Introdução à Auralização Cezar Monteiro Pirajá Neto [email protected].
ROCHA, João Cezar de Castro - Machado de Assis - Por Uma Poética Da Emulação
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7/23/2019 ROCHA, Joo Cezar de Castro - Machado de Assis - Por Uma Potica Da Emulao
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ROCHA, Joo Cezar de Castro. Machado de Assis: por uma potica da
emulao. 1 ed. Rio de Jaeiro: Ci!ilizao "rasileira, #$1%.
O real mira&em cosetida
Atoio Carlos 'ecchi
C( ) 'il!iao 'atia&o. A ret*rica da !erossimilhaa. +: ma literatura os
tr*picos.
-ema do traalho /0 a crise dos 2$ aos3 !i!ida por Machado de Assis etre
1454 e 144$3 p. 1$ 6145478apis a!ulsos, cotos9 14$$ M8"C
8oto de partida /0 crtica a O primo "aslio 7 A se!era a;lise cosiderada
um dos potos altos de seu e?@
a pr;tica da emulao implica uma ideia particular de sistema liter;rio,
pri!ile&iado o ato de leitura como &esto imietemete i!eti!o. A(ial,
partido/se da imitao de um modelo cosiderado autoridade um
determiado &ero, usca/se emular esse modelo, produzido uma di(erea3
p. 1#
ri!alidade liter;ria como (ator rele!ate a tras(ormao machadiaa3 p. 1%
!ida al&uma se e =re(ercia B mira&em3 ue coduz
o rep*rter i!esti&ador de Cidado Dae@
Re(le =i Cotos (lumieses@ 7 mau leitor de
romaces realistas3p. 1G < leitora meos competete de romaces
romticos3 p. 1G
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-rs tesouros perdidos, 1G>4, estreia o &ero, aos 14 aos. Iuca
repulicado p. #$ ) #1
A mulher de preto =1G?4@
O se&redo de Au&usta =14?4@
us 'oares =14?G@
aadoo pro&ressi!o de tais recursos reiterati!os, a (im de aumetar a
ami&uidade potecial da (rase3 p. ##
Reiterati!os ) e
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Io Machadiho -ato do poto de !ista da (orma uato do poto de !ista do
coteFdo o ue se destaca o trao eG@
Qom Casmurro um poderoso elo&io B (ora da (ico, B ideia da literatura
como uma m;uia de produzir per&utas sem resposta.3 =p. ?4@
A miha iteo o ressuscitar o passado uicamete9 repar;/lo,
restaur;/lo em todo o seu espledor, com toda a le&itimidade do seu direito9 o
meu (im dizer/lhe, meu caro ami&o, ue a mulher codeada uma mulheriocete3 =p. 5$@
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O !ocaul;rio machadiao da primeira (ase apreseta o adultrio como crime.
p. 51
A mudaa comeou pelos cotos e pelas cricas, pro!a!elmete por trs
moti!os: a (reucia do e
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critrios estticos ue permitiram uma a;lise to se!era da ora ueirosiaa
=...@ eram esteticamete ormati!os e moralmete coser!adores3 p. G?
Machado (ala em o(icia liter;ria
8ara Rocha =p. G>@ a partir de O crime do 8adre Amaro e de O primo "aslio,
escre!er romaces em portu&us si&i(icou o apeas relacioar/se com as
autoridades do &ero das culturas e l&uas he&emicas como com uma
autoridade lus*(oa.
Pm toda cultura he&emica h; olsEes peri(ricos, assim como em toda
circustcia o he&emica h; ilhas de prosperidade ue ada de!em aos
mais cetral dos cetros3 p. G5
relaEes assimtricas3 p. G5 relaEes tria&ulares ue aKudaram a plasmar as
culturas latio/americaas o sculo T+T, sempre Bs !oltas com o ei
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Psse dilema da secudidade o machadiao, rasileiro, lus*(oo ou latio/
americao. Ple (ruto da coscicia hist*rica, da e
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ue Machado, como trascre!e o pr*prio Rocha =p. 11%@ a(irma!a ter
aorrecimeto pela literatura de escdalo ) e escdalo (ora o e(eito imediato
e mais lo&o do romace de Slauert, o ual, a dcada de 144$ passou a
circular o "rasil em traduo portu&uesa como uma leitura recomedada para
homes. Pssa classi(icao ideti(ica!a oras de cuho (esceio.
A rplica ue setimos ecessidade de (azer chamar ateo para o (ato de
ue o Kul&ameto moral uca aadoou o te
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Ao idicar a ori&ialidade de Pa como o maior moti!o para o de(eito a
cocepo de O crime do 8adre Amaro, Machado parece detectar o autor de
Os maias um desprezo B tradio ue cosidera astate e&ati!o.
Cosiderado o estudo (eito por Rocha do tema da ori&ialidade os cotos O
ael de 8olcrates =144#@, m erradio =14G#@ e O hailidoso =14G>@, e a pea
-u, s* tu, puro amor =144$@, parece ue o autor de +ai; Varcia ideti(ica o
romacista portu&us o mesmo &rade de(eito ue codea seus
persoa&es: um certo e&ocetrismo itelectual i&uo e a auscia de
disciplia itelectual e artstica. Psse e&ocetrismo o se re(ere a uma
!aidade idi!idual, pelo meos o apeas a ela. Como Machado detecta a
(iliao de Pa a Yola, detecta um e&ocetrismo de uma &erao ue camiha
orietada apeas pelo horizote o!o. Pa estaria seduzido pelas ideias o!as
e, por isso, desprezaria toda uma ilioteca de possiilidades ue dariam B sua
arte uma di!ersidade muito maior de istrumetos, perspecti!as e moti!os.
-rasplatamos para esse caso as pala!ras de Rocha =p. 1?2@ sore a
cocepo de uciao de 'am*sata, (ote cara a Machado, sore a uesto:
'ulihar somete a ori&ialidade eui!aleria a Kul&ar o escritor um i&uo,
pouco (amiliarizado com a tradio3.
Io sistema liter;rio aterior B re!oluo romtica, o deseKo de ser ori&ial
seria propriamete idecoroso. Apeas um i&aro leitor almeKaria ser idtico a
si mesmo, em lu&ar de eriuecer/se com a cotriuio milio;ria do acerto
dos demais. 'omete o doo de uma ilioteca ma&ra pode iludir/se com o
ieditismo de seus peueos achados.3 8. 1?>
8ara Rocha =p. 1>%@, tcica artstica da emulao compartilha uma mesmade(iio essecial com a composio musical e a partida de
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A i&orcia do pFlico leitor apotada por Machado em +deias sore o teatro
como um prolema cultural o "rasil (ometado tato pela (alta de iiciati!a
artstica como pela (alta de iiciati!a poltica.
o elo&io romtico do &io possui um lado muito meos ore do ue o
di!ul&ado pelos de(esores da esttica da criao. Re(iro/me B emer&cia de
um pFlico urao de massas icapaz de ideti(icar alusEes, citaEes e
apropriaEes, simplesmete por descohecer o repert*rio cl;ssico.3 8. #>$
Io parece ue a de(esa do acioalismo seKa oposta B do acioalismo de
setimeto timo, como pretede Rocha =p. 1?$@
se, isoladamete, os procedimetos artsticos ue costituem a potica da
emulao podem ser ecotrados em ualuer latitude, a ocorrcia
simultea de todos eles, em &eral, caracteriza a potcia da circustcia o
he&emica3 p. 1G$
Psses elemetos so: a distio etre i!eo e criao, a coscicia
hist*rica, o aacroismo delierado, a primazia da leitura sore a escrita, a
cetralidade da traduo =p. 1G#@
8alimpsesto ) arao B heraa ue rei!idicada aida ue impropriamete
Criar, do latim creare, implica produzir o o!o o istate mesmo da criao: a
ut*pica creatio e< ihilo9 criar a partir do ada, ou, em !ocaul;rio romtico, a
partir e
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O ampliado repert*rio cultural tpico de i!etores de culturas peri(ricas3
=ROCHA, p. #$5@ demada destes um es(oro de stese ue, potecialmete,
produz um olhar particularmete crtico3 =+d., iid.@ ) de ode uma irre!ercia
como trao estrutural da potica da emulao.
A o!idade da (orma o resultado da ampliao do repert*rio: para alm de
um Fico Fcleo =...@ um autor de taleto precisa di!ersi(icar suas (otes,
esachar sua perspecti!a.3 8. #2G
Pm Qom Casmurro, o arrador ecea uma imposs!el simultaeidade etre o
ato da escrita =...@ e o ato da leitura, cuKo corol;rio iclui a tras(ercia parcial
da atriuio de setido ao leitor.3 8. #55
8ara Rocha =p. #42@ o papel do leitor a costruo do setido ) e, por isso, da
parcialidade desse setido ) assumido de maeira e(eti!amete aerta e
totalizadora em Memorial de Aires e PsaF e Jac* 1, romaces em ue o pFlico
de Machado o recee os te
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compro!a a ideia de ue a potica da emulao h; primazia da leitura sore a
escrita.
O artista se descore mais rico uato mais sua d!ida aumeta, reuido
temporalidades opostas, iau&urado uma apreeso simultea de &eros,
autores e estilos: o retrato da se&uda (ase machadiaa.3 p. 1G1
Pm al&uma medida, as cores do pas de(iem/se pela toalidade das
lomadas de iFmeros li!ros e o pela (oto&ra(ia (iel da paisa&em.3 8. #25
+stito de acioalidade ) 145%