ROCHA, João Cezar de Castro - Machado de Assis - Por Uma Poética Da Emulação

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    ROCHA, Joo Cezar de Castro. Machado de Assis: por uma potica da

    emulao. 1 ed. Rio de Jaeiro: Ci!ilizao "rasileira, #$1%.

    O real mira&em cosetida

    Atoio Carlos 'ecchi

    C( ) 'il!iao 'atia&o. A ret*rica da !erossimilhaa. +: ma literatura os

    tr*picos.

    -ema do traalho /0 a crise dos 2$ aos3 !i!ida por Machado de Assis etre

    1454 e 144$3 p. 1$ 6145478apis a!ulsos, cotos9 14$$ M8"C

    8oto de partida /0 crtica a O primo "aslio 7 A se!era a;lise cosiderada

    um dos potos altos de seu e?@

    a pr;tica da emulao implica uma ideia particular de sistema liter;rio,

    pri!ile&iado o ato de leitura como &esto imietemete i!eti!o. A(ial,

    partido/se da imitao de um modelo cosiderado autoridade um

    determiado &ero, usca/se emular esse modelo, produzido uma di(erea3

    p. 1#

    ri!alidade liter;ria como (ator rele!ate a tras(ormao machadiaa3 p. 1%

    !ida al&uma se e =re(ercia B mira&em3 ue coduz

    o rep*rter i!esti&ador de Cidado Dae@

    Re(le =i Cotos (lumieses@ 7 mau leitor de

    romaces realistas3p. 1G < leitora meos competete de romaces

    romticos3 p. 1G

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    -rs tesouros perdidos, 1G>4, estreia o &ero, aos 14 aos. Iuca

    repulicado p. #$ ) #1

    A mulher de preto =1G?4@

    O se&redo de Au&usta =14?4@

    us 'oares =14?G@

    aadoo pro&ressi!o de tais recursos reiterati!os, a (im de aumetar a

    ami&uidade potecial da (rase3 p. ##

    Reiterati!os ) e

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    Io Machadiho -ato do poto de !ista da (orma uato do poto de !ista do

    coteFdo o ue se destaca o trao eG@

    Qom Casmurro um poderoso elo&io B (ora da (ico, B ideia da literatura

    como uma m;uia de produzir per&utas sem resposta.3 =p. ?4@

    A miha iteo o ressuscitar o passado uicamete9 repar;/lo,

    restaur;/lo em todo o seu espledor, com toda a le&itimidade do seu direito9 o

    meu (im dizer/lhe, meu caro ami&o, ue a mulher codeada uma mulheriocete3 =p. 5$@

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    O !ocaul;rio machadiao da primeira (ase apreseta o adultrio como crime.

    p. 51

    A mudaa comeou pelos cotos e pelas cricas, pro!a!elmete por trs

    moti!os: a (reucia do e

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    critrios estticos ue permitiram uma a;lise to se!era da ora ueirosiaa

    =...@ eram esteticamete ormati!os e moralmete coser!adores3 p. G?

    Machado (ala em o(icia liter;ria

    8ara Rocha =p. G>@ a partir de O crime do 8adre Amaro e de O primo "aslio,

    escre!er romaces em portu&us si&i(icou o apeas relacioar/se com as

    autoridades do &ero das culturas e l&uas he&emicas como com uma

    autoridade lus*(oa.

    Pm toda cultura he&emica h; olsEes peri(ricos, assim como em toda

    circustcia o he&emica h; ilhas de prosperidade ue ada de!em aos

    mais cetral dos cetros3 p. G5

    relaEes assimtricas3 p. G5 relaEes tria&ulares ue aKudaram a plasmar as

    culturas latio/americaas o sculo T+T, sempre Bs !oltas com o ei

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    Psse dilema da secudidade o machadiao, rasileiro, lus*(oo ou latio/

    americao. Ple (ruto da coscicia hist*rica, da e

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    ue Machado, como trascre!e o pr*prio Rocha =p. 11%@ a(irma!a ter

    aorrecimeto pela literatura de escdalo ) e escdalo (ora o e(eito imediato

    e mais lo&o do romace de Slauert, o ual, a dcada de 144$ passou a

    circular o "rasil em traduo portu&uesa como uma leitura recomedada para

    homes. Pssa classi(icao ideti(ica!a oras de cuho (esceio.

    A rplica ue setimos ecessidade de (azer chamar ateo para o (ato de

    ue o Kul&ameto moral uca aadoou o te

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    Ao idicar a ori&ialidade de Pa como o maior moti!o para o de(eito a

    cocepo de O crime do 8adre Amaro, Machado parece detectar o autor de

    Os maias um desprezo B tradio ue cosidera astate e&ati!o.

    Cosiderado o estudo (eito por Rocha do tema da ori&ialidade os cotos O

    ael de 8olcrates =144#@, m erradio =14G#@ e O hailidoso =14G>@, e a pea

    -u, s* tu, puro amor =144$@, parece ue o autor de +ai; Varcia ideti(ica o

    romacista portu&us o mesmo &rade de(eito ue codea seus

    persoa&es: um certo e&ocetrismo itelectual i&uo e a auscia de

    disciplia itelectual e artstica. Psse e&ocetrismo o se re(ere a uma

    !aidade idi!idual, pelo meos o apeas a ela. Como Machado detecta a

    (iliao de Pa a Yola, detecta um e&ocetrismo de uma &erao ue camiha

    orietada apeas pelo horizote o!o. Pa estaria seduzido pelas ideias o!as

    e, por isso, desprezaria toda uma ilioteca de possiilidades ue dariam B sua

    arte uma di!ersidade muito maior de istrumetos, perspecti!as e moti!os.

    -rasplatamos para esse caso as pala!ras de Rocha =p. 1?2@ sore a

    cocepo de uciao de 'am*sata, (ote cara a Machado, sore a uesto:

    'ulihar somete a ori&ialidade eui!aleria a Kul&ar o escritor um i&uo,

    pouco (amiliarizado com a tradio3.

    Io sistema liter;rio aterior B re!oluo romtica, o deseKo de ser ori&ial

    seria propriamete idecoroso. Apeas um i&aro leitor almeKaria ser idtico a

    si mesmo, em lu&ar de eriuecer/se com a cotriuio milio;ria do acerto

    dos demais. 'omete o doo de uma ilioteca ma&ra pode iludir/se com o

    ieditismo de seus peueos achados.3 8. 1?>

    8ara Rocha =p. 1>%@, tcica artstica da emulao compartilha uma mesmade(iio essecial com a composio musical e a partida de

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    A i&orcia do pFlico leitor apotada por Machado em +deias sore o teatro

    como um prolema cultural o "rasil (ometado tato pela (alta de iiciati!a

    artstica como pela (alta de iiciati!a poltica.

    o elo&io romtico do &io possui um lado muito meos ore do ue o

    di!ul&ado pelos de(esores da esttica da criao. Re(iro/me B emer&cia de

    um pFlico urao de massas icapaz de ideti(icar alusEes, citaEes e

    apropriaEes, simplesmete por descohecer o repert*rio cl;ssico.3 8. #>$

    Io parece ue a de(esa do acioalismo seKa oposta B do acioalismo de

    setimeto timo, como pretede Rocha =p. 1?$@

    se, isoladamete, os procedimetos artsticos ue costituem a potica da

    emulao podem ser ecotrados em ualuer latitude, a ocorrcia

    simultea de todos eles, em &eral, caracteriza a potcia da circustcia o

    he&emica3 p. 1G$

    Psses elemetos so: a distio etre i!eo e criao, a coscicia

    hist*rica, o aacroismo delierado, a primazia da leitura sore a escrita, a

    cetralidade da traduo =p. 1G#@

    8alimpsesto ) arao B heraa ue rei!idicada aida ue impropriamete

    Criar, do latim creare, implica produzir o o!o o istate mesmo da criao: a

    ut*pica creatio e< ihilo9 criar a partir do ada, ou, em !ocaul;rio romtico, a

    partir e

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    O ampliado repert*rio cultural tpico de i!etores de culturas peri(ricas3

    =ROCHA, p. #$5@ demada destes um es(oro de stese ue, potecialmete,

    produz um olhar particularmete crtico3 =+d., iid.@ ) de ode uma irre!ercia

    como trao estrutural da potica da emulao.

    A o!idade da (orma o resultado da ampliao do repert*rio: para alm de

    um Fico Fcleo =...@ um autor de taleto precisa di!ersi(icar suas (otes,

    esachar sua perspecti!a.3 8. #2G

    Pm Qom Casmurro, o arrador ecea uma imposs!el simultaeidade etre o

    ato da escrita =...@ e o ato da leitura, cuKo corol;rio iclui a tras(ercia parcial

    da atriuio de setido ao leitor.3 8. #55

    8ara Rocha =p. #42@ o papel do leitor a costruo do setido ) e, por isso, da

    parcialidade desse setido ) assumido de maeira e(eti!amete aerta e

    totalizadora em Memorial de Aires e PsaF e Jac* 1, romaces em ue o pFlico

    de Machado o recee os te

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    compro!a a ideia de ue a potica da emulao h; primazia da leitura sore a

    escrita.

    O artista se descore mais rico uato mais sua d!ida aumeta, reuido

    temporalidades opostas, iau&urado uma apreeso simultea de &eros,

    autores e estilos: o retrato da se&uda (ase machadiaa.3 p. 1G1

    Pm al&uma medida, as cores do pas de(iem/se pela toalidade das

    lomadas de iFmeros li!ros e o pela (oto&ra(ia (iel da paisa&em.3 8. #25

    +stito de acioalidade ) 145%