Revista idigital 8

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POSSE NA ABRID Conheça os planos da Diretoria para os próximos quatro anos ENTREVISTA Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República CASOS E ARTIGOS As iniciativas de sucessos das associadas idigital - Revista da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital - Ano 03 - Número 08 - janeiro/fevereiro/março de 2012 RIO+20 O trabalho de preparação para a grande conferência da ONU, que, com a ajuda de empresas como as associadas ABRID, pode garantir a sustentabilidade no futuro

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CASOS E ARTIGOS ENTREVISTA As iniciativas de sucessos das associadas Conheça os planos da Diretoria para os próximos quatro anos Ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República idigital - Revista da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital - Ano 03 - Número 08 - janeiro/fevereiro/março de 2012

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POSSE NA ABRIDConheça os planos da Diretoria para os próximos quatro anos

ENTREVISTAMinistro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República

CASOS E ARTIGOSAs iniciativas de sucessos das associadas

idigital - Revista da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital - Ano 03 - Número 08 - janeiro/fevereiro/março de 2012

RIO+20

O trabalho de preparação para a grande conferência

da ONU, que, com a ajuda de empresas

como as associadas ABRID, pode

garantir a sustentabilidade

no futuro

janeiro - fevereiro - março 2012 | 3

RIO+20: DIálOgOs sOcIaIs

têm apOIO Da aBRID paRa

DIscutIR Os camInhOs

Da sustentaBIlIDaDe

cOmO pRepaRaçãO à

cOnfeRêncIa Da Onu

ReVIsta Da assOcIaçãO BRasIleIRa Das empResas De tecnOlOgIa em IDentIfIcaçãO DIgItal - aBRID

22 . CAPA

28 . ENTREVISTAGilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, e o Brasil sustentável

8 . CERTFORUMAcordo ABRID-ITI garante 10ª edição

12 . DIRETORIAConfira o que pensam os recém-empossados diretores da ABRID

Onde você estava na Eco-92?

58. PRA TERMINAR

34 . CASOS E ARTIGOS36 . 3MLâmina de Segurança eleva padrão da nova Carteira Nacional do Panamá

38 . CERTISIGNProntuário eletrônico com certificação digital agiliza atendimento no Hospital Samaritano

42 . GD BURTIO futuro da carteira de motorista eletrônica

46 . GEMAlTOSaúde Eletrônica: Melhores práticas em prevenção a fraudes

50 . lASERCARDInovações em dispositivos opticamente variáveis

54 . NXPNovos Padrões de Alta Frequência auxiliam a diminuir diferenças em aplicações de RFID

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A Rio+20 bate à porta.

com a proximidade da conferência das nações

unidas sobre Desenvolvimento sustentável, cresce

a repercussão do tema na sociedade brasileira, que

vai sediar o evento, e em todo o mundo. e isto é

muito bom.

É sim chegada a hora de debater com a devida

importância a sustentabilidade. na verdade, não há

futuro sem ela. Ou aprendemos a conviver com os

recursos naturais e o planeta como um todo, ou va-

mos esgotar as possibilidades da terra.

as associadas aBRID estão atentas a tudo isso, e

não é de agora. nosso setor tem muito a contribuir

- e o faz - com procedimentos como a desmateria-

lização e a reciclagem, além da oferta de produtos

cada vez mais resistentes e duráveis.

além das práticas sustentáveis adotadas e incen-

tivadas pelas associadas, a aBRID está diretamente

ligada às discussões da conferência da Onu por

meio dos Diálogos nacionais – Rumo à Rio+20, uma

série de mesas preparatórias para o evento de junho

que conta com o apoio da associação. É a sociedade

organizada em busca de um mundo melhor.

nesta edição da idigital, o debate sobre a susten-

tabilidade e a Rio+20 ganha um ótimo ingrediente

com a entrevista exclusiva que fizemos com o mi-

nistro gilberto carvalho. chefe da secretaria-geral

da presidência da República, carvalho é um dos

principais membros da equipe da presidenta Dilma

Rousseff e avalia que o encontro do Rio de Janeiro

vai ser um marco histórico nas discussões sobre o

desenvolvimento. mais do que debates, ele aposta

nos resultados práticos da Rio+20. nós também.

confira ainda a posse da Diretoria reeleita da nos-

sa associação. a idigital fez um bate-papo comigo

e com os outros dois diretores e nas conversas é

possível encontrar um panorama do universo da

identificação digital no Brasil e no mundo e as pers-

pectivas da aBRID para os próximos quatro anos.

aproveite a leitura!

célio Ribeiro, presidente da aBRID

idigital é uma publicação da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital (ABRID).

Presidente: Célio RibeiroDiretor de Identificação Digital: Edson RezendeDiretor de Projetos e Informação Tecnológica: Fernando CassinaReportagem: Iara Rabelo e Marcio PeixotoEditor: Marcio Peixoto MTB 4169/DFRevisão: Millena DiasTiragem: 2.500 exemplaresPeriodicidade: trimestralContato: (61) 3326 2828Projeto gráfico e diagramação: Infólio Comunicação - www.infoliocom.com - (61) 3326 3414

(Os cases e artigos assinados não refletem o pensamento nem a linha editorial da revista e são de inteira responsabilidade de seus autores)

PAlAVRA DO PRESIDENTE

EXPEDIENTE

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ceRtIfORum

ACORDO ENTRE ABRID E ITI GARANTE A REAlIzAçãO DO 10º CERTFORUMO maior evento de certificação digital do país terá seis etapas em 2012 e percorrerá todas as regiões do Brasil

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Começa em abril a 10ª edição do CertForum, o Fórum da Certificação Digital. O já tradicional

encontro vai visitar seis capitais este ano: São Paulo (SP), Recife (PE), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Florianópolis (SC).

A ABRID vai ser parceira do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) na realização do evento. A garantia está no acordo de cooperação técnica assinado em fevereiro entre as duas instituições. O trabalho conjunto no CertForum, aliás, não é novidade. A ABRID apoiou edições anteriores do evento.

O Cerforum exerce a impor-tante missão de difundir o conhe-cimento voltado para a área da cer-tificação digital, que está em franco crescimento no Brasil. Por meio do

Fórum, os dois pontos da corda – os pesquisadores e quem trabalha com a questão na linha de frente – se en-contram para debater o tema. O re-sultado é a ampliação das fronteiras da certificação digital no Brasil.

O presidente da ABRID, Célio Ribeiro, avalia que o CertForum ajuda a consolidar duas tendências da certificação digital no Brasil, a massificação e a democratização. “A cada dia aumenta o uso da cer-tificação digital entre os brasileiros. Os excelentes padrões adotados pela ICP-Brasil vão elevar progressiva-mente o acesso do país ao certificado digital, garantindo mais e melhores serviços ao cidadão, tanto na espera pública quanto entre os entes da ini-ciativa privada”, avaliou.

Já o presidente do ITI, Renato Martini, reforça que o Fórum da

Certificação Digital é perfeito para promover o crescimento do setor. “O CertForum configura-se como pano de fundo ideal para que a prosperi-dade alcançada a partir do uso dessa tecnologia seja debatida e difundida pela indústria, pela academia e pelos entes públicos dos níveis federal, es-tadual e municipal”, argumenta.

Este ano, o evento promoverá importantes debates sobre a utiliza-ção da certificação digital ICP-Brasil nos setores público e privado e dis-cutirá como que os principais atores sociais, munidos dessa moderníssi-ma tecnologia, podem colaborar am-plamente para o desenvolvimento de novos paradigmas.

As inscrições para as seis etapas do 10º CertForum são gratuitas e podem ser feitas pelo site certforum.iti.gov.br.

» RENATO MARTINI, DO ITI, E CéLIO RIBEIRO, DA ABRID, COMEMORAM O FECHAMENTO DE MAIS uMA PARCERIA ENTRE AS DuAS INSTITuIçõES

São Paulo [SP] ∙ 11 de abrilRecife [PE] – 24 de maio Goiânia [GO] – 14 de junho

Rio de Janeiro [RJ] – 29 de agosto Brasília [DF] – 18 a 21 de maio Florianópolis [SC] – Outubro

ETAPAS DO 10º

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CASA CIVILINSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO

EXTRATO DE COOPERAÇÃO TÉCNICAESPÉCIE: Acordo de Cooperação Técnica, que entre si celebram o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação - ITI, CNPJ 04.039.532/0001-93, e a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia em Identificação Digital - ABRID, CNPJ 09.104.543/0001- 23. Objeto: Estabelecer cooperação técnica entre os partícipes, no sentido de aproveitar ao máximo as potencialidades das instituições signatárias, dentro do campo de suas respectivas atribuições e especificações, com vistas à realização do 10º CertForum que realizar-se-á nas cidades de São Paulo/SP, Recife/PE, Goiânia/GO, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF e Florianópolis/SC.

DATA DE ASSINATURA: 16/02/2012.

ASSINAM: pelo ITI - Renato da Silveira Martini, Diretor-Presidente; Pela ABRID - Célio Siqueira Ribeiro, Presidente Executivo.

Processo: 00100.000025/2012-27

» ASSINATuRA DE ACORDO gARANTE REALIzAçãO DA 10 ª EDIçãO DO CERTFORuM

cOnfIRa a íntegRa Da puBlIcaçãO DO acORDO aBRID-ItI, nO DIáRIO OfIcIal Da unIãO De 22 De feVeReIRO:

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InstItucIOnal

ABRID reelege Diretoria, que tem a missão de não apenas dar continuidade, mas de expandir o sucesso registrado nos primeiros quatro anos de existência da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital

NOVOS DESAFIOS

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A primeira reunião do ano das associadas da ABRID marcou também a posse da nova Dire-toria. A eleição aconteceu em setembro passado e o resultado foi por aclamação, já que havia

apenas uma chapa na disputa. A Diretoria eleita e empossada para os próximos qua-

tro anos é composta por Célio Ribeiro como presidente, Edson Rezende como diretor de Identificação Digital e Fernando Cassina como diretor de Projetos e Informação Tecnológica.

Cassina foi o único ausente na posse, em 31 de ja-neiro, em Brasília, já que estava na França cuidando de obrigações profissionais. No encontro, o presidente Célio Ribeiro explicou que não foi fácil a decisão de disputar mais um mandato à frente da ABRID. “Quatro anos fo-ram de muito trabalho. Sem dúvida nenhuma, a gente teve um período de criação da ABRID e engrenamos num tra-balho muito grande e a decisão de concorrer a mais um mandato não era simples porque a gente estava em um momento muito bom. A verdade é que você sair por cima, você sair num momento bom, é sempre a melhor coisa a fazer, porque você deixa saudades. Mas a gente chegou a um consenso de que tinha algumas coisas ainda a serem feitas, principalmente consolidar outras”, explicou.

Ribeiro ainda agradeceu às associadas por reconduzi-lo no cargo de presidente: “vocês entenderam as nossas falhas e, mesmo com as falhas, decidiram nos dar mais um man-dato para que a gente possa consolidar a ABRID e colocar em prática alguns projetos que já estavam em andamento e iniciar outros que serão de muita valia para todas as em-presas”.

» EvENTOSO encontro de janeiro das associadas ABRID incluiu

ainda a discussão do calendário de eventos da Associação, que a cada ano se consolida como a maior apoiadora/orga-nizadora de eventos na área de identificação digital do país. Em 2012, a pauta está cheia, como constatou o diretor Edson Rezende. Segundo ele, um dos destaques é a Cards Paument & Identification, que acontecerá em abril, em paralelo com a etapa Sudeste do Certforum. Haverá ainda os Worshops Regionais do RIC, percorrendo todo o Bra-sil, entre muitos outros eventos. Confira a programação na página ao lado.

» ENTREvISTASPara conhecer em detalhes os projetos da nova Direto-

ria, a idigital conversou com os três diretores. Acompanhe o bate-papo nas páginas seguintes.

DATA EVENTO LOCAL

Abril10 a 12 Cards Payment & IDentification

Centro de Convenções Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569, Consolação - São Paulo/SP)

11 10º CertForum (Sudeste) Evento paralelo à Cards

10 a 12 LAAD Security 2012 - Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa

Riocentro (Av. Salvador Allende, 6555, Pavi-lhão 4, Barra da Tijuca - Rio de Janeiro/RJ)

24 a 26 ISC Brasil 2012 - Feira e Conferência Internacional de Segurança

Expo Center Norte- Pavilhão Norte (Rua José Bernardo Pinto, 333 - São Paulo/SP)

Maio 08 a 10 Exposec 2012 - Feira Internacional de Segurança Centro de Exposições Imigrantes (Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 - São Paulo/SP)

24 10º CertForum (Nordeste) JCPM Trade Center (Av. Engenheiro Antonio Góes, 60 Pina - Recife/PE)

25 RIC Workshops Regionais 2012 (Nordeste) Hotel Atlante Plaza (Av. Boa Viagem nº5426, Boa Viagem - Recife/PE)

Junho 14 10º CertForum (Centro-Oeste) Goiânia/GO

Julho02 a 04 1st Latin American High Security Printing

Conference

Sheraton Rio Hotel & Resort (Avenida Nie-meyer 121 – Leblon - Rio de Janeiro/RJ)

06 RIC Workshops Regionais 2012 (Norte) Hotel Tropical Manaus ( Av. Coronel Teixei-ra, 1320, Ponta Negra – Manaus/ AM)

Agosto 29 10º Certforum (2º Etapa Sudeste) FIRJAM (Av. Graça Aranha n° 1, Centro - Rio de Janeiro/RJ)

30 RIC Workshops Regionais 2012 (Sudeste e Sul)

J.W. Marriott Hotel (Avenida Atlântica nº2600, Copacabana - Rio de Janeiro/RJ)

Setembro 18 a 21 ICMedia (Conferência Internacional de Ciências Forenses em Multimídia e Segurança Eletrônica)

Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada (SHTN Trecho 1 Conj. 1B Bloco C - Brasília/DF)

18 a 21 Encontro Nacional dos Diretores dos Institutos de Identificação Evento coligado ao ICMedia

18 a 21 Encontro Nacional dos Diretores dos Institutos de Criminalística (A confirmar) Evento coligado ao ICMedia

18 a 21 Encontro Nacional dos Secretários de Segurança Pública (A Confirmar) Evento coligado ao ICMedia

18 a 21 10º CertForum (Centro-Oeste) Evento coligado ao ICMedia

18 a 21 RIC Workshops Regionais 2012 (Centro-Oeste) Evento coligado ao ICMedia

Outubro18 10º CertForum (Sul)

CentroSul - Centro de Convenções de Florianópolis (Av. Gov. Gustavo Richard nº 850, Centro - Florianópolis/SC)

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DATA EVENTO LOCAL

Abril10 a 12 Cards Payment & IDentification

Centro de Convenções Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569, Consolação - São Paulo/SP)

11 10º CertForum (Sudeste) Evento paralelo à Cards

10 a 12 LAAD Security 2012 - Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa

Riocentro (Av. Salvador Allende, 6555, Pavi-lhão 4, Barra da Tijuca - Rio de Janeiro/RJ)

24 a 26 ISC Brasil 2012 - Feira e Conferência Internacional de Segurança

Expo Center Norte- Pavilhão Norte (Rua José Bernardo Pinto, 333 - São Paulo/SP)

Maio 08 a 10 Exposec 2012 - Feira Internacional de Segurança Centro de Exposições Imigrantes (Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 - São Paulo/SP)

24 10º CertForum (Nordeste) JCPM Trade Center (Av. Engenheiro Antonio Góes, 60 Pina - Recife/PE)

25 RIC Workshops Regionais 2012 (Nordeste) Hotel Atlante Plaza (Av. Boa Viagem nº5426, Boa Viagem - Recife/PE)

Junho 14 10º CertForum (Centro-Oeste) Goiânia/GO

Julho02 a 04 1st Latin American High Security Printing

Conference

Sheraton Rio Hotel & Resort (Avenida Nie-meyer 121 – Leblon - Rio de Janeiro/RJ)

06 RIC Workshops Regionais 2012 (Norte) Hotel Tropical Manaus ( Av. Coronel Teixei-ra, 1320, Ponta Negra – Manaus/ AM)

Agosto 29 10º Certforum (2º Etapa Sudeste) FIRJAM (Av. Graça Aranha n° 1, Centro - Rio de Janeiro/RJ)

30 RIC Workshops Regionais 2012 (Sudeste e Sul)

J.W. Marriott Hotel (Avenida Atlântica nº2600, Copacabana - Rio de Janeiro/RJ)

Setembro 18 a 21 ICMedia (Conferência Internacional de Ciências Forenses em Multimídia e Segurança Eletrônica)

Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada (SHTN Trecho 1 Conj. 1B Bloco C - Brasília/DF)

18 a 21 Encontro Nacional dos Diretores dos Institutos de Identificação Evento coligado ao ICMedia

18 a 21 Encontro Nacional dos Diretores dos Institutos de Criminalística (A confirmar) Evento coligado ao ICMedia

18 a 21 Encontro Nacional dos Secretários de Segurança Pública (A Confirmar) Evento coligado ao ICMedia

18 a 21 10º CertForum (Centro-Oeste) Evento coligado ao ICMedia

18 a 21 RIC Workshops Regionais 2012 (Centro-Oeste) Evento coligado ao ICMedia

Outubro18 10º CertForum (Sul)

CentroSul - Centro de Convenções de Florianópolis (Av. Gov. Gustavo Richard nº 850, Centro - Florianópolis/SC)

calenDáRIO De eVentOs 2012

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cÉlIO RIBeIROpresidente

idigital: O senhor acaba de ser reeleito para a presidência da ABRID por aclamação, não houve outra chapa disputando o pleito. Isso muda de alguma maneira a forma de atuação?

Célio Ribeiro: A forma de atuação não muda, pois foi por esta forma de atuar que tivemos a aceitação e reconhecimento das associadas. Na realidade, a responsabilidade é que fica ainda maior, pois não ter outra chapa formada, dentre outras coisas, pode significar a satisfação e credibi-lidade com nosso trabalho, e claro, a consequente cobrança irá aumentar.

id: Embora muito nova, a ABRID tem quatro anos de importantes realizações. Quais delas o senhor destacaria e por quê?

CR: Muitas pessoas tentam buscar a resposta para essas realizações no formato de projetos ou coisas pontu-ais. É muito mais do que isso. Apesar de termos abraçado e apoiado com sucesso projetos muito importantes o que destaco é a atuação como um todo. Naquilo que muita gente não vê materializado, mas que é funda-mental para o sucesso de projetos es-pecíficos. Nosso comprometimento com apoio ao governo federal e aos governos estaduais, naquilo que re-almente nos compete, que é a par-te técnica, foi algo muito marcante.

Nossa busca e engajamento na ques-tão ambiental de forma séria, nos es-truturando para buscar as melhores formas de participar ativamente no desenvolvimento econômico de nos-so país com a economia verde e con-sequente luta pela inclusão social, sem dúvida merecem destaque.

id: Ainda sobre os primeiros quatro anos da Associação, que projetos o senhor gostaria de ter visto realizado e não se concretizaram?

CR: Sinceramente, não tive esse des-gosto. Desenhamos de forma simples e objetiva nosso roteiro de atuação. Cumprimos todas as etapas. O Bra-sil viveu nesses últimos anos e ainda vive um momento especial. Temos um cenário de cooperação transpa-rente onde as boas ideias e apoio ver-dadeiro são aceitos e reconhecidos. Temos que aproveitar essa realidade e fazer com que projetos cidadãos aconteçam e permitam cada vez mais o desenvolvimento e fortalecimento da cidadania.

id: Agora, falando de presente. No ato de posse para o novo mandato, o senhor comentou que há iniciativas em andamento na ABRID que gostaria de ver concluídas. Quais são elas e como está o andamento?

CR: A implantação nos estados de forma efetiva do RIC é prioridade. Todos reconhecem a importância e diria urgência na implantação desse novo processo de identificação. Ago-ra é preciso fazer com que os estados possam iniciar seus procedimentos e finalmente ver em prática o resulta-do desse importante projeto de for-talecimento da cidadania ocorrido no Brasil nos últimos anos. Como consequência disso, teremos a mas-sificação da certificação digital, ins-trumento fundamental para todo brasileiro, independente de classe

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social, participar ativamente da nova realidade social e econômica do país. Isso é inclusão social.

id: Bom, falamos de passado e presente, claro, o futuro não poderia ficar de fora. Quais os planos para o novo mandato à frente da Associação?

CR: Primeiro, a consolidação de tudo que foi feito até agora. Em pa-ralelo, colaborar para que o Brasil continue à frente dos importantes projetos de identificação digital e que possa compartilhar suas experi-ências com outros países, com foco nesse momento, nos parceiros do Mercosul. Atuar em cenários que possam conduzir ao sucesso de pro-jetos embasados na economia verde é algo que com certeza vamos par-ticipar.

id: Certamente, o RIC é um grande desafio para o setor de identificação digital. O Brasil está pronto para implantar este megaprojeto?

CR: Sim. Isso não é mais um pro-jeto, é uma realidade e uma neces-sidade. Nesse momento, bilhões de reais escorrem todos os dias para um buraco sem fundo - dinheiro de-corrente de fraudes, ou gastos para tentar inibir as mesmas. Apenas uma simples conta de “quanto se econo-mizaria com o RIC”, já seria sufi-ciente para entender sua necessidade urgente. Não precisamos sequer fa-zer contas de valores “diretos” com fraudes, etc... Basta fazer a conta do valor social, da economia verde! Quantos deslocamentos deixariam de ser feitos pelo cidadão dotado de um cartão de identidade com certifi-cado digital? O quanto isso represen-ta em termos ambientais? Em econo-mia de combustível? Enfim, o Brasil está sim, tecnicamente, totalmente pronto para entregar esse valioso ins-trumento a todo brasileiro.

id: Ainda sobre o mercado de identificação digital, o que há de novo acontecendo no Brasil e no mundo?

CR: A tecnologia não dá trégua. Temos avanços diários. Soluções são despejadas sobre nós a cada mo-mento. Acredito que os aplicativos a serem utilizados, tendo como ins-trumento um smart card como o do RIC, serão os grandes destaques.

id: Para finalizar, o senhor está muito empenhado no movimento “Por Respeito à Cidadania”. Qual o paralelo entre este trabalho e a atuação na ABRID?

CR: O movimento Por Respeito à Cidadania possui quatro pilares bási-cos: tecnologia, meio ambiente, turis-mo e esportes. A intenção é discutir como utilizar estes temas no fortaleci-mento da cidadania no Brasil. O tra-balho que desenvolvemos na ABRID está dentro dos critérios que traçamos para o movimento. Isso me dá tran-quilidade para caminhar de forma independente nos dois projetos, pois apesar de serem totalmente indepen-dentes e desvinculados, ambos pos-suem a mesma essência, a cidadania.

eDsOn ReZenDeDiretor de Identificação Digital

idigital: Olhando para os últimos quatro anos, de que forma a ABRID ajudou na solidificação do seguimento de identificação digital no Brasil?

Edson Rezende: A ABRID veio marcar uma nova história na iden-tificação digital no Brasil. Vamos conhecer e falar sobre esta tecnolo-gia em dois marcos, antes e depois da criação da ABRID. Foi uma ver-dadeira revolução com a junção de inúmeras empresas, as maiores e mais conceituadas no mundo atual, capitaneadas pela ABRID. Isto mo-vimentou o mundo da identificação digital no país, fazendo movimenta-rem-se, também, inúmeros órgãos públicos responsáveis por este seg-mento e que necessitavam de um norte, de um apoio e de uma injeção de ânimo para fazer caminhar toda esta máquina tão importante e ne-cessária, em benefício do cidadão brasileiro que passa a ter ao seu al-cance cada vez mais ferramentas tec-nológicas dando maior comodidade e segurança nas suas atuações.

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id: Para o novo mandato, também de quatro anos, o que o senhor destacaria como prioridade para a Diretoria de Identificação Digital da ABRID?

ER: Para um novo mandato, com certeza, a Diretoria da ABRID deve-rá dar continuidade com a sua po-lítica de apoiar e incentivar os mais variados órgãos públicos e empresas privadas na busca de novos desafios e na consolidação dos projetos em andamento, que são muitos e im-portantes.

id: A Associação tem uma equipe pequena de colaboradores, mas um rol significativo de conquistas. Como é o dia a dia de trabalho na ABRID?

ER: A divisão de tarefas, dedicação, motivação e apoio das empresas asso-ciadas possibilitam a concretização e alcance de metas traçadas, principal-mente vendo que os resultados são possíveis e que trarão benefícios para toda uma sociedade e o país como um todo. A pequena, mas dedicada, equipe da ABRID trabalha em um ambiente muito saudável, possibili-tando maior rendimento nas ativida-des desenvolvidas.

id: A entidade tem um agitado calendário de eventos anualmente. De que forma a participação ou apoio a esses eventos ajuda no desenvolvimento do setor de identificação digital?

ER: A cada ano a ABRID tem se envolvido em um maior número de eventos voltados, principalmen-te, para a implementação constante de novas tecnologias disponíveis no mercado mundial, e que as empre-sas associadas são detentoras, para uso do mercado e do cidadão. São

eventos de grande vulto, que alguns temos a total responsabilidade de or-ganizar, outros como co-organizado-res, e outros ainda como apoiadores institucionais. Vemos que a atuação da ABRID tem sido reconhecida positivamente, pelo número de soli-citações de apoio e participação que temos recebido dos mais variados segmentos, dando a certeza que a ABRID já conquistou uma confian-ça muito grande, no pouco tempo que tem atuado, tanto de órgãos pú-blicos federais, estaduais, autarquias, associações representativas de classes e iniciativa privada.

id: Ainda falando dos eventos no setor, quais são os destaques para 2012?

ER: Este ano temos grandes eventos nos quais devemos atuar fortemen-te nas suas organizações e patrocí-nio, destacando a 10ª Edição do Certforum, realização do Instituto Nacional da Tecnologia da Infor-mação-ITI, autarquia ligada à Casa Civil da Presidência da República; os RIC-Workshops Regionais, realiza-dos pelo Conselho Nacional dos Di-rigentes de Órgãos de Identificação Civil e Criminal-CONADI, estes eventos sendo realizados nas cinco regiões do país; do grande evento ICMEDIA, realizado pela Associa-ção Nacional dos Peritos Criminais Federais-APCF e apoio da Polícia Federal; além de apoio institucional em inúmeros outros eventos, a exem-plo da CARDS Payment & Identifi-cation, LAAD Security 2012-Feira Internacional de Segurança Pública, ISC Brasil, EXPOSEC 2012, 1st La-tin American High Security Printing Conference, etc.

id: O senhor tem participação

direta em importantes grupos de trabalho de projetos voltados para a identificação, especialmente o RIC. O Brasil está no rumo certo na área de identificação digital?

ER: Os esforços do Ministério da Justiça, principalmente da Secreta-ria Executiva do órgão, do ITI, da Polícia Federal através dos Institutos Nacional de Criminalística-INC e de Identificação-INI, dos órgãos de Identificação dos Estados e DF com um apoio constante da ABRID, jun-tamente com suas associadas, tem proporcionado, conforme já fala-mos, um momento histórico para o Brasil implantar o mais moderno e seguro sistema de identificação civil do mundo, com moderníssimas tec-nologias que possibilitarão ao cida-dão brasileiro ter em mãos não um simples documento de identidade, mas um instrumento de múltiplas e importantes utilizações, dando segu-rança, comodidade e modernidade nas mais diversas atividades do seu portador.

id: Sobre o RIC, de que forma a ABRID e suas associadas podem ajudar na implantação da iniciativa, uma das maiores no setor em todo o mundo?

ER: Não é somente uma ajuda, com todo orgulho, podemos afirmar que a ABRID e suas associadas têm se traduzido em importantíssimo e in-dispensável apoio aos órgãos públi-cos responsáveis pela árdua, mas im-portante, tarefa de tornar realidade o então Projeto RIC, que vai colocar na história do Brasil este período de grande avanço tecnológico nesta área, tão importante pois a identifi-cação civil com a emissão do respec-tivo documento é a base de todas as outras lidas do cidadão no seu con-

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vívio com toda a sociedade em que vai estar atuando nas mais variadas formas. E uma identificação segura é um dever do estado em benefício do cidadão para ver sempre resguarda-dos seus direitos básicos, evitando os mais variados e elementares golpes e invasões de privacidade que um pro-cesso frágil, semelhante ao que hoje convivemos, propicia, dando aos cri-minosos os mais variados meios de fraudes com prejuízos incalculáveis ao cidadão e ao Estado. O RIC vem para tornar todo este processo segu-ro e eficaz, trazendo ao brasileiro a possibilidade de maior segurança nas atividades cotidianas e será um processo modelo para outros países, com certeza.

id: O brasileiro gosta muito de tecnologia. De que forma essa predileção beneficia o país na implantação de grandes iniciativas na área, como a certificação digital e o próprio RIC?

ER: As ferramentas tecnológicas disponíveis no mercado atual dão as mais variadas possibilidades de comodidade e segurança ao cidadão que as utiliza. O brasileiro tem pro-curado usar todo este vasto campo ao seu dispor, buscando as facilidades que lhes estão sendo colocadas com modernas tecnologias que, diaria-mente, são introduzidas no mercado. Com o RIC, cujo cartão vem com as mais modernas tecnologias embarca-das, inclusive com certificado digital, o seu portador terá inúmeras possi-bilidades de uso, e o brasileiro que sempre busca as modernidades que lhes são disponibilizadas, com certe-za fará deste cartão um instrumento muito útil no seu dia a dia, com mais segurança, comodidade e agilidade nas muitas tarefas diárias que poderá

executar com o cartão. Acreditamos que, após o início da emissão deste documento, a sua procura deverá ser bastante grande e sua utilização, ainda maior. A expectativa do início da emissão deste moderníssimo do-cumento é ainda em 2012, coroan-do os esforços de inúmeras pessoas que têm lutado a longos anos para ver este momento chegar. Um docu-mento moderno, seguro e confiável coincide com o Brasil se preparando para sediar e realizar grandes even-tos com a participação de inúmeros países cujos cidadãos poderão levar, ainda mais, uma imagem que o país e seu povo merecem, além de entre-gar ao brasileiro um documento que é sinônimo de cidadania.

feRnanDO cassInaDiretor de projetos e Informação tecnológica

id: O senhor assume agora um cargo no comando da ABRID. De que forma a Diretoria de Projetos e Informação Tecnológica ajuda no funcionamento da entidade?

Fernando Cassina: Considerando que entre as missões e funções da ABRID estão a promoção de um ambiente de intercâmbio de tecno-logias entre os associados, a dispo-nibilização de consultorias técnicas para o desenvolvimento de projetos tecnológicos de áreas afins e o apoio a entidades públicas na concepção

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de soluções que utilizam tecnologias em identificação digital, penso que podemos entender que essa Direto-ria tem um objetivo claro e concre-to para garantir o funcionamento da entidade. A Diretoria contribui para o cumprimento das diretrizes da entidade e das suas empresas asso-ciadas, promovendo-as e analisando a evolução tecnológica do mercado mundial, com a finalidade de propor projetos no país.

id: E quais seus planos à frente do cargo, o que precisa ser feito?

FC: Tenho vários planos diversifi-cados, já que tecnicamente falando sou multitasking. Por isso, sempre que posso experimento novas tec-nologias e penso em como aplicá-las no contexto da ABRID. Além disso, tenho a possibilidade de trabalhar com toda a América Latina e parte da Europa, o que me ajuda a conhe-cer novos projetos e avaliar as possi-bilidades de aplicação em nosso país. Entre os projetos que tenho planeja-do, estão:

• Expandir a ABRID para o res-to da América Latina, mediante convênios com entidades pú-blicas e particulares nos demais países;

• Promover, por meio da ABRID, a interoperabilidade dos sistemas e o intercâmbio de informação biométrica nacional e regional na América Latina;

• Propor a atualização das tecno-logias biométricas dos estados e do governo federal, mostrando o quanto isso pode ser eficiente;

• Auxiliar as entidades públicas e particulares do Brasil, propi-ciando, através da ABRID, a padronização dos formatos de intercâmbio de impressões digi-tais, rostos e íris, com o objetivo

de estabelecer um único modelo para os diferentes fornecedores.

Definitivamente, colocar o Bra-sil à altura das nações mais desen-volvidas no campo da tecnologia de identificação biométrica significa optar por pertencer a um mundo globalizado, ao invés de ficar ilhado tecnologicamente.

id: O senhor é argentino e tem longa atuação em toda a América Latina: Que diferenças vê no seguimento de Identificação Digital nos países da região?

FC: Em primeiro lugar, quero dizer uma coisa: sou argentino de nasci-mento, latino-americano de alma e brasileiro de coração. Os países da América Latina foram percursores na necessidade da identificação por meio das impressões digitais. Foi um latino-americano que desenvolveu o primeiro sistema datiloscópico. A maior dificuldade dos nossos paí-ses é a modernização das formas de trabalho e passar do papel para um sistema informatizado eficiente. Para muitas pessoas, parece inacreditável que o primeiro país da América La-tina com uma cédula de identida-de de qualidade internacional com chip tenha sido a Guatemala, um dos estados mais inseguros e pobres da região. No entanto, o governo de Guatemala percebeu que não era vi-ável identificar a sua população de forma confiável e deu esse grande passo, sem a necessidade de fazer um grande investimento ao optar pelos contratos de concessão. Em cada país, os governos têm uma forma di-ferente de encarar o tema da identi-ficação digital, assim como também têm distintas maneiras de adminis-trar os seus estados. Todos sabem para onde devem ir, mas nem todos se direcionam para o mesmo lugar. O que deveriam fazer? Optar pelo

uso da biometria como instrumen-to de identificação único das pessoas como um meio para transcender as fronteiras na luta contra a criminali-dade. Por diferentes razões, os países de primeiro mundo foram pioneiros na necessidade de intercambiar in-formação dos seus cidadãos. O ob-jetivo da Eurodac era comprovar a identidade de pessoas que procuram asilo em outro país. Já a necessidade da Convenção de Prüm corresponde a aprofundar a cooperação entre os países para combater o terrorismo, a criminalidade nas fronteiras e a imigração ilegal. Mas, na América Latina, estamos começando e não pretendemos correr. Aos poucos, a maioria dos nossos países está incor-porando tecnologias biométricas nos seus documentos e no âmbito da in-vestigação policial e forense.

id: Como está o Brasil no cenário internacional da identificação digital, estamos acompanhando as tecnologias do setor em uso em outras nações mais avançadas?

FC: O Brasil foi um dos primeiros países da América Latina em ter um sistema Afis. Isso significou um grande progresso para a investigação criminal e, a partir daí, continuamos evoluindo, como por exemplo, com a criação do RIC. Atualmente, ne-nhuma pessoa no Brasil teme a mo-dernização tecnológica nem a utili-zação das impressões digitais, pensa-das a princípio como uma questão meramente policial. Até os bancos estão incorporando a biometria para assegurar as suas transações e evi-tar fraudes. Acredito que há muitas oportunidades novas para o setor e que os eventos de importância mun-dial futuros, como a Copa do Mun-do de Futebol e as Olimpíadas, farão que o nosso país comece a usar de maneira massiva todos os tipos de identificação possíveis, o que resulta-

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rá no uso intensivo de novos tipos de reconhecimento ainda não implan-tados no Brasil: facial e íris.

id: O senhor certamente está familiarizado com o projeto do RIC, o que pensa da iniciativa?

FC: Parece uma iniciativa mais que interessante e acertada. Devido ao incremento do número de atenta-dos e ao crescimento acelerado das atividades clandestinas ou fraudu-lentas, a identificação dos cidadãos é uma tarefa que se transformou numa atividade crítica para a segu-rança do Estado. Não é viável que uma mesma pessoa tenha diferen-tes identidades em distintos estados brasileiros. Por isso, já estava mesmo na hora do Brasil ter um registro único para todos os cidadãos. Dessa forma, a implantação de uma cédu-la de identidade única, que inclua todas as seguranças e exigências de padrões internacionais, vai permitir a identificação das pessoas que circu-lam pelo território nacional de uma forma mais confiável e rápida. Este documento de identidade possuirá um chip que vai conter as caracte-rísticas físicas - biometria, o que vai permitir a identificação sistemática de uma pessoa. Além disso, o siste-ma vai comparar automaticamente essa biometria com outras gravadas na base de dados nacional.

id: De que forma um cartão como o RIC pode beneficiar a vida de brasileiros nos mais distantes pontos do país?

FC: De muitas formas, mas prin-cipalmente porque vai permitir a identificação plena e única das pessoas. O RIC preserva o direito à identidade, que é um direito pri-mário, uma vez que, ao proteger a identidade das pessoas, estamos também protegendo os seus direitos a participar, ter acesso, pertencer a

um grupo, preservar os seus bens, etc. Mas também, o RIC é uma for-ma de recordar que cada cidadão pertence e se sente parte de um país, o Brasil. O RIC foi criado para faci-litar a vida do brasileiro e vai benefi-ciar a população, no sentido de que será um único documento em todo o território que garante a manuten-ção dos mesmos dados e também o mesmo número de documento in-dependentemente do Estado onde se encontra o cidadão. Além disso, vai possuir um instrumento seguro, confiável e inviolável. Por outra par-te, o governo se beneficia por con-tar com uma base de dados única de todos os habitantes do território brasileiro e isso também repercute a favor dos cidadãos. Talvez as pes-soas se perguntem de que maneira poderiam ser beneficiadas. No caso dos países que passaram por grandes catástrofes, os sistemas biométri-cos nacionais foram utilizados para identificar as vítimas. Como vere-mos, a iniciativa do RIC vai mudar a vida dos brasileiros de maneira que não podemos nem sequer imaginar.

id: O senhor é especialista na área de tecnologia. Como está este mercado e o que vem de novo por aí?

FC: Todos os dias encontramos al-guma novidade, algo que se originou nos filmes de ficção científica e se transformou em realidade. O merca-do de biometria está num processo de aperfeiçoamento constante, com a finalidade de melhorar a precisão e o desempenho dos sistemas, mas também para se popularizar e dimi-nuir os custos dos seus dispositivos. Atualmente, há um dispositivo que está chamando a atenção do com-prador. É um leitor de impressões digitais e veias, que permite a ob-tenção de capturas biométricas com uma melhor fidelidade. Também

poderíamos falar dos novos disposi-tivos chamados ‘on the fly’, que são leitores biométricos -de impressões digitais, rosto ou íris - que fazem as capturas sem a necessidade do con-tato, o que os tornam menos invasi-vos para as pessoas.

id: A tecnologia revoluciona constantemente o cotidiano das pessoas, tornando-o mais fácil. No entanto, há quem reclame da falta de tempo exatamente por causa de novas demandas tecnológicas no dia a dia, como o uso de smartphones ou redes sociais. Será que falta algo na relação do homem com a tecnologia para deixá-la mais harmoniosa?

FC: A tecnologia permite planejar e criar bens e serviços que facilitam a adaptação ao meio ambiente e a satisfazer tanto as necessidades es-senciais como os desejos das pessoas. A evolução tecnológica cria o desejo e a necessidade dos bens e serviços nas pessoas. Como você disse na pergunta, o homem está se transfor-mando num escravo da tecnologia, não só pelo tempo que se dedica a ela, senão também pela necessidade imperiosa do ser humano de possuir uma quantidade maior e melhor de bens. E, quando finalmente acredita que cumpriu a sua meta, um novo produto sai à venda e, novamente, fica desatualizado. É difícil que o homem consiga uma harmonia com a tecnologia, pois vivemos numa sociedade consumista e globaliza-da, aonde os últimos descobrimen-tos chegam rapidamente a qualquer ponto do mundo, e começa uma onda desenfreada de consumo. Ao mesmo tempo, há o lado bom e de-vemos agradecer esta oportunidade à revolução industrial, porque pior seria pensar que existem inovações tecnológicas que nunca estarão ao nosso alcance.

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capa

janeiro - fevereiro - março 2012 | 23

SUSTENTABIlIDADE PARA O FUTURO

Diálogos Sociais Rumo à Rio+20 debatem Acordo sobre Desenvolvimento

Sustentável

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Se olharmos para o futuro, ele será verde e sustentável. Este é o grande desafio da conferência Rio+20 e dos

Diálogos Sociais: Rumo à Rio+20. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável vai ser realizada no Rio de Janeiro entre os dias 13 a 22 de junho de 2012, vinte anos depois da Eco-92, e deve defi-nir as ações para o desenvolvimento sustentável nas próximas décadas. Na pré-pauta do evento está o Acordo sobre Desenvolvimento Sustentável, tema que foi debatido pelo governo federal durante a Agenda Nacional de Desenvolvimento Sustentável no dia 15 de fevereiro, em Brasília.

O objetivo da Agenda foi ampliar o diálogo e a mobilização social em torno do desenvolvimento sustentá-vel. O foco principal foi o papel das Agendas Nacionais de Desenvolvi-mento Sustentável, com o debate dos objetivos, metas, indicadores e me-canismos de gestão e controle social

para garantia da efetividade em nível local, regional, nacional e global (con-fira no quadro da página 25).

A programação da Agenda Na-cional de Desenvolvimento Susten-tável iniciou-se com a abertura feita pelos ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Para Carvalho, o debate é essencial para produzir contribui-ções para o documento da Organi-zação das Nações Unidas (ONU) e a participação da sociedade será de grande importância na Conferência do Rio. “Esse documento será um novo salto para humanidade em uma nova forma de organizar a vida e a sociedade e nossos trabalhos irão contribuir com o documento”, disse.

Moreira Franco deu ênfase à boa expectativa que se tem com os tra-balhos preparatórios para a Rio+20. “O Brasil trará um caráter democrá-

tico e mobilizador para a Rio+20, o país já pode dar um exemplo no que diz respeito ao crescimento com in-clusão social”, falou.

Os cinco painéis do evento com-puseram uma agenda de debates em torno do Acordo sobre o desenvol-vimento sustentável. Entre os co-ordenadores dos painéis estiveram Tânia Bacelar, conselheira do Con-selho de Desenvolvimento Econô-mico e Social (CDES) e professora da Universidade Federal de Per-nambuco (UFPE); Rodrigo Loures, conselheiro do CDES, presidente da Nutrimental e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI); Márcio Pochmann, presi-dente do Instituto de Pesquisa Eco-nômica Aplicada (IPEA); Moema Miranda, membro do Comitê Faci-litador da Rio+20 e IBASE, e Artur Henrique Silva Santos, conselheiro do CDES e presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Os Diálogos Sociais fizeram uma

» DA ESquERDA PARA DIREITA: MINISTRO MOREIRA FRANCO, DA SECRETARIA DE ASSuNTOS ESTRATégICOS DA PRESIDêNCIA DA REPúBLICA, MINISTRO gILBERTO CARvALHO, DA SECRETARIA-gERAL DA PRESIDêNCIA DA REPúBLICA, E PEDRO PONTuAL, DIRETOR DE PARTICIPAçãO SOCIAL DA SECRETARIA NACIONAL DE ARTICuLAçãO SOCIAL DA SECRETARIA-gERAL DA PRESIDêNCIA

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importante recomendação para A Conferência, a de que é importante deflagrar e organizar processos que gerem planos de governo a serem implementados, monitorados e ava-liados, prevendo responsabilidades compartilhadas e que contemplem uma governança participativa em vá-rios níveis e com vários atores.

Para o presidente da Associa-ção Brasileira das Empresas de Tec-nologia em Identificação Digital (ABRID), Célio Ribeiro, os traba-lhos para a Rio+20 são essenciais para o uso de tecnologias sustentá-veis. “A tecnologia e seu uso de for-ma sustentável é fundamental para trabalharmos um futuro baseados nos pilares da Rio+20 de desenvol-vimento econômico, proteção am-biental e inclusão social”, ressaltou.

» HISTóRICOO Acordo para o Desenvolvi-

mento Sustentável foi entregue, em 2011, à presidenta Dilma Rousseff e à Comissão Nacional da Conferên-cia Rio+20. Ele é resultado do diálo-go social coordenado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), com a participação de mais de 70 instituições, e contri-buiu para o documento brasileiro enviado à ONU para preparação do documento inicial da Conferência Rio+20. O “Esboço Zero” é um docu-mento coletivo que traz as contribui-ções nacionais de todos os estados membros como proposta inicial para o texto a ser adotado na Rio+20. Este documento coloca a educação como área prioritária de atuação.

Os Diálogos Sociais: Rumo à Rio+20, realizados pelo CDES em

parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República, são uma série de eventos que visam discutir temas contidos no Acordo para o Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de aprofundar os consen-sos que farão parte da contribuição brasileira durante a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) – Rio+20 - , em junho de 2012, no Rio de Janeiro. As diversas edições dos Diálogos Sociais trata-ram de temas como a importância da sociedade civil para a segurança alimentar e nutricional, as agendas nacionais de desenvolvimento sus-tentável e educação. A ABRID foi uma das instituições apoiadoras dos Diálogos.

• Fortalecer o papel do Estado como indutor do desenvolvi-mento, através do investimento em políticas integradas de sus-tentabilidade, administração dos recursos políticos e econô-micos, além de cumprir o mar-co regulatório ambiental.

• Gerar oportunidades de tra-balho e garantir educação profissional e avaliação do impacto dos projetos e obras de adaptação e mitigação do clima, contribuindo também com a geração de empregos e o fortalecimento dos órgãos envolvidos na gestão dessas políticas.

• Promover a ampliação de mer-cados locais, incentivando o

empreendedorismo, o associa-tivismo, o cooperativismo, a economia solidária e o extrati-vismo sustentável.

• Incentivar o desenvolvimento regional e local, por meio de planos territoriais locais, solu-ções apropriadas e políticas in-tegradas de inclusão social e de sustentabilidade.

• Investir em ações para a preser-vação, recuperação e conserva-ção dos recursos naturais, com o objetivo de melhorar a qua-lidade ambiental dos ecossiste-mas e reduzir o desmatamento.

• Implementar políticas e ações que promovam a redução das desigualdades de raça, etnias e

gênero, viabilizando a inserção plena de comunidades tradi-cionais, como os indígenas e os pescadores artesanais, no processo de desenvolvimento sustentável.

• Desenvolver e incentivar pa-drões de produção e consumo mais sustentáveis.

• Promover práticas e tecnologias agrícolas destinadas à conserva-ção dos recursos naturais, agro-ecologia e priorizar políticas públicas para erradicar a fome e a pobreza.

• Fomentar a articulação entre governos e sociedade civil para garantir a eficácia do desenvol-vimento sustentável.

entRe Os pRIncIpaIs pOntOs apResentaDOs nO acORDO paRa O DesenVOlVImentO sustentáVel, estãO Os seguIntes Itens:

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Esperamos que a Rio+20 seja um grande acontecimento mundial, com desenvolvimento

da prática do desenvolvimento sustentável e não apenas um evento governamental, mas uma

soma do governo com a sociedade.”Gilberto Carvalho – Ministro-chefe

da Secretaria-Geral da Presidência da República

O Brasil já pode dar um exemplo, na última década ele teve avanços significativos na inclusão social e no desenvolvimento sustentável. A Rio+ 20 é um importante espaço para o debate sobre o crescimento brasileiro com inclusão e preservação.”Moreira Franco - Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

É importante trabalharmos por um desenvolvimento econômico com qualidade

de vida para a população. Incluir o tema da sustentabilidade na agenda pública, da

sociedade e das empresas com responsabilidade socioambiental. E é importante termos indicadores para avaliar os resultados.”

Tânia Bacelar - conselheira do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e professora da Universidade Federal de

Pernambuco

Temos uma grande responsabilidade em construirmos um documento que possa contribuir com uma convergência política, econômica e social em torno da sustentabilidade ambiental para um dos eventos mais significativos do início desta década.”Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

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Nós da sociedade civil temos um momento ímpar de dizer qual é este novo mundo que é possível para

todos. É importante construir uma base ampla de atuação da sociedade civil para contribuir de forma

crítica para esse novo modelo de desenvolvimento, temos que saber para onde vamos."

Moema Miranda, membro do Comitê Facilitador da Sociedade Civil para Rio +20 e

diretora do IBASE

Os setores sociais são de grande importância no debate para a construção desse documento do Acordo do Desenvolvimento Sustentável. É importante sair da Rio+20 com os objetivos do milênio definidos e

que tenhamos o apoio e a fiscalização da sociedade no cumprimento desses objetivos. Entre eles temos que ter

crescimento econômico com inclusão social."Artur Henrique Silva Santos, conselheiro do

Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e presidente da Central Única dos

Trabalhadores

Eu sou partidário da economia verde, tenho a convicção que nosso desafio é organizar as dinâmicas econômicas, tecnológicas e sociais de maneira que possamos chegar a um modelo de desenvolvimento sustentável com apoio de todos. Temos que pensar em uma conferência mundial em torno dos objetivos do milênio com uma agenda de desenvolvimento sustentável."Rodrigo Loures, conselheiro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, presidente da Nutrimental e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria

FOTOS: wEnDERSOn ARAújO

BRASIl SUSTENTÁVEl

Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência

da República, ressalta que, com ajuda da sociedade civil

organizada, o país tem muitas contribuições a oferecer

durante a Rio+20

entReVIsta

Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência

da República, ressalta que, com ajuda da sociedade civil

organizada, o país tem muitas contribuições a oferecer

durante a Rio+20

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O Brasil está pronto para ser protagonista do de-senvolvimento susten-tável nos debates

da Rio+20, conferência das Na-ções Unidas sobre o tema que acontece no Rio de Janeiro de 20 a 22 de junho. A garantia é do ministro-chefe da Secretaria--Geral da Presidência da Repú-blica, Gilberto Carvalho, que falou à idigital com exclusivida-de sobre o evento e também a respeito dos avanços registrados no Brasil nos últimos anos.

Gilberto Carvalho está no Palácio do Planalto desde o primeiro mandado do ex--presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem chefiou o gabinete pessoal por oito anos. Agora, com a presidenta Dil-ma Rousseff, Carvalho coordena a Secretaria-Geral e é uma espécie de braço direito da presidenta.

Paranaense de Londrina, Gilber-to Carvalho é formado em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná e estudou Teologia por três anos no Studium Theologicum de Curitiba. Trabalhou como soldador de 1975 a 1984, em fábricas em Curitiba e no ABC paulista. Militou na Pas-toral Operária Nacional, ligada à Igreja Católica, entidade da qual foi secretário-geral entre 1985 e 1986. Homem de partido, exerceu vários cargos no PT, como presidente do Diretório no Paraná, secretário na-cional de Formação Política e secre-tário-geral nacional.

Idigital: O governo está fortemente empenhado em ampliar o debate sobre o desenvolvimento sustentável como forma de preparação para a Rio+20. O Brasil vai chegar com boas contribuições para o encontro do Rio?

Gilberto Carvalho: A Rio+20 cons-

titui uma ocasião para o Brasil afirmar sua posição de referência na discus-são sobre desenvolvimento sustentá-

vel. Tendo em conta que a Rio+20 não vai focar somente nas questões do meio ambiente, mas vai tratar do desenvolvimento sustentável em seus três pilares: social, ambiental e eco-nômico, estamos construindo junto com a Comissão Nacional para a Rio+20 – colegiado composto pela sociedade civil, academia, governo e

movimentos sociais –, com o Con-selho de Desenvolvimento Econô-mico e Social da Presidência da Re-

pública e com a sociedade civil organizada, as contribuições nacionais para o documento oficial da Conferência. Nesse sentido, como subsídios para a Conferência, o Brasil tem a apresentar os avanços nas po-líticas públicas de desenvolvi-mento social, como provam as bem sucedidas experiências nos oito anos do governo Lula e no primeiro ano da presidenta Dilma, quando a atuação for-te e decisiva da sociedade nos auxiliou na elaboração de uma agenda que busca eliminar as desigualdades e promover o desenvolvimento sustentável.

id: Nestes 20 anos, desde a Eco-92, que balanço pode ser feito em relação ao desenvolvimento sustentável? O mundo, e o Brasil especificamente, evoluiu nesta área no espaço de tempo entre as duas conferências?

GC: Muita coisa mudou desde a Conferência em 1992. Tivemos mu-

“a RIO+20 tem tuDO paRa seR um maRcO hIstóRIcO

nas DIscussões sOBRe DesenVOlVImentO.

pOR nãO teR caRáteR legIslatIVO, mas DelIBeRatIVO, a

cOnfeRêncIa É VOltaDa paRa a OBtençãO De

ResultaDOs pRátIcOs”

entReVIsta : gIlBeRtO caRValhO

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danças nas relações entre os Estados, mudança na relação entre as pessoas e mudanças nos meios de produção, distribuição e consumo. As crises nos permitem recolocar com força a ideia de que as soluções passam por estratégias de longo prazo, nas quais o protagonismo do Estado é muito importante. Hoje, o Brasil vive outro patamar em relação há 20 anos. O país tem muito a dialogar com os outros Estados, assim como, demonstrar experiências bem suce-didas no que se refere ao desafio de superar as desigualdades e distribuir renda. Portanto, precisamos explorar o nosso protagonismo no desenvol-vimento sustentável. Na última dé-cada, o país foi palco de um processo democrático que é parte constitutiva do desenvolvimento sustentável. Foi nesses 10 anos que obtivemos uma geração recorde de empregos, a as-censão social para a classe média de 31 milhões de brasileiros, a adoção de uma política externa altiva e sobe-rana, com destaque para as políticas de eliminação das desigualdades, in-clusão social e emancipação cultural dos povos, entre outros.

id: E para a Rio+20, que tipo de resultados podem ser esperados?

GC: A Rio+20 tem tudo para ser um marco histórico nas discussões sobre desenvolvimento. Por não ter caráter legislativo, mas deliberativo, a Con-ferência é voltada para a obtenção de resultados práticos. Além disso, é esperado que a mobilização de em-presas, organizações e movimentos

sociais também possa auxiliar na constituição de resultados positivos e práticos. O debate sobre este “novo desenvolvimento” não poderá deixar de abordar a dimensão democráti-ca, presente nos três conhecidos pilares do desenvolvimen-to sustentável. Por ser rara e ambiciosa, podem sair da Con-ferência estratégias de monitoramento, com indicadores, do desenvolvimen-to sustentável, ou seja, reforçar outra métrica para a afe-rição do desenvol-vimento, com foco na sustentabilidade. Os compromissos assumidos a partir da Rio+20 serão tanto mais efetivos na medida em que a participação da sociedade for con-siderada como um elemento central de todo o processo, seja na elaboração dos acordos a serem aprovados, seja no controle social e acompanhamen-to de sua execução.

id: A ABRID também está inserida nos debates da Rio+20. A Associação apoiou uma série de Diálogos Nacionais em preparação à conferência. A sociedade organizada tem um

papel a cumprir em um evento com a Rio+20?

GC: Compreendemos a participação social como parte integrante do con-

ceito de desenvolvi-mento sustentável. É neste cenário que a sociedade civil or-ganizada tem uma importância mais do que fundamen-tal. A Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, evento organizado pela sociedade civil global, e que acon-tecerá paralelamente à Rio+20, é um es-paço onde a socie-dade demonstrará, assim como há 20 anos, os seus anseios e suas propostas para a consolidação de um mundo me-lhor. O Brasil está consciente de que o crescente engaja-mento da sociedade

civil nas discussões a serem apresen-tadas na Rio+20 é fundamental para que o conceito de desenvolvimento sustentável ganhe maior densida-de. Para tanto, o governo brasileiro realizará, juntamente com a ONU, durante a Conferência, diálogos com a sociedade civil. Este será um espaço voltado para a interação en-tre diversos atores da sociedade civil, com destaque para personalidades internacionais de notório saber. Des-tes debates serão indicados relatores para encaminhar as considerações da sociedade civil aos chefes de Estado. Tão importante quanto a participa-ção do governo é a pressão e a par-ticipação da sociedade na discussão sobre o tipo de desenvolvimento que vamos ter no mundo. É nesse ce-

as cRIses nOs peRmItem

RecOlOcaR cOm fORça a IDeIa De que as sOluções passam pOR

estRatÉgIas De lOngO pRaZO, nas quaIs O

pROtagOnIsmO DO estaDO

É muItO ImpORtante”

“tãO ImpORtante quantO a paRtIcIpaçãO DO gOVeRnO É a pRessãO e a paRtIcIpaçãO Da sOcIeDaDe na DIscussãO sOBRe O tIpO De DesenVOlVImentO que VamOs teR nO munDO”

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nário, que a nossa expectativa é que a Rio +20 possa ser o maior evento com participação social já realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para que isso se torne reali-dade, estamos de braços dados, gover-no e sociedade, no esforço para que a Conferência seja bem sucedida.

Id: Dentro dos Diálogos Nacionais Rumo à Rio+20, um tema preponderante é a questão da economia verde – um conceito que envolve a atuação coordenada com base no tripé social-ambiental-econômico para trabalhar pela erradicação da pobreza. De que forma o governo vê o movimento em prol da economia verde?

GC: O governo brasileiro pretende aproveitar os debates da Rio+20 para destacar, como alternativa mundial, o desenvolvimento da economia ver-de por meio de incentivos à melhoria da qualidade de vida das populações, erradicando a pobreza e estimulando a sustentabilidade. Essa alternativa deve ser associada aos programas de transferência de renda, como os ado-tados no país, e aos números positi-vos da economia nacional. A econo-mia verde inclusiva deve contribuir para a diminuição das desigualdades, gerar empregos dignos, promover o uso sustentável dos recursos naturais e a inovação tecnológica.

Id: Uma das iniciativas que pode efetivamente contribuir para a economia verde é a chamada desmaterialização, ou despapelização, dos processos. A certificação digital tem uma função importantíssima nesse processo e já é amplamente usada pelo governo, instituições e empresas. O cidadão comum, porém, em geral desconhece a questão. Como a certificação digital pode ser popularizada?

GC: O Comitê Nacional de Orga-nização (CNO), órgão do governo responsável pela questão logística da Conferência, em conjunto com a ONU, está empenhado em garantir que a Rio+20 seja uma Conferência

com baixo uso de papel. Para que isso se torne possível, os pavilhões, salas de discussões e tendas terão pontos de acesso à internet e fer-ramentas tecnológicas e interativas para distribuição de informações e conteúdos. Em relação à certifica-ção digital, outros órgãos do gover-no, como o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, podem oferecer uma melhor resposta sobre este assunto.

Id: Para finalizar, o Brasil apresentou uma mudança considerável no perfil da sociedade nos últimos anos, com a redução da pobreza extrema e o aumento da classe média. Que avaliação o senhor faz das transformações vividas nos últimos dez anos no país e, dentro desse contexto de mudança social, como a tecnologia pode ajudar na construção de uma sociedade melhor?

GC: A evolução no Brasil nas últi-mas décadas se deve a uma modelo político democrático, que inclui um amplo diálogo com os mais diversos atores da sociedade civil, programas para redução da pobreza absoluta e a distribuição de renda. Hoje, o país vive um momento único, no qual tem a oportunidade de gerar novas ferramentas para diminuir as desigualdades. Somos uma nação rica e, por isso, precisamos trans-formar essa riqueza em indutora da inclusão, lidando com a questão da saúde, educação, inovação tecno-lógica e outros importantes temas. Devemos aproveitar essas caracte-rísticas para crescer e desenvolver com melhor qualidade ambiental e, com objetivos claros, fomentar o desenvolvimento sustentável inclu-sivo. Para tanto, o desenvolvimento tecnológico pode nos oferecer estra-tégias para a consolidação de uma sociedade mais justa e igualitária.

“a ecOnOmIa VeRDe InclusIVa DeVe cOntRIBuIR

paRa a DImInuIçãO Das DesIgualDaDes, geRaR empRegOs

DIgnOs, pROmOVeR O usO

sustentáVel DOs RecuRsOs

natuRaIs e a InOVaçãO

tecnOlógIca”

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CASOSe A r t i g O S

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Cada empresa tem uma his-

tória que reflete a forma única

encontrada por seus sócios, dire-

tores e funcionários na busca por so-

luções pela implantação de processos e

desenvolvimento de tecnologias. É a soma de um conjunto de

fatores que faz de cada empresa, cada grupo, cada corporação

um caso de sucesso. Resumir todas essas histórias em um úni-

co texto não seria justo para quem desenvolveu tudo isso, nem

para o leitor, que perderia conteúdo, a essência da história e a

oportunidade de apreender informações que podem provocar

mudanças, auxiliar na tomada de decisões, no planejamento do

futuro. É por isso que a revista idigital abre espaço para que as

associadas ABRID dividam seus casos de sucesso com você.

Boa leitura.

3m

RESUMOA área de Inteligência em Segurança da

3M recentemente ajudou o Panamá a dar iní-cio à produção da nova carteira de Identidade Nacional. Para essa empreitada, a 3M criou um novo centro de facilidades no Panamá, incluindo todos os equipamentos necessários e está fornecendo os materiais para produzir meio milhão de carteiras por ano. A tecno-logia adotada para as Carteiras Nacionais do Panamá foi o Color Floating Image, uma tec-nologia 3M que consiste em um dispositivo ótico variável (OVD) que oferece um alto ní-vel de segurança visual (overt) e pericial (co-vert). A Lâmina de Segurança 3M Color Flo-ating Image é uma imagem personalizada que aparece flutuando acima e abaixo da superfície do documento, pode incorporar uma ou duas linhas de cores no gráfico personalizadas, ofe-rece uma combinação de design personalizado desses recursos e pode fornecer recursos peri-ciais e forenses numa base confidencial.

PALAVRAS-CHAVELâmina de Segurança, 3M Color Floating

Image, Segurança Pericial, Teslin, Forenses e Floating.

ABSTRACT3M Security Systems Division recen-

tly helped the country of Panama begin production of a new national ID card. For this undertaking, 3M created a new centralized personalization facility in Pa-nama, including all necessary equipment, and is providing the materials to produce half a million cards per year. The tech-nology adopted for the Panamá national ID card was 3M Color Floating Image, an optically variable device (OVD) that offers a high level of overt and covert secu-rity. The 3M™ Color Floating Image Secu-rity Laminate is a customized image that appears to “float” above and sink below the surface of the document, can incor-porate one- or two-color line art graphics, custom designed and offers a custom de-signed combination of these features, and can provide covert and forensic features on a confidential basis.

KEYWORDSSecurity Laminate, 3M™ Color Floa-

ting Image, overt and covert security, Tes-lin, forensic features , Floating.

lâMINA DE SEGURANçA

ElEVA PADRãO DA NOVA CARTEIRA

NACIONAl DO PANAMÁ

janeiro - fevereiro - março 2012 | 37

A Lâmina de Segurança 3M Color Floating Ima-ge está implantada na nova Carteira Nacional

do Panamá. A tecnologia é um dispo-sitivo ótico variável (OVD) que ofe-rece um alto nível de segurança visual (overt) e pericial (covert). A lâmina é ativada pelo calor e pode ser forneci-da em vários formatos para o uso com substrato base Teslin® ou compostos credenciais de identidade, melhoran-do as medidas de autenticação do do-cumento, enquanto ajuda a fornecer uma proteção durável e aumentando a evidência de violação.

A Lâmina de Segurança 3M Color Floating Image é uma ima-gem personalizada que aparece flutuando acima e abaixo da su-perfície do documento. A imagem pode incorporar uma ou duas co-res nas linhas dos gráficos perso-nalizados. Essa forte característica de cobertura ajuda os primeiros inspetores a verificarem os do-cumentos de forma fácil e rápida sem a utilização de ferramentas especiais. Além disso, a alta clari-dade da lâmina permite a visibili-dade de impressões de segurança e fotografias no documento.

As características periciais de segurança incluem um microtexto cinético, no qual é incorporado os recursos evidentes do Color Floating Image, e pode ser visto sobre uma ampliação de 10x. A característica retro refletiva também é incorpora-

da no Color Floating Image e pode ser vista sob foco de luz. Para uma camada adicional de segurança, a análise forense dos materiais com-ponentes pode ser realizada. A 3M oferece uma combinação de design personalizado desses recursos, e pode fornecer recursos periciais e forenses numa base confidencial.

Com essa tecnologia a área de Inteligência em Segurança da 3M re-centemente ajudou o Panamá a dar inicio à produção da nova carteira de Identidade Nacional. Para essa empreitada, a 3M criou um novo centro de facilidades no Panamá, incluindo todos os equipamentos necessários e está fornecendo os ma-teriais para produzir meio milhão de carteiras por ano. Como adicional à Carteira de Identidade Nacional, o Tribunal Eleitoral panamenho tam-bém contratou a área de Inteligência em Segurança da 3M para produzir as identidades de menores e de es-trangeiros. O Tribunal Eleitoral tem a opção de estender o contrato com a 3M de um ano para o ano de 2015.

Para produzir as carteiras, a área de Inteligência em Segurança da 3M imprimiu e entregou car-tões pré-impressos à base de ma-terial Teslin com uma série de re-cursos de impressão de segurança, sendo o mais notável a Lâmina de Segurança da 3M Color Floating Image. O Color Floating Image é uma imagem personalizada que se movimenta e parece flutuar acima e

abaixo da superfície do documento, além de suas características de segu-rança visual, pericial e forense - que são incorporadas dentro da lâmina para aumentar a autenticação e pro-teção do documento de falsificação. Guilloche, impressão arco-íris e mi-crotexto são também pré-impresso no cartão.

A nova facilidade de personaliza-ção centralizada implementada pela 3M no Panamá fornece a personali-zação de software 3M, impressoras, equipamentos de alta velocidade e laminador de corte certeiro. O novo sistema de facilidade e personaliza-ção ajuda a fornecer um processo mais rápido e de alta capacidade de produção de carteiras. O Tribunal Eleitoral do Panamá estima que esse novo sistema seja capaz de produ-zir aproximadamente 10 vezes mais carteiras que o sistema anterior. Isso permite que o Tribunal Eleitoral res-ponda mais rapidamente ao aumen-to global por carteiras de identidade nacional, fornecendo reposição de carteiras mais rápida, assim como a resposta para os picos de demanda que ocorrem durante as eleições e outros eventos nacionais.

A Área de Inteligência em Segu-rança da 3M tem suportado a per-sonalização de materiais e o sistema de equipamentos para a Carteira de Identidade Nacional do Panamá desde 2003. O magistrado vice-pre-sidente, Eduardo Valdés Escoferry, do Tribunal Eleitoral do Panamá, expressou confiança na 3M em criar essa nova solução de personalização: “a 3M tem sido confiável, um forne-cedor de longo prazo e suas avança-das tecnologias de segurança tem se provado para nós ao logo dos anos. Ter trazido essa nova tecnologia do Color Floating Image para as nossas carteiras de identidade nacional nos tornou capazes de aumentar o valor e a segurança dessas credenciais para os nossos cidadãos”.

POR WALDYR BEViLACqUA

casO / aRtIgO

38 | digital

ceRtIsIgn

RESUMOO Hospital Samaritano, em

São Paulo, integrou 2.500 fun-cionários no uso da Certificação Digital no Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), além da re-dução do volume de impressão e armazenamento, o hospital con-seguiu reduzir erros de grafia e compreensão no entendimento de documentações e laudos mé-dicos, seja por parte dos profis-sionais de saúde ou dos pacientes. O projeto aumentou a segurança dos registros dos pacientes, redu-ziu a necessidade de armazena-gem de documentos pelas depen-dências do hospital.

PALAVRAS-CHAVECertificação Digital, Pron-

tuário Eletrônico do Paciente e Assinatura Digital.

ABSTRACTHospital Samaritano, in São

Paulo, Brazil, has implemented the use of Digital Certificates and Digital Signatures on its Electro-nic Medical Record (EMR) system integrating its 2.500 employees. In addition to virtually eliminate printing and document storage of patients records, the hospital was able to reduce errors in spelling and comprehension of handwritten documentation and medical recor-ds, whether by health professionals or patients. The project increased the security of patient records and reduced the need for expensive and valuable physical space used for document storage in the hospital premises.

KEYWORDSDigital Certification, Electro-

nics Medical Records, and Digital Signature.

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Certisign, empresa espe-cializada no desenvol-vimento de soluções de certificação digital,

em parceria com a empresa E-VAL Tecnologia, desenvolve um projeto personalizado para implantação do certificado digital no Prontuário Ele-trônico do Paciente do Hospital Sa-maritano, em São Paulo.

Com um investimento de R$ 400 mil, a instituição pretende ter o retorno deste projeto em até 24 me-ses só com a redução de 500 mil fo-lhas de papeis que são impressas pelo hospital todo mês. A instituição in-tegrou 2.500 funcionários no uso da certificação digital no Prontuário Ele-trônico do Paciente (PEP), além da redução do volume de impressão e ar-

mazenamento, o hospital conseguiu reduzir erros de grafia e compreensão no entendimento de documentações e laudos médicos, seja por parte dos profissionais de saúde ou dos pacien-tes. O projeto aumentou a segurança dos registros dos pacientes, reduziu a necessidade de armazenagem de do-cumentos pelas dependências do hos-pital. Agora os documentos nascem eletronicamente e são armazenados eletronicamente. Tudo isso com a ga-rantia jurídica.

PRONTUÁRIO ElETRôNICO COM CERTIFICAçãO DIGITAl AGIlIzA ATENDIMENTO NO HOSPITAl SAMARITANO

POR FABiAnO LEiTE

casO / aRtIgO

40 | digital

Segundo Decio Tomaz, Diretor Comercial de Soluções Corporativas da Certisign, “a certificação digital é a solução para redução dos custos dos hospitais com aumento de segu-rança, tanto para o paciente como para os próprios hospitais além do aumento da produtividade do corpo clínico e facilidade de acesso às in-formações. Quando implantado o processo com certificação digital, são eliminados todos os esforços admi-nistrativos e os erros advindos do uso do prontuário em papel”, conclui.

Em 2010, o Hospital totalizou 1,495 milhão de atendimentos e tem como premissa que “tudo tem que nascer do ato da prescrição ele-trônica”. E atento a esse detalhe, a implantação do certificado digital no PEP foi realizada de uma ma-neira que contemplasse também os médicos eventuais ou os chamados de “internistas”, aqueles que prescre-vem em nome do médico, mas com

os seus próprios certificado digital e dados cadastrados no sistema.

Segundo o gerente executivo de TI do Hospital Samaritano, Klaiton Luis Ferreti Simão, “a instituição doou um certificado digital para cada profissional de saúde justa-mente para incentivar e disseminar de maneira mais rápida o uso da ferramenta. E, com isso, está sendo possível beneficiar todas as áreas do hospital”, afirma.

Klaiton explica também que o processo de certificação digital é parte de um projeto de investimentos em novas tecnologias que o hospital tem feito nos últimos anos. “Hoje, o pa-ciente já pode levar para casa a resso-nância em um CD ou obter os resul-tados dos exames pela Internet. Além disso, já estamos normatizados com as exigências do TISS (Troca de Infor-mações em Saúde Suplementar) no que diz respeito a aplicação do PEP. Todo esse investimento também tem um

retorno muito rápido, porque agiliza e reduz o tempo gasto com burocra-cias internas”, afirma.

Em 2010, por exemplo, foram contabilizadas 14.500 internações, 11.141 cirurgias e partos, 135.271 atendimentos de emergência, 1.334.654 de exames realizados e um total de 4.959 pacientes atendi-dos por dia. E esse processo de infor-

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matização, investimentos em novas tecnologias, ampliações e instalações também têm contribuído para que o Samaritano receba, a cada dois anos, a retificação do selo de qualidade da Joint Comission International (JCI).

A entidade JCI é uma organiza-ção de acreditação mundial de hospi-tais e laboratórios e uma das exigên-cias para que as instituições tenham o selo é justamente a implantação de um nível elevado de informatização dos processos.

» DESAFIOSMesmo tendo o apoio de equi-

pes médicas para que o projeto fosse aprovado internamente, após o início da implantação da tecnologia, ainda houve algumas resistências. De acor-do com Klaiton, muitos profissio-nais criticavam a lentidão para que os processos fossem logo concluídos. “Enfrentamos esse problema porque criamos uma estrutura de segurança que nos exigia muitas ferramentas de tecnologia que ainda não estavam disponíveis no mercado”, diz.

E para dar esse suporte aos mé-dicos, o executivo do hospital refor-ça que foi criado também, com esse novo sistema, um plantão na área de TI. “A qualquer momento um profis-sional de saúde pode ir à área de TI solicitar auxílio para a utilização de um dos sistemas do hospital ou ainda

para solucionar problemas na rede”, detalha o executivo de TI do hospital.

Além disso, o executivo destaca que a percepção do paciente ainda é baixa sobre o projeto. “Ele nor-malmente vai perceber a diferença a partir da segunda vez que retorna ao hospital, pois não haverá mais pilhas de papel na mesa do médico e o histórico dele estará no compu-tador, dentro do sistema”, explica. E como todas as áreas da instituição já utilizam a certificação digital em seus processos, independente do se-tor que a pessoa tenha sido atendida, haverá seu histórico consolidado em apenas um espaço para que qualquer profissional tenha acesso.

Outra parceira deste projeto é a E-VAL, que foi responsável por fornecer os módulos de assinatura que estão integrados no sistema de Prontuário Eletrônico do Paciente, o Tasy, com o qual permitiu a obten-ção de uma certificação de Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS-2) do processo de certificação de siste-mas de registro eletrônico em Saúde (S-RES) pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).

Por sua vez, o Módulo de Assi-natura Digital e Certificação em Saú-de (MADICS), da E-VAL, contem-pla todos os requisitos exigidos no processo de certificação SBIS/CFM

(Conselho Federal de Medicina) em forma de serviços, o que facilita o processo de integração com os siste-mas de PEP. Além disso, o MADICS oferece estabilidade, alto desempe-nho, interoperabilidade com uma gama diversa de dispositivos, e garan-tias de constantes atualizações, tanto regulatórias quanto tecnológicas.

Segundo Luis Gustavo Kiatake, Diretor da E-VAL, o projeto do Hospital Samaritano vem consoli-dar o uso da certificação digital em áreas distintas dentro de um hospi-tal desse porte. “Esse projeto pos-sibilita avaliar ganhos, desafios e, dado seu pioneirismo, as melhorias necessárias nos sistemas e processos. É uma grande contribuição ao futu-ro da eliminação do uso do papel da saúde”, conclui.

sOBRe O autORFabiano Leite é formado em Co-

municação Social Publicidade e Pro-paganda pela UNISA, com especia-lização em Marketing de Relaciona-mento pela ESPM e pós-graduado em Gestão de Marketing de Serviços pela FAAP. Com nove anos de experiência em TI e passagens por empresas como Citrix e CNT Brasil, desde 2009 é responsável por Marketing de Produtos da Certisign.

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gD BuRtI

RESUMOEm um mundo onde a

busca por segurança tornou--se um tema do nosso coti-diano, utilizar documentos eletrônicos para proteger as informações dos usuários é de fundamental importância para o alcance desta meta.

PALAVRAS-CHAVECarteira de motorista ele-

trônica, moderna, verificação móvel, ágil, segura.

ABSTRACTIn a wolrd where security

became a day to day target, the usage of eletronic documents in order to protect citizens identity is the key to achiving it.

KEYWORDSEletronic drive license, mo-

dern, mobile verification, agile, safe.

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Com a adoção da tecnolo-gia de cartão inteligente para carteiras de moto-rista, a segurança e pro-

teção contra falsificações podem ser aprimoradas. Como as pessoas estão viajando cada vez mais, a utilização das carteiras de motorista no exterior está aumentando. Para ser possível a verificação mundial da autenticidade das carteiras de motorista estrangei-ras, estas precisam seguir um deter-minado padrão comum.

Até agora, isso não foi alcança-do. Atualmente, só na União Euro-peia, há cerca de 110 tipos diferentes de carteira de motorista em uso. Em nível mundial, a variedade é muitas vezes maior. Os problemas resultantes são descritos com exatidão no preâm-bulo da EU Directive 2006/126/EC a respeito das carteiras de motorista, em 20 de dezembro de 2006: “Isso cria problemas de transparência para os cidadãos, para a polícia e para a administração responsável pela gestão das carteiras de motorista, levando à

falsificação de documentos que, às vezes, remontam a diversas décadas”. A título de exemplo: uma carteira de papel com uma fotografia grampeada é válida até 2033.

Por muitos anos, o governo, os setores interessados e as entidades de padronização têm procurado su-perar esse problema harmonizando carteiras de motorista em diferentes jurisdições. Embora a diretriz acima mencionada (2006/126/EC) tenha ajudado a padronizar as carteiras na União Europeia, iniciativas consi-deráveis estão agora sendo feitas sob os auspícios da International Orga-nization for Standardization (ISO - Organização Internacional para Padronização) e International Elec-trotechnical Commission (IEC – Comissão Internacional Eletrotéc-nica) para a criação de uma norma mundial para carteiras de motorista eletrônicas. Essas especificações es-tão formuladas na norma ISSO/IEC 18013, a maior parte das quais já foram ratificadas.

» NORMA gLOBAL PARA CARTEIRA DE MOTORISTA ELETRôNICA

A norma ISO/IEC 18013 define um documento de identidade que pode servir como habilitação inter-nacional e doméstica. A carteira de motorista compatível com a norma ISO possui um formato ID-1 e ar-mazena dados pessoais e do veículo de forma legível tanto para pessoas como para máquinas.

Até agora, a norma inclui qua-tro partes distintas. A Parte 1 define as características físicas e o conjunto de dados básicos, por exemplo, de-talhes pessoais e categorias de veícu-los. A Parte 2 enfoca as tecnologias legíveis por máquinas, enquanto a Parte 3 aborda recursos eletrônicos de segurança. Entre esses recursos de segurança, incluem-se a verifi-cação da integridade dos dados e os mecanismos para o controle de acesso aos dados do chip. A Parte 4 da norma ISO/IEC 18013 trata dos métodos de teste empregados para verificar a conformidade de uma habilitação com as tecnologias de-finidas nas partes 2 e 3.

O FUTURO DA CARTEIRA DE MOTORISTA ElETRôNICAPOR ingO LiERSCH

casO / aRtIgO

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» BENEFíCIOS DE uMA CARTEIRA DE MOTORISTA INTELIgENTE

Uma carteira de motorista inte-ligente com padronização mundial não só melhorará a segurança e pro-teção dos dados contra falsificações, como também aumentará o escopo das futuras aplicações. Como em relação aos passaportes eletrônicos, onde os dados pessoais são arma-zenados num microchip que está integrado no documento e podem ser verificados por entidades auto-rizadas, é possível expandir e apri-morar a carteira de motorista legível por máquina adicionando um mi-croprocessador integrado. Esse chip pode ser utilizado para armazenar não só os detalhes do proprietário da habilitação e os dados biométricos opcionais (por exemplo, impressões digitais), como também as categorias de veículos que o portador tem per-missão para dirigir.

Essa solução possui diversos be-nefícios:• Maior proteção contra falsifica-

ções: ao armazenar dados pesso-ais e categorias de veículos num chip integrado, é quase impossí-vel falsificar a habilitação. O chip

é protegido: a) restringindo-se o acesso para impedir a modifica-ção dos dados, e b) verificando--se a integridade dos dados por meio da assinatura digital. Essas medidas são uma maneira con-fiável de impedir mudanças não autorizadas, tal como a adição de uma categoria de veículo.

• A possibilidade de proteção dos dados: com a tecnologia digital, pode-se especificar quem está au-torizado a acessar quais grupos de dados. A polícia e os órgãos de registro, por exemplo, podem re-ceber um conjunto de direitos de acesso, enquanto as locadoras de veículos recebem outro. O acesso a dados biométricos será negado às locadoras.

• A possibilidade de utilização da carteira de motorista como pro-va de identidade: a habilitação eletrônica utiliza alto nível de segurança para armazenar dados pessoais e biométricos, sendo, portanto, adequada como alter-nativa às carteiras de identidade

convencionais. Diversos pa-íses já tiram proveito dessa capacidade dupla. Portanto, é importante que a cartei-ra de motorista eletrônica observe as mesmas normas de segurança da carteira de identidade eletrônica. Uma habilitação eletrônica que se duplica como carteira de identidade abre novas possibilidades que excedem muito as de uma carteira de motorista convencional. Entre as possíveis aplica-ções, incluem-se o uso como documento de viagem e como token de autenticação em interações de governo eletrônico.

» CHIP SEM CONTATO é O PREFERIDO

A norma ISO/IEC abrange di-versas tecnologias que facilitam a lei-tura por máquina: códigos de barra unidimensionais e bidimensionais, tarjas magnéticas, meios de armaze-namento óptico, chips com contato e chips sem contato. Num exame mais apurado, o chip sem contato oferece as maiores vantagens.

Enquanto os códigos de barra possuem capacidade de armazena-mento muito baixa devido a suas li-mitações, o mesmo não pode ser dito em relação aos meios ópticos ou aos chips com contato ou sem contato, que são capazes de armazenar quanti-dades de dados muito maiores.

Em comparação com os meios ópticos e os chips com contato, os argumentos em favor do chip sem contato são convincentes. Um chip sem contato oferece liberdade muito maior para os designers de cartão, já que nenhum espaço é requerido para um módulo de chip ou um meio óp-tico. Como os dados do chip podem ser acessados sem contato físico dire-

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to com o leitor e numa distância de até 10 centímetros, pode-se integrar o chip em qualquer lugar dentro do substrato do cartão. Ao contrário dos cartões com chips com contato, os cartões com chips sem contato não precisam ser inseridos num leitor e, portanto, são muito menos suscetí-veis ao desgaste. Em consequência, têm muito menos probabilidade de apresentar falhas no uso cotidiano do que os cartões equivalentes com chip com contato. Em geral, portan-to, podemos esperar que os cartões com chips sem contato tenham uma vida útil maior.

Uma consideração final para ter-mos em mente é o maior conforto e conveniência proporcionados por um cartão com chip sem contato. As locadoras de veículos, por exem-plo, podem automatizar o processo de entrega da chave a um cliente no momento da locação de um carro. Se o cliente tiver uma carteira de moto-rista eletrônica com chip sem conta-to, ele poderá abrir o dispensador de chaves posicionando sua habilitação sobre o leitor. A carteira de motorista não precisa ser inserida num disposi-tivo e fica de posse do cliente todo o tempo. Em consequência, não exis-te o risco de danificar a habilitação dentro de um leitor defeituoso; um problema associado há muito tempo com os cartões convencionais com chip com contato.

» CONTROLE DE ACESSO COM DADOS DA MRz

A norma ISO/IEC 18013 define um protocolo seguro de transmissão de mensagens denominado Basic Ac-cess Protection (BAP – Proteção Bá-sica de Acesso), que protege os dados pessoais no cartão contra acesso não autorizado e cria um canal seguro de comunicações entre o leitor e o chip. O protocolo utiliza dados impressos sobre a carteira de motorista para confirmar o acesso físico ao docu-

mento. Se o processo de autorização for concluído com sucesso, um canal seguro de comunicações será estabe-lecido entre o leitor e o chip. O canal assegura que os dados trocados entre o leitor e o chip nunca sejam inter-ceptados nem comprometidos.

A edição atual da norma ISO/IEC 18013 proporciona uma cartei-ra de motorista eletrônica com uma zona legível por máquina (MRZ) de uma única linha, sobre a qual o país emissor pode utilizar as posições de 2 a 29 para armazenar quaisquer tipos de dados. Esses dados são passados por um determinado algoritmo para gerar uma chave, a qual o leitor en-tão verifica em relação à chave sobre o chip. Se as chaves forem idênticas, o leitor terá permissão para acessar os dados sobre o chip, e um canal seguro de comunicações será estabelecido.

Seria útil adotar uma norma uniforme para todos os documen-tos eletrônicos emitidos pelo estado (carteiras de identidade, passaportes e carteiras de motorista), para que possam ser lidos mediante um úni-co dispositivo.

Muitos anos já se passaram des-de que a International Civil Aviation Organization (ICAO), o órgão res-ponsável pela padronização mundial dos documentos de viagem legíveis por máquina, incorporou um pro-cesso similar no protocolo BAP em sua norma técnica pertinente (ICAO Doc 9303). Atualmente, cerca de 170 países são membros da ICAO e, portanto, têm o compromisso de in-troduzir passaportes legíveis por má-quina compatíveis à norma ICAO ou já fizeram isso. No entanto, não há a obrigatoriedade de integrar o chip no passaporte.

Para proteger os dados do chip do passaporte eletrônico contra aces-so não autorizado, a norma ICAO especifica o protocolo BAC como mecanismo opcional de segurança. Embora o BAC não seja obrigatório

conforme a norma ICAO, todos os países que já adotaram o passaporte eletrônico fizeram isso com o BAC.

Como em relação ao BAP, o pro-tocolo BAC utiliza dados impressos fisicamente sobre a superfície do cartão como parte do protocolo de acesso. No entanto, há uma diferen-ça nas especificações da MRZ entre as normas ICAO e ISO. Enquanto a norma ICAO define uma MRZ de três linhas para documentos ID-1 (contendo o número do documento, a data de nascimento do portador e a data de validade), a norma ISO 18013 especifica uma MRZ de uma única linha. É admissível supor que os designers de cartões gostariam de ter o máximo de espaço possível para listar as categorias de veículos.

Diversos países já desenvolveram infraestrutura de leitor compatível com o protocolo BAC para dados de chips de passaporte eletrônico. Em vez de instalar dispositivos adicionais compatíveis com o protocolo BAP para permitir que a polícia e os ór-gãos de segurança acessem dados de carteiras de motorista eletrônicas de acordo com a norma ISO, faria sen-tido utilizar a infraestrutura existen-te de passaportes conforme normas ICAO. Dessa maneira, a necessidade de investir em novos leitores para carteiras de motorista eletrônicas se reduziria muito ou até seria elimina-da. Em consequência, alguns países podem ser estimulados a acelerar a introdução de carteiras de motorista conforme a norma ISO.

Veremos que aspectos serão de-finidos nas futuras diretrizes e quais dos protocolos discutidos nesse ar-tigo serão utilizados mundialmente algum dia.

sOBRe O autORIngo Liersch é diretor de Marke-

ting de segmento, divisão de governo, da Giesecke & Devrient

46 | digital

gemaltO

RESUMOA fraude dentro da área da

saúde é um campo lucrativo, para o lucro ilícito é claro. Quase € 110 bilhões foram perdidos de-vido a erros e abusos na Europa em 2010. Nos Estados Unidos, algumas estimativas para 2003 eram tão elevadas que beiravam os US$ 170 bilhões. Nos últimos anos, surgiram três tendências perturbadoras - sistemas de frau-de organizada, exposição inten-cional da vida ao perigo para ob-ter ganhos financeiros e aumento do roubo de identidades.

PALAVRAS-CHAVESaúde eletrônica, desenvolvi-

mento, segurança, fraude, gover-no eletrônico.

ABSTRACTHealthcare fraud is a lucrative

field for illicit profit. Nearly €110 billion was lost to errors and abuses in Europe in 2010. In the United States, some estimates for 2003 are as high as $170 billion. In recent years, three disturbing trends have emerged—organized fraud sche-mes, intentional endangerment of life for financial gain, and an in-crease in identity theft.

KEYWORDSe-Health, development, securi-

ty, fraud, e-government.

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A fraude dentro da área da saúde é um campo lucrativo, para o lucro ilícito é claro. Quase €

110 bilhões foram perdidos devido a erros e abusos na Europa em 2010. Nos Estados Unidos, algumas esti-mativas para 2003 eram tão elevadas que beiravam os US$ 170 bilhões. Nos últimos anos, surgiram três ten-dências perturbadoras - sistemas de fraude organizada, exposição inten-

cional da vida ao perigo para obter ganhos financeiros e aumento do roubo de identidades.

A resposta para combater este problema crescente e dispendioso está em uma abordagem abrangen-te, que enfatiza o uso otimizado das Tecnologias da Informação (TI). Estas tecnologias são indispensáveis para melhorar a Tecnologia de In-formação da Saúde (TIS), sendo es-pecialmente eficazes para impedir a

declaração falsa intencional, captura de informações incorretas e paga-mento de benefícios não autoriza-dos. A gestão abrangente de fraudes compreende todos os aspectos legais, técnicos e administrativos para diri-gir uma organização de saúde.

Os procedimentos sem papel, como os formulários de pedidos de indenização eletrônicos e a conserva-ção de registros em meio digital me-lhoram significativamente a qualida-de dos dados médicos, protegendo a confidencialidade e os direitos dos requerentes. Quando combinadas

SAúDE ElETRôNICA: MElHORES PRÁTICAS EM PREVENçãO A FRAUDES

YOLAnDA VARUHAKi

casO / aRtIgO

48 | digital

com as capacidades de autenticação confiáveis da identificação de cartão com microchip, estas tecnologias robustas podem atacar o cerne dos mecanismos da fraude - muitas ve-zes com investimentos mínimos em infraestrutura e sem mudanças prin-cipais para pacientes e profissionais de saúde.

» ANALISE O SuCESSO DE OuTROS PAíSES

Muitas lições podem ser apren-didas a partir do sucesso de outros países. A França  tem uma forte es-trutura de banco de dados de longo prazo devido à implantação da iden-tificação com cartão com chip. Isto é evidenciado pelos fundos recupe-rados pelas autoridades desde 2007. Considerado por muitos como um país na vanguarda das melhores práti-cas na Europa, o sistema de saúde da

Eslovênia apresenta administração centralizada e autenticação baseada em cartão com chip. E na Argélia, as autoridades colocaram um fim à frau-de organizada que envolvia pacientes e profissionais da saúde ao implemen-tar um contador de gastos que verifica o limite de gastos.

» INSTALE uM óRgãO CENTRAL PARA ADMINISTRAR O SISTEMA COMO uM TODO

As organizações de saúde bem sucedidas na implantação de um sistema de TIS normalmente insta-lam, de forma rápida e eficiente, um órgão central para gerir a adminis-tração e a manutenção de registros. Este corpo central coordena todos os assuntos legais, técnicos e proces-suais, assim como a implementação do sistema de TIS, resultados e orça-mento. A Eslovênia e a Argélia pos-

suem equipes de projeto dedicadas e responsáveis por implementar solu-ções completas.

Na Eslovênia, foi criada uma rede opera-cional para garantir o mais alto nível possível de acessibilidade de serviços para os segurados. A rede conta com 10 unidades regionais e 45 filiais para executar as operações.

Cada unidade regional

trata das operações dentro de um li-mite geográfico definido, enquanto as filiais dependentes atendem as co-munidades individuais. Uma unidade funcional autônoma supervisiona toda a TIS em todo o país.

» INFORMATIzE-SE PARA MELHORAR A quALIDADE DOS DADOS

A arma mais poderosa na luta contra erros e fraudes é o registro consistente de dados administrativos e médicos - que deve ser automati-zado sempre que possível. A fim de serem úteis e relevantes, os dados ar-mazenados em prontuários eletrôni-cos de saúde devem ser estruturados usando terminologia e semântica médicas consistentes. Eles  também devem ser prontamente acessíveis aos usuários.

O exaustivo banco de dados da França de procedimentos médicos contribuiu significativamente para uma gestão eficiente dos dados ad-ministrativos e gestão retrospectiva de fraudes eficaz. Em grande parte, isso se deve à prevalência de formu-lários eletrônicos - mais de 85% de todos os pedidos de indenização em 2011  eram eletrônicos. O sistema francês também classifica os procedi-mentos de saúde e as doenças. Isto permitiu o processamento dos pe-didos de indenização com base não apenas nos dados administrativos de faturamento, mas também no trata-mento e procedimentos prescritos.

» SIMPLIFIquE A gESTãO FuTuRA DE FRAuDES

A tecnologia de cartão com chip oferece meios particularmente efica-zes para monitorar processos. Nos sistemas de TIS, o poder da tecno-logia de cartão com chip pode ser aproveitado para monitorar os pedi-dos de indenização ao verificar o tipo de tratamento em questão, assim como a validade dos direitos, auten-

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ticação do titular do cartão, valores máximos cobrados e o número total de pedidos de indenização para um determinado período.

No atendimento voltado para o paciente, este monitoramento tam-bém pode servir para notificar os re-querentes através de alertas de e-mail ou SMS. Tal alerta poderia informar aos requerentes que seus cartões fo-ram usados - uma prática comum no setor bancário, usada para monitorar pagamentos internacionais. A ino-vação nesta área será provavelmente atingida ao focar nas relações com o cliente para redefinir o relaciona-mento entre as organizações de saú-de e os requerentes.

» FAçA COM quE A TECNOLOgIA DE CARTãO PROvOquE O CuMPRIMENTO DA LEI

Na opinião dos médicos fran-ceses, o combate à fraude é de res-ponsabilidade das autoridades da Sécurité Sociale ou da aplicação da lei, e não dos prestadores de serviços de saúde. De sua parte, os farmacêu-ticos não podem comunicar a frau-de porque estão limitados por uma obrigação legal e moral de confiden-cialidade.

A delegação desta tarefa à tec-nologia de cartão com chip resolve o dilema para os profissionais da saúde. Quando os parâmetros ele-trônicos indicam um risco de frau-de, a transação pode ser cancelada. Na  Argélia, o balcão de transação

suspende o cartão após a quarta con-sulta no período de uma semana. Para prosseguir com o tratamento, o prestador de serviço de saúde pode pedir  que o  paciente faça com que seu cartão seja verificado ou use um procedimento alternativo, tal como formulários de papel seguros.

» uSE O REgISTRO SEguRO CARA-A-CARA

Os direitos à cobertura de saúde de uma pessoa são baseados em sua identidade. A identificação positiva da identidade do requerente é, por-tanto, indispensável para confirmar o direito aos benefícios. Para garantir que a pessoa certa receba o cartão de saúde eletrônica, o registro deve ser feito pessoalmente. O procedimen-to deve exigir a apresentação de um comprovante de identidade aprova-do, tal como documento de viagem seguro.

Um meio seguro de identifica-ção é, também, essencial para or-ganizar os gastos da saúde, através da detecção e prevenção da fraude. Isto garante que o próprio sistema de saúde poderá ser financiado no longo prazo. O setor da saúde forma uma parte importante da sociedade no mundo todo e é até mesmo con-siderado como uma fundação para o desenvolvimento sustentável.

» APROvEITE A ExPERIêNCIA DOS PRINCIPAIS PARTICIPANTES DO SETOR

Para alcançar o objetivo desa-fiador, porém possível de reduzir a fraude, as agências governamentais e as organizações de seguro saúde devem desenvolver relações com os parceiros globais da tecnologia que estão bem posicionados para ajudá--los a capitalizar a força da TI - es-pecialmente as tecnologias de cartão inteligente. É importante que eles envolvam os parceiros e fornecedores com experiência de longa data e uma

marca global na segurança digital, identificação e autenticação fortes.

A experiência anterior nestas áreas e o compartilhamento das me-lhores práticas garantem uma maior taxa de sucesso no combate às frau-des. Os fornecedores envolvidos em programas nacionais de identidade eletrônica e saúde eletrônica podem prever melhor as questões de registro, emissão, pós-emissão e verificação eletrônica, bem como as oportuni-dades para otimizar os recursos. Du-rante todos os estágios preliminares decidindo especificações e provas de segurança para plataformas de múl-tiplas aplicações e gestão da vida do cartão, eles podem facilitar o cum-primento estrito das normas, per-mitindo a interoperabilidade global com outros programas nacionais de governo eletrônico. Os fornecedores com experiência em programas de governo eletrônico também podem ajudar os clientes a se integrarem de forma perfeita com outros serviços online  e iniciativas nacionais.

sOBRe O autORYolanda Varuhaki é, desde no-

vembro de 2010, a responsável de marketing para produtos governa-mentais de Identificação da Gemalto, abrangendo mercados de identidades nacionais, cartões de residentes e car-tões de saúde. Ela está baseada em Pa-ris, França.

50 | digital

laseRcaRD

INOVAçõES EM DISPOSITIVOS OPTICAMENTE VARIÁVEIS

RESUMOUma necessidade cada vez maior de se-

gurança está estimulando a adoção global de documentos eletrônicos de identidade avan-çados como a principal maneira de se veri-ficar a identidade e o direito de passagem. Em resposta a essa demanda, a indústria da identificação desenvolveu diversas tecno-logias e técnicas de concepção e fabricação de soluções de identidade segura. Em con-trapartida, técnicas de fraude e falsificação também estão evoluindo e a maioria dos recursos de segurança convencionais é regu-larmente comprometida de alguma forma. Este artigo analisa importantes avanços e inovações em dispositivos ópticos variáveis que estão ajudando a manter as soluções avançadas de identidade à frente dos falsi-ficadores e, ao mesmo tempo, criando um equilíbrio entre complexidade e utilidade em situações do mundo real.

PALAVRAS-CHAVEÓptica, inovações, microimagens, pa-

drão difrativo oculto, segurança visual.

ABSTRACTThe increased need for security is

driving global adoption of advanced electronic ID documents as a primary means of confirming identity and right of passage. In response to this demand, the ID industry has developed many technologies and techniques in the de-sign and manufacture of secure identity solutions. However, in step with this, fraud and counterfeiting techniques are also evolving and the majority of con-ventional security features are routinely compromised to some extent. This article looks at important breakthroughs and innovations in optical variable devices that are helping to keep advanced ID solutions ahead of the counterfeiters and at the same time, balance complexity with usability in real world situations.

KEYWORDSOptical, innovations, micro ima-

ges, covert diffractive pattern, visual security.

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A maior necessidade de segurança está impulsio-nando a adoção mundial de documentos avança-

dos de identificação eletrônica como meio principal de se confirmar a identidade e garantir o direito de pas-sagem. Em resposta a essa demanda, a indústria de identificação desenvol-veu muitas tecnologias e técnicas no desenho e na fabricação de soluções seguras de identidade. Na mesma medida, as técnicas de fraude e falsi-ficação também estão evoluindo e a maioria dos recursos convencionais de segurança está comprometida de alguma maneira.

A implementação de infraestru-turas de leitores eletrônicos continua aquém da emissão de documentos eletrônicos de identidade. Isso signi-fica que, mesmo em ambientes con-trolados, tais como pontos de cruza-mento de fronteiras ou segurança em aeroportos, a maioria das inspeções e verificações de documentos ainda é “visual”. Criminosos estão cientes dessa realidade e muitas vezes se con-centram na produção de falsificações relativamente verossímeis, usando técnicas de digitalização e impressão de última geração. Conforme do-cumentos de identidade eletrônicos conquistam maior aceitação, seu uso como prova de identidade irá, ine-vitavelmente, se expandir para am-bientes não controlados (por exem-plo, em locais de trabalho, bancos ou

consultórios médicos), aumentando ainda mais a vulnerabilidade do do-cumento.

É um fato incontestável que serão feitas tentativas de se simular os documentos de identidade mais visados e, mais ainda, que algumas dessas tentativas irão enganar algu-mas das pessoas que examinarem esses documentos. Ao projetar um documento, o emissor deve, portan-to, determinar o nível aceitável de ameaças e riscos de cada programa e quais níveis de inspeção deverão ser priorizados. O programa deverá ser projetado para garantir a facilidade de inspeção por parte do examina-dor mediano, ou o programa deverá ter um peso maior na necessidade de examinadores especialistas ou foren-ses na autenticação de documentos em segundo ou terceiro nível?

» NívEIS DE AuTENTICAçãOOs requisitos dos recursos incor-

porados de segurança no documento de identidade seguro são: autentica-ção do documento simples e imedia-ta; segurança em camadas com su-porte a autenticação de Níveis Um, Dois e Três; e proteção dos dados pessoais do titular contra alterações, falsificação e adulteração.

Além disso, a cada nível, os re-cursos de segurança devem atender as metas específicas dos agentes de inspeção. Em Nível Um, os recur-sos de segurança devem ser visíveis a

olho nu – ou seja, facilmente detec-táveis por inspetores treinados, mas não especialistas, que procurarão certas características na aparência do cartão a fim de diferenciar um cartão falsificado de um cartão autêntico. No cruzamento de fronteiras com tráfego intenso, os inspetores mui-tas vezes confiam nas características mais óbvias da mídia óptica de segu-rança, um efeito visual inconfundí-vel com características de reconheci-mento fácil e imediato, cuja ausência alerta os inspetores quanto à necessi-dade de se investigar o portador mais profundamente.

» quANTO é DEMAIS?Existe muita discussão em torno

de questões como o excesso ou a ca-rência de recursos incorporados de segurança e o nível de sofisticação de um determinado dispositivo visual que possa, na verdade, se sobrepor à intenção original de se prevenir fraudes. Existem alguns recursos de segurança altamente sofisticados que são virtualmente impossíveis de fal-sificar. Por outro lado, quanto mais complexo o recurso, mais difícil se torna para o examinador ou inspetor que não é especialista, mas se depa-ra com um documento específico de forma ocasional, distinguir algo falsificado de algo genuíno. Um pro-grama pragmático de segurança exi-ge componentes cuja autenticação visual seja simples e direta em uma inspeção preliminar, não necessite de um alto nível de treinamento, cursos de reciclagem e atualização por parte

dos inspetores, e que forneça características óbvias de legitimida-de, ao mesmo tempo em que oferece recur-sos de segurança com profundidade e sofis-ticação que podem ser examinados em níveis subsequentes.

POR ROBERT SMiTH

casO / aRtIgO

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» INOvAçãO NO DISPOSITIvO OPTICAMENTE vARIávEL DA MíDIA óPTICA DE SEguRANçA

O dispositivo opticamente va-riável é capaz de impedir tentativas de falsificação que combina sofis-ticação de projeto com facilidade de implementação. Recentemente, destacaram-se diversos estudos de caso com programas de identificação nacional que usufruem da mídia óp-tica de segurança por causa de suas propriedades de autenticação visual, resistência a falsificação, segurança em camadas e proteção contra adul-teração. Essa tecnologia foi submeti-da recentemente a diversas inovações essenciais, ressaltando as vantagens de se combinar complexidade e usa-bilidade de forma equilibrada em si-tuações reais.

» “MICROIMAgENS” DE RESOLuçãO uLTRA-ALTA

Uma das inovações importantes na mídia óptica de segurança en-quanto dispositivo opticamente va-riável (do inglês ‘Optically Variable Device’, ou OVD) é um aumento drástico na resolução de padrões de segurança e microimagens. Estes são masterizados na máscara fotográfi-ca a partir da qual o documento de identidade é produzido, de forma que o mesmo conjunto de padrões e imagens apareça em cada cartão emi-tido em um programa específico. O risco de falsificações verossímeis foi reduzido enormemente por avanços

recentes na produção de microi-magens e padrões de segurança em documentos de identidade, os quais já podem ter resolução duas vezes maior que a do nível anterior – até 24.000 ppp ou cerca de um mícron. Isso excede em muito a resolução disponível através de qualquer outro dispositivo de cópia, impressão ou digitalização do mercado de impres-sões, e não pode ser reproduzido por falsários. No entanto, essas carac-terísticas são visíveis a olho nu, ao mesmo tempo em que detalhes mais finos podem ser conferidos com uma lupa e características forenses podem ser verificadas com equipamento la-boratorial.

Por exemplo, esse nível de re-solução permite maior utilização de recursos ultrafinos como nanotexto.

» O PADRãO DIFRATIvO OCuLTOEste é um recurso de baixo cus-

to e alta segurança, masterizado na mídia óptica de segurança no cartão. Ele fornece segurança visual com dispositivo opticamente variável e autenticidade verificável eletronica-mente. Gravado na mídia em mais de 20.000 ppp, ele proporciona um forte recurso contra a falsificação. O processo de masterização envolve: criar a imagem difrativa a partir da imagem simples em preto e branco; formatar a imagem com operações booleanas; e masterizar a imagem na máscara fotográfica do documento em alta resolução.

A ima-gem difra-tiva oculta proporcio-na excelen-tes recursos visuais de s egurança de Nível 1 com suas característi-cas incon-

fundíveis de claro-e-escuro, em con-junto com os recursos de inspeção de Nível 2. A forma visível ao olho nu na superfície do cartão não revela a imagem, exceto quando iluminada por um laser de baixa potência, tal como o encontrado em um ponteiro a laser comum.

» DISPOSITIvOS OPTICAMENTE vARIávEIS PERSONALIzADOS

Avanços de natureza optoele-trônica também possibilitaram que imagens de resolução muito maior sejam gravadas a laser permanente-mente na mídia óptica de segurança. O resultado é uma imagem de qua-lidade fotográfica (a partir da qual o portador pode ser identificado) que serve para confirmar a imagem do portador impressa ou gravada a laser na superfície do cartão.

Inovações recentes incluem a capacidade de se adicionar marcas d’água (não transmissíveis), imagens fantasma, texto dinâmico (continu-amente variável) e padrões em se-gundo plano que aparecem atrás de outros elementos no dispositivo op-ticamente variável, fixando imagens personalizadas e dados demográficos no documento de identidade em um padrão determinado. Podem ser usados planos de fundo complexos, incorporando imagens opticamente variáveis, resultando em uma apa-rência exclusiva que é facilmente re-conhecível em uma inspeção visual. Combinações entre certas qualidades exclusivas do titular do cartão podem se tornar visíveis facilmente – por exemplo, data de nascimento, núme-ro de identidade, local de nascimento e retrato. Essas informações pessoais são sobrepostas ao corpo do cartão nos estágios finais de personalização, combinando software de imagem, codificador seguro de mídia óptica de segurança e firmware com o registro de banco de dados contendo as infor-mações do titular do cartão.

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» ARMAzENAMENTO DE DADOS E O DISPOSITIvO OPTICAMENTE vARIávEL PERSONALIzADO

O OVD personalizado da mídia óptica de segurança é único, no sen-tido de que, ao contrário de outros OVDs, ele é capaz de armazenar da-dos digitais como retratos, imagens biométricas e/ou modelos (impres-são digital, íris etc.) e dados biográ-ficos. O tamanho, a quantidade e o posicionamento de imagens optica-mente variáveis na faixa óptica de se-gurança podem afetar a quantidade disponível de armazenamento de da-dos. Uma inovação importante nessa área tem sido a capacidade de se en-trelaçar as capacidades gráficas com as de armazenamento digital. Os clientes podem usar uma imagem à prova de adulteração, relativamente grande, do OVD personalizado para maior facilidade na inspeção visual, sem absorver uma quantidade exces-siva de espaço de armazenamento na faixa óptica de segurança.

Este avanço foi alcançado depois do lançamento de uma nova cabeça óptica e novo firmware, permitindo que o poder de escrita da cabeça au-mente durante a produção do OVD personalizado, resultando, por sua vez, em maior contraste de imagem. Esta é a primeira vez em que é possí-vel tanto gravar uma imagem OVD personalizada como codificar dados na mesma trilha da faixa óptica de segurança. O protocolo de segu-rança governando o codificador do cartão garante que não seja possível codificar dados autênticos em um cartão não autêntico.

» EquILíBRIO ENTRE INOvAçãO E FuNçãO

Hoje em dia, uma infinidade de recursos avançados contra a falsifica-ção e à prova de adulteração já está disponível no mercado, de fios de segurança a padrões guilhochê, mi-croimagens, tintas opticamente vari-áveis, hologramas e mídia óptica de segurança. Na busca por segurança em um mundo inseguro, os desig-ners de OVDs têm a propensão na-tural de incorporar cada vez mais re-cursos ao dispositivo. Muitos OVDs englobam uma variedade de recursos cada vez mais sofisticados que não garantem a prevenção contra imita-ções verossímeis, mas criar um tipo diferente de vulnerabilidade.

O perigo é que o próprio OVD se torne tão complexo que torne im-possível para um inspetor a tarefa de lembrar-se de todos os recursos que diferenciam o objeto genuíno. Muitas simulações parecem boas o suficiente para serem aceitas em uma inspeção visual, mesmo quando con-têm imprecisões que seriam rapida-mente detectadas em uma inspeção de Nível Dois ou Três, especialmen-te fora de ambientes controlados ou onde inspeções mais profun-das só são realizadas raramen-te. É necessário, portanto, que o fornecedor do OVD garanta que o dispositivo atinja um equilíbrio entre complexidade e facilidade de autenticação, resistência a falsificação e funcionalidade.

Uma das funções do OVD da mídia óptica de

segurança consiste na separação es-pecífica e deliberada, em diferentes elementos visuais, dos recursos in-corporados e em camadas em cada documento. Os recursos mais sofisti-cados e avançados são, em sua maior parte, visíveis, mas distintos dos elementos mais óbvios. Consequen-temente, um examinador menos especializado ou com pressa poderá visualizar, reconhecer e autenticar de forma imediata e confiável os recur-sos de segurança de primeiro nível, sem precisar de tempo para inspe-cionar de perto uma única imagem repleta de recursos.

Este nível de simplicidade ele-gante, suportando níveis crescentes de inspeção, permite que a comuni-dade mais ampla possível de exami-nadores oficiais possa inspecionar e autenticar o documento de identida-de com confiança. No fundo, a se-gurança visual depende do equilíbrio entre a combinação certa de recursos visuais exclusivos com elementos personalizados que inspetores foram treinados a reconhecer, todos aplica-dos em camadas e combinados em um único cartão.

sOBRe O autORRobert Smith é gerente Geral

da HID Global Government ID So-lutionstem e tem mais de 25 anos de experiência no desenvolvimento e na implementação de sistemas tecnoló-gicos no mercado de documentos de identidade seguros.

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nXp

RESUMOA tecnologia de identificação por radiofre-

quência (RFID) está revolucionando a cadeia de abastecimento e logística, bem como as in-dústrias e aplicações em geral. Não existe uma solução única e com isso foram impostos desa-fios no que se refere a compatibilidade das apli-cações. Algumas etiquetas RFID operam em alta frequência (HF, 13,56 MHz), enquanto outras operam em altíssima frequência (UHF, 860-960 MHz). Historicamente, cada tag in-serida em um espectro de frequência operava com um set diferente de comandos, profile de memória e pacotes de dados incompatíveis. Cada tipo de “tag” oferece vantagens especí-ficas, com base nas suas características físicas únicas, mas até recentemente compatibilidade não era uma prioridade. No entanto, novos pa-drões de etiquetas HF diminuiram a distância entre a infraestrutura de HF e UHF. Agora, os aplicações podem compartilhar estruturas co-muns de dados em diferentes plataformas, que oferecem camadas de aplicação e um esquema de dados compatíveis.

PALAVRAS-CHAVEIdentificação por radiofrequência (RFID),

alta frequência, UHF, distâncias de leitura, ISSO.

ABSTRACTRadio frequency identification (RFID) tech-

nology is revolutionizing the retail supply chain, as well as a myriad of other industries and appli-cations. There is no single, one-size-fits-all solu-tion, which has imposed challenges with appli-cation compatibility. Some RFID tags operate at the high frequency band (HF, 13.56 MHz) while others operate in the ultra high frequency band (UHF, 860 to 960 MHz) – this is not an insur-mountable issue, but historically tags in each res-pective spectrum communicated with a different command set (protocol) and memory profile with incompatible data packets and structure

KEYWORDSRFID, high frequency, HF, ultra high fre-

quency, UHF, read distances, International Or-ganization for Standardization, ISO.

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Tags RFID variam muito em termos de suas capa-cidades, fatores de forma, requisitos de alimentação

e distâncias de leituras. Etiquetas de altíssima frequência (UHF, 860-960 MHz) são as mais adequadas para aplicações onde a distância do alcance de leitura é fundamental e pode preci-sar ser estendida a vários metros. Eti-quetas de alta frequência (HF, 13,56

MHz), no entanto, são normalmente utilizadas em aplicações onde se dese-jam curtas distâncias de leitura e onde sistemas singulares ou com campos de leitura mais “fechados” são críticos.

Ambos podem operar em mate-riais difíceis de ler, como os líquidos, no entanto, as propriedades das eti-quetas HF em proximidade com os líquidos são mais controladas e pre-visíveis, enquanto que os resultados

podem variar nas etiquetas de UHF. E, para aplicações adjacentes aos ob-jetos de metal, as etiquetas UHF são as mais indicadas, utilizando mate-riais condutores como uma extensão da antena. Assim, a seleção da tec-nologia é dependente da aplicação. O que faltava era a compatibilidade de dados de pacotes - semelhante aos dias de idade, quando os arqui-vos de programa de Macintosh eram incompatíveis com aqueles gerados através de computadores pessoais.

NOVOS PADRõES DE AlTA FREqUêNCIA AUXIlIAM A DIMINUIR DIFERENçAS EM APlICAçõES DE RFID

POR ViCTOR VEgA

casO / aRtIgO

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Etiquetas de altíssima frequência são geralmente usadas para contro-lar e rastrear bens de varejo indi-vidualmente em caixas ou es-toques, onde o movimento e distância dos leitores RFID variam amplamente como eles se movem através da cadeia de suprimentos. Mas nos casos em que uma janela de radiofrequên-cia é crítica, as de alta frequência se destacam. Até recetemente, protoco-los de HF não eram otimizados para alta densidade, leituras dos dados das tags sofriam em sua relação cus-to/benefício. Esses atributos favore-ceram UHF, limitando a adoção de soluções HF.

Isso, até agora, criou um nível de complexidade e custos elevados, que formaram barreiras para empre-sas que buscam maximizar o poten-cial do RFID, independentemente da frequência. Embora houvesse padrões para tags HF e padrões para UHF, a maneira pela qual os dados das etiquetas são estruturados e com-partilhados difere de padrão para pa-drão. Isto significava que era difícil para as empresas a reutilizar soluções “back-end” de aplicativos corporati-vos desenvolvidos para uma tecno-logia. Porém, novos padrões surgi-ram recentemente para abordar esta incompatibilidade e abriram novas possibilidades.

» NOvOS PADRõESNo final de 2010, a Internatio-

nal Organization for Standardiza-tion (ISO) ratificou o modo ISO-

18000-3 3 (3M3) – etiqueta padrão de alta frequência, que foi projetada para acomodar uma ampla gama de aplicações de alto desempenho. Impulsionados por uma demanda por maior desempenho, com foco em aplicações da cadeia de consu-mo e varejo, os membros do corpo de padrões de fornecimento em ca-deia, GS1, elogiaram o padrão ISO, através da ratificação de um novo padrão de etiqueta de alta frequên-cia em setembro de 2011, intitula-do EPC 2.0.3 HF protocolo. ISO e GS1 trabalharam em conjunto para garantir que a arquitetura da camada de aplicação, o conjunto de comandos e bancos de memória da etiqueta, como o Electronic Product Code (EPC), identificador Tag Uni-que (UTID) e Memória de Usuário, sejam comuns entre ambos e respec-tivas sub-partes das etiquetas de alta e altíssima frequência (HF e UHF respectivamente).

Estes novos padrões são desen-volvimentos relevantes na indústria de RFID não só por responder a necessidades específicas e usar uma estrutura de dados comum, mas

principalmente pela herança da infraestrutura ISO-

15693, que pode muitas vezes

ser atualiza-da para ler

o novo protocolo de alta frequência (HF), ajudando a limitar os

custos de transição para os usuários finais.

Outros benefícios im-portantes incluem melho-

rias gerais na performance de leitura, tais como taxas de leitu-

ra e a capacidade de lidar com al-tos volumes de etiquetas, tornando

as etiquetas de alta frequência ainda mais competitivas. Por exemplo, a empresa NXP lançou o primei-ro chip RFID, o ICODE ILT (Tag Nível do Item), construído para o novo padrão de etiquetas de alta frequência ISO-18000-3M3 / 2.0.3 EPC. Os resultados são visíveis nas melhorias de desempenho em com-paração com o ISO-15693. Especifi-camente, os novos chips aumentam a velocidade de leitura, até 700 tags por segundo, em comparação ao convencional ISO-15693, que mui-tas vezes variam entre 60 e 100 tags por segundo.

Dois exemplos de aplicações de tags HF que se beneficiam de uma maior velocidade de leitura e um al-goritmo de anticolisão para uma po-pulação densa de tags são as fichas de casino e os arquivos médicos.

Casinos rastreiam fichas indivi-duais como parte de sua segurança e controle do seu negócio. As fichas de poker precisam ser lidas a uma distância curta em uma janela de RF controlada, para que não tenham problemas de leituras com diferentes jogadores sendo observados. Adi-cionalmente, não se pode deixar de primar pela precisão e velocidade.

Organizações, tais como escritó-rios de advocacia ou hospitais, que devem manter grandes coleções de papel baseado em registros, podem usar etiquetas de alta frequência (HF Tags) para identificar e rastrear um grande volume de trabalhos indivi-duais empilhados em estreita proxi-midade um do outro.

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E, além de melhor desempenho, as novas ofertas de alta frequência oferecem uma relação melhor de preço/desempenho se comparado às etiquetas de altíssima frequência (UHF Tags), mesmo para aplicações de consumo.

» MELHORANDO O óTIMOTalvez mais significativamente,

os novos padrões significam um mo-vimento em direção à interoperabi-lidade e soluções de sistemas RFID para multi-aplicações, sem compro-meter a aplicação devido a limitações tecnológicas.

Agora integradores de sistemas podem desenvolver aplicações que podem ser compatíveis tanto em de-senvolvimentos utilizando etiquetas

de alta frequência (HF) ou altíssima frequência (UHF), com um impacto mínimo para a sua camada de apli-cação.

Mesmo operando na mesma fre-quência do NFC (Near Field Com-minication), o novo padrão GS1 é ISO-14443 – que é compatível ao NFC, uma vez que as aplicações seguras ( transações financeiras e recursos de segurança) exigem o pa-drão ISO. Alguns dos atuais telefo-nes inteligentes são capazes de ler ou o compatível com NFC ISO-14443 protocolo ou o protocolo ISO-15693. É fácil imaginar como pró-xima geração de chipsets NFC rádio, como os produzidos pela NXP Se-miconductors, que suportam o pro-tocolo ISO-18000-3M3 / GS1 no-

vos, bem como uma maior abertura de oportunidades para aplicações de circuito aberto, onde os consumido-res ganham um benefício adicional.

Através de estruturas de dados comuns e infraestruturas de leituras para multi-aplicações, estas novas normas de etiquetas de alta frequên-cia (HF Tags) oferecerão as empresas e aos consumidores as ferramentas que precisam para melhorar algo já bom-a NXP Semiconductors tem o prazer de ajudar a conduzir essa ini-ciativa.

sOBRe O autORVictor Vega é diretor de Marke-

ting, RFID Solutions, NXP Semi-conductors.

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Pra terminar...

Onde vOcê estava na ecO-92?

Toda a movi-mentação so-bre a Rio+20 me fez pen-

sar na grande conferên-cia ambiental anterior das Nações Unidas, a Eco-92, e o que acontecia naqueles tempos. E, então, recorde você também, onde estava, o que você fazia há 20 anos? Como era o mundo?

Eu podia fazer uma detalhada apuração jornalística (leia-se: pôr no Google) para lembrar como foi a Eco-92 e o contexto que a envolveu, mas como isso aqui é uma crônica, vou usar a licença poética para me abster do rigor metodológico e me jogar, de braços abertos, apenas nas informações registradas na memória.

Bom, na minha Rio-menos-20 particular, eu tinha 18 anos de ida-de. É difícil esquecer uma data tão importante. Maioridade, poder diri-gir, namoro sério, coisa e tal...

Lembro que em 1992 eu joga-va papel de bala no chão quase sem peso na consciência. Hoje, nem açú-car mais eu consumo. Mas já cruzei os céus de quatro estados brasileiros com a embalagem de um chocolate diet no bolso porque não achei lixei-ra depois de passar pelo check-in.

Meu pai fumava em 92. Muito. Três maços por dia. Hoje, não fuma mais. Morreu ano passado. Uma chance em uma para adivinhar a causa. Aliás, não uma, mas duas: en-fisema e câncer de pulmão. E ainda fumando! Cigarro também matava há 20 anos, mas era bem mais social-mente aceito do que atualmente.

Também naquele começo de

década de 1990 meu primo rico ti-nha ganhado um computador. MSX alguma coisa, Expert, acho. Se não me trai a lembrança, a gente conec-tava em uma TV e jogava, com des-lumbramento, jogos que atualmente fariam rir de vergonha até os recém--nascidos. Hoje, minha filha de 14 anos tem dúvida sobre para qual pla-taforma comprar o novo jogo lança-do em nível mundial, porque tem dois videogames. Aliás, videogame é uma palavra em completo desuso, tamanha a complexidade dos ‘games’ que se joga agora.

Aquele ano de 92 foi meu pri-meiro na faculdade de Jornalismo e recordo de fazer textos nas aulas so-bre a conferência no Rio de Janeiro. O clima era de ter em mãos a chance de garantir um futuro melhor. Havia no ar a sensação de que o momento era decisivo para estabelecer que tipo de planeta iria se desenhar para as próximas gerações.

Do baú me vêm também trechos de notícias sobre os esquemas de se-gurança para receber gente do mun-do todo no Rio e as mudanças na rotina da cidade com o evento. Mas

não é isso que importa. O foco era mesmo a pro-

dução de um documento, de um conjunto de procedimentos para o futuro. Era a tal da Agenda 21, disso lembro bem.

Passadas as duas décadas, lá vem o mundo todo de novo se reunir no mesmo Rio de Janeiro. O cristo re-dentor ainda de braços abertos sobre a Guanabara. Agora a meta é cons-truir os parâmetros para o desenvol-vimento sustentável nos próximos anos.

E a responsabilidade é de todos nós. Sustentabilidade, pensando em ação individual, não é apenas pôr lixo no lugar certo. Precisamos as-sumir o compromisso pessoal de de-fender e trabalhar por uma socieda-de mais justa e harmônica, com seres humanos e máquinas em paz com a natureza. Só assim uma eventual Rio+40 vai poder ser feita em um clima de missão cumprida.

Marcio Peixoto é editor da revista idigital.

"Pra terrninar..." é o espaço de crônicas da

idigital, aberto a colaborações de funcionários das associadas ABRID. Mande seu texto para

[email protected]