Revista Origem

4
Origem 180 ANOS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ EM SANTA CATARINA MEMÓRIA Viagem ao passado A journey to the past 40 41 Origem 180 ANOS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ EM SANTA CATARINA Museus coloniais em Santa Catarina retratam a vida diária dos primeiros imigrantes alemães Santa Catarina's colonial museums portray the everyday life of the first German immigrants QUARTO DE UMA FAMÍLIA DE IMIGRANTES REPRODUZIDO NO MUSEU HISTÓRICO EMÍLIO DA SILVA, EM JARAGUÁ DO SUL THE BEDROOM OF AN IMMIGRANT FAMILY REPRODUCED IN EMÍLIO DA SILVA HISTORY MUSEUM, JARAGUÁ DO SUL

description

Edição especial em comemoração aos 180 anos de Imigração Alemã em Santa Catarina, com gancho extra para a gastronomia típica destes imigrantes. Em Origem, produzi a maior parte dos textos, traduções para o Inglês e fotografias (inclusive a capa).

Transcript of Revista Origem

Page 1: Revista Origem

Ori

gem

18

0 an

os d

a im

igra

ção

alem

ã em

san

ta C

atar

ina

memÓria

Viagemao passado

A journey to the past

40 41

Ori

gem

18

0 an

os d

a im

igra

ção

alem

ã em

san

ta C

atar

ina

Museus coloniais em Santa Catarina retratam a vida diária dos primeiros imigrantes alemães Santa Catarina's colonial museums portray the everyday life of the first German immigrants

QUARTO DE UMA FAMÍLIA DE IMIGRANTES REPRODUZIDO NO MUSEU hISTóRIcO

EMÍLIO DA SILvA, EM jARAGUá DO SULThE bEDROOM OF AN IMMIGRANT FAMILy REPRODUcED IN EMÍLIO DA SILvA hISTORy

MUSEUM, jARAGUá DO SUL

Page 2: Revista Origem

42

Ori

gem

18

0 an

os d

a im

igra

ção

alem

ã em

san

ta C

atar

ina

43

Ori

gem

18

0 an

os d

a im

igra

ção

alem

ã em

san

ta C

atar

ina

elo lado de fora, a arquitetura por si só já resga-ta a ambientação dos tempos coloniais. Passando

pela porta, o visitante se depara com fotografias des-gastadas, engenhos de madeira que representam os primeiros passos da indústria catarinense, roupas que só eram vestidas aos domingos para ir à missa, camas rústicas com colchões de palha, louças de porcelana com dizeres em alemão e outros milhares de objetos preciosos. Em Santa Catarina, a memória da coloni-zação alemã é preservada com uma riqueza ímpar em uma série de museus onde é possível encontrar desde delicados broches pintados à mão até engenhosas má-quinas que ocupam um cômodo inteiro.

Montados em antigas casas rurais construídas em técnica enxaimel ou em prédios que já abrigaram prefeituras e mansões, os museus da região são peças funda-mentais para conhecer as origens das cidades fundadas pelos imigrantes ale-mães em Santa Catarina. Para os habitantes locais, os museus revelam um novo sabor, um novo jeito de olhar as ruas do seu município. Para o turista, mos-tram em detalhes como aquelas colônias construídas no meio da Mata Atlântica acabaram se transforman-do em importantes núcleos urbanos.

Em Pomerode, uma das cidades que melhor man-tém preservadas as tradições dos primeiros colonos, um dos destaques é a Casa do Imigrante Carl Weege, cercada por uma paisagem bucólica, com dezenas de casas centenárias e uma velha igreja luterana. Re-construída em 1998 pela Malwee, empresa têxtil de Jaraguá do Sul gerida pelos herdeiros de Weege, a casa é uma réplica da construção original de 1900. Ela foi montada no mesmo lugar onde o imigrante pomerano – que chegou ao Brasil em 1868, aos 12 anos de idade – desenvolveu seu patrimônio através da agricultura e do comércio.

Construído na harmoniosa técnica enxaimel, com

P n the outside, the buildings themselves are able to evoke the spirit of colonial days. Walking through

their doors, one finds old photographs, wooden mills that represent the first steps of Santa Catarina’s indus-try, clothes that were used just on Sundays at church, rudimentary beds with straw-filled mattresses, pot-tery bearing messages in German and thousands of other precious objects. In Santa Catarina, the memory of old German settlements is preserved in all of its many forms at museums displaying a wide range of objects, from delicate hand-painted brooches too in-genious machines that take up an entire room.

Assembled in old rural houses built with the fach-werk (framed work, in German) technique or in build-ings that once were city halls or mansions, the regional museums are a must see for anyone interested in the origins of the cities founded by German immigrants in Santa Catarina. To the locals, these museums unveil a new way to look at their towns and city`s streets. To the visitors, they tell the story of how those small

villages constructed in the middle of a tropical forest have ended up as important urban hubs.

In Pomerode, one of the cities that most strongly preserves its immigrant traditions,

a must-see is Carl Weege’s Immigrant House, sur-rounded by a pastoral scenery composed of dozens of centenary houses and an old Lutheran church. Reconstructed in 1998 by Malwee, a Jaraguá do Sul textile company owned by Weege’s descendants, the museum is located inside a reproduction of the original house dated from 1900. It was rebuilt on the same place where the Pommeran immigrant – who arrived in Brazil in 1868, at the age of 12 – con-quered his patrimony trough agriculture and com-merce.

Built with the harmonious fachwerk technique, with red little bricks and crossed wood beams on

O

A DEcORAÇÃO AUSTERA E A FUNcIONALIDADE DAvAM O TOM DO AMbIENTE DOMéSTIcO NAS cOLÔNIAS. NA FOTO MAIOR: MUSEU DA FAMÍLIA cOLONIAL (bLUMENAU). AcIMA: MUSEU cARL wEEGE (POMERODE). à ESQ.: MUSEU NAcIONAL DA IMIGRAÇÃO (jOINvILLE)AUSTERE AMbIANcE AND FUNcTIONALITy SET ThE TONE OF ThE DOMESTIc LIFE IN ThE cOLONIES. ON ThE bIGGER PIcTURE: cOLONIAL FAMILy MUSEUM (bLUMENAU). AbOvE: cARL wEEGE MUSEUM (POMERODE). LEFT: IMMIGRATION NATIONAL MUSEUM (jOINvILLE)

Um acervo de móveis, roupas e objetos domésticos conta a história das famílias que povoaram parte do Estado no final do século 19A collection of furniture pieces, clothes and homeware tell the history of the families that settled in the State by the 19th century

Page 3: Revista Origem

44

Ori

gem

18

0 an

os d

a im

igra

ção

alem

ã em

san

ta C

atar

ina

45

Ori

gem

18

0 an

os d

a im

igra

ção

alem

ã em

san

ta C

atar

ina

tijolos vermelhos e vigas de madeira cruzada, o mu-seu possui uma convidativa varanda, três quartos (um no sótão), cozinha e sala. Dentro dele, mais de 500 objetos doados por familiares foram cuidadosamente dispostos para reconstruir com fidelidade o ambiente da época em que Carl e sua esposa Caroline Auguste Sophie Grüetzmacher ali viviam. Ao redor da casa, jardins floridos e uma lagoa com uma antiga roda d’água formam um bem-cuidado cenário colonial. Numa construção separada, uma atafona de madeira – máquina utilizada para produzir farinha de milho – ocupa dois andares e ainda funciona. Já no rancho nos fundos da propriedade, um velho engenho resiste ao tempo.

Vizinha a Pomerode, Timbó também sabe valorizar o passado colonizador. O Museu do Imigrante, parte do Complexo Turístico Jardim do Imigrante, foi inau-gurado em 2003 no Centro da cidade, em uma casa da década de 1920 que pertenceu à família Benz. A aconchegante construção ainda preserva as paredes em enxaimel em seu interior e mostra como era a vida em Timbó em uma época bem mais alemã que a atual. Fotografias revelam o rosto dos primeiros habitantes da colônia. Uma velha vitrola, máquinas de costu-

the walls, the museum has a welcoming porch, three rooms (one of them in the attic), a kitchen and a liv-ing room. Inside it, more than 500 objects donated by relatives are carefully arranged to reproduce ev-ery aspect of the daily life led by Carl Weege and his wife Auguste Sophie Grüetzmacher. Around the house, gardens filled with flowers and the small lake with an old water mill create a true colonial atmo-sphere. In a separated building, a huge flour mill takes up two floors and still works. At the back of the propriety, another old mill resists the ravages of time.

Pomerode’s neighbour Timbó also values its co-lonial past. The Immigrant Museum, one of the at-tractions of the Immigrant’s Garden Touristic Com-plex, was founded in 2003. Located in the heart of the city, the house that sites the museum was built in the 1920s and belonged to the Benz Family. The cozy building still preserves fachwerk walls in its in-side and shows how was life in Timbó almost a cen-tury ago. Portraits revealing the first settlers’ faces and an old record player share the room with sew-ing machines, pottery adorned with paintings, milk churns and other objects, each one telling its part of

the story. The final touch is outside of the museum: the lovely view of the Benedito River, its banks sur-rounded by a stunning natural scenery.

Founded in 1978, Malwee Park in Jaraguá do Sul has one of the best collections about the everyday life of German immigrants. The Wolfgang Weege Museum, named as a tribute to the man who cre-ated the park, is formed by a two house and one hall complex. Right at the entrance, the “locomo-bile” – a steam machine equipped with wheels and used to generate power – is on display in front of a fachwerk house that keeps old typing machines and computers in its inside. Further, in the other buildings, stands the immigrants history. From mu-sical instruments to century-old armchairs for the leisure hours, going through carpentry instruments and aged wood barrels used to make cachaça (a Brazilian distilled drink), Wolfgang Weege’s Mu-seum demands time to be enjoyed with no rush. On the walls, dozens of old bicycles are hanged to show the importance of a means of transportation still popular in the city.

In Blumenau, The Colonial Family Museum could not be in a more convenient place: on Duque de

ra, louças ornadas com guirlandas de flores, leiteiras, cada objeto conta uma história. Para completar o cli-ma colonial, atrás da casa passa o belo Rio Benedito, que preserva em suas margens uma natureza exube-rante.

Em Jaraguá do Sul, o Parque Malwee, fundado em 1978, guarda uma das melhores coleções sobre a vida do imigrante alemão na região. O Museu Wolfgang Weege, batizado em homenagem ao criador do Par-que, é formado por um conjunto de duas casas e um grande salão. Logo na entrada, uma locomóvel – má-quina a vapor com rodas para gerar energia elétrica – está exposta em frente a uma casa enxaimel que guarda velhas máquinas de escrever e computadores. A parte do acervo focada na história dos imigrantes fica mais adiante. De instrumentos musicais a velhas poltronas para as horas de lazer, passando por um velho alambique e pelo equipamento de marcenaria, o museu exige algum tempo para olhar tudo com cal-ma. Nas paredes, várias bicicletas mostram a impor-tância de um meio de transporte muito utilizado até hoje na cidade.

O Museu da Família Colonial não poderia estar em lugar mais conveniente: na Alameda Duque de Ca-

Equipamentos das primeiras indústrias e antigos meios de transporte mostram o desenvolvimento urbano da região Machinery from its first industries and old transportation means show the urban development on the region

cARRUAGENS E cARROÇAS NO MUSEU NAcIONAL DA

IMIGRAÇÃO, EM jOINvILLEcARTS AND cARRIAGES AT

ThE IMMIGRATION NATIONAL MUSEUM IN jOINvILLE

AcIMA: UMA ANTIGA ATAFONA NO MUSEU cARL wEEGE EM POMERODEAbOvE: ThE ATAFONA (cORN MILL) AT cARL wEEGE MUSEUM IN POMERODE

O MUSEU NAcIONAL DA IMIGRAÇÃO ExIbE DIFERENTES TIPOS DE ENGENhO USADOS NOS TEMPOS cOLONIAISThE IMMIGRATION NATIONAL MUSEUM DISPLAyS SEvERAL kINDS OF MILLS USED IN cOLONIAL TIMES

Page 4: Revista Origem

46

Ori

gem

18

0 an

os d

a im

igra

ção

alem

ã em

san

ta C

atar

ina

xias, a primeira rua de Blumenau. Conhecida po-pularmente como Rua das Palmeiras, guarda um verdadeiro complexo de museus e prédios antigos, como o Parque Horto-Botânico Edith Gaertner, o Museu da Cerveja e o Mausoléu Dr. Blumenau, onde estão há mais de um século os restos mortais do fundador da cidade e de seus familiares.

Das três casas que formam o Museu da Família Colonial, duas estão entre as mais antigas de Blu-menau. Em uma delas, construída em 1858, oito anos após a chegada do Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau à região, vivia o secretário e guarda-livros do fundador da colônia, chamado Hermann Wendeburg. A casa guarda móveis centenários de diversas famílias que colonizaram a cidade. A se-gunda residência mais antiga data de 1864 e per-tenceu a um cônsul, sobrinho-neto do Dr. Blume-nau, Ronaldo Gaertner. Nela, o visitante encontra algumas salas temáticas, com objetos indígenas, instrumentos musicais e maquinário antigo da in-dústria local.

Caxias Avenue, the city’s very first street. Com-monly called Palm Trees Street, this avenue holds a true complex of museums and centenary build-ings like the Edith Gartner’s Botanic Garden, the Beer Museum and the Dr. Blumenau’s Mauso-leum, keeping for more than one hundred years the mortal remains of the city’s founder and his relatives.

Two of the three houses that form the Colonial Family Museum are among the oldest ones in Blu-menau. The first, built in 1858, only eight years after the arriving of Dr. Hermann Bruno Otto Blu-menau, was the house of the city`s founder secre-tary and book keeper, Hermann Wendeburg. It has centenary furniture owned by many of the families that built the city. The second was constructed in 1864 and belonged to Ronaldo Gaertner, a consul that was also Dr. Blumenau’s grandnephew. Inside it, there are some thematic rooms with indigenous objects, musical instruments and old machinery of the first factories in the city.

ENDEREÇOS ADDRESSES

bLUMENAU

Museu da Família colonialcolonial Family Museumalameda duque de Caxias, 78 - Centro(47) 3322 1676 www.fcblu.com.br

Museu da cervejabeer Museumrua XV de novembro, 160 - Centro (47) 9963 3791 POMERODE

Museu PomeranoPommeran Museumrua Hermann Weege, 111 - Centro (47) 3387 2626 [email protected] casa do Imigrante carl weegecarl weege’s Immigrant houserua leopoldo Blaese, 11 - Km4 (acesso pela sC-418) - Pomerode Fundos.(47) 3387 2613 [email protected]

Museu do Marceneirocarpenter Museumrua alfredo Hoge, 525 - Centro(47) 3387 2072 | 3387 2073www.behling.ind.br

Museu casa do Escultor Erwin Teichmann Erwin Teichmann`s Scupltor house Museumrua 15 de novembro, 791 - Centro(47) 3387 0282

jARAGUá DO SUL

casa do colonizador Settler houseav. Prefeito Waldemar grubba, s/n - Baependi(47) 3275 2146

Museu wolfgang weegewolfgang weege Museumrua Wolfgang Weege, 770 – Parque malwee(47) 3376 0114www.malwee.com.br

Museu histórico de jaraguá do Sul Emílio da Silva jaraguá do Sul’s Emílio da Silva history Museumavenida marechal deodoro da Fonseca, 247 - Centro (47) 3371 8346 | 3372 2770www.jaraguadosul.com.br/museu

Museu wEGwEG Museumavenida getúlio Vargas, nº 667 - Centro(47) 3372 4551 | 3275 0941www.museuweg.com.br

jOINvILLE

Museu da bicicletabiycycle Museumrua leite ribeiro s/n (estação Ferroviária) - anita garibaldi(47) 3455 0372 www.museudabicicleta.com.br

Museu Nacional da Imigração e colonização Immigration

and colonization National Museum rua Barão do rio Branco, 229 - Centro(47) 3433 3736 www.museunacional.com.br

RIO DO SUL

Museu histórico cultural de Rio do SulRio do Sul’s history Museumrua oscar Barcelos, s/n. (antiga estação ferroviária) - Centro(47) 3522 6746 [email protected]

TIMbó

Museu do ImigranteImmigrant Museumavenida getúlio Vargas, 211 - Centro (47) 3382 9458 www.fundaçãoculturaldetimbo.com.br

Museu da MúsicaMusic Museumrua edmundo Bell, s/n - rodovia sC 477, Km 05 - dona Clara (47) 3399 0419 www.fundacaoculturaldetimbo.com.br

SÃO bENTO DO SUL

Museu Municipal Dr. Felippe Maria wolff Dr. Felippe Maria wolff Municipal Museumavenida argolo, 245 - Centro (47) 3633 5924 [email protected]

anúncio