Rita Pinto Araújo Impressão a 3D em ORL e Cirurgia ......Cirurgia Craniofacial, Maxilofacial e...
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JUNHO’2018
ClínicaUniversitáriadeOtorrinolaringologia
Impressão a 3D em ORL e CirurgiaMaxilofacial:presenteefuturoAnaRitaPintoAraújo
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JUNHO’2018
ClínicaUniversitáriadeOtorrinolaringologia
Impressão a 3D em ORL e CirurgiaMaxilofacial:presenteefuturoAnaRitaPintoAraújo
Orientadopor:
Dr.MarcoAntónioAlveirinhoCabritaSimão
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RESUMO
A Impressão a Três Dimensões é uma tecnologia promissora que utiliza dados
de imagem para criar um modelo complexo e personalizado de alta precisão. Teve
grandes progressos nas últimas décadas e, com a diminuição dos seus custos, tem sido
amplamente utilizada na Medicina, nomeadamente pelas especialidades médico-
cirúrgicas, como a Otorrinolaringologia e a Cirurgia Maxilofacial. As aplicações
médicas são inúmeras, incluindo próteses e implantes, simulação cirúrgica, educação e
investigação médica. Na área da regeneração de tecidos, o Bioprinting tem o potencial
de imprimir, auxiliado por computador, scaffolds complexos e biocompatíveis através
da deposição camada-a-camada de células vivas, biomateriais e moléculas de interesse
num substrato com a forma desejada.
Este trabalho fornece uma visão global do atual desenvolvimento desta
tecnologia, destaca as suas vantagens e limitações, exemplifica aplicações do seu uso na
área da Otorrinolaringologia e da Cirurgia Maxilofacial e discute, ainda, as inovações
futuras e o impacto financeiro desses avanços nos cuidados de saúde. Para tal, realizou-
se uma revisão sistemática na PubMed, incluindo apenas artigos em Inglês publicados
entre 2012 e 2017.
Concluindo, a utilização da Impressão a Três Dimensões em dispositivos
médicos implantáveis e guias cirúrgicos personalizados para o paciente pode reduzir o
tempo de cirurgia e melhorar os resultados da mesma. A nível educacional, os modelos
anatómicos permitem uma melhor visualização da anatomia e são úteis no planeamento
pré-cirúrgico, com possibilidade de desenvolver a melhor abordagem cirúrgica, predizer
resultados e antecipar eventuais problemas que possam surgir. Com os avanços no
Bioprinting, poderá ser possível aos otorrinolaringologistas e cirurgiões implantar
enxertos biologicamente funcionais impressos a Três Dimensões para reconstrução de
uma variedade de lesões num futuro próximo. No entanto, por ser uma tecnologia
recente na área da Medicina, os estudos publicados são vagos e as conclusões carecem
ainda de evidência.
Palavras-chave: “Impressão a Três Dimensões”, “Impressão 3D”, “Cirurgia”, “Otorrinolaringologia” e
“Cirurgia Maxilofacial”.
“O Trabalho Final exprime a opinião do autor e não da FML”
4
ABSTRACT
Three-Dimensional Printing is a promising technology that uses image data to
create a complex and personalized model with high precision. It has made great
progress over the past few decades and, as its costs have declined, it has been widely
used in Medicine, namely by medical-surgical specialties such as Otorhinolaryngology
and Maxillofacial Surgery. Medical applications are limitless, including prosthesis and
implants, surgical planning, medical education and research. In regeneration of tissues,
Bioprinting has the potential to print, using computer-aided, complex and biocompatible
scaffolds by layer-by-layer deposition of living cells, biomaterials and molecules of
interest on a substrate of desired shape.
This work gives an overview of the current stage of this technology, highlights
its benefits and limitations, provides examples of its applications within the field of
Otorhinolaryngology and Maxillofacial Surgery and also discusses future innovations
and the financial impact of these advances in Healthcare. Therefore, a systematic
literature review was conducted using PubMed, including only English articles
published between 2012 and 2017.
In conclusion, the use of Three-Dimensional Printing in patient-specific
implantable medical devices and surgical guides can reduce operating room time and
thus improve clinical outcomes. In the education field, anatomical models provide a
better anatomy visualization and are useful at pre-surgical planning, as surgeons can
develop the best surgical approach, predict outcomes and anticipate problems that might
arise. With advances in Bioprinting, it may be possible for otolaryngologists and
surgeons to implant Three-Dimensional printed biologically functional grafts for
reconstruction of a variety of tissue defects in the near future. Nonetheless, as it is a
recent technology in the medical field, the articles published are vague and its
conclusions still lack of evidence.
Keywords: “Three-Dimensional Printing”, “3D Printing”, “Surgery”, “Otorhinolaryngology” and
“Maxillofacial Surgery”.
5
ÍNDICE
Introdução ....................................................................................................................... 6
Métodos ............................................................................................................................ 7
Impressão a 3D na Medicina .......................................................................................... 8
Aplicações médicas em ORL .......................................................................................... 8 1.1 EDUCAÇÃO E TREINO CIRÚRGICO ........................................................................... 8 1.2 DISPOSITIVOS MÉDICOS IMPLANTÁVEIS ............................................................... 12
Aplicações médicas em Cirurgia Maxilofacial ........................................................... 16 2.1 MODELOS ANATÓMICOS ........................................................................................ 16 2.2 DISPOSITIVOS MÉDICOS IMPLANTÁVEIS ............................................................... 18
Bioprinting ..................................................................................................................... 21
Limitações da Impressão a 3D ..................................................................................... 22
Conclusão ....................................................................................................................... 24
Bibliografia .................................................................................................................... 25
6
SIGLAS E ABREVIATURAS
ORL – Otorrinolaringologia
PDMS – Polidimetilsiloxano
RMN – Ressonância Magnética Nuclear
SLA – Estereolitografia
SLM – Selective Laser Melting
TC – Tomografia Computorizada
3D – Três Dimensões
7
INTRODUÇÃO
A Impressão a 3D foi inicialmente apresentada por Chuck Hull, em 1984, e
consiste na construção de um modelo através da deposição de material camada a
camada desde a sua base até ao topo. Este processo é controlado por um programa
informático que cria um modelo virtual pronto a imprimir. Atualmente, existem várias
impressoras 3D, com diferentes aplicações, tipos de material e graus de precisão. O
primeiro protótipo, designado por SLA, permitia criar um modelo usando lasers de luz
ultravioleta que endureciam uma resina líquida fotossensível.[1] Com a introdução da
primeira impressora 3D comercial, juntamente com a evolução dos meios
complementares de diagnóstico por imagem no final dos anos 80, as aplicações desta
tecnologia no ramo médico começaram a ser estudadas. Em 1994, a SLA foi usada pela
primeira vez na área da Biomedicina, sendo posteriormente implementada na Ortopedia,
Cirurgia Craniofacial, Maxilofacial e Cardiotorácica.
Este trabalho, desenvolvido no âmbito do Mestrado Integrado em Medicina da
Faculdade de Medicina de Lisboa, pretende fornecer uma visão global do atual
desenvolvimento da Impressão a 3D, destacando as suas vantagens e limitações. Para
além disso, exemplifica aplicações do seu uso na área da Otorrinolaringologia e da
Cirurgia Maxilofacial e ainda discute as inovações futuras e o impacto financeiro desses
avanços nos cuidados de saúde.
MÉTODOS
Realizou-se uma revisão sistemática tendo por base a PubMed em dezembro de
2017. Apenas foram incluídos artigos em Inglês publicados entre 2012 e 2017. Usaram-
se as seguintes palavras-chave: “Three-Dimensional Printing”, “3D Printing”,
“Surgery”, “Otorhinolaryngology” e “Maxillofacial surgery”.
Fizeram-se pesquisas adicionais para incluir artigos relevantes relacionados com
outras especialidades cirúrgicas, nomeadamente Cirurgia Plástica e Reconstrutiva. Os
artigos incluídos que detalham o desenvolvimento da Impressão a 3D ou aplicações
para procedimentos e patologias estão diretamente ou clinicamente relacionados com a
prática em ORL e Cirurgia Maxilofacial.
8
IMPRESSÃO A 3D NA MEDICINA
A diminuição do custo e o aumento da facilidade no uso da Impressão a 3D
tornaram esta tecnologia mais acessível. Por isso, desde 2011 tem havido um aumento
exponencial dos estudos sobre as suas aplicações na área da Medicina. A Impressão a
3D permite a criação de um modelo digital 3D tendo por base a combinação de imagens
obtidas por exames de imagem a duas dimensões, como a TC, a RMN e a Ecografia por
Ultrassom. Quanto maior o número de imagens recolhidas, melhor a precisão do
modelo. No entanto, estes exames de imagem não são inerentes de radiação.
Posteriormente, as imagens são trabalhadas num software informático que permite
modelar a precisão geométrica e a versatilidade. O modelo final é impresso, podendo
ainda sofrer um pós-processamento para melhorar as suas superfícies.[2]
Esta tecnologia é ainda dispendiosa (2.000€ a 10.000€ para a SLA), consome
bastante tempo e requer uma equipa multidisciplinar. No entanto, permite uma
Medicina personalizada que tem em conta as variações anatómicas específicas do
paciente e cria soluções individualizadas.[3]
As aplicações médicas são inúmeras e em várias especialidades. Em reabilitação,
pode ser usada para criar próteses para substituir tecidos lesados. Em reconstrução,
permite a criação de dispositivos médicos implantáveis e ainda guias cirúrgicos
personalizados. Na área da regeneração de tecidos, pode ser útil para a substituição de
tecidos lesados com material biológico (“Bioprinting”). Por último, a criação de
modelos anatómicos permite ainda o planeamento pré-cirúrgico e tem um papel fulcral
na educação e investigação médica.[4]
APLICAÇÕES MÉDICAS EM ORL
As especialidades médico-cirúrgicas, como a ORL, são áreas onde as aplicações
médicas da Impressão a 3D têm tido maior investigação. A possibilidade de uma
terapêutica personalizada e específica para o paciente confere inúmeras vantagens.
1.1 EDUCAÇÃO E TREINO CIRÚRGICO
A criação de modelos anatómicos 3D é a forma mais comum do uso da
Impressão a 3D em cirurgia, uma vez que permite estudar casos complexos, praticar
9
procedimentos e ensinar alunos do Ensino pré e pós-graduado e ainda os próprios
pacientes.
Tradicionalmente durante a formação médica, os cadáveres humanos, os
espécimes de cadáveres plastinados e modelos plásticos são utilizados para ensinar
anatomia e as relações morfológicas entre os vários órgãos. No entanto, são métodos
com várias limitações. Por um lado, a manutenção de um laboratório de dissecação
envolve elevados custos e o fornecimento de cadáveres está dependente de programas
de doação, com várias preocupações éticas inerentes. Por outro, os modelos plásticos
são pouco realistas e raramente representam patologia ou variantes anatómicas.[5] Por
isso, os modelos anatómicos 3D são vantajosos, uma vez que são impressos de forma
rápida com alta precisão e realismo, havendo possibilidade de representarem uma
anatomia variante ou patológica infrequente em cadáveres. A maioria dos modelos
representa ossos, incluindo aqueles com formas irregulares, como as vértebras.
Atualmente, existe uma base de dados on-line onde são partilhados os modelos
anatómicos virtuais para posterior impressão a 3D.
Os pacientes também podem beneficiar desta tecnologia, já que os modelos
melhoram a compreensão da sua patologia e eventualmente do procedimento cirúrgico
ao qual vão ser submetidos, o que resulta numa melhor comunicação médico-paciente.
Para além disso, a combinação de modelos 3D pré e pós-operatórios permite uma
melhor gestão das suas expectativas face aos resultados esperados.[6]
Atualmente estão disponíveis materiais transparentes, coloridos e flexíveis para
impressão, o que aumenta o nível de realismo dos modelos ao diferenciar o tecido em
celular, vascular e ósseo. Okumoto et al., imprimiram modelos de osso com sal que
simulavam a sensação tátil de osso humano cortado. Estes modelos táteis também
podem ajudar os alunos e o paciente.[2]
Os internos de formação específica também podem treinar em cadáveres
humanos, mas é difícil acumular experiência suficiente das técnicas cirúrgicas para uma
variedade de doenças. Para além disso, observar e auxiliar durante cirurgias permite
apenas uma experiência indireta e insuficiente. Os modelos anatómicos 3D, que
possuem o mesmo tamanho, peso e textura dos órgãos do paciente, são utilizados para
estudar a sua anatomia, para o planeamento pré-cirúrgico e para simular cirurgias
complicadas. Neste caso, o cirurgião tem possibilidade de desenvolver a melhor
10
abordagem cirúrgica, predizer resultados e antecipar eventuais problemas que possam
surgir.
Os modelos para planeamento pré-cirúrgico representam 38,7% de todas as
publicações sobre Impressão a 3D.[6] Em ORL, os modelos impressos mais
frequentemente são o osso temporal (custo médio de 1,60€/modelo), para treinar a
cirurgia otológica no adulto e na criança, e a cartilagem cricoide, para praticar a
dilatação por balão.[2]
Vorwerk e Begall criaram o primeiro modelo 3D do osso temporal, usando a
SLA, para microdissecação e exercícios cirúrgicos. Vários investigadores compararam
este modelo com os ossos temporais de cadáveres e concluíram que é bastante
comparável.[7] No entanto, o osso temporal possui muitos espaços aéreos e as estruturas
anatómicas internas, como o nervo facial, o seio sigmoide, os canais semicirculares e a
cóclea, são de difícil impressão. As pequenas estruturas, como os ossículos, também são
facilmente quebradas durante o pós-processamento. Para ultrapassar estes problemas,
criaram-se orifícios, com base na TC, para drenagem do líquido usado no pós-
processamento, substituíram-se manualmente os ligamentos ossiculares por osso e as
estruturas internas foram coloridas digitalmente antes da impressão. A maioria dos
cirurgiões que avaliou o modelo concluiu que a sensação tátil e a concordância com o
modelo real eram excelentes, excetuando os ossículos, o seio timpânico e as células
mastoideias.[8] [Ilustração 1]
Monfared et al., construíram um modelo do ouvido médio com dois materiais
diferentes que simulavam osso e partes moles. Chiesa Estomba et al., criaram um
modelo 3D combinado com um sistema hidráulico, que representava as artérias
etmoidais anterior e posterior, para simulação de hemorragia nasal e, assim, ajudar a
praticar o diagnóstico e o tratamento da epistaxis. Outros grupos imprimiram um
modelo de cartilagem costocondral a 3D para a prática da técnica cirúrgica de correção
de microtia, na qual se cria uma estrutura para a reconstrução auricular.[7] Adbul-Latif
Hamdan et al., imprimiram um modelo de cordas vocais de um paciente com paralisia
unilateral esquerda para planeamento pré-cirúrgico. A laringoplastia por injeção é a
terapêutica preferida e, desta forma, os cirurgiões planearam qual a melhor abordagem
para atingir a corda e qual o melhor local para a injeção, assim como a sua profundidade
e a quantidade necessária de produto.[9] Outros modelos incluem a representação da
11
cavidade nasal, dos seios perinasais, de patologia pituitária e ainda da base do crânio
para a prática de técnicas endoscópicas, como a resseção de um angiofibroma
nasofaríngeo juvenil e de tumores petroclivais, um modelo para simulação de
mastoidectomia e um modelo da árvore traqueobrônquica para treino de
broncoscopia.[2][10] [Ilustração 2]
Ilustração 1 A. Visão endoscópica transcanal do modelo 3D do osso temporal (I – bigorna, M – martelo, RW – janela redonda, S – estribo, TA – anel timpânico); B. Visão macroscópica interna (CAq – aqueduto coclear, IAC – canal auditivo interno, IJP – processo intrajugular, IPS – sulco petroso inferior, JB – bulbo jugular, JF – forâmen jugular, JT – tubérculo jugular, PR – crista petrosa, SS – seio sigmoide, TC – crista transversa).[8]
A Impressão a 3D também foi usada para criar instrumentos e guias cirúrgicos
personalizados, representando a maioria (60%) das publicações sobre esta tecnologia.[6]
Por exemplo, imprimiram-se laringoscópios a 3D que permitiram o uso intraoperatório
de exames de imagem, já que os tradicionais laringoscópios metálicos seriam
contraindicados para a RMN e causariam artefactos importantes na TC.[10] Estes
instrumentos possuem a força necessária para serem usados em cirurgia e são aptos para
esterilização. Comparativamente ao método convencional, isto permitiu uma redução do
tempo de cirurgia em 46% dos estudos realizados e uma melhoria dos resultados
clínicos em 72%. No entanto, em 33% dos estudos é referido um aumento dos custos.[6]
De um modo geral, acredita-se que a educação médica e cirúrgica é mais
eficiente com estes modelos 3D do que com a prática atual.
12
Ilustração 2 Exemplos de modelos anatómicos 3D para ensino e simulação cirúrgica. A. A aparência do osso temporal é exatamente igual à do osso real; B. Antro mastoideu visível no início de uma mastoidectomia (Incus – bigorna, LSC – canal semicircular externo, Mastoid antrum – antro mastoideu, Sigmoid sinus plate – seio sigmoide); C. Modelo 3D dos seios perinasais; D. Imagens endoscópicas do seio esfenoisal (Fiducial Marker – ponto de referência).[7]
1.2 DISPOSITIVOS MÉDICOS IMPLANTÁVEIS
Aproximadamente 60% das doenças crónicas do ouvido médio deve-se a
defeitos na cadeia ossicular com consequente perda auditiva condutiva. A forma do
implante tem de ser muito similar à do ossículo original, uma vez que fará parte de uma
estrutura complexa e com grande variabilidade entre os indivíduos. A possibilidade de
criar implantes personalizados surgiu com a era da Impressão a 3D, usando materiais
biocompatíveis e duradouros. No entanto, estes implantes apenas recuperam a função
acústica da cadeia ossicular a nível anatómico-funcional, sem consideração pela sua
13
integração biológica com o ambiente do ouvido médio. Atualmente está em estudo a
hipótese de criar implantes impregnados com células, como será discutido mais à
frente.[7]
Anualmente, a otite média aguda afeta mais de 30 milhões de indivíduos,
podendo culminar em perfurações da membrana do tímpano que necessitam de
reparação cirúrgica. Kozin et al., imprimiram uma membrana timpânica 3D com
diferentes tipos de material que mostrou alta capacidade de resistência à deformação,
comparativamente ao enxerto de fáscia temporal usado tradicionalmente.[7]
Outra aplicação médica da Impressão a 3D consiste na criação de aparelhos
auditivos intracanal personalizados. Antigamente era um processo demorado e bastante
dispendioso. Com esta tecnologia, o audiologista cria uma imagem digital do canal
auditivo externo e envia para impressão, concluindo o processo em menos de 24 horas.
Atualmente existem mais de 10 milhões de aparelhos auditivos impressos a 3D, que são
mais confortáveis para o paciente e de menor custo.[7]
A reconstrução auricular também é possível através de uma prótese auricular 3D
de alta precisão. O pavilhão auricular é difícil de regenerar pelos métodos tradicionais,
como a reconstrução com autoenxerto de cartilagem, devido à sua forma complexa.
Watson et al., imprimiram próteses auriculares 3D para três pacientes sem pavilhão
auricular unilateral, melhorando a forma, a cor, a textura e a flexibilidade face às
próteses convencionais.[7] [Ilustração 3] Uma equipa de investigadores ingleses sugeriu
que a melhor forma é imprimir um molde negativo da prótese e preenchê-lo com
silicone. Desta forma, as características da pele, como as rugas e a textura, são
reproduzíveis pela Impressão a 3D. No entanto, é necessário um pós-processamento do
molde com acetona em vapor para eliminar o efeito “escada” típico da impressão
camada-a-camada e tornar as superfícies lisas, sem anular essas características.
Enquanto uma prótese de silicone manual demora 5 a 10 semanas e custa cerca de
3.250€, pelo método 3D é significativamente mais rápido e com um custo de apenas
335€.[11] [Ilustração 4]
14
Ilustração 3 Prótese auricular 3D.[7]
Ilustração 4 Prótese auricular por molde negativo 3D. As imagens são obtidas por um exame de imagem, como a TC, e editadas digitalmente para criar um molde negativo, que é impresso a 3D. Após o processamento com acetona em vapor, o molde é preenchido com silicone, originando a prótese auricular.[11]
Na área da Rinologia, Onerci Altunay et al., imprimiram implantes do septo
nasal para correção de perfurações. A possibilidade de redimensionamento pela
Impressão a 3D permitiu uma melhoria dos sintomas e uma maior taxa de retenção do
implante em pacientes com grandes perfurações. Para além disso, alguns investigadores
criaram moldes negativos e fabricaram o implante por enchimento deste com silicone
para posterior rinoplastia em pacientes com contorno irregular do osso nasal.
15
Ainda em ORL, Zopf et al., imprimiram anéis traqueais para tratamento de
crianças com traqueobronquiomalácia grave. Os implantes foram suturados com fio
reabsorvível à volta dos segmentos colapsados para suspensão a partir do exterior e,
assim, conferir resistência contra o colapso da via. Os anéis adaptaram-se aos tecidos
em crescimento, o que é importante na área da Pediatria, surgindo o conceito de
estrutura a Quatro Dimensões – o implante sofre deformação e degradação mecânica
definida pelo seu design em resposta ao crescimento tecidular até ser reabsorvido em 2 a
3 anos. Os pacientes melhoraram significativamente a sua capacidade pulmonar ao fim
de 3 meses.[1][7][12][13] [Ilustração 5] O mesmo conceito pode ser aplicado aos defeitos e
estenoses traqueais. Atualmente, o tratamento disponível é limitado devido ao desajuste
dador-recetor do tamanho da traqueia, à imunossupressão prolongada e à estenose ou
necrose do enxerto por fraca vascularização. Na área da regeneração de tecidos,
tentaram-se criar scaffolds acelulares constituídos apenas por matriz extracelular para
substituição desses defeitos, mas não possuíam a força mecânica necessária para
reconstruir a traqueia. Sadiq Rehmani et al., criaram enxertos traqueais 3D para
reconstrução de defeitos em modelos animais (porco). Ao fim de 3 meses, os enxertos
estavam estruturalmente intactos e bem incorporados.[14]
Ilustração 5 Anéis traqueais 3D para tratamento de traqueobronquiomalácia grave em três crianças.[13]
16
Outro exemplo da diversidade das aplicações da Impressão a 3D é a criação de
máscaras de pressão positiva contínua (CPAP) para crianças com anomalias do crânio e
maxilofaciais que impedem o uso das máscaras standard.[10]
Concluindo, são vários os exemplos que comprovam que esta tecnologia é útil e
contribui para uma Medicina mais centrada no paciente.
APLICAÇÕES MÉDICAS EM CIRURGIA MAXILOFACIAL
A região maxilofacial é bastante complexa, com relações anatómicas
importantes devido à quantidade de diferentes tipos de tecido (osso, cartilagem,
músculo e pele) e estruturas (órbita, nariz e cavidade oral) nas proximidades.
2.1 MODELOS ANATÓMICOS
Tal como em ORL, a impressão de modelos anatómicos a 3D é usada na
educação médica e do paciente, mas adquire especial importância no planeamento pré-
cirúrgico. Por um lado, os modelos permitem moldar fixadores em titânio para posterior
uso na cirurgia reconstrutiva, diminuindo o tempo da mesma entre 24 a 84 minutos.[15]
[Ilustração 6] Por outro, a impressão de modelos que representem anomalias
maxilofaciais específicas do paciente permite a criação de fixadores e guias cirúrgicos
personalizados. Um exemplo disso foi o uso de modelos maxilares 3D projetados
digitalmente para prever a anatomia de crianças com fenda labial e palatina e, assim,
moldar implantes nasoalveolares pré-cirurgicamente.[2]
Ilustração 6 Modelo mandibular e de fixador impressos a 3D para modelação pré-cirúrgica do fixador em titânio.[2]
17
Outro exemplo foi a impressão a 3D de um modelo representativo de um tumor
mandibular para planeamento pré-cirúrgico da sua exérese num paciente com 7 anos. O
tratamento habitual dos fibro-odontomas ameloblásticos de grandes dimensões é
conservativo e consiste na enucleação total ou na mandibulectomia parcial. Como a
remoção cirúrgica incompleta aumenta o risco de recorrência e de transformação
maligna, os cirurgiões imprimiram um modelo 3D híbrido, com diferentes materiais e
cores a representar o osso mandibular, o tumor (55x40x22mm) e o nervo alveolar
inferior, onde simularam a exérese do tumor. Desta forma, tiveram a oportunidade de
explorar a complexa relação espacial entre o tumor e os tecidos circundantes e optar
pela sua enucleação total. A cirurgia foi posteriormente realizada de forma satisfatória,
sem sinais de recorrência ao fim de um ano.[16] [Ilustração 7]
Concluindo, os modelos maxilofaciais 3D melhoram o planeamento pré-
cirúrgico e os resultados clínicos e estéticos, reduzindo ainda o tempo da cirurgia.
Ilustração 7 A. Vista sagital do modelo 3D; B. O tumor (seta) é visível após remoção do osso cortical. O tecido calcificado do mesmo está representado a verde; C. Após a exérese tumoral, é visível o nervo alveolar inferior (cabeça da seta), situado no bordo inferior da mandíbula.[16]
18
2.2 DISPOSITIVOS MÉDICOS IMPLANTÁVEIS
As anomalias maxilofaciais envolvem defeitos ósseos e das partes moles e
resultam diretamente de lesões traumáticas ou infeciosas, resseções oncológicas ou
anomalias congénitas. O seu tratamento é particularmente difícil devido à extrema
importância estética dos resultados. Atualmente, as opções terapêuticas incluem
próteses, aloenxertos, retalhos dependentes da vascularização da zona dadora ou
rearranjo local para cobrir a lesão com tecidos saudáveis adjacentes. Os principais
desafios a estas técnicas são a morbilidade do local dador e recetor, a obtenção de tecido
suficiente com as mesmas propriedades que o tecido recetor, a necessidade da
modificação do enxerto durante a cirurgia e, ainda, o risco de rejeição imunológica no
caso dos aloenxertos. A necessidade de criar soluções personalizadas para uma
determinada anomalia levou à investigação do uso da Impressão a 3D.[4][17]
A Cirurgia Maxilofacial publicou 24,12% de todos os estudos sobre Impressão a
3D realizados por especialidades cirúrgicas, sendo apenas ultrapassada pela Ortopedia
(30,70%). Os implantes personalizados, que representam 12,17% das publicações,
diminuem o tempo de cirurgia e de recuperação, com boa precisão e melhores
resultados clínicos e estéticos. Um estudo provou ainda uma melhor formação óssea e
angiogénese com esses implantes. A Impressão a 3D pode ser usada para imprimir
diretamente o implante ou prótese final ou então para imprimir guias cirúrgicos, cada
vez mais usados em reconstruções mandibulares e na cirurgia ortognática.[6] Os
materiais usados na impressão têm de ser biocompatíveis, resistentes e translúcidos nas
radiografias.[4]
Os dispositivos médicos implantáveis, para além de serem uma solução estética,
permitem uma melhoria funcional. Podem ser temporários (usados e depois removidos)
ou permanentes (fazem parte da reconstrução).[18] As próteses feitas por métodos
tradicionais são constituídas por PDMS. A Impressão a 3D é uma nova aposta, embora
não resulte numa prótese com propriedades semelhantes à PDMS. A melhor abordagem
é a impressão de vários moldes negativos para obtenção de múltiplas peças e, assim,
construir a prótese final.[4]
Uma prótese 3D foi construída especificamente para Eric Moger que, devido a
um carcinoma de células escamosas gigante e agressivo na face, foi submetido a uma
cirurgia para remoção da quase totalidade do lado esquerdo da face, incluindo o olho, o
19
osso zigomático e parte da mandíbula. Para além do aspeto inestético, o paciente não
conseguia falar corretamente e alimentava-se através de uma gastrostomia endoscópica
percutânea. A equipa do Dr. Andrew Dawood realizou exames de imagem ao paciente
e, através de programas informáticos, recriou o lado em falta por imagem em espelho do
lado direito. Posteriormente, imprimiram um molde negativo a 3D que foi preenchido
por silicone, formando a prótese final. Esta fixa-se através de íman à sobrancelha e ao
osso zigomático direito. Para além da prótese facial, foi também construído um
implante bucal que lhe permitiu beber e comer de novo. Desta forma, o paciente
melhorou a nível funcional e a nível estético.[7] [Ilustração 8]
Ilustração 8 A. Modelo virtual com a anomalia facial esquerda, construído com base nos exames de imagem e, à direita, o respetivo molde 3D; B. Modelo virtual com correção da anomalia facial por imagem em espelho do lado direito e, à direita, o respetivo molde 3D; C. Implante bucal e, à direita, a prótese facial. (em http://www.dailymail.co.uk/health/article-2304637/Surgeon-uses-3D-printing-technology-make-cancer-patient-new-face.html e [7])
20
Em junho de 2011, a equipa do cirurgião maxilofacial Jules Poukens construiu
um implante mandibular 3D personalizado para uma mulher de 83 anos com
osteomielite grave e progressiva da mandíbula. Procedeu-se à remoção completa desta e
substituiu-se por um implante de titânio, revestido por biocerâmica, criado pela técnica
SLM, uma forma específica de Impressão a 3D. A SLM utiliza um laser de alta precisão
para aquecer seletivamente partículas de titânio que se prendem à camada anterior sem
necessidade de resina aglutinante. O implante foi impresso em poucas horas, sendo
ligeiramente mais pesado do que a mandíbula original (107 gramas). Apresentava
orifícios para aumentar a área de superfície e para permitir a fixação muscular e a
passagem do nervo mandibular. No próprio dia da cirurgia, a paciente foi capaz de dizer
algumas palavras e de engolir, com excelente recuperação da estética facial. Apesar das
suas vantagens, é uma tecnologia mais dispendiosa.[19] [Ilustração 9] Noutro caso, um
implante 3D foi colocado num homem de 29 anos com lesão traumática da face média
devido a um acidente de viação. Os principais problemas, tal como nas próteses
tradicionais, são a exposição do implante e a sua infeção.[2]
Ilustração 9 A. Implante mandibular 3D de titânio com revestimento de biocerâmica; B. A mandíbula foi removida na totalidade e o implante é colocado na sua posição; C. Radiografia pós-cirurgia. (em http://www.xilloc.com/patients/stories/total-mandibular-implant/)
Os guias cirúrgicos 3D são utilizados como guias de corte durante resseções
ósseas ou para reconstruir partes em falta durante a cirurgia reconstrutiva. Foram usados
na osteotomia para tratamento da microssomia hemifacial, hipoplasia mandibular e
Síndrome Parry-Romberg, para tratamento de osteocondroma do côndilo mandibular, na
genioplastia, na reconstrução mandibular com flap livre, na redução de fraturas
mandibulares, maxilares ou dos côndilos e ainda como guias de corte para
reposicionamento maxilar.[2] [Ilustração 10]
21
Ilustração 10 Fixador cirúrgico impresso a 3D para osteotomia mandibular usado durante cirurgia reconstrutiva.[20]
BIOPRINTING
Na área da Medicina regenerativa, os scaffolds são os elementos-chave, uma vez
que fornecem o suporte físico necessário para a adesão, proliferação e diferenciação das
células implantadas. Por isso, é importante controlar a sua biocompatibilidade,
porosidade e interconectividade para permitir o fluxo de nutrientes, a vascularização e o
crescimento celular. No entanto, os métodos convencionais para a construção de
scaffolds não permitem o controlo preciso das características estruturais internas nem da
sua topologia. A utilização da Impressão a 3D é uma solução potencial e uma das
aplicações mais aguardadas desta tecnologia. O Bioprinting consiste, então, na
construção automatizada de scaffolds 3D complexos e biocompatíveis através da
deposição camada-a-camada de células vivas, biomateriais e moléculas de interesse
num substrato. Para além da sua aplicação no transplante de órgãos e tecidos, é uma
estratégia efetiva para estudar a progressão de doenças, nomeadamente as oncológicas,
e o mecanismo de ação de fármacos.[21][22]
Apesar de ser uma área recente, já há resultados promissores na criação de pele e
osso in vivo.[17] No entanto, existem outros estudos, envolvendo a formação de
cartilagem, músculo e tecido adiposo por Bioprinting, mas ainda sem resultados in
vivo.[4] Por exemplo, imprimiram-se scaffolds 3D com células estaminais
mesenquimatosas para criar estruturas com lúmen e função traqueal para posterior
implantação em ratos com defeitos traqueais. Recentemente, modelos animais também
demonstraram bons resultados com scaffolds 3D que permitiram o crescimento ósseo
para reparação de anomalias maxilofaciais, evitando a necessidade de autoenxertos.[10]
22
Também Li et al., imprimiram um implante ossicular com libertação controlada de
proteínas morfogénicas ósseas do tipo 2 (BMP-2) e implantaram-na em porcos. Após 3
meses, confirmaram que o implante induzia a osteogénese sem alterar a forma da parte
timpânica do osso temporal.[7]
O Bioprinting in vivo é possível e tem grande potencial para uso clínico no
futuro. Tem havido um avanço significativo no controlo das condições de impressão a
3D para minimizar o dano celular e imitar de forma adequada o ambiente extracelular.
No entanto, ainda está em fase de desenvolvimento e novos estudos são necessários.
LIMITAÇÕES DA IMPRESSÃO A 3D
Como visto anteriormente, as aplicações médicas da Impressão a 3D são
inúmeras, desde a educação médica até ao tratamento personalizado do paciente. No
entanto, por ser recente na Medicina, os estudos publicados são vagos e as conclusões
carecem ainda de evidência.
A Impressão a 3D tem limitações inerentes ao seu funcionamento. Para além de
ser necessária uma equipa multidisciplinar, o tempo necessário para a sua aplicação,
desde a obtenção de imagens por TC ou RMN até à impressão final, faz com que não
seja indicada para situações urgentes. O tamanho do modelo impresso é limitado pelo
tamanho da impressora e a sua precisão depende do tipo de impressora. A necessidade
de pós-processamento para remover o excesso de material e suavizar as bordas, embora
varie com o tipo de impressora, não é negligenciável. Para além disso, os materiais
usados são muitas vezes demasiado resistentes para a incisão com bisturi e para a
aplicação de suturas. Também a quantidade de materiais aprovados para aplicações
médicas permanece limitada, com aumento do seu custo total. Por isso, novos avanços
estão dependentes do desenvolvimento de novas impressoras e materiais.[10]
A qualidade da evidência que avalia a importância dos modelos anatómicos 3D
na educação médica é baixa a moderada, dado que a maioria dos estudos é de caso-
controlo e a metodologia utilizada não é suficientemente clara para determinar a classe
de evidência. Se os participantes nos estudos são maioritariamente internos de formação
específica, é imperativo que os modelos 3D sejam validados quanto à sua verdadeira
utilidade. Os modelos de simulação devem se assemelhar ao cenário real o mais
23
próximo possível para que as técnicas desenvolvidas sejam transferíveis para o mundo
clínico e passíveis de processo de validação. Apesar disso, os internos consideram os
modelos úteis e acreditam que as suas técnicas cirúrgicas melhoram após o seu uso.[23]
A crescente pressão económica sobre os cuidados de saúde torna cada vez mais
importante a procura de tecnologias com melhor relação custo-efetividade. O preço das
impressoras 3D pode variar entre as centenas e os milhares de euros, como nas
impressoras de Bioprinting. Alguns estudos sugerem que é uma boa medida custo-
efetiva, uma vez que a complexidade de alguns casos justifica o custo adicional. No
entanto, o custo elevado desta tecnologia, associado a vantagens frequentemente
limitadas ou não comprovadas, torna questionável a sua utilização rentável em todos os
pacientes e áreas médicas.[6] Por isso, são necessários mais estudos para comprovar se o
aumento dos custos pode ser equilibrado com as vantagens desta tecnologia.
24
CONCLUSÃO
A utilização da Impressão a 3D na área da Medicina é uma tecnologia recente,
mas promissora, uma vez que utiliza dados de imagem do paciente para criar modelos
complexos e personalizados de forma rápida. As aplicações em ORL e na Cirurgia
Maxilofacial têm sido inúmeras. As próteses, os implantes e os guias cirúrgicos
personalizados e impressos a 3D podem reduzir o tempo de cirurgia e melhorar os
resultados da mesma. Os modelos anatómicos usados em educação permitem uma
melhor visualização da anatomia normal e patológica e são úteis no planeamento pré-
cirúrgico, já que os cirurgiões podem treinar a melhor abordagem cirúrgica, predizer
resultados e antecipar eventuais prolemas que possam surgir. Com os recentes avanços
no Bioprinting, poderá ser possível implantar enxertos biologicamente funcionais
impressos a 3D para reconstrução de lesões num futuro próximo. No entanto, por ser
uma tecnologia recente na área da Medicina, os estudos publicados são vagos e as
conclusões carecem ainda de evidência. Com a crescente importância da Medicina
personalizada, torna-se necessário apostar ainda mais na investigação desta tecnologia.
25
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