Revista dos bancários 2015 democratização da mídia

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Gestão 2013/2014 » Presidenta: Rosalina Amorim Vice-Presidente: Marco Aurélio Vaz Secretária Geral: Eliana Lima Diretora Administrativa: Erica Fabiola Diretor Fincanceiro: Sérgio Trindade Diretor Jurídico: Cristiano Moreno Diretora de Comunicação: Tatiana Oliveira Diretor de Seguridade Social e Saúde: Gilmar Santos Diretor de Formação: Sandro Mattos Diretora de Relações Sindicais: Heládia Carvalho Diretora de Delegacias Sindicais: Odinéa Gonçalves Diretor de Bancos Federais: Heider Alberto Diretora de Bancos Estaduais: Heidiany Moreno Diretor de Bancos Privados: Saulo Araújo Diretor de Esportes: Luiz Otávio Pereira.

Assessoria de Comunição » Assessor: Allan Tomaz Jornalista: Ticiane Rodrigues Projeto Gráfico, Editorial e Ilustrações: Antonio Costa

Uma publicação do Sindicato dos Bancários do Pará

|Sumário

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“A luta pela democratização e pela construção de um sistema público de comunicação deve ser uma das bandeiras prioritárias dos movimentos sociais brasileiros”

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|Editorial

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Companheiras e companheiros,

Estamos retomando a produção da nossa Revista dos Bancá-rios, para trazer até você mais informação e conteúdo necessário para disputarmos na sociedade nossas visões de mundo, sempre em defesa dos direitos e interesses da classe trabalhadora.

A partir desta edição nossa revista será publicada trimes-tralmente nas versões impressa e Online, dentro do espaço de publicações na nossa nova página eletrônica. Dessa forma, nossa revista estará disponível para muito mais leitores tanto da cate-goria bancária, como para internautas em geral espalhados pelo mundo cibernético. Ela poderá ser acessada tanto por computa-dores convencionais, como por smartphones e tablets.

Nesta edição trazemos como matéria de capa a democrati-zação da comunicação, tema que será um dos eixos centrais de mobilização da classe trabalhadora nos próximos quatro anos de mandato da presidenta Dilma. Além disso, uma entrevista exclu-siva com o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, onde ele faz uma análise objetiva sobre a Campanha Nacional 2014.

Também nesta edição você terá um artigo do jornalista e pro-fessor da Faculdade de Comunicação da UFPA, Fábio Fonseca de Castro, ex-secretário estadual de comunicação no governo Ana Julia e militante ativo pela causa da democratização da comuni-cação no Brasil; além de notícias jurídicas, esportivas e culturais relacionadas ao nosso sindicato, que completou 81 anos de lutas e conquistas em 2014.

Boa leitura a todos e todas, e sigamos juntos em 2015 para fortalecer ainda mais as lutas da classe trabalhadora por um país ainda melhor, mais democrático, igualitário e justo.

Rosalina AmorimPresidenta do Sindicato

Nossa revista na era digital

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Qual sua avaliação da Cam-panha Nacional 2014?

A avaliação é positiva. Tivemos uma dupla vitória. Na mobilização e negociação com os bancos conquis-tamos aumento real pelo 11º ano consecutivo e tivemos várias conquis-tas econômicas e sociais. Ao mesmo tempo, os bancários entenderam a conjuntura política que atravessamos e, na campanha eleitoral, defenderam a importância de manter um projeto que dialoga com os trabalhadores. Foram duas vitórias expressivas e muito significativas.

Qual o peso teve a Copa do Mundo e as eleições presidenciais no Brasil sobre a Campanha Na-cional 2014?

A Copa do Mundo, apesar da dor de cabeça da cerveja alemã, pou-co influenciou na campanha, porém as eleições tiveram um peso muito grande. Desde as mobilizações de ju-nho de 2013, a categoria entendeu a importância da participação política no país. Este ano, os bancários fize-ram uma disputa intensa na Campa-nha Nacional e no processo eleito-ral, sendo protagonistas no debate do sistema financeiro, combatendo a independência do Banco Central e defendendo o fortalecimento dos bancos públicos. A categoria com-preendeu que tinha que se mobilizar, enfrentar os banqueiros e o mercado e apontar um modelo diferente de banco para o país crescer. Um mode-lo onde os bancos públicos e privados

têm que estar voltados ao interesse da sociedade. Um modelo onde o BC deve atuar como agente fiscalizador e colocar o crédito a serviço do de-senvolvimento e não da especulação.

O Banpará encerrou a greve em 3 dias e, para o funcionalismo do banco, com o melhor acordo da categoria. Enquanto que o Banco da Amazônia encerrou novamen-te no TST e sem nenhum avanço na pauta específica. Como você analisa essa situação?

A situação do Banco da Ama-zônia é preocupante, pois a atual direção está muito distante dos tra-balhadores e não resolve problemas antigos. Mais uma vez, a instituição recorreu ao TST, mas graças à pressão da Contraf, da Fetec Centro-Norte e dos sindicatos houve enfrentamento para impedir retrocessos. A diretoria do banco não está comprometida em valorizar os funcionários e não possui um modelo de atuação que a região da Amazônia precisa. Queremos que seja um banco público de fato. En-

quanto isso, a mobilização dos ban-cários e o espaço de negociação di-reta entre as entidades sindicais com o Banpará, sem interferências da Jus-tiça, garantiram bons resultados com avanços econômicos e sociais para a categoria.

Quais as perspectivas para a classe trabalhadora e a categoria bancária no segundo mandado da presidenta Dilma?

A reeleição da Dilma foi muito importante para dar continuidade às conquistas sociais dos últimos 12 anos. Mas daqui pra frente não te-remos um processo fácil, ainda mais diante da redução da bancada de parlamentares comprometidos com os trabalhadores no Congresso Na-cional. Além disso, a direita está se organizando para fazer a disputa. Os bancários precisam se organizar muito mais para defender os seus direitos, sobretudo para combater o PL 4330 da terceirização, impedir re-trocessos e garantir avanços. E temos que avançar na distribuição da renda e para isso só tem um caminho, que é a melhoria dos salários. É preciso mo-bilizar, mobilizar e mobilizar. A Dilma já percebeu que só haverá avanços com mobilização social. Precisamos também atuar junto com os demais trabalhadores pelo fim do fator pre-videnciário, a redução da jornada de trabalho para 40 horas sem dimi-nuição de salários e fazer a reforma política para que possamos acabar com o financeiro privado de campa-

A entrevista especial desta edição da Revista dos Bancários é com o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro (foto). Aqui ele faz um balanço da Campanha Nacional 2014, avalia a influência das eleições nos rumos da Campanha dos Bancários e Bancárias, assim como as particularidades das campanhas no Banpará e Banco da Amazônia, e fala sobre as perspectivas e mobilizações da classe trabalhadora durante o segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff.

“Tivemos uma dupla vitória. Na mobilização e negociação com os bancos conquistamos

aumento real pelo 11º ano consecutivo

e tivemos várias conquistas econômicas

e sociais.”

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nha, onde os bancos e as empresas financiam e elegem candidatos com-prometidos com os seus interesses. E é inadmissível que o Brasil continue sendo um dos países onde poucas fa-mílias controlam os meios de comuni-cação, ao contrário de outras nações que não permitem que famílias, como Marinho e Civita, sejam donas da mí-dia. Por fim, os bancários e os tra-balhadores precisam continuar a se mobilizar para evitar qualquer retro-cesso democrático. Temos que defen-der com muita firmeza a democracia e a participação popular.

Quais as bandeiras de luta que estarão no centro das mobi-lizações da classe trabalhadora e da categoria bancária para o pró-ximo período?

Há várias bandeiras, como o combate ao PL 4330, o fim do fator previdenciário, a regulação da mídia, a reforma política, a ratificação da Convenção 158 da OIT que proíbe de-

missões imotivadas, o fim da política de rotatividade, a luta por emprego decente e pela regulamentação do sistema financeiro.

Esses pontos dependerão do grau de mobilização da sociedade e nós não temos dúvidas que os traba-lhadores, especialmente os bancários, continuarão mobilizados para não permitir nenhum retrocesso e prosse-guir avançando nas conquistas.

“A situação do Banco da Amazônia é preocupante, pois a atual direção está muito distante dos

trabalhadores e não resolve problemas

antigos.”

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Ainda que a Constituição Fede-ral brasileira de 1998 expres-

se claramente em seu artigo 5º, inciso IX, que “é livre a expressão da ativida-de intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”, isso ainda não se transformou em realidade no país.

A comunicação, ou melhor, os meios de comunicação de massa como jornais, revistas, rádios e tele-visões ainda estão concentradas nas mãos de poucos grupos de empre-sários, ou de igrejas, ou de políticos, mesmo com o fato de a Constituição, em seu artigo 54, determinar que de-putados e senadores, no exercício de seus cargos, não podem “firmar ou manter contrato com pessoa jurídica

de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público”. Além disso, pelo artigo 55 da Constituição, o parlamentar que in-fringir qualquer uma dessas proibições perderá seu mandato.

Mas o paraense, por exemplo, sabe muito bem que isso não é verda-de. Basta olhar para os dois principais grupos de comunicação no estado e ver que em qualquer de suas publica-ções, seja em jornal, rádio, televisão ou internet, parece faltar apenas o símbo-lo dos partidos aos quais são ligados. A Rede Brasil Amazônia de Comuni-cação (RBA), que congrega o jornal Diário do Pará, a Rádio Clube do Pará - AM, as rádios Diário FM e 99 FM, TV

RBA e o portal de notícias Diário Onli-ne (DOL) pertence à família Barbalho e aos interesses políticos do PMDB.

Já as Organizações Rômulo Maio-rana de comunicação (ORM), que ad-ministra o jornal O Liberal, as rádios Liberal AM e FM, a rádio O Liberal CBN, a TV Liberal, a ORM Cabo e os portais ORM News e G1 Pará, mantém ligações diretas e indiretas com políti-cos, governos e os interesses do PSDB, vide o caso da agressão física sofrida publicamente em 2009 pelo jornalista e editor do Jornal Pessoal, Lúcio Flavio Pinto, praticada durante uma confra-ternização de jornalistas no Parque da Residência, em Belém, por Ronaldo Maiorana, diretor das ORM que con-tou, inclusive, com apoio de PM’s do governo tucano a paisana para agredir o referido jornalista, pelas críticas que fazia ao governo do estado.

Vale lembrar também que em 1997, ainda durante o governo de Almir Gabriel (PSDB), foi firmado um “convênio” entre Funtelpa e TV Libe-ral que rendeu aos cofres dos Maiora-nas cerca de R$ 37 milhões ao longo de 10 anos. O governo pagava para a TV Liberal utilizar as retransmissoras da Funtelpa e divulgar o conteúdo da Rede Globo. Um clássico caso de usur-pação de patrimônio público para fim privado, que foi denunciado, mas foi do nada para lugar nenhum.

Mas o caso paraense não é ex-ceção, é a regra geral do jogo políti-co que é feito em torno dos meios de comunicação no país, e se repete com Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais, José Sarney (PMDB) no Maranhão, An-tônio Carlos Magalhães (avô e neto do DEM) na Bahia, Tasso Jereissati (PSDB) no Ceará, dentre outros casos. Par-te dessa história é contada no artigo “Coronelismo, radiodifusão e voto: a nova face de um velho conceito”, es-crito em 2005 pela professora da Uni-versidade de Brasília (UnB), Suzy dos Santos.

A democratização dos meios de comunicação está na pauta dos movimentos sociais brasileiros, pois o desafio lançado à sociedade é superar as cercas impostas pelos coronéis da mídia e fortalecer ainda mais a democracia e a valorização dos direitos humanos no país.

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A farra parlamentar

De acordo com estudo da Agên-cia Repórter Social publicado em 2007, o Congresso Nacional possuía naquele período uma “bancada da comunicação” representada por 10% na Câmara e 33% no Senado. Desses, 53 deputados federais e 27 senadores possuíam ligações dire-tas com veículos de comunicação. Além disso, 40 geradoras de televi-são afiliadas e 705 retransmissoras da Rede Globo estavam nas mãos de políticos. Assim como 128 geradoras e 1765 retransmissoras de outros canais de televisão aberta estavam nas mãos de políticos. Sendo que em 2004, 10 deputados votaram na renovação de suas próprias con-cessões de rádio e televisão. E no período de 1999 a 2004, das 2.205 autorizações dadas às rádios comu-nitárias, metade

estava sob o controle de grupos partidários.

“É possível que de 2007 para cá a concentração de empresas de comunicação nas mãos de políticos, por exemplo, tenha aumentado, ca-recemos de estudos sobre isso. Por outro lado, a CUT e demais sindica-tos, como o nosso, lutam há muitos anos para ter direito a programa-ções em rádio e televisão, mas a voz dos trabalhadores sempre é abafada pelos ‘coronéis da mídia’, que fazem lobby no Congresso Nacional para legislar em causa própria e contra os trabalhadores. Precisamos avançar na democracia brasileira também no campo midiático, isso é imprescindí-vel para vivermos uma democracia plena em nosso país”, afirma a pre-sidenta do Sindicato dos Ban-cários do Pará, Rosalina Amorim.

Democratizar a mídia deve ser prioridade para os movimentos sociais

Enquanto no Brasil o modelo comercial de radiodifusão inaugu-rado pela Ditadura Militar ainda é predominante, países como Ingla-terra, França, Portugal e Alemanha, na Europa; Canadá, Estados Unidos, Colômbia, Venezuela e, mais recen-temente, Argentina, nas Américas; além do Japão na Ásia, e da Austrá-lia na Oceania avançam para o mo-delo público de comunicação.

Porém, em 2007, ainda no go-verno Lula, foi criada a Empresa Bra-sileira de Comunicação (EBC), ges-tora dos canais TV Brasil, TV Brasil Internacional, Portal Agência Brasil, Radioagência Nacional e do sistema público de Rádio – composto por oito emissoras. A EBC foi o primei-ro passo adotado no Brasil rumo a um modelo público de comunicação. Embora a sociedade brasileira, em sua grande maioria, não entenda o significado de um sistema público de comunicação, pois não está na pauta da mídia brasileira atual, for-talecer esse modelo é de fundamen-tal importância para o país.

Nesse sentido, foi lançado em 2013 pelo Fórum Nacional pela De-mocratização da

Comunicação (FNDC) o Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) da Mídia Democrática,

o qual não só define e separa os sis-temas público, estatal e privado de comunicação, como estipula regras e fontes de financiamento para o sistema público.

Dentre as propostas do PLIP, uma de grande relevância, mas também de muita polêmica com os “barões da mídia” é a figura do Conselho Nacional de Comunicação, o qual não representa o instituto da censura, como se costuma afirmar na imprensa comercial. Ao contrário, entre suas atribuições está a promo-ção e a garantia de vários direitos, como a liberdade de expressão e opinião, de acesso à informação e à comunicação. Esse tipo de órgão é realidade nos Estados Unidos, em alguns países da Europa, e agora também na Argentina.

“A construção um sistema pú-blico de comunicação pressupõe a participação da sociedade na sua gestão, a garantia da pluralidade de vozes, de conteúdo e de opiniões nos meios de comunicação de mas-sa. Essa deve ser uma bandeira do movimento sindical, de mulheres, dos camponeses, da juventude, em fim, a luta pela democratização e pela construção de um sistema pú-blico de comunicação deve ser

uma das bandeiras prioritárias dos movimen-

tos sociais brasileiros”, afirma a diretora de comunicação do Sindica-to, Tatiana Oliveira.

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A luta pela democratização das comunicações no Brasil

parte da constatação de que, con-trariando a Constituição Federal, os grandes veículos de mídia estão concentrados nas mãos de poucos grupos empresariais, que impedem a livre circulação de ideias e a repre-sentação da multiplicidade de valo-res presentes na sociedade.

Foi pensando nisso que entida-des, movimentos sociais e a socie-dade civil criaram em 1991 o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) para debater a

público, que receberia e canalizaria as consultas, reclamações e denún-cias do público de rádio e TV. Esse defensor também proporia modifica-ções de normas regulamentárias em áreas vinculadas à sua competência, além de questionar a legalidade ou razoabilidade das existentes. Tam-bém seriam atribuições do defensor formular recomendações públicas às autoridades competentes, publicar as manifestações recebidas e pro-mover debates e audiências sobre temas relacionados à sua área de atuação.

Mas para o projeto começar a tramitar no Congresso Nacional pre-cisa do apoio de 1,3 milhão de elei-tores. Aqui no Pará, essa batalha já começou desde julho de 2013 com o lançamento do Fórum Paraense pela

temática. Há pouco mais de um ano, o FNDC também deu início à cam-panha ‘Para Expressar a Liberdade’ quando foi lançado o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia De-mocrática, ou simplesmente PLIP da Mídia Democrática.

O PLIP reivindica 33% do es-pectro para as emissoras comerciais, 33% para as emissoras públicas (sis-tema EBC, comunitárias, educativas e universitárias) e 33% para as es-tatais (canais geridos por órgãos go-vernamentais das três esferas de po-der, como as emissoras legislativas e do judiciário, por exemplo).

O Projeto de Lei também cria a figura do defensor dos direitos do

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Democratização da Mídia. O evento ocorreu na sede da OAB Pará e con-tou com a presença de mais de 70 entidades que apoiam a causa.

Para ajudar na meta de 1,3 mi-lhão de assinaturas, o Fórum Paraen-se já foi a escolas, entidades e até à Praça da República, local de bas-tante movimento e importantes ma-nifestações em Belém, buscar apoio para o abaixo-assinado nacional, mas o trabalho pela democratização da mídia continua no dia a dia, seja através de reuniões, debates ou nas redes sociais, já que o assunto passa bem longe dos principais veículos de comunicação. O motivo? Medo de perder o monopólio que impulsiona tais emissoras a agirem como se es-tivessem acima da lei, distorcendo, ocultando ou forjando informações para iludir ou manipular a opinião pública.

Para a diretora de comunicação da CUT-Pa, que também é bancária do Banpará e uma das coordena-doras do Fórum Paraense pela De-mocratização da Mídia, Vera Paolo-ni, cada um pode fazer a sua parte nessa luta. Até aqueles que dispõem de pouco tempo para participar das atividades do Fórum.

Para ela, neste contexto em que a informação está concentrada nas mãos de poucos, a internet, através das redes sociais, vem se tornando cada vez mais uma importante ferra-menta para furar o bloqueio midiá-tico dos grandes meios de comuni-cação.

“A internet permite um mí-dia ativismo e uma pluralidade até então nunca imaginada. Por isso, precisamos utilizá-la não só repro-duzindo conteúdo pessoal, mas pau-tando a opinião pública com nossos conteúdos. Esta é uma forma eficaz de lutarmos pelo nosso espaço na comunicação do país. Por isso é que lutamos por um novo marco regula-tório das comunicações e que este garanta a liberdade de expressão como direito de todos e não apenas

dos que têm a concessão de emis-soras de rádio e TV. Tão importante quanto a reforma agrária, o direito a terra, é também o direito à comuni-cação”, defende a dirigente sindical que diariamente atualiza suas redes sociais com informações sobre o as-sunto.

O Fórum Paraense pela Demo-cratização da Mídia também faz parte do Conselho da Empresa Brasi-leira de Comunicação, a EBC, e está representado por uma dirigente do Sindicato dos Bancários, a bancária do Banpará, Heidiany Katrine More-no.

Em 2015, a luta continua...

Para 2015, a principal tarefa do Fórum Paraense é intensificar a cole-ta de assinaturas ao PLIP da comu-nicação, integrando a luta da democratização da mídia com a reforma políti-ca.

O Sindicato dos Bancários também se faz presente ao longo de todo esse processo. Em 2013, cedeu o Complexo Cultural Bancá-rio para a realização de oficinas de mídias so-ciais, como parte da progra-mação de lançamento do Fórum Paraense pela Democratização da Mídia. O Sindicato também tem divulgado à categoria, atra-vés de seu site, redes sociais e boletins informativos distribuí-dos nas caravanas, a importân-cia de cada bancário e bancá-ria assinar o abaixo assinado e compartilhar a campanha ‘Para Expressar a Liberdade’.

Além desses eventos, qual-quer interessado ou interessada pode se mobilizar para contri-buir com essa iniciativa. Basta

imprimir o formulário disponível no fndc.org.br e juntar as assinaturas de colegas de trabalho, da família e amigos.

“As redes sociais e o diálogo vir-tual ou real são os nossos principais meios para democratizar a mídia. O Brasil precisa de um novo marco regulatório para as comunicações, que garanta a liberdade de expres-são, observando-se sempre a plura-lidade e a diversidade, diretrizes que fazem parte da Constituição Federal de 1988, mas que continua sem leis que regulamentem os capítulos que tratam da Comunicação Social. É po-der ligar a TV e escolher aquilo que eu quero assistir sem ter precisar pa-gar uma assinatura”, defende a di-retora de Comunicação do Sindicato dos Bancários, Tatiana Oliveira.

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A grande maioria dos países possui leis claras que regulamentam a comunicação. Quase to-

dos eles impedem a propriedade cruzada (a propriedade, por uma mesma empresa, de diferentes veículos, numa mesma região) considerando isso uma condição funda-mental para a democracia. É o caso dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Alemanha e da França. Democracias mais recentes, como Portugal, Argentina, Uruguai e Ve-nezuela também já implementaram suas leis de mídia.

Quase todos esses países também estabelecem li-mites mínimos para a programação nacional, regional e ainda para a veiculação de programação independente. Quase todos esses países também possuem mecanismos que permitam ao cidadão o direito de resposta, no caso de notícia mentirosa, injuriosa ou ofensiva. Por fim, qua-se todos esses países, juntamente com suas leis de re-gulamentação da mídia, também desenvolvem políticas públicas que garantem à sociedade o direito à comu-nicar: políticas de financiamento à produção indepen-dente, de financiamento de rádios e TVs comunitárias, de implementação e veiculação de filmes em cinemas públicos e de investimento em TVs, rádios, sites, jornais e revistas públicos.

O Brasil não faz a mesma coisa. A criação da Rede Brasil de Televisão, a implementação do Marco Civil da Internet e a entrada em vigor da Lei da TV por Assinatura (Lei 12.485), sancionada pela presidenta Dilma em 2011, foram avanços importantes para a democratização da comunicação, mas resta muito a fazer.

E dizer muito não é eufemismo. O papel partidariza-do e difamatório desempenhado pelas grandes empre-sas nacionais de comunicação, durante as eleições de 2014, demonstram que uma Lei da Mídia não apenas é urgente como também é condicional para a subsistência

da democracia brasileira. Porém, todas as vezes em que se fala em regula-

mentar a mídia, no Brasil, a resposta conservadora, ou seja, a resposta dos que são contra a regulamentação, é a mesma: regulamentar significa restringir a liberdade de imprensa e a liberdade de mercado.

O discurso conservador é cínico. Ele finge ignorar que as suas práticas mais comuns, elas sim, constituem uma restrição a todas as liberdades relacionadas ao di-reito à comunicação. E ele também finge ignorar que o Brasil resta sendo uma exceção, num mundo que trata a comunicação e a mídia com mais responsabilidade.

Evidentemente, a luta por uma lei de mídia brasilei-ra constitui uma das maiores batalhas políticas que um governo pode enfrentar, mas há uma centralidade nessa questão: sem essa batalha, dificilmente outras, maiores e mais difíceis, serão vencidas. A batalha pela regula-mentação da mídia equivale, na metáfora das grandes dispu-tas, àquela batalha pelo controle do ponto estratégico, do nó do futuro, da encruzilha-da ou da colina que, se conquis-tada, permite o equilíbrio de forças e o sucesso de to-das as lutas futuras.

Pós-doutor em Comunicaçãoe Professor da UniversidadeFederal do Pará

Fábio Fonseca de Castro

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Sindicato comemora seus 81 anos

No dia 24/11/2014 o Sindicato dos Bancários do Pará completou 81 anos de lutas e conquistas. A direto-ria da entidade celebrou essa marca histórica em Belém, no dia 28/11, no Complexo Cultural Bancário, em noite de festa embalada pelo som de Kim Marques e banda, além da ban-da Travel Time Disco Club. Na oca-sião, o Sindicato apresentou ao pú-blico o projeto do novo web site da entidade, o qual entrará no ar ainda em dezembro e trará mais conteúdo e facilidade de navegação e interati-vidade.

Além de Belém, o Sindicato tam-bém aproveitou para comemorar seu aniversário e realizar confraterniza-ção de fim de ano com os bancários e bancárias de Marabá, Santarém e Altamira. Os eventos ocorreram nos dias 5 e 6 de dezembro, e reuniu muitos convidados que reforçaram os votos de estar ao lado da sua en-tidade sindical nas diversas lutas que serão travadas no próximo ano.

Bradesco UPE é campeão do Futebol de Campo

Interbancários

O time do Bradesco UPE foi o grande campeão da 7ª edição do Campeonato Interbancários de Fute-bol de Campo. A conquista é inédita para os bancos privados na competi-ção. O título veio no dia 29/11 após um jogo eletrizante na sede campes-tre do Caixaparah contra a equipe da Caixa Econômica e que terminou

com a vitória do Bradesco UPE por 8 a 6. O destaque da partida foi bancá-rio do Bradesco Felipe Soares Polhu-ber, o Felipe Mamão, ex-jogador de Remo, Tuna e Águia de Marabá, que marcou 4 gols na decisão em favor do seu time e terminou como arti-lheiro do campeonato com 12 gol. Além do Campeão e Vice-Campeão, o Sindicato dos Bancários do Pará também premiou o melhor goleiro (Murilo) e o artilheiro (Felipe), ambos do Bradesco UPE.

Sindicato consegue três vitórias jurídicas em apenas

uma semana

O Sindicato fechou 2014 com três vitórias jurídicas em uma se-mana. Uma delas foi na 8ª Vara do Trabalho contra o Banpará, onde os beneficiados foram os administrado-res de banco de dados. E as outras duas foram na 11ª Vara do Trabalho, em favor de Analistas do Banco do Brasil: uma para os Analistas Técni-cos Rurais; e outra para Analistas A e B em Unidades Táticas.

Em ambas as instâncias jurídicas os bancos foram obrigados a reduzir a jornada de trabalho dos funcio-

nários que exerçam ou exerceram as referidas funções comissionadas para 6 horas diárias, sem supressão ou redu-ção dos valores pagos a título de gratificação de função, sob pena de multa a ser revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT);

Da mesma forma, os referidos bancos foram condenados a pagar horas extras 50% referentes às 7ª e 8ª horas de trabalho a todos os fun-cionários que exerçam ou exerceram essas funções no período imprescri-to, em parcelas vencidas e vincendas (relativas ao período após o

ajuizamento da presente ação), com reflexos nas parcelas de 13º sa-lário, férias + 1/3, repouso semanal remunerado (incluindo sábados, do-mingos e feriados), FGTS.

Como todas essas decisões são de primeira instância, ainda cabe recurso por parte dos bancos.

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Em 2014 o Pará superou suas próprias estatísticas de assal-

tos e tentativas de assaltos a bancos no comparativo com os últimos cinco anos.

De acordo com os registros fei-tos pelo Sindicato dos Bancários do Pará, foram 54 ocorrências de violên-cia contra bancos, sendo 33 assaltos e 21 tentativas.

Os crimes mais praticados no es-tado em 2014 foram o de sapatinho e de arrombamento, com 17 ocorrên-cias de ambas as modalidades.

“Nosso Sindicato luta diutur-

namente e cobra, tanto do governo estadual quanto das instituições ban-cárias, públicas e privadas, por mais investimentos em segurança pública e bancária. Mas infelizmente, a si-tuação somente se agrava ao passar dos anos. Os governos e os bancos precisam ser responsabilizados por isso, pois são eles que penalizam a sociedade com a sua omissão, por não investirem de forma efetiva em segurança”, critica a presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim.

“Os números de 2014 mostram que os bancários têm sido, atual-

mente, um dos alvos preferidos das quadrilhas especializadas em roubo a banco aqui no Pará. Prova disso é numero de ocorrências da prática de sapatinho, o que mostra a fragilidade da segurança bancária em nosso es-tado. Para nós a posse das chaves das agências deve ficar sob a responsa-bilidade de empresas especializadas em segurança, e não dos bancários, isso é fundamental para coibir a prá-tica do sapatinho”, avalia o diretor do Sindicato e membro do Comitê Nacional de Segurança Bancária, Sandro Mattos.

Em 2014, Pará registrou o maior número de violência contra bancos dos últimos 5 anos

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Vamos juntos fazer de 2015 um ano delutas e conquistas para a classe trabalhadora