Rocinha em Revista #10

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JOILSON PINHEIRO Da Bahia para as crianças da Rocinha Lixo: problema grave da Rocinha O caminho do esporte na vida de Leandro Souza E mais: Edição n° 10 - Ano 3 - out / 2011 JOILSON PINHEIRO Da Bahia para as crianças da Rocinha

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Revista em Rocinha edição 10 Faveladarocinha.com

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JOILSON PINHEIRODa Bahia para as crianças da Rocinha

Lixo: problema

grave da Rocinha

O caminho do esporte na vida de Leandro Souza

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Edição n° 10 - Ano 3 - out / 2011

JOILSON PINHEIRODa Bahia para as crianças da Rocinha

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4Editorial Ailton Macarrão

Sumário

Nesta edição, temos ótimas novidades para vocês. O trabalho em parceria com o site FavelaDaRocinha.com para a formação da nova identidade da nossa revista está deixan-do-a cada vez melhor e mais informativa.

A Revista AM agora se chama ROCINHA EM REVISTA e está com o design ainda mais atraente. Mas, como forma sem conteúdo não tem muito valor, nós também capricha-mos nas matérias e vamos mostrar o que há de melhor na nossa comunidade e nos arredores, sem esquecer, é claro, dos problemas que afligem aos moradores.

Você irá conhecer um escritor e poeta baiano apaixona-do pela Rocinha, que através do projeto Pequenos Poetas ensina todo o seu amor pelas letras para as crianças da co-munidade. Vai conhecer também a baiana Ana Márcia, uma guerreira que, com muito esforço e dedicação, conseguiu realizar o sonho de montar o próprio negócio e se tornar uma micro-empresária. Venha conhecer o restaurante Can-tinho das Baianas e a Barraca das Baianas que têm caldos e pratos típicos que são sucessos absolutos.

Nós abordamos também um assunto que incomoda muita gente. A coleta ineficiente do lixo que somada à falta de uma política pública de conscientização dos morado-res está produzindo um terreno fértil para a proliferação de pestes e doenças em toda a Rocinha, além de tirar um pouco da beleza da nossa comunidade. Você vai saber ainda como e porque os moradores das sub-localidades, Macega e Laboriaux, estão sob constantes ameaças de perderem suas casas.

Aproveitamos para dar os parabéns e desejarmos votos de sucesso ao Jornal Rocinha Notícias, que retorna às ativi-dades oferecendo informações e notícias de alta qualidade.

Confira mais matérias no site www.faveladarocinha.com

Boa leitura!

InformeComo funciona a UPA

Coluna do Prof. CláudioDicas para a saúde do seu coração

12 Meio AmbienteO Projeto Rio Canoas

20CapaJoilson, um apaixonado pelas letras

33 GastronomiaO tempero da baiana

Ana Marcia

Expediente - Edição n° 10 - OUT / 2011Tiragem:10.000 exemplares

Equipe - AM

DIRETOR PRESIDENTE Ailton “Macarrão” Araujo Ferreira

VICE-PRESIDENTESônia Regina B. Fernandes

EDITOR Isabel Góes - DRT 8642/2002

DESIGN / DIAGRAMAÇÃO DE TEXTOSAloisio Santos

PUBLICAÇÃOAM Consultoria

ADMINISTRAÇÃO E LOGÍSTICAEdmar Aguiar

COLABORADOROsmar Silva

Equipe - faveladarocinha.com

EDITOR CHEFELeandro Lima - [email protected]

COORDENADOR ADMINISTRATIVOAlexandre Cruz - [email protected]

GERENTE DE PROJETOSMichelle Rocha - [email protected]

COORDENADOR DE REDAÇÃOMarcos Barros - [email protected]

EQUIPE DE REPORTAGEMAline Guimarães - [email protected] Ribeiro - [email protected]ávio Carvalho - [email protected]

Contato:(21) 7816-4652 / (46*25889)[email protected]

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i! Eu sou seu cora-ção, trabalho dia e noite sem parar, sem descanso semanal ou férias. Sou res-ponsável por bom-

bear sangue por todo o seu corpo, liberando oxigênio e uma série de outras substâncias que você preci-sa para manter cada uma de suas células. Trabalho duro, pulsando de 60 a 80 vezes por minuto. São mais de 100 mil batidas por dia, por isso estou aqui para lhe dizer como cuidar bem de mim, para que pos-samos nos entender por longos e longos anos.

Existem alguns fatores de ris-co que aumentam as chances de doença cardiovascular, infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e der-rame cerebral (AVC). Alguns des-ses fatores não têm como mudar: idade, sexo, história de doença cardíaca na família. Porém, existem outros que você pode mudar tipo: cigarro, drogas, alimentação inade-quada, sedentarismo, excesso de bebidas alcoólicas, colesterol alte-rado, pressão alta, noites de sono

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Prevençãocardiovascular

Nesta edição, a coluna do Professor Cláudio Silva tem um interessante bate papo entre você e o seu coração. Confira!

perdidas, estresse, entre outros.Nosso corpo precisa de vários

cuidados para se manter saudável. Ingerir frutas, verduras e legumes diariamente diminuem em 30% as chances de infarto. Seja forte para que eu também fique forte e sem riscos cardíacos. Fuja das lancho-netes “fast food” e dos sanduíches gordurosos em qualquer lugar.

ATIVIDADES FÍSICASVamos mexer o esqueleto,

músculos, tendões etc; para que eu não venha a ficar envolto dessa gordura horrorosa e o corpo não venha a ter má circulação. Prati-car exercícios físicos regularmente reduz em 14% os riscos de um ataque cardíaco. É preciso ir ao médico e fazer exames antes de começar a fazer exercícios físicos. Para realização de atividade física moderada como caminhar, não é necessário avaliação médica e exa-mes complementares.

A prática da atividade física deve ser realizada diariamente ou pelo menos três vezes por semana. Comece com 20 ou 30 minutos de atividade e com o tempo aumente gradativamente. O exercício mo-derado é aquela que produz suor, mas que, enquanto é realizado a pessoa consegue conversar fra-ses curtas. Caso sinta que não dá para realizar corridas leves, come-ce com caminhadas, roupa leve e tênis apropriado. Com o tempo sentirá a necessidade de aumentar esse ritmo, então alterne a cami-nhada com pequenos trotes tipo: caminhada de três minutos e trote de 30 segundos e aumente gradati-vamente de acordo com a resistên-

cia que for adquirindo, ok?

BENEFÍCIOS PARA QUEM PRATICA EXERCÍCIOS :

• Sensação de bem-estar• Melhora a força muscular e

a autoestima.• Queima calorias, auxiliando

na perda de peso• Diminui a chance de ter um

ataque cardíaco.• Melhora a qualidade do sono

e facilita a capacidade de relaxa-mento.

• Aumenta a eficiência dos pulmões e da respiração.

• Aumenta o HDL (o coleste-rol bom).

• Ajuda a controlar a ansie-dade e a depressão, reduzindo a chance de estresse.

• Reduz o risco de diabetes e de pressão alta. Vale ou não vale a pena?

DICAS:• Não faça exercícios em je-

jum ou imediatamente após uma refeição pesada.

• Beba líquidos, de preferên-cia água ou suco de frutas, antes, durante e após cada exercício físi-co.

• Tem que ficar no computa-dor muito tempo? a cada hora faça cinco minutos de alongamentos.

Assinado: O seu melhor ami-

go, eu! Cuide bem de mim, para que eu possa cuidar bem de você.

Prevençãocardiovascular

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ão é de hoje que a Rocinha chama a atenção dos tu-ristas que visitam o Rio de Janeiro.

Desde os anos 90, época em que o local era conhecido como a maior favela da América La-tina, estrangeiros de todas as partes do mundo visitam a co-munidade.

O Rio de Janeiro é a porta de entrada de turistas estran-geiros no Brasil. A cada ano, es-tima-se cerca de 2,6 milhões de turistas. Somente no Revéillon de 2010 para 2011, 621 mil turistas ficaram no Rio de Janei-ro. No ano passado, segundo a RioTur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro), totalizou-se quase 3 milhões de turistas em solo carioca.

A Rocinha, atualmente, re-cebe cerca de 200 turistas por semana, números que triplicam

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A ROCINHA É DO RIO E DOS TURISTAS

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nas férias, períodos de alta tem-porada. Segundo Bruno Schvi-dah, um entre os muitos guias locais, são nesses períodos que os turistas vão além de visitar uma comunidade. “Muitos fi-cam e fazem trabalhos volun-tários, inserem projetos vindos de universidades e dão aulas de inglês para crianças. Mas há uma troca, pois o turista ensina seu idioma, mas sai daqui falando português”.

Zezinho da Rocinha, guia turístico e morador da x comu-nidade, concorda com o Bruno sobre os turistas que ficam na comunidade para realizar algu-ma atividade social. “Cerca de 20% dos meus turistas voltam e fazem trabalho social aqui. Eles escolhem entre as diversas ONGs, como a Escola Tio Lino de Arte, por exemplo. Eu tenho um voluntário ajudando com a minha escola de DJ, chamada DJ Spin Rocinha”.

Mesmo com algumas di-ficuldades, os guias mantém suas programações e ajudam a economia do bairro. “Falta or-ganização e muitas empresas fa-zem do passeio na comunidade, apenas uma forma de lucrar. Isso é sujo e injusto com aque-les que vêem a Rocinha como uma mãe. Faltam cursos para fomação de guias de turismo, assim dariam mais oportunida-des para aqueles que querem estudar e ser um profissional na área”. Critica Bruno.

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A ROCINHA É DO RIO E DOS TURISTAS

Eventos grandiosos realizados no Rio deJaneiro aumentam o número de turistas

UFC Rio

Rock in Rio

Zezinho concorda com Bruno sobre a falta de investi-mentos no turismo na Rocinha e também critica as empresas vindas de fora da comunidade. “Eu acho que agências exter-

nas que usam essa comunidade para ganhar dinheiro deveriam contribuir com algo para a fave-la de alguma forma. Eu sei que há agencias que dizem ajudar, mas nada está regulamentado.

Eu mesmo contribuo em três projetos na Rocinha”.

Leandro Lima

Apoio:

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Rocinha, com mais de 100 mil habi-tantes difere de outras comunida-des em diversas

áreas, e a principal delas é a co-modidade que o morador tem de não precisar sair da Rocinha para pagar contas, almoçar em um restaurante, fazer compras e ter uma consulta médica, por exemplo. A maioria dos comer-ciantes na Rocinha se empenha no público local, exigentes na qualidade e um bom preço. Sil-vano, gestor da rede Saúde e Farma, não fez diferente. Hoje ele tem duas filiais na Rocinha, localizadas no Caminho do Boiadeiro e outra na Estrada da Gávea.

Como todo bom gestor na Rocinha, o foco é no público local. Garantir um bom atendi-

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Rede de Farmácias se preocupa com a comunidade e investe em duas filiais na região

8 Saúde

Saúde em primeiro lugar

mento, oferecer um bom pro-duto e tudo isso com um preço acessível, Silvano sabe que a co-munidade é um ótimo cliente. “Aqui nós ouvimos o que tipo de produto o cliente procura, atendendo as necessidades de-les. Dou prioridade ao cliente sempre!”

A rede Saúde e Farma tem cerca de 70% dos funcionários, moradores da Rocinha. Um fato importante para manter a qualidade do atendimento e a identificação do público com o estabelecimento.

Rede de Farmácias se preocupa com a comunidade e investe em duas filiais na região

INFORME PUBLICITÁRIO

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Saúde em primeiro lugar

Serviço:

Saúde FarmaEnd.: Caminho do Boiadeiro, 61 Estrada da Gávea, 539

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divulgação do total de usuários do Facebook e do Orkut acon-teceu justamente por conta da informação, antecipada pela revista IstoÉ Dinheiro, da nova configuração das redes sociais do Brasil. No próprio relatório, o Ibope Nielsen Online ressal-ta que a revelação da audiência teve caráter excepcional.

Além de Facebook e Orkut, o Twitter também apresentou bons números para o mercado brasileiro. Em agosto, o mi-croblog registrava um total de 14,2 milhões de usuários únicos (31,3%) dos internautas ativos do País.

quilo que grande parte dos inter-nautas brasileiros já havia notado e que foi divulgado

na imprensa na semana passa-da pela revista IstoÉ Dinheiro – mas, a ocasião, sem a con-firmação definitiva do instituto responsável – foi, finalmente, oficializado pelo Ibope Nielsen Online: o Facebook, no Brasil, já possui mais usuários do que o Orkut.

De acordo com o relatório, foi em agosto que a rede social de Mark Zuckerberg derrubou a hegemonia do Orkut, a rede

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Ibope confirma Facebook a frente do Orkut

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Relatório do instituto de pesquisa aponta que rede de Mark Zuckerberg já possui 30,9 milhões de brasileiros cadastrados; Orkut tem 29 milhões

social queridinha dos brasilei-ros há alguns anos. Segundo o Ibope, no final do mês passado, o Facebook contabilizava um total de 30,9 milhões de usuá-rios únicos (o que correspondia a 68,2% dos internautas que, no período, acessaram a inter-net de forma frequente, de sua residência ou do trabalho). En-quanto isso, o Orkut registrou 29 milhões de usuários únicos (o equivalente a 64% do total de internautas do País).

Revelar a audiência de de-terminados sites ou redes so-ciais não é uma prática usual do Ibope Nielsen Online. A

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12 Iniciativas

Projeto Rio CanoasEstrada das Canoas 720Tel.: 7841-6537 Nextel: 106133*1

O projeto é reali-zado por um grupo de moradores e amigos da Vila Ca-noas e tem o pro-pósito de preservar

a natureza, reflorestar, implantar a educação ambiental entre to-dos os moradores e criar uma co-operativa ou grupo de catadores, que tenham a responsabilidade de ajudar nessa jornada.

O Projeto pretende sal-var a fauna e a flora do local e já colhe alguns frutos como animais que desapareceram da mata e, hoje com a educação ambiental, já podem ser observados nova-mente: mão-pelada, caranguejo, jacú, ouriço caixeiro, sabiá pre-ta, gaturama, esquilo, algumas espécies de borboletas, pitús, macaco-prego, gavião, coruja, pererecas e etc.

É necessário também cha-mar a atenção do Poder Público, para ajudar e entrar nessa batalha ecológica. O objetivo é Informar e educar a todos que de uma maneira ou de outra costumam jogar lixos, e outro tipo mate-rial em lugares inadequados da

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Vem da Rocinha este grande projeto de proteção e educação ambiental, a ser seguido por todos. Conheça o Projeto Rio Canoas.

Cuidar e preservar

importância da preservação am-biental e do cuidado com a pro-liferação das larvas do mosquito da dengue.

Busca de parcerias: São bem vindos os convites

de qualquer Grupo, Associação, Projeto, ONG, Fundação ou Instituição para com isso, todos ajudar nos trabalhos de reflores-tamento, preservação ambiental, educação ambiental e reciclagem.

As ferramentas foram doa-daspela empresa Comlurb de São Conrado e do Alto da Boa Vista e conta também com a ajuda da Creche Escola Tia Maura.

As ajudas são necessárias,

uma vez que esse trabalho não é remunerado e não possui ver-bas para compra das ferramen-tas necessárias e uniformes de proteção. Quem ajudar poderá ter seus logotipos estampados nos uniformes. Entre no site de relacionamento Orkut e visite o perfil “Projeto Rio Canoas” para obter mais informações.

Diretoria: Carlos Afonso (Marrom), Marcelo Costa Mar-celo Fau), Ernesto Correa, Car-los Roberto (Carlinhos), Mário Afonso, José Carlos (Zé Ratão), Gerson Jesus(Baiano), Romildo Ramos.

Cuidar e preservarRoci

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º 10 Vem da Rocinha este grande projeto de proteção e educação ambiental, a ser

seguido por todos. Conheça o Projeto Rio Canoas.

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18 Esporte

eandro Souza de Lima tem 27 anos e muita lição de vida. Entre uma partida e outra, o astro da Ro-cinha divide seus dias

entre cuidar de sua filha de 4 anos e, claro, jogador de um dos esportes que mais cresce na comunidade: o basquete.

Leandro teve uma infância como uma criança normal de uma favela carioca que busca um futuro melhor. Mesmo com todas as difi-culdades, enfrentando um proble-ma de alcoolismo na família, pôde buscar no basquete, uma vida mais tranquila, longe dos problemas da rua, e de casa. “Com os treinamen-tos que tive no Botafogo pude me destacar na escola. Larguei o clube e segui nos campeonatos estudan-tis”.

Após sua grande sequencia de vitórias, seu técnico que acom-panhava de perto o promissor jogador da Rocinha não pôde dar continuidade. Leandro, mais uma vez, enfrentou dificuldades com os

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No caminho do esporteproblemas de saúde de sua mãe. “Após a recuperação dela, voltei a jogar basquete, mas desta vez, na Rocinha mesmo. O clube Umuara-ma estava recrutando estudantes e aproveitei a oportunidade. Aprendi a jogar basquete e aprendi a viver a vida. Meu professor lá foi muito além das quadras”.

Não demorou muito, Leandro foi para o clube do Flamengo. Com forte incentivo de amigos e profes-sores, o jogador teve a oportunida-de de ser campeão e estar ao lado de um dos melhores jogadores de basquete do Brasil: Oscar Schimidt. “Não acreditei onde consegui che-gar. Olhava para a arquibancada e via meus amigos torcendo por mim. Ali eu via a importância do que es-tava fazendo. Percebi que poderia ajudar minha mãe também”.

Empolgado e com muita dis-posição, Leandro participou de torneios fora do Brasil, inclusive nos EUA, berço do basquete mun-dial. Foi onde conseguiu mostrar seu talento e no retorno ao Brasil teve a maior surpresa de sua vida.

Estar entre os finalistas da escolha do Harlem Globetrotters para ser um de seus jogadores. A disputa foi realizada no programa Caldeirão do Huck, apresentado na Rede Globo. Porém Leandro ainda busca seu maior objetivo, ajudar sua mãe. “Até hoje não pude dar uma casa para a minha mãe, algo que ela realmente necessita. Ela me tirou da favela, me ajudou nos estudos e insistiu que eu continuasse no basquete. Dar um lar a ela seria o mínimo que eu gostaria de fazer”, conta Leandro, atleta militar da Marinha, estudante de Educação Física e morador da Rocinha.

Leandro Lima

Leandro converte os problemas em pontos positivos para a vida

Leandro em dois tempos:Campeão do Hutuz Festival e como modelo.

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20 Cultura

Rocinha é um dos poucos lugares do Brasil onde se pode ver tanta diferença, seja social, cultu-ral, gastronômica e

musical. Aqui é verdadeiramente uma torre de Babel. Você pode em apenas um beco viajar desde o mais pesado Rock n’ Roll do Metallica, da MPB de Caetano Veloso, passando pelo Forró do Calcinha Preta e acabar caindo no Funk do Mc Tevez. Tem até grin-go que vem de fora para morar exclusivamente na maior favela da América Latina. Essas característi-

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Apaixonado pelas letras

Ele é Joílson Pinheiro de Jesus, ou se preferir

simplesmente JP.

cas estão explícitas na entrevista concedida por Joílson Pinheiro de Jesus, mais conhecido como JP. Um baiano de olhar simples e apaixonado pela “Roça”. Garçom de profissão mas poeta de alma.

Nascido no recôncavo baia-no em meio a ditadura militar, no conturbado ano de 1966, o escri-tor ainda adolescente chegou a trabalhar de office boy, padeiro e até mesmo de limpador de pis-cina para conseguir ajudar sua fa-mília. Chegou no Rio no final dos anos 90 onde foi morar na favela do Vidigal. Seu primeiro contato com a Rocinha foi através da rá-

dio Katana, onde produziu um programa que tocava Flash Back.

Desde quando chegou ao Rio a favela de São Conrado exercia verdadeiro fascínio sob o nosso poeta. A fama da comunidade foi um ponto positivo para a imigra-ção. Pessoas indo e vindo inde-pendente das condições climáti-cas e de segurança, além de seus mistérios, deram o toque especial para a escolha.

“Mas uma coisa que me mo-tivou a morar aqui foi a fama que a Rocinha tinha, de bem ou mal, fui atraído pela magia da favela, por seus mistérios, moradores antigos e novos se instalando. Se prestar a atenção, neste morro, tem sempre alguém chegando ou alguém partindo. Este fluxo não pára nunca, com guerra ou paz é ininterrupto. Já vi gente chegando e a bala comendo, gente corren-do pra fora com medo e gente vindo sem se importar com os acontecimentos de violência”. - relata Joílson.

A primeira casa de JP na “Roça” foi alugada no ano 2000 junto com algumas amigas da Bahia na curva do S, uma das vias mais agitadas do morro. Mas por

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algumas brigas decidiu morar so-zinho e conseguiu alugar um bar-raco menor. Mas foi no ano verão de 2001, quando tinha acabado o período de festa que o baiano escritor conheceu sua última mu-lher.

“O morro estava fervendo em festas naquele ano. As festas acabaram mais ou menos quan-do conheci minha última mulher. Depois juntamos os panos e os corpos, me mudei para uma qui-tinete um pouco maior. Já era fi-nal de 2001, pagava aluguel, vida dura, ela tem um filho de apenas 5 anos. Nós nos apegamos, sete meses depois estávamos moran-do no 199 em um barraco que compramos, demos entrada e parcelamos o restante, foi difícil, mas pagamos tudo direitinho” -

diz emocionado Joílson.Apesar de gostar muito de

sua mulher na época, a relação desandou e depois de alguns anos eles se separaram.

“Hoje vivo sozinho, mas es-tou feliz com meus projetos, na-morada é um detalhe, só falo dela quando a gente estiver brigando embaixo do mesmo teto e se ela permitir, é claro”. - brinca JP

O garçom baiano descobre a poesia e os livros

A história de Joílson com os livros começa quando ele estava na terceira série. JP se encantou, ainda menino, quando a professo-ra do pequeno colégio do interior da Bahia levou o poema O Pato de Vinicius de Moraes. A partir

daí o escritor não parou. Come-çou a ler literatura de cordel e as letras de Gonzagão, mas estava limitado aos livros que suas irmãs traziam.

“Lá em casa meus pais não eram muito ligados aos livros. Apenas minhas irmãs levavam um ou outro para casa, e por isso, eu estava preso ao que minhas irmãs levavam” - conta Joílson.

Aos 14 anos largou a escola para ajudar a família. Com 15, foi trabalhar de caseiro. Na casa onde trabalhava foi que o mundo literário de Joílson se abriu. Lá ele tinha acesso a todo tipo de revis-tas. Livros de história e geografia eram os preferidos. Aos 16 escre-veu seu primeiro poema.

Mais tarde se mudou para Salvador e voltou a estudar. Já amante da literatura, começou a escrever peças de teatro. Suas peças eram quase sempre poli-tizadas e faziam críticas ao gover-no.

Hoje com um livro publica-do, e com o projeto de escrever outro, JP mantém, além de suas aulas de declamação de poemas, o Pequenos Poetas, projeto social onde crianças aprendem através da literatura a tomar gosto pelos livros e pela poesia.

“ Eu trabalho com essas crian-ças porque acredito que somente nessa idade, de 8 a 14 anos, é possível colocar alguma coisa na cabeça delas. Depois dessa idade, não é impossível, mas muito difí-cil” - esclarece JP.

Gabriel Ribeiro

Capa de “Canavial”, livrode Joilson Pinheiro.

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28 Cidadania

omo uma das maio-res favelas da Amé-rica latina, a Rocinha também lidera no ranking dos lugares que mais produzem

lixo do Rio de Janeiro, a produção diária na comunidade daria para en-cher o estádio do Maracanã. Ruas estreitas, becos, construções de-sorganizadas são alguns dos fatores que contribuem para que a Rocinha seja um dos locais mais sujos da cidade maravilhosa. A coleta insufi-ciente feita pela Comlurb e a falta de educação dos moradores são os maiores responsáveis pelo acúmulo de lixo nas ruas da Favela. Na su-bida pelas principais vias de acesso, é possível ver moradores e donos de estabelecimentos despejando, a céu aberto, todo tipo de lixo sem a menor preocupação do que possa acontecer com as pessoas que tran-sitam pelo local.

A falta de locais apropriados para jogar o lixo também é um dos grandes problemas para população local. Poucos são os lugares de-marcados pela prefeitura onde os moradores podem despejar o lixo doméstico e os entulhos. A quan-tidade de caçambas coletoras é insuficiente para o volume de lixo produzido pela comunidade. Lata de lixo é praticamente inexistente. Sem opções, os moradores jogam o lixo em qualquer lugar e não tem consciência dos problemas que o lixo pode trazer para a comunidade e para os visitantes.

O mau cheiro e o chorume, lama que sai do meio do lixo, são constantes na rotina dos morado-res, que já consideram esse “crime ambiental” como normal diante de tanto lixo acumulado em muitos lugares da Rocinha. Alguns morado-res nem ao menos sabem que em contato com o chorume podem pe-

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A coleta de lixo na Rocinhagar doenças como Hepatite, Cóle-ra, Diarréia e até mesmo Leptospi-rose, doença causada pela urina dos ratos atraídos pelo lixo. Apesar do risco de contaminação, muitas pes-soas reviram o lixo sem proteção adequada, algumas até sobrevivem coletando materiais reaproveitáveis e vendem a empresas de recicla-gem por um valor “simbólico”, já que não existe nenhum convênio da prefeitura com catadores e empre-sas que trabalhem com o tratamen-to do lixo.

Jorge Collaro, administrador regional da Rocinha, disse que a coleta de lixo é feita diariamente em vários turnos, inclusive, du-rante a madrugada por máquinas adequadas para um lugar com ruas estreitas e subidas íngremes. Os be-cos e vielas são limpos pelos garis comunitários, entretanto, o número de trabalhadores é insuficiente para a quantidade de lixo produzido. Collaro falou ainda que não exista nenhum tipo de convênio com coo-perativas de catadores ou empresas de reciclagem. “A Rocinha produz 85 toneladas de lixo por dia e a co-leta é mais cara que a do Leblon” disse Jorge Collaro. Até o fim do ano serão colocadas caçambas de lixo ao longo da estrada da Gávea,

principal rua da comunidade, me-lhorando o escoamento das águas das chuvas e diminuindo o acúmulo de entulhos e sacos de lixos nas cal-çadas e becos. Também será reali-zado um projeto de conscientização em parceria com a Comlurb.

Collaro ainda fez um pedido aos moradores da Rocinha: “joguem o lixo nos locais determinados e não nos caminhos aonde as pessoas cir-culam. Educação e conscientização é a base para que uma cidade ou bairro sejam limpos e organizados”.

Prefeitura e comunidade tra-balhando juntos é o caminho certo para um futuro de cidadãos educa-dos e conscientes, de que jogar lixo na rua pode causar grandes proble-mas como doenças e enchentes. Afinal a Rocinha sempre esteve nos primeiros lugares do ranking de muitas coisas ruins, e com o PAC dando o pontapé inicial, é hora dos moradores se unirem e andarem junto com essa mudança, só assim a comunidade se tornará mais limpa e terá um primeiro lugar no ranking que possa dá orgulho aos morado-res.

Alexandre Cruz

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30 Saúde

equipe de reporta-gem do Favelada-Rocinha.com visitou os sub-bairros da Rocinha, Laboriaux e Macega e mostra

como as duas localidades convivem com diferentes problemas, desde as fortes chuvas de abril de 2010. Se por um lado os moradores do Labo-riaux estão sendo ameaçados pela prefeitura de despejo e não querem sair de suas casas, por outro, a si-tuação da Macega é tão desespe-radora que muitas pessoas já estão abandonando suas residências.

A chegada ao Laboriaux dá sen-sação de se estar um lugar diferente da Rocinha. Localizado em uma das áreas mais valorizadas da comuni-dade, os moradores do Laboriaux estão vivendo um dilema desde as fortes chuvas que assolaram o Rio, em abril de 2010. A prefeitura quer remover a maioria das casas, ale-

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Laboriaux e Macega enfrentam as dificuldades comuns a muitas das comunidades cariocas

gando risco de deslizamento e até uma escola está interditada.

Os repórteres do FaveladaDa-Rocinha.com visitaram a casa de uma moradora e constataram um visual exuberante. Poucos lugares possuem aquela paisagem. À frente a vista para Lagoa, Praia do Leblon e Ipanema. Ao lado esquerdo a flo-resta e o Cristo Redentor. Dentro da mata da Gávea, em frente à Ro-cinha, é possível ver algumas das casas mais caras do Brasil. “Eu não quero sair daqui por nada. Não tro-co minha casa por nenhum lugar no mundo. Onde eu vou ter uma vista assim. Será que no lugar onde que-rem me colocar eu terei uma vista dessas?” - diz a moradora que não quis se identificar.

Ao caminhar pela rua principal do Laboriaux, é possível ver as mar-cações feitas com tinta spray preta nas paredes das casas. Os rabiscos sinalizam que o imóvel será demo-lido. Um estudante de engenharia, que não quis revelar o nome, mos-trou uma casa que, segundo ele, está avaliada em mais de R$ 800 mil. O universitário fez uma pesquisa e constatou, que só as indenizações ultrapassariam R$ 50 milhões.

O sociólogo-urbano Marcos Burgos, costa-riquenho, é morador

da Rocinha há mais de 10 anos. Para ele as desapropriações do Labo-riaux é uma jogada para o mercado imobiliário. Segundo Marcos, as de-molições seriam para a construção de uma pousada na localidade, que tem as terras mais valiosas da Roci-nha. “As casas ali na mata da Gávea possui o mesmo solo do Laboriaux, porém eles possuem dinheiro para fazer obras de contenção. Desde 1995 não fazem obra aqui. Todas as cidades do mundo precisam de re-formas e aqui não é diferente” - diz Marcos Burgos.

Outra reivindicação dos mora-dores é a reativação da Escola Abe-lardo Chacrinha Barbosa. Desde as chuvas de abril de 2010, o colégio está fechado fazendo com que as crianças tenham que se locomo-ver para o colégio Camilo Castelo Branco, no Jardim Botânico. Antes de ser interditada, a escola do Labo-riaux passou por reformas e novos equipamentos foram comprados. A unidade está abandonada e grande parte dos equipamentos foram fur-tados. “É um transtorno enorme. Antes meu filho só tinha que andar durante dois minutos e já estava no colégio. Agora ele tem que descer essa ladeira e pegar um microôni-bus. Em dias de chuva ele não quer

Duas localidades com problemas diferentesDuas localidades com problemas diferentes

Laboriaux e Macega enfrentam as dificuldades comuns a muitas das comunidades cariocas

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31Saúde

Flavio Carvalho e Gabriel Ribeiro

Laboriaux e Macega enfrentam as dificuldades comuns a muitas das comunidades cariocas

ir porque a quantidade de água que desce é enorme e dificulta ainda mais a subida. Acredito que tem um monte de alunos que não estão indo para a escola” - relata a moradora que não quis se identificar.

Segundo ela, tudo estava arru-mado, com computadores e cartei-ras novas. Ela diz que por não ter alguém tomando conta entraram e levaram quase tudo. Ela explica que hoje são os moradores que fazem um mutirão para limpar o colégio. De acordo com os habitantes do Laboriaux, apenas são disponibili-zados pela Prefeitura três microôni-bus para levar 307 crianças a escola.

Em nota por e-mail, a asses-soria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação (SME) diz que a Escola Municipal Abelardo Chacrinha Barbosa está desativada. Os alunos continuarão estudando na Escola Municipal Camilo Caste-lo Branco até o primeiro semestre de 2012, quando as obras da nova unidade estarão concluídas dentro do CIEP Bento Rubião, localizado na área conhecida como Curva do S. Em relação aos poucos ônibus, a Secretaria Municipal de Educação relatou que o transporte dos alunos é de responsabilidade do projeto Ônibus da Liberdade.

A Macega pede SocorroA Macega não é muito dife-

rente dos outros locais na Rocinha. Muitos becos e uma constante água de esgoto que deixa o ar insupor-tável. Para chegar até a localidade, Silma Pinto, ex-moradora da Mace-ga, foi a guia. Pontes improvisadas e escadas de barro são os únicos meios de se chegar até a Macega, local mais afetado pelas chuvas de abril de 2010. Quando chove, Silma conta que fica impossível de subir, porque a água desce muito forte na altura dos joelhos. Os moradores do local lembram que há aproxima-damente 10 anos ali era um lugar tranquilo para se viver, com muita sombra, árvores frutíferas e espaço para as crianças brincarem. “Aqui na Macega era muito tranquilo, era um dos melhores lugares da Rocinha para criar os filhos”, lembra uma moradora que não quis se identifi-car.

Os problemas em relação à es-trutura das casas são visíveis. Basta entrar e ver as rachaduras que cor-tam os pilares das residências. Uma água constante, também inunda a parte mais baixa das casas amplian-do o desconforto e os riscos para dos moradores.

Muitas famílias já abandonaram

Duas localidades com problemas diferentesDuas localidades com problemas diferentes

suas casas para receber o aluguel social da prefeitura. Porém, algu-mas já se mudaram para a casa de parentes ou estão pagando aluguel em outro lugar, do próprio bolso, como é o caso da Silma. “Já pensei várias vezes em me mudar daqui. Gastei muito dinheiro na minha casa e agora abandonar assim é triste”, - conta Silma.

A presença de pessoas estra-nhas no local também incomoda os moradores. Eles contam que como muitas casas estão sendo abando-nadas, outras pessoas invadem, trazendo uma sensação de insegu-rança.

Até o fechamento desta edição a Sub-prefeitura da Zona Sul, que é responsável pelas remoções, foi procurada, mas não se pronunciou.

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33Gastronomia

om quase 70 mil habi-tantes, a Rocinha re-cebe toda semana de-zenas de nordestinos que migram para o Rio de Janeiro e bus-

cam na cidade grande oportunidades de trabalhos e uma vida melhor.

Em suas bagagens, além de so-nhos e alguns pertences, eles trazem costumes e dotes culinários. Algu-mas dessas pessoas investem em um negócio próprio, como barracas de comidas típicas e restaurantes. Ana Marcia é uma dessas pessoas.

Ana Marcia Bonfim, nascida em

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Ana Marcia é daquelas que conseguiu tudo na vida com trabalho, esforço e mão cheia para a cozinha

O que é que a baiana tem?

Aline Guimarães

Feira de Santana, na Bahia, veio para o Rio de Janeiro com o sonho de mudar de vida, e mudou. E foi na Ro-cinha que o seu tempero fez suces-so. Seu primeiro trabalho foi como doméstica, depois trabalhou em res-taurantes, foi costureira e por fim, começou a vender quentinhas com a ajuda da família. A idéia deu certo, e o negócio que iniciou com a venda de poucas quentinhas por dia, começava a dar lucros e a realizar sonhos.

Além das quentinhas, Marcia montava uma barraca e vendia co-midas típicas durante a noite na curva do S. “As pessoas diziam que eu tinha

que comprar panelas maiores e fazer mais caldos para vender na barraca”, diz ela.

Nem tudo foi alegria, Marcia e a irmãs passaram por algumas dificul-dades no início. “É muito difícil ven-der fiado e manter um negócio. Nós prometemos que não faríamos mais isso. Foi preciso muita força de von-tade e perseverança. Minha família me ajudou muito”, conta ao lembrar -se da fase em que quase desistiu de tudo.

O tempero baiano foi tão bem recebido na comunidade, que Marcia e as irmãs abriram um restaurante na Rocinha, o Cantinho das Baianas. O restaurante fica na Travessa Escada e funciona das 10hs às 18hs. Já na Via Ápia, tem a Barraca das Baianas com pratos típicos e caldos. O horário de funcionamento é das 17hs às 24hs. E ainda tem a cozinha, onde Marcia prepara as comidas além de vender congelados.

Depois de Marcia ter realizado o sonho da casa própria e o seu casa-mento, agora ela pensa em ampliar o Cantinho das Baianas e expandir ain-da mais o negócio da família.

O que é que a baiana tem?

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Projeto Parque Vivo é coordena-do pelas gestoras Andreia Martins Nunes e Carla de

Jesus Melo Nunes e há pelo me-nos 6 anos funciona na Estrada da Gávea, número 16, no ponto final da linha de ônibus 158, co-munidade vizinha da Rocinha. No espaço são ministradas aulas de balé, muay thai, ginástica, artesa-nato, reforço escolar, psicólogos,

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Vivendo e aprendendo sempre

34 Iniciativa

biblioteca comunitária. Recen-temente o Projeto Empreender para Aprender do Instituto Gêne-sis da Puc-Rio, com financiamen-to do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) através do FUMIN (Fundo Multilateral de In-vestimentos), com parceira com o espaço Parque Vivo, inaugurou a sala de informática e a cozinha industrial, onde acontecem aulas a noite, com objetivo de ensinar as pessoas se tornarem empreen-dedores. As aulas ministradas são de Culinária, Web Design e Pro-gramação em Java.

Segundo a coordenadora do projeto “Empreender para Aprender” Danielle Páscoa: “É uma oportunidade de a comuni-dade estar envolvida com o seu desenvolvimento. As oficinas se-rão a iniciativa para que pessoas da comunidade possam empre-ender tanto na área de culiná-ria quanto na de informática de forma sistemática aprendendo não só um ofício, como também desenvolvendo uma atitude que é super importante para o mercado de trabalho”.

Andréia Martins diz: “O Pro-jeto Parque Vivo atende diversas

Projeto Parque Vivo

[email protected]: 2239-9594

faixas etárias, desde crianças a idosos. Nossas atividades trazem qualidade de vida e supre necessi-dades das pessoas e esse é nosso objetivo. A comunidade da Roci-nha usufrui de nossos serviços, os mais procurados são a ginástica, informática, culinária e reforço”.

Ananília da Penha Pacheco, 46 anos, moradora da localidade Rua 1 na Rocinha diz: “O projeto é simplesmente maravilhoso, lá faço as aulas de ginástica, minha qualidade de vida mudou, hoje tenho muito mais disposição no meu dia-a-dia”.

Quem quiser saber mais informações sobre o projeto Parque Vivo e os cursos é só procurar pelas gestoras Andreia Martins e Carla Nunes no local.

Michelle Rocha

Duas gestoras fazem de um projeto em educação e formação, motivo de orgulho para todos na comunidade.

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Informe Publicitário

Quais os casos que são atendi-dos na UPA da ROCINHA?

A UPA 24 h ROCINHA atende prioritariamente os casos de urgência e emergência, ou seja, pessoas que ne-cessitam de atendimento imediato com risco de morte ou de sequelas, como nos casos de acidentes, ferimentos por arma de fogo, queimaduras, dor no peito,falta de ar e pressão alta. A UPA presta tam-bém atendimento imediato à pacientes com quadros agudo, em casos cirúrgicos ou trauma promovendo a estabilização do paciente e sua observação por perío-do de até 24 horas ou até que seja provi-denciada remoção para uma unidade de alta complexidade, caso seja necessária transferência.

Quais são os profissionais que integram a equipe da UPA e quais os serviços oferecidos pela Unidade?

A equipe de saúde da UPA Rocinha é formada por médicos (clínicos gerais e pediatras), enfermeiros, técnicos de en-fermagem e assistente social. A Unidade conta também com os serviços de labo-ratório, Raios-X, Ambulância e farmácia nas 24 horas, para todos os pacientes atendidos na UPA.

Qual é o fluxo de atendimento de uma pessoa que é atendida na UPA da Rocinha?

O fluxo de atendimento de um pa-ciente que chega à UPA pode ser resumi-do da seguinte forma: 1º: Ao chegar ele é acolhido por um profissional de saúde o qual escuta sua queixa, e a partir do seu relato é estabelecida uma prioridade para o seu atendimento. 2º: Após esse acolhimento, ele é direcionado para o registro, local onde são registrados seus dados pessoais (data do nascimento, en-dereço, telefone, entre outros) por um auxiliar administrativo. 3º: Após o regis-tro de seus dados pessoais ele é encami-nhado para um profissional enfermeiro (a) que amplia a escuta de suas queixas. Esse profissional faz um exame simplifi-cado, no qual é avaliada sua temperatura, nível de açúcar no sangue, valor da pres-

são, respiração, pulso, peso, e nos casos de crianças, também é medida a altura. A partir desse exame, o enfermeiro (a) classifica o grau de risco do paciente, ou seja, se ele deverá ser atendido imediata-mente ou se poderá esperar pelo tempo necessário para esse atendimento, sem qualquer risco à sua integridade, priori-zando-se sempre os casos mais graves. Desta forma, o atendimento é feito por gravidade, e não por ordem de chegada. Há casos ainda de que o profissional en-fermeiro verifica se a queixa do paciente poderá ser acolhida pela equipe da Cli-nica da Família (casos ambulatoriais), e nesses casos, o paciente é direcionado (encaminhado) para esse atendimento. 4º: Após a classificação do seu grau de risco, ele aguarda na sala de espera o chamado pelo médico em um dos quatro consultórios. Seu nome e consultório de destino são exibidos em uma tela. 5º: No consultório do médico é dado prossegui-mento ao atendimento inicial, e a partir dessa consulta, o paciente poderá fazer exames (de sangue e de raios X), fazer uma medicação (na sala de medicações); ser encaminhado para a Sala de Obser-vação, ir para casa, dependendo de seu estado clínico ou necessidade de saúde. Os casos não urgentes e que não se en-quadram em nenhuma das situações já apresentadas são direcionados para as Clínicas da Família da região (Maria do Socorro Santos Souza, Albert Sabin ou Rinaldo Delamare) de acordo com sua área geográfica de residência.

Nos casos de pacientes mais graves, após sua estabilização sãotransferidos para unidades hospitalares que oferecem mais opções de serviço e equipamentos adequados à maior gravidade, como cen-tro cirúrgico, internação e outras espe-cialidades.

Qual é o maior problema que vocês enfrentam?

Podemos dizer que a falta de infor-mação da comunidade é o principal pro-blema que a UPA da Rocinha enfrenta atualmente. É imprescindível esclarecer

que a Unidade de Pronto Atendimento 24H -- UPA ROCINHA está localizada em um espaço com mais duas unidades de Saúde: a Clínica da Família Maria do Socorro Santos Silva (CFMSS) e o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Maria do Socorro Souza. Então, são três Unidades de Saúde em um único espaço geográ-fico, o que denominamos de Complexo Integrado de Saúde (CIAS) da Rocinha, que funcionam de forma integrada. Ou-tra questão é relativa ao fluxo interno de atendimento dos usuários.Existe uma prioridade nesse atendimento e se che-gar um paciente mais grave, ele passará a frente de qualquer pessoa que estiver aguardando, cujo caso seja menos grave.

Outro problema que enfrentamos atualmente é relativo ao desconhecimen-to das finalidades dos serviços presentes na UPA. A UPA deve atender o paciente em sua necessidade imediata, e transferir o mais breve possível com garantias de continuidade ao atendimento.

Para finalizar gostaríamos de agra-decer a oportunidade de esclarecer sobre os fluxos, serviços e pactos com outras Unidades de Saúde da Rocinha. A UPA Rocinha presta atendimento à todas as pessoas em situações de urgência ou emergência sem qualquer discriminação racial, religiosa, filosófica ou política. Tra-balhando com neutralidade e imparcia-lidade, os profissionais da UPA Rocinha baseiam o exercício de suas atividades em nome da ética médica universal e do direito à saúde, respeitando os princípios deontológicos da sua profissão e ao prin-cípio de universalidade, integralidade e equidade. A imparcialidade é um dos va-lores agregados da UPA Rocinha seguin-do os princípios de não-discriminação em função de gênero, etnia, religião e orientação política, bem como qualquer critério análogo.

Convidamos aos usuários interessa-dos para conhecer com mais detalhes a UPA que é de todos nós. Venha-nos fazer uma visita.

Como funciona a UPA

Como funciona a UPA

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