Revitalização e Perfuração de Poços Tubuares Em Assentamentos Da Reforma Agrária Do RS

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 1 XV CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS REVITALIZAÇÃO E PERFURAÇÃO DE POÇOS TUBULARES EM ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA DO RS Marcelo Goffermann 1 ; Heinz Alfredo Trein 2 RESUMO - Este trabalho apresenta os resultados preliminares da execução do Projeto REVITALIZAÇÃO E PERFURAÇÃO DE POÇOS TUBULARES EM ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRÁRIA DO RS, executado em parceria da CPRM – Serviço Geológico do Brasil com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Este projeto visa minimizar a falta de água nos assentamentos do Estado do Rio Grande do Sul, pois é cada vez maior o número de assentados que buscam órgãos públicos pleiteando demandas focadas na falta de água, principalmente para consumo humano. Para atender a esta demanda crescente, a CPRM realizou, entre os anos de 2006 e 2007, 55 diagnósticos nestes assentamentos, avaliando as necessidades de revitalização de poços existentes ou indicando a perfuração de poços novos. O produto final deste primeiro diagnóstico foi à necessidade da perfuração de 35 poços novos e a revitalização de 25 poços antigos, perfurados principalmente pela secretaria de agricultura e abastecimento do estado do Rio Grande do Sul. Desta demanda, até março de 2008 foram revitalizados 06 poços e perfurados 04 poços novos, atendendo cerca de 500 famílias. 1 Geólogo, CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Superintendência Regional de Porto Alegre. Rua Banco da Província, 105. Santa Tereza. Porto Alegre, RS CEP: 90840-030. Fone: 51-32337311. Fax 51-32337772. e-mail: [email protected] 2 Geólogo, CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Superintendência Regional de Porto Alegre. Rua Banco da Província, 105. Santa Tereza. Porto Alegre, RS CEP: 90840-030. Fone: 51-32337311. Fax 51-32337772. e-mail:[email protected]

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Poços tubulares

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XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 1XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS REVITALIZAOEPERFURAODEPOOSTUBULARESEM ASSENTAMENTOS DA REFORMA AGRRIA DO RS Marcelo Goffermann 1; Heinz Alfredo Trein2 RESUMO-EstetrabalhoapresentaosresultadospreliminaresdaexecuodoProjeto REVITALIZAOEPERFURAODEPOOSTUBULARESEMASSENTAMENTOSDA REFORMAAGRRIADORS,executado em parceriadaCPRMServioGeolgicodoBrasil com o Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (INCRA). Este projeto visa minimizar a falta de gua nos assentamentos do Estado do Rio Grande do Sul, pois cada vez maior o nmero deassentadosquebuscamrgospblicospleiteandodemandasfocadasnafaltadegua, principalmenteparaconsumohumano.Paraatenderaestademandacrescente,aCPRMrealizou, entre os anos de 2006 e 2007, 55 diagnsticos nestes assentamentos, avaliando as necessidades de revitalizao de poos existentes ou indicando a perfurao de poos novos. O produto final deste primeirodiagnsticofoinecessidadedaperfuraode35poosnovosearevitalizaode25 poosantigos,perfuradosprincipalmentepelasecretariadeagriculturaeabastecimentodoestado doRioGrandedoSul.Destademanda,atmarode2008foramrevitalizados06poose perfurados 04 poos novos, atendendo cerca de 500 famlias. 1 Gelogo, CPRM Servio Geolgico do Brasil. Superintendncia Regional de Porto Alegre. Rua Banco da Provncia, 105. Santa Tereza. Porto Alegre, RS CEP: 90840-030. Fone: 51-32337311. Fax 51-32337772. e-mail: [email protected] 2Gelogo, CPRM Servio Geolgico do Brasil. Superintendncia Regional de Porto Alegre. Rua Banco da Provncia, 105. Santa Tereza. Porto Alegre, RS CEP: 90840-030. Fone: 51-32337311. Fax 51-32337772. e-mail:[email protected] XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 2ABSTRACT - Partial results from Water Well Drilling and Rebuilding / Rehabilitations Project at settlement from Land Reform Program at Rio Grande do Sul, south Brasil, are presented.This project is developed as a Cia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM, Geological SurveyofBrazil)andInstitutoNacionaldeColonizaoeReformaAgrria(INCRA,brasilian LandReformintituition)partnership,meaningaportwatersupliestoRioGrandedoSulLand Reform settlements, on a first approach focused on drinking water. Whit thegoal of atendingthegrowing demmandofcountrysettlement for water supplies, CPRMrunneddemandevaluation/diagnosisinanumberof55communitiesduringtheyears 2006 and 2007, checking for needs of eatherrehabilitations or weel drilling needs. Theneedof35newwaterwelldrillingwasfound/determinedasrehabilitationsina25 previous drilled wells, most of them made by governamental programs of Rio Grande do Sul state. From those 6 rehabilitated wells and 4 new wells where done until march 2008, which made direct benefits do 500 families. Palavras-Chave:RevitalizaodePoosTubulares,Perfilagemptica,PerfuraodePoos Tubulares INTRODUO Ao longo dos ltimos anos, notadamente no final da dcada de 1990, muitos assentamentos foramimplantadosnoRioGrandedoSul,tantoporpartedogovernofederalquantoestadual, embora o primeiro em maior volume. Destaforma, em reas onde as propriedades limitavam-se a apenasumproprietrio,agoraexistemdesde10at200famliasassentadasporpropriedade, adquiridas para os fins de reforma agrria, sendo cada famlia tomando posse de lotes em torno de 20hectares.Destaforma,ademandapelautilizaoderecursoshdricosaumentoudeforma acentuada.A maior concentrao destes assentamentos se d na regio conhecida como metade sul do Rio Grande do Sul (prximo fronteira com o Uruguai e Argentina)e em menor escalana regio das misses e planalto do RS.A regio da metade sul, tambm conhecida como regio da campanha, caracteriza-se por abrigar grandes fazendas dedicadas principalmente criao de gado de corte e agricultura (arroz). Nos ltimos anos as atividades de plantio de eucaliptos para a indstria da celulose vm se intensificando, com a compra de grandes extenses de terra por parte de indstrias deste ramo.J a regio das misses se caracteriza por pequenas propriedades ruraisligadas produo de gado leiteiro e cultivos de subsistncia, alm da produo de soja. A regio do planalto muito XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 3similar ao das misses, diferenciando-se por possuir maior produo de soja, alm da existncia de alguns polos industriais metal-mecnico. Este o cenrio aonde nos ltimos anos vm se estabelecendo os assentamentos da reforma agrria,promovidosprincipalmentepelogovernofederal,atravsdoINCRAesecundariamente pelo governo estadual.Apartirdestenovopanoramadecolonizaonestesterritrios,muitasaes governamentais foram implantadas para atender s demandas de suprimento dos recursos hdricos, principalmenteparaoabastecimentohumano.Entretanto,namaioriadoscasosestasaes tornaram-semuitopoucoeficazes,principalmentepelaausnciadecritriostcnicosno desenvolvimentodosprojetos,desdeasuaconcepo,passandopelaexecuoatosresultados finais.Destaforma o qu mais se temvistonesteslocais atotal carnciano aproveitamento dos recursos hdricos locais, tornando o abastecimento de algumas regies extremamente precrio e em algunscasospodendoser danosos paraasade(poosescavados,cacimbas,fontesdesprotegidas, sem controle sanitrio).Emmuitoscasosoabastecimentofeitoporpoostubularesprecrios,semcontrole sanitrio,perfuradosecompletadosdeformainadequada.Ressalta-sequenestaregioasguas superficiaissoescassasesazonais,sendoquenasestaesmaisquenteselastornam-se praticamente nulas. Em funo desta situao e preocupadocom a questo, o INCRA RS firmou um convnio de cooperao tcnica com a CPRM (Servio Geolgico do Brasil) SUREG PA, para a elaborao deprojetosvisandoomelhoraproveitamentodosrecursoshdricossubterrneosnestasreasde assentamentosdoRS.Estesprojetosvisamaelaboraodediagnsticosdosassentamentos, observando-seaexistnciaounodepoostubularese/ouanecessidadedaperfuraodenovos poos.Foramutilizadastcnicasdevdeo-inspeo,ensaiodebombeamentoeavaliaoda qualidade fsico-qumica e bacteriolgica da gua dos poos e/ ou locados poos novos. Comoresultadodos55diagnsticosrealizadosentre2006e2007hanecessidadeda perfuraode35novospooseapossibilidadederevitalizaodeoutros25poosjexistentes. Vriospoosantigostiveramsuarevitalizaoinviabilizadaemfunodasmscondies construtivas tornando impossibilitadas suas reabilitaes. No geral, os poos apresentam problemas principalmente referentes s instalaes ineficientes dos revestimentos (malassentados sobre as rochas, permitindo a infiltrao de guas superficiais), filtros obstrudos e colmatados e muitas partculas em suspenso.Dos55assentamentosvisitados,foram diagnosticados35 poosantigos,sendo que 25 deles apresentamcondiestcnicasderevitalizao, 10 deverosersubstitudos por poosnovose20 XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 4poos novos foram locados para a perfurao nesta etapa do projeto, sendo 4 perfurados at maro de 2008. Atabela1,mostraarelaodonmerodepoosdiagnosticadoseasunidadesaqferasao qual esto relacionados: Aqferos (Machado e Freitas, 2005)Poos Diagnosticados SistemaAqferoSangadoCabral/ Pirambia 01 Sistema Aqfero Serra Geral I09 Sistema Aqfero Palermo / Rio Bonito15 Sistema Aqfero E. Cristalino I01 Sistema Aqfero E. Cristalino II04 Sistema Aqfero E. Cristalino III05 Tabela 1 SistemaAqferoSangadoCabral/Pirambia:constitudosporcamadassltico arenosasavermelhadascommatrizargilosaearenitosfinosamuitofinos,avermelhados,com cimento calcfero. As capacidades especficas so muito variveis, no geral entre 0,5 e 1,5m3/h/m. SistemaAqferoSerraGeralI:constitudoporrochasbaslticas,amigdalidese fraturadas,capeadasporextensosoloavermelhado.Predominampooscomcapacidades especcicas entre 1 e 4m3/h/m. SistemaAqferoPalermo/RioBonito:Arenitosfinosamdios,cinzaaesbranquiados, intercalados com camadas de siltitos argilosos, carbonosos de cor cinza escuro. O aqfero principal a ser captado o relacionado Formao Rio Bonito. As capacidades especficas so em mdia de 0,5m3/h/m. SistemaAqferoEmbasamentoCristalinoI:Compreendetodasaslitologiasgranticas muito fraturadas que ocorrem na fronteira entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai. As capacidades especficas geralmente so inferiores a 0,5m3/h/m. SistemaAqferoEmbasamentoCristalinoII:Compreendetodasasrochasgranticas, gnissicas, andesticas, xistos, filitos e cacreos metamorfizados que esto localmente afetados por fraturamentosefalhas.Geralmenteapresentamcapacidadesespecficasinferioresa0,5m3/h/m, ocorrendo tambm poos secos. SistemaAqferoEmbasamentoCristalinoIII:Compe-seprincipalmentederochas granticasmacias,gnaisses,riolitoseandesitospoucoalterados.Aausnciadefraturas XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 5interconectadasecondiestopogrficasdesfavorveis,tornamoaqferosusceptvelavazes muito baixas dos poos l perfurados. A tabela 2 mostra os poos relacionados para a revitalizao eas unidades aqferas ao qual esto inseridos: Aqferos (Machado e Freitas, 2005)Poos Diagnosticados Sistema Aqfero Serra Geral I09 Sistema Aqfero Palermo / Rio Bonito09 Sistema Aqfero E. Cristalino I01 Sistema Aqfero E. Cristalino II04 Sistema Aqfero E. Cristalino III02 Tabela 2 Comparando as tabelas 1 e 2 nota-se que todos os poos diagnosticados no Sistema Aqfero Serra Geral I foram selecionados para serem revitalizados, em funo das boas vazes apresentadas e pela qualidade razovel das perfuraes.Nos poos diagnosticadosinseridos dentro do Sistema Aqfero Palermo / Rio Bonito, dos 15 diagnosticados,6noapresentaramcondiesparaarevitalizao,principalmenteemfunodas caractersticasfsico-qumicasda gua, que apresentaram alta salinidade, alm das ms qualidades tcnicas de perfurao.Os poos situados nos Sistemas Aqfero Embasamento Cristalino I e II apresentaram baixas vazes,masqualidadesfsicoqumicasboas,edestaformaserorevitalizados,tambmem funodequeosassentamentoslexistentesapresentamnmeropequenodefamlias.Ostrs poos do embasamento Cristalino III que no sero revitalizados apresentaro vazes quase nulas. REVITALIZAO DE POOS Arevitalizaodeumpoocompreendetodasasmedidasnecessriasparaaremoode depsitosmineraiseorgnicosepartculasemsuspensodointeriordopoo,doespaoanular, incluindo o pr filtro e se possvel as zonas adjacentes da formao geolgica (Houben e Treskatis, 2007).Segundoosmesmosautores,areabilitao/revitalizaodeumpooconsisteemtrs etapas: XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 61)Separaodaspartculasqueproporcionamincrustaesdosrevestimentos,filtroseda parede dos poos; 2) Remoo destas partculas; 3) monitoramento dos poos para a certificao do sucesso da revitalizao. SegundoMansuy(1999),aetapamaisimportantedaumarevitalizaodeumpooo redesenvolvimento,efetuadoapsotratamentodopoocomprodutosqumicosoutcnicas mecnicas(fsicas)easeparaodaspartculasemateriaisdissolvidosdentrodele.Conformeo autor, os principais tipos de desenvolvimento so: escovamento das paredes, pistoneamento, air lift ejateamento.Asprincipaisferramentasparadiagnsticoseidentificaodeproblemasempoos soasanlisesfsicoqumicasebacteriolgicas,estudosdosperfisgeolgicoeconstrutivoe vdeo endoscopia. RECONSTRUO DE POOS Areconstruodeumpoovisareestabelecerasuaeficinciae/ouprodutividade.Ao contrriodarevitalizao,requerumaintervenonosaspectosconstrutivos,incluindo readequaes do espao anular, revestimentos e at mesmo a reperfurao do poo. As causas para a necessidade de reconstruo podem ser dimensionamentos inapropriados do poo, deficincias na construo ou a instalao de equipamentos defeituosos. LIMPEZA DE POOS Compreendenaremoodepartculasmineraisedepsitosorgnicosdointeriordos revestimentosefiltrosporbombeamentoetambmatravsdoescovamentodasparedesdopoo para a posterior remoo das partculas. O processo de limpeza de um poo no compreende aes do lado externo do poo, do espao anular. Muitos produtos auxiliam nos processos da limpeza. ENVELHECIMENTO DE UM POO Envelhecimento de um poo definido como a soma de processos que afetam a integridade da estruturadeumpooduranteseutempodevidatil,incluindoprocessosdedeterioraodos materiais, como corroso e incrustaes mecnicas e qumicas que obstruem a entrada de gua para dentro do poo, diminuindo sua eficincia e produtividade. XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 7METODOLOGIA UTILIZADA PARA A REVITALIZAO DOS POOS ParaarealizaodostrabalhosvisandoarevitalizaodospoosdoconvnioCPRM/ INCRA, a metodologia empregada consistiu nas seguintes aes: 1)Cadastro de poos existentes, a partir de listagem fornecida pelo INCRA:

a.busca de informaes e registros tcnicos com os perfuradores;b.aspectos hidrogeolgicos e construtivos; c. medidas do pH, condutividade eltrica e temperaturas da gua e ar, in loco; d. avaliao das condies gerais; e. pintura da identificao do poo e registro fotogrfico (fotografia 1); f. determinao da distncia da rede eltrica disponvel; g. identificao de local para a instalao de reservatrio;h. incluso no SIAGAS (Sistema de Informaes de guas Subterrneas); i. gerenciamentoetomadadedecises:darcontinuidadeerealizarodiagnsticoou descartar o aproveitamento do poo; 2)Diagnsticos:

a.Perfilagem ptica (vdeo endoscopia): obteno das imagens internas dos poos, com vistas de fundo e lateral (fotografias 2 e 3); b. Determinaodosaspectosconstrutivosdospoosereconstituiogeolgicadas sees no revestidas; c.determinao da viabilidade ou no da revitalizao do poo;

3)Ensaio de Bombeamento: a.conforme normas ABNT 12212 e 12244/06; b.24 horas de durao para rebaixamento e 04 horas mnimas de recuperao ou 80% do nvel esttico do poo; c.determinaodosparmetroshidrodinmicosdopoo:capacidadeespecficade campo, transmissividade, nveis esttico e dinmico; d.determinao da vazo tima a ser explotada pelo poo (m3/dia);e.determinao do nmero de famlias possveis de serem abastecidas; XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 8f.dimensionamento do equipamento de bombeamento; g.definio da revitalizao ou no do poo em funo da vazo; 4)Anlise Fsico Qumica e Bacteriolgica: a.conforme Portaria 518 do Ministrio da Sade; b.definio da Potabilidade ou no da gua do poo; c.definio da revitalizao ou no do poo; 5)Relatrios dos Diagnsticos: a.relatrio tcnico; b.planilha com quantitativos para a revitalizao dos poos, de acordo com valores de mercado; Fotografia 1: Identificao e cadastro do poo Fotografia 2: Captura de imagem de vdeo inspeo com vista de fundo XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 9 PRINCIPAIS PROBLEMAS ENCONTRADOS NOS DIAGNSTICOS - Falta de registros histricos dos poos como data das perfuraes, perfis geolgicos e construtivos, ensaios de bombeamento e anlises fsico qumicas e bacteriolgicas da poca da construo dos poos; - Equipamentos de bombeamento superdimensionados para os poos; - Materiais e Partculas em suspenso dentro dos poos, tornando a gua muito turva; - Ranhuras manuais nos revestimentos em poos totalmente revestidos, gerando aberturas muito grandes nos revestimentos favorecendo a entrada de materiais da formao para dentro do poo (fotografia 3); - Tubulaes edutoras em estados precrios, oferecendo riscos de queda das bombas submersas; - M vedao sanitria dos revestimentos em poos parcialmente revestidos, proporcionando a entrada de guas superficiais e contaminantes para dentro do poo; - Falta de Proteo externa dos poos, possibilitando acidentes ou acesso de animais e pessoas no autorizadas junto aos poos; - Ligaes eltricas precrias dos quadros de comando das bombas submersas na rede eltrica, proporcionando riscos de acidentes e queima dos motores da bomba; - Ms condies gerais de manuteno e conservao dos poos e equipamentos de bombeamento; - Materiais e pequenos animais encontrados dentro dos poos (sapos, cobras).

REVITALIZAO Apscumpridasasetapasdosdiagnsticos,foramidentificadosospoosquepossuam condies tcnicas para sua revitalizao cujas atividades consistiram nas seguintes etapas: a.instalao de nova coluna de revestimento, quando necessrio; b.cimentao do espao anular;c.limpezaedesenvolvimentodo poo:nestaetapaforamutilizados produtos desincrustantes da marca NO RUST para soltar aspartculas da parede dos poos facilitando sua posterior remoo.Aaplicaofoide12a15litrosdeproduto/m3deguaestticanopoo.O desenvolvimentofoifeitoatravsdomtodoairlift,comcompressordear,incluindoo bombeamentoemcircuitofechadofervendo o poo paraa umamelhorhomogeneizao XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 10doprodutoeapsaretiradatotaldoproduto.Otempototaldesteprocedimentofoiem mdia de 12 horas.d.instalaodeequipamentodebombeamentonovo,dimensionadodeacordocomas caractersticas hidrodinmicas do poo e aqufero; e.desinfecodopoo:utilizaodeagentebactericidanumaconcentraode1litro/m3de gua esttica. Tempo mdio deste procedimento foi de 12 horas. f.novainvestigaoporvdeoendoscopiacomparandocomaanteriordarevitalizaoe certificando os resultados obtidos; g.novo ensaio de bombeamento para comparao com o anterior; h.instalaodebasedeconcreto,casadeproteodoquadrodecomandoedabomba dosadora de cloro; i.instalao do cercado de proteo ao redor do poo; j.instalao do reservatrio e rede de gua at o reservatrio;k.instalaodehidrmetroetubosauxiliaresparaamediodenveis(decretoestadual 42.047/02); l.solicitaodaregularizaodopoojuntoaoDepartamentodeRecursosHdricosdoRS (DRH); RESULTADOS OBTIDOS At dezembro de 2007 foram revitalizados 06 poos, conforme tabela 3: Tabela 3: Assentamentos revitalizados at dezembro de 2007 MunicpioAssentamentoSistema Aqfero CandiotaSanta LciaPalermo Rio Bonito CandiotaSo MiguelPalermo Rio Bonito Encruzilhada do SulPadre RusEmbasamento Cristalino II So BorjaCambuchimSerra Geral II TupanciretNossa S FtimaSerra Geral I HervalNova hervalEmbasamento Cristalino I XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 11Como resultados das atividades desenvolvidas nestes poos tm-se: - aumento das capacidades especficas dos poos em at 30%; - melhoria nas qualidades fsicas da gua, principalmente turbidez, cor, ferro e bacteriolgicas; - vedao sanitria apropriada contra a entrada de guas superficiais; - instalaes eltricas do equipamento de bombeamento apropriadas; - equipamentos de bombeamentos dimensionados em funo das caractersticas hidrodinmicas do poo e aqfero; - reconstituio dos perfis geolgico e construtivo dos poos atravs de vdeo endoscopia; - cercamento e proteo dos poos contra violaes e acessos de pessoas no autorizadas e animais;

Fotografia 4 Material encontrado dentro do poo e removido com ajuda de pescador Fotografia 3: Ranhura manual em revestimento XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 12Figura1:MapaHidrogeolgicodoRS(modificadodeMachadoeFreitas,2005)comospoos revitalizados em 2007, previso de revitalizao para 2008 e perfurados em 2008. Fotografia4:Demonstraodassituaesdospoosantesedepoisdasrevitalizaesnos assentamentos: N. S de Ftima, municpio de Tupanciret; So Miguel e Santa Lcia, municpio de Candiota.

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Fotografia 5: Instalao padro de poo XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 14 PERFURAO DE POOS NOVOS Aperfuraodenovospoostambmumaatividadenecessriaaserdesenvolvidaao longo dos prximos anos neste projeto conjunto entre a CPRM e o INCRA. Dos 55 assentamentos diagnosticados,25poosserorevitalizadosatfinalde2008ecercade35poosdeveroser perfuradosparaatenderasdemandasdeabastecimentodestesassentamentos.Atmarode2008 foramperfurados04poosdestademanda,sendoqueaCPRMatuoucomofiscalizadorada execuodestasobras,tendoelaelaboradoosprojetosexecutivoseoINCRAcontratadoas empresasatravsdelicitao.Osresultadosdestasatividadesforamextremamentesatisfatrios, tendoemvistaqueohistricodospoosperfuradosempelomenosdoismunicpios,Candiotae HulhaNegranoeramfavorveisutilizaodeguasubterrneaparaoabastecimentohumano, em funo da pssima qualidade das guas dos aqferos l existentes. Na regio h a ocorrncia de jazidasdecarvo,quesemanifestamemcamadascomgrandesextenseshorizontaiseverticais. Desta forma, caso no haja um critrio hidrogeolgico bem definido e estudado tanto para a locao dos poos quanto parasuaexecuo,novasperfuraesestofadadasaofracasso.Destaforma,a CPRMdesenvolveuvriosestudoscombaseemperfisgeolgicosdisponveis,originadospor sondagens da prpria CPRM e da CRM (Companhia de Recursos Minerais do Rio Grande do Sul) efetuadasnadcadade80,eefetuoualocaoeprojetodospoos.Nestasituaotambmfoi indicadanecessidade de perfilagemgeofsicadepoo parasepararasentradasdegua doce das salobras e salgadas. Fotografia6:PerfuraesfiscalizadaspelaCPRMPassodoNeto,CandiotaeVrzeaNova, Tupanciret

XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 15CONCLUSES As aes desenvolvidas conjuntamente pelaCPRM Servio Geolgico do Brasil eINCRA InstitutoNacionaldeColonizaoeReformaAgrriaatravsdeumconvniodecooperao tcnica vemgerando timos resultados no que tange stentativas para amenizar os efeitos da falta de abastecimento de gua potvel em assentamentos da reforma agrriano Rio Grande do Sul. Os problemasdeabastecimentosodelongadata,mascomestaaoconjunta,paulatinamente inmerasfamliasserocontempladascomguapotvelemsuasresidncias.Atmarode2008 foram contempladas cerca de 500 famlias, atravs da revitalizao de 06 poos e com a perfurao deoutros04.Aprevisoparaofinalde2008quemais19poossejamrevitalizados.O acompanhamento por parte da CPRM, atravs daelaborao dos projetos de perfurao e tambm dafiscalizaodaperfuraodospoosnovosumfatorimprescindvelparaqueosresultados finaissejamsatisfatrios,garantindoobomusodorecursopblicoeevitandoquenovas perfuraes sejam efetuadas sem os devidos critrios tcnicos. RECOMENDAES PARA POOS EM OPERAO - os usurios dos poos devero manter um sistema de gesto que permita o controle em tempo integral dos componentes constituintes dos poos, como bombas submersas,bombas dosadoras de cloro,instrumentosdemedio(hidrmetrosetubosauxiliaresdemediodenveis)esistema eltrico; - implantao de um sistema de monitoramento, gerenciado por tcnico legalmente habilitado, a fimdeaveriguaraevoluodasvazes(capacidadeespecfica),nveisecaractersticasfsico qumica e bacteriolgicas da gua ao longo do tempo e analisar possveis alteraes; - relacionar o consumo de energia eltrica e produo da bomba em perodos de tempo, a fim deaveriguarpossveisalteraes,podendoindicarquedasnaeficinciadoequipamentode bombeamento ou do poo implicando em possveis desgastes ou problemas no equipamento ou no poo; -efetuar anlises fsico qumicas completas a cada ano e anlises bacteriolgicas a cada trs meses. XV CONGRESSO BRASILEIRO DE GUAS SUBTERRNEAS 16REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas Projeto de Poo Tubular para captao de gua Subterrnea NBR 12212 2006. ABNTAssociaoBrasileiradeNormasTcnicasConstruodePooTubularpara captao de gua Subterrnea NBR 12244 2006. HOUBEN,George;Treskatis,Christoph.WaterWell:RehabiliotationandReconstrution: McGraw Hill New York 2007, 391 pag. JORBA, Antnio Ferrer; Rocha, A. Gerncio DAEE Manual de Operao e Manuteno de Poos So Paulo 1982. MACHADO, Jos Luiz Flores; Freitas, Marcos Alexandre de. Projeto Mapa Hidrogeolgico do Rio Grande do Sul: Relatrio Final. Porto Alegre: CPRM, 2005. 1 CD-ROM Escala 1:750.000. MANSUY, Neil. Water Well Rehabilitation: A practical Guide to Understanding Well Problems and Solutions. Layne GeoSciences London - 1999 - , 174 pag.