revista U 10

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www.auniao.com A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO VOTAR AOS 16 ANOS VIA LÁCTEA E OUTROS CARACÓIS PÁG. 11 edição 34.751 · 21 de maio de 2012 · preço capa 1,00 (iva incluído)

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edição da revista U do jornal A União, n.º 10 de 21 de Maio de 2012

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A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

VOTARAOS

16 ANOSViA lácteA

e OutrOS cArAcóiS PÁG. 11

edição 34.751 · 21 de maio de 2012 · preço capa 1,00 € (iva incluído)

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21 maio 2012 / 03

Em maio águas milTEXTO / Marco de Bettencourt Gomes | [email protected]

Lembro-me de, em pequeno, durante as intermináveis férias escolares de verão, eu e os meus irmãos correr-mos para o quintal, e de lá nos pormos a empilhar pedras, primeiro as maiores, depois as mais pequenas, e de as-sim construirmos algo que mais tarde, na escola, viemos a saber serem pirâmides. Não sei por que cargas d’água, faziamo-lo absolutamente convictos de que isso mudaria o tempo. Aquelas pirâmides eram a nossa garantia de que, naquela tarde, sem falta, ia fazer sol, sol de rachar pedra. Empilhávamos as pedras e os nossos olhares entrecruza-vam-se e sorriamos e o coração batia-nos mais forte por-que sabíamos um segredo universal. Detínhamos a fór-mula de fazer sol, segredo só nosso. E dava sempre certo. Não porque fosse verão, nem porque Santa Maria fosse a ilha do Sol, mas graças às nossas piramidinhas de pedra.E, com esta arcana tecnologia, os nossos intentos estavam garantidos. Valia bem o esforço dispendido a pormo-nos de acordo, a cada sábado, a catar pedras por aqui e por ali e a transformar o quintal num estranho emaranhado de construções que hoje me lembram as pirâmides dos de-sertos faraónicos ou os maroiços do grupo central.Sabíamos que era mais fácil fazer fazer sol do que promo-ver o arrastão dos pais, porque para isso só nos restava sermos mesmo meninos e pedirmos com muita força até os vencermos. Toca a vestir os calções de banho e desfilar diante deles e acabar de movê-los a ir para os Anjos, to-mar banho naquele mar azul e sermos nós os colombos ali desembarcados. Acho que tenho que falar com os meus irmãos.

sumáRiO

pág. 16

NA CaPa...

O segundo seminário regional do projecto “Portugal Participa – Depende de Nós”, que o Conselho Na-cional da Juventude (CNJ) promoveu recentemente na ilha Terceira, lançou as bases para a mobilização em torno do voto a partir dos 16 anos. Os promoto-res acreditam que a antecipação da idade eleitoral poderá quebrar o distanciamento entre os jovens e a política e reverter a fraca participação juvenil nos processos democráticos.

se essa rua fosse minha… 10murmúrios de mar 13multiculturalismo 14

i am fan of rui soares 28extensão indielisboa 29a jigsaw 30

das boot 15

a vida comanda a vida comanda o sonho 25a grécia e as suas consequências 06treinador no pé 07

EDITORIAL / SUMÁRIO

arquitectura esquecida 08 os templários e a ordem de cristo 21

ascender 26

as expectativas surgirão bem elevadas 04

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OS 23 DE PAULO BENTO

Os estreantes Miguel Lopes e Custó-dio, ambos do Sporting de Braga, são as grandes surpresas nos convocados de Portugal para o Europeu de futebol de 2012, na Polónia e Ucrânia, de 08 de Junho a 01 de Julho.Miguel Lopes e Custódio nunca tinham sido convocados por Paulo Bento, que os escolheu desta vez, deixando de fora Nelson (Bétis) e Manuel Fernandes (Be-siktas), jogadores que tinham entrado na última convocatória, para o particu-lar na Polónia.Em relação a essa lista de 23, para um jogo que se disputou a 29 de Fevereiro e terminou empatado a zero, o seleccio-nador luso não procedeu a mais nenhu-ma alteração.Desta forma, está confirmada, entre outras, a presença do jovem avançado Nelson Oliveira, que se estreou precisa-mente no último jogo, em Varsóvia, e foi quase toda a época suplente no Benfi-ca.Na lista estão também outros nomes que não eram dados com certos, casos do guarda-redes Beto (Cluj), do central Ricardo Costa (Valência) e do extremo Varela (FC Porto).O seleccionador português de futebol, Paulo Bento, escolheu para o Europeu de 2012 sete jogadores que nunca mar-caram presença numa fase final, entre 11 repetentes do Euro2008 e outros

BENTo ESPERa DiFiCULDaDES

“Quanto maior é a dificuldade, maior é a concentração, mais nos focamos”, diz o seleccionador na-cional.

tantos do Mundial2010.Os defesas Miguel Lopes e João Perei-ra, os médios Custódio, Carlos Martins e Ruben Micael, o extremo Varela e o ponta de lança Nelson Oliveira nunca representaram a selecção “AA” numa grande competição.Por seu lado, Pepe, Bruno Alves, Miguel Veloso, Raul Meireles, Cristiano Ronal-do e Hugo Almeida formam o sexteto que marcou presença nas duas últimas fases finais, o Europeu de 2008, na Áustria e Suíça, e o Mundial de 2010, na África do Sul.Em relação ao derradeiro europeu, são também repetentes Rui Patrício, João Moutinho, Ricardo Quaresma, Nani e Hélder Postiga, enquanto, face ao Mun-dial2010, regressam Eduardo, Beto, Ro-lando, Ricardo Costa e Fábio Coentrão.Para o último Mundial, o então seleccio-nador luso também chamou Nani, mas este acabou por lesionar-se e não viajou para a África do Sul, sendo substituído por Ruben Amorim, que agora não foi chamado por Paulo Bento.

GRUPO DA MORTE NÃO RETIRA PRESSÃOO seleccionador Paulo Bento rejeitou que Portugal enfrente menos pressão por estar integrado no “grupo da mor-te” do Euro2012, com Alemanha, Dina-marca e Holanda, três selecções que já

REVISÃO

RoNaLDo ENTRE SELECCioNaDoS

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o SELECCioNaDoR PoRTUGUêS DE FUTEBoL, PaULo BENTo, ESCoLhEU PaRa o EURoPEU DE 2012 SETE joGaDoRES qUE NUNCa maRCaRam PRESENça NUma FaSE FiNaL, ENTRE 11 REPETENTES Do EURo2008 E oUTRoS TaNToS Do mUNDiaL2010.

venceram Campeonatos da Europa de futebol.“Não nos retira pressão nenhuma, fosse qual fosse o grupo tínhamos um objecti-vo de chegar aos quartos de final e, de-pois, chegar o mais longe possível. Mas, todos tempos a consciência do grupo em que estamos inseridos”, afirmou Paulo Bento.Paulo Bento reconheceu que não será “anormal” que o futuro campeão euro-peu saia do Grupo B, mas reiterou o pri-meiro objectivo da selecção portuguesa: “Chegar aos quartos de final de uma grande competição, como é o Campeo-nato da Europa”.“No nosso grupo estão três selecções que já foram campeãs da Europa, a Ale-manha, com algum favoritismo, a Ho-landa e a Dinamarca, por isso, não me parece nada anormal dizer que o futuro campeão da Europa saia do nosso gru-po”, frisou o técnico.Paulo Bento disse encarar as previsíveis dificuldades, como uma oportunidade para “cerrar fileiras”, dando o Euro1984 e o Euro2000 como exemplos nesse sentido, e, no sentido contrário, o Mun-dial1986 e o Mundial2002.“Quanto maior é a dificuldade, maior é a concentração, mais nos focamos. Essa visão é uma visão que tem de mudar no futebol português, nós queremos com-petir e encarar um jogo, qualquer que seja o adversário, tentando jogar olhos nos olhos perante qualquer equipa. Não vamos mais focalizados pelo grupo que temos, mas assumimos que é um grupo complicado. Podemos e queremos che-gar aos quartos de final”, assegurou.

AS EXPECTATIVAS suRgiRÃO BEM ELEVADAS

TEXTO / João Rocha / [email protected]

A partir de 8 de Junho, Portugal certamen-te dará um tempo de folga à crise. A pala-vra de ordem (com ou sem bandeiras às janelas) tem a ver com a participação da selecção nacional no europeu de futebol.As expectativas dos portugueses surgirão bem elevadas. À conta da bola voltaremos a ser o país do 80.Os optimistas vão assegurar que a turma das quinas tem tudo para conquistar o ceptro de campeã europeia. As maiores esperanças irão residir no fenomenal Cris-tiano Ronaldo e todos, animados por umas cervejolas e calor do Verão, cantaremos o hino, desafinados mas com toda a convic-ção do mundo.Televisões, jornais e rádios reservarão os espaços nobres para tudo o que diga respeito aos pupilos de Paulo Bento. As namoradas, os penteados, os amigos de infância e os contratos milionários preen-chem o sumário noticioso para gáudio do povo.Se a coisa não correr assim tão bem (con-vém lembrar que nunca ganhámos uma grande competição), voltaremos em pas-so de corrida à bitola 8.Os culpados são os suspeitos do costume (árbitros e treinador) e, para alargar o le-que de escolha, a Troika também não fica nada mal no papel…

PAÍS DO 80 À cONtADA BOlA

REVISÃO

qUiNaS qUEREm CoNqUiSTaR

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OXFORD, amEsTER-DÃO etiMiSOArATEXTO / Tomaz Dentinho

Julgo saber o que me trás por aqui mas fico espantado como vai acontecendo. todos os anos é necessário vir a Oxford moni-torar com a Wiley Blackwell o contrato com a regional Scien-ce Association international. todos os anos há um encontro mobilizado por Peter Nijkamp sobre inovação e Desenvolvi-mento regional no timbergen institute de Amesterdão. e, de tempos a tempos, há um con-gresso da Associação interna-cional de ciência regional que desta vez concentrou na romé-nia cientistas de 30 países.com o pouco dinheiro que nos é dado mobilizar nos dias que correm hão-de convir que pos-sa ficar espantado. espanto-me quando consigo ficar num maravilhoso castelo inglês em Oxfordshire por um preço igual aos dos hotéis de Angra a quin-ze milhas da cidade depois de

duas boleias inesperadas ou pedidas e de um ou dois quiló-metros de gravata e mala com rodinhas. Surpreende-me quan-do o hotel e a estadia de Ames-terdão ficam pagos ao mesmo tempo que consigo partilhar as poucas ideias que levo com gente das melhores universida-des do mundo que pensa, que ouve e que comenta. Admiro-me do convite para a ir à ópera e da conversa de intervalo com laureados em economia regio-nal. inquieto-me quando pode-mos perspectivar soluções para problemas de desenvolvimento adaptáveis a todos os locais do mundo, se esses locais e as suas gentes tiveram a curiosidade de saber como se pode fazer me-lhor. Preocupo-me quando te-nho de apanhar outro avião de regresso mas alegro-me com as possibilidades que a mu-dança criou. e como, graças a Deus, continua a haver pessoas curiosas de saber e impelidas a fazer melhor por esse mundo fora, o sonho e o compromisso chegam aos confins de timor e de Angola, para lá dos Andes e às favelas do Brasil, às fofocas de Washington e às montanhas dos cárpatos, à beira de nós e aos sinais fugazes da alma.

a GRéCia E aS SUaS CiRCunsTânCias

TEXTO / Carmo Rodeia

Durante os dois últimos anos de crise na zona euro, a saída da Grécia da moeda única foi sempre uma referência académica amplamente rejeitada pelos líderes políticos. Mas o arrastamento das dificuldades para formar um novo governo, depois das últimas eleições, fez mudar radicalmente o discurso e, hoje, a questão é saber quando se proces-sará essa saída.Não sendo desejada pela maioria dos gregos, a verdade é que se tra-ta de uma decisão eminente, sem que se saiba ao certo qual vai ser o seu impacto na zona euro.Apesar das profissões de fé do presidente do Banco Central Europeu e dos Ministros das Finanças da zona euro, garantindo que os riscos de contágio a outros países, como Portugal, Irlanda ou até Espanha, são menores, a verdade é que ninguém pode, com certeza, avaliar as consequências desta saída.Trocar o euro pelo dracma (antiga moeda grega) não é uma solução e pode deixar o país muito isolado quer do ponto de vista regional quer do ponto de vista internacional. A não ser que as suas relações com a Turquia e os vizinhos dos Balcãs melhorem significativamente. E, tal como o Chipre, a Grécia consiga acordos de cooperação com a Rússia que o passado recente não legitima. Correu mal o acordo sobre a exploração do oleoduto de Burgas (na costa búlgara do Mar Negro), entre 2004 e 2009 e o interesse da Rússia em comprar a DEPA, a empresa grega de gás, ainda não foi além de uma intenção.Estas incongruências históricas não devem colocar de parte uma eventual e mais que plausível aliança da Grécia com a Rússia, num eventual cenário de saída, desconhecendo-se as repercussões disso no contexto europeu.A saída da Grécia da zona euro pode resolver um problema monetário e financeiro da Europa mas pode vir a complicar a coesão política eu-ropeia. Bem sei que estamos todos fartos dos gregos, que têm aberto caminho para os apertos nacionais. Mas será mesmo necessário que a Grécia abandone o barco? A Europa, para ser forte precisa dos pa-íses do norte mas também não pode enjeitar os do sul.

OPINIÃO

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TREiNaDoR No PéTEXTO / Paulo Brasil Pereira

Com a chegada do Verão, os ginásios ficam apinhados de senhoras que que-rem fazer desaparecer num ápice aque-le pneu mais saliente, ou simplesmente porque está na moda. Mas os homens também não resistem aos programas dos personal trainers.A Adidas para esses e para todos aqueles que preferem o ar puro para o exercício físico, trouxe-nos a SUPER NOVA GLI-DE 4 + MICOACH. Sim é uma sapatilha hi-tech que apesar de ter inúmeras ca-racterísticas físicas como material que se molda ao formato do pé reduzindo a irritação, uma sola mais aderente, um sistema que ajuda o calcanhar a ajustar-se ao movimento do pé e protegendo-o do impacto no solo, um design inovador

que permite uma torção da sapatilha para que o conforto e a segurança do pé sejam assegurados.Deixemos de falar do mundo do calçado e vamos para o mundo da tecnologia.Esta sapatilha tem uma cavidade inte-rior, onde um pequeno dispositivo elec-trónico armazena até 7 horas de treino, entre velocidade máxima, velocidade média, número de sprints, distância em zonas de velocidade e distância total percorrida.Depois do merecido duche, retire o dispositivo e ligue ao seu iphone, ou pc e veja se queimou as calorias daquela brownie que comeu ao almoço. Partilhe nas redes sociais o seu desempenho e faça furor na praia.

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QuEdA dEcAbEloA queda de cabelo pode ter causas variadas. A mais frequente é a que-da de cabelo determinada genetica-mente. Incide sobretudo na parte de cima do couro cabeludo, poupando mais as áreas de trás e de lado (isto deve-se a diferentes receptores hormonais nos cabelos dessas áre-as), e afecta homens e mulheres, embora de forma diversa.A calvície não é inevitável para quem padece esta forma de queda de cabelo. Tem sentido tratá-la na medida em que constitui uma preo-cupação para a maioria das pesso-as e pode alterar negativamente a auto-imagem. Existem três níveis de intervenção:1 – Médico/Tópico – Actualmente não existe dúvida de que o mais efi-caz produto aplicado directamente no couro cabeludo é o medicamento minoxidil. Os médicos associam, por vezes, champô apropriado. 2 – Médico/Sistémico – A adminis-tração de Finasteride (comprimi-dos) por via oral, de modo a bloque-ar a acção da hormona masculina no folículo piloso, constitui, em muitos casos, uma ajuda preciosa. Sabe-se hoje que a dose eficaz na mulher é bastante mais alta que a dose eficaz no homem, embora na maior parte dos países a administração a mulhe-

res não esteja ainda regulamentada. A associação de polivitamínicos/oligoelementos (via oral) é comum, embora a sua utilidade não seja ób-via, excepto em casos em que exista carência de algum nutriente.3 – Cirúrgico – Transplante de ca-belo: Consiste em remover cabelos das áreas não afectadas pela que-da geneticamente determinada (de lado e atrás), sob a forma de pe-queníssimos pedaços de pele (mi-croenxertos) e implantá-los na área mais afectada pela queda. O cabelo implantado, por possuir receptores hormonais diferentes, não se per-de com o passar dos anos. A técnica actual consiste em implantar cabelo a cabelo, o que permite aparência natural. Este método é moroso, en-volve um trabalho de equipa entre médicos e técnicos. A densidade de cabelo que se obtém é limitada, mas habitualmente é suficiente para obter um ganho significativo na apa-rência.Os dermatologistas, médicos que se dedicam ao órgão pele (que envol-ve também cabelos e unhas) podem certamente ajudar se para si a que-da de cabelo constitui um problema.

* Dermatologista

Clínica Médica da Praia da Vitória

O tema da presente crónica ficou definido quando tomei conhecimento do estado degradante da Casa de Chá da Boa Nova, em Matosinhos, uma das primeiras obras do Arqt.º Siza Vieira que recentemente nos visitou.Esta obra datada de 1963, com fortes influ-ências do seu mestre Fernando Távora e já classificada como Monumento Nacional,

ARQUITEcTURA EsQuECiDaTEXTO / Juliana Couto

[email protected]

CIÊNCIA / OPINIÃO

CALVíCIE ALTERA NEGATIVAMENTE A AUTO-IMAGEM

TEXTO / Rui Oliveira Soares *

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localizada à beira mar, em Leça da Palmei-ra, está encerrada e foi vandalizada pelo Homem e pela Natureza.Recentemente, todavia, o Jornal de Notícias publicou que a Câmara de Matosinhos irá requalificar o imóvel e está em negociações para nova exploração do mesmo.Este caso em concreto pode ser compa-rado com a condição da Estalagem da Serreta situada na nossa ilha, de autoria do açoriano João Rebelo, um dos mais conhe-cidos arquitetos Modernistas dos Açores. Inaugurada em 1969, foi palco da lembrada Cimeira de 1971, que reuniu Richard Nixon, presidente dos EUA, e Georges Pompidou,

presidente francês. Outro caso nos Açores a lamentar será certamente o do Hotel Monte Palace, em São Miguel, situado junto ao Miradouro das Sete Cidades e edificado em 1983 tendo ido à falência rapidamente.Que futuro dar a estes imóveis para que não se perca o nosso Património Arquitec-tónico mais recente é um assunto premen-te de discussão. “Fazer obra” é de todo fundamental para gerar dinâmica na nos-sa economia no entanto o reabilitar estes exemplos e quem sabe readaptá-los a no-vas necessidades também poderá ser um veículo de desenvolvimento económico.

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MONTRA / OPINIÃO

im dit, veniendae simaximod molorpo ressund igendis non conessit reperae cuptatur? Siminte voluptur? Poreium am, quas mi, voluptus, as porrorenis pra dolut quam, quia derum, natibus-to illa nonecea cusdam alignimporro que ex etum ut lam lam aut laborias pedignimenis excea volorro ma der-natquam aut molesequata dis repuda sam resera voleceriae id magnimpos sum sincit quas alitemod et ipsundi-tium explabo. Ebit fugit, sitiae eicim dem simus eicit qui aut aut expelit as et porio. Offictur? Illaut quatur sa a lendam Aniatur aut modi cuptat

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ESSA RuA

FoSSE

MINHA...TEXTO / Cristina Moscatel

Se essa rua fosse mi-nha…A toponímia actual será para o futuro investiga-dor uma lista de nomes de grandes doutores, engenheiros, médicos, pintores e escritores… Longe vai o tempo em que a morfologia do terreno, um aconteci-mento macabro ou até de famoso alcance, um negócio específico ou apenas uma construção arquitectónica davam lugar a um nome…. de lugar!De facto, a toponímia – esse estudo do nome dos lugares (“topos”) – tem sido muito descura-da em termos culturais, esquecendo-se a maio-ria que ela também se constituiu como parte do nosso património cul-tural. E de que maneira. Indica-nos zonas de ac-tividade económica e/ou social, revela-nos an-teriores configurações geográficas, limites de vilas e cidades, antigas construções, etc.… Ela nascia, até certo ponto e determinada altura, da voz popular que atri-buía nomes aos luga-res a partir de certos

pontos de referência. E quando se referia a uma pessoa, normalmente essa pessoa tinha algu-ma ligação ao local.Hoje em dia os doutores e engenheiros são es-palhados pelos bairros e loteamentos urbanos em placas de inaugura-ção… lá nunca pisaram… e muitas delas são as únicas moradoras da-queles arruamentos… Não nos transmite nada aparte a definição do que é a função da topo-nímia e das suas comis-sões municipais hoje em dia. Esterilidade! Já não sabemos onde se lavava roupa, onde se arrema-tavam as rendas… já não descortinamos onde havia lago, lagoa, rio ou ribeira… já não conse-guimos ler os lugares a partir dos seus nomes, pois que os nomes dos lugares são, hoje em dia, apenas nomes!Se essa rua, se essa rua fosse minha… não a mandava ladrilhar, mas mandava-a chamar… um nome de lugar!

JÁ NÃO CONSEGUI-MOS LER OS LUGARES A PARTIR DOS SEUS NOMES, POIS qUE OS NOMES DOS LUGARES SÃO, hOJE EM DIA, APE-NAS NOMES!

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ViaLácteaeoutros caracóis

TEXTO E FOTOS / Joaquim Neves

Não consta na ementa caracóis nem escargots, nem caracoletas ou outros gas-trópodes.

Chama-se Hotel Caracol porque tem um caracol. Design moderno, na entra-da à esquerda o restaurante, a Cozinha do Caracol, vidro, vida, futuro, depois viveiros de natureza morta, estrelas azuladas brilham, furam as colunas me-tálicas cromadas em corredor, separam das mesas envoltas em tons terra das restante decoração em contraste com azuis-escuros. “Blade Runner” com espírito positivo fundido em sentimen-talismos de “Artificial Inteligence”. Não há robôs. Apesar de desconfianças ini-ciais que o Senhor Empregado, S1E1, ter demorado, após várias investidas, a esboçar um franco e bonito sorriso. Para seu bem deveria praticá-lo sempre que possível. Não vá alguém desconfiar que esteja com um chip de simpatia em curto-circuito. Penso que também ficou chateado, um pouquinho por não termos usado a mesa reservada, com a melhor vista possível, que caberia em qualquer cenário do Caminho das Estrelas com o Monte Brasil em pano de fundo. Ou sim-plesmente S1E1 não gosta de fumadores, já que nos enfiamos na sala destinada para tal uso e além disso vício. Um dos amigos que me acompanhava, palhaço teológico ratzingeriano, chamou-me à atenção da discriminação agressiva dos

MESA

a aBRóTEa

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avisos de fumadores e não fumadores. Escolhemos da ementa proposta na feira gastronómica. Para não falar da sopa, cairia mal aos elogios seguintes, a abrótea: surpreendente, com um polme estaladiço. A sobremesa: diria especta-cular, gelado caseiro em cama de mous-se de chá verde com olho de morango, mais que recomendável, sugestão abso-lutamente fiável obrigatória. Inovador. Um vinho com copos condicentes.Não consta na ementa caracóis nem escargots, nem caracoletas ou outros gastrópodes.No final quando chegou a conta num baúzinho prateado, abrimos prontos para iniciar as discussões sobre o pa-gamento da conta que quase sempre recai sobre o palhaço mais velho, olhar, ficamos surpresos por fracções de se-gundos porque estava vazio. Só o veludo bordeaux, nem uns horríveis bombons de menta provavelmente feitos nos dias de hoje na China, nada. Acusamo-nos imediatamente uns aos outros de possíveis iniciativas de pagamento à socapa e as lógicas argumentativas das probabilidades. Esclarecido este ponto de não pagamento sorrateiro, possível pagamento por outrem, caíram sem razoabilidade. A conta ter sido teletrans-portada para outro universo, lógico mas não conseguimos sustentar esta tese empiricamente de o restaurante possuir já essa tecnologia. E porque haviam de fazer isso? Oferta? Também não pare-cia coerente. Isto não é propriamente a sopa dos pobres. Ir embora, risco, S1E1 poderia ter lasers e algemas. No pedi-do de entendimento do insólito ao S1E1 encontrou-se o talão que só estava ca-ído encaracolado no chão. “Gastropo-dicamente” saí dali para outro viveiro satisfeito.

Receita

chá VerDe

Chá verde é um tipo de chá feito a partir da infusão da planta Camellia sinensis. É chamado de verde por-que as folhas da erva sofrem pouca oxidação durante o processamento, o que não acontece com as folhas do chá preto. Originalmente da Chi-na, o chá foi levado ao Japão atra-vés de monges que viajavam entre os dois países. Curiosamente, o chá verde foi o único chá que se popula-rizou no Japão, mas foi de maneira única, tornando-se a bebida mais consumida do país, superando re-frigerantes e bebidas alcoólicas.O chá verde também é produzido em outros países da Ásia, inclusive em produtores tradicionais de chá preto, como Índia e Ceilão, mas com técnicas diferentes das japonesas. O Chá Verde cultivado na ilha de São Miguel é do de tipo “Hysson”.Há dois tipos de plantação, coberta e descoberta.Coberta, as folhas das árvores, parcialmente cobertas do sol com paladar mais suave e agradável o Gyokuro, o mais nobre, Matcha em talco usada no cerimonial do chá ja-ponês, o Kukicha, de folhas e galhos leve e refrescante. Da plantação descoberta o Sencha o mais co-mum, Bancha da colheita de outo-no mais forte e tem menos cafeína. Hojicha para beber frio.A preparação do chá verde é difere um pouco dos chás tradicionais. A água não deve estar a ferver, para não cozer as folhas, sabor que pro-porciona um gosto amargo. O tem-po de infusão também não deve ser superior a 3 minutos.

MESA

CamiNho DaS ESTRELaS azUiS

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mURmúRioS DO maR TEXTO / José Tolentino Mendonça

“Paga-me um café e conto-te a minha vida”

O inverno avançavaNessa tarde em que te ouviAssaltado por doresO céu quebrava-se aos disparosDe uma criança muito assustadaQue corriaO vento batia-lhe no rosto com violênciaA infância inteiraDisso me lembro

Outra noite cortaste o sono da casacom frio e medoApagavas cigarros nas palmas das mãose os que te viam choravamMas tu não, tu nunca chorastePor amores que se perdem

Os naufrágios são belosSentimo-nos tão vivos entre as ilhas, acreditas?e temos saudades do marQue derruba primeiro no nosso corpotudo o que seremos depois

“Pago-te um café se me contares o teu amor”

PALAVRAS

Sanck Bar MedeirosRetiro dos Cantadores e Tocadores

ReaBRe CoM nova GeRênCiaSeGunda FeiRa, 21 de Maio 2012

de segunda a sábadoalmoços rápidos e económicos

Ao domingo:das 12 às 16h00

Grelhado misto de carnes

Largo da vinha Brava

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VIAJARCOMTODASASREGRAS

21 maio 2012 / 14

TEXTO / ACRA / Angra do

heroísmo

Uma viagem organizada por uma agência de via-gens é uma forma prática e cómoda de organizar as suas férias, mas convém que conheça os seus direi-tos para que a sua viagem de sonho não termine num verdadeiro pesadelo. An-tes de tudo, a agência de viagens tem a obrigação de lhe fornecer todas as informações sobre a via-

g e m q u e p r e -tende. Consi-dera-s e c e l e -brado um contrato quando a agência entrega ao cliente o programa e uma factura/recibo relativa aos montan-tes pagos. No entanto, o consumidor pode exigir que o contrato conste de um documento assinado por am-bas as partes.Em caso de litígio, estas são as regras:- As agências de viagens são obrigadas a ter uma cau-ção depositada à ordem do Turismo de Portugal (TP). É desta caução que sairá o dinheiro para um eventual reembolso dos montantes entregues, para as despesas de repatriamento ou assistência, ou outras situações, caso a agência se recuse, numa primeira fase, a pagar.– A agência pode aceitar a sua reclamação e devolver-lhe o montante em causa sem problemas, mas caso isso não aconteça, tem de ser o próprio consumidor a accionar a caução junto do TP através de um requeri-mento, a que juntará todos os elementos de prova, so-licitando a intervenção de uma comissão arbitral. Este requerimento terá de ser apresentado no prazo de 20 dias úteis após o fim da viagem ou no prazo previsto no contrato, caso seja superior.– A comissão arbitral terá de deliberar no prazo máxi-mo de 20 dias úteis após a sua convocação. Caso haja lugar ao pagamento, o TP notificará a agência de via-gens para pagar, no prazo de 20 dias úteis, a quantia fixada.

RETRATO

EM BRASOV

REUNIÃO ECLéTICA

viaGENS ao CERNE DaS CoiSaS iii

mULTiCULTURaLiSmo

Recebi, de uma empresa cultural Romena, um convite para participar num Congresso sobre “Multiculturalis-mo”. Bucareste era, na altura, uma cidade recém saída do controlo soviético e já dando os primeiros passos nas lutas entre máfias da droga, rapidamente infiltradas. Lugar pouco saudável para especialistas da cultura. Por essa razão, à medida que chegavam os congressis-tas, mandavam-nos para um hotel mesmo no aeropor-to, de onde nos carregavam em pequenos grupos para Brasov, a cidade do Congresso. Embora encantadora e aberta às novidades que esse contacto com o restante mundo lhe pudesse trazer em matéria de cultura, Bra-sov não conseguira ainda livrar-se do período negro que atravessara sob a pressão da tirania (que carac-terizou os regimes soviéticos), especialmente marcada nas suas expressões e dureza da face das mulheres. Foi nesse ambiente que mostrei o meu filme do Espíri-to Santo. Causou um espanto genuíno, explicaram-me depois que por terem percebido que não era ficção e sim o natural ou autêntico procedimento, proveniente de uma comunidade livre de realizar a sua concepção do sobrenatural. Não apenas os Romenos, mas gente da cultura da Grécia, da Turquia, da Itália, etc., um pou-co de todo o lado. Nessa reunião eclética ressaltou o ineditismo deste modelo religioso (não obstante a má fama de que gozam actualmente os “cultos” em geral, ligada ao fundamentalismo religioso).

* Historiadora

TEXTO / Antonieta Costa *

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Durante a guerra de 1939-45, a estra-tégia dos alemães consistiu em atacar os comboios marítimos que levavam alimentos para a Grã-Bretanha: o ob-jetivo era desmotivar os aliados e criar dificuldades acrescidas a um dos maio-res impérios dos últimos dois séculos, o Reino Unido. O instrumento destes ataques era engenhoso e eficaz: os submarinos U-boot. Durante o ano de 1940, os navios mercantis destruídos e as toneladas de mercadoria afundadas foram um golpe duro na autoestima inglesa.Os alemães patrulhavam predatoria-mente os oceanos: estabeleceram-se como uma terrível ameaça velada. Ata-cavam em grupo, ludibriando as escol-tas armadas dos rebanhos indefesos de navios de carga. Só depois da pri-meira avalanche (que durou meses) e dos seus grandes prejuízos associados, os aliados conseguiram descodificar as mensagens de rádios dos U-boots. Curiosamente, essa quebra de desvan-tagem só foi tardiamente descoberta pelos próprios alemães.Werner-Karl Schmidt foi comandante do U-250. Este homem tornou-se co-nhecido por ter desaparecido da mis-são e de não ter deixado rasto aparen-te. Ainda hoje, a sua biografia aparece incompleta e sem explicação. A sua de-serção foi abafada na imprensa alemã da época, de uma parcialidade triunfa-lista execrável. Que segredo esconde este facto? Schmidt tinha sido, ainda criança, figurante no filme A Montanha Sagrada, protagonizado por uma ainda jovem Leni Riefenstahl que lançava a sua carreira de atriz.As coincidências deste mistério aden-sam-se porque foi nas Olimpíadas de 1936 (que a então cineasta Leni Riefenstahl realizou soberbamente) que Schmidt conheceu o amor de sua vida. A campeã de lançamento de dar-

do, Antonia Elyse Churchill foi a eleita, sobrinha do primeiro ministro. Não se sabe se esta atleta surge ou não no fil-me. Esta matéria controversa é ampla-mente discutida pela própria Leni num documentário tardio (Raine, 1978): a realizadora afirma aí que filmou, de facto, Elyse. Muitos têm insistido que é revisionismo histórico.Antes da guerra, os dois tinham conse-guido visitar-se regularmente e manter acesa a chama do amor. Mas, com a guerra, ele perseguia os mesmos bar-cos que levavam recursos ao país da sua amada.Até ao momento em que ambos de-sertaram a glória pátria: deu-se em Lisboa, cidade neutra e autêntica porta de entrada num mundo que já não pa-recia possível. Um cônsul britânico ga-rantiu a transformação, numa primeira fase, de Karl Scmidt em Charles Smith, respeitável cidadão do país de Sua Ma-jestade. O nome seria depois mudado para LaPaditte, por ter parecido mais verosímil uma origem francesa.Ela tornou-se sua esposa pelo sobre-nome e por um registo de matrimónio falso mas oficial. Nessa altura, a repa-triação de qualquer um deles levaria a acusação de traição e julgamento severo em tribunal militar. Especula-se sobre o próprio Winston Churchill se ter visto obrigado a tomar providências para que o caso se resolvesse secreta e eficazmente.Para onde foram eles? Tomaram a prudente decisão de rumar, em avião militar, para os Açores. Aí se estabele-ceram na Ilha de São Miguel, sem gran-de alarido, como um simples casal de estrangeiros. A história de alguém que fugia aos estragos dos intensos raides aéreos da Luftwaffe era, então, abso-lutamente credível.Os LaPadite ainda vivem entre nós e realizam filmes de ficção.

DasBOOt

OPINIÃO

TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

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O VOTOAOS 16 ANOS

DESTAqUE

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O VOTOAOS 16 ANOS

A proposta é lançada pelo Conselho Na-cional de Juventude (CNJ) através de um seminário regional do projecto “Portugal Participa – Depende de Nós” que esteve recentemente na ilha Terceira, mais con-cretamente na Pousada de Juventude, em Angra do Heroísmo.O voto aos 16 anos é uma das bandeiras que o CNJ está a mobilizar recolhendo, de mo-mento, contributos diversos, auscultações locais, opiniões variadas para estruturar a proposta.

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À revista U, o presidente do Con-selho Nacional de Juventude, Ivo Santos, refere que a possibilida-de de se alargar a idade eleitoral, para que os jovens a partir dos 16 anos possam deslocar-se às ur-nas, não deverá ser a meta, mas antes um ponto de partida: “essa é uma das propostas que está em

cima de mesa, entre outras, que visam aproximar os jovens da política. O voto aos 16 anos deve ser o culminar de um processo, de informação, de regulação, de capacitação dos jovens para a ci-dadania, que deve começar muito antes. A maior parte das conclu-sões que temos vindo a recolher apontam para essa vontade, mas não se trata de uma solução mila-grosa”, adverte.Depois de já ter estado a 14 de Abril em Coimbra, a 12 de Maio em Angra do Heroísmo, o CNJ prosse-gue o projecto com outros semi-nários regionais em Faro (26 de Maio), no Funchal (2 de Junho) e em Lamego, Viseu (9 de Junho).

OS JOVENSVS DEMOCRACIAEntre as principais preocupações do CNJ, que nasceu em 2005 de uma resolução de Conselho de Mi-nistros, e que tem estado em ar-ticulação a nível europeu, no âm-bito do quadro de cooperação em matéria de juventude, está agora a “participação”.Este é o eixo de acção que o CNJ desenvolver desde Julho de 2011 a Dezembro de 2012, uma vez que entre Janeiro de 2010 e Junho 2011 a prioridade foi para o “empre-go”.“Queremos encontrar um regime de diálogo entre decisores políti-cos e os jovens para os inúmeros problemas que os jovens atraves-sam”.Nesse regime, adianta Ivo Santos, é preciso haver “participação dos jovens nos processos de decisão que lhes dizem directamente res-

peito, seja nos conselhos consul-tivos de juventude, nos conselhos regionais de juventude, seja ao nível municipal, ou noutros. Ou seja, temos de estabelecer o prin-cípio da co-gestão, onde os jovens participam nos processos de de-cisão”.Isto porque, acresce: “um dos

dados que temos é o de que a participação dos jovem nas de-mocracias, seja através das vias mais formais, nas eleições a nível nacional, regional, local, e a nível europeu – e mesmo a nível asso-ciativo –, tem vindo a diminuir. É importante combater essa rela-ção que os jovens têm com a de-mocracia”.

RESOLUÇÕESEM SETEMBRO“Destes cinco encontros regionais que estamos a realizar, queremos encontrar um conjunto de reso-luções que vamos debater, num evento nacional, que acontecerá em Braga, no mês de Setembro. Desse documento sairão algumas propostas, entre elas a do voto aos 16 anos”, informou o responsável pela CNJ que igualmente anteci-pou a questão da implementação do voto electrónico no país.Reconhecendo que há “muita di-nâmica juvenil e associativa nos Açores”, o coordenador refere que “o Conselho Regional de Ju-

DESTAqUE

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DESTAqUE

CNj qUER voTo aoS 16 aNoS

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ventude seria uma excelente fer-ramenta para que os jovens dos Açores se pudessem, de certa for-ma, encontrar e organizar e criar uma dinâmica que promovesse a participação jovem e iniciativas da juventude para depois articu-lar-se com o Conselho Nacional”.Mas deste encontro na ilha Ter-ceira saíram ainda outras conclu-sões, nomeadamente a necessida-de de investir no “apoio estrutural às organizações de juventude” e o “reconhecimento das organiza-ções juvenis como parceiros pri-vilegiados no desenvolvimento de políticas sociais”.No que à juventude açoriana diz particularmente respeito, o semi-nário ressalvou que é preciso “fa-zer discriminação positiva para o jovem habitante das regiões ul-tra periféricas (RUP’s), tendo em conta os condicionamentos geo-gráficos” e que deve ser poten-ciada a “partilha de boas práticas entre governos regionais, centrais e a Europa”.

FORMAR PROFESSORESE ALUNOSOs resultados do encontro na Pousada da Juventude em Angra apontam ainda para a “aposta na formação dos professores, pro-porcionando-lhes instrumentos úteis para leccionar a disciplina de educação cívica” e para o “cer-tificar de competências que os jovens adquirem ao participarem nos programas para a juventude (youth pass regional)”.Além de os intervenientes terem apelado à “implementação de or-çamentos participativos a todos os níveis”, outro dos resultados refere a “necessidade da comuni-dade escolar desenvolver assem-bleias escolares e envolver os alu-nos nas tomadas de decisão, como um momento de aprendizagem”.O seminário açoriano do projecto “Portugal Participa – Depende de Nós”, que contou com o apoio da Direcção Regional de Juventude dos Açores, faz parte de um pro-grama que, sua totalidade, prevê a realização de cinco encontros regionais, um seminário nacional de três dias, duas publicações de-dicadas ao tema da Participação e um website. Paralelamente a estas iniciativas, o processo de consulta aos jovens portugueses no âmbito deste ciclo do “Diálogo Estrutu-rado” passa também pela realiza-ção de dois inquéritos, cujos re-sultados irão alimentar o debate europeu, visando um contributo para o trabalho das Presidências Europeias para a concepção das políticas europeias de juventude na área da juventude.

ComiSSão NaCioNaL Da

jUvENTUDE REUNiU Em aNGRa

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Revista U

Rua da Rosa, 199700-144 Angra do Heroísmo

tel. 295 216 222 / fax. 295 214 030

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DirectorMarco Bettencourt Gomes

EditorHumberta Augusto

RedacçãoSónia Bettencourt, Humberta

Augusto, Renato Gonçalves

Design gráficoFrederica Lourenço

PaginaçãoElvino Lourenço, Ildeberto Brito

Colaboradores desta ediçãoAdriana Ávila, Antonieta Costa, Carmo Rodeia,Cristina Moscatel, Frederica Lourenço,Joaquim Neves, José Eduardo Franco,José Júlio Rocha, José Tolentino Mendonça,Juliana Couto, Laura Quinteiro Brasil, Luís Valadão,Miguel Rosa Costa, Paulo Brasil Pereira, Rildo Calado,Ruben Tavares, Rui Oliveira Soares, Teodoro Medeiros e Tomaz Dentinho

Contribuintenº 512 066 981nº registo 100438

Assinatura mensal: 9,00€Preço avulso: 1€ (IVA incluído)

Tiragem desta edição 1600 exemplaresMédia referente ao mês anterior: 1600 exemplares

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OS TEmPláRIOS

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oRDEM DE cRISTo

Em 2012 assinala-se a passagem de 700 anos sobre uma data relevante do processo de extinção da célebre Ordem dos Templários ou da Ordem do Templo, cuja natureza e acção tem motivado a produção de um mar imen-so de literatura de ficção e de cinema. Este interesse tem contribuído mais para mitificar os Templários do que para esclarecer, de forma distanciada e desapaixonada, o papel histórico desta Ordem Militar.O Ordem Militar do Templo, fundada em França, na região de Champagne, no ano de 1120 no contexto da realização do Concílio de Naplus, é uma das mais conhecidas ordens militares da Europa Cristã medieval criada para proteger os movimentos de peregrinação aos Lu-gares Santos do Cristianismo no médio oriente sob ascendência crescente do poderio de confissão islâmica.Os Templários nasceram primeiro na dependência dos Cónegos do Santo Se-pulcro, vindo rapidamente a autonomi-zar-se com a liderança do seu primeiro Grão Mestre, Huges de Payns. A Ordem do Templo, ao lado de outras ordens militares como a de Santiago, a de Calatrava, a do Hospital e a de Avis, cooperava com os exércitos dos reis e senhores cristãos nas cruzadas con-tra o chamado “Infiel” tanto no Médio Oriente e como na Península Ibérica.O serviço prestado por estas institui-ções aos monarcas cristãs, com espe-cial destaque para a Ordem do Templo, foi largamente recompensado com a atribuição de bens, nomeadamente terras, castelos e outras regalias, que as tornaram poderosas e influentes. Devido a vicissitudes várias e a factores que ainda hoje carecem de explicação cabal, a Ordem do Templo foi, há sete séculos, depois de quase duzentos anos de existência, submetida a um proces-so trágico que levou à sua extinção. Semelhanças houve com o que viria acontecer, mais tarde, com a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal de Portugal pela mão de Pombal, e noutras monarquias europeias no século XVIII, acabando com a sua extinção universal

em 1773 pelo papa Clemente XIV.O processo antitemplário foi liderado pelo Rei de França, Filipe, o Belo, que conseguiu a conivência do Papa de então, Clemente V, para considerar a Ordem do Templo culpada de desvios e faltas graves. De tal modo que o mo-narca francês logrou, embora hoje sem sabermos com certeza se com provas justas, obter do Papa a extinção desta Ordem e até a condenação das suas mais importantes lideranças, culminan-do com a morte na fogueira do seu últi-mo Grão-Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Mas o processo tinha começada em 1308 com uma bula papal enviada aos príncipes cristãos para clarificar a situação dos Templários e declarar a necessidade da sua extinção, seguida

TEXTO / José Eduardo Franco *

hISTÓRIA E hERANÇA

oRDENS Do TEmPLo E DE CRiSTo

BaSTião PoRTUGUêS DaS

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de outra bula, emitida em 1309, a or-denar a prisão dos Freires de Cristo e, finalmente, da bula Ad Providum, de março de 1312, a decretar a anexação dos significativos bens desta Ordem e a transferi-los para a posse da Ordem do Hospital.No entanto, D. Dinis, que então presidia ao trono de Portugal, resistiu a aceitar a directiva papal que mandava extin-guir a Ordem do Templo, consciente do relevantíssimo serviço que tinha pres-tado e continuava a prestar na defesa e povoamento do território português. Através de uma acção diplomática bem sucedida conseguiu obter do Papa uma solução para acatar a extinção, não ex-tinguindo de facto esta Ordem de elite, cuja dispensa não convinha à estratégia política do Reino de Portugal. A solução passou por comutar o nome. Mantive-ram-se os mesmos efectivos, os mes-mos bens e a estrutura organizativa, mas mudou-se o nome da Ordem. A Ordem passou a chamar-se Ordem de Cristo. Assim, com esta jogada de di-plomacia, D. Dinis salvou os Templários que passaram a ser integrados na Or-dem de Cristo, no fundo, o nome novo da Ordem do Tempo ou dos Cavaleiros de Cristo.Através da liderança de um dos mais fa-mosos Grão Mestres da Ordem de Cris-to, o Infante D. Henrique, Portugal ficou na história universal como o primeiro império global da humanidade e o pio-neiro da construção da globalização.A Ordem de Cristo tutelou, no século XV, todo o processo de descobrimen-to de novos caminhos marítimos e de novos territórios e povos desconheci-dos oficialmente, como consequência da política expansionista extraeuro-peia promovida pela Dinastia de Avis fundada pelo Rei D. João I. Depois da conquista de Ceuta em 1415, o primeiro território descoberto oficialmente no Atlântico foi o Arquipélago da Madei-ra em 1419/20, ao qual sucedeu uma série de viagens que culminaram com a navegação de toda a costa africana, a passagem do temível Cabo das Tor-

hISTÓRIA E hERANÇA

RUíNaS Do CoNvENTo Do SaNTo

SEPULCRo, Em TRaNCozELoS

CaSTELo DE aLmoURoL, BaLUaRTE TEmPLÁRio No Rio TEjo

mentas, a chegada à índia por via ma-rítima (1498) e a descoberta oficial do Brasil em 1500.Estas viagens permitiram estabele-cer a primeira grande rede imperial moderna sob domínio português em concorrência com aquilo que empre-endia Espanha. Esta concorrência foi regulamentada sob os auspícios da Santa Sé e consagrada no Tratado de Tordesilhas em 1494 com a divisão do mundo em duas partes, à luz da teoria do Mare Clausum, de forma a conciliar as duas monarquias cristãs no que respeitava à superintendência dos territórios descobertos e a desco-brir por estas duas grandes potências europeias.

* Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias, Faculdade de Letras da Universidade

de Lisboa

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A MODERNPORTRaiT

Há uma luta ti-tânica entre o século e o resto de século

Na minha boca reagem poucas cren-dices. Prefiro acreditar num sorriso reluzente, semelhante a um feixe de luz ou a um objecto dispendioso

como diamante, emitido através de um chip de silicone. As flores e os círios, que na sala aguardam-me quase vencidos, de-pendem de electricidade e ligação de rede dentro e fora de mim, com vá-rios desejos pendentes… Pressiono o “OFF” como se quebras-se o encanto. Lanço o perfil e os po-emas aos abutres – “something that kills keep me alive”, digo frente à má-quina cuja memória provoca o imagi-nário de ti. É ficcional a morte e o assassino. E ainda o teu rosto suado de beleza e marcado de auto-estima em alta resolução – o brilho, tanto brilho, que da mentira se faz verdade e da ignorância se faz sabedoria, em dez línguas diferentes, alimentado pela engrenagem do movimento digital do pensamento.Há uma luta titânica entre o século e o resto de século, e, paredes meias, ergue-se-me o corpo, ainda que ao contrário do mundo, ávido por apos-tar todo o jogo no presente. O destino tornou-se arte tão menos expressa quanto inexpressiva. E os meus olhos fixos a acreditar.

TEXTO / Sónia Bettencourt

FOTO / Ruben Tavares

FOTÓGRAFO

Page 24: revista U 10

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A VIDA COmANdAO SONHO COMANDA A ViDA

Lembro-me do tempo em que sabia tudo. Quase toda a gente atravessa essa etapa fácil da vida em que já não é preciso aprender mais nada. Tudo faz sentido: a fé e a ciência, a razão e o sentimento e, como em «Tema para Margarida», a única divisão interior é entre Pico e Faial.O Pico das favas – um matulo com três cabeços no sopé da Serra do Cume – tinha uma vista poderosa sobre a Praia e a sua baia, ainda sem o molhe sul do porto. Era o meu reino, desenhado com silvas e grotas, canadas e cerra-dos (com c), um céu tingido de luz e sombras e aquelas vacas pachorrentas de olhares benévolos que ruminavam todo o santo dia sabe-se lá o quê.Por esses dias descia de casa até às «Coirelas», armado com um tarro e uma saca meia de folhas de milho no fundo, a dar de comer e tirar leite a uma vaca a que chamámos Calçada, o animal mais simpático que conheci. Nesse reino, aos dez anos, passava manhãs assombrosas, entre a imagi-nação e a realidade. Levava livros dentro da saca, e foi por esses anos que devorei Enid Blyton, Francis Finn, a «Viagem ao Centro da Terra» de Julio Verne e até um «Constantino Guardador de Vacas e de Sonhos» no qual eu me revi, sem ligar nenhuma ao neo-realismo de Alves Redol.Nos intervalos da escola, antes de descobrir que, em matéria de bola, ti-nha dois pés esquerdos e duas mãos direitas, metia-me com os mapas de parede, sagrados estendais de sabedoria, onde mergulhava para fugir aos rapazes do recreio, tão diferentes dos rapazes de dentro da sala. Li e ima-ginei como eram as cidades, de Viana a Faro, os rios, do Minho ao Guadiana, as serras, do Gerês ao Espinhaço de Cão, o nome mais badalhoco que se podia dar a uma serra, nada comparado com o Larouco, Montemuro ou Arrábida.Pelos doze anos cheguei ao topo da sabedoria. Na telescola, o televisor vo-mitou qualquer coisa relacionada com a U. R. S. S. e a professora, sem espe-ranças, perguntou à aula o que queria dizer aquela sigla. Levantei-me com uma pressa solene e rematei União das Repúblicas Socialistas Soviéticas sobre uma plateia que permaneceu sensivelmente na mesma, menos a pro-fessora que arqueou as sobrancelhas e com um ar de benévola aprovação concluiu a mais saborosa tese: «Credo, Júlio, tu sabes tudo!»Tudo o que eu queria ouvir na existência cabia naquele olhar, naquele sor-riso, naquela frase da professora. Em casa, ainda dormente do entusias-mo escondido, relatei a meu pai que a professora dissera, diante de todos, que eu sabia tudo. O seu olhar duro e cansado, um dia de trabalho em pé, a constante preocupação com a doença da mãe, que tinha sido operada ao pulmão esquerdo, os quatro rapazes a crescer para sustentar, e aquele olhar silencioso a fazer um esforço pesado por sorrir, foram o meu sermão de penitência. E, no dia em que descobri que sabia tudo, também percebi, como no poema de Fernanda de Castro, que não sabia nada.O velho Manel Barbeiro nunca foi de sentimentos doces. Mas gramou uma vida inteira a cortar cabelos e barbas para criar quatro rapazes e dar-lhes futuro. E, quando o futuro se tornou presente e os quatro rapazes arrema-taram a sua vida, quando já podia, finalmente, ter tempo para si, a doen-ça tomou-lhe conta do resto. Ainda hoje, quando vou lá a casa, sei que, se aguentar dez segundos abraçado a ele, começa a chorar, um pouco deso-rientado destas coisas da vida que, a ele, não lhe deu grande recompensa senão ver os filhos a crescer. Ele, que tudo sabia, hoje tudo pergunta. E eu, mais do que nunca, mais do que quando ainda não sabia ler, tantas vezes me vem à alma a vontade de lhe dizer «Ó pai, eu não sei nada!»

OPINIÃO

TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

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ASCEN-DERA maior parte do tempo estamos sozinhos. Sozi-nhos no mundo e na sua influência. Inúteis, não sabemos nem pensar nem sentir. E deixamos que o façam por nós. Sem a profundidade humana.Deixei, então, a origem e decidi subir, contigo, aquela montanha. Não esperava metas, ape-nas caminhar. Apenas chegar ao topo e de-pois descer. Queria-o porque estava contigo. Iria contigo onde fos-ses, embora perdida em mim: os enigmas do meu mundo tornavam-se im-perceptíveis ao sentir o teu abraço.Mas subir significa não pensar. Subir a monta-nha é também deixar tudo o resto para trás. É deixar o tempo para além do espaço antigo. É mudar de mundo e transformarmo-nos. Ao subir perdemos a orien-tação simulada, perde-

mos a matéria exterior. Apenas ir, chegar lá acima e viver. Somos só nós, mas não estamos sozinhos. Somos um e outro. Somos nuvem – apenas uma – e pai-ramos no intervalo pre-sente. Naquele inter-regno em que pisamos cada pedaço de terra que nos faz andar mais um pouco, que nos leva ao topo da montanha e do nosso mundo a dois.Ascendemos. E ao che-garmos ao cimo, não paramos de ascender. Continuamos vivos, no mundo das nossas per-nas cansadas, da nossa fraca respiração, perdi-da de oxigénio. Somos unicamente cansaço, calor e sede. Sede de água e de nós.Aqui, só te quero agar-rar em mim. Num abra-ço que é apenas isso, o próprio acto de abraçar, sem os preconceitos e as vontades do mundo.Aqui estou contigo. E sei que estás comigo. Numa superfície lunar que não é lua, um vento frio que não apaga. É um pla-neta perdido de todos os sistemas de sóis que possam existir. É o úni-co ponto do universo. Mas conseguimos exis-tir. É o nosso universo. Sem metafísicas ou coisas ousadas. Apenas vivemos num aspirar de pequenos momen-tos, numa dança entre todos os sentidos. Na totalidade do ser sen-ciente. Sem pensar.Quando existimos só os dois, no topo, sem nada mais, tu és realmente

PARTIDAS

TEXTO / Laura quinteiro Brasil

FOTO / Luís Valadão

Page 27: revista U 10

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BLIC

IDA

DE

eu e eu sou realmente tu. Mas não nos trans-formamos. Damos as mãos e somos, simples-mente. E o pôr do sol é apenas isso. E a refeição é apenas isso. E vemos e ouvimos. E cheiramos e tocamos. E saboreamos a simplicidade e as co-res que nos unem.É noite e está frio à vol-ta dos nossos corpos. Adormecemos. Hoje, a lua está mais perto. Uma outra lua. O único ponto que nos diz ainda vivemos por aqui. Mas já nos esquecemos disso. No cume da montanha é possível viver. Sem mais nada, tudo é amor.

SUBIR A MONTANhA é TAMBéM DEI-xAR TUDO O RESTO PARA TRÁS. é DEI-xAR O TEMPO PARA ALéM DO ESPAÇO ANTIGO. é MUDAR DE MUNDO E TRANSFOR-MARMO-NOS.

PARTIDAS

aSCENDEmoS. E ao ChEGaRmoS

ao Cimo, Não PaRamoS DE aSCENDER

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21 maio 2012 / 28

“não há homem completo que não tenha viajado muito, que não tenha mudado vinte vezes de

vida e de maneira de pensar.”alphonse de lamartine

CONCORDA

COM A ABO-

LIÇÃO DE

qUATRO FE-

RIADOS?

QueStiONáriO

Sim 31,40%

Não 68,60%

cARTooN

ÓCIOS / OPINIÃO

AS MAIS VisTasONLINE

Mundial na TerceiraPROVA PARA ATLETAS COM SíNDROME DE DOWN

Reitoria quer mínimo de 20 alunos no 1.º anoCIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PODEM ACABAR EM ANGRA

F. S.

ENTRETENIMENTO / OPINIÃO

07 maio 2012 / 28

“Citação e/ou frase aqui.”

AS MAIS VISTASONLINE

A MA-ÇONARIA INFLU-ENCIA A POLÍTICA PORTU-GUESA?

QUESTIONÁRIO

SIM

NÃO

CARTOON

Título Aqui

Título Aqui

RUI SOARESTEXTO / Frederica Lourenço

I am a fan of

O Rui é um daqueles artistas da new generation, carregadinho de talento e que até tem - imagine-se! - jeito para a fotografia. Gosta de se intitular de fotojornalista, aquele grupo de fotógrafos à parte que gostam de ir onde está a acção e fazer disparar as câmaras desenfreadamente até terem A fotografia que - um dia, quem sabe - lhes irá dar um prémio internacional ao nível de um world press photo. Tem talento e sabe-o. Não perde tempo com falsas modéstias e, talvez por isso, vai-nos presenteando com trabalhos cada vez melhores.Terminou o curso há pouco mais de um ano e estabeleceu-se como freelan-cer, dividindo o seu tempo entre Lisboa e os Açores, de onde é natural. É co-laborador frequente do Jornal Público, e já passou pelo jornal com o melhor design do mundo. O seu trabalho pode ser visto em http://cargocollecti-ve.com/ruisoares.

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21 maio 2012 / 29

coNcERTo E aulaO guitarrista terceirense Ruben Bettencourt vai dar um concerto e uma masterclass de guitarra clássica nos dias 26 e 27 de Maio na Academia da Juventude e das

DOSe DuPlA

Artes na Praia da Vitória.O concerto está agendada para as 21h30 do dia 26, enquanto a masterclass terá lugar entre as 10h00 e as 13h00 e das 15h00 às 20h00.

RuBEn BETTEnCOuRT

As inscrições podem ser feitas através do mail [email protected], no site www.cmpv.pt/academia ou atra-vés do facebook em www.facebook.com/academiade-juventude.Ruben Bettencourt tem um doutoramento em música pela Universidade de Aveiro e um “Master in Music” no prestigiado Conservatório de Maastricht na Holanda.

TROCA de livrosMais de três centenas de livros de autores portu-gueses vão estar disponíveis para troca amanhã, às 10h00, na Praça Francisco Ornelas da Câmara, numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, através da Biblioteca Silvestre Ribeiro.A iniciativa, intitulada “Dar Uma Nova Casa ao Seu Livro” e preparada para assinalar o Dia do Autor Português, permitirá que cada visitante troque livros que possui por livros disponíveis na banca montada na Praça Francisco Ornelas da Câmara.Os livros à disposição são exemplares repetidos do acervo da Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro.Estarão disponíveis livros de Alice Vieira, Clara Pinto Correia, José Jorge Letria, Cristóvão de Aguiar, Teófilo Braga, Raúl Brandão, Luís de Camões, Camilo Caste-lo Branco, David Mourão-Ferreira, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Agustina Bessa-Luís, Vitorino Nemésio, Fernando Namora, Eça de Queiroz, Miguel Torga, Pe. António Vieira, entre outros.

CULTURA

Reitoria quer mínimo de 20 alunos no 1.º anoCIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PODEM ACABAR EM ANGRA

Entre 12 e 19 de maio decorreu a sexta ex-tensão do festival in-dieLisboa na ilha Ter-ceira, organizado pela associação Cultural Burra de milho. Em outubro de 2006 já se trabalhava na exten-são de 2007, e a 4 de maio de 2007, decor-reu a primeira sessão, com os filmes Grace-land (Tailândia) e Life in Loops (Áustria), dos quais houve um gran-de feedback do públi-co presente, quer pela frescura, quer pela criatividade.a extensão tem conta-do desde o início com o apoio da Câmara municipal de angra do heroísmo, Culturan-gra, DRaC e DRj, sem os quais não seria pos-sível a organização do evento.Numa lógica de parti-lha e parceria, foi pos-sível levar a extensão a outras ilhas do ar-quipélago, em 2008 no Faial (Cine Clube da horta) e São miguel (associação Cultural Cima), e em 2009 na Graciosa (associa-ção de jovens da ilha Graciosa).Esta 6.ª extensão sur-giu num formato dife-rente das realizadas anteriormente, uma vez que se estendeu ao longo de oito dias, e contemplou uma festa de apresentação, uma sessão especial do amostra-me Cinema Português, mais ses-sões para o público infantil, e o dobro das sessões que em anos anteriores (seis).Desde a primeira edi-ção, já passaram mais de 4000 especta-dores pelas salas do Centro Cultural em sessões do indieLis-boa, sendo uma gran-de parte desses nú-meros, crianças com menos de 10 anos de idade, nas sessões in-diejúnior.Foram exibidos 91 fil-mes, longas e curtas-metragens, entre fic-ção, documentário e animação, originários de 29 países, entre os quais, Portugal, EUa, Suécia, Brasil, Tailân-dia, argentina, China ou Roménia. Durante estes breves, mas in-tensos dias, o indie-Lisboa traz de facto o mundo à Terceira.

* associação Cultural Burra

de milho

EXTEnsÃOINDIElISboA

TEXTO / Miguel Rosa Costa *

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PU

BLIC

IDA

DE

A JigsawTEXTO / Adriana Ávila

Coletivo português, formado em Coimbra inicialmente pelo trio João Rui, Jorri e Susana Ribeiro. Os A Jigsaw são um grupo multi instrumen-tista incluindo uma guitarra, harmónica, banjo, contra-baixo e alguns instrumentos construídos por elementos do próprio grupo. Os A Jigsaw existem desde 1999, com sons mais próximos do pop rock, mas um pouco depois do lançamento do seu primeiro EP “From Underskin”, associaram-se ao blues folk, nitidamente inspirados em grandes refe-rências musicais como Johnny Cash, Bob Dylan, Leonard Cohen ou Nick Cave.Em cada música transmite-se uma história com personagens caracterís-ticas assumindo a escrita musical como se de um livro se tratasse, sendo

DRuKEn sailORs & HaPPY PiRaTEs

a literatura e o cinema grandes influências.Com quatro álbuns lançados até à data, este gru-po andou em digressão pela Europa no último ano com maior destaque no seu último trabalho “Drunken Sailor & Happy Pirates” de 2011.

rOcK iN riODia 25 o Rock in Rio regressa a Lisboa, numa edição que tem como grande destaque a presença de Bru-ce Springsteen (3 de Junho).Stevie Wonder, Metallica, The Smashing Pumpkins e Lenny Kravitz são outras das confirmações que vão atrair muita gente ao Rock in Rio 2012.

STAND uPO Roteiro Cultural pelas freguesias, uma or-ganização da Culturangra, prossegue no dia 26 Maio, na Sociedade Recreativa do Rami-nho com uma apresentação de “Anedotas e outras coisas tolas” pelo grupo Stand Up Açores.O espectáculo assinala o 2.º aniversário do colectivo de humoristas açorianos, compos-to por Pedro Oliveira, José Fernando, Romeu Oliveira, Ricardo Martins e Marco Toste.

URBaNo explicaO Museu de Angra do Heroísmo leva a cabo nos dias 25 e 26 de uma acção de dinamização da exposição “Antologia Breve”.No dia 25 tem lugar “À Conversa com Urbano” uma: sessão aberta com o artista na Sala Dacosta destina-da a alunos de História de Arte e Ensino Artístico.A 26 de Maio, das 15 às 17h30, visita comentada por Urbano à exposição, seguida de uma apresentação dos cadernos de viagens que estão na origem de al-guns dos quadros expostos.

CULTURA

Page 31: revista U 10

21 maio 2012 / 31

DIA 26 Em angRaDia 26 de Maio, The Closing Doors, álbum de estreia dos October Flight será oficialmente apresentado na terra natal dos cinco elementos – Angra do Heroísmo.

OctOBer FliGht

Pelas 21h30 a banda sobe ao palco do gran-de auditório do Centro Cultural e de Congres-sos para o concerto de lançamento do álbum.Durante o mês de Junho os October Flight esta-rão em digressão pelo país. Datas e locais a

anunciar brevemente.The Closing Doors é composto por 12 temas inspi-rados nas experiências de vida mais marcantes dos membros da banda.Segundo Flávio Cristóvam, vocalista da banda, em en-trevista à U de 14 de Maio, “o disco é como uma his-tória encadeada por 12 capítulos que se assentam na temática de sonhar”.

Se estiver por S. miguel, Carminho actua no dia 25 de maio no Teatro mica-elense.acaba de lançar o seu segundo álbum, “aLma”, alcançou o primeiro lugar nos tops portugueses com edições simul-tâneas em Portugal, Espanha e Finlândia.Com “Perdoname”, com Pablo alborán, tornou-se na primei-ra artista portuguesa a atingir o número 1 do top espanhol.Carminho, consi-derada «a maior revelação do fado da última década», editou em 2009 o seu primeiro álbum «Fado», nomeado pela revista britânica Songlines como um dos dez “Best album 2011”.

ClOsing DOORs

OPINIÃO / AGENDAOPINIÃO / AGENDA

07 maio 2012 / 31

ARRANHA-

CÉUS EM

MADEIRATEXTO / Rildo Calado

HEADLINE HERELores aut quidebis dis nitatem et que pel ime nosse-quam, officae cesecto etum rae quibus acesto quaspiet faccum iligenimi, sam et, quidebitis antia

TITLE HERE

dolorestibus conse-quate int entus quo doluptiatus dolo earum rem arum volora vita arum reictissi utatae. Et aborero cone etur, cuptatem que com-moluptas quiae et, ve-liqui accusam facculp

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ariorum vel il es volor simus, core quistib eribus voluptis earum vendae cum exerum arum quiant. Ehendit, sinto verovitio. Ut est, ut incid quas inullor estiusa picaboremque nonsed quibearum que est, quiasped eos auditem poreptas doloriti omnimpo-riate invellaut expediciis quias mos sam alite quid quas ella Lit et qui debis magnates dolupta erfe

Xeratem quost autemos dipsam ut imagnam, offic totatur? Quiditam alia iducidentia si-tias millupis et om-nim ex enis as eost eosaper ibeaquo ma del ipis dolor ad eument, con cor-ectatiam dolorese pratiant quam que volo molorro ex et vit qui ditessun-di unte ella nate nobitatem quis quossimodia quis delisci psapedi beritem ilit quis in-venis consequ un-dignam aut most, cum fugition eium eratur res ipsamus eatum etur sapitat iaecaep udaera-tiatur aditatis no-bitib usante qui as rersperae latis ex exerae. Ipicipitium que et, quatur res

Projectada pelo arquitecto canadia-no Michael Green, esta torre irá ter 30 andares, e será o arranha-céus mais sustentável da história, a ser-construído em Vancouver, no Canadá.A estrutura principal do edifício se-ria composta por vigas de madeira laminadas, conjugadas com fibras de madeira colocadas sob pressão que, num determinado ângulo, garan-tem a solidez do edifício. Segundo o arquitecto, o potencial de mercado deste tipo de edifícios é enorme, pois não só irá revolucionar a indústria da construção civil como resolver os principais desafios das alterações climáticas, urbanização e desenvolvi-mento sustentável, contribuindo sig-nificativamente para a necessidade de construção de habitação em todo o mundo. mais informações: http://

www.mgb-architecture.ca/

Page 32: revista U 10

E-mail: [email protected] • Telefone: 295 540 910 • Fax: 295 540 919

Área Clínica Médicos

Análises Clinicas

Anestesiologia

Laboratório Dr. Adelino Noronha

Dr. Pedro Carreiro

Cardiologia Dr. Vergílio Schneider

Cirurgia Geral Dr. Rui Bettencourt

Cirurgia Vascular

Podologia

Dr. Fernando Oliveira

Drª Patrícia Gomes

Cirurgia Plástica Dr. António Nunes

Clínica Geral Dr. Domingos Cunha

Medicina DentáriaDr.ª Ana FanhaDr.ª Joana RibeiroDr.ª Rita Carvalho

Dermatologia Dr. Rui Soares

Endocrinologia Dr.ª Lurdes MatosDr.ª Isabel Sousa

Gastroenterologia Dr. José Renato PereiraDr.ª Paula Neves

Ginecologia/Obstetícia

Drª Paula BettencourtDrª Helena LimaDrªAna FonsecaDr. Lúcio Borges

Medicina Interna Dr. Miguel Santos

Medicina do Trabalho Dr.ª Cristiane Couto

Nefrologia Dr. Eduardo Pacheco

Neurocirurgia Dr. Cidálio Cruz

Neurologia Dr. Rui Mota

Neuropediatria Dr. Fernando Fagundes

Nutricionismo Dr.ª Andreia Aguiar

Otorrinolaringologia Dr. João MartinsDr. Rocha Lourenço

Pediatria

Doenças de Crianças

Dr.ª Paula Gonçalves

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Pneumologia Dr. Carlos Pavão

PsicologiaDr.ª Susana AlvesDr.ª Teresa VazDr.ª Dora Dias

Psiquiatria Dr.ª Fernanda Rosa

Imagiologia(TAC/ECOGRAFIA/Ressonância Magnética)

Dr.ª Ana RibeiroDr. Miguel LimaDr. Jorge Brito

Neuroradiologia (TAC/Ressonância Magnética) Dr.ª Rosa Cruz

Reumatologia Dr. Luis Mauricio

Terapia da Fala Dr.ª Ana NunesDr.ª Ivania Pires

Urologia Dr. Fragoso Rebimbas