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EDIÇÃO 165 ANO 15 - DEZEMBRO 2011 INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO Linha Direta Liany Cavalaro Carlos Eduardo Bindi Tecnologia Repensando a educação Enem Mais segurança Lei torna obrigatório o ensino de música na Educação Básica Música para a nossa educação Encuentro de ministros // Encontro de ministros Buscando soluciones // Em busca de soluções Projeto Providência Exemplo de esforço e dedicação Natal Festa da ternura de Deus

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EDIÇÃO 165ANO 15 - DEZEMBRO 2011

INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO

Linha Direta

Liany Cavalaro Carlos Eduardo Bindi

TecnologiaRepensando a

educação

EnemMais segurança

Lei torna obrigatório o ensino de música na Educação Básica

Música para a nossa educação

Encuentro de ministros // Encontro de ministrosBuscando soluciones // Em busca de soluções

Projeto ProvidênciaExemplo de esforço e dedicação

NatalFesta da ternura de Deus

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Conselho ConsultivoAdemar B. PereiraPresidente do Sinepe/PR – CuritibaAirton de Almeida OliveiraPresidente do Sinepe/CEAmábile PaciosPresidente do Sinepe/DFAntônio Eugênio CunhaPresidente do Sinepe/ESAntônio Lúcio dos SantosPresidente do Sinepe/ROÁtila RodriguesPresidente do Sinepe/Triângulo MineiroBenjamin Ribeiro da Silva Presidente do SieeespCláudia Regina de Souza CostaPresidente do Sinepe/RJ Dalton Luís de Moraes LealPresidente do Sinepe/PIEmiro BarbiniPresidente do Sinep/MGFátima TuranoPresidente do Sinepe/NMGGabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMESGelson Menegatti FilhoPresidente do Sinepe/MTHermes Ferreira FigueiredoPresidente do SemespIvana de SiqueiraDiretora da OEI em Brasília

Ivo CaladoAsepepeJorge de Jesus BernardoPresidente da Abrafi e do Semesg José Augusto de Mattos LourençoPresidente da FenepJosé Carlos BarbieriPresidente do Sinepe/NOPRJosé Carlos RassierSecretário Nacional da ABMKrishnaaor Ávila StréglioPresidente do Sinepe/GOManoel AlvesPresidente da Fundação UniversaMarco Antônio de SouzaPresidente do Sinepe/NPRMarcos Antônio SimiPresidente do Sinepe/Sul de MinasMaria da Gloria Paim BarcellosPresidente do Sinepe/MS Maria Nilene Badeca da CostaPresidente do Consed Miguel Luiz Detsi NetoPresidente do Sinepe/Sudeste/MGNatálio DantasPresidente do Sinepe/BANelly Falcão de SouzaPresidente do Sinepe/AMOdésio de Souza MedeirosPresidente do Sinepe/PB

Osvino ToillierPresidente do Sinepe/RSPaulo Antonio Gomes CardimPresidente da AnaceuSuely Melo de Castro MenezesVice-presidente do Sinepe/PAThiers Theófilo do Bom Conselho NetoPresidente da FenenVictor Maurício NótricaPresidente do Sinepe/Rio

Presidente Marcelo Chucre da CostaDiretora ExecutivaLaila AningerJornalistaValéria Araújo – MG 16.143 JPDesigner GráficoRafael RosaGerente Administrativo-financeiroSandra FerreiraAtendimentoFlávia Alves PassosPreparadora de Texto/RevisoraCibele SilvaTradutor/Revisor de EspanholGustavo Costa Fuentes - RFT1410Consultor EditorialRyon BragaConsultor de Responsabilidade SocioambientalMarcus FerreiraConsultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade SocialMarcelo Freitas Consultora para o Ensino SuperiorMaria Carmem T. Christóvam

As ideias expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.

Pré-Impressão e ImpressãoRona Editora – 31 3303-9999Tiragem: 20.000 exemplares

Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, Fundação Universa e Sieeesp

Marcelo Chucre da CostaPresidente de Linha Direta

Marcelo Chucre da CostaPresidente da Linha Direta

Antes de qualquer coisa, quero desejar a você, parceiro e amigo, boas festas. O ano de 2011 está terminando. Sendo assim, gos-taria de apresentar algumas de nossas prin-cipais conquistas nesse período: ganhamos um importante parceiro, o Programa Criança Esperança, projeto desenvolvido pela Rede Globo, em parceria com a UNESCO; intensi-ficamos a atuação da Linha Direta Cidadã, e a Revista ganhou um novo pilar: Ações de Cidadania – espaço criado para abrigar a nova parceria e permi-tir a divulgação e o compartilhamento dos projetos apoiados pelo Criança Esperança em todo o País, para que sirvam de inspiração e exemplo; reformulamos nosso Portal (www.linhadireta.com.br) e criamos a Linha Direta Digital, com o objetivo de abrir novos espaços para a participação de educadores/auto-res; abrimos canais de comunicação como o Twitter (@linha_direta), o Facebook (Linha Direta) e o Blog, que permitem troca de informações diárias entre a Linha Direta e a comunidade acadêmica. Para o pró-ximo ano, convido você a participar, cada vez mais, do nosso dia a dia, para que, juntos, possamos conti-nuar somando esforços e multiplicando resultados em benefício da educação brasileira. A todos, muito mais sucesso em 2012!

Antes de cualquier cosa, quiero desearle a us-ted, socio y amigo, felices fiestas. El año 2011 está terminando. Siendo así, me gustaría pre-sentar algunas de nuestras principales conquis-tas en este período: obtuvimos un importante compañero, el Programa Criança Esperança, proyecto desarrollado por la Red Globo, en alianza con la UNESCO; intensificamos la ac-tuación de Linha Direta Ciudadana, y la Revis-

ta adquirió también un nuevo pilar: Acciones de Ciuda-danía – espacio creado para abrigar la nueva alianza y permitir la divulgación y el intercambio de los proyectos apoyados por el Programa Criança Esperança en todo el País, para que sirvan de inspiración y ejemplo; re-formulamos nuestro Portal (www.linhadireta.com.br) y creamos La sección Linha Direta Digital, con el objetivo de abrir nuevos espacios para la participación de educa-dores/autores; abrimos canales de comunicación como el Twitter (@linha_direta), el Facebook (Linha Direta) y el Blog, que permiten intercambio de informaciones diarias entre Linha Direta y la comunidad académica. Para el próximo año, lo invito a participar, cada vez más, de nuestro día a día, para que, juntos, podamos conti-nuar sumando esfuerzos y multiplicando resultados en beneficio de la educación brasileña. A todos, ¡muchos más éxitos en 2012!

Boas Festas ¡Felices Fiestas!

editorial

A Linha Direta, consciente das questões sociais e am-bientais, utiliza, na impressão desse material, papéis certificados FSC (Forest Stewardship Council). A certifi-cação FSC é uma garantia de que a matéria-prima advém de uma floresta manejada de forma ecologicamente cor-reta, socialmente adequada e economicamente viável. Impresso na RONA EDITORA Ltda. – Certificada na Cadeia de Custódia – FSC.

(31) 3281-1537 www.linhadireta.com.br Revista Linha Direta

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capa

Música para a nossa educação

Em agosto de 2011 entrou em vigor a Lei n. 11.769/08, que torna obrigatório o ensino de música na Educação Básica das escolas de todo o País

Ao longo dos anos, a música vem participando do desenvolvimento do ser humano – seja no as-pecto social, moral ou religioso – e contribuindo

para a aquisição de hábitos e valores indispensáveis ao exercício da cidadania.

Mas não é à toa que ela tem ocupado, cada vez mais, lugar de destaque na formação das crianças. Platão, filósofo grego que viveu de 428 a 347 a.C., dizia que “a música é um instrumento educacional mais potente do que qualquer outro.”

E não paramos aí. Ana Paula Cascarani, musicotera-peuta, doutoranda em Ciências da Saúde e mestre em Educação Sociocomunitária, explica que o contato com a música, segundo pesquisas recentes, envolve

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o cérebro em toda a sua extensão. “O ato de ouvir, tocar e compor música mobiliza quase todas as áreas do cérebro, portanto a re-lação música/desenvolvimento humano/educação propõe um tra-balho integrativo entre linguagem verbal e não verbal, permitindo a relação aprendizagem (conhecer/conceituar) e música (sentir/viven-ciar e abstrair)”, diz.

Os estímulos sonoros também po-dem desenvolver a ampliação do cérebro. Para o musicoterapeuta André Pereira, diretor cultural e assessor artístico de centros cul-turais, a música é uma linguagem que, se utilizada permanentemen-te de forma didática por um profis-sional preparado, proporciona am-pliação e estimulação de milhares de áreas cerebrais. “A utilização de ritmos distintos, por exemplo, pode enviar estímulos elétricos com frequências variadas, e cada um deles irá atuar em locais dife-rentes do cérebro, influenciando aspectos cognitivos, emocionais e de comportamentos cotidianos”, afirma André.

Agora é obrigatório

Flautas, instrumentos de percus-são e canto voltarão a fazer parte do dia a dia das escolas, após 30 anos. Em agosto de 2008, o então presidente da república, Luiz Iná-cio Lula da Silva, sancionou a Lei n. 11.769/08, que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino da mú-sica na Educação Básica em todas as escolas do País – públicas e pri-vadas. Em agosto de 2011, encer-rou-se o prazo previsto para que as escolas se preparassem para a inclusão da disciplina em suas gra-des curriculares.

Especialistas comemoram. Segundo a musicoterapeuta e arte-educado-ra Bia Bedran, por meio de ativida-

des musicais é possível desenvolver aspectos como concentração, so-cialização, disciplina, criatividade e memória. Além disso, a música proporciona momentos de diversão e descontração. “Educação musical é educação dos sentidos, é sensibi-lização para tudo o que diz respeito à repercussão do som no corpo, na mente e no coração. A música atua no desenvolvimento da inteligência sensível, isto é, na nossa emoção/razão, por isso é tão importan-te desde a mais tenra idade”, diz Bia, que acredita que a música é uma arte completa, que nos per-mite ouvir, aguçar a imaginação e a sensibilidade. “Ela nos emociona, nos liberta do cotidiano. É educati-va por si só. É um alimento para o espírito”, entusiasma-se.

Betânia Parizzi, especialista em educação musical e professora da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), vai além e diz que crianças que estudam música possuem um re-finamento expressivo maior, musi-calmente são mais ricas. “A obri-gatoriedade do ensino da música na Educação Básica vai promover esse refinamento”, afirma Betânia, para quem os alunos terão uma percepção maior do mundo, irão se emocionar mais, ter ideias diferen-ciadas, se comunicar melhor, deter um conhecimento diferenciado. “É como se elas aprendessem uma nova língua”, compara.

A música na sala de aula: de for-ma lúdica e coletiva

A música pode ser, tanto para o educador quanto para o educan-do, uma possibilidade de inter-venção educativa, bem como uma ferramenta de comunicação, am-pliação da linguagem, compreen-são, apreensão e transformação do mundo. “Ela pode ser intro-duzida em sala de aula por meio de jogos, brincadeiras de roda e trabalhos corporais, e também pela vivência do ritmo, da me-lodia e da harmonia, percepção, cantos e canções”, ensina Ana Paula Cascarani, ressaltando que o professor da Educação Básica pode utilizar a música para faci-litar a assimilação de conteúdos na alfabetização, por exemplo, e também como reforço à rotina em sala de aula.

“Mesmo não sabendo música, o professor – principalmente o de Educação Infantil e das primei-ras séries do Ensino Fundamental – a utiliza para se expressar, ex-por seus sentimentos e reforçar conteúdos pedagógicos”, diz Ana Paula Cascarani, destacando ain-da que a música pode facilitar o aprendizado, a socialização, a ex-pressão das emoções, as habilida-des motoras, espaciais e tempo-rais, a atenção e a concentração; enfim, a música pode ampliar a inter-relação entre os aspectos

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afetivos, cognitivos e fisiológicos nas situações de aprendizagem.

Bia Bedran complementa que o professor de musicalização pode atuar na sensibilização e na área da apreciação musical, nas experiên-cias criativas que a criança pode fazer, em vez de propriamente usar a pauta musical ou qualquer iniciação teórica. “Temos aí um mundo de possibilidades: o canto coletivo, a criação de instrumen-tos de sucata, a bandinha, que é sempre bem-vinda, a exploração dos sons do ambiente e do corpo, enfim, toda uma área do conheci-mento abordada holisticamente”, completa.

Possibilidades e limites para a educação musical

Alguns aspectos devem ser con-siderados na educação musical. Segundo André Pereira, primeira-mente se deve observar e traçar um planejamento individualizado para cada sala de aula. “Alguns de-talhes serão primordiais: a sala irá iniciar o processo com a construção de instrumentos ou com dinâmicas corporais? Se for um grupo mui-to expansivo e agressivo, deve-se iniciar com a composição de uma fusão de hip-hop, contando a his-tória do descobrimento do Brasil? Uma composição coletiva?”, indaga o diretor artístico.

Qualquer que seja a opção, deve sempre haver liberdade, enfatiza André Pereira. “Essa etapa é im-portante para a aproximação dos alunos com outras culturas”, afir-ma. Utilizar a recriação musical, a improvisação, a fusão e intersecção de aspectos do cotidiano pode des-pertar no aluno interesses como compor, relacionar músicas e suas dramaturgias sonoras com perío-dos da história, com obras literá-rias, com estruturas matemáticas,

ou até iniciar uma reflexão sobre Geografia, por exemplo, a partir de uma canção que fale da seca, “sem limites para suas infinitas re-lações”, acrescenta.

É importante observar a aplicação das dinâmicas sonoras, focadas em atingir o sensível, sem impor de forma colonizadora, priorizando o bem-estar e a inserção de todos os envolvidos na sala. “A música, aci-ma de tudo, é integradora. Se nos perguntarmos para onde a música vai depois que a escutamos, talvez encontremos como resposta que ela vai tão fundo que nos educa, nos ensina a ouvir e a hora certa de falar”, conclui André.

Implementação da lei

Ainda não há professores de músi-ca suficientes para atender a qua-se 60 milhões de crianças e jovens da Educação Básica no Brasil, já que os cursos de Licenciatura em Música são recentes. Para Betânia Parizzi, uma saída é formar profes-sores generalistas. “Eles dão aulas de Matemática e não são matemá-ticos, dão aulas de Português e não são literatos, dão aulas de Ciências e não são cientistas, então, se fo-rem instrumentalizados em termos musicais, se tiverem uma forma-ção musical que lhes permita fazer atividades musicais ricas com seus

alunos, eles poderão dar essas au-las”, explica.

A solução, segundo a especialis-ta, é os governos se associarem às universidades e às instituições particulares de ensino de músi-ca e promoverem, em conjunto, uma formação maciça dos profes-sores que já atuam na Educação Básica. “A lei abriu portas para a música na escola, mas até que ela se torne efetiva falta muito tem-po”, afirma Betânia. “Desde a lei que instituiu a educação artística, em 1971, a música foi saindo aos poucos das nossas escolas e foi entrando a educação artística”, comenta a professora.

Outro aspecto importante é ana-lisar que tipo de música deve vol-tar a ser ensinada na escola, como deve ser o conteúdo. “Hoje são ou-tros jovens, outras crianças, existe outra tecnologia, a internet. Tudo isso deve ser repensado”, enfatiza Betânia, lembrando que esse pro-blema é muito sério e não se pode resolvê-lo de um dia para o outro. “O mundo hoje é diferente, a músi-ca não pode ser ensinada como era há 30 ou 40 anos, tudo tem de par-tir do zero”, afirma. “Existe uma mobilização, o assunto está sendo muito trabalhado, muito pensado, mas ainda temos muito chão pela frente” conclui.

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Espera-se que a inclusão do ensino de música no currículo das escolas brasileiras seja uma opor-tunidade para que os alunos aprendam música como prática social, situação em que é possível exercitar as capacidades de ouvir, compreender, socializar e respeitar as pessoas. A educação mu-sical escolar não visa à formação de músicos pro-fissionais, e sim ao contato com a diversidade de práticas e de manifestações musicais de culturas nacional e internacional.

A Editora Educacional lançou, de forma pioneira, a Coleção Educação Musical, destinada a alunos e professores. Os livros trazem novas possibilida-des, por meio de atividades lúdicas e criativas, para que a música contribua com a construção de valores pessoais e sociais de crianças e jo-vens.

Confira, a seguir, uma entrevista realizada com a autora da Coleção Educação Musical, Rosa Lúcia dos Mares Guia.

Como foi estabelecido o tipo de formação mu-sical que é oferecida aos alunos?

Juntamente com Matheus Braga, também autor da Coleção, foi elaborado um material diferen-ciado para as primeiras séries do Ensino Funda-mental, do 1º ao 5º ano, de acordo com a faixa etária e com a capacidade cognitiva dos alunos. Os conteúdos oferecidos se baseiam na vivência, na experiência musical, ou seja, propiciam aos alunos o contato com elementos musicais por meio de atividades sensoriais, corporais e de au-dição, que são apresentadas de forma lúdica e prazerosa. O importante é que o “fazer musical” esteja sempre presente na formação oferecida aos alunos.

E o que está previsto para ser realizado nas aulas?

Um dos aspectos importantes que deve ser trabalhado em sala de aula é o que chamamos de audição ativa. Nas aulas, o aluno deve ter a oportunidade de ouvir música de diferentes cul-turas, de diferentes gêneros, podendo, assim, perceber a diversidade de expressões musicais e, gradativamente, ir se apropriando da lingua-

Coleção Educação Musical

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gem musical e se expressar por meio dela. Outro aspecto impor-tante são os projetos de criação, de grande relevância no processo da educação musical. Deve ser ofe-recida ao aluno a oportunidade de pesquisar e brincar com o material sonoro, de utilizar os elementos musicais de maneira espontânea e original, de se expressar individual e coletivamente, chegando a criar sua própria música. A percepção auditiva da criança vai sendo pro-gressivamente desenvolvida por meio da observação do seu próprio trabalho, individual ou coletivo, as-sim como sua capacidade analítica e crítica. As canções tradicionais, parlendas, jogos e brincadeiras musicais são fundamentais para a musicalização infantil, pois, com sua realização, a criança vivencia seus conteúdos melódico, rítmico, harmônico, formal e expressivo.

Conte-nos um pouco mais sobre os livros da Coleção Educação Musical.

Estamos desenvolvendo o livro do 1º ano, para crianças de 6 anos, que enfatiza a música tradicional da infância, de riqueza inquestio-nável. Ficamos 30 anos sem ter música nas escolas e as crianças fo-ram perdendo o contato com esse maravilhoso patrimônio cultural brasileiro. O material do livro se baseia em brincadeiras e histórias cantadas, jogos musicais, batimen-tos e improvisações, e tem como objetivo o desenvolvimento da per-cepção do universo sonoro que nos rodeia.

E os livros para as crianças de 7 e 8 anos?

Os livros apresentam atividades de percepção, de identificação, de

realização vocal e corporal, de im-provisação, de introdução à grafia musical, muitos jogos, brincadeiras e atividades com instrumentos. Por exemplo, na atividade chamada Orquestrinhas, os alunos tocam instrumentos de percussão, seguin-do uma partitura com os desenhos dos instrumentos, acompanhados de uma obra musical perfeitamen-te adequada à partitura. Existem aspectos que permeiam todos os livros, como a audição ativa e as atividades de criação, aos quais já nos referimos. A música popular brasileira, suas diferentes fases e expressões são objeto de constan-te referência nos livros da Coleção, por sua excelência e por seu signi-ficado para a formação musical dos nossos alunos. Constam dos livros vários anexos para recortar, armar, colar, jogar, atividades que favore-cem um clima de alegria e descon-tração nas aulas de música. Assim, nossos jovens estudantes de músi-ca terão consciência de que tudo o que ouvem, criam e realizam ex-pressa algo de muito especial.

Que tipos de música estão mais presentes na Coleção?

Abordamos a música tradicional da infância, assim como a música popular brasileira, com vários de seus expoentes, com o objetivo de estabelecer certa intimidade entre nossos alunos e os grandes músicos e sua obra. Existem mui-tas atividades nos livros que ligam as crianças a compositores da mú-sica popular e da música erudita, que consideramos como patrimô-nio cultural universal e que deve ser oferecido aos alunos. Não po-demos privá-los desse patrimônio maravilhoso, mas também não de-vemos ter nenhum tipo de precon-ceito em relação a outros gêneros

musicais. Temos de considerar que a música que nossos jovens ouvem em casa, nas comunidades, deve ser acolhida na escola e ser um ponto de partida para a ampliação do seu universo musical.

Como foi elaborado esse material pedagógico?

O conteúdo da Coleção Educação Musical é baseado em um material didático original, desenvolvido ao longo de 40 anos no Núcleo Villa Lobos de Educação Musical. Essa Coleção é o resultado de um traba-lho de longo prazo e de uma vasta experiência. Nossos livros já estão sendo usados em algumas escolas e temos o depoimento de vários pro-fessores sobre a alegria dos alunos ao tomar contato com os livros e com a música.

Os livros da Coleção Educação Mu-sical da Editora Educacional podem ser adquiridos por meio da Total Educacional – Editora e Tecnologia, pelo e-mail [email protected], ou pelo telefone (31) 3296-5361.

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ações de cidadania

Com o apoio da UNESCO, por meio do Programa Criança Esperança, a Associação

Projeto Providência atende dia-riamente a cerca de 3 mil crian-ças e adolescentes que vivem em áreas de risco social, oferecendo complementação pedagógica, ati-vidades recreativas, atendimento odontológico e oficinas profissio-nalizantes. São três unidades em Belo Horizonte, em áreas extre-mamente vulneráveis, marcadas pela pobreza e pela violência: Vila Maria, Taquaril e Aglomerado da Serra.

O Projeto Providência conta hoje com 200 educadores, que aten-dem a estudantes na faixa etá-

ria entre 4 e 18 anos, divididos em dois turnos, manhã e tarde, entre as aulas de canto, teatro, esporte e capoeira e formação sociopolítica, ambiental e reli-giosa. Além das atividades para todas as idades, cada faixa etá-ria tem suas aulas específicas. Para as crianças de 4 a 6 anos, são oferecidas Educação Infantil e recreação na brinquedoteca; para as de 6 a 14 anos, sociali-zação infanto-juvenil, oficinas de trabalhos manuais e horticultu-ra. Já os adolescentes de 14 a 16 anos cursam oficinas de educa-ção pelo trabalho, e os de 16 a 18 anos, oficinas de arte culinária, arte em madeira, corte e costu-ra, eletricidade e informática.

A história

Fundador-presidente da Associação Projeto Providência, projeto social que busca a promoção humana e a garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, padre Mário Pozzoli, de 80 anos, é uma figura admirável. Missionário italiano da Congregação dos Padres Barnabi-tas, atuou por 20 anos no Pará e por cinco no Rio de Janeiro, antes de se instalar em Belo Horizonte, há 23 anos. Desde então, a vida do sacerdote se confunde com a histó-ria do Projeto Providência.

Tudo começou quando, atendendo a um pedido do então arcebispo de Belo Horizonte, cardeal Dom Sera-

Projeto ProvidênciaCriança Esperança apoia projeto que é exemplo de esforço e dedicação em benefício de crianças e adolescentes carentes

Unidade Fazendinha do Projeto Providência

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fim Fernandes de Araújo, padre Má-rio resolveu “fazer alguma coisa” pe-las crianças da comunidade em que era pároco: a Vila Maria, antiga Fave-la dos Caixotes, que tinha esse nome por se tratar de um amontoado de casas de madeirite. Sensibilizado com o grau de pobreza e vulnera-bilidade social, o missionário iniciou sua obra, um exemplo de esforço e superação, reconhecida nacional e internacionalmente.

Desde 1988, o sacerdote tem feito muito por milhares de pessoas vul-neráveis, livrando-as de seu estado de miséria e desesperança, dando-lhes atenção, formação humana e profissional. As famílias de baixa renda da comunidade acreditaram

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no sonho de padre Mário e levaram seus filhos para o Projeto, onde re-ceberam comida, atenção, apoio escolar, formação humana e espiri-tual. As primeiras crianças que en-traram para o Projeto Providência hoje são adultas.

Em uma iniciativa de muita ousadia – marca pessoal do sacerdote –, pa-dre Mário pediu à sua congregação na Itália uma imagem de Nossa Se-nhora da Divina Providência, para ser a padroeira do Projeto. Só que ele não queria uma imagem clássi-ca, com Nossa Senhora e o Menino Jesus de rostos redondos, pele e cabelos claros. Pensando nisso, o missionário fotografou crianças e adolescentes da Vila Maria, enviou à Itália e solicitou uma imagem mais condizente com a sua realida-de: Nossa Senhora de cabelos escu-ros, com o bebê moreninho. Tudo isso para que aquela comunidade pudesse se identificar com a mãe e com o menino em seus braços.

Novas unidades

Mesmo com todas as dificuldades encontradas na Vila Maria, padre Mário percebeu que as sementes plantadas renderam bons frutos. Era preciso, então, semear em ou-tra região vulnerável de Belo Hori-

zonte. Assim, em 1994, foi inaugu-rado o Projeto Providência Páscoa, no Taquaril, segunda unidade da Associação. Tudo aconteceu como na primeira unidade: as famílias que queriam um lugar seguro para deixar os filhos enquanto trabalha-vam, as que precisavam afastá-los das ruas e da inatividade ou que procuravam um direcionamento para a vida de suas crianças recor-reram ao Projeto.

Em pouco tempo, a Associação estava atendendo a mais de mil crianças e adolescentes. Os ga-nhos foram imediatos: vários dos atendidos ficaram mais tranqui-los, melhoraram seu desempenho escolar, se profissionalizaram e conseguiram um trabalho fixo. O número de crianças e jovens que recorriam ao Projeto nunca parou de crescer, e o missionário jamais negou ajuda.

Em 2000, o Projeto Providência passou a atender a mais uma região de baixa renda, instalando sua ter-ceira unidade, denominada Fazen-dinha, no Aglomerado da Serra. Lá, a receptividade foi igualmente sur-preendente. Os moradores chega-vam ao Projeto melancólicos, sem autoconfiança e seduzidos pelo trá-fico de drogas.

Dedicação

Para se ter uma ideia dos proble-mas sociais enfrentados pelas re-giões atendidas, a maior taxa de mortalidade, até os 5 anos de ida-de, é registrada no Taquaril, que ocupa o quarto lugar no ranking de homicídios. Já a Vila Maria si-tua-se no bairro mais violento de Belo Horizonte. Mesmo com tudo isso, o Projeto Providência tornou-se uma referência em afetividade e promoção humana. As três uni-dades juntas têm uma despesa diária muito alta, e padre Mário sua a camisa e bate em muitas portas para obter o apoio finan-ceiro necessário. É preciso muita fé e coragem e, felizmente, isso não falta!

O Projeto Providência nunca viveu financeiramente tranquilo. A ba-talha para conseguir recursos para se manter é diária, nunca cessou. Para funcionar e responder por todas as despesas, além do apoio do Programa Criança Esperança, o sacerdote recorre ainda aos ami-gos, ao poder público e aos em-presários, conta com a parceria de organizações nacionais e inter-nacionais e recebe contribuições individuais de quase 3 mil mora-dores da capital mineira.

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Confira, a seguir, a entrevista con-cedida por padre Mário Pozzoli à Linha Direta.

Quais os principais trabalhos rea-lizados pelo Projeto Providência?

O primeiro é o desenvolvimento integral das crianças, seja na par-te de estudo, seja na parte de so-cialização. Quem vive em favelas fica praticamente fechado, sem poder sequer sair de casa. Outro trabalho importante que fazemos é a preparação dos educandos, adolescentes e jovens para o mer-cado de trabalho, o que é feito em quatro anos. Os adolescentes que têm entre 14 e 16 anos ainda não podem aprender a trabalhar, então desenvolvemos as oficinas de educação para o trabalho e as oficinas domésticas. Por exemplo, temos a oficina Artes em Madeira, em que eles trabalham só o manu-al, durante dois anos. Eles serram, lixam, pregam e medem, mas só manualmente. Essas atividades, além de estar em concordância com a lei, têm uma finalidade prática, porque futuramente, em suas casas, mesmo sem maquiná-rio, eles poderão resolver os pro-blemas domésticos com facilida-de, visto que aprenderam a fazer o trabalho manualmente.

Como foi o início do Projeto?

Eu era vigário de uma paróquia que ficava na Vila Maria. Dom Se-rafim me pediu para fazer alguma coisa pelas crianças e adoles-centes que iam pedir esmola no centro. Naquela época, não ha-via nada que pudesse prepará-los para a vida. Então começamos: sem regra, sem dinheiro, sem nada. Eu vim do Pará para passar um ano em Belo Horizonte. Mas comecei a cuidar da paróquia e surgiu o Projeto. Quando chegou o tempo de voltar, disse aos meus superiores que não tinha como abandonar tudo. Desse dia até hoje, já se passaram 23 anos.

O senhor deixou de ser vigário?

Deixei porque não dava mais con-ta. São quase 3 mil crianças, com os mais diversos problemas, mais de 200 funcionários e uma luta danada para conseguir dinheiro e fechar os convênios. Quando saí da Vila Maria e abri a segunda unidade do Projeto, no Taquaril, Dom Serafim me dispensou. A mi-nha paróquia agora é a favela.

Como foi feita a escolha dos lo-cais que receberam as outras unidades?

Acho que só Deus sabe. Quando o Projeto chegou ao Taquaril, não tinha nada: não havia escola, não havia igreja, a única obra social que existia era uma caixa d’água. O local onde hoje está inserido o Projeto Providência era ape-nas uma colina, de onde tiramos muita terra para construção. Era completamente abandonado.

Que apoios o Projeto recebe?

Os apoios mudam muito com o tempo. No início, a Conferência Episcopal Italiana ajudava. Tive-mos um apoio muito grande da UNESCO, antes mesmo de ela as-sumir a gestão do Criança Esperan-ça. Tivemos o apoio da UNESCO da França e, sobretudo, da UNESCO da Alemanha. A representante ale-mã visitou o Projeto Providência, gostou, ficou muito entusiasmada e me convidou para ir à Alemanha. Eles ajudaram muito. Até que um dia foi necessário encerrar a ajuda porque estavam indo para a Áfri-ca, que também precisa muito de ajuda. Hoje, recebemos o apoio do Criança Esperança. Recebemos também a ajuda de outras institui-ções menores, como é o caso da Fundação José Fernandes, funda-da por Dom Serafim, e de muitas outras. Mas nossa despesa é muito

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alta, de aproximadamente R$ 170 mil mensais.

Quem são os atendidos?

No Projeto Providência, aten-demos à Educação Infantil, que abrange as crianças entre 3 anos e meio e 6 que ainda não estão na escola. As crianças com mais de 6 anos ficam quatro horas na escola e mais quatro no Pro-jeto. Temos um convênio com a prefeitura, que abrange a Edu-cação Infantil e as crianças en-tre 6 e 14 anos. Agora, para os adolescentes, acima de 14 anos, infelizmente não vêm recursos do governo. Inclusive, no Brasil, parece que não existem jovens

de 15 anos, porque não tem ne-nhuma organização que atenda a essa faixa etária. Até 14 anos, há a socialização, e a partir dos 16, começa a preparação para o trabalho. Para os de 15 anos não tem nada.

Como o senhor se sente depois de tantos anos de trabalho nas comunidades carentes?

Apesar de eu já estar com 80 anos, um pouco cansado e doen-te, me sinto animado só de ver a realização das crianças. Eu es-tava internado com pneumonia e, certo dia, veio um rapaz, me disse que se chamava Fernando e que estudou Marcenaria no Pro-

jeto Providência da Vila Maria. Ele me contou que trabalhou três anos como marceneiro para pagar a universidade e estava ali no hos-pital fazendo estágio como enfer-meiro. Esse era o sonho dele. Veja então que a preparação para o trabalho que fazemos não neces-sariamente será o futuro de cada um, mas vai dar condições para que eles organizem melhor esse futuro. Outro ganho importan-te para a comunidade é que 90% dos educadores do Projeto são da favela. E temos casos de uns 150 educadores que conseguiram estudar em universidades com o salário que recebem do Projeto. Além disso, o Projeto também contribui com o desenvolvimento econômico da comunidade, já que damos emprego a tantas pessoas que gastam a maior parte do di-nheiro dentro da favela.

Qual a maior recompensa que o Projeto Providência recebe?

Ver as crianças se realizarem, terem vida plena e integral. Na favela, elas não teriam condições para isso. Com o Projeto, elas fi-cam ocupadas o dia inteiro: qua-tro horas na escola, quatro aqui, têm boa alimentação, tratamen-to odontológico e socialização, que também é muito importante. A filosofia ou teologia do Projeto é: se nós fazemos todo o possí-vel, Deus faz o impossível. Tem gente que, porque não pode fa-zer muito, não faz nada. Então eu digo para fazer o pouco que pu-der, que depois Deus faz do jeito Dele. No meu caso, são 23 anos, do jeito de Deus.

www.projetoprovidencia.org

Padre Mário Pozzoli com crianças do Projeto Providência

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espaço ibero-americanoespacio iberoamericano

Buscando soluciones // Em busca de soluções

Representantes de México, Honduras y El Salvador hablan sobre las dificultades educacionales de sus países // Representantes do México, Honduras e El Salvador falam sobre as dificuldades educacionais de seus países

Desarrollo de sistemas educacionales, incentivos salariales, formación de profesores, desarrollo económico y social, enfrentamiento de la crisis

mundial. Estos fueron algunos de los temas debatidos por los ministros, o sus representantes, durante la XXI Conferencia Iberoamericana de Educación, realizada por la Organización de los Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI), en Asunción, Paraguay, al final del mes de septiembre de 2011. Gran parte del debate tuvo como punto de partida el Informe del Consejo Asesor, presentado en la edición de noviembre de Linha Direta.

Vea a continuación, parte de las declaraciones de tres autoridades presentes en el evento. En las próxi-mas ediciones, divulgaremos otras declaraciones. // Desenvolvimento de sistemas educativos, incenti-vos salariais, formação de professores, desenvolvi-mento econômico e social, enfrentamento da crise mundial. Esses foram alguns dos temas debatidos pelos ministros, ou seus representantes, durante a XXI Conferência Ibero-americana de Educação, realizada pela Organização dos Estados Ibero--americanos para a Educação, a Ciência e a Cultu-ra (OEI), em Assunção, Paraguai, no final do mês de setembro de 2011. Grande parte do debate teve como ponto de partida o Relatório do Conse-lho Assessor, apresentado na edição de novembro da Linha Direta.

Confira a seguir parte dos depoimentos de três au-toridades presentes ao evento. Nas próximas edi-ções, divulgaremos outros depoimentos.

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Francisco Ciscomani Freaner, jefe de delegación de México, director de la Unidad de Planeación y Eva-luación de Políticas Educativas de la Secretaría de Educación Pública (SEP) - Este esfuerzo de integrar-nos y podernos ver qué avances y qué oportunidades tenemos en el desarrollo de los sistemas educativos en nuestros países es importante. Me preocupa un pronunciamiento del Consejo Asesor sobre las evalu-aciones internacionales y nacionales que pueden, o no, tener consecuencias o mecanismos punitivos que normalmente no lo tienen. Este punto está relaciona-do, entre otras cosas, con incentivos salariales. Una reciente creación de evaluación, la llamada prueba enlace, es un logro educativo, negociado con diver-sos factores del ámbito nacional, incluido sindicatos y sociedad civil. Esquemas que permiten evaluar los logros educativos de los alumnos y, con base en eso, premiar a los maestros, es decir, darles incentivos de carácter económico, tanto en la carrera magisterial como en la calidad docente. Quiero aclarar que no se trata de quitar a los maestros, de implementar un esquema punitivo, si no de premiar. Y, en todo caso, la participación de esos mecanismos es voluntaria. Estoy manifestando este punto porque, se consultó a los factores sociales que, seguramente, participaron del debate del Consejo Asesor, incluyendo los sindica-tos, no podrían suscribir un pronunciamiento de esta naturaleza. No quiero con esto pedirles que, de algu-na manera, modifiquen el Informe. Quiero que cono-

zcan la posición que mantengo en México y que está siendo implementada. No podría simplemente guar-dar silencio y pensar que no va suceder nada. Prefie-ro ser transparente e ir al punto, porque en México, todo tipo de evaluación internacional o nacional es debatido públicamente, y eso crea más crítica en tor-no al poder, que hoy es el centro de las políticas pú-blicas de educación en México. Sé que algunos otros países podrían estar en línea con esto, o no necesa-riamente opinar lo mismo. Pero quería ser claro en este tema. // Francisco Ciscomani Freaner, chefe da delegação do México, diretor da Unidade de Planejamento e Avaliação de Políticas Educativas da Secretaria de Educação Pública (SEP) - É impor-tante esse esforço de nos integrarmos e podermos ver que avanços e oportunidades teremos no de-senvolvimento dos sistemas educativos em nossos países. Me preocupa um pronunciamento do Con-selho Assessor sobre as avaliações internacionais e nacionais que podem, ou não, ter consequências ou mecanismos punitivos que normalmente não têm. Este ponto está relacionado, entre outras coisas, com incentivos salariais. Uma avaliação criada recentemente, a chamada prova enlace, é um ganho educativo, negociado com diversos fa-tores de âmbito nacional, incluindo sindicatos e sociedade civil. Esquemas que permitem avaliar os ganhos educativos dos alunos e, com base nis-so, premiar os professores, quer dizer dar-lhes in-centivos de caráter econômico, tanto na carreira magistral como na qualidade docente. Quero es-clarecer que não se trata de inibir os professores, de implementar um esquema punitivo, mas sim de premiar. E, em todo caso, a participação nesses mecanismos é voluntária. Estou ressaltando este ponto porque, se consulto os fatores sociais que, seguramente, participaram do debate do Conse-lho Assessor, incluindo os sindicatos, estes não poderiam confirmar um pronunciamento dessa natureza. Não quero com isto lhes pedir que, de alguma maneira, modifiquem o Relatório. Quero que conheçam a posição que mantenho no México e o que está sendo implementado. Não poderia simplesmente guardar silêncio e pensar que não vai acontecer nada. Prefiro ser transparente e ir ao ponto, porque no México todo tipo de avaliação internacional ou nacional é debatido publicamen-te, e isso cria mais crítica em torno do poder, que hoje é o centro das políticas públicas de educação no México. Sei que alguns outros países poderiam estar alinhados com isso, ou não necessariamente manifestar a mesma opinião. No entanto, queria ser claro nesse aspecto.

Fotos: MEC Paraguay

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Elia Delcid de Andrade, viceministra de Educa-ción de Honduras - Hemos tenido muchas dificul-tades en identificar el número de grupos de dis-capacidad en los diferentes centros educativos, tomando como punto de partida el enfoque de inclusión. Con los grupos de afrodescendientes y los grupos indígenas también hemos tenido mu-chas dificultades, dada la situación política, que busca soluciones eventuales sin sostenibilidad y sin continuidad. Por otro lado, vemos con alegría este nuevo esfuerzo de la OEI, que está tratando que tengamos en nuestras zonas rurales energía renovable para que las escuelas tengan electrici-dad y conectividad. Otro tema muy importante es la evaluación de desempeño docente. Creo que los incentivos se pueden ubicar no necesariamen-te como monetarios. Pienso que hay otras opor-tunidades que debemos dar a los docentes, direc-tores y a los consejos escolares en sí, un beneficio que realmente ellos sientan. Entonces esto debe ser un tema de mucho debate, y lo debemos con-siderar en cada uno de nuestros países, para que podamos darles este aporte. // Elia Delcid de

Salvador Sánchez Cerén, ministro de Educação de El Salvador - La educación se encuentra en un contexto de diversidad y de contradicción. En Centroamérica, la situación de los docentes es difícil, pero, en El Sal-vador, las demandas son enormes, porque no tene-mos capacidad financiera. Por eso, estamos buscando un consenso nacional. Y la búsqueda por un nuevo modelo implica repensar la educación, la clase, la es-cuela, la formación de los docentes. Creo que estos son los nuevos desafíos que las Metas Educativas 2021 nos plantean, pero no podemos pensar en las Metas, en el caso de El Salvador, sin su economía. Tenemos de garantizar el desarrollo económico, y este está garantizado por la productividad y competitividad. Como la competitividad está relacionada con conoci-miento y tecnologías educativas, la innovación e la in-vestigación son fundamentales. En Centroamérica, la mayoría de los países está amenazada por el crimen organizado, que amenaza las escuelas. Las escuelas no son centros de violencia, pero viven un entorno violento. Por lo tanto, son muy sabias las opiniones del Consejo Asesor, en el sentido de que esa inte-gralidad que se debe buscar en torno de las Metas 2021 tiene un contexto nuevo. Entonces, tenemos de integrar los temas de la educación inicial, educaci-ón para la vida, escuela inclusiva de tiempo pleno,

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Andrade, vice-ministra da Educação de Hondu-ras - Temos encontrado muitas dificuldades em identificar o número de grupos de portadores de necessidades especiais nos diferentes centros educativos, tomando como ponto de partida o enfoque da inclusão. Com os grupos de afrodes-cendentes e indígenas também temos tido muitas dificuldades, dada a situação política, que bus-ca soluções eventuais sem sustentabilidade ou continuidade. Por outro lado, vemos com alegria esse novo esforço da OEI, que está propondo que tenhamos energia renovável em nossas zonas ru-rais, para que as escolas tenham eletricidade e conectividade. Outro tema muito importante é a avaliação de desempenho docente. Creio que os incentivos não se caracterizam necessariamente como monetários. Penso que há outras oportuni-dades que devemos dar aos docentes, diretores e conselhos escolares em si, um benefício que eles realmente sintam. Então isso deve ser um tema de muito debate, e devemos considerá-lo em cada um de nossos países, para que possamos dar-lhes esse aporte.

una nueva organización, una nueva escuela y todas las innovaciones en ciencias y tecnologías. Creo que todas las evaluaciones son fundamentales para mejo-rar el sistema educativo, para ayudar a los docentes, para conocer las deficiencias del sistema. Todos co-nocemos las diferentes problemáticas que tiene los sistemas educativos en cada país, pero, para mí, la clave está en la palabra del Consejo Asesor, porque tiene capacidad de llegar a un acuerdo en el tema educativo. Somos la región con mejores condiciones de enfrentamiento de la crisis mundial. ¿Quién podría imaginar que Brasil está por ayudar a Europa a resol-ver su crisis? Los países emergentes tienen de hacer lo mismo en educación. // Salvador Sánchez Cerén, ministro da Educação de El Salvador - A educação se encontra em um contexto de diversidade e contradi-ção. Na América Central, a situação dos docentes é difícil, mas, em El Salvador, as demandas são enor-mes, porque não temos capacidade financeira. Por isso, estamos buscando um consenso nacional. E a busca por um novo modelo implica repensar a educa-ção, a aula, a escola, a formação dos docentes. Creio que esses são os novos desafios que as Metas Edu-cativas 2021 nos sugerem, mas não podemos pensar nas Metas, no caso de El Salvador, sem considerar sua economia. Temos de garantir o desenvolvimento

econômico, e este está atrelado à produtividade e à competitividade. Como a competitividade está rela-cionada a conhecimento e tecnologias educacionais, a inovação e a investigação são fundamentais. Na América Central, a maioria dos países está ameaça-da pelo crime organizado, que ameaça as escolas. As escolas não são centros de violência, mas vivem em um entorno violento. Portanto, são muito sábias as opiniões do Conselho Assessor, no sentido de que essa integralidade que se deve buscar em torno das Metas 2021 tem um contexto novo. Assim, temos de integrar os temas da educação inicial, educação para a vida, escola inclusiva de tempo pleno, uma nova organiza-ção, uma nova escola e todas as inovações em ciência e tecnologia. Creio que todas as avaliações são fun-damentais para melhorar o sistema educativo, para ajudar os docentes, para conhecer as deficiências do sistema. Todos conhecemos as diferentes problemá-ticas que têm os sistemas educativos de cada país, mas, para mim, a chave está na palavra do Conselho Assessor, porque ele tem capacidade de chegar a um acordo no tema educativo. Somos a região com me-lhores condições de enfrentamento da crise mundial. Quem poderia imaginar que o Brasil está para ajudar a Europa a resolver sua crise? Os países emergentes têm de fazer o mesmo na educação.

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conhecimento

Ir. Marlene Frinhani, CDP*

Desde sempre a humanida-de buscou o sentido mais profundo de sua existên-

cia. E, nesse movimento de bus-ca, perpassou gerações e mais gerações, até que chegou à ple-nitude dos tempos. “E o Verbo se fez Carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, a gló-ria que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de ver-dade.” (Jo 1,14)

Envoltos numa atmosfera de lu-zes e trevas, a espera foi gra-dativamente se delineando mais próxima, mais palpável, mais vi-sível. A luz rompe com a escu-ridão e acontece a intervenção contundente do anjo a anunciar o Mistério da Encarnação. “En-trando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é con-tigo... Eis que conceberás e da-rás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.” (Lc 1, 28.31)

Natal, festa da ternura de Deus

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A luz ilumina o seio de uma mu-lher e ela, fecundada pela graça do Altíssimo, concebe o projeto mais ousado da humanidade. Mis-tério Divino revestido do Mistério Humano. A mulher escolhida para romper com a espera foi uma jo-vem judia, capaz de interpretar o anúncio do anjo que vem da par-te de Deus, uno e trino.

Seguindo a indicação da luz que rompeu com as trevas, vamos acompanhando a linha da Histó-ria para encontrar o lugar onde se deu o acontecimento do Natal dessa criança. Vamos a Belém, pequena cidade de Judá, onde José e Maria foram se alistar, cumprindo a ordem de César Augusto. Vamos encontrar ali a mulher grávida pronta para dar à luz seu Filho. A criança nasce, envolvida no Mistério da Vida. É a Boa Notícia! É a glória de Deus se manifestando! É a simplicida-

de de uma criança! Os anjos can-tam: Glória a Deus nas alturas! Os pastores, instruídos pelos anjos, foram a Belém e prestaram as primeiras homenagens ao recém--nascido!

Façamos uma pausa diante desse Mistério. Pausa que exige de nós o dom da fé para enxergar a res-posta da humanidade em busca do sentido mais profundo da exis-tência. Não é um fato para ser noticiado e logo esquecido, assim como ouvimos as notícias do dia a dia. É um fato que teve sua res-sonância histórica. Nele nos de-bruçamos, se queremos chegar às entranhas do Mistério Divino se tornando visível na pequenez de uma criança. Quem não se exta-sia diante de uma criança recém--nascida?

É preciso criar espaços para cele-brar o Natal de Jesus: individuais,

em família ou em comunidade. O importante é criar uma atmosfe-ra que facilite os encontros, os presentes, os gestos, os símbo-los. Entremos no clima do Natal, espaço interior em que criamos meios para uma revisão da vida, um balanço dos valores, uma cor-reção de rotas, uma retomada do que é essencial e faz sentido na vida, uma iniciativa em busca do sonho perdido, ou em busca da pessoa esquecida, da criança desprezada que está dentro de nós. Espaço comunitário no qual reconhecemos as contradições de uma sociedade que busca a felici-dade e, por outro lado, se entre-ga às futilidades mais absurdas, à perversidade e à mediocridade e mesquinhez.

Ao reconhecer essas contradi-ções, quais são os sentimentos mais frequentes? Seria a indife-rença? Seria a indignação? Como

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reagimos? Temos notícias de gestos pequenos, cotidianos e domésticos, que refletem o agir daqueles que se dizem cristãos. Existe um espaço de maior abran-gência onde nos surpreendemos com a globalidade do planeta, com todos os seus sinais de súpli-ca, pedindo uma presença terna, exigindo nossa atenção.

Em todos esses espaços, é ur-gente o cuidado com a espiritua-lidade na educação. Não existe idade para essa compreensão atualizada. Todas as idades são convidadas a se postar diante da simplicidade da celebração do Natal para tirar dela, dessa fon-te inspiradora, a ousadia de se lançar no projeto de salvação da humanidade.

Falo da ousadia de rever concei-tos, de avançar na busca do sen-tido mais profundo da existência. Falo da necessidade de fazermos uma releitura do projeto salvador da humanidade à luz do Natal de Jesus. Todas as pessoas, todas as nações, todos os povos, todos são convidados para pertencer e par-ticipar desse projeto. Cada ano, ao entrarmos no clima de advento em preparação para o Natal, revi-sitamos o cenário de simplicidade da manjedoura para contemplar a raiz do Mistério, a pessoa de um Deus que se faz Homem para ca-minhar com a humanidade, ouvir suas angústias, confirmar suas es-peranças, celebrar suas alegrias

e recomeçar a busca de sentido para sua existência.

A ternura de Deus Pai consiste em sermos contemplados por seu olhar amoroso. Ele, que olha para nós como o pai olha seus filhos e suas filhas, e pacientemente lhes ensina o jeito humano de viver, vem dizer: “Onde está você, meu filho, minha filha? Venha para meu convívio e nada há de lhe faltar. Dei-lhe o meu Filho Ama-do para assegurar-lhe que nunca vou abandonar a humanidade, nunca vou desistir de educá-la na fé, nunca vou desacreditar dos meios para que esteja pre-sente a minha mão, sempre ao seu alcance. Mestres e mestras, vocês são convidados a serem os mensageiros da minha notícia, a notícia de que a paz e a justiça se abraçam, de que a paz é possí-vel para todos, de que a verdade ilumina e engrandece as relações humanas.”

Recordo agora a profecia messiâ-nica de Isaías 11, 1-2: “Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento, Espírito de pru-dência e de coragem, Espírito de ciência e de temor ao Senhor.”

*Conselheira da Rede Católica de Educação

www.redecatolicadeeducacao.com.br

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inovação

Liany Cavalaro*

TECNOLOGIA em DEBATE

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Mais do que nunca, os educadores estão sendo conduzidos a repensar

a educação, já que não podem continuar fechando os olhos para o poder avassalador que a tec-nologia exerce no mundo atual. As crianças estão muito exigen-tes. E atender às expectativas de uma geração que tudo que toca, ouve, veste e brinca é pro-veniente da tecnologia não é ta-refa muito fácil. Acostumados a apertar botões, a mergulhar no mundo das imagens eletrônicas e a se expressar além das pala-vras, crianças e jovens, quando chegam à escola, não aceitam as concepções antigas de ensino. A aula tradicional, a lousa e o giz, em nada motivam os estudantes da nova geração, que são críticos e participativos, querem aulas dinâmicas, com temas atuais, em que possam se expressar e dar sua opinião.

Ao nos depararmos com esse ce-nário, pensamos, num ato pre-cipitado, em simplesmente le-var para dentro da sala de aula computadores, tablets, DVDs, projetores, óculos de terceira di-mensão e tantos outros gadgets que aparecem no mercado. En-tretanto, o primordial é nos lem-brarmos sempre de que o pro-cesso pedagógico vem antes da tecnologia, e nunca o contrário. Quando pensamos primeiro no processo pedagógico, verificamos que, a despeito de todos os lan-çamentos de aparelhos eletrôni-cos, o que importa é montar um planejamento em que as novas

metodologias de ensino em sala de aula realmente acrescentem e favoreçam a aprendizagem. Muitas escolas estão recebendo equipamentos sem saber muito bem o que fazer com eles.

Outro aspecto importante a ser analisado refere-se às novas rela-ções que estão ocorrendo entre o homem e os meios de comunica-ção, com especial atenção para a internet. O desenvolvimento da internet é ao mesmo tempo estimulante e assustador. Quan-to mais as pessoas têm acesso à tecnologia, menor o controle so-bre sua utilização. Não há dúvida de que a tecnologia digital, assim

como a imprensa, pode ser em-pregada para maus e bons pro-pósitos com a mesma facilidade. Portanto, tornar-se um mediador desse novo mundo é o papel que a escola e os educadores deverão assumir, não só pela dubiedade de valores e informações que se encontram na rede, mas tam-bém por ser fundamental que o processo de aprendizagem use as mesmas estratégias de comu-nicação do cotidiano dos alunos. Assim, acostumados a transitar por ambientes digitais, perma-nentemente conectados, eles veem o mundo em fragmentos de

imagens e textos que se conec-tam de forma não linear.

Hoje, o educador deve compreen-der tanto os bits quanto os livros, e identificar o potencial do com-putador como meio expressivo semelhante à câmera cinemato-gráfica. O professor do futuro terá de superar as fronteiras habituais de tempo (o período escolar) e es-paço (a sala de aula) e pensar na criação de micromundos partici-pativos. A tecnologia não aumen-ta a produtividade dos docentes, mas estimula o compromisso, a criatividade e a crítica, fatores fundamentais para um bom de-sempenho em sala de aula.

Assumir a internet como ambien-te educacional é hoje inevitável. Dominar esse meio de forma a conduzir nossas crianças e jo-vens para uma prática saudável e consciente é o caminho a seguir. E, em todo esse processo, o pa-pel principal, sem dúvida, conti-nua sendo o do professor.

*Coordenadora de Inovação do J. Piaget Sistema de Ensino Multi-mídia, formada em Comunicação Social e pós-graduada em Novas Mídias

www.jpiaget.com.br

... o primordial é nos lembrarmos sempre de que o processo pedagógico vem antes da

tecnologia, e nunca o contrário.

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intertexto

Carlos Eduardo Bindi*

Asegurança

nos vestibulares

Em outubro de 2009, logo após a anulação do Enem por va-zamento da prova, escrevi o texto que vai ser republicado a seguir. Ele foi editorial do jornal Tendências do Vestibular.

Nesse editorial, apontei o risco extremamente alto – e desneces-sário – provocado pelos pré-testes usados pelo Enem. O novo vaza-mento de 2011, no Ceará, de algumas das questões pré-testadas, confirmou o previsto. Um desastre anunciado.

Comparemos a segurança dos exames vestibulares, como os da USP, Unicamp e Unesp – que envolvem cerca de 200 mil estudantes dentro de basicamente um único Estado –, com as condições de se-gurança do novo Enem – com milhões de participantes espalhados por todos os Estados do País.

A segurança dos vestibulares das três universidades estaduais pau-listas é obsessiva, chegando a ser mantida por mestres e doutores

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ina Sanders/Photoxpres

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que acompanham o processo até a impressão gráfica. É impensá-vel para esses exames pré-testar as questões aplicadas. As me-didas de segurança não foram implementadas de uma hora para outra. A Fuvest, que nasceu em 1976, tem seu sigilo protegido com medidas inspiradas, em boa parte, por um de seus direto-res, professor da Poli USP, que também havia servido na segu-rança pública do Estado de São Paulo. As eficientes práticas de preservação dos exames de ingresso na USP foram transferidas à Unicamp e à Unesp. Podemos dizer, sem exagero, que o sigilo dos vestibulares oficiais de São Paulo tem sido garantido, há dezenas de anos, por um sistema que se apoia, mesmo para suas operações mais básicas, na integridade da elite intelectual formada por essas universidades.

Isso é garantia absoluta de que não venham a ocorrer problemas? Claro que não. Todo processo tem riscos, mas o que vemos na prá-tica é algo que tem funcionado bem. A comprovação está na am-pla aceitação dos resultados desses vestibulares por mais de 100 mil candidatos que anualmente ficam entre os não selecionados.

O Enem tem dimensões que exigem medidas de segurança até mais sérias do que as mantidas pelas universidades estaduais de São Paulo. Em 2009, o Exame passou de uma pequena prova com 63 questões, aplicadas em um único dia, para uma imensa prova de 180 questões, aplicadas em dois dias seguidos. Além disso, os responsáveis por esse novo Enem decidiram que as questões apli-cadas fossem pré-testadas.

A decisão pela mudança ocorreu já no meio do primeiro semes-tre, com pouquíssimo tempo para a organização de sua realização. Apesar de tantos riscos, a segurança do Enem começou com a guarda baixa. Questões pré-testadas introduziram uma tolerância imensa ao risco de vazamento de informações. O sigilo parece ter deixado de ser uma preocupação obsessiva.

O sigilo e a segurança das provas de seleção são essenciais. Eles só parecem triviais para alguns, porque os esforços incríveis dos coordenadores dos vestibulares têm dado certo. Basta uma falha e se percebe como é essencial esse trabalho de preservação. É como voar num avião. Tudo parece tranquilo até ocorrerem falhas.

*Educador e diretor do Sistema Etapa

www.sistemaetapa.com.br

... o sigilo dos vestibulares oficiais de São Paulo tem sido garantido (...) por um sistema

que se apoia (...) na integridade da elite intelectual formada por essas universidades.

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ina Sanders/Photoxpres