Revista Rossi

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23 22 Decoração Entre e fique à vontade nos recantos da casa de quatro profissionais da arte de morar bem Por Iara Zavar Fotos Cia de Foto E les são especialistas na arte de desenvolver am- bientes harmoniosos. São chamados por diferen- tes tipos de clientes para decorar casas, escritórios, restaurantes e para deixar nesses lugares um pou- co de seu estilo. A Revista Rossi conversou com três arquitetos e um decorador para descobrir como a pro- fissão os influencia na hora de embelezar seus pró- prios lares – e, principalmente, para conhecer o can- to predileto da casa de cada um deles. Fernanda Marques, Débora Aguiar, Marcio Curi e Beto Galvez, profissionais que têm escritórios em São Paulo, abriram gentilmente as portas de seus ni- nhos para mostrar os ambientes em que mais gos- tam de estar, seja para ler, ouvir música, estudar, ficar com a família ou simplesmente relaxar. Em seus cantinhos favoritos, os quatro mostra- ram que nem sempre “em casa de ferreiro o espeto é de pau”. Aliás, ficam bem longe disso. Nas pági- nas a seguir, fique à vontade e conheça esses ver- dadeiros recantos de bem-estar. Meu cantinho predileto Da esquerda para a direita (a partir da página anterior), detalhes da casa de Débora Aguiar, Fernanda Marques, Beto Galvez e Marcio Curi

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Decoração

Entre e fique à vontade nos recantos da casa de quatro profissionais da arte de morar bem

Por Iara Zavar Fotos Cia de Foto

E les são especialistas na arte de desenvolver am-

bientes harmoniosos. São chamados por diferen-

tes tipos de clientes para decorar casas, escritórios,

restaurantes e para deixar nesses lugares um pou-

co de seu estilo. A Revista Rossi conversou com três

arquitetos e um decorador para descobrir como a pro-

fissão os influencia na hora de embelezar seus pró-

prios lares – e, principalmente, para conhecer o can-

to predileto da casa de cada um deles.

Fernanda Marques, Débora Aguiar, Marcio Curi

e Beto Galvez, profissionais que têm escritórios em

São Paulo, abriram gentilmente as portas de seus ni-

nhos para mostrar os ambientes em que mais gos-

tam de estar, seja para ler, ouvir música, estudar, ficar

com a família ou simplesmente relaxar.

Em seus cantinhos favoritos, os quatro mostra-

ram que nem sempre “em casa de ferreiro o espeto

é de pau”. Aliás, ficam bem longe disso. Nas pági-

nas a seguir, fique à vontade e conheça esses ver-

dadeiros recantos de bem-estar.

Meu cantinho

predileto

Da esquerda para a direita (a partir da página anterior), detalhes da casa de Débora Aguiar, Fernanda Marques,Beto Galvez e Marcio Curi

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Decoração

Em sua sala de estar, FernandaMarques gosta de poucos egrandes móveis.No detalhe ao lado,peça em cerâmicatrazida de Milão

Arte em casaEm sua casa de 750 metros quadrados, a arquiteta Fernanda Marques

gosta não só de poucos e grandes móveis, como também de valorizar

os espaços vazios – marcas sempre presentes em seu trabalho. No

canto predileto de sua casa, a sala de estar, não poderia ser diferente.

“Eu gosto da idéia do vazio, de poucos e fortes elementos. Me agrada

o fato de não precisar me desviar das coisas”, diz.

Nos dois sofás de 3,20 metros, que ficam no centro do ambiente, a

família grande se espalha. Fernanda é mãe dos trigêmeos Victória,

Isabella e Rafael, de 13 anos, e mora com o segundo marido, Gilberto, e

dois dos três filhos dele, Bianca, 19, e Alice, 15. A mãezona adora ler

nessa ampla sala com lareira, televisão de plasma com carcaça vintage –

que utiliza apenas para exibir vídeos de arte –, mesa de centro baixa de-

corada com flores, livros e objetos de arte, como o porquinho imantado

amarelo, de um ceramista holandês, comprado recentemente em Milão.

Por falar em obras de arte, elas cercam todo o espaço. Em um dos

cantos, vê-se uma escultura de bronze do artista Edgard de Souza.

Logo na entrada da sala, está uma instalação que contrapõe madeira e

mármore, de Elisa Bracher, e, envolto em moldura de acrílico, um de-

licado colar feito com bisturis, criado pela artista Nazareth Pacheco.

“Quando quero trocar a decoração, normalmente compro uma nova

obra”, conta a arquiteta.

Nos finais de semana, Fernanda gosta de ir com a família para outro

ambiente dessa mesma sala, onde fica um telão de 80 polegadas e, claro,

um sofá grande. “Eu adoro filmes!”, fala, rodeada pelos filhos. “O espaço

também serve como escritório. Adoro os cantos multifuncionais.”

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Recanto de luzFibra, vime, madeira de reflorestamento, cou-

ro ecológico. A mistura desses materiais, as-

sociados a tons geralmente claros, é marca for-

te dos ambientes aconchegantes criados pe-

la arquiteta Débora Aguiar. Em seu apartamen-

to de 130 metros quadrados, ela segue a mes-

ma linha. “Os ambientes não devem ser só bo-

nitos. Eu acredito muito que a casa precisa ser

feita para as pessoas usarem de verdade”, diz.

A cachorrinha de Débora, Hope, circula

livremente por todos os cantos do apartamen-

to e adora se aboletar nos braços da dona

quando ela se estica na Poltrona Maggiolina,

da grife italiana Zanotta – peça adorada por

Débora e que está disposta entre dois am-

bientes da sala. É nela que a arquiteta mais

gosta de ficar quando consegue um tempi-

nho livre para curtir sua casa. De um lado da

poltrona há um cantinho para assistir à tele-

visão, com sofá e um pufe grande; do outro,

a sala de estar permeada por tons de bege

acolhe quem mora e quem visita. “Eu gosto

muito do jogo de luz e acho que as cores cla-

ras facilitam isso”, explica Débora.

Nesse espaço, duas mesinhas de mármo-

re baixas feitas sob medida são preenchidas por

cachepôs de vime, donzelas de vidro e casti-

çais de prata. Por todos os cantos, as plantas

marcam presença, seja em pequenos vasos de

orquídeas ou na avantajada pata de elefante

acomodada em um recipiente de vidro.

Em uma das paredes, um quadro de Alfre-

do Volpi colore de leve o ambiente com suas

bandeirinhas em tons de azul e vermelho. “Eu

estava escolhendo um quadro para um clien-

te e me apaixonei por este”, fala a arquiteta.

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Em seu “cantinho de luz”,Débora Aguiar dispõecachepôs de vime, castiçais de prata e obras de arte como a tela de Volpi (abaixo)

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Decoração

Regalos em cenaO decorador paulista Beto Galvez conta que sempre teve jeito para

harmonizar ambientes. Trabalhou em lojas especializadas em deco-

ração, como a Armando Cerello, e logo começou a desenvolver pro-

jetos ao lado da amiga Nórea De Vitto. “No início, a gente fazia re-

uniões onde dava, até dentro do carro”, conta ele. Seis meses depois

de terem montado um escritório, no final dos anos 1980, a dupla foi

chamada para criar um ambiente para o badalado evento Casa Cor.

E não pararam mais.

“Gosto de ambientes que não tenham cara de loja”, fala Galvez.

Na casa dele, não é diferente, tampouco no espaço contíguo ao living

em que adora ouvir música, relaxar e ler revistas e livros de moda e

decoração. Ali, uma parede negra destaca os objetos, entre eles cin-

co quadros (inclusive uma gravura de Di Cavalcanti). O móvel de

arestas cromadas em que estão os CDs, o som e a televisão foi de-

senhado por ele – como vários outros da casa.

Galvez também adora dispor os presentes que ganha dos amigos

nesse ambiente. “Esse tapete eu ganhei de um amigo; essa cabeça

de Buda, de outro. Esse vaso é da minha amiga artista plástica Patrícia

Magano”, conta ele. Um pufe dourado vindo do Marrocos recente-

mente, também de presente, veio para integrar o espaço. “Como gos-

to muito de receber, adoro quando as pessoas sentam e começam a

reparar em todos os detalhes”, finaliza.

O arquiteto Beto Galvez no lugar em que adora ouvir música e estar rodeadopor presentes. Abaixo, vaso e cabeça de Buda que ganhou de amigos

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Decoração

Arquitetura da organizaçãoO arquiteto Marcio Curi é um fã ardoroso de viagens, desses

que colecionam mapas, guias turísticos, reportagens sobre o

tema. Na última reforma que fez em seu apartamento de 240

metros quadrados, ele montou um escritório que logo virou

seu canto predileto da casa. Explica-se: além de instalar ali ou-

tra de suas paixões, a televisão (ele tem seis espalhadas pela

casa), destinou prateleiras inteiras para guardar suas pesqui-

sas turísticas, que estão sempre superorganizadas.

O escritório de Curi tem dois computadores – um dele e

outro da mulher, Lenita. Entre as duas mesas dispostas lado

a lado, o que há? Claro, uma TV. “Eu gosto de ficar com um

olho cá e outro lá”, diverte-se o arquiteto. Logo na entrada

do cômodo, outra paixão: uma coleção com mais de 700 pe-

quenas garrafas de bebida que comprou em viagens ou ga-

nhou de amigos, todas muito arrumadinhas dentro de uma

vitrine. Em um canto próximo à estante, uma poltrona em tons

de cinza é o abrigo ideal para planejar passeios e ler.

Atualmente, Curi está longe das pranchetas, mas coorde-

na um escritório de arquitetura, com mais de 70 funcionários,

em que desenvolve projetos para o mercado imobiliário. Seu

apartamento, onde vive desde 1995, já passou por três gran-

des reformas. “Estou muito feliz com a minha casa”, fala ele,

explicando que a decoração ficou a cargo de sua prima e de

sua mulher. Segundo Curi, hoje a tendência no mercado é va-

lorizar dois ambientes principais em uma casa: a sala e a suí-

te do casal. “Mas é para cá que eu venho logo que chego em

casa”, diz ele, sorridente, em seu escritório.

No escritório de Marcio Curi, mapas, TV e computadorajudam a planejar viagens. Acima, cantinho de leitura,

e, à direita, parte de sua coleção de garrafinhas

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Gastronomia

Para o chefPaulo Barros, do Due Cuochi,massas frescasproduzidas por rotisserias derestaurantes, como a CantinaRoma (foto), são sempre uma boa pedida

Entre vinhos, pimentas, massas efrutas, os chefs de cozinha nãopoupam esforços para escolher

os melhores ingredientesdisponíveis no mercado

A verdadeira massaNão é nas prateleiras dos supermercados que estão asmelhores massas. Para o chef Paulo Barros, do restau-rante italiano Due Cuochi Cucina, as cantinas é que guar-dam o sabor e a qualidade da vera pasta. “Comprar mas-sa pronta em supermercado não é legal. O melhor é pro-curar as rotisserias dos restaurantes”, afirma.

Com uma farta produção de massas artesanais e rús-ticas, a Cantina Roma, a Paola di Verona e o Jardim diNapoli, endereços tradicionais da gastronomia italianaem São Paulo, estão entre os lugares que o chef indi-ca. “O importante da massa é ser sempre fresca. Nesseslugares, tudo o que se compra foi feito há pouco tem-po”, diz. Na rotisseria da Cantina Roma, por exemplo,há grande variedade de produtos, entre massas frescase pré-cozidas, tradicionais ou mais sofisticadas.

Na hora de preparar essas delícias da culinária italia-na, o chef recomenda que a massa seja cozida em águafervendo e com sal grosso. “Não se deve colocar óleo naágua, ele não deixa a massa sugar o molho.” Quem pro-cura praticidade, mas quer fugir de produtos industriali-zados, pode encontrar o clássico molho de tomate na pa-daria São Domingos, de acordo com Barros. Inauguradaem 1913, a padaria também é autora de um dos melho-res pães italianos da cidade. Perfeito para não deixar so-brar nada no prato. Para finalizar qualquer boa pasta ita-liana, o queijo ralado não pode faltar. “O melhor é um par-migiano comprado em triângulo e ralado na hora.”

Chefs revelam seus endereços preferidos para compras

Por Aline Alves

Uma banca de frutas na feira livre do bairro, a pada-

ria da esquina ou o empório do outro lado da cida-

de. Desde o cozinheiro de mão-cheia àqueles que só se

aventuram a fritar um ovo, todo o mundo tem seus en-

dereços preferidos para abastecer a cozinha e dar um to-

que pessoal às refeições. Os chefs também. À frente de

restaurantes premiados, eles revelam seus lugares favo-

ritos para compras. São descobertas conquistadas a par-

tir do conhecimento, da ousadia e do faro aguçado de

quem é profissional.

Cozinha profissional

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Gastronomia

A Casa Santa Luzia é um dos endereços prediletos da chefRenata Braune paracomprar queijos e vinhos: variedade e acondicionamento na medida certa

Queijos e vinhos:dupla perfeitaProduzir queijos e vinhos é uma arte. Em ambos, a escolha da matéria-primae o delicado processo de produção – a luz, o ar, bactérias e o tempo – deter-minam o resultado final e a identidade única de cada pedaço de queijo ou gar-rafa de vinho. Harmonizados, seus sabores marcantes são ressaltados e se com-plementam. Há séculos, a combinação está presente no cotidiano dos france-ses, que entendem de queijos e vinhos – e os produzem – como ninguém.

Por isso, nada melhor que uma chef com formação na escola francesa LeCordon Bleu e à frente de um restaurante típico daquele país, o Le Chef Rouge,para indicar onde comprar essas jóias da gastronomia. Renata Braune reco-menda dois endereços para aqueles que começam a se interessar pelo mun-do dos vinhos: Casa Santa Luzia e Casa Fasano. “Para quem não entende na-da de vinhos, esses lugares têm um bom espaço. Na Casa Fasano, é possívelprovar alguns vinhos em taças”, conta.

Duas grandes lojas estão entre as dicas da chef para os iniciados na eno-logia, que já identificaram suas preferências e buscam os vinhos de acordocom a procedência. “Há bons vinhos argentinos e chilenos na Grand Cru, pa-ra todos os bolsos e gostos. Já a Mistral é a melhor sortida em quantidade equalidade de vinhos europeus”, afirma.

Para a hora de comprar os queijos, Renata dá uma dica de ouro: “Na ver-dade, os queijos devem ser comprados em local onde fiquem refrigerados enão em temperatura ambiente: essa é a regra de qualidade do produto. Evitequeijos que ficam ‘babando’ e suando de calor nas prateleiras sem refrigera-ção”, diz. Mais uma vez, a chef recomenda a Casa Santa Luzia, pela varieda-de e pelo acondicionamento correto dos queijos. Já a importadora Allfood, cu-jos produtos estão em diversas lojas de São Paulo, de acordo com Renata, trazpara o Brasil queijos franceses, italianos e espanhóis de qualidade.

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O Nordeste é aquiSão Paulo é a cidade dos italianos, portugueses, japoneses, árabes,alemães... e dos nordestinos. Quase 20% da população da capitalpaulista (mais de 2 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE)nasceu na região Nordeste do país. Entre as contribuições à cida-de, os nordestinos trouxeram suas tradições gastronômicas. “Osingredientes principais para uma boa refeição nordestina são car-ne-de-sol, carne-seca, farinha e feijão-de-corda”, diz Mara Salles,chef do restaurante brasileiro Tordesilhas. Impossível não encon-trar um paulistano que não tenha experimentado – e adorado – qual-quer uma dessas iguarias.

Andar por algumas ruas do bairro do Brás é comose transportar para Salvador, Recife ou João Pessoa: es-tão repletas de lojas especializadas nos mais variadosingredientes típicos do Nordeste. São as Casas doNorte, onde se encontram ervas, carnes, pimentas,feijões, farinhas e até legumes vindos de todos os es-tados nordestinos. “Eu gosto muito da loja Chitão. Oatendimento é muito bom, é uma loja familiar e acabeime aproximando dos donos pela simpatia deles”, con-ta Mara. Lá, a chef encontra iguarias como tapioca, je-rimuns, diversos tipos de abóboras, azeites de dendêe feijões – o fradinho e o verde, pouco consumidos noSudeste, são deliciosos.

Acompanhamento imprescindível, a farinha deve serescolhida com cuidado. “Quando se fala em farinha demandioca, há dois tipos: as extraordinárias e as ordi-nárias”, diz. De acordo com Mara Salles, especialistaem culinária brasileira, as melhores farinhas de mandio-ca são produzidas no sul da Bahia e no RecôncavoBaiano. “São mais gostosas e artesanais”, afirma.

Sem a pimenta, uma refeição nordestina não estácompleta. É no Mercado Municipal de São Paulo que achef compra suas preferidas. “Na Banca do Santo en-contro as pimentas-de-cheiro do Pará”, conta. Além des-tas, Mara também gosta de usar em seus pratos as pi-mentas frescas de Goiás, do Amazonas e de MinasGerais. Um passeio pelo mercado mais tradicional deSão Paulo pode revelar outras preciosidades da culiná-ria brasileira. “O Brasil ainda tem muito o que apren-der sobre seus ingredientes”, diz.

Gastronomia

Para encontrarprodutos típicos

do Nordeste, a especialista

Mara Salles nãodispensa uma boa

Casa do Norte e o tradicional

MercadoMunicipal de

São Paulo

O chef Eduardo Sehn encontra vegetais semprefresquinhos na banca da Iria e adora os produtos orientaisde lojas como a Hikari

Sempre fresquinhosAs ervas e os ingredientes frescos são a alma da culiná-ria tailandesa. Para fazer com que os 30 pratos do cardá-pio do restaurante Koh Pee Pee, de Porto Alegre, mante-nham a vivacidade e o frescor típicos do país de origem,o chef e proprietário Eduardo Sehn vai até a cidade deMontenegro, a 100 quilômetros da capital gaúcha.

“Na chácara do Cirilo são produzidos diversos tiposde manjericão tailandês, pimentas, cidró, coentro, folhasde limão, hortelã, cebolinha verde, couve chinesa, bró-colis, tomates-cereja e minimilho. São temperos e ervasorgânicas cultivados sem agrotóxicos, mais saborosos esaudáveis”, conta Sehn. O acesso a esses ingredientesexclusivos contribuiu para que o Koh Pee Pee fosse re-conhecido pela qualidade e autenticidade de sua culiná-ria. Em maio de 2006, a casa recebeu o selo Thai Select,um certificado concedido pelo governo da Tailândia aosmelhores restaurantes tailandeses do mundo.

Para quem quiser manter a cozinha abastecida deingredientes vindos direto da horta, o chef recomendaa Banca da Iria. É de lá que, diariamente, saem os ve-getais que vão para as receitas do restaurante. ”É umaquitanda sortida, com legumes e verduras sempre fres-cos, produzidos em São Paulo e no Rio Grande do Sul”,diz Eduardo Sehn. Já aqueles ingredientes mais exóti-cos, que não são produzidos no Brasil, podem ser en-contrados nas lojas Hikari e Japan House: “Há ingredien-tes, especiarias e utensílios da Ásia”.Fo

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Due Cuochi CucinaRua Manoel Guedes, 93 Itaim Bibi – São PauloTel. 11 3078-8092

Paola di Verona(somente sob encomenda)Tel. 11 3067-4455

Jardim di NapoliRua Dr. Martinico Prado, 463Higienópolis – São PauloTel. 11 3666-3022

Cantina RomaRua Maranhão, 512 Higienópolis – São PauloTel. 11 3825-1077

São DomingosRua São Domingos, 330 Bela Vista – São PauloTel. 11 3104-7600

Casa Santa LuziaAlameda Lorena, 1.471 Jardim Paulista – São PauloTel. 11 3897-5000

Casa FasanoRua Amauri, 255Jardim Europa – São PauloTel. 11 3168-1255

Mistralwww.mistral.com.br

Grand Cruwww.grandcru.com.brRua Bela Cintra, 1.799 Consolação – São Paulo (presente também em outros estados)Tel. 11 3062-6388

Indicações dos chefsLe Chef RougeRua Bela Cintra, 2.238Consolação – São PauloTel. 11 3081-7539

ChitãoRua Joaquim Nabuco, 238Brooklin – São PauloTel. 11 6692-8925

Banca do SantoRua da Cantareira, 306 Boxes 50 e 51 Centro – São Paulo Tel. 11 3326-5428

TordesilhasRua Bela Cintra, 465Consolação – São PauloTel. 11 3107-7444

Koh Pee PeeRua Schiller, 83Rio Branco – Porto AlegreTel. 51 3333-5150

Hikari Produtos OrientaisAvenida Sertório, 6.121, loja 24 Jardim Lindóia – Porto Alegre Tel. 51 3347-7125

Cirilo Tel. 51 9982-2096

Japan HouseRua General Vitorino, 172Centro – Porto AlegreTel. 51 3228-4768

Banca da IriaRua Barão de Tramandaí, 37 Passo D’Areia – Porto AlegreTel. 51 3342- 4450

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São Luís e os Lençóis Maranhenses revelam imagens distintas de um estado cheio de histórias e belezas naturais

Por João Correia Filho

Viagem Maranhão

São Luís também é conhecida como Cidade dos Azulejos.Acima, detalhe da Rua Formosa. Na página anterior, a belaIgreja do Desterro

Dois olhares sobre o

Para a felicidade de quem passeia por suas ruas cal-mas e estreitas, a época de conquistas e guerras aca-bou, mas deixou marcas bem impressas em seu casa-rio. Não é por acaso que São Luís foi declarada Pa-trimônio Histórico da Humanidade pela Unesco – alémde um grande número de monumentos do século 17 e18, conta também com o maior número de construçõesdo século 19 na América Latina, com mais de 5.500 edi-ficações, entre casarões e outros monumentos.

A capital maranhense é um deleite para os olharesmais curiosos, refletido em sua riqueza histórica e nosdetalhes presentes em tudo: os azulejos portugueses co-brem um grande número de casas, as eiras e beiras dostelhados demarcam a condição social, o traçado das ruasfaz o viajante perder-se deliciosamente. Uma passadapela Fonte das Pedras, construída em 1643, revela car-rancas esculpidas em pedra, em um lugar arborizado quefoi ponto de parada de tropeiros. O caminho que leva àFonte do Ribeirão revela a parte alta da cidade e pode

Maranhão

S ão Luís do Maranhão nos inspira a prestar atençãonos detalhes. Uma das capitais históricas mais

charmosas do país, a cidade é cheia de ruas e becosque mesclam várias culturas, deixadas ao longo de umahistória repleta de idas e vindas. Em 1550, foram osportugueses que chegaram e ergueram a cidade deNazaré, mas resolveram abandonar o lugar devido aodifícil acesso das embarcações e à resistência dos ín-dios tupinambás, que já habitavam a costa. Em 1612,depois de se instalarem na região com a ajuda dessesmesmos índios, os franceses fundaram sobre Nazaréa cidade de São Luís, ou melhor, Saint Louis. Em1615, os portugueses voltaram e expulsaram os fran-ceses. Em 1641, foram os holandeses que tomaram acidade. Foram expulsos três anos depois, quando osportugueses trouxeram o trabalho escravo e resolve-ram investir no tabaco, no cacau e na cana. Os produ-tos eram exportados para a metrópole e geraram a ri-queza que foi uma das características de São Luís.Fo

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Viagem Maranhão

Acima, o belomuseu MoradaHistórica: acervode mais de 590peças. À esquerda,o RestauranteAntigamente, umdos charmososestabelecimentos do centro da capital maranhense

levar também ao Teatro Arthur Azevedo, na antiga Rua doSol. É o segundo mais antigo do país e foi construído em1815, por comerciantes portugueses endinheirados. Noseu interior, detalhe interessante: com capacidade para 750espectadores, tem formato de ferradura, típico dos teatrosde platéia italianos. Para quem quer conhecer um poucodos hábitos das famílias Maranhenses nos séculos 19 e20, a Morada Histórica de São Luís, na Rua Afonso Pena,é um passeio imprescindível. Durante a visita, é possíveladmirar o acervo de mais de 590 peças, entre móveis, ob-jetos de porcelana, cristais e pinturas. Outro atrativo domuseu é a própria construção, que mescla elementos art-déco com traços da arquitetura portuguesa.

Outros caminhos levam às igrejas, minuciosa expres-são da fé e da história da cidade. A Igreja da Sé, erguidaem 1629 e reconstruída várias vezes, ganhou somente em1922 o estilo neoclássico que tem hoje. Imponente pordentro e por fora, merece uma visita atenciosa.

Da praça que dá continuação a seu adro, vêem-se oPalácio dos Leões, hoje sede do Governo do Estado, e oPalácio de La Ravardière, sede do Município, que levaesse nome pomposo em homenagem ao francês Danielde La Touche, fundador da cidade e conhecido comoSenhor de La Ravardière.

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Ruas estreitas e ladeiras

permeiam o centro da capital

maranhense. À direita, o

artesão OsmarMelo, que fazminiaturas deembarcações

Da Igreja da Sé, tome fôlego, abra os olhose siga por toda a Rua da Palma até o Conventodas Mercês, fundado em 1654 e que abriga hoje a Fundação da Memória Republicana.Depois, não deixe de visitar a Igreja do Des-terro, considerada o templo mais antigo do es-tado, datado de 1614. Foi totalmente destruí-do com a invasão holandesa e reconstruído pe-la população anos mais tarde.

No retorno da Igreja do Desterro, pergun-te pelo Solar dos Vasconcelos, uma espéciede centro cultural onde estão expostas maque-tes que ajudam a compreender a São Luís deontem e hoje, bem como o processo de res-tauração que foi implantado na cidade nadécada de 1980. Um destaque do Solar é asala dedicada ao Projeto Embarcações doMaranhão, que recupera a tradição naval noEstado. É também nessa sala que conhece-mos Osmar Melo, um senhor de 64 anos quese dedica a fazer miniaturas de embarcaçõestipicamente maranhenses. Riqueza de deta-lhes que impressiona. Inspiração para seguirpela Rua do Comércio e ir até o porto. Apesarde sua importância histórica menor, já que nãofoi exatamente ali que os portugueses chega-ram pela primeira vez (originalmente os navioseram aportados mais próximos de onde é ho-je o bairro do Desterro), a chegada e partidade navios apinhados de gente ainda é umaforte referência de como tudo começou. An-de pela Avenida Beira Mar, vá e volte quan-tas vezes quiser até o sol se pôr entre as ve-las das jangadas. Assim, pouco a pouco, seusolhos vão entrando no clima para o próximodestino, os Lençóis Maranhenses.

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Viagem Maranhão

Olhar ao longeO caminho até nosso próximo destino começa geralmente com

um carro 4x4 partindo de Barreirinhas, uma pequena e movimen-tada cidade a 270 quilômetros de São Luís. É também a porta deentrada para uma das mais espetaculares paisagens do planeta,sem nenhum exagero.

Enquanto atravessa grandes poças de lama em uma rudimen-tar estrada de terra que liga a cidade aos Lençóis Maranhenses,os olhos vão se acostumando com o horizonte amplo, de plan-tações de arroz e vegetação nativa. Ao desembarcar, automati-camente o olhar é levado a se fixar ao longe, na grandiosa pai-sagem composta por dunas brancas, onduladas, que descansamno infinito. Não é necessário pressa para se chegar a lugar algum,pois tudo é espetáculo a quilômetros de distância. É só olhar.

Alguns passos adiante você vai se deparar com as primeiraslagoas, que mais parecem uma miragem desértica, típica de fil-mes em que o mocinho se decepciona ao chegar ao que julgou

ser um oásis. Não é. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhen-ses compreende 155 mil hectares de beleza moldada por um fe-nômeno único, formado há milhares de anos pela caprichosa e ir-reverente natureza. Sua área equivale aproximadamente à ocupa-da pela cidade de São Paulo, embora a frenética capital paulistaseja a última coisa de que você vai se lembrar por aqui. Setentaquilômetros de costa atlântica avançam terra adentro, formandodunas, rios, lagoas e manguezais que dão a cada visitante umanova paisagem. Nos Lençóis Maranhenses, é o vento que mandana paisagem, como se de tempos em tempos sacudisse um gran-de lençol que seca no quintal – vem daí a analogia que dá nomeao lugar. Lagoas se formam em locais diferentes a cada ano e a“morraria”, como os nativos chamam as dunas, vai se movimen-tando lentamente. Algumas atingem até 40 metros de altura.

As chuvas completam o cenário “surreal”, como definem alguns.As águas pluviais formam lagoas que se espalham praticamente por

toda a área do parque, que fica salpicado de espelhosde água em tons de azul e verde. Algumas lagoas, co-mo a Bonita e a de Santo Amaro, são perenes e cos-tumam ser também as mais visitadas. Outras, comoa Lagoa Azul e a da Boa Esperança, aparecem somen-te na época das chuvas. Elas trazem consigo mais ummistério vendido pelos guias: embora formadas pelachuva, são hábitat de várias espécies de peixes. A ca-da ano, elas secam e só reaparecem na próxima es-tação chuvosa (de abril a julho) – junto com elas vêmos peixes, como se nunca tivessem saído dali. A fau-na do parque é composta também por aves migrató-rias, vindas da América do Norte, como o maçarico,o trinta-réis-boreal e a marreca-de-asa-azul.

Para quem deseja conhecer o maior número de la-goas, o ideal é alugar um jipe. Óculos escuros é exigên-cia que não permite negligência, a menos que você quei-ra ver a paisagem com os olhos miúdos, apertados. Dequalquer forma, para explorar o lugar é preciso estar

sempre acompanhado de um guia. Mesmo em cami-nhadas curtas, é fácil se perder, pois os ventos apagamas pegadas em minutos, e o formato das dunas con-funde até o mais experiente dos aventureiros.

Alguns optam por permanecer em uma única la-goa. Nas mais freqüentadas, como a Azul e a Bonita,há geralmente uma pequena estrutura que garantesombras (de guarda-sóis) e até cervejinha gelada, re-frigerantes, algo para petiscar.

Quando o sol começa a baixar, é hora de sentar eesperar. Se pôr-do-sol já é um espetáculo por si só, es-pere até assisti-lo tendo o horizonte dos LençóisMaranhenses como cenário. Como que ensaiado, aspessoas vão se reunindo, os casais, juntando-se, e o si-lêncio, dominando. Ouve-se o respirar profundo e atésuspiros. Quando o sol se avermelha e parte, alguns ba-tem palmas, outros se beijam, a maioria fixa os olhosno infinito. Não importa. Diante de tamanha beleza,tudo passa a ser um mero detalhe.

Na página anterior, uma das mais belasriquezas doMaranhão: a paisagem dosLençóisMaranhenses.Abaixo, jipe paraaventuras noParque Nacional

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Viagem Maranhão

ServiçoFonte das PedrasRua 7 de Setembro, s/nº, Centro – São Luís

Teatro Arthur AzevedoRua do Sol, 180, Centro – São LuísTel. 98 3218-9900

Igreja da SéAvenida D. Pedro II, Centro – São LuísTel. 98 3222-7380

Palácio dos Leões Avenida D. Pedro II, Centro – São LuísTel. 98 2108-9000

Convento das MercêsRua da Palma, s/nº, Centro – São LuísTel. 98 3221-7239

Igreja do DesterroLargo do Desterro, s/nº, Desterro – São Luís Tel. 98 3211-0302

Memorial do Centro Histórico Solar dos Vasconcelos Rua da Estrela, s/nº, Centro – São LuísTel. 98 3221-2760

Restaurante Antigamente Casarão restaurado no centro histórico, com música ao vivo toda noite. Rua da Estrela, 220, Centro – São Luís Tel. 98 3221-7072

Restaurante Escola do SenacEspecializado em carnes, frangos e frutos do mar. Rua de Nazaré, 242, Centro – São LuísTel. 98 3232-6236

Mais informações:www.turismo.ma.gov.br

À esquerda, o cenário emblemático dosLençóis: miragem sem fronteiras

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