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África com medicamentos de qualidade Segundo o director re- gional da OMS para África, Luís Gomes Sam- bo, a Agência Africana de Medicamentos vai contribuir para au- mentar a capacidade dos países em matéria de regulamentação farmacêutica e de produção local de medicamentos essenciais, com uma atenção muito es- pecial ao aspecto da qualidade. A sua criação foi de- cidida pelos min- istros africanos da Saúde, no fi- nal da reunião que realizaram recentemente em Luanda. de ANGOLA REVISTA da Farmacêuticos Ordem dos Trimestral | Ano I Número 2 ABR-JUN 2014 Director: Boaventura Moura Folha Farmacoterapêutica O que é a farmacovigilância A monitorização da segu- rança de medicamentos é um elemento essencial para o seu uso efectivo e para a as- sistência médica de alta qualidade. | Pág. 13 Casos de sucesso As farmácias onde os doentes se sentem bem Iniciamos nesta edição uma ronda aos casos de sucesso de farmácias em Angola. Saiba como são geridas, quais as suas estratégias, princípios orien- tadores, objectivos e como preparam o futuro. Como manter medicamentos seguros no domicílio Os medicamentos são substân- cias especiais com finalidade profilática,curativa, paliativa, ou para fins de diagnóstico, que re- querem cuidados especiais de ar- mazenamento. Saiba quais são. | Pág.24

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África commedicamentosde qualidadeSegundo o director re-gional da OMS paraÁfrica, Luís Gomes Sam-bo, a Agência Africanade Medicamentos vaicontribuir para au-mentar a capacidadedos países em matériade regulamentaçãofarmacêutica e deprodução local demedicamentosessenciais, com umaatenção muito es-pecial ao aspectoda qualidade. Asua criação foi de-cidida pelos min-istros africanosda Saúde, no fi-nal da reuniãoque realizaramrecentementeem Luanda.

de ANGOLA

REVISTA da

FarmacêuticosOrdem dos Trimestral | Ano I

Número 2ABR-JUN 2014

Director: Boaventura

Moura

Folha FarmacoterapêuticaO que é a farmacovigilânciaA monitorização da segu-rança de medicamentos éum elemento essencial parao seu uso efectivo e para a as-sistência médica de altaqualidade. | Pág. 13

Casos de sucesso

As farmácias onde osdoentes se sentem bemIniciamos nesta edição uma rondaaos casos de sucesso de farmáciasem Angola.Saiba como são geridas, quais assuas estratégias, princípios orien-tadores, objectivos e comopreparam o futuro.

Como manter medicamentos seguros no domicílioOs medicamentos são substân-cias especiais com finalidadeprofilática,curativa, paliativa, oupara fins de diagnóstico, que re-querem cuidados especiais de ar-mazenamento. Saiba quais são.| Pág.24

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Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Boaventura MouraBastonário e Presidente do Conselho Nacional

EditorialRevista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola |3 Abril/Junho 2014

O facto mais relevante que ocorreu neste segundo tri-mestre no nosso sector foi, porventura, a primeira reu-nião dos ministros africanos da saúde, em Luanda.Organizada conjuntamente pela Comissão da UniãoAfricana e OMS, com o patrocínio do governo angolano,o evento incidiu nas áreas temáticas prioritárias para ocontinente e abordou os problemas de saúde mais proe-minentes e complexos, responsáveis pelo peso das doen-ças em África.

A Declaração de Luanda é o documento final que sin-tetiza as deliberações substantivas tomadas pelos ministros, entre as quais as estratégias para acabar comas mortes maternas e infantis evitáveis, para enfrentaros factores de risco nas doenças não transmissíveis, a co-bertura universal de saúde em África, os mecanismos deresponsabilização para avaliar a implementação doscompromissos assumidos pelos ministros, a criação deum Centro Africano de Controlo e Prevenção das Doen-ças e da Agência Africana dos Medicamentos.

Seleccionámos este último tópico para desenvolver-mos nesta edição, juntamente com as declarações sobreo mesmo do director regional da OMS para África, LuísGomes Sambo.

Entretanto, a OFA também deu passos neste períodocom vista ao reforço da sua organização: abriu a sua se-de, definiu os valores da jóia e das quotas, criou as co-missões científicas, nomeou os seus integrantes, e ini-ciou a preparação da 1ª Semana da Farmácia Angolana,que celebrará o primeiro aniversário da sua constitui-ção, entre outros.

Envie-nos as suas sugestões e comentários para quepossamos melhorar. Boa leitura!

ActualidadeOFA abre a sua sede, define valor das quotas, cria as ComissõesCientíficas e nomeia os seus membros. |Pags. 4 e 6

1ª Reunião dos Ministros Africanos da SaúdeA Agência Africana dos Medicamentos deverá melhorar a capaci-dade dos países na regulamentação farmacêutica. Pretende garan-tir acesso a produtos médicos comportáveis, de qualidade e seguros. |Págs. 8 a 12

Folha FarmacoterapêuticaO que é a farmacovigilânciaA monitorização da segurança de medicamentos é um elementoessencial para o seu uso efectivo e para a assistência médica de altaqualidade. O órgão informativo do CINFARMA traz-lhe, nestaedição, o essencial sobre esta disciplina clínica que contribui para aética de segurança e serve como indicador dos padrões de assistên-cia clínica praticados num país. | Pág. 13 a 16

ReportagemCasos de sucesso de farmácias em AngolaOs jornalistas da revista da OFA sairam à rua e foram conhecer deperto alguns bons exemplos de farmácias em Angola. Saiba comosão geridas, quais as suas estratégias, princípios orientadores, ob-jectivos e como se preparam para o futuro. |Pág. 17 a 20

Espaço AFPLPA prestação de serviços pelas farmáciasEm muito países a farmácia é o estabelecimento de saúde maisacessível à população, funcionando com uma estrutura avançadade saúde junto das comunidades locais. Ciente desta realidade, aAssociação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa(AFPLP) adoptou, na sua Assembleia-Geral realizada em Luanda,uma Resolução sobre a prestação de serviços pelas farmácias. |Págs. 22 e 23

FormaçãoA história do ensino farmacêutico em AngolaA necessidade de haver profissionais especializados em CiênciasFarmacêuticas em Angola surge logo após a proclamação da inde-pendência nacional, em 1975, para colmatar o vazio que existianesta especialidade e a falta de instituições de formação. Conheçao percurso do ensino farmacêutico até aos nossos dias . |Pág. 25

Por um continente mais saudável

Índice

Ficha TécnicaPropriedade:Ordem dos Farmacêuticos de Angola | Director:BoaventuraMoura | Conselho editorial: João Novo, Helena Vilhena, Pedro Zangulo e San-tos Nicolau | Endereço:Rua Kwame Nkrumah, nº 52 / 53, Maianga, Luanda, An-gola. Tel.: (+244) 935 333 709 / 912 847 892 | E-mails: [email protected]@hotmail.com | Web site:www.ordemfarmaceuticosangola.org | Ed-itor: Marketing For You, Lda / Jornal da Saúde www.marketingforyou.co.ao |Publicidade: Márcia da Costa Tel.: (+244) 949 265 229 / 923 276 837 | Periodi-cidade: trimestral | Design e maquetização: Fernando Almeida | Impressãoe acabamento:Damer Gráficas, SA | Tiragem:3.000 exemplares

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Para cuidar dos diversos assuntosque ocorrem no exercício da pro-fissão farmacêutica no país, oConselho Nacional da Ordem dosFarmacêuticos de Angola criou asComissões Científicas e nomeouos seguintes farmacêuticos paraintegrá-las:

COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO,ÉTICA E DEONTOLOGIADr. Daniel AntónioCoordenadorDr. Miguel Ferreira Coordenador AdjuntoDra. Maria Júlia Simão RedactoraDr. Bernabé BaptistaMembroDra. Judith Belize SardinhaMembroDra. Ana AguiarMembroDr. Boaventura MouraMembro

COMISSÃO DE ASSISTÊNCIAFARMACÊUTICASub-Comissão de Farmácia de Oficina e Atenção FarmacêuticaDra. Teresa PiriquitaCoordenadoraDr. José SebastiãoCoordenador Adjunto

Dr. Carlos AlmeidaRedactorDr. Rui VazMembroDr. Emília MajorMembroDr. António QuintaMembroSub-Comissão de FarmáciaHospitalar – Farmácia ClínicaDra. Beatriz Lello Coordenador Dra. Violeta ChimucoRedactoraDra. Emília CariangoMembroDra. Genoveva CoelhoMembroDra. Estefânia N`guengaCoordenadora adjuntaDra. Epifania Clarice de Almeida Membro

Dr. João Lelessa MembroSub-comissão da Indústria FarmacêuticaDr. Sadi SamboCoordenador Dr. Manuel LondaMembroDra. Suzana SamboCoordenadora adjuntaDr. Pombal MayembeMembro Dr. Narciso Fernandes Membro Dr. André SucamiRedactorDra. Isabel Deolinda Pedro Manuel -MembroSub-Comissão de Análises ClínicasDra. Cheilla Marisa ManuelCoordenador

Dr. Fernando KuatokoCoordenador-adjuntoDra. Rosa Barros MembroDr. Félix do Amaral Filipe da CostaMembro Dr. Joltim Quivinja - Redactor COMISSÃO DE ENSINO E CAPACITAÇÃODr. Santos Moras NicolauCoordenadorDr. Abel SundaCoordenador – AdjuntoDr. André NetoMembroDr. António Pedro Kutala ZanguloMembro Dr. José JovetaMembroDr. Augusto Alberto JoãoRedactorDra. Evelize NascimentoMembro

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Actualidade4 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

A Ordem dos Farmacêuticos de Angola abriu a suasede, a 6 de Janeiro, noedifício do LaboratórioFarmacotécnico, na RuaKwame Nkrumah nº 52/53, Maianga, em Luanda

Para farmacêuticos com idade até 35 anos

Programa de estágios em PortugalInscrições até 15 de Maio próximo

OFA já criouas comissõescientíficas

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Desde os primórdios da profissão farmacêu-tica que o papel do farmacêutico tem sido aprestação da assistência e a atenção farma-cêutica.

Há muitos anos esta acção baseava-se naintuição e na sabedoria milenar que passavade mestres para pupilos. Hoje em dia, estescuidados farmacêuticos vão muito de en-contro às necessidades actuais da popula-ção em geral, e estão baseados em conheci-mentos científicos e académicos profundosque necessitam actualização constante.

A Tecno-Saúde, empresa dedicada àprestação de serviços na área da saúde, de-senvolve desde o ano passado parcerias como sector farmacêutico no sentido de levarinovação e actualização de conhecimentosa todos os profissionais das farmácias de An-gola.

No 2º semestre do ano de 2013, a Tecno-Saúde formou mais de 200 profissionais defarmácia em Luanda e 50 nas províncias deBenguela, Huambo e Huíla. A formação téc-nica, com uma componente prática, eviden-cia e glorifica a profissão do farmacêutico,cada vez mais reconhecida pela populaçãocomo um profissional tão nobre quanto vi-tal.

Temas como medicamentos genéricos,hipertensão arterial, higiene oral, doençasda pele, entre outros, permitem fazer a liga-ção entre a prescrição médica, os produtosfarmacêuticos de venda nas farmácias e oatendimento farmacêutico ao doente.

A missão da Tecno-Saúde é apoiar a for-mação do maior número de profissionais desaúde possível, contribuindo assim para aevolução das farmácias em Angola.

A 1ª Semana da Farmácia Angolana realiza-seem Luanda, a 24 e 25 de Outubro de 2014. Oevento, promovido pela Ordem dos Farmacêu-ticos de Angola (OFA), reunirá, na capital, cen-tenas de farmacêuticos, profissionais de farmá-cia e outros técnicos de saúde provenientes detodo o país e ainda convidados do mundo lusó-fono. As intervenções irão promover o conheci-

mento e potenciar a actividade farmacêutica, afarmácia e a saúde, através do debate de ideias.O programa poderá ser consultado, em breve,no site www.ordemfarmaceuticosangola.org

Em simultâneo, decorrerá a Expo Farma on-de vai poder encontrar inúmeros Stands rechea-dos de produtos, serviços e soluções para a far-mácia hospitalar e de oficina.

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Actualidade6 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

A formação ao serviço dos profissionais de saúde

1ª Semana da Farmácia Angolanaagendada para Outubro

A jóia anual para inscrição na Ordem dosFarmacêuticos de Angola tem o valor de dezmil kwanzas, ou o equivalente a USD 100,00,de acordo com a primeira deliberação doConselho Nacional. A quota mensal é de cinco mil kwanzas (ouo equivalente a USD$50,00). Pode ser pagatrimestral, semestral ou anualmenteatravés de depósito bancário na conta dobanco BIC nº 89500972.10.001, ou directa-mente na tesouraria da OFA.

Também os valores referentes aos emolu-mentos a serem pagos na solicitação dedocumentos diversos já estão definidos:— Atestados: 1.000,00 kwanzas (10,00USD);— Certificados: 750,00 kwanzas (7,50 USD);— Declarações: 500,00 kwanzas (5,00 USD);— Acreditação de formação (certificados ediplomas): 8.500,00 kwanzas (85,00 USD).

A deliberação foi tomada pelo Conselho Na-cional e entrou em vigor no dia 30 de Janeiroúltimo.

Conselho Nacionaldeliberou sobre ovalor da jóia e quotaspara os seus membros

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Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Reunião dos ministros africanos da saúde8 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

A reunião debateu questões relacionadas com o re-forço da infra-estrutura de saúde dos países paraque seja possível a cobertura sanitária universal.Luís Sambo disse também que se debateu a proble-mática da saúde materno-infantil "porque consta-támos progressos em relação à redução da morta-lidade materna e infantil mas essas melhorias sãoinsuficientes e encontrámos novas abordagensmesmo intersectoriais para assegurar a marcha, demodo a evitarmos mortes maternas e infantis quepodem ser prevenidas".

O director regional informou que se analisou edecidiu criar o Centro Africano de Controlo e Pre-venção de Doenças, "uma instituição africana como mandato de desenvolver capacidades sobretudopara criar as bases factuais, técnicas e científicasque possam melhor informar as decisões dos go-vernos africanos em matéria de saúde pública".

A reunião também analisou a forma de garantiruma maior responsabilização individual dos paí-ses, e colectivamente, para que as decisões toma-das pelos ministros da saúde africanos em instân-cias internacionais sejam efectivamente aplicadasfazendo a diferença em termos de melhoria dascondições de saúde das populações.

"A OMS e a Comissão da União Africana ficaramcom responsabilidades acrescidas, para trabalha-rem em conjunto e sinergia, para darem um apoiomais efectivo, sob o ponto de vista político, técnicoe científico aos países", disse. E os ministros "deci-diram que esta plataforma é ideal porque garantea abordagem das questões africanas sob a égide daUnião Africana e através desta plataforma é possí-

vel uma melhor relação entre a cimeira dos chefesde Estado africanos e de governos e a reunião dosministros da saúde. Há questões que ultrapassamo poder e, às vezes, a competência dos ministros dasaúde, pelo que devem ser levadas à consideraçãodos chefes de Estado".

O responsável adiantou ainda que a próximareunião se realizará na Tunísia, em princípio em2016.

A reunião aprovou uma moção de solidariedadepara com as populações africanas da África Oci-dental, sobretudo na Guiné-Conacri e na Libéria,países afectados com a epidemia de ébola. "Regis-támos muitos casos, com uma taxa de letalidadeelevada e com uma componente importante na le-talidade de profissionais da saúde", lamentou."Queria aqui exprimir, mais uma vez, a solidarieda-de em relação à República da Guiné e à Repúblicada Libéria e o alerta para que todos os países da re-gião reforcem os seus sistemas de vigilância epide-miológica, as suas capacidade de laboratório desaúde pública, a informação ao público, o treino dopessoal de saúde, para que consigamos conter e de-belar a epidemia de ébola e prevenir outro tipo deepidemias nos países africanos".

A reunião também aprovou a Declaração deLuanda, sobre a primeira reunião dos ministros dasaúde de África, organizada conjuntamente pelaOMS e pela Comissão da União Africana. A Decla-ração de Luanda faz uma síntese do que foram ostrabalhos e reconhece a contribuição do Governoda República de Angola para realização desta pri-meira reunião.

A Agência Africana deMedicamentos será "umainstituição que deverámelhorar a capacidadedos países em matéria deregulamentação farma-cêutica para melhorapoiar as iniciativas dospaíses africanos no senti-do de aumentar a capaci-dade de produção localde medicamentos essen-ciais, com uma atençãomuito especial para o as-pecto da sua qualidade". Aafirmação é do director re-gional da OMS para África,Luís Gomes Sambo, noencerramento da primeirareunião dos ministrosafricanos da Saúde, orga-nizada pela Comissão daUnião Africana e OMS,com o patrocínio do Gov-erno de Angola, de 14 a 17de Abril, em Luanda.

"A Agência Africana de Medicamentos vai contribuir para a produção local de medicamentos com qualidade"

Luís Gomes Sambo

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Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 9Abril/Junho 2014

Garantir que todos os africanos te-nham acesso a produtos médicoscomportáveis, para as doenças/condições prioritárias, que satis-façam os padrões de qualidade,segurança e eficácia internacio-nalmente acordados é a visão daAgência Africana dos Medica-mentos (AMA), cuja criação cons-titui um dos compromissos assu-midos pelos ministros africanosda Saúde que reuniram em Abril,em Luanda.

A sua missão será a de coorde-nar os sistemas reguladores dosmedicamentos, a nível nacional esub-regional, levar a cabo a super-visão reguladora de determinadosprodutos médicos e promover acooperação, a harmonização e oreconhecimento mútuo das deci-sões reguladoras.

A principal fonte de financia-mento da AMA serão os Estados-membros da União Africana (UA).Estes Além contribuirão ainda de-dicando parte do tempo de traba-lho do pessoal das AutoridadesNacionais Reguladoras dos Medi-camentos (ANRM) às actividadesda AMA. Podem também ser an-gariados fundos junto de institui-ções financeiras e dos parceirosdo desenvolvimento. Enquantoautoridade reguladora indepen-dente, o seu financiamento nãodeverá interferir com os seus pro-cessos de tomada de decisões. Se-rá necessário um total de cerca de100 milhões de dólares america-nos para financiar os primeiroscinco anos da AMA. Esta quantiacobrirá as despesas com o pessoal(10 milhões de dólares), equipa-mento/infra-estruturas (65 mi-lhões), e orçamento operacional(25 milhões) para a criação e fun-cionamento da AMA.

Funções e responsabilidades

Aos Estados-Membros da UniãoAfricana caberão as seguintes fun-

ções e responsabilidades:a) Delegar na AMA algumas dasfunções reguladoras para certosprodutos médicos, em conformi-dade com o acordo que a criou.b) Afectar os recursos adequadospara a sua operacionalização.c)Mobilizar recursos adicionais.d) Designar um país/instituiçãopara sediar a AMA e nomear opessoal da Agência.e) Comprometer-se (através deum Memorando de Entendimen-to) com as decisões da AMA.

Por sua vez, as funções e res-ponsabilidades da Comissão daUnião Africana serão as seguintes:a) Garantir a disponibilidade deprocedimentos técnicos, legais,administrativos e de gestão para acriação da AMA.b)Formular critérios para a selec-ção de um país para sediar a AMA.

A OMS fornecerá apoio técnicoà AMA e às autoridades regulado-ras de medicamentos a nível sub-regional e nacional.

Quais foram os antecedentes

Uma regulação eficaz dos medica-mentos promove e protege a saú-de pública. A regulação visa garan-tir a qualidade, segurança e eficá-cia dos produtos médicos1, atra-vés da aplicação da legislação,normas e padrões. AutoridadesNacionais Reguladoras dos Medi-camentos (ANRM), com capaci-dades adequadas, incluindo umclaro mandato jurídico, sistemasde gestão de qualidade, recursoshumanos e financeiros, infra-es-truturas e sistemas de aplicaçãoda lei podem desempenhar comeficácia esse papel de regulaçãodos medicamentos. No entanto,os sistemas reguladores são fracosem muitos países, retardando oacesso a produtos médicos dequalidade e resultando na prolife-ração de produtos médicos dequalidade inferior/adulterados/

Custa 100 milhões de dólares nos primeiros cinco anos.Vários países pretendem acolher a sua sede.

"Os resultados de vários estu-dos efectuados por, entre outros, a OMS, aNEPAD, a Administração dosAlimentos e Medicamentosdos EUA e as Ciências deGestão da Saúde, revelamque, presentemente, só 4%dos países africanos têm umacapacidade reguladora na-cional apenas moderada-mente desenvolvida"

AMA quer garantir acesso a produtos médicoscomportáveis, de qualidade e seguros

Agência Africana dos Medicamentos em 2018

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Reunião dos ministros africanos da saúde10 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

falsamente rotulados/falsifica-dos/contrafeitos (SSFFC).

Para evitar a circulação e o usode produtos médicos SSFFC, a 60ªsessão do Comité Regional Africa-no da OMS, realizada em Malabo,em 2010, sublinhou a necessidadede reforçar as capacidades dasANRM, recomendando, para tal,a criação de uma Agência Africa-na dos Medicamentos (AMA).

A promoção do acesso susten-tável a medicamentos de qualida-de e de preço acessível e a integra-ção da produção local no pacoteglobal de reforço dos sistemas desaúde estão entre as principaisprioridades dos líderes africanos.Sob o tema “Reforço dos Sistemasde Saúde para a Equidade e o De-senvolvimento em África”, a Con-ferência dos Ministros Africanosda Saúde da União Africana (UA)(CAMH3), realizada em Abril de2007, constituiu uma resposta àdecisão 55 da Assembleia da UA,tomada durante a Cimeira deAbuja, em Janeiro de 2005, quemandatava a Comissão da UA pa-ra elaborar um Plano de Manufac-tura de Produtos Farmacêuticosem África (PMPA), no quadro daNova Parceria para o Desenvolvi-mento em África-NEPAD (UA2007).

O PMPA visa reforçar a capaci-dade dos fabricantes locais paraproduzirem medicamentos es-senciais de alta qualidade e com-portáveis que contribuam para aobtenção de melhores resultadosna saúde e a realização do cresci-mento económico directo e indi-recto. Por outro lado, os Chefes deEstado e de Governo da UA, nasua 19.ª Assembleia Ordinária, emJulho de 2012, comprometeram-se a consolidar esforços para aprodução local e para o reforço dasupervisão reguladora no Pilar IIdo Roteiro da UA, sobre responsa-bilidade partilhada e solidarieda-de mundial para a SIDA, Tubercu-lose e Paludismo (ATM), que tam-bém realça a necessidade de ace-lerar o acesso a medicamentoscomportáveis de qualidade ga-rantida e outros produtos relacio-nados com a saúde.

O roteiro apela à criação dos

alicerces para a instituição deuma agência reguladora únicaafricana de medicamentos, con-forme se estabelece no PMPA, e aoreforço das iniciativas regionaispara a harmonização da regula-ção dos medicamentos. O roteiroreconhece igualmente o mecanis-

mo de coordenação criado pelaComissão da União Africana(CUA), a Nova Parceria para o De-senvolvimento em África (NE-PAD), juntamente com as váriasComunidades Económicas Re-gionais (CER), como plataformasque deverão trabalhar em conjun-to para se atingir a convergênciada regulação e legislação sobremedicamentos.

Por outro lado, a 63ª sessão doComité Regional Africano daOMS, realizada em Setembro de2013, adoptou um documentotécnico2 que realçava a necessi-dade de mecanismos sustentáveisde financiamento para reforçar asANRM, sem conflitos de interes-ses e para uma implementaçãoeficaz das funções reguladoras. Os

Estados-Membros recomenda-ram uma abordagem faseada pa-ra a criação da AMA, envolvendoas CER e a CUA.

Posteriormente, o 8.º FórumAfricano para a Regulação das Va-cinas (AVAREF), que teve lugar noUganda, em Outubro de 2013, e a3.ª Conferência dos ReguladoresAfricanos dos Medicamentos(AMRC), realizada na África doSul, em Dezembro de 2013, discu-tiram e apoiaram a ideia de secriar uma AMA única. Para tal, osparticipantes na reunião apela-ram às redes existentes e às plata-formas regionais para que parti-lhassem informações e experiên-cias sobre as inspecções e revisõesconjuntas, a harmonização de es-

forços, para desenvolverem umalei-modelo, orientações, docu-mentos e procedimentos técni-cos, que sirvam de base à criaçãoda AMA.

O exemplo da Agência Euro-peia dos Medicamentos

A nível mundial, existe apenas umexemplo de um sistema reguladorregional centralizado, isto é, aAgência Europeia dos Medica-mentos (EMA)3. A harmonizaçãona União Europeia (UE), que co-meçou em 1965, arrancou com acriação de mecanismos comuni-tários e uma definição clara domandato da Comunidade e domandato dos Estados-Membros.A ideia veio da necessidade de terum mercado comum e baseou-se

nos sistemas nacionais muitoavançados e nos instrumentos le-gais de apoio já instalados nos Es-tados-Membros. Após 30 anos deesforços, a agência centralizadados medicamentos, chamadaEMA, acabou por ficar operacio-nal em 1994/1995. Todos os Esta-dos-Membros tiveram de aceitaro conjunto dos direitos e obriga-ções da União Europeia, vinculan-do os Estados-Membros no seioda União, vulgarmente conhecidocomo acervo comunitário, e im-plementar o quadro regulador deacesso à EMA.

A EMA é actualmente respon-sável pela avaliação científica decentenas de candidaturas à suaautorização para introdução nomercado de medicamentos deuso humano e veterinário que re-caem no âmbito do mecanismocentralizado. A EMA forneceaconselhamento científico aomecanismo centralizado, en-quanto a Comissão Europeia (CE)toma decisões relativamente à au-torização de introdução no mer-cado. Um representante de cadaEstado-Membro da UE participano trabalho da comissão científi-ca que fornece aconselhamentocientífico à EMA.

No entanto, há centenas deoutros medicamentos que nãorecaem neste âmbito e são co-mercializados na União Euro-peia, quer num Estado-Membroem particular, de acordo com osprocedimentos nacionais de au-torização, quer em vários Esta-dos-Membros, através de proce-dimentos descentralizados ou dereconhecimento mútuo. A EMAdepende inteiramente dos servi-ços de peritos que são emprega-dos a tempo inteiro das ANRMnos respectivos países e são total-mente pagos pelos Estados-Membros. Funções como inspec-ção, monitorização da qualidadee monitorização da segurançasão desempenhadas pelas ANRMdos Estados-Membros. Por seu la-do, as ANRM em África avaliam eregistam produtos médicos e al-guns Estados-Membros têmacordos bilaterais mútuos nessedomínio.

"A AMA será responsá-vel pela avaliação etomada de decisões rel-ativamente a certos pro-dutos médicos paratratamento de doenças/afecções prioritárias,conforme definido pelaUnião Africana"

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Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 11Janeiro/Março 2014

Sistemas reguladores dosmedicamentos em África:

análise da situaçãoEntre 2002 e 2010, a OMS prestouapoio a 26 países da região africa-na para avaliar os seus sistemasreguladores e para desenhar e im-plementar planos de desenvolvi-mento institucional4 . Em 2010 e2011, a NEPAD efectuou uma aná-lise da situação sobre o estado daharmonização do registo dos me-dicamentos, respectivamente nassub-regiões da Comunidade daÁfrica Oriental (CAO) 5, CEDEAO6

e SADC. Outras avaliações e revi-sões foram também realizadas,num passado recente, a nível sub-regional7 e regional8 .

Os resultados de vários estu-dos efectuados por, entre outros,a OMS (2004 e 2010), a NEPAD(2010 e 2011), a Administraçãodos Alimentos e Medicamentosdos EUA (2010) e as Ciências deGestão da Saúde (2010) revelamque a maioria dos países africanosainda não se encontra em posiçãode satisfazer os requisitos interna-cionalmente aceites de regulaçãodos produtos médicos. Os princi-pais resultados são que, presente-mente, só 4% dos Estados-Mem-bros têm uma capacidade regula-dora nacional apenas moderada-mente desenvolvida, em compa-ração com os países do mundodesenvolvido, enquanto 33% dospaíses da UA têm capacidade re-guladora para levar a cabo a maio-ria das funções, em variadosgraus, e 24% têm uma capacidadereguladora básica (i.e., desempe-nham funções mínimas).

Estima-se que 39% dos Esta-dos-Membros da UA tenhamuma capacidade reguladora limi-tada para implementar todas asfunções reguladoras. A análise re-vela igualmente que a maioria das

ANRM tem estruturas organiza-cionais inapropriadas para imple-mentarem as funções regulado-ras dos produtos médicos. Em al-guns países, as entidades respon-sáveis por coordenar e supervisio-nar a implementação da regula-ção dos produtos médicos sãounidades dependentes de depar-tamentos dos ministérios da saú-de. Embora se espere que essasentidades sejam departamentosautónomos e plenamente funcio-nais, com autoridade estatutária(conselhos ou comissões) para ga-rantir a sua independência, trans-parência e responsabilidade natomada de decisões, a realidade émuitas vezes diferente.

A análise dos estudos revelaque as Comunidades Económi-cas Regionais (CER), nomeada-mente a Comunidade da ÁfricaOriental (CAO), a Comunidade deDesenvolvimento da África Aus-tral (SADC), a Comunidade Eco-nómica dos Estados da África Oci-dental (CEDEAO), a União Econó-mica e Monetária da África Oci-dental (UEMOA) e a União Eco-nómica e Monetária da ÁfricaCentral (CEMAC) se encontramem várias fases da integração eco-nómica e têm políticas, leis, ins-trumentos reguladores e normasde harmonização da regulaçãodos produtos médicos. Algumasdas CER estão também a traba-lhar para análises conjuntas dedossiers e inspecção de fábricasde manufactura de medicamen-tos, o que constitui um factorcha-ve para a criação de capacidadereguladora entre os países queparticipam nos regimes regionaisde harmonização.

Por exemplo, através da inicia-tiva africana para a Harmoniza-ção Reguladora dos Medicamen-tos (AMRH), a CAO elaborouorientações técnicas regional-mente acordadas para a regula-ção dos medicamentos e encon-tra-se no processo de desenvolvi-mento de uma política farmacêu-tica e de um projecto-lei para aComissão de Segurança dos Ali-mentos e Medicamentos da CAO.Outras CER, como a SADC e a CE-DEAO definiram também as

A AMA terá uma função de coordenação e de liderança para as ac-tividades reguladoras dos Estados-Membros. Entre as principaisfunções reguladoras da AMA contam-se:a) Autorização de introdução no mercado: a AMA será responsávelpela avaliação e tomada de decisões relativamente a certos produ-tos médicos para tratamento de doenças/afecções prioritárias,conforme definido pela União Africana.b) Inspecção: procederá à coordenação e à partilha de informaçãonuma base regular, no que respeita a todos os produtos por ela au-torizados para introdução no mercado.c) Vigilância do mercado: coordenará a recolha e a partilha de in-formação sobre todos os produtos médicos, incluindo produtosmédicos SSFFC.d) Monitorização da segurança: será responsável por tomar de-cisões de regulação referentes a produtos seleccionados paratratamento de doenças/afecções prioritárias, segundo definidopelos Estados-Membros, com base na informação disponível sobresegurança. Para além disso, a AMA recolherá e armazenará dadossobre a qualidade e a segurança de produtos médicos, partilhan-do-os com todos os seus Estados-Membros e até mesmo a nívelmundial. Entrará ainda em colaboração com os centros mundiaise regionais, na esfera da monitorização da segurança.e) Supervisão de ensaios clínicos: coordenará a análise conjunta decandidaturas à realização de ensaios clínicos.f) Controlo da qualidade: coordenará os serviços laboratoriais decontrolo da qualidade para as autoridades reguladoras nacionais esub-regionais.

Funções da AMA

"Constituirá umaplataforma para a coor-denação e reforço dasiniciativas em curso paraharmonizar a regulaçãodos medicamentos"

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grandes metas da criação dosseus projectos de harmonizaçãoda regulação dos medicamentos.Os países africanos da Região doMediterrâneo Oriental da OMSnão cooperam na regulação dosmedicamentos ao nível das CER.Contudo, existe uma convergên-cia de esforços no Conselho deCooperação do Golfo (GCC) sobreo registo de medicamentos, vistoque o GCC actua como uma enti-dade de compras agrupadas paraos seus membros. Em conjunto,esses esforços constituem um im-portante alicerce para a criaçãoda AMA.

Problemas e desafiosApesar dos esforços de formaçãode capacidades da OMS e parcei-ros para reforçar os sistemas regu-ladores nacionais e sub-regionaise para promover a harmonização,as evidências revelam que a capa-cidade dos países para regularemos produtos médicos ainda é ina-dequada em África. Todavia, al-guns dos países têm melhores sis-temas reguladores do que outros.Essa disparidade da capacidadereguladora constitui mais umajustificação para se criar um siste-ma regulador continental. Alémdisso, a implementação dos pro-cedimentos e processos acorda-dos, a coordenação das práticasreguladoras entre as subregiões, adefinição de prioridades para osprodutos contra as doenças-alvo,a promoção da manufactura e ouso optimizado dos limitados re-cursos disponíveis para as ANRMcontinuam a constituir significa-tivos desafios, que podem ser re-solvidos com eficácia através deum sistema regulador nacional,i.e., a AMA.

Fundamentos para a criação da AMA

A AMA pretende ser um órgão daUA, legalmente mandatado pelosEstados-Membros.

Constituirá uma plataforma

para a coordenação e reforço dasiniciativas em curso para harmo-nizar a regulação dos medica-mentos. Servirá também parareunir peritos e capacidades e re-forçar o trabalho em colaboraçãopara o melhor uso possível dos li-mitados recursos disponíveis. AAMA prestará, portanto, orienta-ções e complementará e intensifi-cará os esforços das CER para aharmonização da regulação dosprodutos médicos. Melhorando oambiente regulador, a AMA con-tribuirá para melhorar o acessoaos produtos médicos.

OportunidadesO Fundo Mundial de Luta contraa SIDA, Tuberculose e Paludismo,a Aliança Mundial para as Vacinase a Vacinação, a Comissão das Na-ções Unidas para Produtos Salva-Vidas da saúde materna, reprodu-tiva e infantil e a parceria para asDoenças Tropicais Negligencia-das, assim como as redes de regu-lação (p. ex., AVAREF e AMRC), to-das elas representam oportunida-des para melhorar a convergênciareguladora a nível continental. Es-tas iniciativas, que visam melho-rar a disponibilidade de produtosmédicos, requerem uma supervi-são reguladora adequada.

Os países africanos reconhe-cem a necessidade de um meca-nismo de coordenação para a re-gulação dos produtos médicos e aAMA poderá satisfazer essa ne-cessidade. O calendário para a

criação da AMA deverá ter emconta as actuais oportunidades eparcerias para apoiar as iniciati-vas mundiais de saúde e requermenos investimento, se foremcriadas o mais rapidamente pos-sível.

Princípios orientadoresOs princípios orientadores daAMA serão os seguintes:a) Boa governação e liderança: AAMA observará práticas de boagovernação na criação de um am-biente favorável para os sistemasreguladores sustentados, parceriae coordenação de actividades demodo integrado.b) Competência: a AMA desem-penhará as suas funções desta-cando e mantendo as melhorescompetências disponíveis.c) Propriedade: os Estados-Mem-bros serão os principais proprie-tários da AMA, para garantir queos recursos financeiros, humanos,infraestruturais e outros sejamadequados ao desempenho dassuas funções.d) Transparência e responsabili-dade na tomada de decisões: aAMA tomará decisões indepen-dentes, com base nas evidênciascientíficas actuais, na ética profis-sional e na integridade. As evidên-cias pormenorizadas do seu pro-cesso de decisão e a justificaçãopara as suas decisões serão inte-gralmente respeitadas. A AMA se-rá responsável perante os Esta-dos-Membros da União Africana.

e) Confidencialidade: a AMA obe-decerá aos princípios de confi-dencialidade em todas as suasoperações.f) Compromisso com uma boagestão da qualidade: em todas assuas funções, a AMA cumprirá ospadrões internacionais de gestãode qualidade e criará as condiçõespara a melhoria contínua das suaspráticas reguladoras e das práti-cas das ANRM dos Estados-Mem-bros da União Africana.g)Parcerias e colaboração: a AMAcriará e reforçará parcerias e pro-moverá a colaboração e a partilhade informação com todos os inte-ressados relevantes.h) Apoio para a inovação: a AMAapoiará inovações que melhoremo acesso a novos produtos médi-cos, para resolver as prioridadesde saúde pública em África.

Reunião dos ministros africanos da saúde12 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

1Produtos médicos incluem medicamentos, vacinas, meios de diagnóstico e dispositivos médicos. 2“Reforçar a capacidade para a regulação dos produtos médicos na Região Africana”. 3www.ema.europa.eu.4WHO/EMP/QSM/2010.4, Assessment of medicines regulatory systems in sub-Saharan African countries: an overview of findings from 26 assessment reports, Geneva, World Health Organization, 2010.5 AU/NEPAD, Situational analysis study on medicines registration harmonization in Africa. Final report for the East 6AU/NEPAD, Situational analysis study on medicines registration harmonization in Africa.Final report for the Economic 7UEMOA, Étude de faisabilité sur le changement de statut des autorités de réglementation pharmaceutique des États 8 http://www.who.int/medicines /areas/coordination/coor-dination_assessment/en/; accessed; 21 February 2014.

Apresentam-se resumida-mente no seguinte quadroas etapas e respectivo ca-lendário da criação da AMA:

— Adopção da proposta de cri-ação da AMA pela Conferênciados Ministros Africanosda Saúde da UA .................2014— Criação de uma Equipa deAcção/Unidade de Projectospara operacionalização dosobjectivos da AMA pelos Ministros da Saúde ..........2014— Decisão/aprovação dosprincípios pela Cimeira dosChefes de Estado e de Governoda UA ....................................2015— Designação dainstituição/país que vai sedear aAMA ......................................2016 — Aprovação dos órgãos direc-tivos da AMA .....................2017— Lançamento da AMA 2018

ACÇÕESNECESSÁRIAS: ETAPAS E CALENDÁRIO

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Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 13Abril/Junho 2014

Folha Farmacoterapêutica

Órgão informativoCINFARMA– Centro de Informação Farmacêutica no

Departamento de FarmacovigilânciaDNME/MINSA

ANO 1, N.º2, Abril a Junho de 2014

INTRODUÇÃO

MENSAGEM DE ABERTURATodo o nosso esforço tem umúnico objectivo: melhores diaspara você, para a sua família,para a nossa profissão. Com oseu apoio e amizade temosconseguido muito e chegare-mos ainda mais longe. Senti-mo-nos realizados com a suaalegria, prosperidade e felicida-de, bem como com a valoriza-ção da nossa profissão.

Nós acreditamos que é preciso acreditar.

Nós acreditamos que sóacreditando é possível

construir.Nós acreditamos

que só construindo conseguiremos vencer.

Nós acreditamos na nossaprofissão. Em você.

Por isso, apresentamos-lhemais uma realização farmacêu-tica que gostaríamos que fizes-se parte do seu quotidiano la-boral, para sua actualizaçãoprofissional. Pedimos-lhe quecontribua para a sua melhoria.Esta folha Farmacoterapêuticaestará sempre presente nestasua revista da Ordem dos Far-macêuticos. Abrace esta causa.

O Director NacionalBoaventura Moura

O conhecimento sobre a segurança de um fármaco é umprocesso dinâmico e o aprofundamento desse conheci-mento só pode ser assegurado com a participação dosprofissionais de saúde.

Este trabalho constitui uma estratégia essencial paraa promoção do uso racional de medicamentos e suscitaum impacto directo nas políticas de prevenção de danos,através da disseminação de informação.

O mundo reconhece a tragédia de cerca de 10.000crianças com focomelia por exposição intra-uterina à ta-lidomida, um hipnótico suave e profilático dos enjoosmatinais da gravidez – aquilo que viria a ser internacio-nalmente conhecido como o “Drama ou Desastre da Ta-lidomida”, em 1961. Só então se assumiu a verdadeiraconsciencialização do problema.

Porém, o risco de danos é menor quando os medica-mentos são usados por profissionais da saúde informa-dos e por pacientes que, por si mesmos, entendem e

compartilham a responsabilidade pelos seus medica-mentos. Quando efeitos adversos e toxicidade surgem –em particular quando previamente desconhecidos emassociação com o medicamento –, é essencial que sejamanalisados e comunicados efectivamente a uma audiên-cia que tenha o conhecimento necessário para interpre-tar a informação. Esse é o papel da farmacovigilância.

A monitorização da segurança de medicamentos éum elemento essencial para o uso efectivo de medica-mentos e para a assistência médica de alta qualidade. Elatem a capacidade de inspirar segurança e confiança en-tre pacientes e profissionais da saúde em relação aos me-dicamentos, contribuindo para elevar os padrões da prá-tica médica.

A farmacovigilância é uma disciplina clínica por di-reito - ela contribui para a ética de segurança e serve co-mo indicador dos padrões de assistência clínica pratica-dos num país.

O QUE É A FARMACOVIGILÂNCIAAnteriormente a 1969, este termo era definido como “anotificação, o registo e avaliação sistemática das reacçõesadversas aos medicamentos dispensados com ou semprescrição”. Depois, em 1972, o conceito é alargado a “to-da a actividade tendente a obter indicações sistemáticassobre os laços de causalidade provável entre o medica-mentos e reacções adversas numa população.” (1)

NOÇÃO DE REACÇÃO ADVERSA “É uma qualquer resposta a um fármaco que seja preju-dicial, de forma não intencional, e que ocorra nas dosesnormalmente utilizadas em seres humanos para profila-xia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou seja, para amodificação de uma função fisiológica.” (EDWARDS &BIRIELL, 2001)(1)

A MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÓS-COMERCIALIZAÇÃOQuanto mais forte for o sistema nacional de farmacovi-gilância e de notificações de RAMs, mais provável seráque decisões reguladoras equilibradas sejam tomadas

para uma pronta libertação de novos medicamentos,com a promessa de avanços terapêuticos. A legislaçãoque governa o processo regulador, na maioria dos países,permite o estabelecimento de condições para registo, talcomo a exigência de que deve haver farmacovigilânciaminuciosa nos primeiros anos da libertação do medica-mento para o mercado.

Há outros aspectos da segurança de medicamentosque têm sido bastante negligenciados até então e que de-veriam ser incluídos na monitorização dos efeitos laten-tes e de longo prazo dos medicamentos. Incluem:— Identificação das interacções medicamentosas;— Medição do impacto ambiental dos medicamentosutilizados em grandes populações;— Avaliação da contribuição dos “componentes inacti-vos” (excipientes) para o perfil de segurança;— Sistemas para comparar perfis de segurança de medi-camentos da mesma classe terapêutica;— Vigilância dos efeitos adversos à saúde humana de re-síduos de medicamentos em animais, antibióticos e har-mónios.

REPÚBLICA DE ANGOLAMINISTÉRIO DA SAÚDEDIRECÇÃO NACIONAL

DE MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS

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Folha Farmacoterapêutica14 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Os profissionais da saúde estão em condições defazer bom uso das experiências positivas e negativasde tratamento dos seus pacientes de forma a con-tribuir para a ciência médica e melhorar a com-preensão das doenças e seus medicamentos.

Um novo medicamento deve atender a três exi-gências antes da sua aprovação pela autoridade regu-ladora nacional. Exige-se a demonstração de evidên-cias suficientes de que o novo medicamento seja:— de boa qualidade;— eficaz; — seguro para o objectivo ou objectivos para osquais é proposto.

Enquanto os primeiros dois critérios devem seratendidos antes que qualquer consideração possaser feita quanto à aprovação, a questão da segurançaé menos exacta. A segurança não é absoluta e podeser julgada somente em relação à eficácia, sendo ne-cessária uma análise por parte dos reguladores paradecidir quanto aos limites aceitáveis de segurança.

Há possibilidade de que eventos adversos raros,porém graves (como os que ocorrem com a frequên-cia de, digamos, um em cinco mil) não sejam iden-tificados no desenvolvimento do medicamento an-terior ao registo. Por exemplo, a discrasia sanguíneafatal, que ocorre em um entre cada 5.000 pacientestratados com um medicamento novo, só é provávelque seja identificada depois de 15.000 pacientes te-rem sido tratados e observados, contanto que a in-cidência prévia de tal reacção seja zero ou que hajauma associação causal clara com o medicamento.

A FARMACOVIGILÂNCIA E A AUTORIDADE RE-GULADORA NACIONAL DE MEDICAMENTOSAs limitações dos dados de segurança de medica-mentos na fase de pré-comercialização são bem co-nhecidas. (2) Elas são agravadas pela crescente pres-são exercida sobre os reguladores de medicamentospor parte da indústria farmacêutica para abreviar otempo de revisão para a libertação de medicamen-tos novos. A aprovação do registo de um medica-mento novo será, provavelmente, seguida por inten-sa propaganda e exposição rápida a milhares ou atémilhões de pacientes. (3) As implicações do desen-volvimento gradual dessa situação para a segurançados medicamentos precisam de ser analisadas.

A farmacovigilância tornou-se uma componen-te essencial na regulação de medicamentos. (4)

Futuramente, nos países em desenvolvimento,é provável que ela assuma a forma convencional denotificação espontânea, embora esteja longe de serum sistema perfeito. Muitos países em desenvolvi-mento não têm sistemas básicos organizados paratal propósito, e, até mesmo nos locais em que os sis-temas de farmacovigilância existem, é provável quefalte apoio e participação activa dos profissionais dasaúde, reguladores e administradores.

A subnotificação de RAMs por parte dos profis-sionais da saúde continua a ser o problema princi-pal em todos os países.

MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS E TRADICIONAIS

O uso de medicamentos fitoterápicos e tradicio-nais traz preocupações quanto à sua segurança.(5,6) Há uma concepção equivocada, amplamentedifundida, de que “natural”significa “seguro”. Existea crença comum de que o uso prolongado de ummedicamento, baseado na tradição, assegura a suaeficácia e segurança. Há exemplos de medicamen-tos tradicionais e fitoterápicos que foram adultera-dos ou contaminados com medicamentos alopáti-cos, substâncias químicas como corticosteróides,agentes anti-inflamatórios não-esteroidais e metaispesados. Muitos medicamentos tradicionais são fa-bricados para uso global e vão além do cenário cul-tural e tradicional para o qual foram originalmentedestinados. A automedicação agrava os riscos dospacientes. Quando medicamentos tradicionais e fi-toterápicos são usados juntamente com outros me-dicamentos, existe potencial para graves interac-ções adversas entre medicamentos.

A FARMACOVIGILÂNCIA NA PRÁTICA CLÍNICAA monitorização da segurança de medicamentosde uso comum deveria ser parte integrante da prá-tica clínica. A forma como os clínicos gerais são in-formados sobre os princípios da farmacovigilânciae sobre o modo como tais profissionais as usam temum grande impacto na qualidade da assistência mé-dica. A educação e a capacitação dos profissionaisda saúde com respeito à segurança de medicamen-tos, a troca de informações entre centros nacionais,a coordenação de tais trocas e a conexão de expe-riências clínicas sobre segurança de medicamentoscom pesquisas e políticas de saúde - tudo serve paratornar efectiva a atenção ao paciente. Programasnacionais de farmacovigilância estão perfeitamenteposicionados para identificar pesquisas necessáriasà melhor compreensão e tratamento de doenças in-duzidas por medicamentos.

Há três abordagens que podem servir para au-mentar a consciencialização e o interesse pela se-gurança de medicamentos entre clínicos gerais e pa-ra tratar de questões de pesquisa:

EDUCAÇÃO, CAPACITAÇÃO E ACESSO A INFORMAÇÕES FIÁVEISAs reacções adversas tendem a ser vistas, incorrec-tamente, como “efeitos colaterais” e, sendo assim,como desvios das prioridades de pacientes e médi-cos. A aprendizagem sobre a extensão e a severida-de das RAMs deveria começar numa fase inicial dacapacitação profissional. A boa monitorização dasegurança encoraja os profissionais da saúde a as-sumir uma responsabilidade mais completa pelosmedicamentos que usam. Ela melhora a efectivi-dade clínica e aumenta a confiança com que tantoeles como os seus pacientes utilizam os medica-mentos.

Para se alcançar algo mais próximo da práticaideal, é necessária mais atenção na capacitação dosprofissionais da saúde no que se refere ao diagnós-tico, gestão e prevenção de RAMs. Nem todos os si-nais são tão específicos, dramáticos e prontamentediagnosticados como foram a focomelia e micro-melia causadas pela talidomida. O reconhecimentode efeitos adversos menos óbvios requer atenção,agilidade, diagnóstico preciso e compreensão dosprincípios da avaliação da causalidade. (7)

É mais provável que os profissionais da saúdeidentifiquem e informem RAMs importantes se elestiverem confiança na sua habilidade para diagnos-ticar, gerenciar e prevenir tais reacções. Os centrosnacionais de farmacovigilância e as instituições decapacitação desempenham um papel central nessecontexto, com o encorajamento da inclusão dosprincípios e métodos da farmacovigilância e do es-tudo de doenças iatrogénicas nos cursos de gradua-ção e pós-graduação em escolas de Medicina, Far-mácia e Enfermagem.

Os currículos de farmacologia deveriam dar amais alta prioridade ao estudo da segurança de me-dicamentos. Isso conduziria a uma maior conscien-cialização do equilíbrio entre os benefícios e possí-veis danos dos medicamentos. Deveria ser encora-jada uma abordagem integrada à tomada de deci-sões no âmbito terapêutico. O uso excessivo e irra-cional de medicamentos contribui para as reacçõesadversas. (7) O uso equivocado de medicamentos é,em grande parte, causado pela baixa qualidade einacessibilidade de informações sobre medicamen-tos disponíveis aos profissionais da saúde. Essesproblemas são agravados por:— Divulgação e propagandas imprecisas e agressi-vas;— Uso de medicamentos sem a informação devidapor parte do paciente e sua demanda por medica-mentos mais recentes;— Falta de informações precisas sobre o medica-mento.

Os indicadores sobre o uso impróprio de medi-camentos podem ser obtidos a partir de notifica-ções espontâneas de RAMs.

No momento de formar profissionais da saúde(7), é importante desenvolver competência da ava-liação e comunicação de informações sobre os be-nefícios, danos, eficiência e riscos da medicação pa-ra o paciente. As dificuldades de comunicação entreos pacientes e profissionais da saúde representamuma importante fonte potencial de problemas evi-táveis. Os elementos seguintes apresentam a proba-bilidade de reduzir significativamente os riscos dosefeitos adversos e sua severidade:— Anaminese farmacológica dos medicamentosusados pelo paciente;— Prescrição e dispensa racionais;— Orientação apropriada;— Fornecimento de informações claras e com-preensíveis sobre medicamento.

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Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 15Abril/Junho 2014

A COMUNICAÇÃO COM OS PROFISSIONAIS DA SAÚDEUma estratégia adicional para integrar a farmaco-vigilância na prática clínica é a criação de linhasabertas, mais amplas, de comunicação e colabora-ção entre profissionais da saúde e centros nacionais.Para que isto ocorra, o centro nacional ou os regio-nais precisam de ser preparados de forma que a co-municação em mão-dupla entre os profissionais dasaúde e a equipa profissional do centro seja facilita-da. Os centros de informações sobre medicamentose intoxicação são locais ideais para esse propósito,uma vez que muitas notificações de intoxicação edúvidas sobre informações de medicamento são, narealidade, RAMs. (7) As equipas desses centros estãonuma posição ideal para apoiar o trabalho da far-macovigilância.

Os centros de farmacovigilância devem propi-ciar um acesso imediato ao conhecimento clínico ecompartilhar os recursos, incluindo as bases de da-dos. Os materiais de comunicação desenvolvidospelos centros de informações sobre medicamentose intoxicação, com inclusão de boletins informati-vos e outras publicações, podem ser utilizados paradisseminar alertas sobre medicamentos e outras in-formações de segurança de medicamentos aos di-versos profissionais.

RELACIONANDO DESCOBERTAS CLÍNICAS COM PESQUISA E POLÍTICAO estudo cuidadoso de eventos adversos de medi-camento pode identificar características diagnós-ticas, síndromes ou mecanismos patogénicos. Alémdisso, informações clínicas, patológicas e epidemio-lógicas relativas a reacções adversas são necessáriasà completa compreensão da natureza de uma reac-ção adversa e à identificação de pacientes em risco.

Embora a notificação espontânea seja o esteioda vigilância passiva, as informações obtidas sãoinerentemente limitadas e provavelmente insufi-cientes para a tomada de decisões clínicas e regula-doras.

As informações recebidas dos centros de farma-covigilância devem ser directamente incorporadasna política de medicamentos e na prática de consu-mo e uso de medicamentos.

As informações sobre segurança dos centros na-cionais têm influência nos programas de medica-mentos essenciais, nas directrizes padronizadas detratamento e nos compêndios médicos nacionais einstitucionais.

A mensuração do impacto de tais informaçõesno consumo e uso de medicamentos e na qualidadeda atenção ao paciente tem um potencial conside-rável para pesquisas. É necessário que as decisõessobre regulação de medicamentos estejam pauta-das em informações sobre segurança, que reflictamexperiências nacionais bem como internacionais,e que isto seja revisto de forma completa e hábil. Ospadrões de consumo e uso de medicamentos tam-

bém precisam ser levados em conta. (7)As RAMs têm o potencial de propiciar ideias so-

bre a relação estrutura-actividade, factores farma-cocinéticos, farmacodinâmicos e genéticos queafectam a acção dos medicamentos.

Elas podem sinalizar outras novas indicações.Por isso, é importante que a conotação negativa deuma RAM seja removida e que sistemas sejam de-senvolvidos para possibilitar que as informaçõesmédicas, farmacêuticas e químicas sejam aplicadasconstrutivamente, para um melhor entendimentode como os medicamentos funcionam. (7)

UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOSOs padrões de consumo e uso de medicamentos sãoum determinante fundamental na segurança demedicamentos. Por exemplo, o uso de medicamen-tos injectáveis é mais comum em países em desen-volvimento. (7) A via parenteral está, provavelmen-te, associada a um alto risco de efeitos adversosquando as injecções são administradas por equipa-mentos inadequadamente esterilizados ou funcio-nários insuficientemente capacitados. Estima-seque a prática insegura de injecções possa conduzira entre 780.000 a 1,56 milhões de casos de hepatiteB, 250.000 a 500.000 casos de hepatite C e 50.000 a100.000 casos de HIV em África, anualmente. (7)

Uma legislação de medicamentos abrangente,uma política e um programa de medicamentos es-senciais que incluam a educação dos profissionaisda saúde e pacientes quanto ao uso racional de me-dicamentos são medidas que devem assegurar me-lhor assistência à saúde em todos os países. Os pro-gramas de farmacovigilância podem aprender apartir das práticas de mobilização social que foramintroduzidas em programas de prática segura de in-jecções durante a imunização. (7)

A mobilização social inclui a abordagem tríplicede:— Elevar a consciencialização pública;— Assegurar a defesa para responsáveis pela toma-da de decisões; — Sensibilizar os profissionais da saúde.

Isso encoraja a demanda por medicamentos se-guros por parte de um consumidor informado sobreo perfil de segurança dos medicamentos que usa.

A incorporação da farmacovigilância nessas ac-tividades deve assegurar que tais medidas sejampertinentes relativamente ao local em questão, as-sim como ainda promover confiança pública noprocesso.

UMA PARCERIA COM OS PACIENTESA disponibilidade imediata de medicamentosmais seguros e mais eficientes, de boa qualidade,inspira confiança e segurança entre os pacientes.A farmacovigilância é uma parte essencial dosprogramas públicos que subjazem à disponibili-dade confiável de bons medicamentos e precisade ser compreendida, apoiada e promovida nos

planos mais elevados.Para que isso seja alcançado, é necessário que as

informações sobre os programas de segurança demedicamentos estejam facilmente disponíveis aopúblico, para que o papel central do paciente no usoseguro e racional de medicamentos seja compreen-dido.

Nos últimos anos, o público tem cada vez maisinfluenciado a prescrição por parte dos profissio-nais da saúde, assim como os padrões de consumoe uso de medicamentos. Essa influência e a maiorconsciencialização por parte do público são, emparte, atribuíveis ao papel dos meios de comunica-ção social e da Internet.

Nem sempre as informações disponíveis são fiá-veis ou cientificamente válidas. Propagandas demedicamentos feitas directamente ao consumidortornaram-se comuns em muitos países. Com essasinformações, os pacientes sentem-se mais capazesde tomar as próprias decisões terapêuticas sem aassistência de médicos ou farmacêuticos. O resul-tado é a automedicação crescente, a venda lícita eilícita de medicamentos pela Internet e o excesso deprescrições por parte dos médicos devido à exigên-cia dos pacientes. Isso tem provocado um aumentoconsiderável das prescrições. (7)

Programas de saúde pública e a cobertura res-ponsável dos meios de comunicação social, com oobjectivo de potenciar o acesso crescente a infor-mações sobre medicamentos, possibilitaram aospacientes, em muitos países, assumir uma maiorresponsabilidade quanto à sua própria saúde e àsdecisões que tomam.

Em alguns lugares, é muito bem-vinda a ideia deque as preocupações dos pacientes são agora reco-nhecidas como algo que tem papel legítimo a de-sempenhar no centro do processo de decisão. Aconstrução dessa consciencialização e as iniciativaseducacionais deveriam incluir as crianças e popu-lações idosas e poderiam ser fortemente facilitadaspor parcerias com os meios de comunicação social,instituições educacionais e outras organizações go-vernamentais e não-governamentais.

PROTEGENDO A CONFIDENCIALIDADE DO PACIENTENa maioria dos países, a legislação não exige que asRAMs sejam notificadas, e, nessas circunstâncias,os centros nacionais não têm a protecção legal dis-ponível em que há sistemas obrigatórios de notifi-cação. É essencial que os profissionais da saúde ob-tenham o consentimento do paciente quando a suaidentidade for divulgada num formulário de RAMou num estudo de vigilância de medicamentos.

Afinal, é do interesse do paciente que os profis-sionais da saúde tenham acesso a boas informaçõesde outros pacientes que foram expostos ao medica-mento. Só por meio do incentivo de notificações, asagências reguladoras e os fabricantes poderão serlevados a assumir responsabilidade pela segurança,

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Folha Farmacoterapêutica16 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Fontes Bibliográficas1. ANES, A. Marta et al, A Farmacovigilância Em Portugal,Maiadouro, INFARMED, 2003.2. Dukes MNG., e importance of adverse reactions indrug regulation. Drug Safety, 1990; 5(1): 3-6.3. Edwards IR., e accelerating need for pharmacovigi-lance. Journal of the Royal College of Physicians, 2000; 34:48-51.4. Wood SM., Postmarketing surveillance: viewpoint froma regulatory authority. Drug Information Journal, 1991;25:191-5.

5.Barnes J, Mills SY, Abbot NC, Willoughby M, Ernst E., Dif-ferent standards for reporting RAMs to herbal remediesand conventional OTC medicines: face-to-face interviewswith 515 users of herbal remedies. British Journal of Clini-cal Pharmacology, 1998; 45(5): 496-500.6.Ang-Lee MK, Moss J, Yuan C. Herbal medicines and pe-rioperative care. Journal of the American Medical Asso-ciation, 2001; 286:208-216.7. A importância da Farmacovigilância / OrganizaçãoMundial da Saúde Brasília: Organização Pan-Americanada Saúde, 2005. (Monitorização da segurança dos medi-camentos).

Direcção TécnicaDr. Boaventura Moura -Director Nacional de Medicamen-tos e EquipamentosConselho RedactorialDra. Isabel Margareth Malungue - Chefe de Departamen-to Nacional de Farmacovigilância e Remédios Tradicio-naisDr. José Chocolate Lelo Zinga - Chefe do Centro de Infor-mação

eficácia e qualidade dos medicamentos que apro-varam ou comercializaram para consumo público.

RESPOSTA INTERNACIONAL ÀS QUESTÕES RELATIVAS À SEGURANÇA DE MEDICAMENTOSDeterminadas questões de segurança provavel-mente têm impacto global com graves consequên-cias para a saúde pública. Quando isso acontece, hánecessidade de respostas coesas e uma avaliação in-tencional. (7) Tal sistema precisa de ser apoiado pe-los países-membros. Os seus termos de referênciadevem estar bastante claros e acordados de umaforma geral.

É preciso ter acesso a todos os dados relativos aoproduto em consideração, até mesmo às informa-ções protegidas por leis de sigilo e registos de casosde pacientes, quando necessário.

A comercialização agressiva de medicamentosnovos por empresas farmacêuticas e a consequenterápida exposição a eles de um grande número de pa-cientes num curto período de tempo corrobora anecessidade da elaboração de um sistema global deavaliação de questões de segurança de medicamen-tos. A OMS apoiou a criação de um comité acessorindependente de consultores, formada por amploespectro de disciplinas médicas que incluem farma-cêuticos clínicos, reguladores, cientistas e epidemio-logistas. A função desse comité será aconselhar aOMS em assuntos de segurança relativos a medica-mentos, incluindo-se seu Centro Colaborador paraMonitorização Internacional de Medicamentos (theUMC), e, por intermédio dele, orientar os estados-membros da OMS.

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕESPARA O FUTUROPara todos os medicamentos, há uma relação entreos benefícios e o potencial para danos. Para minimi-zar os danos, é necessário que medicamentos deboa qualidade, segurança e eficácia sejam usadosracionalmente, e que as expectativas e preocupa-ções do paciente sejam levadas em conta quandodecisões terapêuticas são tomadas. Alcançar isso éservir a saúde pública e alimentar o senso de con-

fiança dos pacientes nos medicamentos que utili-zam, que se estenderia para confiança no serviço desaúde em geral.

A disciplina da farmacovigilância desenvolveu-se consideravelmente, desde o relatório técnico daOMS, em 1972, e permanece como disciplina clínicae científica dinâmica. Tem sido essencial para se en-frentarem os desafios da crescente gama e potênciados medicamentos (vacinas inclusive), que carre-gam consigo um inevitável e, às vezes, imprevisívelpotencial para dano.

Os principais desafios são:

IDENTIFICAÇÃO DE RAMS1)Aprimorar a identificação e preciso diagnósticode RAMs por parte dos profissionaisda saúde e pacientes;2)Incentivar a vigilância activa de questões especí-ficas da segurança de medicamentos, por meio demétodos epidemiológicos como estudos de caso-controlo, conexão de registos entre diferentes basesde dados e estudos epidemiológicos:3)Considerar actividades especiais e conhecimen-tos necessários para a identificação de questões desegurança relacionadas a vacinas, produtos bioló-gicos, medicamentos veterinários, medicamentosfitoterápicos, produtos de biotecnologia e medica-mentos investigações;4) Melhorar os sistemas de identificação de sinais,facilitando a rápida disponibilização de dados deRAMs que possam ter relevância internacional;5)Rever as definições dos termos usados no campoda farmacovigilância, incluindo as definições deRAMs específicas, para assegurar a fiabilidade ecompreensão universal dos dados obtidos por meiodos sistemas de notificação de RAMs;6) Desenvolver e implementar sistemas de identifi-cação de RAMs que possam beneficiar populaçõescom acesso restrito à assistência à saúde.

PREVENÇÃO1) Melhorar o acesso a informações seguras e im-parciais sobre medicamentos em todas as esferasda assistência à saúde;2)Encorajar a consciencialização sobre segurança

e uso racional de medicamentos entre os profissio-nais da saúde e o público;3)Integrar as actividades da farmacovigilância comas políticas nacionais de medicamentos e as activi-dades que elas originam (por exemplo, protocolosclínicos padrão, listas de medicamentos essenciais,etc.);4) Incorporar com mais vigor os princípios da far-macovigilância na prática clínica e nos cursos degraduação em medicina;5)Encorajar os princípios de certificação de produ-tos entre os vários parceiros no âmbito da assistên-cia à saúde;6) Aprimorar a regulação e a farmacovigilância demedicamentos tradicionais e fitoterápicos;7) Desenvolver sistemas que avaliem o impacto deacções preventivas executadas em resposta aos pro-blemas de segurança de medicamentos.

COMUNICAÇÃO1) Melhorar a comunicação e a colaboração entreparceiros-chave da farmacovigilância, tanto localquanto internacionalmente;2) Encorajar os princípios de boas práticas de co-municação em farmacovigilância e a regulação demedicamentos e produzir, em conjunto, recursose conhecimentos para tal. Soluções diferentes se-rão, provavelmente, desenvolvidas em países e re-giões diferentes, e a experiência deve ser comparti-lhada;3)Desenvolver uma melhor compreensão dos pa-cientes face às suas expectativas sobre os medica-mentos e sua percepção de risco associado ao usode medicamentos, para facilitar os programas queinformarão melhor o público a respeito dos bene-fícios e danos associados a medicamentos;4) Desenvolver relações contínuas e activas com osmeios de comunicação social para facilitar a comu-nicação efectiva e precisa de informações sobre me-dicamentos ao público;5) Encorajar a harmonização de actividades regu-ladora e de farmacovigilância de medicamentospor meio da incorporação mais ampla da comuni-dade internacional no desenvolvimento de políti-cas de harmonização.

Cantinho do leitor

Ser-lhe-emos gratos por suas críticas construtivas e sugestões para futuras publicações daFolha Farmacoterapêutica, no nosso endereço: Rua Dr. Américo Boavida nº 81, 1º andar, Luanda, Angola. Ou para o E-mail: [email protected]

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ReportagemRevista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 17Abril/Junho 2014

Mara Mota

Casos de sucesso de farmácias em Angola

Criado a partir do desejo de ofe-recer ao público um serviço dife-renciado e especializado na áreada distribuição grossista e na co-mercialização retalhista de pro-dutos farmacêuticos, produtosde ortopedia, saúde oral, bem-estar e da medicina complemen-tar, o Grupo Moniz Silva nasceuda iniciativa do empresário JoséMoniz Silva.

Fomos ao encontro deste em-preendedor angolano para sabermais sobre a sua história de su-cesso e descobrimos que tudocomeçou em 2005 com comér-cio grossista longe do centro dacidade de Luanda. Posterior-mente, foi aberto um armazémmais próximo para melhorar aeficácia do processo de entregadas mercadorias.

“Revolucionámos o mercadode farmácias no nosso país aocriar espaços não só comerciaismas também modernos e agra-dáveis, onde todos se sentembem, principalmente os doen-tes”, enaltece Moniz Silva.

Este projecto de vendas a re-talho com farmácias de referên-

cia só foi possível graças a umaequipa especializada, com cercade 300 quadros, todos nacionaise com bastante experiência nosector.

Os três princípiosOs três princípios que definem oseu posicionamento no mercadosão a inovação ( farmácias mo-dernas, funcionais e diversifica-das pelo mix de produtos), o na-cional (gestão feita por quadrosnacionais, jovens e dinâmicos) ea proximidade (localização defácil acesso).

“Queremos contribuir de for-ma significativa para melhorar oestado de saúde da populaçãoangolana, proporcionando umserviço com o mais elevado pa-drão de qualidade e a acessibili-dade à tecnologia de saúde maisrecente. Para se alcançar este ob-jectivo, bem como a liderança nomercado retalhista, estamosconscientes de que o reforço daconjugação de esforços com osnossos parceiros e colaborado-res é um factor fundamental pa-ra o sucesso. Pautamo-nos por

princípios participativos paraobtermos resultados capazes deassegurar o cumprimento damissão e dos objectivos organi-zacionais. O respeito e a apostana formação contínua dos nos-sos quadros são factores basila-res da competitividade da nossaestrutura”, acrescenta José Mo-niz Silva.

O slogan do grupoA inovação tecnológica, elevadaqualidade, personalização nadistribuição grossista e na pres-tação dos cuidados de saúde sãoas principais metas do grupo,que é composto por dez farmá-cias, em Luanda (Belas, Cine S.Paulo, Coqueiros, Maculusso,

Maianga, Novassol e Vitória), emBenguela (Acácias), no Huambo(Huambo) e na Huíla (Lubango).

Para esta maratona, o slogandefinido – “O medicamento cer-to, no lugar certo, no tempo cer-to, com a qualidade certa, com opreço certo” – traduz o compro-misso de colocar o produto far-macêutico acessível ao utente nolocal mais próximo e no maiscurto período, ou seja, em todasas farmácias do território nacio-nal, independentemente da sualocalização geográfica.

Brevemente será inauguradaa Farmácia Mix Center, localiza-da no Talatona, uma infra-estru-tura que resultou de um grandeinvestimento do Grupo MonizSilva.

Repensar a distribuiçãoQuestionado sobre as estratégiaspara se distinguirem face à con-corrência, Moniz Silva reconheceque o mercado da comercializa-ção por grosso e a retalho dosprodutos farmacêuticos e depuericultura está cada vez maiscompetitivo e exigente. Por isso,

Grupo Moniz Silva

“A inovação tecnológi-ca, elevada qualidade,personalização na dis-tribuição grossista e naprestação dos cuidadosde saúde são as princi-pais metas do grupo”

JOSÉ MONIZ SILVA“Revolucionámos o mercado de farmácias no nosso país ao criar espaços não só comerciais mas também modernos e agradáveis, onde todosse sentem bem, principalmente os doentes”

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"A Mecofarma surgiu, em 1997,com o objectivo de criar uma re-de de farmácias que promovesseo acesso a medicamentos e pro-dutos de saúde de qualidade atoda a população angolana", diz-nos o seu administrador, JoãoCarlos Lopes, em entrevista àRevista da OFA. Hoje, com umaexperiência e know-how commais de 15 anos, "a rede Meco-farma conta com dez farmácias,oito na região de Luanda e arre-dores e duas na província do Lu-bango, bem como de três pet-shops".

O segredo do sucessoDe acordo com João Carlos Lo-pes, a estratégia adoptada queconduziu ao sucesso obtidoconsistiu na aposta feita na"criação de farmácias com de-sign moderno, dotadas das maisrecentes condições técnicas e deelevado padrão, estrategica-mente localizadas". Ao mesmotempo "sempre disponibilizá-mos à população angolana me-dicamentos da mais elevada

qualidade, bem como os produ-tos mais sofisticados na área dapuericultura, cosmética e saúdeem geral". Para tal, "procurámostrabalhar com medicamentoscom origem nos laboratórios dereferência internacional, apos-támos na contratação de qua-dros qualificados e na formaçãoconstante dos nossos colabora-dores".

Investimento na formaçãoHoje, a rede Mecofarma contacom mais de 130 colaboradores"motivados para um projectocomum e marcar a diferença naárea da saúde em Angola", ga-rante o administrador. "A Meco-farma dispõe de uma equipa al-tamente qualificada que, comum elevado nível de dedicação,rigor e profissionalismo, garanteum serviço de qualidade e umatendimento personalizado rea-lizado por profissionais de saú-de angolanos especializados emdiversas áreas".

As equipas que integram ca-da farmácia e cada pet-shop

abrangem diversas áreas de co-nhecimento e incluem mestresem ciências farmacêuticas, li-cenciados e técnicos médios defarmácia. "É com base nesta se-lecção de profissionais de saúdedotados das mais elevadas eabrangentes competências e oinvestimento na sua formaçãocontínua, que a Mecofarma,possibilita o melhor aconselha-mento ao utente", revela JoãoCarlos Lopes.

Caminhos do futuroPara o administrador da Meco-farma, "com a aposta na melho-ria da saúde realizada pelo go-verno angolano nos últimosanos, acredito numa melhoriasubstancial no sector e na conse-quente qualidade de vida do po-vo angolano". O mercado "serácada vez mais competitivo, frutodo desenvolvimento aceleradodo país. A Mecofarma procuraráapoiar este esforço das autorida-des, aprimorando a eficiência lo-gística das operações, bem co-mo, desenvolvendo tecnologias

de informação capazes de darresposta às novas exigências".

As farmácias do futuro "deve-rão procurar aproveitar siner-gias que apenas poderão ser ob-tidas pelo ganho de dimensãodas cadeias de distribuição. Istopermitirá uma redução dos cus-tos de estrutura e a consequentepassagem de parte substancialdesses proveitos para o cliente",conclui.

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Reportagem18 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

"As farmácias do futurodeverão procuraraproveitar sinergias queapenas poderão serobtidas pelo ganho dedimensão das cadeiasde distribuição. Isto per-mitirá uma redução doscustos de estrutura e aconsequente passagemde parte substancialdesses proveitos para ocliente"

Mecofarma

JOÃO CARLOS LOPES “A criação de farmácias com design moderno, dotadas das mais recentes condições técnicas e de elevado padrão, estrategicamente localizadas, ea disponibilização à população de medicamentos da mais elevada qualidade é o segredo do sucesso da Mecofarma”

foi necessário repensar a distri-buição, reduzindo os tempos deentrega e investindo numa frotaprópria e totalmente equipadapara o devido acondicionamento

dos produtos transportados. “Es-tamos em condições de garantira entrega dos produtos em segu-rança e em bom estado de con-servação. A título de exemplo,

uma entrega na cidade de Luan-da (existindo produto em stock)demora, no máximo, 24 horas.Asseguramos, desta forma, omais elevado padrão de qualida-

de e rapidez de entrega e do acon-dicionamento, armazenagem etransporte dos produtos farma-cêuticos”, acrescentou o líder efundador do grupo Moniz Silva.

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Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 19Abril/Junho 2014

As Farmácias de Angola são umprojecto dedicado exclusiva-mente ao retalho farmacêutico,da autoria da empresa Ki-Far-mácias, que arrancou em Feve-reiro deste ano, na galeria co-mercial do Hipermercado KeroKilamba.

Em entrevista exclusiva, Fili-pa Abreu, farmacêutica e direc-tora do projecto Farmácias deAngola, começa por explicarque, desde a sua abertura, alémda venda de medicamentos e ou-tros produtos, a farmácia oferecetambém serviços que têm comoprincipal objectivo sensibilizar apopulação para a importânciada actuação individual na pre-venção das doenças. Por isso,destaca os testes rápidos, quevão de uma simples determina-ção da glicemia ou tensão arte-rial até outros mais complexoscomo os testes de malária, den-gue, febre tifóide, determinaçãode valores de PSA (marcador tu-moral da próstata) e infecçãourinária.

Testes rápidos“Tentamos proporcionar ao con-sumidor que nos visita o maiornúmero de testes rápidos possí-vel, de forma que ele consiga des-pistar alguma situação mais de-licada com a sua saúde. E, aomesmo tempo, sensibilizamos apopulação em geral sobre oquanto é simples fazer um testerápido e como isso pode benefi-

ciar a nossa vida e o nosso cuida-do com a saúde”, destaca FilipaAbreu.

A aceitação tem sido muitoboa. Segundo alguns clientespresentes no recinto enquantodecorria a nossa reportagem, aeficácia é notável e as vantagensdo serviço disponível são muitas,sobretudo porque os testes estãocertificados pela OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) e, por-tanto, não são de origem duvido-sa.

O número de testes efectua-dos superou muito as expectati-vas e a adesão continua a sergrande, com um saldo de maisde 750 exames por mês.

“A questão de ter de ir à clíni-ca, aguentar uma fila enorme edemorar muitas horas para fazerum simples teste está a ser ultra-passada. Aproveitando uma visi-ta rápida ao supermercado paracomprar leite ou carne, pode-mos medir o nível de açúcar nosangue. Quando sentimos algumincómodo ao urinar, antes decomprar um antibiótico pode-mos certificar-nos se existe mes-mo uma infecção urinária. Casoo resultado seja positivo, aconse-lhamos o cliente a fazer primeirouma consulta com um médico,para saber qual a dose correctade antibiótico a tomar. Nós nãocontribuímos para a venda des-controlada de antibióticos e ou-tros medicamentos sujeitos a re-ceita médica, que podem ter efei-

tos nefastos para a saúde”, asse-vera.

O papel do farmacêuticoEste projecto não deixa de seruma novidade em Angola pois,há alguns anos, as farmácias res-tringiam-se à venda de medica-mentos, alguns cosméticos e ar-tigos de puericultura. Como de-fende a directora das Farmáciasde Angola, “há um grande cami-nho a fazer para trazer o farma-cêutico – como profissional desaúde, altamente credenciado equalificado – para o seio da po-pulação. Ou seja, ele tem tudopara ser um profissional de saú-de de primeira linha, pois é o pri-meiro que deve ser consultadono caso de uma situação sim-ples. Muitas vezes é suficienteuma visita à farmácia para resol-ver o problema. E é também o úl-timo que o doente contacta de-pois de iniciar o seu processo deconsulta no hospital.”

“Portanto este profissionaltem uma importância muito re-levante em factores como a ade-são à terapêutica, a certeza deque o utente sabe como fazer amedicação, de que forma é queele vai sentir o efeito dessa medi-cação e isso implica que hajauma maior confiança por partedos doentes neste profissionalda saúde”, explica Filipa Abreu.

Uma das grandes preocupa-ções das Farmácias de Angola écolocar este profissional à dispo-sição da comunidade. Por isso aempresa faz questão de ter sem-pre disponível, durante o perío-do de abertura, um técnico supe-rior formado em Ciências Far-macêuticas, para atender situa-ções mais delicadas e para que acomunidade possa sentir umamaior confiança no aconselha-mento e naquilo que é dado co-mo benefício à saúde em geral.

Técnicos angolanosFazem parte do quadro de pes-soal das Farmácias de Angolaonze técnicos angolanos e a for-mação destes profissionais éuma grande aposta. Recente-mente, foi promovido um cursointensivo de capacitação e ac-tualização, com a duração de 15dias, tendo sido contratada umaempresa especializada, com oapoio de técnicos de laboratóriopresentes no mercado nacional.

Este projecto envolve um pla-no de expansão ambicioso, a

Farmácias de Angola

“Tentamos propor-cionar ao consumidorque nos visita o maiornúmero de testes rápi-dos possível, de formaque ele consiga despis-tar alguma situaçãomais delicada com a suasaúde”

FILIPA ABREU “Há um grande caminho a fazer para trazer o farmacêutico – como profissional de saúde, altamente credenciado e qualificado – para o seio da população”

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Reportagem20 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

A ajudar ao desenvolvimento dopaís com a criação de novos pos-tos de trabalho, a promover umserviço farmacêutico de qualida-de aos utentes, centrado numatendimento altamente profis-sional e cuidado, a aconselhar acorrecta e adequada utilizaçãodos medicamentos de forma apromover a saúde e a prevenir adoença está a empresa CentralFarmacêutica, uma instituiçãosólida e de direito angolano, cons-tituída em 2005. Actualmente, aCentral Farmacêutica possui asfarmácias Central (Largo SerpaPinto), a da Gamek (Rua Direitada Samba), a do Golf 2, a do Fu-tungo de Belas, a Central de Vianae uma representação também noBengo.

Segundo a directora técnicadas Farmácias Central, Kátia Pau-lo, estas têm a sua visão voltada

para o futuro mas com bases sus-tentáveis, de forma a garantir quenão haja problemas de abasteci-mento de medicamentos e meiosmédicos hospitalares, assim co-mo resolver as eventuais carên-cias de medicação específica aosdoentes que afluem às suas insta-lações. De igual modo, tem sidodesenvolvido um trabalho árduono sentido de preservar a imageme continuar a disponibilizar méto-dos e respostas a quem necessitados seus serviços.

Cuidados preventivos de saúde

Para atingir os objectivos preco-nizados, a empresa Central Far-macêutica não se limita à vendade medicamentos e outros pro-dutos farmacêuticos, mas temtambém disponíveis serviçosque garantem os cuidados pre-

ventivos de saúde básicos, comomedição do peso, medição damassa muscular, teste de glice-mia, colesterol e triglicerídeos,testes auditivos, programa dedesabituação tabágica, teste decontrolo e prevenção dos níveisde ácido úrico e medição da ten-são arterial. Presta ainda cuida-dos farmacêuticos na área da

diabetes (aconselhamento). “O nosso compromisso con-

siste em apresentar a mais vastaoferta de produtos farmacêuti-cos do mercado e, com técnicosespecializados disponíveis 24horas, proporcionar aos nossosutentes a informação em termosde profilaxia, prevenção e trata-mento nas áreas de saúde. Tam-bém alargamos o nosso compro-misso a áreas como a dermocos-mética, ortopedia, veterinária, fi-toterapia e higiene oral” afirmaKátia Paulo, não deixando de re-ferir os vários desafios que asFarmácias Central têm enfrenta-do no mercado, principalmentecom a burocracia em algumasquestões e as contingências paraconseguir estar presente todosos dias nas sete unidades, garan-tindo o abastecimento a essespostos.

Farmácias Central

“A Central Farmacêuticanão se limita à venda demedicamentos e outrosprodutos farmacêuticos,mas tem tambémdisponíveis serviços quegarantem os cuidadospreventivos de saúdebásicos”

KÁTIA PAULO “O nosso compromisso consiste em apresentar a mais vasta oferta de produtos farmacêuticos do mercado e, com técnicos especializadosdisponíveis 24 horas, proporcionar aos nossos utentes a informação em termos de profilaxia, prevenção e tratamento nas áreas de saúde”

curto prazo. Segundo FilipaAbreu, dentro de pouco tempoestarão na centralidade de Ca-cuaco e no centro da cidade deLuanda mas também se preten-de chegar às restantes províncias.

Face à concorrência, FilipaAbreu argumenta que as “Farmá-cias de Angola” pretendem dis-

tinguir-se pelo atendimento,com presença permanente detécnicos qualificados, pelas ino-vações e pelo conceito de beleza.Para que a saúde possa e deva es-tar associada à beleza, têm à dis-posição uma vasta gama de pro-dutos de dermocosmética, pro-dutos de maquilhagem e itens as-

sociados ao bem-estar e à preo-cupação adicional com a beleza,das linhas líderes no mundo eque, até agora, não eram comer-cializadas com grande visibilida-de no país.

A irregularidade na cadeia deabastecimento do mercado devenda a grosso, que não conse-

gue garantir estabilidade, nem naquantidade nem no preço, cau-sando grandes flutuações, e o fac-to de haver, por enquanto, umnúmero ainda reduzido de técni-cos formados superiormente naárea de Ciências Farmacêuticassão os principais desafios enfren-tados por esta empresa.

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Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Espaço AFPLP22 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Considerando que:a)Em muito países a farmácia éo estabelecimento de saúdemais acessível à população,funcionando com uma estrutu-ra avançada de saúde junto dascomunidades locais e uma dasprincipais portas de entrada nosistema de saúde;b) O farmacêutico, profissionalde saúde em quem a popula-ção deposita elevado grau deconfiança, tem competências econhecimentos específicos,que associados à sua proximi-dade com a população, lhe per-mitem garantir a qualidade noacesso ao medicamento, pro-mover a utilização racional domedicamento e a adesão à te-rapêutica e, desenvolver pro-gramas de promoção da saúdee prevenção da doença;c)O farmacêutico é elementoagregador entre todos os inter-venientes no sistema de saúde,participando na recolha de in-formação e acompanhamentodos doentes, sendo vários osestudos que demonstram amais-valia da sua intervenção;d) Um dos principais objectivosda farmácia é a dispensa de me-dicamentos em condições queminimizem os riscos do uso domedicamento e que permitama avaliação dos resultados clíni-cos dos medicamentos de mo-do a reduzir a elevada morbi-mortalidade associada ao me-dicamento;e)O princípio basilar da activi-dade farmacêutica consiste emauxiliar o doente na melhor uti-lização do medicamento;

Prestação de Serviços RESOLUÇÃO AFPLP

A farmácia deve evoluir na prestaçãode serviços farmacêuticosde educação e promoção dasaúde e do bem-estar dos utentes.

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Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 23Abril/Junho 2014

A Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP), que reúne os profissionais de Angola, Brasil,Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, reunida em Assembleia-Geral, em Luanda, Angola, a 29 de Maio de 2013, aprovou a seguinte Resolução:

pelas Farmácias

A farmácia deve evoluir na pres-tação de serviços farmacêuticosde educação e promoção dasaúde e do bem-estar dos uten-

tes, consolidando-se como um im-portante espaço de saúde reconhecido

pelos cidadãos e pelos Governos;

A prestação desses serviços far-macêuticos é de particular rele-vância em comunidades locaiscom dificuldades de acesso a

outros cuidados e profissionaisde saúde;

A farmácia deve disponibilizarcuidados de saúde de elevada di-ferenciação técnico-científica, optimizados e baseados na

evidência, correspondendo às necessidades das comunidades

que servem;

Os serviços prestados na farmáciadevem centrar-se numa estraté-gia de desenvolvimento da far-mácia enquanto centro de pre-

venção e terapêutica, com três ei-xos principais de intervenção:

a. Prevenção,b. Detecção Precoce,c. Terapêutica;

A intervenção na área da preven-ção deverá incluir a participaçãoda farmácia em campanhas eprogramas de educação para asaúde e em programas de vacina-

ção, em colaboração com entida-des oficiais e/ou privadas;

A intervenção na área do diag-nóstico precoce deverá incluir adetecção precoce de indivíduossuspeitos de patologias de eleva-

da prevalência, como, por exem-plo, doenças cardiovasculares, diabetes

e infecção pelo VIH/sida;

A intervenção na área da terapêu-tica deverá incluir a administra-ção de medicamentos, (em al-guns casos, através da Toma de

Observação Directa), as estraté-gias de incentivo e monitorização da

adesão à terapêutica, a monitorização dedoentes e a farmacovigilância, tendo emvista a utilização correcta, efectiva e segu-ra da terapêutica;

A prestação de serviços farma-cêuticos às populações deveráser realizada com qualidade esegurança, por profissionais

com formação específica para oefeito, em instalações adequadas e

com recurso aos equipamentos recomen-dados para a prestação de cada serviço;

A intervenção profissional deveser documentada, utilizar meto-dologias e ferramentas específi-cas – fluxogramas, protocolos,

manuais e/ou recomendações –desenvolvidas em articulação com

instituições nacionais de referência, com acolaboração de especialistas nas diferen-tes áreas;

Deve ser promovida a comunica-ção e colaboração entre profis-sionais de saúde,incluindo no acesso e partilha de

informação clínica relevante parauma intervenção informada e adequa-

da, de acordo com as especificidades decada doente em particular;

O doente deve ser sempre envol-vido nas decisões relacionadascom a sua terapêutica e plano de

cuidados;

As Associações Profissionaismembros da AFPLP são incenti-vadas a integrar na sua missão:a. A definição de metodologias e

ferramentas de apoio à interven-ção profissional;

b. O apoio aos seus membros na imple-mentação de programas e serviços nafarmácia;c. A monitorização a avaliação da imple-mentação destes programas e serviçosnas farmácias;

As Associações Profissionaismembros da AFPLP comprome-tem-se a colaborar entre si ten-do em vista a partilha de meto-

dologias, ferramentas, experiên-cias e resultados na implementação deserviços farmacêuticos, bem como na for-mação de profissionais para a prestaçãode serviços nas farmácias;

As Associações Profissionaismembros da AFPLP são incenti-vadas a apoiar os seus membrosna definição de uma remunera-

ção adequada aos serviços farma-cêuticos prestados.

Desta resolução será dado conhecimento à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), aos Governos e à população da comuni-dade lusófona. Aprovado em Assembleia Geral da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa Luanda, 29 de Maio de 2013

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Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Conselho Farmacêutico24 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Os medicamentos são substâncias especiais com finalidade profilática, cura-tiva, paliativa, ou para fins de diagnóstico, que requerem cuidados especiais dearmazenamento.Os medicamentos encontram-se inseridos em quase todos os campos de aten-ção a saúde. Essa ampla inserção faz com que tenhamos mais facilmente acessoaos fármacos levando ao uso inadequado dos mesmos, o que constitui um sérioproblema de saúde pública. O fácil acesso aos fármacos faz com se que crie uma farmácia caseira. A criaçãode stocks nas residências é preocupante pois incentiva a automedicação, po-dendo levar ao uso desnecessário de medicamentos vencidos, sem rótulos, semfolhetos informativos entre outros.Os stocks de medicamentos promovem o uso indiscriminado de determinadasclasses terapêuticas como os antibióticos e psicotrópicos, favorecendo o au-mento da resistência bacteriana e no caso dos psicotrópicos pode levar a de-pendência.

Cuidados a ter em contaPara melhor conservar os medicamentos em casa há alguns cuidados a ter emconta: devem ser armazenados longe de cosméticos, produtos de limpeza, per-fumes; fora do alcance das crianças; a indicação da validade deve constar nacaixa do medicamento; deve-se conservar o folheto informativo e a embalagemoriginal; dependendo do medicamento, existem várias formas de descarte, emcaso de dúvida podemos entregar os medicamentos numa farmácia ou postode saúde mais próximo para que eles entreguem a uma empresa , que está ha-bilitada para realizar o descarte adequado; conservar sempre os seus medica-mentos num lugar seco,fresco, mantido ao abrigo da luz da humidade e de tem-peraturas elevadas. Deve evitar-se a cozinha e a casa de banho. Alguns medica-mentos requerem cuidados adicionais como as insulinas e vacinas que devemser conservadas no frigorífico.

Composição da farmácia caseiraA farmácia caseira deve ter o mínimo de itens possível e pode ser composta ape-nas por analgésicos, anti-ácidos, anti-sépticos, anti-histaminicos e materiaisde primeiros socorros.Quando se adquire quantidades maiores de medicamentos do que de facto senecessita, além do risco da automedicação, acaba por levar ao desperdício derecursos com impacto na economia familiar.O fraccionamento de medicamentos e a atenção farmacêutica eficaz podemcontribuir para a redução de stocks nas residencias e, consequentemente, namelhoria da saúde e da qualidade de vida dos utentes.

Referências1. http://www.cff.org.br/revistas/50/inf010.pdf2.http://www.institutosalus.com/noticias/uso-racional-de-medicamentos/armazenamento-de-medicamentos-em-farmacia-caseira3. https://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/PUBLICACOES/TEMATICOS/SAI-BA_MAIS_SOBRE/SAIBA_MAIS_ARQUIVO/11_Medicamentos_em_Casa.pdf4. http://www.rcmpharma.com/actualidade/medicamentos/18-12-13/especialista-indica-maneira-correcta-de-armazenar-medicamentos-em-casa5. http://www.sequipe.com.br/site/bem-estar/como-armazenar-medicamentos-em-casa/1176. http://pt.wikipedia.org/wiki/Medicamento

Dr.ª Helena Vilhena

Como manter medicamentos seguros no domicílio

Saiba como devemos acondicionar os medicamentos em casa.

Dr.ª Lucinda Figueiredo

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A necessidade de haver profissionais especiali-zados em Ciências Farmacêuticas (vulgo Far-mácia) em Angola surge logo após a proclama-ção da independência nacional, em 1975, paracolmatar o vazio que existia nesta especialida-de e a falta de instituições de formação. Os jo-vens nacionais, com bolsas de estudo, foram en-viados para Cuba, ex-URSS, RD Congo, Brasil,Portugal e outros países para serem bem forma-dos.

Em 2001, foi aberta a Universidade Jean Pia-get de Angola, com o curso de licenciatura emCiências Farmacêuticas no seu leque de oferta.Já formou especialistas em Farmácia que estãoa participar em acções pedagógicas e profissio-nais, havendo uma cobertura ainda insuficien-te para as tarefas que lhes são inerentes. Entreos pioneiros, destacam-se farmacêuticos comoo Dr. André Pedro Neto (UniPiaget) e outros,que muito contribuíram para o crescimentodesta especialidade das Ciências da Saúde.

Actualmente, várias outras instituições – co-mo a Universidade Agostinho Neto, a UPRA–Universidade Privada de Angola e outros Insti-tutos Superiores Politécnicos – apostaram naformação dos profissionais farmacêuticos, peloque urge encontrar uma plataforma de unifor-mização de currículos, de modo a não haverdisparidades formativas e de maneira a falar-mos uma só linguagem. Esta uniformização éparte das competências da Ordem dos Farma-cêuticos de Angola, o órgão reitor da regulaçãoda profissão farmacêutica em Angola.

As Directrizes Curriculares Nacionais de-vem ser feitas de maneira a formar um farma-cêutico “sete estrelas”, que focalize as seguintesatitudes e habilidades que lhe permitem inse-rir-se no seio de uma equipa de Saúde, nomea-damente:

1.Atenção à saúde2.Tomada de decisão 3.Comunicação4. Liderança5.Administração e gerenciamento6.Educação permanente7.Ensino e pesquisa

Inserção profissionalA inserção profissional deve ser feita, entreoutros, nos seguintes sectores: —Farmácia hospitalar e clínica (sector deesterilização, higiene e controlo de infecçãohospitalar, toxicologia, investigação científi-

ca, preparações magistrais, dispensação,banco de sangue e de órgãos, de sémen e deleite humano, assistência domiciliar em equi-pas multidisciplinares, citoquímica, farmá-cia clínica, gases medicais e misturas de usoterapêutica, gestão de resíduos dos serviçosde saúde, hemoterapia, imunoterapia, nutri-ção parentérica, análises clínicas, rádio-far-mácia, aprovisionamento e sistemas racio-nais de distribuição, farmacovigilância, etc.) —Farmácia de oficina ou comunitária —Indústria farmacêutica

— Indústria cosmética — Indústria alimentar —Fitoterapia — Regulamentação e avaliação de medi-camentos —Saúde pública ( farmacoepidemiologia) evigilância sanitária —Administração hospitalar —Pesquisa clínica e laboratórios de análiseclínicas — Controlo ambiental — Auditoria farmacêutica — Farmacovigilância

Concluímos que estamos no bom cami-nho e, por isso, esperamos corresponder nofuturo às expectativas de um ensino global-mente eficiente, no que concerne a pós-gra-duações, mestrados, doutoramentos, espe-cialização dos profissionais e formação con-tínua.

Que o poder de Deus esteja com os farma-cêuticos de Angola e do Mundo e que os fár-macos tenham o real e esperado poder sobreas doenças.

Bem-haja a Ciência Farmacêutica.

A história do ensino farmacêutico em Angola

“Esperamos corresponder, no fu-turo, às expectativas de um ensinoglobalmente eficiente, no que con-cerne a pós-graduações, mestra-dos, doutoramentos, especializa-ção dos profissionais e formaçãocontínua”

Judith Béllise SARDINHA KAMGNO Farmacêutica

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 25Abril/Junho 2014

Formação

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Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Formação26 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Abril/Junho 2014

Com o objectivo de promover aligação dos estudantes angola-nos ao mercado de trabalho,possibilitando-lhes o contactocom as práticas e metodologiasda indústria farmacêutica euro-peia, a Bluepharma recebe, des-de 2010, alunos da UniPiaget.Desde a primeira edição – emque contou com a visita de seisalunos – tem-se verificado umincremento de ano para ano, oque denota o sucesso desta ini-ciativa.

O programa de formaçãodos alunos abrange as mais di-versas áreas, desde a investiga-ção e desenvolvimento, à quali-dade, passando pelos aspectosregulamentares. Também asáreas da logística, distribuiçãoe venda ao público são cobertasde forma exaustiva, por forma afomentar novas competênciasprofissionais que possam po-

tenciar a modernização do sec-tor farmacêutico angolano.

Ao incentivar o contacto dosfuturos e/ou actuais farmacêu-ticos angolanos com trabalha-dores e actividades dos diver-sos sectores de uma unidade in-dustrial de ponta como é a daBluepharma, a empresa procu-ra, por um lado, compreenderas necessidades e oportunida-des de melhoria do sector domedicamento em Angola e, poroutro, complementar o currí-culo dos alunos com experiên-cia prática na área da indústria.A rede de cooperação criada noâmbito desta iniciativa tempossibilitado à Bluepharmacontinuar a ajudar os jovensfarmacêuticos mesmo após asua estadia em Portugal, escla-recendo as suas dúvidas e res-pondendo aos seus pedidos deapoio.

Cadeia de valorCriada em 2001, a actividade

da Bluepharma engloba actual-mente toda a cadeia de valor domedicamento, estruturada nasseguintes áreas distintas: investi-gação, desenvolvimento e registode medicamentos; produção demedicamentos próprios e paraterceiros; investigação, desenvol-vimento e registo de medicamen-tos; comercialização de medica-mentos genéricos.

Através das empresas do gru-po, oferece ainda uma aborda-gem integrada do processo dedescoberta e desenvolvimentode medicamentos que inclui in-vestigação inovadora em novasentidades químicas e novas enti-dades terapêuticas, baseadas emplataformas inovadoras para aentrega de moléculas já conheci-dos.

A unidade da Bluepharma écertificada segundo os mais im-portantes parâmetros de quali-dade, estando inclusivamenteaprovada pela autoridade ameri-cana FDA. Trata-se da única uni-dade portuguesa autorizada a ex-portar formas farmacêuticas só-lidas para os Estados Unidos,apenas um dos mais de 30 territó-rios para onde actualmente ex-porta.

Através da sua parceria com aBLPH Angola, a Bluepharma estápresente no território angolanodesde 2012, com um portfólio queabrange mais de 60 produtos.

A Bluepharma recebeu,em Dezembro, na suasede em Portugal, a visitade 17 alunos do curso deFarmácia da UniPiaget An-gola, no âmbito do pro-grama de cooperaçãopromovido entre a instituição de ensino, aBluepharma e a Bayer.

Alunos da UniPiaget Angola recebem formação na Bluepharma

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