Revista Turismo em Pauta nº 4

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Senador Benedito de Lira Deputado Jonas Donizette Ferreira Ricardo Moesch Oreni Campêlo Braga da Silva Nestor Tissot Vivianne Gevaerd Martins Maurício Werner Nely Wyse e Marcia Leitão Março/Abril 2011 ISSN 2178-910X 4

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Em sua 4ª edição, a revista Turismo em Pauta, publicada pelo Conselho de Turismo da CNC, traz uma nova série de artigos de interesse para o setor. Entre os temas abordados estão análises sobre turismo regional, educação, mercado, o direito de informação do turista, critérios de classificação de meios de hospedagem e casos de sucesso. Informações de interesse sobre o turismo em suas múltiplas dimensões, com artigos assinados por especialistas e autoridades no assunto.

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Senador Benedito de Lira

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Ricardo Moesch

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Leitão

Março/Abril

2011

Fiel ao compromisso histórico de ter na defesa da atividade turística

um dos pilares de sua atuação, a CNC abre um espaço de reflexão para

que os maiores especialistas do setor e da área acadêmica possam

tratar dos assuntos com profundidade e conhecimento.

A revista Turismo em Pauta é feita por quem sabe, para contribuir de

forma efetiva na construção de um turismo cada vez mais forte,

vocacionado e integrado à economia do nosso País.

ISSN 2178-910X

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ISSN 2178-910X

1 - Pousada Rural de Lages (SC) | 2 - Estância Ecológica SESC Tepequém (RR) | 3 - SESC Copacabana (RJ) | 4 - SESC Bertioga (SP)5 - Centro de Turismo e Lazer SESC Caldas Novas (GO) | 6 - SESC Piatã (BA) | 7 - Estância Ecológica SESC Pantanal (MT)

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www.sesc.com.br

Turismo para todos

Detentor da maior rede de Turismo Social do Brasil, o SESC oferece

aos empregados do setor de turismo e das demais empresas de comércio

de bens e serviços a opção de viajar e conhecer novas culturas a preços

acessíveis. Pioneira na atividade, instituição atua há mais de 60 anos na

democratização do setor turístico, apresentando sociedade a riqueza e

diversidade do patrimônio brasileiro por meio do turismo ecológico, rural,

religioso, cultural e histórico.

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Quem pensa

e faz o Turism

o

acontecer

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Rio de Janeiro

Março/Abril

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Turismo em Pauta. / Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – N. 4 (2011) – . Rio de Janeiro: CNC, 2011 –

Bimestral

ISSN 2178-910X 1. Turismo. 2. Periódicos I. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Conselho de Turismo.

CDD 790.1805

As matérias podem ser integralmente reproduzidas, desde que citada a fonte.

Os artigos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade dos autores.

Publicação disponível também em: www.cnc.org.br.

BrasíliaSBN Quadra 1 Bloco B nº 14, 15º ao 18º andarEdifício Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e TurismoCEP 70041-902PABX (61) 3329-9500 | 3329-9501E-mail: [email protected]

Rio de JaneiroAvenida General Justo, 307CEP 20021-130 Rio de JaneiroTels.: (21) 3804-9200Fax (21) 2544-9279E-mail: [email protected]

Fale conosco: [email protected]

Turismo em Pauta

Conselho Editorial:

Oswaldo Trigueiros Jr. (Editor Chefe), Eraldo Alves da Cruz (Editor Executivo), Arthur

Bosisio Junior, Cristina Calmon, Nely Wyse Abaur e Tânia Guimarães Omena.

Edição, ilustrações, capa e diagramação:

Assessoria de Comunicação da CNC/Programação Visual

Revisão:

DA/CAA-RJ/Secretaria Administrativa - CNC

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SumárioEditorial ...................................................................................................................... 5

O turismo na região do Nordeste ..................................................................... 7Senador Benedito de Lira

O direito à informação se traduz no exercício da hospitalidade ...... 11Deputado Jonas Donizett e Ferreira

A importância de um novo modelo de classifi cação dos meios de hospedagem para o Brasil ....................17Ricardo Moesch

A Copa Verde em 2014 ......................................................................................23Oreni Campêlo Braga da Silva

Gramado – uma história de sucesso.............................................................27Nestor Tissot

Representatividade do mercado de viagens e eventos corporativos nesta nova década no Brasil .............................31Vivianne Gevaerd Martins

O DNA da educação no turismo .....................................................................37Maurício Werner

Educação transdisciplinar para o turismo .................................................43Nely Wyse e Marcia Leitão

Membros do Conselho de Turismo ................................................................55

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Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

PresidenteAntonio Oliveira Santos

Vice-Presidentes1º) José Roberto Tadros, 2º) Darci Piana, 3º) José Arteiro da Silva; Abram Szajman, Adelmir Araújo Santana, Bruno Breithaupt, José Evaristo dos Santos, José Marconi Medeiros de Souza, Laércio José de Oliveira, Leandro Domingos Teixeira Pinto e Orlando Santos Diniz.

Vice-Presidente AdministrativoJosias Silva de Albuquerque

Vice-Presidente FinanceiroLuiz Gil Siuffo Pereira

DiretoresAlexandre Sampaio de Abreu, Antonio Airton Oliveira Dias, Antônio Osório, Carlos Fernando Amaral, Carlos Marx Tonini, Edison Ferreira de Araujo, Euclides Carli, Fran-cisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Hugo de Carvalho, Hugo Lima França, José Lino Sepulcri, Ladislao Pedroso Monte, Lázaro Luiz Gonzaga, Luiz Gastão Bittencourt da Silva, Marcelo Fernandes de Queiroz, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, Pedro Jamil Nadaf, Raniery Araújo Coelho, Valdir Pietrobon, Wilton Malta de Almeida e Zildo De Marchi.

Conselho FiscalAnelton Alves da Cunha, Antonio Vicente da Silva e Arnaldo Soter Braga Cardoso.

Conselho de TurismoPresidenteOswaldo Trigueiros Jr.

Vice-presidenteEraldo Alves da Cruz

AssessoraMaria Joseneide Amorim Fernandes

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EditorialUma das diretrizes editoriais da revista Turismo

em Pauta é oferecer aos leitores artigos que refl itam o setor com a maior amplitude possível.

Se levarmos em conta o grande desenvolvimen-to experimentado nas diversas frentes que com-põem a atividade turística, fi ca claro o tamanho do nosso desafi o.

Esta edição tem uma variação de temas que per-mite visão enriquecedora para aqueles que têm no turismo o seu foco de interesse.

Análises sobre turismo regional, educação, mer-cado, o direito de informação do turista, critérios de classifi cação de meios de hospedagem, casos de sucesso. Informações de interesse sobre o turismo em suas múltiplas dimensões.

Mais uma contribuição da CNC e do seu Conselho de Turismo para que o setor possa refl etir e encon-trar soluções que ajudem a transformar o Brasil em uma potência turística, dinamizando sua economia e gerando riqueza para todos os brasileiros.

Boa leitura!

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O turismo na região NordesteBenedito de Lira Advogado, senador pelo Estado de Alagoas e Presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado Federal.

O crescimento contínuo da economia brasileira e a consequente ascensão de milhares de pessoas às classes A, B e C criaram uma demanda positiva para a exploração do turismo em nosso país.

A cada dia surgem novos empreendimentos ho-teleiros, restaurantes, receptivos e toda a ca-

deia de serviços que faz da atividade turística um dos setores que mais crescem no Brasil. Essa si-tuação vantajosa e a perspectiva futura também nos trazem enormes desafi os. Não basta termos um país abençoado por Deus com uma natureza maravilhosa, livre de catástrofes de grandes pro-porções, confl itos étnicos e religiosos. Os desafi os estruturais, educacionais e de crédito obrigam as esferas públicas e o setor privado a somar esforços para equacionarmos o mais rapidamente possível os problemas existentes, para que o Brasil assuma o papel de liderança no turismo mundial.

E quais seriam esses desafi os? Em primeiro lugar, precisamos investir fortemente na infraestrutura do País. Apesar do esforço realizado pelos Governos Fe-deral e Estaduais e pelas Prefeituras nos últimos anos,

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não podemos mais conviver com as difi culdades nos aeroportos e portos. Da mesma forma, precisa-mos melhorar as vias de acesso aos principais destinos turísticos, du-plicar rodovias, fazer saneamento, fi nanciar novos empreendimentos turísticos, entre várias outras ações. Além disso, é fundamental investir

na formação profi ssional e na educação social. Ne-nhum turista, nacional ou estrangeiro, admite conti-nuar convivendo com lixo em praias e nas ruas. Nin-guém fi ca satisfeito com o despreparo, o atendimento defi ciente dos trabalhadores do setor e a falta de quali-dade dos serviços, que, apesar dos avanços, ainda deixa muito a desejar.

Precisamos, também, estimular a promoção dos nossos destinos turísticos. Não apenas os já conhe-cidos mundialmente e que detêm recursos maiores para divulgação. É preciso estabelecer uma política de subsidiar a promoção de locais com grande potencial atrativo e carentes de recursos para essa fi nalidade. Podemos constatar essa necessidade em diversos estados da federação, como Alagoas, por exemplo. Agraciado com as mais belas praias do Nordeste bra-sileiro, com cidades históricas importantes e belas, como Piranhas, Penedo e Marechal Deodoro, e com a beleza do velho rio São Francisco e seus cânions, Alagoas precisa receber, assim como outros estados mais pobres, investimentos privados e públicos para desenvolver e promover o seu turismo e gerar desen-volvimento com qualidade social.

A realização no Brasil dos dois maiores eventos esportivos do planeta – a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016 –, que

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vão atrair milhares de pessoas do mundo todo, movimentar bilhões de dólares em investimentos e em propaganda, deve se transformar no maior estímulo para que pos-samos apressar as transformações necessárias para fazer do turismo uma verdadeira indústria nacional de geração de empregos e distribui-ção de renda. A Copa do Mundo de Futebol, em 2014, vai movimentar diretamente 31 países, que estarão representados por suas seleções, além do Brasil, claro. Essas seleções representam todos os continentes, com países e populações ricos e em desenvolvimento. Isso sem falar nas transmissões esportivas, que chegarão a praticamente todos os países. Propaganda melhor não haverá. Não podemos errar. Temos de nos preparar urgentemente, para mostrarmos um Brasil compe-tente, lindo, cordial, preparado para realizar grandes encontros e dotado de infraestrutura adequada.

A Copa de 2014 movimentará todas as nossas regiões. O Governo Federal, por meio de seus mi-nistérios e instituições de desenvolvimento, como o BNDES, está empenhado em fazer desse evento o maior, melhor e mais organizado. Bilhões de reais serão investidos na reformulação e ampliação dos aeroportos e em obras de mobilidade urbana que vão transformar a vida de milhares de pessoas. No entan-to, não podemos fi car restritos às cidades-sede da Copa. Os Estados vizinhos precisam também receber investimentos, para se preparar para o evento. Afi nal, na medida em que algumas seleções deixem a Copa, suas torcidas podem encontrar no turismo local um motivo a mais para fi car no Brasil. Além disso, alguns estados não sedes devem receber seleções na fase de preparação e treinamentos.

Se o setor público vai fazer sua parte, o setor privado não pode fi car atrás

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Se o setor público vai fazer sua parte, o setor pri-vado não pode fi car atrás. É fundamental que novos empreendimentos sejam abertos, investimentos sejam feitos para melhoria das acomodações e dos serviços. Toda a cadeia produtiva do turismo precisa se preparar para antecipar projetos, reciclar ações e estar pronta para fazer da Copa de 2014 o início da explosão tu-rística no Brasil, de uma maneira mais permanente. Essa integração público/privado será o motor para a revolução no setor, que poderemos experimentar a partir da preparação do País para sediar eventos de grande porte, de caráter tanto internacional como nacional. Sim, porque devemos pensar o Brasil como um destino turístico para o nosso povo.

O que quero dizer com isso? Que não faz sentido estimularmos a saída dos brasileiros em férias para destinos estrangeiros. E isso não signifi ca bairrismo. Pelo contrário, o que devemos é conhecer o Brasil por inteiro. Nada contra as pessoas saírem para conhecer outros países, mas precisamos estimular o turismo interno. Só não podemos aceitar é que fazer turis-mo interno custe a mesma coisa – ou, às vezes, mais caro – do que sair do País. Pesquisas mostram que o turista brasileiro é um bom gastador quando viaja. Só não aceita ser explorado. O setor privado precisa defi nir políticas compatíveis com a renda do trabalha-dor brasileiro, para que ele possa fazer turismo local, principalmente em períodos de baixa estação ou de crises econômicas em outros países.

Portanto, cabe-nos demonstrar a nossa capacida-de de progredir, de fazer mais e melhor pelo turismo, de otimizar investimentos, estimular o empreende-dorismo no setor, mobilizar governos e empresários, para que, juntos, possamos fazer do Brasil destino permanente e prioritário para os turistas.

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O direito à informação se traduz no exercício da hospitalidadeJonas Donizett e Ferreira Deputado Federal, Presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados

Sinalização é uma das palavras-chave para a prestação de um serviço de excelência em turismo. Expressa um direito à cidadania, pois está relacionada ao direito à informação. A ideia de retirar placas indicativas de pontos turísticos administrados por instituições privadas precisa ser revista.

O dramaturgo romeno Ionesco tornou-se mun-dialmente famoso na década de 1950 por criar

aquilo que fi cou conhecido como o “Teatro do ab-surdo”: uma sucessão de situações estapafúrdias e diálogos nonsense por meio dos quais esse brilhante artista traçava alegorias sobre a condição humana. Ele, que sabia nos fazer rir e pensar com os dispa-rates nos enredos de suas peças, escreveu, certa vez, daquele modo que lhe era peculiar: “Disseram-me, em um sonho, que você só pode obter a resposta a todas as suas dúvidas através de um sonho”.

Vivemos situações que seriam verdadeiras obras-primas para esse autor, falecido em 1994. Quero falar, aqui, de uma lei e dos problemas que a má interpretação dessa lei tem causado para o tu-rismo brasileiro; mas imagino que essa análise ganhe uma dimensão mais profunda se eu fi zer uso de uma

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alegoria para ilustrar os transtornos que ela tem causado e pode vir a causar em um futuro próximo. Um festival de incompreensões, que geram situações cada vez mais bizarras, confi guram-se no cenário, e precisamos trazer as coisas ao seu devido lugar.

Mas vamos imaginar, vamos “sonhar”, um mo-desto esquete à maneira do teatro do absurdo, para compreender o que vem ocorrendo em nosso país. Os personagens que vou citar são inventados, mas o contexto é tão real quanto nonsense. Seu Eduardo e dona Sônia moram em São Paulo. Eles passaram meses sonhando em levar seus fi lhos, Mariana e Guilherme, ao Beto Carrero World. O parque multitemático tem feito grande sucesso desde sua fundação. Localizado em Penha (SC), a atração turística ajudou a projetar nacionalmente e internacionalmente a cidade. O parque já foi até enredo das escolas de samba Império Serrano, no Rio de Janeiro, e X-9, em São Paulo. Isso sem contar a música de Tonico e Tinoco...

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Homem prevenido, seu Eduardo comprou, com muita antecedência, os passaportes para o passeio da família. Ele decidiu fazer a viagem de carro, para desfrutar da belíssima paisagem da BR 101, a Rodovia Mário Covas, também conhecida como Translitorânea.

Tudo corria bem até chegar em Penha (SC), cidade onde fica o Beto Carrero World. “Cadê a placa de sinalização?”, seu Eduardo pensava. Ele viu um trevo, e sua intuição o levou a pensar que ali ele deveria tomar o acesso para chegar ao parque. Como não havia indicações, terminou por avançar. Pouco depois, ao pedir informações, viu que sua intuição estava certa, e ele teve de fazer um desagradável retorno para poder usufruir, com sua família, de momentos de lazer em um local especial. Vemos aqui nessa história um razoável transtorno, causado pela supressão do direito à informação a essa família de brasileiros.

Até há pouco tempo havia, nas proximidades daquele acesso, uma placa para o parque multite-mático, mas foi retirada. Foi retirada mesmo; isso não é ficção. Caso similar ocorreu recentemente em minha cidade, Campinas (SP): uma placa que orientava para um importante hotel da cidade, o The Royal Palm Plaza, foi retirada, provavelmente por motivos semelhantes.

O Código de Trânsito Brasileiro é uma conquista da sociedade civil. Precisamos fazer valer suas propostas e coibir interpretações equivocadas.

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Como explicar a medida? Foi um ato que nasceu de uma equi-vocada interpretação de nosso Código de Trânsito Brasileiro, con-fundindo sinalização de locais de grande procura, administrados pela iniciativa privada, com pro-moção publicitária.

Não há problemas no texto da Lei que instaurou o Código de Trânsito Brasileiro. Não se tra-ta nem mesmo de ambiguidade. Mesmo assim, vigora um mal-

-entendido que confunde placa de sinalização com anúncio, com promoção comercial. Como resul-tado dessa sucessão de falhas de interpretação, um cidadão conhe-

cido meu que visitava Campinas foi parar do outro lado da cidade, pois, como não localizou a placa do The Royal Palm Plaza, terminou seguindo por vários quilômetros até perceber que estava perdido.

Essas situações expõem casos que têm sido ob-servados pelo País afora. Autoridades em várias partes do País têm determinado a retirada de tais placas, mas elas se equivocam na interpretação do Código de Trânsito Brasileiro. O texto legal, dispo-nível no site do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), aliás, exemplifi ca, em seu anexo 2, a in-dicação de logradouros de grande fl uxo de pessoas administrados pela iniciativa privada. O Código de Trânsito Brasileiro é uma conquista da sociedade civil. Precisamos fazer valer suas propostas e coibir interpretações equivocadas como essa.

É preciso manter a ordem da informação por meio de planos como o Cidade Limpa, mas os cuidados com os abusos, como os decorrentes dessa falha de interpretação, não podem tornar irrelevantes o fato de que a informação básica, que proporciona ao turista encontrar com facilidade aquilo que procura, precisa ser levada em conta

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É preciso manter a ordem da informação por meio de planos como o Cidade Limpa, mas os cuidados com os abusos, como os decorrentes dessa falha de interpretação, não podem tornar irrelevantes o fato de que a infor-mação básica, que proporciona ao turista encontrar com facilidade aquilo que procura, precisa ser le-vada em conta. É um princípio da cidadania o direito à informação, e a sinalização pública é uma das facetas desse princípio tão funda-mental em nossa sociedade civil.

Sinalização é uma das pala-vras-chave para a prestação de um serviço de excelência em turis-mo. Imaginem dúzias, centenas, milhares de “Jonhs”, “Marys”, “Pierres”, “Alejandros” e “Hans” dirigindo veículos alugados, em plena Copa do Mundo ou nas Olimpíadas, e uma série de placas para polos turís-ticos de excelência, administrados por instituições privadas, escondidas, por se “caracterizarem”, sob algum ponto de vista errôneo e altamente subje-tivo, como “tipos de publicidade”? Estou falando de pontos turísticos como o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, o Masp, em São Paulo, e o Hopi Hari, em Vinhedo (SP), todos gerenciados por instituições privadas e de notória relevância turística.

O País perderia oportunidades de negócios e de acolhimento de toda uma multidão de visitantes que poderiam fazer da visita ao Brasil o primeiro encontro de uma longa história de amor, de visi-

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tas e de passeios por nossa extensa nação. Eis aí um problema que, aparentemente modesto, deve ser encarado com seriedade. Cumpre retifi car com urgência interpretações errôneas das autoridades públicas nesses casos, de modo a garantir a todos, brasileiros e turistas estrangeiros, o justo direito à informação.

Ionesco, certa vez, disse que não é a resposta que ilumina, mas sim os problemas, pois é a partir dos desafi os que crescemos. A cada difi culdade, nossa inventividade se acentua e nos ajuda a reinventar princípios fundamentais da civilização, como a fra-ternidade e a civilidade.

Temos de estar à altura da grande questão que se avizinha: como receber, de modo digno e hospitalei-ro, essa multidão de visitantes que já começa a reunir seus recursos e se informar a respeito de nosso país? O momento atual é de tomada de providências, de maneira a tornar essa sucessão de eventos oportu-nidades nas quais possamos expor toda a tradição de hospitalidade que o povo brasileiro há tanto tempo cultiva e que marca sua maneira de ser e de lidar com todos aqueles que nos visitam.

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A importância de um novo modelo de classifi cação dos meios de hospedagem para o BrasilRicardo MoeschDiretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico do Ministério do Turismo. Formado em Tecnologia em Hotelaria pela Universidade de Caxias do Sul – RS, e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O Ministério do Turismo fi rmou acordo de cooperação técnica com o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e a Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM) para o estudo e a implantação de um novo modelo de classifi cação dos meios de hospedagem

Após duas décadas de alternância dos fl uxos tu-rísticos interno e externo no País, a atividade

econômica do turismo ostenta um crescimento contínuo e progressivo. Novos destinos foram des-cobertos, a política pública sistematizou-se num modelo descentralizado e o setor privado se pro-fi ssionalizou, criando, assim, um ambiente propício à qualifi cação dos equipamentos turísticos. Com a criação do Ministério do Turismo e a institucionali-zação do Conselho Nacional de Turismo, o diálogo entre os setores público e privado permitiu que os dois primeiros Planos Nacionais de Turismo fi xas-sem macroprogramas estruturantes para a ativida-de. Dentro dos macroprogramas seis e sete do Pla-

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no Nacional de Turismo 2007-2010, planejou-se a qualifi cação dos equipamentos turísticos, por meio de apoio fi nanceiro com linhas de fi nanciamento direcionadas para o setor e de programas de capa-citação e treinamento para os profi ssionais. Essas linhas mestras defi nidas redundaram num próximo passo: a certifi cação dos prestadores de serviços turísticos. A classifi cação dos meios de hospeda-gem obedece ao preconizado na Lei nº 11.771/2008, que, em seu artigo 25, defi ne ser competência do Ministério do Turismo estabelecer procedimentos específi cos para a qualifi cação dos meios de hos-pedagem quanto aos aspectos de infraestrutura e serviços, bem como conferir chancela ofi cial por meio de símbolos caracterizadores.

A Diretoria de Estruturação, Ordenamento e Ar-ticulação de Turismo do Ministério do Turismo, por intermédio da Coordenadoria de Serviços Turísticos, responsável pelo cadastramento dos prestadores de serviços turísticos, fi rmou um acordo de coopera-ção técnica com o Inmetro e a SBM para estudo e implantação de um novo modelo de classifi cação para os meios de hospedagem, visto que o modelo anterior, implantado pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), em convênio com a Associação

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Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), já não possuía número su-fi ciente de hotéis classifi cados e carecia de atualização. Tais infor-mações advieram de estudo rea-lizado com profi ssionais do setor e representantes governamentais e da academia, demonstrando a falta de acompanhamento do processo pela sociedade civil organizada, redundando na não observância da contemporanei-dade do turismo, que exige a per-manente alteração de conceitos e requisitos para a satisfação do viajante moderno. Comparando outros modelos de classifi cação utilizados por diferentes países, realizando ofi cinas com profi ssionais do segmen-to, academia, terceiro setor e representantes dos poderes públicos municipais, estaduais e federais, discutindo com a sociedade civil mediante consul-tas públicas e, fi nalmente, obedecendo aos critérios internacionais para normatização, fi nalizamos o processo para apresentação do novo modelo ofi cial de classifi cação dos meios de hospedagem.

Defi nindo sete tipologias básicas – hotel, resort, hotel fazenda, cama e café, fl at/residência, hotel histórico e pousada –, estipulando critérios man-datórios e elegíveis para as matrizes com quesitos de legalidade, serviços, infraestrutura e sustenta-bilidade, estabelecendo modelo autodeclaratório voluntário com validade de três anos, estabelecen-

Para o cliente, a classifi cação dos meios de hospedagem, utilizando a simbologia mundial de estrelas, determina que o estabelecimento possuirá requisitos mínimos nos aspectos de infraestrutura, serviços e sustentabilidade, de acordo com sua tipologia e com o número de estrelas que ostentar

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do os procedimentos de acompanhamento junto ao Inmetro, aos Institutos de Pesos e Medidas Estaduais e aos órgãos estaduais de turismo, que participarão em todo o processo classifi catório, o País passa a contar com um modelo dinâmico, atual, fl exível e confi ável para a identifi cação, por parte do setor e dos clientes, de meios de hospedagem com padrões mínimos de qualidade.

A importância de um processo classifi catório pode ser determinada sob dois aspectos: identifi -cação de uma padronização para o cliente, servindo

como instrumento de comunicação e meio de ava-liação para o poder público quanto ao número de meios de hospedagem localizados em determinada cidade ou região com características defi níveis para condução de política de investimentos, e segmenta-ção de fl uxo turístico. Para o cliente, a classifi cação dos meios de hospedagem, utilizando a simbologia mundial de estrelas, determina que o estabeleci-mento possuirá requisitos mínimos nos aspectos de infraestrutura, serviços e sustentabilidade, de acordo com sua tipologia e com o número de estre-las que ostentar. Em que pese o advento de a rede mundial de computadores ter demonstrado que o

Observa-se que não existe pré-conceito quanto ao número de estrelas, pois cada uma das categorias possui critérios mínimos que proporcionarão ao hóspede receber um serviço adequado, seguro e aprazível em relação ao custo

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cliente pode observar aspectos e características do meio de hospedagem mediante um passeio virtual por sítios eletrônicos, muitas são as surpresas que podem ser encontradas, pois a exposição pode ilu-dir quanto à realidade dos serviços oferecidos ou à infraestrutura existente. Observa-se que não existe pré-conceito quanto ao número de estrelas, pois cada uma das categorias possui critérios mínimos que proporcionarão ao hóspede receber um ser-viço adequado, seguro e aprazível em relação ao custo. De acordo com o nicho de mercado que o estabelecimento visa atingir, deverá ser realizada a classifi cação. Assim, as condições geográfi cas ou de localização, a estrutura construtiva e as faci-lidades oferecidas aos hóspedes determinarão a opção por uma tipologia em um nível de estre-las. Para o poder público, servirá de ferramenta de planejamento e orientação, pois o número de estabelecimentos localizados em determinadas regiões e as tipologias encontradas no País pode-rão orientar investimentos específi cos, bem como programas segmentados, aproveitando a oferta de sazonalidade ou de interesse externo ou interno. Por fi m, a classifi cação dos meios de hospedagem servirá para as operadoras internacionais e nacio-nais e agências de viagens oferecerem aos seus clientes pacotes de viagens com maior segurança e objetividade, pois terão em todos os roteiros e cidades padronização de requisitos matriciais, que

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deverão ser conhecidos por meio de um processo transparente e acessível. Os meios de hospedagem independentes ou de redes nacionais passarão a ter visibilidade diante dos mercados interno e externo, pois os referenciais poderão orientar e apresentar a oferta hoteleira. Publicações poderão aproveitar o sistema classifi catório para divulgação de hotéis classifi cados, e agências de turismo poderão ofe-recer pacotes de viagens com categorias de meios de hospedagem diferenciadas, inclusive com tarifas trabalhadas com descontos para nichos de mercado e em determinados períodos de baixa estação.

O novo modelo de classifi cação, assim, vem ao encontro dos modernos conceitos de planejamen-to turístico, pois a qualidade é fator determinan-te para a escolha dos destinos; e o Brasil, como participante de um mundo globalizado, ávido por novos destinos e com um crescente número de novos viajantes, deverá estar atualizado em seus conceitos de recepção, transporte, acomodações e entretenimento, a fi m de ter competitividade e efi cácia. A credibilidade do sistema está garantida, porque o processo obedece aos critérios mundiais de normatização em procedimento de certifi cação, e a parceria com o Inmetro, órgão mundialmente reconhecido, demonstra a sintonia do MTur com os planos de turismo de diferentes países. Tais planos consideram a qualidade como fator diferenciador na escolha do destino e que, para fi delização do cliente, deverão buscar a satisfação de excelência nos serviços prestados.

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A Copa Verde em 2014 Oreni Campêlo Braga da Silva Presidente da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur). Bacharel em Ciências Contábeis, Especialista em Ecoturismo, Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental. Milita na atividade turística desde 1993.

O Brasil está vivendo um tempo de importantes mudanças positivas. Isso tem despertado, no cenário mundial, forte interesse pelo País. Daí porque somos o palco de vários eventos relevantes nesses próximos anos, destacando-se a Copa 2014.

Nos últimos anos, os temas da Copa do Mun-do de Futebol têm proporcionado mensagens

empolgantes e envolventes. Recentemente, com a Copa na Alemanha, em 2006, e com a Copa na África, em 2010, a humanidade celebrou simpatia, sensibilidade, inclusão cultural e, sobretudo, cele-brou a paz.

Um pouco mais sobre a Copa da África, onde tive a oportunidade de vivenciar boa parte daquele grandioso evento, in loco, a convite da Fifa como observadora, percebi que a Copa do Mundo foi um divisor de águas para a autoestima daquele povo. O africano se entregou ao evento. Viveu como se aqueles dias fossem para sempre – uma demons-tração de amor a sua cor, a sua raça e a sua seleção, mesmo sabendo que a equipe não alcançaria lugar de destaque. Paralelamente, recebeu os visitantes

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com simpatia e muita alegria, ce-lebrando, de fato, a humanidade.

No caso da Copa em 2014, o tema é estratégico, mas, ao mesmo tempo, de muita responsabilidade. O Brasil não se tornará o país da Copa Verde por adotar medidas es-peciais como reduzir a devastação nos biomas, arborizar as capitais sedes do evento, intensifi car as po-

líticas ambientais, criar e melhorar os parques de uso público nas cidades e no entorno, minorar a presença de materiais não biodegradáveis em estabelecimentos comerciais de massa, implantar ou acelerar o processo de saneamento básico, etc. Tudo isso será importante para que o País esteja se credenciando para o tema, mas o que o Brasil precisa é pautar a sua estra-tégia/causa em uma ação que possa ser abraçada, difundida e defendida pela sociedade mundial, de forma positiva, e que demonstre ao mundo que esse envolvimento será em benefício, sobretudo, da pre-servação humana. Estou falando da Amazônia, a maior reserva de diversidade biológica e de água potável do planeta e que abriga 33% das fl orestas tropicais do mundo. O Brasil é Verde em função desse bioma, que representa 50% do território nacional e que ainda não recebeu o destaque merecido como patrimônio brasileiro a serviço da humanidade. São mais de 20 milhões de brasileiros que vivem nessa fl oresta como guardiões dessa reserva natural. Além deles, o Governo Federal e os governos estaduais e municipais adotaram medidas que passaram a frear o desmatamento na região, com proposta para que, em 2020, alcance o índice de redução de 95%.

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No entanto, essas informações e esses avanços não são veiculados de forma intensa na mídia na-cional e internacional. O que se lê e se ouve aqui e lá fora é que a Amazônia está sendo devastada. Assim, torna-se necessário que seja desenvolvida uma campanha em nível nacional que desperte no brasileiro o interesse em valorizar e cuidar da Ama-zônia, criando e aumentando a sua autoestima por ser “dono” desse legado natural, e, seguidamente, uma campanha internacional que demonstre esse sentimento amazônico. Dessa maneira, o Brasil con-quistará o título da Copa Verde. Esse será o grande diferencial para o País.

Então, perguntamos: e o que o povo ganhará com isso? Quais os benefícios? Notadamente, o ganho será incomensurável. Isso despertará na comunidade internacional e nos próprios brasileiros interesses múltiplos que vão gerar novos investimentos no País e na região, voltados para indústrias de saúde e bele-za, farmacologia, ciência, pesquisa, tecnologia e para o turismo. Com isso, o País avançará em pesquisas, inovação tecnológica, capital intelectual, entre ou-tros, o que deverá ocorrer por meio de intercâmbios com universidades e institutos de pesquisas nacio-nais e internacionais, gerando descobertas impor-tantes para o bem-estar da humanidade, riqueza de conhecimento e incremento no registro de patentes no País, bem como a geração de emprego e renda.

Afora isso, haverá um interesse muito maior no destino Brasil pe-los turistas que buscam a natureza como desejo de consumo, em fun-ção desse movimento, visto que

Independentemente do tema, a Copa 2014 será um evento que marcará sobremaneira a vida dos brasileiros

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a Amazônia é um lugar “conhecido”, porém pouco visitado por esses viajantes.

Independentemente do tema, a Copa 2014 será um evento que marcará sobremaneira a vida dos brasileiros. É evidente que uma Copa do Mundo não vai resolver todos os problemas de um país. No en-tanto, resolve parte deles, pois os governos se veem obrigados a investir mais e melhor, em tempo recor-de, em seus aeroportos, portos, estradas, sistema de mobilidade urbana (transporte coletivo), segurança, saúde, arenas esportivas e de eventos, no lugar de estádios, sinalização turística, centros de atendimen-to ao turista, paisagismo, capacitação e qualifi cação de pessoas com cursos específi cos voltados para as atividades de serviços turísticos e comerciais, além dos cursos de idiomas, que serão, sem dúvida, fortes indutores para novas oportunidades de emprego dentro e fora do País após a Copa, visto que a maio-ria do povo brasileiro não tem o hábito de estudar outro idioma, principalmente o inglês.

Além disso, a Copa 2014 divulgará e promove-rá a imagem do Brasil para o mundo, em todos os veículos nacionais e internacionais de comunicação, num período de 30 dias, ação essa que o País levaria décadas para realizar, tendo de investir um volume expressivo de recursos.

Portanto, que venha a Copa 2014, e que o povo brasileiro saiba aproveitar esse momento para dizer ao mundo que somos o país do futebol, do samba, do axé, do boi-bumbá, mas que também somos o país que se preocupa com a nossa Amazônia e com a sustentabilidade do planeta.

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Gramado – uma história de sucesso Nestor TissotEleito em 2009 Prefeito de Gramado, com mandato até dezembro de 2012. Foi vereador por duas legislaturas. Atuou como Presidente e como Vice-

-Presidente na Câmara de Vereadores. Em 2000, elegeu-se ao cargo de Vice--Prefeito, junto com Pedro Henrique Bertolucci, e, em 2004, foram reeleitos.

Gramado chegou a esse nível de desenvolvimento turístico e de qualidade de vida porque vem fazendo, de forma consistente e continuada, governos com visão e planejamento. A vocação empreendedora e hospitaleira do nosso povo contribuiu de maneira decisiva para nosso crescimento.

Gramado recebe, anualmente, mais de 3 mi-lhões e meio de turistas para os mais de 200

eventos que são realizados na cidade. Temos atra-tivos durante todo o ano. O público vem atraído por uma qualifi cada rede de hospedagem, com mais de 11 mil leitos, e um roteiro gastronômi-co famoso pelo refi namento e pela variedade de opções. A Avenida Borges de Medeiros é um des-fi le de gente bonita. O trabalho de revitalização realizado fez com que a caminhada pelo centro seja um verdadeiro passeio num shopping a céu aberto, com enorme variedade de lojas que co-mercializam produtos da melhor qualidade e com padrão internacional.

Um dos pontos de atração permanente é a Rua Coberta, com bares e restaurantes, onde são rea-lizados diversos eventos. O Palácio dos Festivais

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é outro prédio muito fotografado, pois abriga 37 anos de história do mais conceituado Festival do Cinema Brasileiro.

Gramado chegou a esse nível de desenvolvimento turístico e de qualidade de vida porque vem fazendo, de forma consistente e continuada, governos com visão e planejamento. A vocação empreendedora e hospitaleira do nosso povo contribuiu de maneira decisiva para nosso crescimento.

O poder público em Gramado tem estado ao lado da iniciativa privada, proporcionando as condições para a evolução da cidade. Muitos foram os investi-mentos em capacitação, na infraestrutura da cidade e, principalmente, em ações de fomento do turismo, nossa principal fonte de receita.

A Administração municipal tem criado novos eventos, reduzido a sazonalidade, fomentado o tu-rismo organizado pelo trade, melhorando o nível de informação e conhecimento dos diversos atrativos

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da cidade. Realizamos a compra da ExpoGramado, um moderno e bem equipado espaço multifuncional para a realização de feiras, congressos, convenções e shows.

Essa aquisição tem mostrado seus resultados, dando um novo impulso à atividade turística da cidade, que já conta com uma invejável estrutura para receber eventos.

O turismo é um setor de atividade econômica que realiza com maior igualdade a distribuição de renda. Por isso, acreditamos e investimos no seu incremen-to. Com certeza, nosso Plano de Gestão contempla o desenvolvimento sustentável, o único que é capaz de manter e elevar os níveis de crescimento econômico aliado à continuidade da qualidade de vida.

Existe uma diferença clara entre crescimento e desenvolvimento. O primeiro foca na questão quan-titativa, enquanto o desenvolvimento sustentável é qualitativo; e é neste que investimos em Gramado.

Na visão da Prefeitura da cidade, o turismo é considerado parte do meio ambiente, assim como as pessoas. Essa é a noção de interdependência, reco-nhecendo que tudo está ligado – desde a destinação correta dos resíduos gerados pelo comércio até a

Sabemos que o turismo é uma forma de

agregar valor cultural e econômico. Dessa forma,

Gramado tem se diferenciado pela renovação

constante, apresentando sempre novos atrativos

que surpreendem e encantam os visitantes.

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exigência de ligação dos restaurantes na rede, na renovação dos alvarás, como forma de prevenção dos mananciais hídricos locais, com benefícios para a qualidade de vida da comunidade.

O desenvolvimento sustentável tem sido nossa preocupação e a razão de diversas ações, como a que pretende tratar 95% do esgoto da cidade. Queremos continuar recebendo os turistas que mo-vimentam nossa economia sem prejuízo da nossa qualidade de vida.

Além disso, Gramado constrói seu crescimento baseado no desenvolvimento urbano e rural, que estamos trabalhando para fomentar cada vez mais. Vários roteiros de agroturismo já levam os visitan-tes ao nosso interior, fomentando o surgimento do agronegócio e fi xando a população rural, assim como no centro da cidade os colonos tem espaço permanente de exposição e venda de seus produtos.

A administração municipal incentiva e fomenta a abertura de restaurantes nas localidades do interior. Estamos planejando a criação de novos roteiros rurais e executando obras de asfaltamento para essas áreas.

Ao mesmo tempo, sabemos que o turismo é uma forma de agregar valor cultural e econômico. Dessa forma, Gramado tem se diferenciado pela renovação constante, apresentando sempre novos atrativos que surpreendem e encantam os visitantes.

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Representatividade do mercado de viagens e eventos corporativos nesta nova década no BrasilVivianne Gevaerd MartinsEspecialista no setor, é Presidente e Fundadora da ABGEV, Diretora da Academia de Viagens Corporativas, autora do livro Viagens Corporativas, premiada várias vezes no Brasil e no exterior.

O segmento de viagens corporativas corresponde à maior fatia de mercado do turismo nacional, crescendo na mesma velocidade da economia Brasileira

Essa fatia representa 54,94% do faturamento do Turismo no Brasil, segundo os Indicadores

Econômicos de Viagens Corporativas (IEVC) 2009, que ainda são tão pouco divulgados nas gran-des esferas Brasileiras, e vem passando por várias transformações nos últimos anos, principalmente decorrente do avanço da tecnologia e do excelente momento do Brasil.

Vários desafios, ao longo dos próximos anos, deverão ser superados, como a qualificação de mão de obra especializada para viagens e eventos corporativos, e não o turismo (lazer), adequação e transformação dos fornecedores, além de toda a preparação de infraestrutura e de serviços para os megaeventos esportivos.

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Esses eventos deixarão um legado de mão de obra mais bem preparada para atender aos nossos executivos de viagens e eventos corporativos.

A grande dúvida é: como, com a economia do Brasil tão aquecida neste momento, vamos trans-por os vários desafios e como as empresas clientes, que têm seus contratos e prazos a cumprir, vão conviver com o blackout das viagens no Brasil, com limitações de infraestrutura (aeroportos, ro-dovias, malha aérea, leitos, etc.) e de capacidade de atendimentos simultâneos aos turistas, aos participantes dos megaeventos e aos viajantes de negócios?

Como os clientes (gestores de viagens e empre-sas) poderão administrar sua demanda de viagens e controlar seu orçamento (viagens corporativas podem representar o 2º ou 3º maior gasto das empresas) diante desse cenário?

Poucos empresários conhecem a fundo a repre-sentatividade econômica desse nicho do turismo, pois o IEVC é pesquisado e financiado por nós, associações do setor focadas em seu desenvolvi-mento. Mas os números ainda não demonstram a totalidade desse segmento, pois levam em conta somente companhias aéreas, hotéis e locadoras,

Como os clientes (gestores de viagens e empresas)

poderão administrar sua demanda de viagens e controlar

seu orçamento (viagens corporativas podem representar o

2º ou 3º maior gasto das empresas) diante desse cenário?

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visto que não conseguimos aferir outra grande fatia, que são os eventos corporativos.

Esse é, entre outros, o trabalho que faz a Associação Brasileira de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (ABGEV), fundada em 2003 por clientes do setor, com o objetivo de reunir a cadeia produtiva de viagens e eventos corporati-vos, para solucionar e profissionalizar a área, em prol do cliente (empresa).

Reúne, hoje, mais de 230 empresas associadas no Brasil, com em média 418 profissionais re-presentantes, entre clientes (gestores de viagens e eventos), redes hoteleiras, companhias aéreas, Travel Management Companies (TMCs), agências de viagens e incentivos, organizadoras de even-tos, empresas de tecnologia e distribuição, meios de pagamento, locação e logística de transporte, entre outras, e nove comitês de trabalho, com 170 voluntários, que se reúnem mensalmente para discutir soluções para o setor com foco no cliente.

Esse negócio é pouco entendido e divulgado no Brasil, diferentemente do que ocorre em ou-

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tros mercados, em que uma das associações americanas – a Glo-bal Business Travel Association (GBTA) – as quais representaram na América do Sul tem 50 anos e é a voz dos assuntos estratégicos do setor no congresso americano.

A necessidade de mais profis-sionalização, com a união e a de-terminação desses profissionais, apoiados pelo empresariado do setor e movidos pela paixão por viagens corporativas, consegui-ram, já em oito anos, transfor-mar essa indústria, trazendo-a para o patamar em que está hoje, muito mais desenvolvida e reco-

nhecida como um nicho de mercado que precisa de produtos e serviços diferenciados do lazer.

A boa notícia é que isso está mudando. Hoje, já temos um mercado muito mais organizado, estamos padronizando processos e temos o li-vro Viagens Corporativas, da editora Aleph, que fala sob a ótica do cliente e do fornecedor dessa indústria. A ABGEV já está na VI edição de seu Encontro Latino-americano de Viagens Corpora-tivas e Tecnologia (LACTTE), que acontece sempre em fevereiro, em São Paulo, e reúne mais de 800 profissionais e 45 palestrantes nacionais e inter-nacionais em dois dias de muito aprendizado e debates, e na II edição da Conferencia Latino-americana de eventos corporativos (SMEC-LA),

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um encontro sobre eventos que reúne todo o setor para discutir melhores práticas e tendências.

A conscientização do empre-sariado, que precisa investir em treinamento para profissionali-zação de seus funcionários, vem acontecendo, mas ainda muito timidamente e não na velocida-de que o mercado precisa para ter mais eficiência nesse setor. Para facilitar essa questão é que criamos uma empresa especiali-zada em projetos e treinamen-tos na área de eventos e viagens para clientes e fornecedores.

A Academia de Viagens Cor-porativas, além de formar os gestores das empresas clien-tes e elaborar treinamentos para profissionais, também desenvolve um pro-grama para jovens universitários do turismo e afins, junto com a maioria das TMCs, agências de viagens corporativas que têm contribuído muito com novos entrantes nesse mercado de trabalho. Criar talentos e lideres nesse setor é muito importante neste momento para o de-senvolvimento do nosso País, pois teremos uma chance única de causar uma ótima impressão para o mundo!

Se alguém me perguntasse hoje sobre todos os novos e grandes desafios que o setor de via-

Se alguém me

perguntasse hoje sobre

todos os novos e grandes

desafi os que o setor de

viagens corporativas e

o turismo enfrentarão

para a nova década, eu

diria que (...) temos

de transpor a barreira

da comunicação e ter

capacidade de comunicar

a todos, passageiros,

executivos, empresas

e fornecedores, como

funciona nosso mercado

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gens corporativas e o turismo enfrentarão para a nova década, eu diria que, antes e além dos citados acima, temos de transpor a barreira da comunicação e ter capacidade de comunicar a todos, passageiros, executivos, empresas e for-necedores, como funciona nosso mercado, como, por exemplo, qual o impacto e o porquê de nova precificação (fees e DUs), ancillary fees (taxas e serviços fragmentados, cobranças de bagagem, alimentação, GPS, etc.), yield management no aéreo (o que faz os preços se modificarem con-forme a demanda), direct connection (conexão direta, fora do GDS) e outras modificações que chegaram para o desenvolvimento do setor no Brasil, mas que, se mal trabalhadas, poderão ter efeito contrário e muito nocivo!

Se cada um, Governo e iniciativa privada, fizer a sua parte, com certeza, o céu é o limite para o nosso setor!

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O DNA da educação no turismo Maurício WernerBacharel em turismo, pós-graduado em Consultoria Empresarial pela Unesa, MBA em Marketing pela FGV. Atualmente, coordena a Escola de Turismo da UniverCidade e dirige a microempresa Planet work desde 1995.

Estamos vivendo uma época notável para o empreendimento do ensino de turismo. O Brasil revelou-se, afi nal, com essa vocação plena a partir de um desenvolvimento econômico promissor.

O turismo moderno pôs termo à solução de continuidade que, até bem pouco tempo, era

admitida entre a matéria (o guia) e o movimento (a viagem). O turismo equilibrou-se dentre as mui-tas disciplinas formadoras de conhecimento, a se desdobrar em aspectos educativos absolutamente amplos e diversifi cados.

Em educação, o turismo que se quer ver prevale-cer é o que concatena e se transforma mutuamente, à mercê de determinadas e específi cas exigências de mercado.

A educação que imagina poder gozar de repouso total porque forneceu, nos bancos escolares, instru-mentos educacionais básicos modestos está equi-vocada. Não há equilíbrio absoluto, diz a Física. Só o movimento – forma de existência da matéria – é

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absoluto; e, por analogia à Física, o turismo requer o impulso interior, que reside, justamente, nas con-tradições, na unidade e na luta dos contrários.

O turismo passeia pelo ecológico, pelo religioso, pelo étnico, pelo social, pela aventura e por muitos outros. Agrega povos e instrui sobre os costumes.

A educação turística precisa ser pensada para muito além do que se estuda na escola. Em termos educacionais, cada fenômeno da aprendizagem deve ser considerado em seu movimento contínuo e dinâmico, em favor da aplicabilidade funcional de desenvolvimento e da transformação, ao longo do processo universal, eterno e irresistível, de comple-xidade crescente em seus infi nitos desdobramentos.

Claparède já dizia em Genebra, em 1926, que a educação é um processo de adaptação progressi-va do indivíduo ao seu habitat, visando a melhor forma de integração. Toda educação, em vários níveis e modelos, está submetida ao princípio da

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dependência em relação à estrutura social, seja a da sociedade, seja a do Estado, que, por sua vez, está condicionada ao nível das forças produtivas e à dinâmica das relações de produção, historica-mente determinadas.

Cada formação social tem um caráter peculiar que impõe uma forma adequada de educação. Edu-car é, numa palavra, socializar, enquanto fenômeno social. Em consequência, não podemos falar de educação se ela não for entendida como o esteio da estrutura político-econômico-social.

O turismo é interdisciplinar bem antes de se formarem técnicos profi ssionais que pretendam atuar nas áreas dessa atividade.

Para se manter o vigor de um processo educa-cional efi ciente, é necessário reconhecer que toda profi ssão se tornará mais fortalecida quando se compuser de profi ssionais formados por orienta-dores, com maestria plural.

Toda educação é propedêutica e serve de intro-dução ao turismo, como o entendemos hoje. Ela deve ser propiciadora do despertar de habilidades

Não se pode esperar que um educando atinja um

Curso de Turismo na Faculdade para que, então, haja

a iniciação do pensamento turístico. Se o aluno

optou por esse curso, os estudos preliminares ligados

à sua formação, desde a infância, precisariam

implementar, ainda que informalmente, noções

que estão intrinsecamente ligadas ao turismo.

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intelectuais que reúnam forma, conteúdo e uso, pois só se constrói a teoria de aquisição de conhe-cimento com base no foco desse conteúdo.

Ora, o conteúdo, em nossos dias, evoca as deman-das de mercado. E, dentre essas necessidades, o turis-mo, por excelência, requer, dada a sua abrangência, conhecimentos vastos e aprofundados do mundo.

Não se pode esperar que um educando atinja um Curso de Turismo na Faculdade para que, então, haja a iniciação do pensamento turístico. Se o aluno optou por esse curso, os estudos preliminares liga-dos à sua formação, desde a infância, precisariam implementar, ainda que informalmente, noções que estão intrinsecamente ligadas ao turismo.

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Quando uma criança do pré-escolar chega em casa exibindo uma estrela dourada no peito porque foi a que mais recolheu resíduos no pátio da escola, ela não sabe ainda, mas os pais deveriam sabê-lo, que essa iniciativa escolar acertada vai contribuir para o turismo ecológico, por exemplo.

O estudo do turismo é, sem sombra de dúvida, cultura indispensável, quando aliado e alinhado às robustas noções técnicas de planejamento, marke-ting, informática, indústria, comércio, assim como a um extenso e sedimentado conhecimento geral que inclui desde as tendências modernas hoteleiras até a terminologia técnica ligada ao turismo.

Por isso, antes de tudo, com absoluta priorida-de, o profi ssional dessa área precisa reunir, na sua bagagem intelectual, a expressão verbal perfeita, tantas vezes negligenciada por muitos profi ssionais que desprezam a importância do bom uso da língua materna para a comunicação.

O profi ssional de turismo legalmente habilitado poderá atuar em múltiplos setores do mercado de trabalho. Justamente porque a atividade turística faz-se transdisciplinar, ela exige, em consequência, um aculturamento sedimentado que o auxilia no

O grande desafi o é formar profi ssionais do turismo

atrelados às entidades governamentais que

possam apoiar e incrementar grandes eventos

capazes de contribuir para a economia e para

a criação de empregos diretos ou indiretos.

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exercício da profi ssão, em qualquer situação em que seja cabível sua atuação.

O grande desafi o é formar profi ssionais do tu-rismo atrelados às entidades governamentais que possam apoiar e incrementar grandes eventos capazes de contribuir para a economia e para a criação de empregos diretos ou indiretos.

Esta década é, sem dúvida, a maior esperança do setor turístico no Brasil, segundo Peter Drucker. A melhor forma de imaginarmos como será esse futuro será construindo-o!

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Educação transdisciplinar para o turismo Nely Wyse Mestre em fi losofi a política pela UFRJ, membro do Conselho de Turismo da CNC. Professora do MBA em Turismo da FGV-RJ e Coordenadora Pedagógica da área de Turismo e Hospitalidade do Senac - Departamento Nacional

Marcia LeitãoBacharel em Comunicação Social e pós-graduanda do Programa Observatório de Inovação do Turismo – OIT/NEATH/Fundação Getúlio Vargas/RJ. Jornalista da Assessoria de Relações Institucionais do Senac - Departamento Nacional

A educação profi ssional no Brasil e no mundo atravessa um momento de profundas mudanças conceituais. De alternativa compensatória para inclusão social de jovens e adultos excluídos da formação acadêmica e

“órfãos da propedêutica”, essa modalidade de ensino focada no mundo do trabalho passou a ser objeto de especial atenção para estudiosos da educação na sociedade contemporânea.

O capitalismo industrial e nacional dos séculos passados transfi gurou-se, mais recentemente,

em capitalismo fi nanceiro e transnacional, modifi -cando as economias, as sociedades e criando novas demandas no ambiente produtivo. Nessa nova era, o conhecimento tornou-se mercadoria, e a educa-ção, instrumento de poder e de controle, ambos exigindo uma nova pedagogia capaz de formar trabalhadores críticos e éticos.

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Amparada na Lei nº 11.741/2008, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)

– Lei nº 9.394, de 20.12.1996 – e no Decreto Federal nº 5.154/2004, a educação profi ssional no Bra-sil ganhou diretrizes curriculares nacionais que preconizam, agora, “uma maior articulação entre os saberes da educação regular e os saberes demandados pelo mundo do trabalho”.

Nesse contexto, o turismo, como um fenômeno social, pas-sível de efeitos econômicos, cul-turais e políticos, passou a exigir do trabalhador mais do que os co-

nhecimentos relativos aos fazeres – ao saber fazer – de operação, agenciamento, guiamento e outras atividades ligadas à hospitalidade ou ao turismo.

O presente artigo pretende evoluir nessa pro-posta de articulação dos saberes para a educação profi ssional ao promover uma refl exão sobre um novo conceito na construção de conhecimentos: a transdisciplinaridade.

A transdisciplinaridade, como o prefi xo “trans” indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo tem-po entre as disciplinas, através das diferentes disci-plinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento. (Nicolescu. B, 1999)

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Os caminhos da transdisciplinaridade Como algo que se impõe na reciprocidade (in-

ter = entre), na interioridade (intra = dentro de) e na exterioridade (trans = além de), a educação transdisciplinar em turismo traz o foco do proces-so educativo para o sujeito (trabalhador, turista, residente local, gestor, etc.), e não para o processo produtivo ou produto (equipamento ou espaço turístico, teoria ou lógica comercial). Na educação transdisciplinar o indivíduo é o protagonista, agen-te de percepção e de produção de conhecimento, e, por via de consequência, é também agente de transformação social por meio do turismo.

Vale destacar que o conceito de transdisciplina-ridade ampara-se em três premissas fundamentais: (1) níveis diferentes de realidade; (2) complexidade; e (3) a lógica do terceiro incluído.

Níveis diferentes de realidadeA física quântica desvendou para o mundo que,

além do macrocosmo – da ciência moderna, deter-minista e sujeita a uma verdade absoluta –, existe um microcosmo presente em todo o universo, com duas características transformadoras: a imprevisibi-

O turismo, como um fenômeno social, passível de efeitos econômicos, culturais e políticos, passou a exigir do trabalhador mais do que os conhecimentos relativos aos fazeres – ao saber fazer – de operação, agenciamento, guiamento e outras atividades ligadas à hospitalidade ou ao turismo

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lidade e a descontinuidade, o que propicia o enten-dimento de uma realidade fugaz, ou outros níveis de realidade. Diferentes sujeitos observadores, nas mesmas condições controladas, rigorosamente, em

laboratório, formulam resultados diferentes, que são atribuídos às interações diferenciadas entre sujeito e objeto. Pela educação transdisciplinar, o aluno passa a “sujeito do conhecimento” e cons-trutor da realidade que o cerca.

Complexidade Na educação, o princípio da complexidade

introduz os princípios da interação e da interde-pendência. A realidade complexa e multirreferen-

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ciada exige que as ações educa-tivas envolvam temas diferentes, alunos diferentes, ambientes diferentes, interagindo e crian-do relações para que a comple-xidade – como modo da vida –,ao se auto-organizar, permita a inclusão dos diferentes como integradores e provedores da di-mensão pedagógica.

A lógica do terceiro incluído No plano da teoria e da

experiência científica, a ló-gica clássica amparava-se em três axiomas: (1) o axioma da identidade: A é A; (2) o axioma da não contradição: A não é “não-A”; e (3) o axioma do terceiro excluído. Ou seja, não existiria um ter-ceiro termo (T) que fosse capaz de ser, ao mesmo tempo, A e “não-A”.

Já a lógica quântica, resultante da abordagem transdisciplinar, mostra-nos que há níveis diferen-tes de realidade. Portanto, não estamos mais su-jeitos à ditadura do par binário (A, “não-A”). Uma lógica do terceiro incluído surge onde “T” é, ao mesmo tempo, A e “não-A”; onde aquilo que parece contraditório e separado pode estar unido.

“A lógica do terceiro incluído não abole a lógica do terceiro excluído: ela apenas limita sua área de

No desenvolvimento de um projeto pedagógico calcado na educação transdisciplinar, é preciso compreender as interações entre o meio e o ser, entre a sociedade, o ambiente produtivo e a moderna ação educacional

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validade. A lógica do terceiro excluído é certamente validada em situações relativamente simples, como, por exemplo, a circulação de veículos numa estrada: ninguém pensa em introduzir, numa estrada, um terceiro sentido em relação ao sentido permitido e ao proibido. Por outro lado, a lógica do terceiro excluído é nociva nos casos complexos, como, por exemplo, no campo social ou político. Ela age, nestes casos, como uma verdadeira lógica de exclusão: bem ou mal, direita ou esquerda, mulheres ou homens, ricos ou pobres, brancos ou negros.” (Nicolescu, 1999. p. 9)

Apoiado nas descobertas quânticas e na transdiscipli-naridade, em 1996 a Unesco lançou o relatório sobre a Educação para o Século XXI, que defendia quatro pilares para a educação: Aprender a Conhecer, Aprender a Fa-zer, Aprender a Viver Juntos e Aprender a Ser, mais tarde acrescido de mais dois pila-res: Aprender a Antecipar e Aprender a Participar. Firma-

Nessa sociedade hipermoderna, é preciso exaltar o novo e o turismo, enquanto fenômeno social que exorta a uma visão imediatista de bem-

-estar, de conforto e de lazer, reforça e atomiza a face hiperconsumista da nova modernidade

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va-se, dessa forma, no mundo da educação, um novo modo de co-nhecimento, uma nova maneira de “ser” diante do saber, um novo jeito de aprender e de ensinar a viver juntos.

No desenvolvimento de um projeto pedagógico calcado na educação transdisciplinar, é pre-ciso compreender as interações entre o meio e o ser, entre a so-ciedade, o ambiente produtivo e a moderna ação educacional. As dimensões da transdisciplinaridade apresentadas estão em consonância com o mode-lo de democracia contemporânea, que pressupõe as diferenças, a contradição, o confl ito e a luta entre ideias e interpretações como constitutivas de uma dinâmica social e das transformações que atingem tanto o mundo do trabalho quanto a vida dos cidadãos.

Sociedade, Turismo e TecnologiaPara Gilles Lipovetsky (2004, p. 52), vivemos

um tempo de hipercapitalismo, da hiperpotência, do hiperterrorismo, do hiperindividualismo, do hi-permercado, do hipertexto. Vivemos no tempo da “Hipermodernidade”, em que tudo é infi nitamente grande e complexo:

“A sociedade que se apresenta é aquela na qual as forças de oposição à

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modernidade democrática, liberal e individualista não são mais estruturantes; [...] O Estado recua, a religião e a família se privatizam, a sociedade de mercado se impõe: para disputa, resta apenas o culto à concorrência econômica e democrática, a ambição técnica, os direitos do indivíduo.” (LIPOVETSKY, 2004, p. 54)

Nessa sociedade hipermoderna, é preciso exaltar o novo e o turismo, enquanto fenômeno social que exorta a uma visão imediatista de bem-estar, de conforto e de lazer, reforça e atomiza a face hiper-consumista da nova modernidade. A sociedade do ócio cria e recria produtos para serem consumidos pelos “ociosos”. Na sociedade hipermoderna, o “ser” é substituído pelo “ter”, a verdade é substituída pela representação, a ética pela estética, o bem pelo consumo, a justiça pelo direito, o intelecto pelos sentidos. Enfi m, é o mundo da experimentação tão desejado pelos turistas.

Na contramão da cultura carpe diem (“aproveite o momento”), a modernidade consumista presente

Para além das técnicas, do saber fazer, a educação para o turismo deve desenvolver um espírito sensível ao legado da história, ao valor do passado e de seus produtos

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no turismo é também terreno fértil para novos con-ceitos como: ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável, consumo verde. São elementos que es-tarão nas entrelinhas da relação turista-comunidade local, turista-Estado, turista-trabalhador.

Educar para o trabalho em turismo é, antes de mais nada, educar para a vida. Para o viver juntos e para o aprender a ser da cidadania, precisamos atentar para temas transversais. Elencamos, aqui, três dimensões da cidadania: (1) ética - desenvol-vendo valores subjetivos; (2) estética - desenvolven-do a qualidade, o acabamento e o bom gosto; e (3) política – arte de administrar o poder tornando-ofonte de justiça ou de igualdade ou de liberdade.

Para além das técnicas, do saber fazer, a educa-ção para o turismo deve desenvolver um espírito sensível ao legado da história, ao valor do passado e de seus produtos. Deve, principalmente, fazê-lo ator do presente e autor de sua vida. O grande desafi o da educação profi ssional ao trabalhar sob

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a perspectiva da transdisciplinaridade é conciliar a transmissão de saberes que permitam ao indivíduo não apenas desempenhar funções ocupacionais (saber fazer), mas principalmente dialogar, refl etir, reconhecer, problematizar, interagir e criar em seu ambiente de trabalho, construindo e reproduzindo, por si mesmo, novos saberes.

Como já comentamos, é preciso trabalhar sob a perspectiva do terceiro incluído e das múlti-plas realidades, o que implica, forçosamente, um comportamento mais tolerante, mais adequado ao respeito à diversidade e ao multiculturalismo. O profi ssional do turismo não é espectador das relações entre turista e comunidade. Ele também é parte da comunidade visitante ou visitada. Ele é

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protagonista, promotor e, muitas vezes, parte do objeto referenciado no fenômeno turismo. Assim, o profi ssional terá de saber ouvir, saber se comunicar, saber negociar, saber liderar, saber aprender, saber viver junto com o diverso, com o diferente, que, por outro lado, é igual. E o mote fundamental da visão transdisciplinar da educação em turismo é saber pensar, fruto da ação continuada do saber aprender.

Diferentes dinâmicas podem auxiliar na cons-trução de um plano pedagógico transdisciplinar para o turismo.

A problematização – a proposição de um pro-blema complexo baseado em tarefas rotineiras de uma atividade ocupacional leva à reflexão sobre os múltiplos caminhos para sua solu-ção, possibilitando uma construção coletiva de conhecimento.

Dinâmicas e atividades em grupo – propiciam a cooperação e a troca de experiências, estimu-lam trocas que se fundamentam no saber ouvir, saber se comunicar e saber negociar.

Práticas de voluntariado em ações sociais – permitem troca de conhecimentos não for-mais e de saberes resultantes de experiências profi ssionais anteriores.

A aplicação da transdisplinaridade na educação profi ssional para o turismo é viável e oportuna

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Seminários e fóruns de debate sobre temas transversais às ações realizadas junto à(s) comunidade(s) – permitem questionamentos, comparações e refl exões que transitaram entre os saberes populares e os conhecimentos formais.

ConclusãoA aplicação da transdisplinaridade na educação

profi ssional para o turismo é viável e oportuna. Re-conhecer no turismo potencialidades para a cons-trução coletiva de novos saberes é importante não apenas para a formação profi ssional para o setor, mas principalmente para instalação de uma cultura de paz e solidariedade no mundo.

A transdisciplinaridade no turismo permite abrir as mentes para múltiplas realidades, desperta o profi ssional para o respeito à diversidade e constrói conhecimentos não calcados em arranjos hegemô-nicos. Com isso, teremos uma nova tecnologia para os “fazeres” do turismo, em que se fortalecem as relações entre a sociedade, a cultura, a natureza e os meios de produção.

Referências

NICOLESCU, Basarab. Um novo tipo de conhecimento – transdisciplinaridade. 1º Encontro Catalisador do CETRANS - Escola do Futuro - USP, Itatiba, São Paulo - Brasil: abril de 1999. LIPOVETSKY, Gilles; CHARLES, Sébastien. Os Tempos Hipermodernos. São Paulo: Editora Barcarolla, 2004.

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AIMONE CAMARDELLADiretor da Câmara de Consultores AssociadosProfessor e escritor

ALEX CANZIANI Deputado Federal pelo Estado do Paraná e Presidente da Frente Parlamentar de Turismo da Câmara dos Deputados

ALEXANDRE SAMPAIO DE ABREUPresidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares

ALFREDO LAUFER Consultor Empresarial de Turismo e Professor da FGV

ALLEMANDER J. PEREIRA FILHOBrigadeiro R1 e Ph.D.Diretor da Aircon – Consultoria de Aviação Civil Ltda.Ex-Diretor da Anac e ex-Diretor do DAC

ANTONIO HENRIQUE BORGES DE PAULAGerente de Projetos Estratégicos do Senac - DNEx-Secretário de Estado de Turismo de Minas Gerais

ANTONIO PAULO SOLMUCCI JÚNIORPresidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL)

Membros do Conselho de Turismo

ANTONIO PEDRO VIEGAS FIGUEIRA DE MELLOSecretário Municipal de Turismo do Rio de Janeiro ePresidente da RioTur

ARNALDO BALLESTÉ FILHODiretor-Vice-Presidente do Touring Club do Brasil

AROLDO ARAÚJODiretor-Presidente da Aroldo Araújo Propaganda

ARTHUR BOSISIO JUNIORAssessor de Relações Institucionais do Senac Nacional

ASPÁSIA CAMARGO Deputada Estadual do Rio de JaneiroEx-Secretária Executiva do Ministério do Meio Ambiente, ex-Presidente do Ipea e ex-Assessora Especial da Presidência da República

BAYARD DO COUTTO BOITEUXDiretor-Geral dos Cursos de Turismo e Hotelaria da UniverCidadePresidente do site Consultoria em Turismo-Bayard Boiteux BEATRIZ HELENA BIANCARDINI SCVIRERPesquisadora e Redatora do Arquivo NacionalEx-Técnica de Eventos da Embratur

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CAIO LUIZ DE CARVALHOPresidente da São Paulo Turismo S/A (SPTURIS)Ex-Presidente da Embratur e ex-Ministro de Estado dos Esportes e Turismo

CARLOS ALBERTO AMORIM FERREIRAPresidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (ABAV Nacional)

CARLOS ALBERTO RAGGIO DAVIESDiretor de Turismo e Hotelaria do Instituto Internacional de Desenvolvimento Gerencial

CARMEN FRIDMAN SIROTSKYConselheira do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro

CLAUDIO MAGNAVITA CASTRO Presidente da Abrajet Nacional Presidente do Jornal de Turismo - Aver Editora

CLEBER BRISIS DE OLIVEIRAGerente-Geral do Royal Rio Palace Hotel

CONSTANÇA FERREIRA DE CARVALHODiretora da C&M – Congresses and Meetings Ex-Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Evento (ABEOC/RJ) DALTRO ASSUNÇÃO NOGUEIRAEx-Presidente da Câmara Empresarial de Turismo da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais Tradicional Agente de Viagem de Belo Horizonte

DIRCEU EZEQUIEL DE AZEVEDOJornalista representante do Brasilturis no Rio de Janeiro

EDUARDO JENNER FARAH DE ARAUJODiretor-Presidente do Grupo Instituto de Estudos Turísticos do RJ (IETUR)

FAISAL SALEHPresidente do Instituto Polo Internacional Iguassu (POLOIGUASSU)Secretário de Estado do Turismo do Paraná

GENARO CESÁRIOConsultor de Turismo – Representante da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas

GEORGE IRMES Presidente do Sindicato das Empresas de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (SINDETUR/RJ) Professor de Turismo da UniverCidade e da Universidade Estácio de Sá

GÉRARD RAOUL JEAN BOURGEAISEAUDiretor de Relações Institucionais da Rede de Hotéis Windsor, ex-Presidente da RioTur e ex-Presidente do Rio Convention & Visitors Bureau

GILSON CAMPOSEditor da Revista do Turismo

GILBERTO F. RAMOSPresidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria & Turismo

GILSON GOMES NOVODiretor do Grupo Águia e Coordenador no Grupo para a Copa do Mundo de 2014 Ex-Presidente do Amadeus

GLÓRIA DE BRITTO PEREIRA Diretora de Marketing da RioTur

GUILHERME PAULUSPresidente do Conselho de Administração do grupo CVC e Membro representante da Presidência da República no Conselho Nacional de Turismo

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HARVEY JOSÉ SILVELLOConsultor, Representante do Lions Internacional

HÉLIO ALONSOPresidente da Organização Hélio Alonso – Educação e Cultura HORÁCIO NEVES Diretor e Editor do Brasilturis Jornal

ISAAC HAIMPresidente Honorário – SKAL Internacional/Brasil

ITAMAR DA SILVA FERREIRA FILHODiretor-Presidente da Ponto Forte Segurança Turística

JOÃO CLEMENTE BAENA SOARESEmbaixadorEx-Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA)Membro da Comissão Jurídica Interamericana da OEA com sede na Colômbia, da Academia Brasileira de Filosofi a, do Pen Clube e do Conselho Técnico da CNC

JOANDRE ANTONIO FERRAZAdvogado e Consultor de Empresas e Entidades de Turismo, Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (SINDETUR)Professor da FGV/EAESPEx-Diretor de Operações da Embratur

JOÃO FLÁVIO PEDROSAPresidente da Sociedade Náutica Brasileira (SNB)Presidente do Movimento Asas da Paz

JOMAR PEREIRA DA SILVA ROSCOEJornalista, publicitário e Presidente da Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade (ALAP)

JONATHAN VAN SPEIER, Ph.DProfessor da FGV e da University of Southern California JOSÉ ANTONIO DE OLIVEIRA Presidente - New Century Technology do Brasil Ltda.Ex-Superintendente da Varig

JOSÉ GUILLERMO CONDOMÍ ALCORTAPresidente da Panrotas Editora Ltda.

JOSÉ HILÁRIO DE OLIVEIRA E SILVA JÚNIORAdvogado, Diretor da AL Viagens e Turismo Ltda.

JORGE SALDANHA DE ARAÚJOMembro Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) Jornalista credenciado na Presidência da República, no Ministério das Relações Exteriores, no Ministério da Justiça e no Senado Federal, Brasília DF.

LEILA SERRA MENEZES FARAH DE ARAÚJODiretora do Grupo Instituto de Estudos Turísticos do RJ (IETUR)

LEONARDO DE CASTRO FRANÇAPresidente do Touring Club do Brasil

LUIZ STRAUSS DE CAMPOSPresidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV/RJ)

LUIZ BRITO FILHOAssessor de Relações Institucionais – Turisrio e Especialista em Portos e Aeroportos

LUIZ CARLOS BARBOZA Sócio Principal da Consultoria Organizacional (LBC)Ex-Diretor Técnico do Sebrae Nacional

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LUIZ GUSTAVO MEDEIROS BARBOSA Coordenador do Núcleo de Turismo da Fundação Getulio Vargas (FGV)

MARCO AURÉLIO GOMES MAIAProprietário do Hotel Glória Garden SuítesEx-Secretário Executivo de Turismo do Município de Macaé

MARGARETH SOBRINHO PIZZATOPresidente da Associação Brasileira de Centros de Convenções e Feiras (ABRACCEF)

MARIA CONSTANÇA MADUREIRA HOMEM DE CARVALHOAdvogada – Especialista em Direito AmbientalEx-Diretora do Blue Tree Park Hotel

MARIA ELIZA DE MATTOSDiretora da Winners TravelEx-Presidente do SKAL – Brasil

MARIA ERCÍLIA BAKER BOTELHO LEITE DE CASTRODiretora-Geral da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar

MARIA LUIZA DE MENDONÇAProcuradora da Fazenda Nacional

MÁRIO BRAGADiretor - M. BRAGA Representações e Consultoria Ltda.Consultor Empresarial de Turismo e Hotelaria

MÁRIO REYNALDO TADROSPresidente do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado do AmazonasMembro do Conselho da Abav – Nacional

MAUREEN FLORES Pesquisadora

MAURÍCIO DE MALDONADO WERNER FILHOCoordenador do Curso de Hotelaria da UniverCidadeDiretor-Presidente da Planet Work - Empreendimentos

MAURO JOSÉ MIRANDA GANDRAPresidente Executivo da Associação Nacional de Concessionária de Aeroportos BrasileirosBrigadeiro do AR – Reformado e ex-Ministro da Aeronáutica

MAURO PEREIRA DE LIMA E CÂMARAMembro Efetivo da Liga de Defesa Nacional; da Escola Superior de Guerra; da Ordem do Mérito Cívico; da Academia Pan-Americana de Letras e Artes; e da Sociedade Memorial Visconde de Mauá

MURILLO COUTOConsultor de Aviação e Turismo

NELY WYSE ABAURREAssessora Técnica de Turismo do Senac - DN

NILO SERGIO FÉLIXPresidente da Turisrio Ex-Subsecretário de Estado do Turismo do Rio de Janeiro

NORTON LUIZ LENHARTVice-Presidente para Restaurantes e Similares da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS) e Empresário do Setor de Turismo

ORLANDO KREMER MACHADOClube Mutua – Recreação e LazerExecutivo de Turismo

ORLANDO MACHADO SOBRINHOPresidente do Movimento da União para o Progresso do Estado do Rio de Janeiro (MUPERJ)Jornalista e Executivo de Turismo

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PAULO ROBERTO WIEDMANNConsultor Jurídico da Abav Nacional e da Abav/RJTitular da Wiedmann Advogados Associados

PAULO DE BRITO FREITASPresidente da Associação Brasileira de Cooperativas e Clubes de Turismo Social (ABRASTUR)Presidente do Sistema Brasileiro de Hotéis, Lazer e Turismo (SBTUR)

PEDRO FORTESSuperintendente de OperaçõesRede Tropical Hotels & Resorts BrasilEx-Diretor da ABIH Nacional e tradicional hoteleiro no Rio de Janeiro

PERCY LOURENÇO RODRIGUESJornalista e ex-Presidente da Rio Sul e Nordeste – Cias. Aéreas

RESPÍCIO A. DO ESPIRITO SANTO Jr.Professor Adjunto da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro Presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo

RICARDO CRAVO ALBINPresidente do Instituto Cultural Cravo Albin

ROBERTA GUIMARÃES WERNERDiretora do Setor de Curso e Treinamento Empresarial da Planet Work Consultoria em Turismo e Gerente de Eventos

ROBERTO DE ALMEIDA DULTRADiretor da GB Internacional Operadora de Turismo ReceptivoEx-Presidente da Brazilian Incoming Travel Organization (BITO)

ROSELE BRUM FERNANDES PIMENTEL Diretora da Abav/RJ

RUBENS MOREIRA MENDES FILHO Deputado Federal – Estado de RondôniaPresidente do Sindicato das Empresas de Turismo de Rondônia (SINDETUR)Ex-Senador da República

SAMUEL AUDAY BUZAGLOProfessor Universitário, Advogado Criminalista e Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros - IAB

SÁVIO NEVES FILHODiretor do Trem do Corcovado, Presidente da Associação Brasileira de Trens Turísticos Urbanos, Presidente do Conselho de Turismo da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Vice-Presidente do Sindicato Nacional de Parques Temáticos (SINDEPAT) e Membro do Conselho Nacional de Turismo

SÉRGIO PAMPLONA PINTOAdvogado e ex-Diretor/Assessor da Presidência – RioTur

SONIA CHAMIDiretora do Sol Ipanema e Diretoria Jurídica – ABIH Nacional

TÂNIA GUIMARÃES OMENAPresidente da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo (ABBTUR Nacional)

VENÂNCIO GROSSIConsultor da VG – Assessoria & Consultoria – Aeronáutica Ltda.Brigadeiro da Aeronáutica e ex-Diretor-Geral do DAC

VIVIÂNNE GEVAERD MARTINSPresidente da Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas (ABGEV)

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Prezado leitor, este é o seu espaço na revista Turismo em Pauta. Deseja ver algum tema sendo abordado, tem sugestões, dúvidas,

comentários, críticas ou quer receber exemplares da revista? Envie email para:

[email protected]

E mais: seu artigo poderá vir a ser publicado por nós. Mande um e-mail com o título: “Kit Artigo” para [email protected] e receba todas as instruções para a formatação de seu artigo. Envie o arquivo nos moldes do kit, e ele será apreciado por nosso conselho editorial. Uma vez aprovado, ele será publicado.

Quer saber mais sobre o Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC e suas ações sobre o turismo? Visite o nosso site www.cnc.org.br

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ISSN 2178-910X

1 - Pousada Rural de Lages (SC) | 2 - Estância Ecológica SESC Tepequém (RR) | 3 - SESC Copacabana (RJ) | 4 - SESC Bertioga (SP)5 - Centro de Turismo e Lazer SESC Caldas Novas (GO) | 6 - SESC Piatã (BA) | 7 - Estância Ecológica SESC Pantanal (MT)

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www.sesc.com.br

Turismo para todos

Detentor da maior rede de Turismo Social do Brasil, o SESC oferece

aos empregados do setor de turismo e das demais empresas de comércio

de bens e serviços a opção de viajar e conhecer novas culturas a preços

acessíveis. Pioneira na atividade, instituição atua há mais de 60 anos na

democratização do setor turístico, apresentando sociedade a riqueza e

diversidade do patrimônio brasileiro por meio do turismo ecológico, rural,

religioso, cultural e histórico.

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2011

Fiel ao compromisso histórico de ter na defesa da atividade turística

um dos pilares de sua atuação, a CNC abre um espaço de reflexão para

que os maiores especialistas do setor e da área acadêmica possam

tratar dos assuntos com profundidade e conhecimento.

A revista Turismo em Pauta é feita por quem sabe, para contribuir de

forma efetiva na construção de um turismo cada vez mais forte,

vocacionado e integrado à economia do nosso País.

ISSN 2178-910X

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