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    Embalagem comestvel

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    A grande novidade do novo tipo de embalagem que o consumidor no precisa remov-la. Ela pode ser ingeridasem causar dano sade porque no metabolizada pelo organismo humano e sua passagem pelo tratogastrointestinal incua. A embalagem serve para prolongar o tempo de prateleira de frutas, verduras, laticnios,carnes, pescados e outros alimentos perecveis, mantendo a sua integridade estrutural e protegendo-os dosmicrorganismos que causam a degradao do produto. A novidade faz parte de um estudo realizado em parceriaentre pesquisadores brasileiros e portugueses para o desenvolvimento de filmes e revestimentos comestveis emescala micromtrica e nanomtrica para fins alimentares.

    A inovao, ainda em fase de testes, dever ter impacto na agroeconomia, porque, ao conservar os alimentosfrescos por mais tempo, ajudar a reduzir o desperdcio de frutas e verduras que, segundo estatsticas doMinistrio da Agricultura, chega a 35% da produo brasileira. No Brasil as pesquisas so conduzidas peloDepartamento de Bioqumica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em Portugal esto a cargo doInstituto de Biotecnologia e Bioengenharia da Universidade do Minho (Uminho), em Braga. Os dois gruposiniciaram a cooperao em 2005 em um projeto financiado pela Unio Europeia o Alfa-Valnatura , do qual

    fizeram parte tambm instituies de outros cinco pases: Argentina, Cuba, Espanha, Irlanda e Mxico. Depois ogrupo de brasileiros e portugueses continuou os estudos em outros programas.

    Os nanofilmes ou nanorrevestimentos comestveis so pelculas finas incolores, invisveis a olho nu, que envolvemcompletamente o alimento. So constitudos por vrias camadas de polissacardeos, polmeros naturais h temposusados pela indstria na fabricao de caldos de cozinha, por exemplo. Para o desenvolvimento da nanopelcula,vrios polissacardeos foram testados. Podemos destacar alguns polissacardeos que apresentam boaspropriedades de barreira seletiva passagem de gases, tais como a quitosana, extrada da carapaa decrustceos, o alginato, de algas marinhas marrons, a k-carragenana, de algas vermelhas, o policaju, da goma docajueiro, e a pectina, cuja fonte comercial mais importante a polpa de ma e cascas de frutas ctricas, diz abioqumica Maria das Graas Carneiro da Cunha, da UFPE. As nanopelculas feitas com esses polissacardeos n

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    tm gosto e, por isso, no interferem no sabor dos alimentos. O teor de calorias muito baixo e os alimentospodem ser consumidos por diabticos, diz Maria das Graas.

    Baixo custo

    A pesquisadora explica que existem trs rotas para a aplicaodesses nanomateriais. A primeira por meio da imerso doalimento em solues polieletrolticas, formadas porpolissacardeos ou protenas. Como resultado, obtm-se o

    revestimento nanolaminado, capaz de mudar, em muitos casos,as caractersticas da superfcie. Esse mtodo, segundo Mariadas Graas, considerado de baixo custo e verstil. umatcnica simples e sem necessidade de equipamentoscomplexos. Outra maneira de se obter o revestimentonanolaminado por asperso das mesmas soluespolieletrolticas sobre o alimento. Trata-se tambm de uma boaopo porque pode ser adaptada s condies existentes na indstria alimentcia para a lavagem de alimentos.Por fim, existe uma outra aplicao em que o alimento envolvido por um filme como se fosse coberto por umapelcula transparente. Nesse caso, a pelcula, embora muito fina, mais volumosa, em escala micromtrica.

    No vejo prs e contras em cada um desses mtodos. Vai depender do tipo de alimento e da finalidade desejadadiz a pesquisadora da UFPE. Pelo que tenho visto no Brasil, o mtodo de imerso bastante vivel, porque soutilizados tanques onde as frutas so mergulhadas para receberem o tratamento de preservao. Mas o mtodo dasperso tambm possvel, porque as frutas passam por um processo convencional de lavagem antes de recebeo tratamento de preservao. S aps uma anlise geral, incluindo os custos, que se poder afirmar qual dosmtodos mais adequado, diz ela. Essa tambm a opinio do engenheiro qumico portugus Jos Teixeira, quecoordena as pesquisas na Universidade do Minho, ao lado do pesquisador Antnio Vicente. At o momento, testefeitos em laboratrio mostraram os mesmos resultados quanto conservao dos produtos, mas com diferentesgastos de utilizao de pelcula. Ainda prematuro afirmar qual dos mtodos ser mais vivel no meio industrial,diz Jos Teixeira.

    Uma vantagem adicional das nanopelculas o fato de elas permitirem a incorporao de compostos bioativos,como antimicrobianos e antioxidantes. A pelcula pode tornar-se um veculo para a incorporao dessescompostos, permitindo ter um alimento com melhores propriedades, afirma o pesquisador portugus. Os agentesmicrobianos e antioxidantes podem ser liberados gradualmente na superfcie dos alimentos, destaca Maria dasGraas. Em Portugal, testes realizados com pelculas finas em escala nanomtrica tiveram resultados animadoresO nvel de perdas de morangos caiu 30% e de queijos, 20%, segundo a equipe da Uminho. No Brasil, o engenheirode pesca Bartolomeu Souza, que concluiu seu doutoramento em novembro de 2010 na instituio portuguesa, temaplicado filmes e revestimentos comestveis em escala micromtrica para prolongar o tempo de prateleira depescados. Nossos estudos revelaram que amostras de salmo revestidas com a pelcula apresentaram umcrescimento microbiano mais lento, o que permitiu prorrogar por trs dias o prazo de validade do peixe resfriado,

    diz Bartolomeu. Depois de voltar de Portugal, ele foi aprovado em um concurso para professor da UniversidadeFederal do Cear (UFC).

    Os testes com as diferentes pelculas desenvolvidas pelos cientistas brasileiros e portugueses avanam, mas elesainda no obtiveram autorizao das autoridades sanitrias dos dois pases para uso comercial. Empresasbrasileiras e estrangeiras j demonstraram interesse em comercializar a tecnologia, mas, segundo Maria dasGraas, ainda estamos em estgio de negociaes.

    Artigo cientfico

    Medeiros, B.G.S. Polysaccharide/protein nanomultilayer coatings: construction, characterization and evaluation oftheir effect on rocha pear (Pyrus communisL.) Shelf-life. Food and Bioprocess Technology.Publicado on-line

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    http://www.springerlink.com/content/90m702442640j0x3/
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    em 20 de janeiro de 2011.

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