação nacional contou com a participação de aproxi-madamente 200 pessoas. “O número de brasileiros interessados em estreitar relacionamentos e efetuar negócios na principal feira internacional de cafés especiais do planeta vem em uma crescen-te ao longo dos anos, o que amplia a visibilidade e a promoção e confirma a aceitação do produto do País internacionalmente”, aponta Javier.

A Exposição Anual da SCAA é conside-rada o maior evento do mundo sobre cafés especiais, tanto pelo número de expositores e visitantes, quanto por ser um ponto de en-contro já consolidado entre atores-chave do setor, o que o constitui em um espaço privi-legiado para relacionamento e acompanha-mento de novas tendências. Este ano, a feira foi realizada em Seattle, berço histórico e cidade sede da Starbucks, o que a tornou simbólica para o surgimento e o desenvol-vimento do setor de cafés especiais.

Denominação de origem região do Cerrado Mineiro

Outro ponto alto do Brasil na 26ª Exposição Anual da SCAA foi o lançamento internacional da Denominação de Origem (DO) da Região do Cerrado Mineiro, realizado em um almoço, para cerca de 100 convidados, entre autoridades, torrefadores, exportado-res, imprensa especializada e produtores de café de todo o Planeta. Na oportunidade, o presidente e o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sérgio de Assis e Juliano Tarabal, respectivamente, apresentaram a região, suas características e o trabalho de rastreabilidade que é desenvolvido pela entidade, que é um dos pilares do café de atitude: ético, rastreável e de elevada qualidade.

A conquista da DO é recente, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 31 de dezembro de 2013. Trata-se do resultado de um trabalho de anos dirigido pela Federação e que coloca a Região do Cerrado Mineiro para o café nas mesmas condições que Champagne-Ar-denne, na França, está para os espumantes e Parma, na Itália, está para os presuntos. Isso porque a Denominação de Origem atesta que o café produzido no Cerrado Mineiro tem características únicas, as quais não podem ser encontradas em nenhuma outra parte do mundo.

Com a denominação “Brazilian Coffee Ori-gins”, o mapa apresenta as 20 áreas de pro-dução de café no País, sendo seis em Minas Gerais, quatro em São Paulo, uma entre MG e SP, três na Bahia, duas no Espírito Santo, duas no Paraná, uma em Rondônia e uma no Rio de Janeiro. Entre elas, estão incluídas a Denomi-nação de Origem do Cerrado Mineiro e as In-dicações Geográficas da Mantiqueira de Minas, Alta Mogiana e do Norte Pioneiro do Paraná. O mapa e as especificações de cada uma das áreas de produção podem ser conferidos no site da BSCA (www.bsca.com.br).

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40 anos EPAMIG

Com a participação especial do governador Alberto Pinto Coelho, a comemoração dos 40 anos da Empresa de Pesquisa Agropecu-ária de Minas Gerais (EPAMIG) foi marcada pelo início de uma nova parceria que permitirá o tra-balho de presos nas fazendas da empresa. Houve também lança-mento do novo Sistema de Gestão da Pesquisa, descerramento de placa comemorativa, entrega de diplomas a funcionários que estão completando 10, 20, 30 e 40 anos de dedicação à empresa, sessão solene na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e troféu para parceiros e colaboradores estratégicos. Em seu discurso, o Governador destacou a contribuição da EPAMIG para os avanços no setor agropecuário. “O Brasil precisa se colocar em uma posição vanguardista, vencer e romper essas barreiras, para que possamos construir uma grande nação. Portanto, estar aqui hoje representa o reconhecimento do Governo de Minas e de toda sociedade mineira e brasileira, ao trabalho de cada técnico da Epamig. O dever dos senhores, apesar das dificuldades e dos desafios, está sendo cumprido e é o que faz o Brasil caminhar”, disse.O secretário de Estado de Agricultura, André Merlo, ressaltou que o setor agropecuário é quem sustenta a economia do país, gerando emprego e renda. “Se a agropecuária vai bem, outros se-tores da economia vão bem”, completou.

O presidente da EPAMIG, Marcelo Lana (foto), discorreu ainda sobre os desafios da Epamig após quatro décadas de atuação. Ele lembrou que a pesquisa agropecuária tor-nou possível o desenvolvimento de cultivares adaptadas às condições de clima e solo do Estado e a geração de tec-nologias e informações que propiciaram aumento de pro-dutividade em segmentos tradicionais e também novas inclusões no processo produtivo. “Mudanças climáticas também irão impor complexas condições e exigir novos métodos de pesquisa, novas estratégias de produção e daí a necessidade do desenvolvimento de tecnologias para superar as mudanças no clima”, disse.

Dentre a programação, destaque para o ônibus itinerante “Ciência Móvel” da EPAMIG, que traz um pequeno labo-ratório para demonstração de pesquisas, no qual serão apre-sentados resultados de estudos com produtos para a cafei-cultura produzidos a partir de microorganismos.

História da EPAMIG

A EPAMIG foi cria-da em 8 de maio de 1974 com o objetivo de reformulação ins-titucional da pesquisa agropecuária no Bra-sil, iniciado anterior-mente, com Programa Integrado de Pesquisas Agropecuárias do Es-tado de Minas Gerais (Pipaemg). A partir de 6 de agosto de 1974, por meio do convê-nio celebrado entre o Governo do Estado, MAPA e Embrapa, começou a funcionar a Epamig, com atri-buição de executar e coordenar a pesquisa agropecuária em Mi-nas Gerais vinculada às demandas dos pro-dutores rurais.

Crédito

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Descerramento placa 40 anos Omar Peres - Governo de Minas

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Brasil - Ucrânia: Comédia de Erros

Em razão dos possíveis desdobramentos nos campos militar, político

e econômico, a crise na Ucrâ-nia tem gerado forte preocupa-ção. Ao confrontar a Rússia, EUA e Europa ressuscitam considerações geopolíticas que gostariam de deixar para trás. Consumada a incorpora-ção da Criméia ao território russo, o mundo espera o des-fecho das disputas pelos terri-tórios do leste da Ucrânia, na fronteira com a Rússia, onde se concentra a maioria da po-pulação de origem e de língua russas.

Quais os interesses do Brasil na relação com a Ucrâ-nia? Poucos talvez possam identificar assuntos em co-mum com pais tão distante.

O Brasil no governo Lula se associou a Ucrânia para a cessão de espaço para lança-mento de satélites comerciais do Centro de Lançamento de Satélites em Alcântara. Para isso, foi criada a empresa mista, Alcântara Cyclone Space (ACS), formada em partes iguais, que já consu-miu US$ 918 milhões do lado brasileiro, tendo sido metade aportada em meados de 2013,

sob a forma de aumento de capital, sem qualquer re-sultado concreto até aqui. A ideia era aproveitar o progra-ma ucraniano para, se tudo desse certo, desenvolver uma indústria voltada para lança-mentos no Brasil. Toda essa negociação com a Ucrânia está cercada de circunstân-cias que mostram a maneira descoordenada como muitos projetos de grande relevância estratégica foram tratados nos últimos anos.

O programa espacial bra-sileiro de desenvolvimento de Veículos Lançadores de

Fica cada vez mais evidente a necessidade de uma nova política externa que restaure a influência do Itamaraty, para evitar situações como a da Ucrânia,

e restabeleça a voz e a presença do Brasil no exterior.

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Satélites (VLS) e de apro-veitamento comercial da Base de Alcântara colocaria o Brasil no mercado global, dominado em mais de 85% por lançamentos de satélites de comunicação de empre-sas norte-americanas. Para viabilizar a entrada do Bra-sil nesse mercado, o gover-no FHC negociou acordo de salvaguarda tecnológica com os EUA. Por questões ideoló-gicas, o PT na oposição e, de-pois, no governo ficou contra o acordo que, paralisado no Congresso, foi abandonado. O governo Lula, no entanto, para viabilizar a cooperação com a Ucrânia, teve de assi-nar um acordo de salvaguar-das tecnológicas com o go-verno de Kiev. O acordo com a Ucrânia, traduzido quase literalmente do firmado com os EUA, foi rapidamente aprovado pelo Congresso com o apoio entusiasmado do PT. Chegou-se mesmo a discutir um segundo acordo, que atenuasse cláusulas dra-conianas que restringiam o acesso das autoridades bra-sileiras aos equipamentos ucranianos e ampliasse a co-operação para o desenvolvi-mento conjunto de um novo VLS (Ciclone V).

Soube no ano passado que a Ucrânia havia feito gestões junto ao governo de Washin-gton para que o acordo de salvaguarda tecnológica com o Brasil fosse retomado, por-que o foguete ucraniano in-corpora peças e componentes americanos. Assim sendo, o VLS Ciclone só poderia ser lançado de Alcântara se o acordo Brasil-EUA estivesse em vigor.

Essa comédia de erros está atrasando por mais de 15 anos o programa brasileiro de uti-lização comercial da Base de Alcântara. Será que as autori-dades brasileiras não sabiam que o acordo com os EUA

era indispensável para levar adiante o projeto com a Ucrâ-nia?

O quiproquó não termina aí. A empresa que teoricamen-te produziria o foguete lança-dor dos satélites comerciais de Alcântara está localizada na área industrial da Ucrânia, exatamente no território ago-ra conflagrado pela presença de população russa, transferi-da para a região para operar o complexo industrial mili-tar que Moscou havia criado naquele país, então parte da URSS. O que acontecerá se esse território for incorporado à Rússia?

Além disso, a Ucrânia, sem condições de fazer os aportes financeiros necessários, pela precária situação de sua eco-nomia, contribuiu para reduzir o projeto a um sonho de uma noite de verão. A negociação com a Ucrânia teve clara mo-tivação ideológica para evitar a dependência dos EUA. A maneira desastrada como todo o processo foi operado é mais um exemplo de um equívoco cometido por considerações político-partidárias. Os inves-timentos feitos pelo governo brasileiro não serão recupera-dos e o caos doméstico ucra-niano inviabiliza qualquer esforço para a retomada do projeto.

O acordo de salvaguarda tecnológica com os EUA, de-pois da visita do presidente Barack Obama ao Brasil em 2011, estava sofrendo modi-ficações para ser apresentado `as autoridades norte-america-nas. A negociação do acordo, contudo, está paralisada, como tudo o que é realmente impor-tante na relação com os EUA. A decisão da presidente Dilma Rousseff de só normalizar as relações bilaterais depois de um eventual pedido de descul-pas de Obama pelo monitora-mento indevido da Agência Nacional de Segurança (NSA)

dificulta o desenlace da crise entre os dois países. Como o pedido dificilmente será aten-dido, este e outros temas de interesse brasileiro dormem nos escaninhos da burocracia itamaratiana.

Críticos cobram um posi-cionamento da política exter-na, outrora tão ativa e altiva, em relação aos graves acon-tecimentos que culminaram com a anexação da Crimeia `a Rússia e com os distúrbios em diversas cidades ucranianas.

A paralisia da diplomacia brasileira pode ser explicada por um conjunto de fatores: o Brasil ser membro do BRICS, hoje um bloco instituciona-lizado, com reuniões presi-denciais (a próxima ocorrerá em Fortaleza em julho) e mi-nisteriais todos os anos; pela dificuldade de lidar com o im-bróglio em que nos metemos com o acordo de cooperação no Centro de Lançamento de Alcântara e pela deliberada política do governo Dilma de encolhimento da política ex-terna e da não participação do Brasil na cena internacional.

Fica cada vez mais evi-dente a necessidade de uma nova política externa que restaure a influência do Itamaraty, para evitar situ-ações como a da Ucrânia, e restabeleça a voz e a presen-ça do Brasil no exterior.

Rubens Barbosa, é

Presidente

do Conselho de

Comércio Exterior da

Fiesp

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Ferrugem, seca e preços baixos afetaram safras de

café na América Central

J.B. Matiello, Eng Agr Mapa e Fundação Procafé

Na 2ª semana de abril corrente estive em vi-sita aos 5 principais

países cafeeiros da América Central, para transmitir, atra-vés de palestras, a experiência brasileira no controle da ferru-gem do cafeeiro. Aproveitei, também, para observar as con-dições em que se encontram os cafezais e a sua produção, diante do ataque dessa doença e de outros problemas pelos quais a cafeicultura regional tem passado nos 2 últimos anos.

Verifiquei que, no geral, a cafeicultura vem enfren-tando dificuldades. Primeiro foi a seca, em 2012, depois muita chuva e depois a ferru-gem. Isso tudo e, com certeza, também o mal trato que vinha sendo dispensado às lavouras, em função dos preços baixos, provocou perdas significativas na safra de 2013. Para 2014, agora está iniciando o período de chuvas e de floração, pre-

vendo-se uma pequena recu-peração das safras. No entan-to, as lavouras estão, em sua maioria, bastante desfolhadas.

Vamos aos números que apurei com os técnicos em cada país.

Costa Rica – possui cerca de 93 mil ha de cafezais, que produzem, anu-almente, cerca de 2 milhões de sacas, portanto, com pro-dutividade de cerca de 21 scs/ha. Em 2013, em função dos problemas, houve uma redu-ção de cerca de 15% na safra. A ferrugem passou a ser grave também em áreas de altitude acima de 1200m, onde antes não era. Houve constatação de mais 2 raças novas do fun-go, sendo que a raça 34 tem capacidade de atacar também os catimores(fa-tores v6...v8).

Guatemala – a cafeicultura ocupa cerca de 276 mil ha, produzindo 3 – 3,5 milhões de sacas/ano, portanto com produtividade de 13 scs/ha. Em 2013 a perda de safra foi estimada em 500 mil sacas, ou cerca de 14%. Neste país sobressai a participação maior de médios e grandes produto-res, com melhor nível, sendo responsáveis por cerca de 60% da área de café.

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Cafezal da varie-dade Caturra em bom estado, com controle da ferrugem, em uma grande propriedade na Guatemala, sombreado por Grevilea, mantida podada e, nas margens dos caminhos, com plantio de macadâmia. Nesta plantação foi aplicada, faz 2 anos,po-da de esqueletamento.

Inóculo residual, por pústulas da ferru-gem, em folhas velhas, na variedade Bourbon, na Guatemala.

El Salvador – a área cafeeira é de cerca de 150 mil ha e as safras normais tem variado de 1,1 a 1,3 mi-lhão de sacas/ano. Assim, a produtividade média tem sido muito baixa, na faixa de 8 scs/há. A área, em sua maio-ria(70%), está em pequenas propriedades. A perda de sa-fra em 2013 foi de cerca de 60% e em 2014 pode haver uma recuperação, com perda ainda de 25% sobre a safra normal.

Vista geral de uma lavoura de café sombreada com ingazeiras, em El Salvador

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Pequena renovação de cafezal, com o plantio de va-riedade Catimor, em El Sal-vador

Lavoura de caturra sombreada, incluindo bananeiras, em área bem declivosa em El Salvador e nela viu-se plantas com alta desfolha (ao lado) pela ferrugem.

Com a aplicação de um fungicida triazol as pústulas da ferrugem bem abortadas, em cafezal em El Salvador, indi-cando que o fungo está muito sensível a este tipo de fungicida.

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Cafezal caturra, som-breado com árvores nati-vas e ingazeiras, na zona de Matagalpa, Nicarágua

Folhas terminais dos ramos com total infecção pela ferrugem, provocando forte desfolha. Matagalpa, Nicarágua.

Honduras – possui uma área cafeeira de cerca de 280 mil ha e produz safra de cerca de 4,6 milhões de sacas/ano, assim com produtividade de 16 scs/ha. Em 2013 a safra caiu cerca de 17% e está prevista recuperação em 2014.

Nicarágua – a área cafeeira no país é estimada em 110 mil há e as safras normais tem sido de cerca de 1,5 milhão de sacas/ano. A produtividade das lavouras é de cerca de 13 scs/há. Em 2013 a perda foi estimada em 25-30%. Para 2014 não deve haver boa recuperação produtiva devido à permanência do ataque de ferrugem e pela grande área recepada em 2013.

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Na Nicarágua, devido ao forte ataque da ferru-gem, cafeicultores, deso-rientados, praticaram re-cepa, neste caso seletiva, mesmo em plantas jovens de Caturra, ao invés de proteger, com fungicidas, a sua folhagem.

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As condições favoráveis aqui levantadas, e , mais, as observações de campo, onde vi, mesmo antes do período infectivo, estando agora no final do período seco, muita infecção pela ferrugem, indi-cam que o problema da doença tem tudo para persistir. Deste modo, como ocorreu, a partir de 1970, no Brasil, deve haver uma significativa transforma-ção na cafeicultura da Améri-ca Central, com recuperação e renovação de cafezais, com novas tecnologias, pois a pro-dutividade, no geral, tem sido muito baixa.

Como nem tudo são espi-nhos, observei duas condi-ções favoráveis, sendo o bai-xo custo da mão de obra, na maioria das regiões pagando-se, apenas, de US$ 3.00 - 5.00 por dia de trabalho no campo e o grande cuidado dos cafei-cultores com a qualidade dos cafés, representando melhores preços do produto.

As condições de ambiente e de manejo observadas nas lavouras indicam que ocorrem, em todos os países visitados, situações favoráveis à evolução da ferrugem, destacando-se –

a) Variedades cultivadas muito susceptíveis à doença, sendo a maioria de Caturra e Bourbon, apenas na Costa Rica e Honduras, havendo, já, uma boa participação do Catuai. Têm tentado introduzir seleções de Catimores, como Cuscateclo, Lem-pira e CR 95, no entanto relatam sua bebida inferior e, já, ocorrência de infecções nas plantas. No aspecto de variedade destacaram a boa qualidade e preço alto nos cafés da var Pacamara. Alguns países como a CR e Honduras estão distribuindo novas variedades para plantio, como o Obatã e outros.

b) Sistemas de espaçamentos adensados, normalmente na faixa de 1,7-2,0 X 1,0-1,20m, facilitando a manutenção de sombra e umidade dentro da lavoura, favore-cendo a ferrugem e dificultando as aplicações de controle.

c) Uso de sombreamento, com sombra, no geral, muito fechada, à exceção de CR que usa pouca sombra. Essa prática facilita a nutrição das plantas e a sustentabili-dade da plantação, suportando o cultivo de variedades conhecidamente de pouco vigor, como a Caturra. No entanto, reduze a produtividade e facilitam a evolução da ferrugem. Foi observada a manutenção do inoculo da ferrugem, pela permanên-cia de mais folhas velhas do ciclo produtivo anterior, por efeito da sombra, o que dificulta o controle.

d) Cultivo em áreas, no geral, bastante declivosas, com ausência de caminhos nas lavouras, agravado pelo adensamento dos plantios, tudo dificultando a operaciona-lização das aplicações para o controle químico.

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5º Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira

Créditos: arquivo CCCrJ

Créditos: Bruno lavorato

Estande da Secretaria de Agricultura de MG

A 17ª Expocafé encerrou seus trabalhos com o incremento de 10% de público e de negócios, em comparação à edição do ano passado. Foram 22 mil visitantes nos três dias de evento e R$ 215 milhões de negócios. Foram 140 expositores e mais de 300 produtos distribuídos numa área total de 25 mil metros quadrados. O evento foi palco de um grande encontro de produtores, técnicos, empresários, entre outros interessados na melhoria de renda e da quali-dade de vida do produtor rural, na geração de empregos e na fixação do homem no campo.A Feira dispôs o que há de melhor e mais moderno no agronegócio café, contemplando o ciclo completo, do plantio à colheita. Uma das novidades que chamaram a atenção dos produtores foi a máquina Safra Zero da empresa TDI, de Araguari/MG. A máquina faz três funções de uma só vez: decotamento, esqueletamento e colheita. Desenvolvida por um produtor rural da região, a novidade custa R$ 620 mil. De acordo com Alzair Pon-tes, representante da TDI, a cada cinco pessoas que visitaram o estande, quatro pediram para conhecer a Safra Zero. “Vamos fechar a feira com uma lista de oito pessoas que manifestaram interesse em fechar negócio conosco”, comemora o expositor.Outro destaque foi o Sistema de Pulverização Eletrostático da empresa SPE, de Por-to Alegre/RS. O sistema foi desenvolvido no Brasil para atender à necessidade de redução de calda e eficácia na aplicação de defensivos agrícolas. De acordo com o

expositor da SPE, Irair Lopes, estar na Expocafé foi a porta de entrada no mercado cafeicultor do sul de Minas Gerais. “Rece-

bemos muitas encomendas. Percebemos que o produtor local teve muito interesse pelo nosso sistema eletrostático devido à eficiência e à economia qu]e nosso produto oferece”, afirma.Para Francisco Miranda, presidente da Cocatrel, realizado-

ra desta Expocafé. “Foi uma honra este desafio. Recebemos muitos retornos positivos de expositores que manifestaram a

satisfação de terem participado desta edição e já confirma-ram a presença para o próximo ano”, comemora .

Antes da abertura da Expocafé foi reali-zado o Simpósio de Mecanização da La-voura Cafeeira, uma oportunidade para o intercâmbio de informações sobre tecno-logias e produção mecanizada. O Simpósio reuniu pesquisadores, pro-fessores universitários, técnicos e cafei-cultores de diversos estados brasileiros para discussão de assuntos como sistema de pulverização eletrostática do cafeeiro, implantação de lavoura mecanizada e uso mais eficiente das máquinas. O coordenador do Simpósio, Gladyston Carvalho, pesquisador da Epamig, mi-nistrou uma palestra sobre “Tecnologias para o manejo sustentável da lavoura cafeeira”. Carvalho apresentou novas variedades de café com tecnologia da Epamig sobre os aspectos de produtivi-dade, mecanização e qualidade.

Estimativa de fechamento de negócios é de R$ 215 milhões e o total de público foi de 22 mil visitantes nos três dias de evento.

EXPOCAFÉ apresenta incremento de 10% de público e de negócios

Crédito

s: Flávia amaral

Panorama do evento

Colhedora de café Safra Zero

Francisco Miranda, presidente da Cocatrel

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Pesquisador do IEA Eduardo Castanho esclarece dúvidas sobre o

CAR – Cadastro Ambiental RuralEm entrevista concedi-da ao pesquisador Cel-so Vegro e à advogada

Adriana Damiani, ambos do Instituto de Economia Agríco-la – IEA, Eduardo Castanho, também pesquisador do IEA, esclarece dúvidas a respeito do CAR – Cadastro Ambien-tal Rural, recentemente posto em prática pela Instrução Nor-mativa nº 02, do Ministério do Meio Ambiente.

1 - Quais as principais diferenças existentes nos conceitos Recuperação, Re-composição, Regeneração e Compensação. Quais os cus-tos para o produtor rural ao optar por uma das modali-dades?

As ações ambientais carac-terizadas como recuperação, recomposição, regeneração, e compensação possuem impor-tantes diferenças tanto em ter-mos operacionais quanto com relação aos custos suportados pelo agricultor. O conceito de recuperação engloba os de re-composição e de regeneração. Simplificadamente, a recom-posição é recomendada para glebas degradadas e com pou-ca ou sem vegetação natural, implicando normalmente no plantio por meio de sementes ou de mudas de essências flo-restais. Por sua vez, a regene-ração ocorre mediante o isola-mento da área, propiciando o retorno gradual da vegetação natural, o que exige pré-con-dições: como a existência de banco de sementes no solo; caso contrário, a colocação de sementes será necessária.

Na compensação, adotam-se os mesmos procedimentos, com a ressalva de que a área em que a operação ocorre não é de domínio próprio e,

somente poderá ser imple-mentada após os proprietários rurais terem efetuado seu Ca-dastro Ambiental Rural (CAR) e optado pelos Programas de Regularização Ambientais (PRA’s) Estaduais, os quais deverão estar em funciona-mento. Em termos de custos, a recomposição é efetivamen-te a mais cara havendo estudos que apontam para despesas en-tre R$2.000,00 e R$16.000,00 por hectare na formação e, mais que o dobro dessas des-pesas após o transcurso do ter-ceiro ano do plantio, no caso do menor valor. Aparentemen-te esse valor é irreal, enquan-to que o valor superior parece abusivo. De qualquer modo, custos existirão e o produtor rural, embora esteja provendo a sociedade com um bem pú-blico (formação de florestas com funções ambientais) não será subsidiado pelo Estado na implementação de sua regu-larização ambiental. Todavia, para os raros produtores que possuem mais área natural do que o exigido prevê-se a nego-

ciação do excedente em siste-ma de leilão dos CRA’s (Cotas de Regularização Ambiental), mas tudo isso será um desen-volvimento posterior à com-pleta regularização exigida pelo CAR.

2 – Sendo o CAR – Ca-dastro Ambiental Rural – obrigatório para produtores/proprietários rurais, quais as punições a que estão su-jeitos aqueles que não cum-prirem as determinações no prazo? Qual é esse prazo?

O prazo para a inscri-ção no CAR se encerra em 05/06/2015, mas poderá ser prorrogado por mais doze me-ses, portanto até 05/06/2016, dependendo das dificuldades enfrentadas pelos técnicos e produtores. Quanto às pe-nalidades aos não aderentes ao cadastro, existe tabela de multas com valores por hec-tare, cabendo tanto à polícia ambiental como à CETESB (caso paulista) o poder de fis-calização e autuação dos não cadastrados/regularizados. O

Adriana Damiani e o Pesquisador Eduardo Castanho

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Pesquisador do IEA Eduardo Castanho esclarece dúvidas sobre o

CAR – Cadastro Ambiental Ruralvínculo criado entre a regula-rização ambiental e a obten-ção de crédito rural, aparen-temente, não é obstáculo para os grandes proprietários, pois, os maiores volumes de crédito rural acabam sendo destinados a eles, que possuem ou contra-tam equipes técnicas capazes de cumprir com a tarefa. En-tretanto, para os pequenos e médios produtores as dificul-dades poderão vir a ser enor-mes.

3 – O CAR deve ser pre-enchido on line; assim há a necessidade de acesso à WEB, inclusive para a emis-são do recibo final. Quais as dificuldades que se vislum-bram para que os produ-tores/proprietários tenham esse acesso?

Os agricultores pouco fa-miliarizados com rotinas com-putacionais poderão enfrentar dificuldades com o preenchi-mento do CAR. O Decreto 7.830/2012 determina que, para os produtores com menos de 04 módulos fiscais, haja apoio do Estado para preen-chimento do formulário. Po-rém, a escassez de servidores nos quadros das Secretarias estaduais de Agricultura e de Meio Ambiente para fazer frente à demanda pelo serviço de preenchimento do CAR é realidade. Somente no Estado de São Paulo, por exemplo, encontram-se na condição de receber essa assistência 273 mil imóveis rurais, para uma equipe de engenheiros agrô-nomos, florestais, técnicos agrícolas que não alcança se-

quer o milhar. O cenário de produção de um colapso não é implausível mediante a des-proporção entre as quantida-des assinaladas. A alternativa de contratação de escritórios de consultoria, normalmente de contabilidade, é temerária, pois, não se conhece ao certo a competência técnica dis-ponível para o serviço, o que pode introduzir fonte espúria de custo aos produtores. Ade-mais, o Decreto 8.235/2014 foi publicado antes que os convênios entre as Prefeituras e a Secretarias de Meio Am-biente estivessem formatados, o que introduz perda de celeri-dade ao processo.

4 – O Programa de Regu-larização Ambiental – PRA - foi instituído no Estado de São Paulo? Quais os proble-mas e soluções advindos da necessidade em aderir ao PRA?

No caso paulista, o PRA ainda não foi instituído e para haver um plano será necessá-rio antes que exista um cadas-tramento, no caso o CAR. Os demais estados encontram-se na mesma situação, com ex-ceções dos Estados do Paraná e Mato Grosso que, todavia, terão que fazer convergir seus sistemas com o nacional para viabilizar de imediato seus planos.

5 – Os produtores/pro-prietários que possuírem Termos de Compromisso – TC, anteriormente assina-dos poderão mantê-los e por quanto tempo?

O chamado Termo de Compromisso (TC) é assunto para o qual cabe discussão, inclusive jurídica. Por exem-plo, aquele proprietário que já averbou a reserva legal e/ou área de proteção permanente vai poder “desaverbar”? Tam-bém será possível pensar que promotores de justiça da área de meio ambiente poderão obrigar o cumprimento dos ajustamentos pactuados an-teriormente. O mais provável será que os agricultores pode-rão avaliar o que foi acordado antes e o que passou a valer pós CAR, optando por aquilo que lhe for mais conveniente.

6 – No preenchimento do CAR, o usuário se depara com senhas de acesso. Se o preenchimento se der atra-vés de representantes, como evitar confusões de informa-ções de usuários diversos?

É preciso reconhecer que o sistema possui relativa complexidade. As emissões de senhas exigirão cuidadoso controle por parte do repre-sentante legal encarregado de preencher o CAR. Para con-tornar essa problemática creio ser prudente a adoção de roti-nas de trabalho bem forma-tadas.

7 – Um dos dados a ser preenchido é o núme-ro do CIR. Será que todos os produtores/proprie-tários possuem este número? Caso con-trário, qual será o cus-to para obtê-lo?

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Revista do Café | junho 2014

Celso Luís Rodrigues Vegro, é

Engenheiro Agrônomo do Instituto

de Economia Agrícola – IEA

Adriana Damiani Correia Campos, é Advogada do Instituto de Economia

Agrícola – IEA

Todo declarante registrado no INCRA possui o Código do Imóvel Rural - CIR. Esse número é fornecido após a conclusão do cadastro no re-ferido instituto. Aqueles pro-prietários não regulares no INCRA certamente terão mais esse custo (georefenciamento do imóvel) para poder preen-cher o CAR. Poderá ocorrer sobreposição de áreas quando as divisas não são claramente estabelecidas especialmente naquelas em que há cobertura florestal (Amazônia e Vale do Ribeira, por exemplo). Esse fenômeno criará um aspecto nebuloso que será de difícil resolução, notadamente se houver áreas de vegetação na-tural nessas intersecções.

8 – O CAR se destina a regularização ambiental e não fundiária. Assim, não é equivocado exigir dados que somente são obtidos com os competentes registros imobi-liários?

A partir do momento em que se exige o número de ma-trícula ou outro dado cons-tante de documentos de posse

ou propriedade para a inscrição no CAR,

estar-se-á, de certa forma, obrigando o produtor a fa-zer a regulari-zação fundiária. Há de se salien-tar que muito

imóveis rurais se encontram em

processo de

inventário, o que pode demo-rar anos, atrasando o procedi-mento de cadastro.

9 – Por se tratar de ato declaratório, caberá tam-bém aos produtores/proprie-tários desenhar o perímetro da propriedade (latitude e longitude, inclusive os cur-sos d’água, etc). Caso esses dados não sejam de conheci-mento onde consegui-los e a que custos?

Sem dúvida que todo o preenchimento do CAR é ato declaratório. As coordenadas de latitude e de longitude po-dem ser obtidas por meio do emprego de um GPS ou com a localização do imóvel nos ma-pas disponíveis na web. Nesse último caso, pode ocorrer de o agricultor não ser capaz de manipular as ferramentas de geolocalização, demandando apoio técnico especializado para auxiliá-lo.

10 – Após a conclusão do prazo para a realização do CAR, quais os cenários pos-síveis? Espera-se relevante ganho na sustentabilidade das explorações e sistemas de produção? Haverá um olhar diferenciado dos clien-tes internacionais com rela-ção à produção agropecuária brasileira?

Em termos de cenários para pós CAR, pode-se ima-ginar um retrato atualizado do uso do solo que pode ser muito importante tanto para a área ambiental como agrícola. Viabilizaria ações de plane-jamento e de ação pública de apoio ao segmento. Porém, a iniciativa do CAR, na forma como foi proposto, não está devidamente conectado com a ideia de instrumento para a formatação de políticas públi-cas agropecuárias. Ademais, a obrigatoriedade de RL e APP’s não tem efeitos ambientais substantivos para o meio am-

biente, ainda que a medida propicie a recuperação de 2 milhões de hectares de mar-gens de cursos d’água, apenas no Estado de São Paulo. A exi-gência de RL por propriedade é um equívoco técnico muito grande porque se reveste de pouca relevância ambiental. O ideal seria aproveitar a lei para implemantar uma política pú-blica de Reservas Legais que tivesse importância ambiental em cada região do Estado. Po-de-se imaginar que se forma-rão contínuos de mata ao lon-go desses cursos d’água, mas isso aparentemente não con-fere condição ambiental mais abrangente ao que aí está.

11 – Qual a atenção que se deve ter quanto aos Pro-gramas de Regularização Ambiental?

Quando os PRA’s forem implementados, deve-se ter certo cuidado com a definição do que será considerado flo-resta, buscando aquela mais abrangente, como o conceito fornecido pelo Serviço Flo-restal Brasileiro – SFB. Esse cuidado tem o potencial de evitar que centenas de milha-res de produtores rurais sejam penalizados em decorrência de conceitos muito mais restriti-vos ou ao sabor de decisões de técnicos regionais.

Celso Vegro

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Mais de 1600 pessoas, entre cafeicultores, técnicos e estudantes de agronomia, participaram dos Dias de Campo realizados nos dias 28 e 29 de maio, na Fazenda Experimental da Fundação Procafé, em Varginha/MG, onde foram apresentadas as novas tecnologias para melhoria das lavouras de café.Em 08 diferentes estações de campo foram discutidos vários assuntos - Competição de cultivares com resistência à ferru-gem; Incremento de produção e sistemas de irrigação de cafezais; Perdas com estiagem em cafezais; Emprego da estação de avisos fitossanitários e manejo integrado; Condução de brotos em poda de cafeeiros; e, Demonstrações tecnológicas das Empresas Basf, Adama e Syngenta, no controle de pragas e doenças do cafeeiro.

Fundação Procafé realiza Dias de Campo

Também estiveram presentes 37 Empresas, com a montagem de estandes no terreiro, onde os participantes, nos intervalos e no final das visitas a campo, puderam obter mais informa-ções, sobre maquinário exposto e sobre o uso de adubos e de de-fensivos diversos.O evento caracterizou, mais uma vez, a grande importância do trabalho desenvolvido pelo Procafé, conduzido pelos agrô-nomos Jose Edgard Pinto Paiva, José Braz Matiello e Antônio Wander Rafael Garcia, que cada vez mais se consolida como a principal entidade atuante na área da pesquisa voltada para a experimentação.

Créditos: divulgação Fundação proCaFé

Panorama do evento

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Álbum Naumann Gepp: Café, fotografia e redes de sociabilidade

No início do século XX, com o desenvolvimento da cafeicultura no Brasil, tornou-se prática comum a confecção de álbuns fotográficos de grandes núcleos produtores, mostrando a fazenda do momento do plantio do café até seu transporte e embarque. O Museu do Café conta em seu acervo com um exemplar particularmente

interessante, com a seguinte inscrição em sua capa:

“Mr. Geo W. Lawrence WITH THE COMPLIMENTS OF MESSRS. NAUMANN, GEPP

& Co. LTD, SANTOS AND LONDONOKTOBER 1928”

Pesquisas realizadas pelas equipes do Museu dão conta de que o Sr. Lawrence era um conhecido corretor de café em Nova York e representante da Naumann Gepp, citado em jornal da época como melhor vendedor de café verde dos Estados Unidos.

( Sr. Lawrence está à frente da firma nova iorquina de co-missão e corretagem Geo.W.Lawrence & Co. Ele tem a re-putação de ser o melhor vendedor de café verde nos Estados Unidos e é representante da Naumann Gepp & Co. de Santos e da Vivaequa & Irmãos de Vitória).

Willemans Brazilian Review, p. 219-220Créditos: aCervo museu do CaFé

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O álbum dedicado ao sr. Lawrence con-ta com imagens do famoso fotógrafo alemão Theodor Preising, que no período de 1927 a 1930 realizou trabalhos para a Secretaria de Agricultura, documentando fazendas do inte-rior do Estado de São Paulo. Nessas viagens, Priesing aproveitou para produzir cartões pos-tais além de realizar trabalhos sob encomenda para fazendeiros da região.

O uso da fotografia como material de di-vulgação da transformação dos centros urba-nos brasileiros – registrado em vários cartões postais - assim como das principais atividades econômicas como a cafeicultura, era comum neste período.

As imagens do álbum dedicado ao Sr. Lawrence mostram o processo de plantação, colheita, secagem, beneficiamento e ensa-que do café nas fazendas paulistas Boa Vista, Canaã, Santa Maria, Santa Rita, Chapadão e Guatapará. O álbum conta ainda com imagens do transporte do café até a ferrovia, o rebene-ficiamento nos armazéns já em Santos e o em-barque no porto. Além disso, apresta imagens panorâmicas da cidade de Santos e da fachada da Bolsa Oficial de Café – importantes regis-tros históricos para a cidade.

O estudo das informações contidas nesse conjunto de imagens auxilia, por um lado, na compreensão do complexo cafeeiro em São Paulo na década de 1920, a técnica e tecnologia aplicada na cafeicul-tura. Por outro, o álbum é um objeto testemunho que evidencia uma rede de sociabilidade complexa: seu uso fortalecia laços entre pro-dutores e exportadores com seus clientes no exterior – ação essencial no competitivo mercado do café.

Bruno Bortoloto do Carmo e Pietro Marchesini Amorim,

são pesquisadores do Museu do Café

Créditos: aCervo museu do CaFé

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Mordida na Banana

Quando o lateral Daniel Alves, jogador do Bar-celona, deu uma mor-

dida naquela banana atirada dentro do campo de futebol, esconjurando com seu inusita-do gesto a intolerância huma-na, todos aplaudimos. Depois, confesso, meu pensamento de agrônomo se desviou para ou-tro assunto: por que, afinal, a coitada da fruta carrega essa maledicência associada ao pre-conceito racial? Difícil expli-car.

A família botânica das mu-sáceas origina-se nas regiões tropicais do Sudoeste Asiático. A Índia lidera o ranking mun-dial da produção de bananas, seguida por Filipinas, China, Equador e Brasil. Certamen-te os cachos da Musa spp têm sido descascados pelos peludos símios naquelas terras de olhos puxados desde seu surgimento no planeta Terra. Acontece, po-rém, que o preconceito racista se originou aqui, no Ocidente, onde os macacos, como os na-tivos do Brasil, só conheceram uma banana após o Descobri-mento. A fruta, afinal, veio

trazida pelos portugueses.

Um maca-co-prego ou

um bugio gostam mesmo é de coco babaçu ou de caroço de je-rivá, ambos frutos de palmeiras nativas. Mas pegou a fama de a exótica banana ser seu alimen-to predileto. Vá entender. De forma semelhante, ninguém ja-mais explicou ao certo por que Carmen Miranda, ao se exibir para plateias norte-americanas, se empetecava da cabeça aos pés com cachos e folhas, can-tando seu inesquecível refrão “yes, nós temos banana”. Os gringos adoravam.

Curioso. A fruta serve tam-bém aqui, no Brasil, para figu-ras de linguagem inusitadas, al-gumas depreciativas. “Plantar bananeira”, em certas regiões, como em Araras (SP), minha terra natal, significa ficar de ponta-cabeça, ou seja, virar-se com as pernas para cima. O sen-tido da expressão dá a entender, obviamente, que nas plantações de banana tal prática é comum. Ledo engano. Na formação dos pomares, as mudas, chamadas perfilhos, são colocadas dentro de profundas covas sempre em sentido normal, com as raízes para o solo e a gema apical para cima. Ora, como se explica, então, essa expressão popular? Jamais encontrei respostas.

Noutro caso, a fruta serve ao raciocínio irônico. Comumente as pessoas, numa molecagem, quando querem desdenhar algo, fazem um conhecido sinal com os braços entrelaçados, cru-zando o punho com o antebra-ço: “Aqui, ó, uma banana para você”. Soa, claro, como se a fruta simbolizasse algo rejeitá-vel. Pior de tudo, especialmen-te aos olhos dos bananicul-

tores, é alguém d i ze r

q u e

uma coisa qualquer, por bara-ta na compra, está com “preço de banana”. Imaginem como se chateiam os agricultores do ramo. É como se nada vales-sem.

Não tem sido fácil a vida dos bananicultores nacionais. Além da desvalorização da fru-ta no mercado, doenças terríveis têm ameaçado as plantações há tempos. A mais recente e preo-cupante delas, a Sigatoka negra, causada por um fungo, chegou ao Brasil em 1998, trazendo pesadelos ao bananal. Técnicos apressados chegaram a afirmar que estariam liquidados os po-mares e seria decretada a extin-ção das lavouras. Exagero. A boa agronomia, embora ardu-amente, está conseguindo en-frentar mais essa peleja patogê-nica. Sorte dos consumidores.

Fruta mais consumida no mundo, unindo sabor, sustância e saúde, a banana é adorada pe-los esportistas, pois estes creem que suas benesses combatem as cãibras. É verdadeiro. A falta de potássio no organismo leva os músculos a se contraírem e uma banana média supre 30% das necessidades diárias de po-tássio do corpo humano. Estudo realizado nas Filipinas indica, ademais, que ingerir duas a três bananas por dia combate a de-pressão e melhora o humor das pessoas. O efeito benéfico atri-bui-se ao ele-vado conte-údo de tr ip-

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Xico Graziano, é agrônomo,

foi Secretário de Agricultura e

do Meio Ambiente do estado

de São Paulo.

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Mal-estar. Nesse estado, apreensivos, se encontram atu-almente os bananicultores do Vale do Ribeira (SP), tradicio-nal região produtora da mais gostosa fruta encontrada na qui-tanda. O grande temor desta vez vem do Equador. Ou melhor, da caneta do governo brasilei-ro. Acontece que, pressiona-do pelos interesses de grandes empresas norte-americanas, o Ministério da Agricultura cogi-ta de autorizar a importação da fruta oriunda desse país. Se con-cretizada, a medida poderá pôr em risco a produção da banana nacional. Razões da competiti-vidade.

Apenas cinco multinacio-nais controlam a produção e o comércio internacional das excelentes bananas produzidas no Equador. Trabalham com elevada tecnologia, alta escala, tudo mecanizado. O padrão im-pecável de qualidade permitiu

conquistar o mercado da Euro-pa e dos EUA, locais onde nada se produz de banana por causa do frio do inverno. Mas suas exportações caíram em razão da crise econômica lá fora e come-çou a sobrar banana no mundo. Azar do Brasil.

Pelas regras do comércio internacional - nosso próprio país lutando há décadas para derrubar as barreiras do prote-cionismo agrícola -, sabe-se ser complicado fechar fronteiras. Normalmente se utiliza uma saída técnica para impasses dessa natureza, invocando pro-blemas fitossanitários, ou seja, a ameaça, que sempre existe, da introdução externa de pató-genos (fungos, bactérias, vírus) nas lavouras internas. Tenta-se, assim, não escancarar as portas das importações, dado o perigo de elas arrasarem a produção lo-cal. No caso brasileiro, os pro-dutores ainda padecem de uma desgraça apelidada de “custo Brasil”: elevada carga tributá-

ria, logística deficiente, legis-lação trabalhista, burocracia. Concorrência desleal.

Nesse governo, que nun-ca decide nada, resta uma alternativa: ao contrário do Daniel Alves, se essa bana-na do Equa-dor aparecer, que ninguém a morda. Seria um boicote do consumidor em defesa do empre-go no campo.

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jurídico

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As empresas exporta-doras de café ainda enfrentam obstáculos

ocasionados pela divergência de interpretação da legisla-ção anterior da Contribuição para o PIS/PASEP e da CO-FINS (arts. 8º e 9º da Lei nº. 10.925/04). Dois assuntos têm sido objeto de preocupa-ções: glosas dessas contribui-ções nas aquisições de café de sociedades cooperativas

de produção agroindustrial e de pessoas jurídicas inidône-as, assim declaradas, após o período das aquisições. Em relação ao primeiro assun-to, a publicação da Solução de Consulta COSIT nº 65/14 veio a esclarecer os princi-pais pontos de divergência na interpretação da Lei nº. 10.925/04, possibilitando o desfecho favorável ainda na esfera administrativa. Não obstante, o presente artigo tem como objetivo trazer re-flexões, na eventualidade de decisão desfavorável em últi-ma instância (“CARF”), sobre os meios judiciais cabíveis para a continuidade da discus-são do direito à manutenção e ao ressarcimento, em espécie, dos referidos créditos.

Partindo de uma visão pessimista do desfecho dessas questões no âmbito do CARF, o principal reflexo seria, após o trânsito em julgado admi-nistrativo, a exigibilidade do crédito tributário, com os seus efeitos pertinentes (impos-sibilidade de obter certidões negativas de débito, execução fiscal, inscrição nos cadas-tros restritivos, entre outros). Encerrada a discussão na via administrativa, sem a possibi-lidade de novas reclamações ou recursos, nos termos do processo administrativo fiscal (cf. art. 151, III, do CTN), o crédito tributário (obrigação tributária) passa a condição de líquido e certo.

Mas a discussão relativa ao direito aos créditos da Con-

A repercussão das decisões do CARF sobre o direito aos créditos integrais do PIS/PASEP e COFINS nas operações com café: a continuidade na via judicial

tribuição para o PIS/PASEP e COFINS não termina. É pos-sível a continuidade da ques-tão na via judicial, o que de-penderá das particularidades de cada processo. Mais espe-cificamente, da forma como a matéria transitar em julgado no âmbito administrativo (tais como questão meramente de direito e/ou de prova). A im-prescindibilidade do depósito do montante integral da dí-vida (para evitar a cobrança do valor glosado) merece ser avaliada, principalmente em casos de declarações de com-pensação não-homologadas, nas hipóteses de ressarcimen-to acelerado (Portaria MF nº. 340/10), ou mesmo em rela-ção à multa isolada de ofício de 50% (artigo 74, § 15 e 16 da Lei nº. 9.430/96) - esta úl-tima, na inexistência de man-dado de segurança preventivo impetrado pelo contribuinte. Em tais situações, origina-se um débito tributário a pagar.

Após o vencimento dessa obrigação tributária, e antes da execução fiscal, é possível garan-tir o juízo de forma antecipada, por meio de ação cautelar, para o fim de obter certidão positiva com efeito de negativa (REsp. 1123669/RS, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Seção, DJe 01/02/2010, sub-metido ao regime do art. 543-C do CPC). No entanto, a garantia do débito não gera o efeito de sus-pender a exigibilidade do crédito tributário, uma vez que a caução não está entre as hipóteses previs-tas no art. 151 do CTN, segundo a orientação jurisprudencial.

Créditos: daniel dutra

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jurídico

A repercussão das decisões do CARF sobre o direito aos créditos integrais do PIS/PASEP e COFINS nas operações com café: a continuidade na via judicial

Partindo desse artigo, sus-pendem a exigibilidade do crédito tributário: a moratória (I) o depósito do montante in-tegral (inciso II), a concessão da medida liminar em Manda-do de Segurança (inciso IV), a concessão de medida limi-nar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial (inciso V) e o parce-lamento (inciso VI).

Neste sentido, contra a decisão administrativa des-favorável ao contribuinte, a defesa judicial pode ser, em tese: a) por meio da impetra-ção de mandado de seguran-ça; ou, b) ajuizamento de uma ação ordinária. No mandado de segurança, além da prova pré-constituída, é necessá-ria a configuração do direito líquido e certo. Por direito líquido e certo, entende-se aquele demostrado de plano. Assim, por exemplo, tratando de glosa de créditos da Con-tribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nas aquisições de pessoas jurídicas declara-das inidôneas, o direito pode-rá ser líquido e certo quando evidenciada a ofensa ao Re-presentativo de Controvérsia do Superior Tribunal de Justi-ça (RESP nº. 1148444/MG c/c Súmula STJ nº. 509), ou seja, aos entendimentos já consoli-dados na jurisprudência.

Não sendo cabível o Man-dado de Segurança, sempre será possível a ação ordinária que permite a ampla instrução probatória. Assim, por exem-plo, se, no processo administra-tivo fiscal, envolvendo a glosa de créditos integrais da Con-

tribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, não há provas quanto ao exercício cumulativo das atividades agroindustriais pelas sociedades cooperativas fornecedoras, nas aquisições destas, a ação ordinária revela-se mais apropriada.

Voltando à suspensão da exigibilidade do crédito tri-butário. Para a obtenção da liminar, em mandado de segu-rança (inciso IV), são neces-sários os seguintes requisitos: a relevância dos motivos em que se assenta o pedido na inicial (fumus boni juris) e a possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora). Em relação ao pri-meiro pressuposto, e ilustran-do com a glosa de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nas aquisições de pessoas jurídi-cas declaradas inidôneas, a relevância pode ser configu-rada, se ficarem, devidamen-te, comprovados, no curso do processo administrativo fis-cal, os pressupostos da legis-lação, conforme o artigo 82 da Lei nº. 9.430/96, a exem-plo da entrada da mercadoria no estabelecimento e o paga-mento do preço, sem a exis-tência de quaisquer indícios de fraude/dolo. Ou seja, neste caso, a instrução probatória já foi amplamente abordada na esfera administrativa, sendo possível adequar os fatos à jurisprudência. Já em relação à possibilidade de ocorrência de lesão irreparável, esta de-penderá da situação particu-lar de cada contribuinte, por

exemplo, da necessidade de obtenção da certidão negati-va de débitos para obter um financiamento ou para parti-cipar de processo de licitação.

Para a antecipação de tu-tela também é necessário o preenchimento de pressupos-tos semelhantes à liminar do rito mandamental, amparada no art. 273 do CPC: a prova inequívoca, a verossimilhança das alegações (fumus boni ju-ris) e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil repa-ração (periculum in mora).

A obtenção da liminar (in-ciso IV) ou da antecipação da tutela (inciso V) possuem efei-tos semelhantes em relação às multas. Neste caso, em razão da exigibilidade do crédito tributá-rio estar suspensa, a autoridade administrativa não poderá efetuar o lançamento da multa de ofício. Além disso, interrompe-se a inci-dência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição (ou seja, em caso da medida limi-nar/tutela antecipada ser deferida dentro do mês do vencimento da obrigação tributária exemplo, in-cidirá menor percentual da multa de mora).

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Neste contexto, o depósi-to do montante integral (in-ciso II), outra causa suspen-siva da exigibilidade, pode ser tanto uma opção “prin-cipal” quanto “acessória”. A opção será principal quan-do o contribuinte pretende não arriscar a obtenção da liminar/ tutela antecipada, diante da ausência de um dos pressupostos autoriza-dores ou na insegurança de sua configuração, a exemplo de não conseguir demons-trar o risco de lesão irrepa-rável. Por sua vez, a opção será “acessória” quando o contribuinte opta por ingres-sar com a medida judicial, para o fim de tentar obter a liminar, em mandado de se-gurança, ou a antecipação da tutela, em ação ordiná-ria. Sendo o pleito liminar/antecipatório indeferido, o

contribuinte poderá realizar, como condição subsidiária, inclusive sem autorização judicial, o depósito do mon-tante integral para, ao final da demanda, levantar os va-lores ou vê-los convertidos em renda da União.

A par dessas situações, o artigo não procurou es-gotar todas as avaliações possíveis, mas, muito an-tes, esclarecer alguns pon-tos relevantes da continui-dade, na via judicial, da discussão dos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. Além disso, estabeleceu alterna-tivas viáveis, antes da op-ção do depósito judicial do montante integral (art. 150, II, CTN), para a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Sempre poderá ser avaliada a tentativa de

ingressar com o Mandado de Segurança ou mesmo a ação ordinária, para obter a liminar (art. 151, IV, CTN) ou a antecipação da tutela (art. 151, V, CTN). Nessas condições, toda precaução é necessária na busca da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, com os efeitos que lhe são per-tinentes, evitando, assim, prejuízos operacionais no desenvolvimento das ativi-dades da pessoa jurídica.

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A SRB divulgou Nota à Imprensa em relação as declarações do Ministro da Agricultura, Neri Geller, sobre a necessidade de revisão das previsões de safra divulgadas pela Conab, a saber:

SRB estranha declarações de Ministro sobre produção de café

Nota à imprensa:

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) estranha as de-clarações dadas pelo Ministro da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento, Neri Geller, à agência de notícias “Bloomberg’, no dia 03/06, sobre o impacto da pior seca registrada nas principais regiões cafeeiras no Brasil em 50 anos.Mesmo diante de relatos de grandes perdas no rendi-mento e na qualidade dos cafés colhidos, vindos de cafeicultores de todo o país, o Ministro informou que previsões de safra divulgadas pela Conab, que apon-tavam para uma produção de 44 milhões de sacas, de-verão ser revisadas, já que o impacto da seca teria sido “amenizado” por chuvas ocorridas nos últimos dias.Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, as recentes chuvas ajudaram as plantas, mas não alteram a produção des-se ano que deve ficar entre 44 e 46 milhões de sacas. “É precipitado assumir que essas chuvas irão alterar os danos sofridos pelas plantas nos últimos meses. A seca e o calor intenso afetaram os pés de café de maneira profunda e os impactos serão sentidos pelas próximas safras”, sentenciou. Segundo Junqueira, o posicionamento do Ministro, sem o devido embasamento, é incabível especial-mente com os mercados abertos. “Isso pode levar a tomada de decisões equivocadas por parte de muitos players que não estão no campo acompanhando o que está acontecendo”. Ele lembrou que todas as informações oriundas do Brasil tem repercussão mundial, assim como acontece nos Estados Unidos. “Temos que tratar as informa-ções sobre a nossa produção de maneira serena para que tenha o menor impacto possível no agronegócio brasileiro. Volatilidade de preços não interessa ao produtor de alimentos, não interessa ao consumidor e tampouco ao Brasil.”

Temos que tratar as informações sobre a nossa produção de maneira serena para que tenha o menor impacto possível no agronegócio brasileiro. Volatilidade de preços não interessa ao produtor de alimentos, não interessa ao consumidor e tampouco ao Brasil.

Créditos: divulgação srB

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Desoneração do imposto de importação para Café em cápsulas

Recentemente, o MDIC – Ministério do Desen-volvimento, Indústria e

Comercio Exterior recebeu uma demanda para a desoneração do imposto de importação para o café industrializado, torrado e moído, porcionado em cápsulas.

A Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC, ma-nifesta sua preocupação com este pleito, pelas consequências que poderá trazer para as empresas nacionais que estão investindo na produção de cápsulas aqui no País, e que ganham expressão e volume crescentes, ao mesmo tempo em que não se opõe à isenção do im-posto de importação para as má-quinas de extração do café, que não tenham similar nacional.

De fato, pesquisas mostram que o segmento de cápsulas evo-luiu 36,5% em volume e 46,5% em valor, no ano de 2013, no Bra-sil. A expectativa é que esse cres-cimento se mantenha nos próxi-mos anos. Na França, o mercado de cápsulas já representa 35% do

consumo. Este mercado de alto valor agregado pode represen-tar importante alternativa para empresas nacionais de todos os portes, notadamente as menores, para reposicionarem-se no negó-cio, oferecendo alternativas ino-vadoras e diferenciadas.

A grande questão a considerar é a iniciativa de inúmeras empre-sas brasileiras que estão atuando ou entrando no ramo, seja pela importação e distribuição interna de cápsulas de café, em caráter temporário, seja pela produção interna de cápsulas e sua distri-buição. Além disso, há vários investimentos sendo realizados para a construção e operação de fábricas e máquinas de envasa-mento de cápsulas de café, que atenderão tanto o mercado inter-no quanto a exportação do produ-to, no curtíssimo prazo.

Assim, já existe produção nacional equivalente desses produtos, o que torna a isen-ção do imposto de importação injustificável.

A empresa Lucca Cafés Es-peciais, de Curitiba, por exem-plo, produz há meses as cápsulas DOP, com blends de várias ori-gens brasileiras. Temos notícia de que outras empresas brasileiras já estão produzindo e comercia-lizando suas cápsulas, como é o caso da Baggio Cafés, de Araras, em São Paulo, que oferece o pro-duto em embalagem sofisticada, em formato de latas, que prote-gem as cápsulas por muito tem-po, sendo esta uma inovação.

Outra empresa que já produz seus cafés porcionados é o Café Orfeu, de Minas Gerais, e tam-bém o Café Seleto, com as cáp-sulas denominadas DOM, ambas com produtos já sendo distribuí-dos no mercado nacional.

Como se percebe, em pouco tempo surgiram inúmeras inicia-tivas, que se somarão a outras que estão em finalização de desenvol-vimento.

Por outro lado, outras empre-sas importam cápsulas hoje, mas estão iniciando investimentos

Demanda traz novos elementos para a importação de café em grão cru

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grandes para construírem suas próprias fabricas. É o caso do Café UTAM, de Ribeirão Preto - SP, que comercializa a marca UNO e cujo parceiro de Por-tugal, que as produz hoje, a empresa CAFFA, já tem as instalações físicas prontas naquela cidade e iniciará a produção de cápsulas brasileiras em julho deste ano.

É também o caso do Café 3 Corações, empresa líder do setor de café torrado e moído no Brasil, que já distribui seu sistema ex-clusivo denominado TRÊS, hoje importado, e até o início de 2015 inaugurará a operação de uma grande unidade industrial para pro-duzir suas cápsulas. Além delas há as cápsulas importadas L´Or, da Master Blenders e as cápsulas e máquinas de extração do café da empresa DELTA, de Portugal.

Sob este ponto de vista - o da exportação de cápsulas –, considero que esta será a grande oportunidade de transformar o Brasil em plataforma exporta-dora de café industrializado, re-equilibrando a balança do setor, ganhando mercados externos que hoje consomem grande volume de cápsulas e oferecendo blends nacionais e opções com cafés originados em outros países pro-dutores. Assim, a atenção aos es-forços que estão sendo feitos por empreendedores brasileiros no País se justifica plenamente.

Efetivamente, a ABIC enten-de que não há por que estimular a importação desonerada de cáp-sulas, pois isto poderá desestimu-lar tanto o investimento que está sendo feito atualmente, quanto poderá inibir e desequilibrar a exportação, em futuro muito próximo, das cápsulas feitas aqui no País. Melhor seria o governo considerar o apoio efetivo à ex-portação de café torrado e moído, porcionados ou não, a partir de unidades industriais de alta tec-

nologia e elevada produtividade, com parcela do investimento pro-veniente de bancos de fomento.

Na base deste posicionamen-to contrário à isenção do imposto de importação, estão a vantagem tributária conferida a produto im-portado, que não teria correspon-dência do mesmo benefício para o produto nacional exportado, o que não é aceitável, e, principal-mente, o fato de criar um perigo-so precedente ao se isentar a im-portação de CAFÉ TORRADO E MOÍDO, uma vez que as cáp-sulas, atualmente, figuram com NCM de café torrado e moído.

Assim, por semelhança, o mercado nacional de café, que já apresenta a concorrência de mar-cas estrangeiras de café T&M, poderia ser “invadido” por outras marcas importadas, não monodo-se, e com isenção tributária, pon-do em risco a operação de muitas empresas.

Além disso, a desoneração, mesmo que temporária, de ca-fés porcionados produzidos com cafés de outras origens, não iria na direção contrária daquilo que pregam os setores que não acei-tam a importação e internaliza-ção ou o draw back de cafés de outros países produtores? Como justificar isto ao agronegócio e à opinião publica, sendo o Brasil o maior produtor mundial do grão cru, a estimular com isenção de impostos, a importação de café industrializado?

Por outro lado, a produção nacional de cápsulas de café, porcionadas, irá trazer um novo

elemento à discussão, qual seja, a autorização para importação de cafés em grão cru de alta qualida-de de outras origens produtoras. Neste mercado, a composição de

blends diferenciados com cafés brasileiros combi-nados com cafés de ou-tras origens é fundamental

para assegurar diferencia-ção e preferência de um pú-

blico consumidor altamente sen-sível e exigente, que aceita pagar mais caro, mas exige cada vez mais qualidade e inovação. Esta importação seguramente seria de quantidades pequenas, que não oferecem qualquer risco para a cafeicultura nacional, mas que trazem ao blend certas caracte-rísticas somente possíveis com o uso desses grãos.

A ABIC é favorável à impor-tação de café em grão cru de alta qualidade, mas se opõe vigoro-samente à isenção do imposto de importação para o café torrado e moído, empacotado ou porciona-do, em cápsulas ou outras apre-sentações.

Takamitsu Sato, é presidente da ABIC

Créditos: arquivo CCCrJ

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Audiência Pública na Assembleia de MG, para discutir rotulagem

No último dia 29 de maio, a Assembleia Legislativa realizou

uma audiência pública para debater o Projeto de Lei nº 4.703/13, de autoria do De-putado Mário Henrique Costa (PCdoB), que prevê a obri-gatoriedade de que conste, nos rótulos das embalagens dos cafés torrados e moídos comercializados no Esta-do, a variedade (arábica ou robusta) e a sua participa-ção percentual, no caso de blend, no produto oferecido. Além disso, devem constar também, quando do uso de café da variedade arábica, a percentagem de PVA (grãos pretos, verdes e ardidos) ali contidos, bem como no caso de plantas hibridas. Segundo o projeto, a obrigatoriedade destas informações se aplica a todos os cafés t&m e solú-veis comercializados em MG, independentemente do local de sua fabricação.

O autor do projeto fundamenta a sua inédita proposta no objetivo de “referenciar e valorizar o café industrializado no Estado e que o consumidor precisa saber o que está comprando”. Em apoio à proposta, o Presidente do SIN-CAL – Sindicato Nacional das Re-giões Produtoras de Café, Arman-do Matielli sustenta que “ o café brasileiro é de péssima qualidade. São blends, misturas com quan-tidades significativas de conillon (robustas), mais baratas e de quali-dade baixa”. Denunciou também “ a presença de toxinas nos resíduos (PVAs) do café arábica que com-põem muitos produtos”. Fernando Camargo, também do SINCAL, afirmou que “a EMBRAPA tem tecnologia para cumprir a tarefa de atestar as variedades e PVA”.

Proposta Inexequível

Manifestaram-se contra-riamente à proposta, pela sua

Especialistas consideram o projeto inexequível, desfavorável para a cafeicultura, partindo de premissas equivocadas

inexequibilidade, o Diretor da FAEMG, João Roberto Puli-ti, o Superintendente Regional do Ministério da Agricultura, Marcilio Magalhães, e o De-putado Federal Diego Andrade (PSD-MG), todos indicando a impossibilidade de se verificar a percentagem de cada espécie de grãos e de PVA e a inexistência de tecnologia para a verificação conclusiva de participação das variedades.

Carlos Alberto Paulino, Pre-sidente da COOXUPÉ, acres-centou a sua preocupação quan-to às possíveis dificuldades e perda de competitividade que a medida poderia acarretar para a indústria local, que seria a única sujeita a tais normas restritivas, e encarecimento para o consu-midor de café mineiro, no que foi contraditado pelo Sub-Se-cretário de Estado do Agrone-gócio , Antônio Gama, que sus-tentou que qualquer café, para ser vendido em MG, teria de atender as regras da lei local.

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Os representantes da ABIC – Associação Brasi-leira da Indústria de Café, foram enfáticos quanto à in-conveniência da proposta. Américo Sato, Presidente da ABIC, citou a falta de tecno-logia para atestar, com pre-cisão, a variedade usada na formação do blend, os altos custos envolvidos de se co-locar tal tipo de informação na embalagem, uma vez que a composição é frequente-mente alterada. Destacou também que “o gosto do bra-sileiro, que prefere um café mais forte, fruto da mistura do café arábica com o robus-ta, o que torna desnecessário diferenciar os blends”.

Nathan Herszkowicz, Di-retor Executivo da ABIC cri-ticou as declarações negativas sobre a qualidade do café ofe-recido ao consumidor brasi-leiro, afirmando que não tem qualquer procedência. Garan-tiu que a ABIC fiscaliza cerca de 75% do café comercializa-do e pode atestar a sua qua-lidade e pureza, fatores que são indiscutivelmente res-ponsáveis pelos expressivos aumentos no consumo interno observados nos últimos anos, na ordem de 4% anuais. Disse ainda que “acusar a presença de toxinas no café com PVA é irresponsabilidade”.

O Deputado Adalclever Lopes (PMDB), informou que protocolou pedido para que o PL 4703/13, seja tam-bém discutido na Comissão de Fiscalização Orçamentá-ria, por conta dos impactos diretos que pode trazer ao custo de produção e de venda ao consumidor.

O Presidente da Comis-são, Deputado Antônio Car-los Arantes, disse que em face da complexidade do as-sunto, o debate deverá con-tinuar em futuras audiências públicas, e atestou a qualida-de do café brasileiro.

Deputados Antônio Carlos Arantes (PSDB/MG), Mário Henrique Caixa (PcdoB/MG), Diego Andrade (PSD/MG)

Audiência pública promovida pela Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de MG

Américo Sato enumerou pontos do projeto que, segundo ele, precisam ser revistos.

Crédito: guilherme Bergamini

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Fazenda São Fernando: da cultura de alimentos de subsistência ao apogeu das plantações de café e seu declínio

Profª. Leila Vilela Alegrio

Sede da Fazenda

A política do reinado bra-sileiro para a interiori-zação da população das

terras brasileiras levou às pri-meiras ocupações do médio Vale do Paraíba, no século XVIII. Lá, inicialmente, pequenos agri-cultores, em condições bastante precárias, se instalaram com suas famílias e deram início ao culti-vo de gêneros alimentícios para sua subsistência e para abastecer a cidade do Rio de Janeiro.

Antonio Luis dos Santos já habitava a região quando solicitou terras em sesmaria, em 1789, a qual foi confirma-da no ano de 1805.

Parte das terras adquiridas por Antonio Luis foi doada a seu filho, Fernando, que fundou a fa-zenda São Fernando.

Como o pai, Fernando co-meçou a plantar principalmente cana-de-açúcar, arroz, feijão, alguns pés de café, hortaliças, além de ter dado início a uma criação de pequenos animais. Antonio Luis dos Santos casou-

se com uma das filhas do capitão Ignacio de Souza Werneck, Luí-sa Maria Angélica. O casamen-to, entretanto, não durou muito, pois Luísa Maria faleceu em 1825, em consequência de parto.

Conforme constata-se em seu inventário post-mortem, a fazen-da ainda não possuía luxo algum, como se vê nas descrições dos bens deixados: casa de vivenda coberta de palha, móveis que restringiam-se a dois catres, dois tamboretes de campanha e caixas, algumas jóias, duas mesas e outros utensílios, um pequeno número da animais e ape-nas 3.500 pés de café.

Após o falecimento de d. Lui-sa Maria, Fernando tornou a se casar, agora, com d. Jesuina Po-lucena, filha do sargento-mor José Maria de Guadalupe e Maria Lui-sa d’Oliveira, e deste consórcio ti-veram 12 filhos. Alguns anos mais tarde, já no período do apogeu da cultura do café, a fazenda começa-va a atingir sua maturidade.

Quando Fernando faleceu, em 1850, a fazenda já possuía toda a

infraestrutura necessária para a produção e cultivo de café como seu principal produto. Lá estavam instalados 33 lances de senzalas, paiol, terreiro para secar café, casa para armazenar café, casas para empregados e tropas, chiqueiros murados, 189 escravos, e a plan-tação de café contava com 87 mil pés da rubiácea, além de empregar médico, capelão, arreador, feitores e administradores. O mais impor-tante é constatar que viviam com grande conforto, pois a casa de vivenda possuía mobiliário do que de melhor existia na época, feitos em jacarandá, vinhático e cabiúna (mesa de jantar e jogo, aparadores, piano, estante de livros, marque-sas, guarda-roupas, cômodas, tou-cadores, lavatórios, canapés). Nas refeições do dia-a-dia, talvez não ostentasse a riqueza dos dias fes-tivos e recepções, com as visitas mais ilustres, quando os aparelhos de porcelana, os cristais, os faquei-ros de prata, os talheres com cabo de marfim etc. eram colocados à mesa. Era também nessas ocasiões que aproveitavam a oportunidade de usar as joias em ouro e prata. A casa era sempre iluminada com castiçais e arandelas de cobre, lamparinas de porcelana, e pos-suía alguns objetos de decoração como jarros para flores e quadros. As roupas de cama eram de linho, algodão americano e cretone; as toalhas de mesa, o adamascado

Sede da Fazenda

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Jardins

e os guardanapos, de musselina. Toda essa riqueza no viver nada mais era que o símbolo da ascen-são socioeconômica que a família tinha atingido, que a lavoura de café trouxera.

Como herdeira e meeira dos bens de Fernando, a viúva, após partilha com seus filhos, ficou com boa parte das terras, a sede da fazenda, com suas benfeitorias, 95 escravos e a maior parte dos cafezais.

D. Jesuína Polucena não cho-rou por muito tempo a morte do marido, pois cinco meses após a morte de Fernando voltou a ca-sar-se, em regime de comunhão de bens, com o Dr. João Arsênio Moreira Serra, considerado, por quem o conhecia, como um ho-mem culto, que proporcionou aos enteados educação previlegiada, em colégios na corte. Enriqueceu a pequena estante de livros com obras em português, mas também em francês, espanhol e italiano, sobre engenharia, medicina e lite-ratura, além de um globo terrestre e mapas geográficos.

Modernizou as instalações da fazenda construindo enfermaria, casa para mantimentos —assobra-dadas, forradas, coberta de telhas, assoalhadas e com vidraças —, olaria e tenda de ferreiros, para a fabricação de telhas, tijolos, cra-vos, pregos etc., para garantir a au-tossuficiência da propriedade. Para o beneficiamento de café, instalou um engenho a vapor, com força de oito cavalos, ventiladores, enge-nho de pilões de 15 mãos, além de engenho de cana e moenda, roda para cevar mandioca, prensa e for-no de cobre.

Houve ainda uma pequena modificação no trato com os cati-vos, que a partir de então prioriza uma alimentação complementar aos negros enfermos com carne de galinha; e no Natal e em outras festividades servia-se carne de

vaca, por considerar a alimenta-ção e o tratamento mais humano fatores determinantes para o ren-dimento do trabalho escravo, bem como para a diminuição da mor-talidade e das enfermidades. Mas fica claro que não devemos nos enganar que lá também não havia castigos, e que este tratamento “privilegiado” nada mais era do que interesse econômico do que propriamente humanitário.

Pode-se dizer, ainda, que as condições de moradia dos escravos também sofreram algumas melho-rias. O número de negros, que em 1850 era de 189, abrigados em 33 lances de senzala, o que totaliza-va, em média, seis indivíduos por compartimento, foi diminuído para 95 cativos com a partilha, e ergui-dos mais três lances de senzalas, permitindo acomodar, então, três escravos em cada unidade. Mas os 87 mil cafeeiros existentes quase que dobraram, passando para mais de 122.000 entre os anos de 1850 e 1855, e atingindo 207mil pés até 1865, o que fez com que o trabalho nos cafezais também aumentasse.

D. Jesuína Polucena, entretan-to, não pôde desfrutar por muitos anos de todas as melhorias feitas por João Arsênio — jardins, mó-veis, joias, belos cafezais —, pois faleceu cinco anos após essas se-gundas núpcias, em 1855.

Em 1865, com a fazenda en-trando em declínio, João Arsênio falece, e deixa como sua herdeira universal a enteada Guilhermina Leopoldina d’0liveira Werneck, que a vende seis meses mais tarde ao sr. Mathias Bernardino Alexan-

dre, que a conservou por apenas dois anos.

A fazenda foi adquirida por José Ferreira Neves, que a impul-sionou, aumentando a área territo-rial, o número de escravos (155) e a plantação de café para cerca de 385 mil pés. No entanto, a situa-ção da cultura do café começa seu declínio, pelos fatores tantas ve-zes já mencionados —escotamen-to do solo, pragas, falta de braços. Em 1878, a fazenda é hipotecada ao Banco do Brasil, em 1879, o sr. José vem a falecer, deixando a viúva e os herdeiros com a dívida contraída com o banco. Assim, ela casa-se com José Benedicto Mar-condes Machado, que passou a di-rigir a São Fernando, assessorado por um administrador, feitores e capatazes.

A partir de então, a fazen-da passou por grandes dificul-dades, principalmente com os escravos, com as rebeliões e até mesmo homicídios.

Em 1887, chegava ao fim o apogeu da fazenda São Fernan-do, pois o Banco do Brasil exe-cuta hipoteca, e nas descrições dos bens do Edital publicado no periódico O Vassourense, os termos mais encontrados são: “arruinados”, “muito arruina-dos”, “estragados” ou “cobertos de capim”, caracterizando bem a decadência da propriedade.

A fazenda São Fernando e sua bela sede foram recuperadas, ape-nas, em 1983, por obra de seu novo proprietário, que a reergueu. Mas o café não faz mais parte dela, só a sua história.

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Sustentabilidade Empresarial:

Produtor Informado

Dia de Campo

838 Produtores capacitados

520 Produtores atendidos

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“O verdadeiro sabor do café”

Criança do Café na Escola

Jovem Empreendedor

Café Seguro

131 Laboratórios Digitais

40.000 Alunos e Adolescentes beneficiados.

250 Jovens capacitados

10.000 Produtores capacitados

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panorama

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Roberto Ticoulat assume a presidência do Conselho de

Administração do INCIRoberto Penteado de Camargo Ticoulat foi eleito o novo presidente do Con-selho de Administração da Associação dos Amigos do Museu do Café - AAMC, sucedendo a Luiz Hafers que ocupou o cargo nos últimos 06 anos. Permanece na vice-presidência, Guilherme Braga, diretor geral do Cecafé, e Eduardo Carvalhaes Jr. como presidente do Comitê Executivo do Conse-lho de Administração da entidade.Por exigência da legislação, a AAMC passou a se chamar Instituto de Pre-servação e Difusão da História do Café e da Imigração (INCI). Esta Orga-nização Social é responsável pela gestão de dois importantes equipamentos culturais do Estado de São Paulo, o Museu do Café e o Museu da Imigração. Ticoulat faz parte do Conselho Superior da Sociedade Rural Brasileira, é

presidente do Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importado-ras e Exportadoras, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, di-retor da empresa Três Marias Exportação Importação Ltda, entre outros cargos.

Luiz Hafers e Roberto Ticoulat

I CINInstituto de Preservação e Difusão

da História do Café e da Imigração

I CINInstituto de Preservação e Difusão

da História do Café e da Imigração

INCIInstituto de Preservação e Difusão

da História do Café e da Imigração

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Drink da CopaO concurso cultural Drink da Copa promovido pelo Museu do Café recebeu oito baristas profis-sionais que disputaram com suas receitas elaboradas à base de café e ingredientes brasileiros, criadas especialmente para o concurso, o título de melhor bebida do mundial.

“Show de Bola” do bartender e barista Rogério Rabbit foi o drink campeão. A bebida é um refrigerante composto por ingredientes brasileiros, com café orgânico e guaraná, e um leve toque de laranja. O drink faz parte do cardápio da Cafe-teria do Museu durante o período da Copa do Mundo.

O campeão do concurso, Rogério Rabbit O drink “Show de Bola”

Créditos: Juh guedes

PANORAMA

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Museu do Café inaugura exposição sobre design do café

O Museu do Café inaugurou, no dia 11 de junho, uma nova exposição temporária intitulada “Forma: objetos do café”. A mostra aborda diferentes maneiras de preparo do produto, desde a moagem e torra do grão até sua infusão, ressaltando as traduções estéticas dos diversos objetos utilizados durante esse processo. A exposição fica em cartaz no primeiro andar do Museu até o dia 14 de setembro.Durante o século XX, correntes da arquitetura, do desenho industrial e do design começaram a projetar objetos que, além de obedecer a requisitos tecnológicos para extração da bebida, possuíssem valor estético em seus formatos, estimulando a percepção visual de modo a carac-terizar de maneira singular seus produtos.Com foco nos traços, formas e estruturas a mostra traz diferentes objetos do acervo relacionados à torrefação e moagem manual, utilizados no processo de industrialização e em estabelecimentos comerciais que servem a bebida coada. A exposição também aborda o universo do cafezinho servido em lojas especializadas e cada vez mais comum nos lares dos apaixonados pelo grão, graças à praticidade das cafeteiras elétricas e das cápsulas de espresso. O visitante pode ver três tipos de cafeteiras desmonta-das e compreender o funcionamento de cada máquina: a cafeteira Globinho, Moka e a Napo-litana (essa última, por exemplo, foi criada há mais de 300 anos, em Nápoles, na Itália).A exposição conta também com uma instalação cênica, com cerca de 200 xícaras, de vários modelos, pendu-radas no teto (foto). Os interessados em se aprofundar mais sobre o tema do design e a história da evolução das máquinas de café, encontrarão no Centro de Preservação, Pesquisa e Referência do Museu, livros espe-cializados no assunto para consulta.

Descerramento da fita inaugural

O drink “Show de Bola”

ICONA CAFÉ Celebra seu 60º AniversárioUma das mais tradicionais Casas de comercialização internacional do café, a ICONA CAFÉ, celebrou no último dia 14 de junho, em Pamplona, Navarra, o seu 60º aniversário. A empresa espanhola, que mantém com o Brasil laços comerciais muito fortes, tem sido, desde 2004, um parceiro importante do CECAFÉ no fomento de programas de responsabilidade social e de sustentabilidade. Com efeito, a ICONA prestigiou, desde o seu lançamento, o Programa de Inclusão Digital – Criança do Café na Escola, auxiliando a montagem de laboratórios de informática em escolas rurais, voltado para crianças filhas de pequenos produtores e de trabalhadores ru-rais. O Diretor Geral do CECAFÉ, Guilherme Braga Pires, na impossibili-dade de estar presente ao evento, apresentou à empresa os cumprimentos do comércio exportador de café do Brasil.

Créditos: Claudio arouCa/edu Cesar

Créditos: Juh guedes

Fernando Navarro, CEO da Icona Café

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panorama

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Sabor da Colheita 2014

Café: El Salvador decreta estado de emergencia por causa da ferrugem

O já tradicional evento “Sabor da Colheita”, que marca o início da atividade em todas as lavouras do Estado São Paulo, foi realizado no Instituto Bio-lógico - IB com a presença de diversas lideranças do setor, destacando-se Nathan Herszkowicz, pre-sidente da Câmara Setorial de Café de São Paulo e Jânio Zeferino, diretor do Departamento de Café do MAPA . O encontro apresentou estágios da produ-ção, contou com uma degustação de cafés, moda de viola e a colheita – com direito a chapéu e balaio.A secretária de Agricultura de SP, Mônika Bergamas-chi, esteve presente e ressaltou a importância do Es-tado no setor. “Não é por acaso que nosso brasão está rodeado por dois ramos de café. Hoje, São Paulo não é mais o maior produtor do país, mas temos cafés de qualidade. As indústrias, os portos, e o maior número de consumidores do produto estão aqui”, afirmou.

El Salvador decretou emergência fitossanitária pela ferrugem que afeta os cafezais do país. Por causa do fungo, a previsão é de que a produção seja de somente 536 mil sacas de 60 quilos na atual colheita, informaram fontes oficiais.O Ministério de Agricultura e Pecuária (MAG) de El Salvador disse em um comunicado que a medida para combater o fungo da ferrugem nos cafezais está vigente desde 30 de maio. Um porta-voz do MAG afirmou que se busca

“prevenir” que a atual época de chuvas afete mais os cafezais, já que com a medida serão fa-cilitadas as compras de fungici-das de uma forma mais rápida e a ajuda de países amigos. O MAG, através dos técnicos da Cadeia de Café, estabelecerá as medidas de prevenção e su-pressão de focos da praga, bem como a eliminação ou manejo fitossanitário de plantas infesta-das, controle biológico, cultural e químico, entre outras coisas. Na colheita passada, a produ-ção de café foi de 1,32 milhão

de sacas e, em outubro passado, o Conselho Salvadorenho de Café (CSC) projetava que a atual colheita seria de 820 mil sacas, mas em fevereiro, reduziu para 554,3 mil sacas e, na semana passada, baixou ainda mais essa estimativa para 536,6 mil sacas devido ao fungo. A previsão dos produtores é pior, pois estimaram que, com sorte, a colheita chegará a 460 mil sacas, declarou recentemente o presidente da Associação Cafeeira de El Salvador, Sergio Ticas. A reportagem é da agência EFE.

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iCaFespNathan Herszkowicz, Jânio Zeferino e Mônika Bergamaschi

A plantação do IB é o maior cafezal urbano paulista. O café produzido por lá já foi disponibilizado ao público em outras edições. Nesta, os grãos colhidos no Instituto foram doados ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, conduzido pela primeira-dama, Lu Alckmin.

Loja em Taiwan imprime fotos na espuma do café

Uma novidade de uma rede de cafeterias está atraindo a curiosidade dos clientes e fazendo sucesso em Taiwan: a impressão de fotos na espuma do café.Quando o cliente compra um café tamanho médio, sua foto é capturada por uma câme-ra. A imagem é editada e, em seguida, im-pressa na espuma da xícara de café com lei-te. O processo leva cerca de cinco minutos.

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Créditos: luiz prado/agênCia luz

A BM&FBOVESPA e o MAPA realizaram, em São Paulo/SP, a 13ª edição do Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2014 e 2015. O encontro reuniu nomes que são referência para o agronegócio, a economia e o mercado financeiro, em um grande debate sobre as tendências das principais cadeias produtivas do país e os reflexos macroeconômicos sobre o setor agropecuário. O evento também teve como objetivo a divulgação do mercado de derivativos de commodities e sua função de gestão de risco de preços no agronegócio. A solenidade de abertura do Seminário contou com a presença do ministro da Agricultura, Neri Geller; do diretor presi-dente da BM&FBOVESPA, Edemir Pinto; do presidente do Conselho de Administração da Bolsa Brasileira de Merca-dorias, Luís Carlos Guedes Pinto; do presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Luiz Carlos Corrêa Carvalho; da secretária da Agricultura e Abastecimento de SP, Mônika Bergamaschi; e do membro do Conselho de Administração do CME Group, Charles Carey. O painel “Perspectivas do mercado de café”, conduzido pelo jornalista Mauro Zafalon teve a participação de Gil Carlos Barabach, Safra & Mercados; Moises Angelo, Três Corações; e, Carlos Alberto Fernandes Santana Jr., Empresa Intera-grícola S.A (foto).

A BM&FBovespa vai lançar no segundo semestre deste ano um novo contrato futuro de café, com objetivo de aumentar a liquidez da commodity na bolsa, cuja movimentação vem caindo gra-dativamente nos últimos anos.A informação foi divulgada pelo diretor Comercial e de Desenvolvimento de Mercado da BM&FBovespa, Fábio Dutra, durante evento do setor em São Paulo.A única alteração do novo contrato será a especificação do tipo de qua-lidade do café, que passará de tipo 4/5 para 6/7, mas manterá as demais características do contrato anterior, como quantidade e meses de venci-mento, havendo negociação de ambos na Bolsa.Dutra afirmou que a liquidez no mercado futuro de café, ou seja, o nú-mero de negócios neste segmento, vem diminuindo ano a ano no café. “Nos últimos cinco anos, a gente perdeu muito volume... Muito pelo efeito do IOF, que incide na negociação para quem vai operar o contrato futuro e afeta o investidor estrangeiro”, disse.

Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2014 e 2015

BM&FBovespa lançará novo contrato de café em busca de mais liquidez

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João Lian é reconduzido à Presidência do Conselho Deliberativo do Cecafé

No mês de maio passado, o CECAFÉ realizou a sua Assembleia Geral Ordinária, para exame e aprovação do Relatório da Diretoria e das de-monstrações financeiras do exercício de 2013, e aprovação do Orçamen-to de 2014. Destaque para as ações de Responsabilidade Social, com um orçamento de R$ 750 mil, para os programas de Inclusão Digital, Produ-tor Informado e Café Seguro. Os laboratórios de informática instalados em escolas nas áreas rurais totalizaram 131 salas. Na mesma oportunida-de, foram eleitos os membros do Conselho Deliberativo, reconduzindo-se João Antonio Lian (no destaque) e Jorge Esteve Jorge para os cargos de Presidente e Vice-Presidente do Conselho. Deliberou-se também rea-lizar em maio de 2015 a 6ª edição do Forum & Coffee Dinner.

A Mondelez International (Kraft-Foods) e a sua concorrente D.E. Master Blenders 1753 (Sara Lee), formaram uma joint venture a ser controlada pela holding Jacobs Dowe Egberts, dona da Master Blends. A nova companhia, com um fatura-mento anual de US$ 7 bilhões, será a maior empresa do mundo exclusivamente operando o negócio café, embora ainda menor que o da sua principal rival, a suíça Nestlé.No Brasil, a nova empresa tem as marcas Pilão, Senseo, Café do Ponto e Caboclo, hoje da Masters Blenders, que passará a dirigir os negócios de café. Já a Mondelez se dedicará mais aos snacks e biscoitos (no Brasil, o chocolate Sonho de Valsa e o biscoito Clube Social). Não é conhecido ainda o sistema de operação das unidades industriais e das políticas de compra de matéria prima. Com isso, o oligopsônio formado por 5 empresas que detém cerca de 60% do mercado mundial, se estreita ainda mais.

Fusão cria a maior empresa de café do mundo

Créditos: daniel dutra

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A atual legislação sobre embalagem de produtos agrícolas prevê que o peso da saca não pode exceder o máximo de 60 kg. No caso do café, tem se alegado que o peso carregado pelo ensacador ultrapassa o limite esti-

pulado ao se computar o peso da sacaria de juta (de aproximadamente 400gr).Essa situação está gerando reclamações trabalhistas, fundamentadas no fato de que o peso

carregado excede o peso máximo legal (60 kg) e que, por vezes, estaria gerando lesões físicas ao trabalhador.Ao mesmo tempo, tramita no Congresso o Projeto de Lei n° 5.746/2005 estabele-cendo que a embalagem dos produtos agrícolas ou não será de 30 kg. Caso esse PL seja aprovado ocorreria um grande encarecimento no custo da embalagem e da movimentação de café.O setor cafeeiro procura se adaptar. A Cooxupé, por exemplo, já está alertando seus cooperados que passou a receber sacas de café com o peso de 55 kg e não mais de 60 kg e que, a partir de 2016, só irá operar com café a granel ou big bags.

Os exportadores, por sua vez, estão examinando outras opções como a sacaria de polipropileno e, inclusive, a sacaria de papel, a partir de modelo desenvolvido pela

Klabin (30 kg), que mostrou bons resultados em testes realizados na Cooxupé.

Cecafé promove Seminário sobre alterações tributárias

Setor cafeeiro examina alternativas de embalagens para evitar o encarecimento dos custos

Dentro de seu programa de realização de Cursos na área tributária, o CECAFÉ, desenvolveu na cidade de São Paulo Se-minário de Estudos sobre a Lei nº 12.973, resultado da conversão da MP 627, sob a coordenação do Prof. Pedro Anceles. Foram introduzidas inúmeras alterações de natureza tributária nas questões relacionadas ao Imposto de Renda/CSLL das pessoas jurídicas tributadas pelo Lucro Real, Presumido e Arbitrado, ao PIS/PASEP, à Cofins, ao RTT, à adaptação das normas contábeis, à tributação em bases universais e ao parcelamento especial.

Créditos: daniel dutra

Empilhamento da sacaria modelo Klabin

Imagem modelo Klabin

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Nas cordilheiras ocidentais da Colômbia, a 1.300 metros de altitude, em viveiros, germinam milhões de mudas de um programa que busca renovar os cafezais do país com uma variedade mais produtiva e resistente ao fungo da ferrugem. Cerca de 5.000 produtores do sudoeste do país já renovaram suas plantações graças a esse programa de desenvolvimento rural da iniciativa privada, que substitui gradualmente as plantas das variedades Caturra, Borbón e Típica, as mais cultivadas na Colômbia, mas susceptíveis de contrair a ferrugem, fungo que tem devastado os cafezais da América Central. As plantas desse viveiro financiado pela multinacional Nestlé são da va-riedade castillo, desenvolvida no país pelo Centro Nacional de Pesquisas de Café (Cenicafé) a partir de cepas de Híbrido de Timor e Caturra. A renovação de cafezais começou em 2010 como parte do Plano Nesca-fé, iniciativa da Nestlé com o apoio da Federação Nacional de Cafeiculto-res da Colômbia (FNC), no qual a companhia distribuiu gratuitamente a 5.000 cafeicultores mais de 15,5 milhões de plantas de café castillo, com as quais se renovaram 2.724 hectares, enquanto que a Federação de Cafe-zais se encarregou de dar capacitação técnica aos produtores. A primeira colheita, feita nesse ano, foi comprada pela compa-nhia que, para celebrar o êxito do programa, lançou uma edição limitada de um café solúvel chamado Nescafé Cosecha Selecta, que sairá à venda no próximo mês. “Com isso, buscamos prote-ger o campo colombiano da ferrugem que tem acabado com os cafezais da América Central e que os produtores obtenham mais rendimento por hectare cultivado”, disse o presidente da Nestlé para a Colômbia e Equador, o espanhol, Manuel Andrés. A Nestlé é o maior comprador de café da Colômbia, com 1,3 milhão de sacas de 60 quilos, equivalentes a 13% da produção nacional, matéria-prima com a qual abastece a maior parte de suas fábricas no mundo. O Plano Nescafé é uma iniciativa da multinacional suíça a nível mundial para fomentar a produção de grãos de alta qualidade como for-ma de agregar valor a essa matéria-prima em sua origem. O programa, que prevê investimentos de US$ 350 milhões a nível mundial o período de 2010-2020, foi lançado no México há quatro anos e, além da Colômbia, foi implantado na Costa do Marfim, Filipinas, Tailândia e China, e em breve também será instalado no Brasil, Equador e América Central, segundo a companhia. A reportagem é da Agencia EFE.

Uma empresa dinamarquesa inovou na maneira de preparar café. Nada de cápsulas ou o tradicional filtro. A bebida é preparada na própria embalagem. Basta adicio-

nar água quente, que a própria embalagem funciona como filtro. A Grower´s Cup vende cafés de diversos lugares do País, inclusive do Brasil, e chás. A ideia de criar o método foi do diretor da empresa, Ulrik Skovga-ard Rasmussen. Em uma tarde de 2002, ele se deu conta que tinha acabado os filtros de café da sua casa. Irritado com a situação, ele resolveu investir no desenvolvimento de uma solução para preparar a bebida sem máquinas ou equipamentos.A solução encontrada foi vender o produto em sachês. Para preparar

a bebida, o consumidor coloca água quente na embalagem, espera alguns minutos e pode se servir, já que a embalagem tem um sistema

de filtragem. Cada embalagem rende duas xícaras de café.

Grower’s Cup vende cafés de diversos lugares do mundo, inclusive do Brasil

Colômbia substitui plantas por variedades resistentes à ferrugem

Empresa inova com embalagem inteligente de café que dispensa o uso do filtro

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BSCA coordena as ações do setor cafeeiro no Projeto Copa do Mundo Profissionais de redes cafeeiras do exterior realizarão negó-cios e conhecerão processos de produção, armazenamento e logística dos cafés brasileiros

Com o propósito de atrair cerca de 2.300 compradores, investidores e formadores de opinião de 104 nações ao País para realizar agendas de negócios e acompanhar os jogos do mundial, a APEX – Brasil realiza o Projeto Copa do Mundo, desenvolvendo ações de promoção comercial e atração de investimentos que visam estimular as exportações brasileiras, promover vendas, bem como projetar a imagem comercial do Brasil no mercado internacional.No setor cafeeiro, a BSCA trará ao País empresários do exterior para conhecerem os processos de produção, armaze-

namento, logística e, principalmente, realizar negócios. Entre as ações do setor cafeeiro no Projeto Copa, coorde-nadas pela BSCA, constam rodadas de negócios, visitas técnicas a fazendas produtoras, atividades de interação para a promoção do café e das regiões onde é produzido, além de sessões de cupping e debates a respeito de qualidade e volume das safras 2014 e 2015 do Brasil.

O presidente da BSCA, Javier Faus Neto, cita que o Projeto Copa é de vital importância para a abertura de novos mercados, bem como para a ampliação e a consolidação da imagem de qualidade que os cafés espe-ciais brasileiros possuem nos tradicionais compradores. “Certamente conseguiremos criar um maior vínculo com esses clientes, solidificar o relacionamento, ilustrar a eles o que explicamos sobre nossa cafeicultura nos

eventos internacionais e, consequentemente, aumentarmos as vendas do produto”, relata.As empresas nacionais envolvidas na Copa do Mundo da FIFATM são Camocim, SMC Comercial e Exportadora, Ally Brazilian Coffee, Companhia Monte Alegre, Bourbon Specialty Coffees, Andrade Bros e ABEX Exportação e Comércio de Café. Entre as estrangeiras, participarão como convidadas as norte-americanas Metropolis Coffee, F. Gavina & Sons, Greenfolia, Wolthers Duque, Sustainable Harvest e Café Imports; as inglesas Mercanta The Coffee Hunters e Has Bean Coffee; as japonesas Camel Coffee e Wataru & Co.; as suíças Cofi Roasters e Ecom; as sul-coreanas Eland e BP Commer-ce; a alemã CTS Coffee Trading Steal; a francesa Da Rosa Comptoir; e a chinesa Milan Gold Coffee.

sustentabilidade empresarial | inclusão digital produtor informado

Créditos: lara Carvalho

Formatura do Projeto Produtor Informado em Divinolândia/SPA Associação dos Moradores do Bairro do Campestrinho, em Divinolândia/SP, foi palco de mais uma inauguração do Projeto Produtor Informado, coordenado pelo Cecafé. Foram 29 produtores rurais que alcançaram a inclusão digital através do curso de iniciação à informática, ministrado pela monitora Mariane Cristina Mapelli.Presentes na cerimônia, Ronaldo Taboada, Luciana Alves e Juliana Buton, do Cecafé, Ismar Ernani de Oliveira, prefeito, Paulo Roberto Aurilietti, vereador, Maria Zulmira Alves Pereira, presidente da AMB, alunos e comunidade em geral.

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Storino, um nome que deixará saudades

Miguel Barbosa

Faleceu, no dia 8 de abril de 2014, o empresário José Carlos dos Santos

Storino, vítima de um derrame cerebral hemorrágico. Tinha 70 anos e deixa uma esposa, Ana Maria Saraiva Storino, e uma fi-lha, Cristiana. Storino atuou du-rante 40 anos no café exercendo praticamente todas as ativida-des do negócio e, nos últimos anos, concentrou-se na área da corretagem internacional.

“Era um homem acima de tudo ético, incapaz de preju-dicar outra pessoa”, lamenta Nelson Salvaterra, seu amigo e sócio na trader Coffee New Selection. “E era um homem de fazer muitos amigos. Tinha o Mauro Malta, o Paula Motta, o Sérgio Luiz, Batista Mancini, Jair Coser, da Unicafé, o João Renzo, da Sendas, todos esses foram muito amigos do Zé”.

Na empresa, uma de suas principais funções era fazer re-lações públicas com os princi-pais clientes.

Nascido no Rio, em 11 de de-zembro de 1943, Storino come-çou a trabalhar com café no anti-go Banco do Comércio do Café. Em seguida foi para o IBC, onde trabalhou por quatro anos no De-partamento de Comercialização, antes de ser convidado para tra-balhar na Bozzo, como assessor de administração do presidente da firma, Ermínio Bozzo.

Algum tempo depois, Rena-to Celidônio, um dos diretores da Bozzo, convidou Storino para

abrirem uma trader em socieda-de. Chamaram também Sonia Muniz, que hoje permanecia só-cia dele na New Selection.

A trader aberta pelo trio era especializada sobretudo em ven-das para o leste da Europa, além de fazer negócios com a Tchibo e a Mitsubishi.

Passados alguns anos, Storino aceita outro desafio. Muda-se para São Paulo para trabalhar a venda de café solúvel para a Rússia, num trabalho em parceria com a Caci-que.

Storino comprou uma fazenda no estado do Rio, onde cultivou café do tipo conillon, com ajuda do agrônomo José Braz Matiello, outro amigo de longa data.

Dentre as coisas que apreciava nos momentos de lazer estavam cavalos, pescaria e carros. Sócio do Jockey Club no Rio de Janei-ro, costumava passear por lá para assistir às corridas e observar os animais.

Quanto a pescaria, saía com amigos de barco, onde voltava com histórias incríveis de enor-mes peixes capturados. Durante o tempo em que teve uma casa em Angra dos Reis, esses passeios de barco, com amigos, eram muito comuns.

Frequentava exposições de carros antigos e nunca parou de sentir saudades de uma Merce-dez que possuiu algumas décadas atrás.

Storino fez um trabalho muito importante junto a Cocamig, uma das principais cooperativas de café no país, ajudando-a a montar um departamento de exportação de café.

Tinha uma vida sedentária e gostava de comidas fortes e pesa-das, em especial culinária mineira.

Era católico, bastante devo-to da Nossa Senhora das Gra-ças.

Nasceu na Gávea, perto da sede de seu time de coração, o Flamengo.

Segundo Sergio Luiz Gon-çaves, um de seus amigos mais próximos, e que conviveu com ele por mais de 40 anos, Storino era um “profissional sério, ca-ráter íntegro”, que fundou seu “próprio negócio” e o “dirigiu até os últimos dias de sua vida, se sobressaindo na exportação de rubiácea para Europa, prin-cipalmente para o leste europeu (Rússia, Polônia, Hungria, Es-lováquia e República Tcheca), onde conquistou o respeito dos importadores e demais empre-sários do setor”.

Segundo seu sócio, Nelson Salvaterra, a Coffee New Se-lection faz operações de tra-ding de aproximadamente 20 a 25 mil sacas por mês, fazendo negócios com EUA, Canadá, Espanha, Itália, Síria, Turquia, Suíça, Israel. Vende cafés do Grupo I e II.

No dia 16 de março deste ano, ele voltava da rua com sua esposa, onde fora tomar um café perto de casa, em Laran-jeiras, e sentiu-se mal. Após al-guns minutos, desmaiou. A am-bulância o levou a um hospital, onde detectaram a ocorrência de um derrame hemorrágico. Foi submetido a uma cirurgia de emergência, mas não se re-cuperou. Faleceu oito dias de-pois.

Homem afável e bem humo-rado, deixará fortes saudades entre os muitos amigos que fez durante essas décadas ajudando o Brasil a exportar café.

Créditos: arquivo CCCrJ

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