Roteiro LING CODIGOS · Vivendo e aprendendo a jogar Vivendo e aprendendo a jogar Nem sempre...

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Índice

Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação naescola, no trabalho e em outros contextos relevantes para suavida.

Habilidade 1 – Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterizaçãodos sistemas de comunicação ............................................................................................................5

Habilidade 2 – Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informaçãopara resolver problemas sociais ..........................................................................................................8

Habilidade 3 – Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerandoa função social desses sistemas ........................................................................................................11

Habilidade 4 – Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemasde comunicação e informação .........................................................................................................11

Competência de área 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) comoinstrumento de acesso a informações e a outras culturas egrupos sociais*.

Habilidade 5 – Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema

Habilidade 6 – Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades deacesso a informações, tecnologias e culturas

Habilidade 7 – Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social

Habilidade 8 – Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural elinguística

A competência de área 2 não consta do ROTEIRO NOVO ENEM, pois não será exigida no ENEM de 2009.

Competência de área 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante paraa própria vida, integradora social e formadora da identidade.

Habilidade 9 – Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidadescotidianas de um grupo social ..........................................................................................................18

Habilidade 10 – Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função dasnecessidades cinestésicas .................................................................................................................22

Habilidade 11 – Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limitesde desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos .......................................25

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

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Competência de área 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador designificação e integrador da organização do mundo e da própriaidentidade.

Habilidade 12 – Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meiosculturais ...........................................................................................................................................28

Habilidade 13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrõesde beleza e preconceitos ..................................................................................................................31

Habilidade 14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que seapresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos .....................................................37

Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos daslinguagens, relacionando textos com seus contextos, mediantea natureza, função, organização, estrutura das manifestações,de acordo com as condições de produção e recepção.

Habilidade 15 – Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situandoaspectos do contexto histórico, social e político................................................................................41

Habilidade 16 – Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do textoliterário ............................................................................................................................................46

Habilidade 17 – Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônioliterário nacional ..............................................................................................................................49

Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferenteslinguagens como meios de organização cognitiva da realidadepela constituição de significados, expressão, comunicação einformação.

Habilidade 18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização eestruturação de textos de diferentes gêneros e tipos ........................................................................53

Habilidade 19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas deinterlocução.....................................................................................................................................66

Habilidade 20 – Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e daidentidade nacional..........................................................................................................................72

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Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferenteslinguagens e suas manifestações específicas.

Habilidade 21 – Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com afinalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos ....................................................................81

Habilidade 22 – Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos............................81

Habilidade 23 – Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo,pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados ...............................................................81

Habilidade 24 – Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimentodo público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras...........................81

Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna,geradora de significação e integradora da organização domundo e da própria identidade.

Habilidade 25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam asvariedades linguísticas sociais, regionais e de registro .......................................................................94

Habilidade 26 – Relacionar as variedades lingüísticas a situações específicas de uso social .........................................94

Habilidade 27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações decomunicação ...................................................................................................................................94

Competência de área 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impactodas tecnologias da comunicação e da informação na suavida pessoal e social, no desenvolvimento do conheci -mento, as sociando-o aos conhecimentos científicos, àslin guagens que lhes dão suporte, às demais tecnolo- gias, aos processos de produção e aos problemas quese propõem solucionar.

Habilidade 28 – Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação. ...........................................................................................................104

Habilidade 29 – Identificar pela análise de suas linguagens, as tecno logias da comunicação e informação...........108Habilidade 30 – Relacionar as tecnologias de comunicação e informa ção ao desenvolvimento

das sociedades e ao conhe cimento que elas produzem................................................................115

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Provérbios e ditos popularesProvérbio, máxima, dito, adágio, aforismo: frase curta, geralmente de origem

popular, frequentemente com ritmo e rima, rica em imagens, que sintetiza um conceitoa respeito da realidade ou uma regra social ou moral.

Exemplos:"Deus ajuda a quem cedo madruga.""Quem tudo quer tudo perde.""Devagar se vai ao longe.""Amor com amor se paga."

Entre os seguintes ditos populares, qual deles melhorcorresponde à figura ao lado?

a) Com perseverança, tudo se alcança.b) Cada macaco no seu galho.c) Nem tudo que balança cai.d) Quem tudo quer, tudo perde.e) Deus ajuda quem cedo madruga.

Exercício Explicativo 1

Identificar as diferentes linguagens e seus recursosexpressivos como elementos de caracterização dossistemas de comunicação.

Competência de área 1 – Aplicar as tecnologias dacomunicação e da informação na escola, no traba -lho e em outros contextos relevantes para sua vida.

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

5(Exame, 28/9/2007)

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As linhas nas duas figuras geram um efeito que se associa ao seguinteditado popular:

a) Os últimos serão os primeiros. b) Os opostos se atraem.c) Quem espera sempre alcança. d) As aparências enganam.e) Quanto maior a altura, maior o tombo.

No primeiro desenho, as linhas retas (que simulam paralelas e criam o efeito deperspectiva) dão a impressão de que o segundo homem seja maior que oprimeiro, e o terceiro maior que o segundo, quando na verdade os três são domesmo tamanho. No segundo desenho, as linhas retas do plano de fundo dãoa impressão de que a figura central seja irregular, quando na verdade se tratade uma circunferência.

Resposta: D

Comentário

Exercício Explicativo 2

A frase feita, em poucas palavras, diz tudo, ou melhor, faz entender o que sequer dizer de forma completa e imediata. É o que acontece com os provérbios, aspragas, os ditos populares, os apelidos e os dísticos que voam pelas estradasbrasileiras nos para-choques dos caminhões. Os dísticos são um velho uso nas velasdas jangadas, nas bancas e ns carroças que revivem nesse moderno meio detransporte rodoviário, sendo fixadores de um pensamento que revela o estado deespírito do motorista: filosófico, amoroso, religioso, político, irreverente,galanteador, alegre.

Folclore nacional, vol. IIII, Alceu Maynard Araújo.

Entende-se a adequação do dito contido na alternativa a imaginando-se aimensa dificuldade do caracol para chegar aonde está, sendo lento como umalesma e tendo ainda de carregar sua “casa”.

Resposta: A

Comentário

Aprendendo a Jogar(Guilherme Arantes)

Vivendo e aprendendo a jogarVivendo e aprendendo a jogarNem sempre ganhandoNem sempre perdendo,Mas aprendendo a jogar

Água mole em pedra duraMais vale que dois voandoSe eu nascesse assim... pra luaNão estaria trabalhando

Vivendo e aprendendo a jogarVivendo e aprendendo a jogarNem sempre ganhandoNem sempre perdendo,Mas aprendendo a jogar

Mas em casa de ferreiroQuem com ferro se fere é boboCria fama, deita na camaQuero ver o berreiro na hora do lobo

Vivendo e aprendendo a jogarVivendo e aprendendo a jogarNem sempre ganhandoNem sempre perdendo,Mas aprendendo a jogar

Quem tem amigo cachorroQuer sarna pra se coçarBoca fechada não entra besouroMacaco que muito pula quer dançar

Água mole em pedra duraMais vale que dois voandoSe eu nascesse assim... pra luaNão estaria trabalhando

Vivendo e aprendendo a jogarVivendo e aprendendo a jogarNem sempre ganhandoNem sempre perdendo,Mas aprendendo a jogar

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Os provérbios constituem um produto da sabedoria popular e, em geral,pretendem transmitir um en sina mento. A alternativa em que os doisprovérbios reme tem a ensinamentos semelhantes é:

a) “Quem diz o que quer, ouve o que não quer” e “Quem ama o feio, bonito lheparece”.

b) “Devagar se vai ao longe” e “De grão em grão, a galinha enche o papo”.c) “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando” e “Não se deve atirar pérolas

aos porcos”.d) “Quem casa quer casa” e “Santo de casa não faz milagre”.e) “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” e “Casa de ferreiro, espeto de pau”.

Provérbio é uma máxima ou sentença de caráter prá tico e popular que transmite, deforma sucinta, um ensi na mento. Assinale a alternativa em que os dois provérbiosapresentam ensinamentos semelhantes:

a) Nem tudo que reluz é ouro. / Quem vê cara não vê coração.b) Quem ri por último ri melhor. / Quem tem pressa come cru.c) Quem tem boca vai a Roma. / Em boca fechada não entra mosca.d) Não se cutuca onça com vara curta. / Antes de matar a onça, não se vende o

couro.e) Leite de vaca não mata bezerro / Não se cospe no prato em que se come.

Os dois provérbios da alternativa a apontam para o mesmo ensinamento: o deque as aparências podem enganar.

Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 3

Exercício Explicativo 4

Os provérbios que remetem ao mesmo ensinamento são “Devagar se vai aolonge” e “De grão em grão, a galinha enche o papo”, pois ambos aconselhamcomportamento paciente e persistente.

Resposta: B

Comentário

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São Paulo, 18 de agosto de 1929.Carlos [Drummond de Andrade],

Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio Vargas–João Pessoa.É. Mas veja como estamos trocados. Esse entusiasmo devia ser meu e sou eu que conservo oceticismo que deveria ser de você. (…)

Eu… eu contemplo numa torcida apenas simpática a candidatura Getúlio Vargas, queantes desejara tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única aceitável, estáclaro) fica manchada por essas pazes fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos(…), com democráticos paulistas (que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocase gaúchos. Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a existência de malesnecessários, porém me afasta do meu país e da candidatura Getúlio Vargas. Repito: únicaaceitável.

Mário de Andrade(LEMOS, Renato. Bem Traçadas Linhas: a história do Brasil

em cartas pessoais. Rio de Janeiro, Bom Texto, 2004, p. 305.)

CartaA carta é uma modalidade redacional livre, pois nela podem aparecer a narração,

a descrição, a reflexão ou o parecer dissertativo. O que determina a abordagem, alinguagem e os aspectos formais de uma carta é o fim a que ela se destina: amizade,negócio, interesse pessoal; o destinatário: um ente amado, um familiar, uma seçãode jornal ou revista etc. Assim, as cartas podem ser amorosas, familiares, didáticas,apreciativas ou críticas, doutrinárias.

A estética da carta varia conforme a finalidade. Se o destinatário é um órgão dogoverno, a carta deve obser var procedimentos formais como a disposição da data,do vocativo (nome, cargo ou título do destinatário), do remetente e a assinatura.

No caso das correspondências comercial e oficial — textos jurídicos,comunicados, ofícios, memorandos emi tidos por órgãos públicos —, a linguagem émuitas vezes feita de jargão e expressões de uso comum ao con texto que lhes épróprio.

Uma obra literária pode também apresentar a forma de carta sem, contudo,pertencer ao gênero epistolar, como é, por exemplo, o caso de Lucíola, de José deAlencar: a história é narrada por intermédio de cartas dirigidas a uma senhora, o quenão descarac teriza a obra como romance.

Há exemplos famosos de correspondências aprecia tivas ou críticas, como as deMachado de Assis, Eça de Queirós, Mário de Andrade e outros escritores.

Entre as cartas doutrinárias, temos as religiosas, como as epístolas de São Paulo,e as políticas, como algumas cartas de Pe. Antônio Vieira.

Exercício Explicativo 1

Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dossistemas de comunicação e informação para resolverproblemas sociais.

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Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira República, a carta dopaulista Mário de Andrade ao mineiro Carlos Drummond de Andraderevela

a) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas e o desencanto de Mário deAndrade com as composições políticas sustentadas por Vargas.

b) a veneração de Drummond e Mário de Andrade ao gaúcho Getúlio Vargas, que sealiou à oligarquia cafeeira de São Paulo.

c) a concordância entre Mário de Andrade e Drummond quanto ao caráter inovadorde Vargas, que fez uma ampla aliança para derrotar a oligarquia mineira.

d) a discordância entre Mário de Andrade e Drummond sobre a importância da aliançaentre Vargas e o paulista Júlio Prestes nas eleições presidenciais.

e) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Getúlio Vargas, que se recusava afazer alianças para vencer as eleições.

Texto para os exercícios explicativos 2 e 3.

A carta acima foi escrita por Carlos Drummond de Andrade a Mário de Andrade.Quanto ao conteúdo, o autor demonstraa) esperança de que os políticos possam consertar o país.b) entusiasmo em defender o país com armas.c) consciência da inutilidade de tentar alterar os rumos do país.d) disposição de marchar em defesa de partidos e ideais políticos.e) solidariedade com a infelicidade do interlocutor.

“É inútil tentar consertar o Brasil” confirma o desalento do emissor com osrumos da política nos país.

Resposta: C

Comentário

Exercício Explicativo 2

A “simpatia de Drummond pela candidatura Vargas” é mencionada logo noinício por Mário de Andrade. O desagrado deste em relação às “composiçõespolíticas sustentadas por Vargas” é o assunto que domina todo o resto do texto.

Resposta: A

Comentário

18 de maio de 1930.Mário,

Olhe, eu também sou um homem que gostaria de pegar em armas (...) Mas quandopenso que iria marchar em defesa desses pobres candidatos eleitos do PRM (PartidoRepublicano Mineiro), por exemplo, ou desse pobríssimo candidato Getúlio, palavra queperco o furor bélico. Não, é inútil tentar consertar o Brasil, ou por outra, o desconcertoeterno do Brasil é o seu próprio traço diferencial, o seu modo de ser... Acho que você está-se tornando infeliz sem motivo, e só compreenderia essa infelicidade por uma topadalegítima nalguma pedra de meio de caminho, mas pedra de fato, dessas que a genteencontra na nossa vida individual.

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Com base no texto, pertencem ao mesmo campo semântico as expressõesa) “pedra de fato” e “modo de ser”.b) “desconcerto eterno do Brasil” e “traço diferencial”.c) “pedra de meio de caminho” e “vida individual”.d) “consertar o Brasil” e “pobres candidatos”.e) “furor bélico” e “pegar em armas”.

Texto para os exercícios explicativos 4 e 5.

Assinale a alternativa correta sobre a carta transcrita.a) Buscando um perfeito enquadramento da capelinha, o inexperiente fotógrafo

manteve-se a uma distância inadequada. b) De Brodowski, Portinari (emissor) escreve para Drummond (receptor).c) O fotógrafo é incompetente, por isso as fotos não ficaram boas.d) Os quadros de cavalete foram fotografados e enviados a Drummond.e) O galo e a galinha abraçados foram pintados em cores vivas, no dia anterior ao

envio da carta.

Caro Drummond

Estou mandando para o nosso ministro as fotografias da capelinha que fiz para minhaavó. Não ficaram boas por dois motivos – 1.o a capela é muito pequena e não dá para recuara máquina e 2.o porque o fotógrafo é daqui mesmo e não tem chapas apropriadas. Alémdisso é preciso prática para fotografar quadros. Em todo caso, dará uma ideia... Fiz tambémalguns quadros de cavalete que você vai gostar – hontem, fiz um galo e uma galinhaabraçados. Ficou bonito de côr. Todos mandam lembranças para Dolores, Julieta e para você.

Do velho

Portinari

Brodowski 5-11-1941

As expressões pertencem ao campo semântico de guerra.

Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 3

Caro Drummond é um vocativo a quem se dirige Portinari, o remetente dacarta.

Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 4

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Sobre o texto, assinale a alternativa incorreta.a) Convencionalmente, nas cartas, indicam-se local e data no início, acima do

vocativo.b) “Hontem” e “côr” apresentam, respectivamente, grafia e acentuação em desuso.c) O vocativo “caro Drummond” poderia vir seguido de vírgula ou dois-pontos. d) O trecho “quadros de cavalete que você vai gostar” reflete a linguagem coloquial,

pois, em padrão culto, a construção correta deveria ser “quadros de cavalete deque você vai gostar”.

e) Na missiva, “nosso ministro” refere-se ao próprio receptor, no caso, Drummond.

A LINGUAGEM:

INSTRUMENTO ESSENCIAL DO HOMEM

Costuma-se definir o homem como animal racional, distinto dos outros animaispela capacidade de pensamento e uso da razão. Ocorre que o pensamento racional,como qualquer forma de pensamento, é inconcebível sem a linguagem. A linguagem,portanto, deve ser tomada como o verdadeiro elemento definidor do homem emrelação ao reino animal, antes ainda do pensamento ou da razão, pois estes não seriampossíveis sem ela. Na abertura de sua obra sobre teoria da linguagem, o grandelinguista dinamarquês Louis Hjelmslev (pronuncia-se ielmsleu) assim apresenta o quechama “a patente da nobreza do gênero humano”:

Exercício Explicativo 5

3. Relacionar informações geradas nos sistemas decomunicação e informação, considerando a funçãosocial desses sistemas.

4. Reconhecer posições críticas aos usos sociais quesão feitos das linguagens e dos sistemas de comu - ni cação e informação.

A expressão “nosso ministro” refere-se a uma terceira pessoa, que é apenasmencionada.

Resposta: E

Comentário

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A linguagem — o falar humano — oferece uma abundância inexaurível de múltiplostesouros. A linguagem é inseparável do homem e o acompanha em cada uma desuas atividades. A linguagem é o instrumento com que o homem pensa e sente,forma estados de alma, aspirações, volições e ações, o instrumento com queinfluencia e é influenciado, o fundamento último e mais profundo da sociedadehumana. Mas a linguagem é também o sustentáculo último, indispensável, doindivíduo, o seu refúgio na hora da solidão, quando a mente luta com o problemada existência, e o conflito se resolve no monólogo do poeta e do pensador.Anteriormente ao primeiro despertar da nossa consciência, a linguagem soava ànossa volta, pronta a enlaçar os primeiros tenros semens de pensamento, e aacompanhar-nos, inseparável, por toda a vida, nas mais simples atividadesquotidianas, como nos momentos mais íntimos e sublimes, aqueles dos quaishaurimos força e calor para a vida diária, graças à posse da memória, que nos éfornecida pela própria linguagem. Mas a linguagem não é um acompanhamentoexterior, ela está no mais profundo da mente humana, tesouro de memória herdadopelo indivíduo e pelo grupo, consciência vigilante que recorda e alerta. E o falar éo signo distintivo da personalidade, para o bem como para o mal, o signo distintivoda família e da nação, a patente da nobreza do gênero humano. A linguagem sedesenvolveu em uma associação de tal forma inextricável com a personalidade, afamília, a nação, a humanidade e a própria vida, que podemos por vezes ter atentação de nos interrogar se a língua é somente um reflexo, ou se não é, elaprópria, todas estas coisas, o gérmen do seu desenvolvimento.

Louis Hjelmslev, Fundamentos da Teoria da Linguagem (tradução de FranciscoAchcar da tradução italiana, I fondamenti della teoria del linguaggio, Torino:

Einaudi 1968, p. 5).

Vamos agora reler o belo e denso texto de Hjelmslev, num simples exercício deanálise, numerando e destacando as características atribuídas à linguagem paramelhor distingui-las e visualizá-las, e apresentando sinônimos das palavras menosusuais.

A linguagem — o falar humano — oferece uma abundância inexaurível[inesgotável] de múltiplos tesouros. A linguagem é inseparável do homem e oacompanha em cada uma de suas atividades. A linguagem é o instrumento comque o homem [1] pensa e [2] sente, [3] forma estados de alma, [4] aspirações,[5] volições [desejos, escolhas] e [6] ações, [7] o instrumento com queinfluencia e é influenciado, [8] o fundamento último e mais profundo dasociedade humana. Mas a linguagem é também [9] o sustentáculo último,indispensável, do indivíduo, o seu refúgio na hora da solidão, quando a menteluta com o problema da existência, e o conflito se resolve no [10] monólogo dopoeta e [11] do pensador. [12] Anteriormente ao primeiro despertar da nossaconsciência, a linguagem soava à nossa volta, pronta a enlaçar os primeiros tenrossemens de pensamento, e a acompanhar-nos, inseparável, por toda a vida, nasmais simples atividades quotidianas, como nos momentos mais íntimos e sublimes,aqueles dos quais haurimos [retiramos (de dentro), absorvemos] força e calor paraa vida diária, graças à [13] posse da memória, que nos é fornecida pela próprialinguagem. Mas a linguagem não é um acompanhamento exterior, ela está no maisprofundo da mente humana, tesouro de memória herdado pelo indivíduo e pelo

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No texto transcrito, a linguagem não é considerada como

a) utensílio da ação humana.b) depósito da memória social.c) ferramenta do pensamento.d) meio de ascensão à aristocracia.e) instrumento da emoção.

Para o autor do texto,

a) a linguagem é um elemento básico da estruturação social.b) por meio do uso das palavras, os homens exercem ação uns sobre os outros.c) o desenvolvimento da linguagem depende do indivíduo, da família e da sociedade.d) a poesia é uma das formas extremas da expressão linguística.e) a linguagem também está presente nas experiências de solidão e silêncio.

Exercício Explicativo 1

Exercício Explicativo 2

Ao qualificar a linguagem como “a patente da nobreza do gênero humano”,o autor se refere ao fato de a linguagem distinguir os homens do resto do reinoanimal e constituir o seu traço de superioridade. Portanto, a palavra nobreza foipor ele empregada em sentido figurado, significando “aquilo que revela culturae interesses superiores; excelência, elevação” (Dicionário Houaiss). Naalternativa d, a palavra aristocracia indica uma classe social (“a classe dosnobres, o conjunto das famílias nobres de um certo local”, ibidem)1 Idemsignifica “o mesmo” e ibidem, “no mesmo lugar”. Usado em citações, o termoibidem indica que o texto citado se encontra no mesmo livro antes mencionado,ou seja, no caso, o Dicionário Houaiss. Como não se trata, no texto, deascensão social, essa alternativa não tem cabimento. Todas as demaiscaracterísticas se encontram apontadas no texto: segundo a numeração queadotamos, a está em 6; b, em 13; c, em 1, e e, em 2, 3, 4 e 5.

Resposta: D

1 Idem significa “o mesmo” e ibidem, “no mesmo lugar”. Usado em citações, o termo ibidemindica que o texto citado se encontra no mesmo livro antes mencionado, ou seja, no caso, oDicionário Houaiss.

Comentário

família e da nação, a patente [título, diploma] da nobreza do gênerohumano. A linguagem se desenvolveu em uma associação de tal forma inextricável[inseparável] com a personalidade, a família, a nação, a humanidade e a própriavida, que podemos por vezes ter a tentação de nos interrogar se a língua é somenteum reflexo, ou se não é, ela própria, todas estas coisas, o gérmen do seudesenvolvimento.

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O texto não se refere ao desenvolvimento da linguagem, mas ao fato de queo desenvolvimento da personalidade, das instituições humanas (família, nação),da humanidade e da própria vida dependeria do “gérmen” da linguagem. Oconteúdo da alternativa a se encontra em 8; o da b, em 7; os da d e da e, em9-10 (onde “sustentáculo último” quer dizer aquilo que dá apoio nosmomentos extremos, sendo um deles “a hora da solidão, quando a mente lutacom o problema da existência, e o conflito se resolve no monólogo do poeta[ou seja, em poesia] e do pensador” [ou seja, em filosofia]).

Resposta: C

Comentário

Linguagem Humana e “Linguagem” Animal

A palavra linguagem vem entre aspas na expressão “‘linguagem’animal” porque, neste caso, ela designa sistemas de comunicação quenão são propriamente linguagens, pois não apresentam uma caracterís -tica básica que define a linguagem humana: a dupla articulação.

Na linguagem humana, ou seja, na linguagem propriamente dita,os enunciados (as frases) podem ser divididos em unidades menores (aspalavras e seus elementos, chamados monemas ou morfemas) que têmsignificado. Tais unidades constituem a primeira articulação da lin gua -gem. Esta, por sua vez, é formada de elementos menores que não têmsignificado (os fonemas, ou sons da linguagem, representados por es -cri to pelas letras) e que constituem a segunda articulação da linguagem.

Exemplo: na expressão A casa amarela temos, simplificando, 3unidades da primeira articulação (as palavras a, casa e amarela), todaselas significativas. Essas 3 unidades, por sua vez, são formadas por 12unidades da segunda articulação (que, sempre simplificando, são osfonemas /a/, repetido 6 vezes, /e/, /k/ escrito c, /z/ escrito s, /l/, /m/ e /r/).Portanto, as unidades da segunda articulação, que não têm significado,formam as unidades da primeira articulação, que têm significado.

A dupla articulação é, portanto, responsável pela produtividade dalinguagem: com um pequeno número de sinais (26 letras, no caso do

Português, que representam um número um pouco maior de fonemas) formam-sepalavras em quantidade ilimitada. Daí, além da riqueza, resulta a complexidade queca rac teriza qualquer língua, em oposição à simplicidade dos sistemas decomunicação animal.

Por dupla articulação da linguagem se entende, portanto, o emprego de umpequeno conjunto de sinais desprovidos de sentido (os fonemas, ou sons dalinguagem, representados pelas letras) para formar um conjunto ilimitado de signos,ou seja, de sinais providos de sentido (as palavras). Os fonemas não são mais quepoucas dezenas; as palavras que eles permitem formar constituem uma lista aberta,que pode ser sempre ampliada. Ou seja: todos os livros escritos e todas as palavrasou frases ditas em Português (número incalculável) utilizam um conjunto de 26 letras(que correspondem a um número um pouco maior de fonemas).

Nos sistemas de comunicação que se encontram entre os animais, só há umaúnica articulação; portanto, os elementos significativos – os signos – só existem empequeno número, pois não se formam com elementos menores desprovidos designificação.

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De acordo com o texto lido, por que os códigos de comunicação que se encontramentre os animais não podem ser considerados linguagens propriamente ditas, tal comoa linguagem humana?a) Porque os animais são incapazes de falar, o que limita o alcance de seus sistemas

de comunicação, ao passo que a linguagem humana é basicamente falada, sendopor isso mais complexa.

b) Porque a linguagem humana é composta de palavras em grande número e oscódigos dos animais só utilizam pequeno número de ruídos ou gestos.

c) Porque a linguagem permite verdadeira comunicação entre as pessoas, enquantoos códigos usados pelos animais visam mais à sobrevivência do grupo.

d) Porque a linguagem humana se estrutura em dois níveis, o que possibilita altograu de complexidade e riqueza, e a comunicação animal se organiza num sónível.

e) Porque a segunda articulação da “linguagem” animal não possibilita a riqueza ea complexidade que se encontram em todas as línguas humanas.

Um professor combina com seus alunos um sistema de comunicação formado porduas fitas – uma azul e uma vermelha – que seriam colocadas na porta da classe. Ossignificados seriam os seguintes: azul – “aula ainda por iniciar, alunos retardatáriospodem entrar”; vermelha – “aula já iniciada, alunos retardatários devem esperarpróxima aula”. Haveria, porém, a possibilidade de uma terceira mensagem: quandoas duas fitas, a azul e a vermelha, estivessem na porta, o sentido seria “aula ainda emfase introdutória, alunos retardatários devem esperar aviso do professor para entrar”.Um tal código seriaa) semelhante à linguagem humana, com suas duas articulações: as fitas coloridas

e as mensagens formadas por elas.b) semelhante à “linguagem” animal e aos códigos simples, como o código dos

semáforos, por apresentar uma única articulação.

Exercício Explicativo 4

É a dupla articulação que distingue a linguagem humana, possibilitando suacomplexidade e riqueza, enquanto os códigos de comunicação dos animais,dotados de apenas uma articulação, são necessariamente simples e limitadosem seus elementos.

Resposta: D

Comentário

Exercício Explicativo 3

Fora do âmbito da “linguagem” animal, um exemplo de “linguagem” de umasó articulação – que seria melhor chamar código – é o utilizado para a sinalizaçãodo trânsito nos semáforos. Dele constam apenas três unidades significativas, que nãopodem ser divididas em unidades menores: vermelho significando “pare”; amarelo,“atenção”, e verde, “passe”. Extremamente simples, esse código é o oposto dalinguagem propriamente dita, cujo alto grau de complexidade pode serexemplificado em qualquer língua do mundo, das mais cultivadas (como o italiano,o inglês, o francês ou o alemão) às mais “primitivas” (como as línguas indígenasbrasileiras).

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c) semelhante à linguagem animal, apesar de contar com a segunda articulaçãorepresentada pela mensagem complexa, que utiliza as duas fitas ao mesmo tempo.

d) semelhante à linguagem humana, por permitir uma mensagem complexa,formada pelas duas fitas, apesar de haver apenas uma articulação.

e) diferente de qualquer linguagem, humana ou animal, por seu caráter puramenteconvencional, já que resultante de uma combinação entre os usuários envolvidos.

Relacionando o tópico acima, sobre instrumental secundário, com o tópico anterior,sobre a dupla articulação da linguagem, você pode concluir quea) a segunda articulação da linguagem equivale ao instrumental secundário, pois os

sons (fonemas, letras), que não têm sentido, são usados para formar unidadescom sentido (as palavras).

b) as palavras correspondem a instrumentos secundários, pois com elas podemosformar frases, que são os instrumentos primários da comunicação.

c) os sistemas de comunicação dos animais assemelham-se a instrumentos secun dá -rios, pois não contêm as unidades mínimas que seriam os instrumentos primários.

d) como não empregam instrumental secundário, os animais não podem terverdadeiros sistemas de comunicação.

e) a linguagem humana é em si mesmo instrumento secundário, pois osinstrumentos primários, mais simples, são os gritos e sussurros sem sentido,próprios da linguagem animal.

INSTRUMENTAL PRIMÁRIO E INSTRUMENTAL SECUNDÁRIO

Uma característica considerada pelos estudiosos como exclusivamente humanaconsiste no emprego de instrumentos secundários. Instrumentos primários sãoaqueles utilizados para alguma finalidade prática, como um pau ou um marteloempregado para quebrar uma noz ou uma caneta usada para escrever. Taisinstrumentos são usados por homens e animais. Instrumentos secundários sãoaqueles utilizados para produzir outros instrumentos: um pau empregado paraquebrar um osso para com este produzir um martelo; uma máquina utilizada paraproduzir uma caneta. O emprego de instrumental secundário é essencial à culturahumana, é base da civilização e pode-se considerá-lo tipicamente humano, pois sóexcepcionalmente o seu uso foi registrado entre animais.

Na linguagem, o instrumental primário são as unidades providas de sentido (aspalavras, as frases), que usamos na comunicação; o instrumental secundáriosão os sons (os fonemas, as letras), que não têm sentido em si mesmos e sãoempregados para formar as palavras – os instrumentos primários.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 5

O código descrito não apresenta duas articulações, mas uma única, pois seuselementos significativos não são formados por elementos menores desprovidosde significação.

Resposta: B

Comentário

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Tira para as questões 6 e 7.

Examine as seguintes afirmações sobre a tirinha acima.I. Está implícita uma crítica a todo o sistema escolar, considerado ineficiente, pois

impõe esforços excessivos aos estudantes, não os estimula nem desenvolve neleso gosto pelo estudo.

II. Os estudantes são apresentados como vítimas de um ensino que impõe tarefastrabalhosas, mas inúteis para a vida prática.

III. Seu humor contém uma visão crítica da mentalidade que privilegia as aparênciase despreza o esforço, substituindo-o pelo exibicionismo oportunista.

IV. A expressão “programas de entrevista” contém referência à televisão – e em geralaos meios de comunicação de massa – como veículo da vaidade autoelogiosa.

Estão corretas apenasa) I e II. b) I e III. c) II e III. d) III e IV. e) I e IV.

Na tirinha transcrita, a linguagem é coloquial e nem sempre obedece às normas dopadrão culto da língua. Aponte o segmento do texto que não corresponde a essepadrão.a) “Eu não preciso de estudo”. b) “Eu não preciso aprender coisas”.c ) “Dá muito trabalho“. d ) “E como você vai ser bem sucedido...?”e ) “Eu vou nos programas de tv e me autopromovo”.

Exercício Explicativo 6

O verbo ir rege a preposição a, não em. Portanto, de acordo com o padrãoculto da língua, a frase seria Eu vou aos programas de tv.Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 7

A crítica não se refere à escola, mas à mentalidade segundo a qual o sucessonão depende do esforço e do trabalho, mas apenas da habilidade e do interessepessoal na manipulação das aparências, como consta da afirmação III. Os“programas de entrevista” a que se refere o texto são, como se afirma em IV,os populares talk shows da televisão, que constituem uma vitrine para asvaidades pessoais, assim como em geral os meios de comunicação de massaquando se trata de “celebridades”.Resposta: D

Comentário

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O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato de apersonagem Mafalda

Competência de área 3 – Compreender e usar alinguagem corporal como relevante para a própriavida, integradora social e formadora da identidade.

Exercício Explicativo 1

Para que possamos reconhecer a importância da linguagem corporalassume em nossas vidas como elemento integrador e identitário (isto é,definidor da identidade – pessoal ou grupal), é preciso considerá-la como umaferramenta de comunicação, pois só quando compreendemos o que o corpotem a dizer é que conseguimos entender melhor o que os outros falam etransmitir melhor, nossas próprias mensagens, com todas suas nuances eintenções.

A linguagem corporal corresponde a todos os movimentos realizadosatravés de gestos – intencionais ou não – e de posturas que fazem com que acomunicação seja mais efetiva. A gesticulação foi a primeira forma decomunicação e, se é verdade que com a palavras os gestos foram tornando-sesecundários, também é verdade que eles mantêm a função de complementosessenciais da comunicação oral, definindo nossa atitude, nosso estilo pessoal enossa pertinência a um grupo social.

Reconhecer as manifestações corporais de movimentocomo originárias de necessidades cotidianas de umgrupo social.

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a) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao de do indicador.b) considerar seu dedo indicador tão importante quan to o dos patrões.c) atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mesmo sentido ao vocábulo

“indicador”.d) usar corretamente a expressão “indicador de desemprego”, mesmo sendo criança.e) atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao de do indicador dos patrões.

Os testes 2 e 3 referem-se ao poema:

A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais seaproxima do que está expresso no poema é

a) a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação dohomem em todos os momentos de sua existência.

Exercício Explicativo 2

A DANÇA E A ALMA

A DANÇA? Não é movimento, súbito gesto musical. É concentração, num momento, da humana graça natural.

No solo não, no éter pairamos,nele amaríamos ficar. A dança — não vento nos ramos; seiva, força, perene estar.

Um estar entre céu e chão,novo domínio conquistado,onde busque nossa paixãolibertar-se por todo lado...

Onde a alma possa descreversuas mais divinas parábolassem fugir à forma do ser,por sobre o mistério das fábulas.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1964, p. 366.)

O humor da tirinha deve-se sobretudo à confusão da per sonagem com doisdiferentes sentidos de indi ca dor: (1) um dos dedos da mão e (2) índiceestatístico. Se Mafalda não empregasse a palavra, no último qua dri nho, nomesmo sentido em que a empregara no pri meiro (sentido 1), a tirinha não teriao efeito humorístico que tem. No último quadrinho, seria adequado o sentido2, não o sentido 1.Resposta: C

Comentário

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b) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando aohomem a liberação de seu espírito.

c) a manifestação do ser humano, formada por uma sequência de gestos, passos emovimentos descon certados.

d) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado porinstrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc.

e) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por consequência,ao seu desen vol vi mento intelectual e à sua cultura.

O poema “A Dança e a Alma” é construído com base em contrastes,como “movimento” e “concentração”. Em uma das estrofes, o termo

que estabelece con traste com solo éa) éter. b) seiva. c) chão. d) paixão. e) ser.

(O Estado de S. Paulo, Especial Domingo, D5, 24/5/97)

Sobre o texto acima, pode-se dizer quea) a atitude da personagem feminina, no segundo qua drinho, contesta o julgamento

do personagem mas culino.

Exercício Explicativo 4

O primeiro verso da segunda estrofe contém a antítese em questão: “No solonão, no éter pairamos”.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 3

Desde o título — “A Dança e a Alma” —, o poema de Drummond relaciona adança com o que “ultrapassa os limites físicos”. A última estrofe, especial -mente, concentra-se nos aspectos anímicos da dança (“Onde a alma possadescrever / suas mais divinas parábolas”), ou seja, naquilo em que a dançatranscende o corpo.Resposta: B

Comentário

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b) se destaca o valor pejorativo com que o perso nagem masculino utiliza o vocábulocobra para referir-se à personagem feminina.

c) o comportamento da personagem feminina, no segun do quadrinho, confirma ojuízo que faz dela o personagem masculino, no primeiro quadrinho.

d) há coerência entre a postura e o que diz o perso na gem masculino no primeiroquadrinho, pois ele não está fazendo uma cobrança à personagem feminina.

e) o jogo de palavras – cobrar/pagar – serve para demonstrar a coerência decomportamento da perso nagem feminina.

As passagens descritivas numa narração revestem com expressividade personagens,objetos e situações. Como uma pintura realçada por várias matrizes, a narração ganhahumor, lirismo ou dramaticidade no descritivismo oportuno e manejado com estilo.

No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio quecontribuem para caracterizar o ambiente fan tástico descrito.Expressões como “camaronando”, “caranguejando” e “peque ni nando

e não mor dendo”, criam principalmente, efeitos de a) esvaziamento de sentido.b) monotonia do ambiente.c) estaticidade dos animais.d) interrupção dos movimentos.e) dinamicidade do cenário.

A construção do verbo auxiliar estar seguido do gerúndio, justifica-se quandose trata de enfatizar o aspecto contínuo da ação, o que classifica o trecho comodescrição dinâmica.

Resposta: E

Comentário

Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso. Besourinhosde fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e miosótis nos cabelos.Abelhas douradas, verdes e azuis, falava mal das vespas de cintura fina – achando que eraexagero usarem co le tes tão apertados. Sardinhas aos centos criticavam os cui da dos excessivosque as borboletas de toucados de gaze tinham com o pó de suas asas. Mamangavas de ferrõesamar rados para não morderem. E canários cantando, e beija-flores beijando flores, e camarõescamaronando, e caran guejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde,pequeninando e não mordendo.

(LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo, Brasiliense, 1947.)

Exercício Explicativo 5

O gesto da personagem feminina, o modo como ela aponta o dedo indicador paraa personagem masculina, bem como sua expressão facial, indica uma “cobrança”em relação ao homem, confirmando, assim, o juízo feito por ele a respeito dela.Resposta: C

Comentário

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Texto para os testes de 1 a 3.

Em “Não é, portanto, algo dado a priori nem mesmo é universal”, o termo destacadosó não equivale a a) por dedução, com base em princípios dados anteriormente.b) a partir de elementos prévios.

Exercício Explicativo 1

Atividade física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculosesqueléticos que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso. É,também, qualquer esforço muscular realizado para a execução de uma tarefa, como,por exemplo, o esboçar de um sorriso, o movimento realizado pelos pés durante ocaminhar ou algo mais complexo como os movimentos realizados por um ginastaolímpico.

Reconhecer a necessidade de transformação de hábi toscorporais em função das necessidades cines té sicas.

A PRODUÇÃO CULTURAL DO CORPO

Pensar o corpo como algo produzido na e pela cultura é,simultaneamente, um desafio e uma necessidade. Um desafio porquerompe, de certa forma, com o olhar naturalista sobre o qual muitasvezes o corpo é observado, explicado, classificado e tratado. Umanecessidade porque, ao desnaturalizá-lo, revela, sobretudo, que ocorpo é histórico. Isto é, mais do que um dado natural cujamaterialidade nos presentifica no mundo, o corpo é uma construçãosobre a qual são conferidas diferentes marcas em diferentes tempose espaços, conjunturas econômicas, grupos sociais, étnicos etc. Não é,portanto, algo dado a priori nem mesmo é universal: o corpo éprovisório, mutável e mutante, suscetível a inúmeras intervenções,consoante o desenvolvimento científico e tecnológico de cada culturabem como suas leis, seus códigos morais, as representações que criasobre os corpos, os discursos que sobre ele produz e reproduz.

Um corpo não é apenas um corpo. É também o seu entorno. Maisdo que um conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos, sensações, o corpo é também aroupa, os acessórios que o adornam, as intervenções que nele se operam, a imagem que delese produz, as máquinas que nele se acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silênciosque por ele falam, os vestígios que nele se exibem, a educação de seus gestos.... enfim é semlimite de possibilidades sempre reinventadas e a serem descobertas. Não são, portanto, assemelhanças biológicas que o definem, mas, fundamentalmente, os significados culturais esociais que a ele se atribuem.

(Silvana Vilore Goellner)

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c) resultante de raciocínio cujos princípios foram estabelecidos inicialmente.d) pressuposto, estabelecido independentemente de observação ou análise.e) empírico, fundamentado na experiência.

Assinale o único adjetivo que não caracteriza adequadamente a noção de corpoapresentada no texto de Silvana Vilore Goellner:

a) biológico b) histórico c) provisóriod) mutável e) mutante

No Brasil, o sedentarismo é um problema que vem assumindo grande impor tância. Aspesquisas mostram que a população atual gasta bem menos calorias por dia, do que gastavahá 100 anos, o que explica por que o sedentarismo afetaria aproximadamente 70% dapopulação brasileira, mais do que a obesidade, a hipertensão, o tabagismo, o diabetes e ocolesterol alto. O estilo de vida atual pode ser responsabilizado por 54% do risco de morte porinfarto e por 50% do risco de morte por derrame cerebral, as principais causas de morte emnosso país. Assim sendo, a atividade física é assunto importante de saúde pública.

Observe duas das acepções registradas para o verbete corpo, em O novoAurélio. Dicionário da Língua Portuguesa: 1. “A substância física, ou a estruturade cada homem ou animal (...)”, 2. “A parte material , animal ou a carne doser humano, por oposição à alma, ao espírito”. A visão do corpo apresentadano texto não contempla somente o aspecto físico e material, tal como ocorrenas acepções transcritas do dicionário. O corpo está ligado a múltiplos outrosaspectos de nossas vidas, pois, como conclui a autora, “não são [...] assemelhanças biológicas que o definem, mas fundamentalmente, os significadosculturais e sociais que a ele se atribuem.” Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 3

Exercício Explicativo 2

A priori é uma expressão latina (pronúncia: priôri) que significa “a partir do queprecede, do início”. É usada, sobretudo em filosofia, para designar conhe -cimento “que não depende [...] de nenhuma forma de experiência, por sergerado no interior da própria razão (diz-se de raciocínio, método, conhecimentoetc.) [Pensadores racionalistas como Descartes, Leibniz ou Kant afirmam aexistência desse tipo de conhecimento; empiristas como Locke ou Hume onegam.]” (Dicionário Houaiss)Resposta: E.

Comentário

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Qual trecho do texto corrobora a ideia de que a prática de atividades físicas se liga àimagem de pessoas saudáveis?a) “... a atividade física é assunto de saúde pública...”b) “... o estilo de vida atual pode ser responsabilizado por 54% do risco de morte...”c) “... o sedentarismo é um problema que vem assumindo grande importância...”d) “... a população atual gasta bem menos calorias por dia...”e) “... o sedentarismo afetaria 70% da população brasileira...”

FRANK & ERNEST/Bob Thaves

Nesta tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidasfiguras de linguagem para

a) condenar a prática de exercícios físicos.b) valorizar aspectos da vida moderna.c) desestimular o uso das bicicletas.d) caracterizar o diálogo entre gerações.e) criticar a falta de perspectiva do pai.

O garoto da tirinha estabelece uma relação de semelhança (base da metáfora)entre os exercícios que o pai pratica numa bicicleta ergométrica (que nãoconduzem a lugar nenhum) e a “falta de perspectiva” da vida do pai.

Resposta: E

Comentário

Somente com o desenvolvimento de atividades físicas pode-se, além deinúmeras outras vantagens, diminuir o risco de morte por infarto, uma dasmaiores causas de morte em nosso país.

Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 4

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Texto I

Texto II

Que figura de linguagem há na passagem “camisas verdes e calções pretos corriam...”

a) Apóstrofe. b) Ironia. c) Antítese.

d) Paradoxo. e) Metonímia.

CORINTHIANS (2) VS. PALESTRA (1)

...a ânsia de vinte mil pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. Depreto. De branco. De azul. De vermelho.

Delírio futebolístico no Parque Antártica.Camisas verdes e calções pretos corriam, pulavam, chocavam-se,

embaralhavam-se, caíam, contorciam-se, esfalfavam-se, brigavam. Porcausa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava umminuto, um segundo. Não parava.

(MACHADO, Alcântara. Brás, Bexiga e Barra Funda)

Exercício Explicativo 1

Atividade esportiva pode ser entendida como um fenômeno sociocultural, queenvolve a prática voluntária de atividades físicas competitivas ou recreativas econtribui para a formação, desenvolvimento e aprimoramento físico, intelectual epsíquico de seus praticantes e espectadores, além de poder ser considerada umadas mais belas e eficazes formas de inclusão social.

Reconhecer a linguagem corporal como meio deinteração social, considerando os limites dedesempenho e as alternativas de adaptação paradiferentes indivíduos.

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Que elemento sensorial é predominante na descrição da partida de futebol do texto I?a) A visão, dado que as cores que demarcam os dois times, bem como toda a

movimen tação dos jogadores.b) A audição, devido ao barulho característico das partidas de futebol.c) A visão, pois todos parecem bastante entusiasmados com a partida.d) O tato, tanto no contacto dos jogadores com a bola quanto nas reações do

público, que se toca e se cumprimenta.e) O olfato, presente nos odores gerados pelos movimentos do jogo e pela animação

dos assistentes.

O que há em comum entre os textos I e II?a) A paixão irrestrita dos torcedores por seus times.b) Os choques de opinião entre os torcedores.c) A atitude crítica, ponderada e equilibrada dos torcedores.d) A impossibilidade evidente de alguém que não seja corintiano ou palmeirense

entender o refinado humor da tirinha ou o sentido global do texto.e) A ausência de um dos elementos mais característicos da atividade esportiva, a

interação entre os que a praticam e os que simplesmente assistem ou torcem.

Bidu, a personagem da tirinha de Maurício de Sousa, poderia ser mais uma dastantas pessoas que estão assistindo apaixonada e ansiosamente a partida, com“olhos ávidos” e “nervos elétricos”.Resposta: A

Comentário

A visão, pois a cor é o elemento que predomina na descrição do jogo: “Depreto. De branco. De azul. De vermelho”. [...] “Camisas verdes e calções pretoscorriam...” [...] “... bola de couro amarelo...”.Resposta: A

Comentário

Há metonímia, porque se emprega uma parte (o verde da camisa do Palestra eo preto do calção do Corinthians) em lugar do todo, os jogadores de um eoutro time.Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 3

Exercício Explicativo 2

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“... Fazendo grandes planos / E chutando lata...”; “... jogando muito botão /Rodopiando pião...”; “... um futebol de rua...”. Tais versos referem-se a atividadesfísicas realizadas pelo sujeito lírico em sua infância, essas atividades tiveram por intuito:a) criar rivalidade com seus iguais, aprimorando assim suas competências para o

mundo competitivo em que vivemos.b) entretê-lo, diverti-lo e relacioná-lo com seus iguais, tornando sua infância mais

plena de significados.c) apenas fazer com que seu tempo passe mais depressa, até chegar o momento

em que pudesse realizar atividades mais interessantes e prezerosas.d) mantê-lo distante das más companhias, preparando-o para uma educação mais

formalizada.e) preparar suas habilidades motoras para que pudesse realizar com mais afinco as

funções que a vida adulta exige.

As atividades físicas, sobretudo as esportivas, têm por intuito, na infância comoem outras idades, proporcionar brincadeiras e interações saudáveis.Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 4

DOZE ANOSComposição: Chico Buarque

Ai, que saudades que eu tenhoDos meus doze anosQue saudade ingrataDar banda por aíFazendo grandes planosE chutando lataTrocando figurinhaMatando passarinhoColecionando minhocaJogando muito botãoRodopiando piãoFazendo troca-trocaAi, que saudades que eu tenhoDuma travessuraUm futebol de ruaSair pulando muroOlhando fechaduraE vendo mulher nuaComendo fruta no péChupando picoléPé-de-moleque, paçocaE disputando troféuGuerra de pipa no céuConcurso de pipoca

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Texto 1 Texto 2

SONHO IMPOSSÍVEL

SonharMais um sonho impossívelLutarQuando é fácil cederVencer o inimigo invencívelNegar quando a regra é venderSofrer a tortura implacávelRomper a incabível prisãoVoar num limite improvávelTocar o inacessível chãoÉ minha lei, é minha questãoVirar esse mundoCravar esse chãoNão me importa saberSe é terrível demaisQuantas guerras terei que vencerPor um pouco de pazE amanhã se esse chão que eu beijeiFor meu leito e perdãoVou saber que valeu delirarE morrer de paixãoE assim, seja lá como forVai ter fim a infinita afliçãoE o mundo vai ver uma florBrotar do impossível chão.

(J. Darione – M. Leigh – Versão de ChicoBuarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)

Exercício Explicativo 1

Arte é a manifestação cultural que envolve uma preocupação consciente e racionalem provocar o prazer por meio do contato com a beleza. É o que se pode chamarde sentimento estético. Apesar de o verdadeiro prazer ser algo gratuito, o que afastada arte qualquer valor utilitário ou pragmático, pode-se perceber que ela é um fazerque expressa os anseios do artista e do seu tempo.

Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho daprodução dos artistas em seus meios culturais.

Competência de área 4 - Compreender a arte comosaber cultural e estético gerador de significação eintegrador da organização do mundo e da própriaidentidade.

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A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro dahumanidade. É correto concluir que os dois textos

a) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz.b) concordam que o desarmamento é inatingível.c) julgam que o sonho é um desafio invencível.d) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor.e) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.

(Disponível em: <http://www.bomdiabauru.com.br/index.asp?jbd=3&id=232&mat=63909> acessado em: fev. 2007)

(ETE) – A charge trata de problemas resultantes de desequilíbrio na vida do planeta.A análise dela possibilita afirmar quea) os animais são sempre as maiores vítimas do consumismo praticado pelos povos

pobres.b) os seres humanos são os únicos animais capazes de se protegerem dos riscos

ambientais.

Exercício Explicativo 2

No texto “Sonho Impossível”, o eu lírico acredita na possibilidade, ainda queremota, de um mundo melhor, como afirmam os versos finais: “Vai ter fim ainfinita aflição / E o mundo vai ver uma flor / Brotar do impossível chão”. Na tirade Quino, o aviãozinho, feito de folha de jornal com a manchete “Novatentativa de desarmamento”, espatifa-se. Esse desastre simboliza o fracasso datentativa desarmamentista, como indica a fala de Mafalda.

Resposta: D

Comentário

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c) é preciso discutir os problemas ambientais levando em conta os problemas sociais.d) os governantes resolveram adotar medidas de combate a todo o tipo de

desigualdade social.e) as leis da sociedade atual são elaboradas para promover mais igualdade entre os

seres vivos.

Considere a charge de Henfil.

(Coleção Henfil, Geração Editorial, s/ data)

(ETE) – A comparação entre o desenho da bandeira e os dizeres “ordem e progresso”revela, sobre o Brasil, uma situação de a) utopia. b) soberania. c) conciliação.d) incoerência. e) crescimento.

O desenho mostra florestas destruídas (troncos de árvores empilhados), muitaschaminés poluindo o céu e outras situações que desmentem os dizeres ordeme progresso.

Resposta: D

Comentário

Exercício Explicativo 3

A charge critica a excessiva preocupação com o aquecimento global e odesinteresse pelas questões sociais.

Resposta: C

Comentário

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Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescênciaque teve influência significativa em sua carreira de escritor.

Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimodefine como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura:a) criar a fantasia. b) permitir o sonho. c) denunciar o real.d) criar o belo. e) fugir da náusea.

Deve-se ter em mente que não há um padrão único de beleza, o que significa,portanto, que não há uma forma única de arte. Assim, é vital aceitar a diversidadee entender que rotular uma obra como feia ou de mau gosto pode ser umamanifestação de preconceito.

Analisar as diversas produções artísticas como meiode explicar diferentes culturas, padrões de beleza epreconceitos.

A metáfora do texto, segundo a qual “o escritor pode… fazer luz sobre arealidade de seu mundo”, equivale ao que propõe a alternativa c: “uma dasfunções do escritor e, por extensão, da literatura” é “denunciar o real”.

Resposta: C

Comentário

Lembro-me de que certa noite — eu teria uns quatorze anos, quando muito —encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações,enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da PolíciaMunicipal haviam “carneado”. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme ondeestava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, porque não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar essestalhos e salvar essa vida? (...)

Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia deque o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como anossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando quesobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar alâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica,acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente,como um sinal de que não desertamos nosso posto.

(VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta.Tomo I. Porto Alegre, Editora Globo, 1978.)

Exercício Explicativo 4

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Leia o texto abaixo, trecho da canção “Sampa”, de Caetano Veloso.

Em “É que narciso acha feio o que não é espelho”, pode-se inferir quea) há uma tendência a só se achar belo o que pertence ao nosso universo de valores

estéticos.b) costumamos automaticamente rotular como belo o que vem da cultura clássica.c) a arte tem a função de satisfazer pessoas egoístas, narcisistas.d) o feio, por ser visto por um mito, é uma categoria que não existe em arte.e) pessoas superiores são naturalmente mais exigentes no que se refere a padrões

estéticos.

Ao afirmar que Narciso acha feio aquilo que não reflete a sua beleza, Caetanopermite inferir que existe uma tendência a se achar belo apenas aquilo quepertence ao nosso ideal de beleza. Por isso, a primeira reação dele, recém-chegado a São Paulo, foi a de achar a cidade feia.

Resposta: A

Comentário

Alguma coisa acontece no meu coraçãoQue só quando cruza a Ipiranga e a avenida São JoãoÉ que quando eu cheguei por aqui eu nada entendiDa dura poesia concreta de tuas esquinasDa deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita LeeA tua mais completa traduçãoAlguma coisa acontece no meu coraçãoQue só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rostoChamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gostoÉ que Narciso acha feio o que não é espelho

(http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/41670/)

Exercício Explicativo 1

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Observe as imagens abaixo.

Gisele Bündchen, supermodelo brasileira de renomemundial. Imagem disponível em

http://images.askmen.com/galleries/model/gisele-bundchen/pictures/gisele-bundchen-picture-3.jpg.

Lizzie Miller, modelo que causou repercussão após sairem ensaio da edição de agosto de 2009 da revista

Glamour (Imagem disponível emhttp://www.examiner.com/x-13854-West-Palm-Beach-Health-and-Happiness-Examiner~y2009m9d2-In-the-

news-Glamour-to-follow-Lizzie-Miller-success-with-more-photos-of-

nude-plussize-women.).

Mulheres com pescoço de girafa, da Tailândia. Fotodisponível em

(http://news.nationalgeographic.com/news/2004/12/photogalleries/ancient_marks/photo4.html)

Exercício Explicativo 2

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As três graças, do renascentista Rafael Sanzio, disponível emhttp://www.wga.hu/art/r/raphael/2firenze/1/21graces.jpg.

Pode-se inferir da análise das imagens acima que a) a beleza e o bom gosto estético só existiam no Renascimento.b) Gisele Bündchen é um exemplo de supermodelo porque possui a beleza correta.c) As mulheres com pescoço de girafa não podem ser consideradas belas porque

são primitivas.d) Todas as imagens representam padrões legítimos de beleza, pois esse é variável

socialmente.e) A beleza desaparece quando se enfoca o cotidiano, como ocorre nas imagens 1

e 3.

Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito influenciariaa Semana de Arte Moderna, Monteiro Lobato escreveu, em artigointitulado Paranóia ou Mistificação:

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em consequência

fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização

das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é

formada dos que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras,

sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura

excessiva. (...). Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se

notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das

extravagâncias de Picasso & cia.O Diário de São Paulo, dez./1917.

Exercício Explicativo 3

Todas as ilustrações apresentam mulheres consideradas belas em seu contexto(moda, cotidiano, Tailândia, Renascimento), o que reforça que o ideal de belezaé variável socialmente.

Resposta: D

Comentário

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Em qual das obras abaixo identifica-se o estilo de Anita Malfatti criticado por MonteiroLobato no artigo?a) b)

Acesso a Monte Serrat – Santos Vaso de Flores

c)

A Santa Ceia

d) e)

Nossa Senhora Auxiliadora A Bobae Dom Bosco

Monteiro Lobato, expressando uma visão “acadêmica” e conservadora dapintura, ataca as chamadas “vanguardas” modernistas, nomeadamente ocubismo (“Picasso & cia.”). A única obra, entre as reproduzidas na questão,que rompe o padrão acadêmico é o quadro A Boba, de Anita Malfatti, que,pela deformação expressionista dos traços e intensificação da cor, configurapara Lobato a atitude “dos que veem anormalmente a natureza...” (Observe-se que falta, no título do artigo, o sinal de interrogação que há no original –“Paranóia ou Mistificação?” – e que foi publicado em O Estado de S. Paulo, nãono Diário de São Paulo.)

Resposta: E

Comentário

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Observe as figuras abaixo.

Figura 1

Monalisa, de Leonardo da Vinci (1452-1519), disponívelem http://www.arthistoryguide.com/Mona_Lisa.aspx.

Figura 2

Monalisa, de Marcel Duchamp (1887-1968), disponível emhttp://www.uncp.edu/home/rwb/duchamp_mona.jpg.

Figura 3

Monalisa, de Fernando Botero (1932), Disponível emhttp://www.csudh.edu/dearhabermas/poemhyp40.htm.

Exercício Explicativo 4

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Analise as afirmações abaixo.I – A Figura 1 representa os ideais de equilíbrio e harmonia típicos do Renascimento.II – A Figura 2 representa a postura demolidora e iconoclasta dos modernistas diante

da tradição artística.III – Na Figura 3 pode-se inferir uma crítica do autor à estaticidade do homem

contemporâneo, o que se nota pela obesidade da personagem retratada.IV – A Figura 2 e Figura 3, por serem cópias da Figura 1, não podem ser consideradas

obras de arte.Está correto o que se afirma ema) I, II, III, IV. b) I, II, III. c) I, II, IV. d) I, III, IV. e) I e IV.

O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes construções de concreto e asestações de metrô, e cada dia se torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais.Nasceu na periferia dos bairros pobres de Nova lorque. É formado por três elementos: amúsica (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jovens usamas expressões artísticas como uma forma de resistência política.

Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundocom um discurso político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser ummovimento originário das periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil,onde se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que o hip-hopbrasileiro não tenha sofrido influências locais. O movimento no Brasil é híbrido: rap com umpouco de samba, break parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas.

(Adaptado de Ciência e Cultura, 2004)

Exercício Explicativo 1

A arte não deve ser vista como uma manifestação exclusiva da cultura dita superior,das elites com grande repertório cultural. Ela está presente nas atividades estéticasde todo e qualquer grupo social, seja na chamada cultura de resistência do hip hope do funk, seja nas manifestações folclóricas, seja na cultura de massa do axé ousertanejo, seja nas sofisticadas exposições de museus.

Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas mani -festações de vários grupos sociais e étnicos.

As figuras 2 e 3 são paródias da 1, o que é um processo artístico legítimo.Portanto, é descabida a afirmação de que não se trata de obras de arte.

Resposta: B

Comentário

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De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artísticatipicamente urbana, que tem como principais características

a) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista.b) a alienação política e a preocupação com o conflito de gerações.c) a afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de linguagens.d) a integração de diferentes classes sociais e a exaltação do progresso.e) a valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-americanos.

Não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. Há muitomais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nasfestas e em diversos outros aspectos e manifestações transmitidos oral

ou gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essaporção intangível da herança cultural dos povos dá-se o nome de patrimônio culturalimaterial.

Internet: <www.unesco.org.br>.

Qual das figuras abaixo retrata patrimônio imaterial da cultura de um povo?

Exercício Explicativo 2

As afirmações da alternativa c correspondem, precisamente, a dados do texto:“a afirmação dos socialmente excluídos” = “um discurso político a favor dosexcluídos” e “a combinação de linguagens” = “É formado por três elementos:a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break)”.

Resposta: C

Comentário

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Muros da CPTM estamparão Arte

CPTM reserva muros para a arte da grafitagem.

Os muros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), localizados ao lado daEstação Brás, na Praça Agente Cícero, s/n, e no Largo da Concórdia, no Centro de São Paulo,ganharam novos ares. Os até então acinzentados blocos de concreto receberam a arte deseis grafiteiros que irão trabalhar no desenvolvimento de um mural que retrate a importânciado transporte sobre os trilhos na urbanização da metrópole e a sua mobilidade.

A iniciativa é uma das atrações do 29º Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura(ENEA), realizado em São Paulo desde 17/7/2005, com a participação de três mil alunos detodo o Brasil.

Projeto Grafite

São Paulo é uma das grandes cidades do Brasil que enfrentam problemas com pichaçãoem logradouros públicos, meios de transportes, prédios comerciais e residencias e casas. Apichação contribui para a degradação do espaço, poluindo a paisagem e tornando o visualexcessivamente cansativo.

Pensando nisso, a CPTM criou em 2004 o “Projeto Grafite” com a proposta de trocar apichação de trens, estações e muros pela arte e, ao mesmo tempo, transformar a ferrovia emuma galeria a céu aberto. Hoje a verdadeira cultura do grafite vai além dos muros dasestações, cobre trens e o interior das próprias estações espalhadas por São Paulo,embelezando toda a cidade com a criatividade dos jovens artistas grafiteiros.

Projetos como o da CPTM têm apoio da Associação Viva o Centro, que há quase 14 anos

luta por recuperação, conservação e melhorias no Centro de São Paulo.http://www.vivaocentro.org.br/noticias/arquivo/210705_a_infonline.htm.)

Exercício Explicativo 3

O patrimônio imaterial (folclore, tradições etc), no caso a dança dramática doBumba-meu-boi, revela-se exclusivamente na figura c. Em a, b e e, representa-se a cultura material, através de monumentos históricos, e, em d, da paisagemnatural.

Resposta: C

Comentário

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Grafite vai retratar a importância do transporte sobre os trilhos na urbanização da metrópole.

Da leitura do texto apresentado, só não se pode afirmar quea) os grandes centros urbanos enfrentam problemas com a pichação.b) grafite e pichação são manifestações artísticas de valor igual.c) o grafite é uma manifestação artística urbana.d) por meio do grafite os jovens expressam suas ideias.e) arte pode se manifestar não apenas nas tradicionais galerias artísticas.

Exercício Explicativo 4

O texto afirma que a pichação degrada e polui o ambiente e que o grafitetornará os muros e os trens da CPTM em galerias de arte a céu aberto. Dessaforma, há uma valoração negativa para a primeira manifestação cultural epositiva para a segunda, o que invalida a alternativa b.

Resposta: B

Comentário

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A pintura rupestre anterior, que é um patrimônio cultural brasileiro,expressa

a) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo decolonização do Brasil.

b) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seusmembros.

c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-históriado Brasil.

d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos.e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da América durante o

período colonial.

O texto literário, como manifestação humana, está preso ao seu meio e momentosocial. Dessa forma, ele expressa, implícita ou explicatamente, as preocupações dotempo em que foi produzido.

Estabelecer relações entre o texto literário e o momen -to de sua produção, situando aspectos do contextohistórico, social e político.

Competência de área 5 – Analisar, interpretar e apli -car recursos expressivos das linguagens, rela -cionando textos com seus contextos, mediante anatureza, função, organização, estrutura das mani -festações, de acordo com as condições de produçãoe recepção.

A pintura rupestre reproduzida na questão apresenta uma cena de caça – temarecorrente na arte pré-histórica em todas as regiões do mundo e que mostra umaspecto essencial para a sobrevivência das comunidades primitivas.

Resposta: C

Comentário

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O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nosversos transcritos em

e) Os inocentes do Leblonnão viram o navio entrar.(...) Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,mas a areia é quente, e há um óleo suaveque eles passam nas costas, e esquecem.

(Carlos Drummond de Andrade)

c) O funcionário públiconão cabe no poemacom seu salário de fomesua vida fechada em arquivos.

(Ferreira Gullar)

d) Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos

[os sonhos do mundo.(Fernando Pessoa)

a) Pensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradas.

(Vinícius de Moraes)

b) Somos muitos severinosiguais em tudo e na sina:a de abrandar estas pedrassuando-se muito em cima.

(João Cabral de Melo Neto)

Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, sãoiguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçamverticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, empirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, peloquadro afora.

(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista)

Exercício Explicativo 1

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(Tarsila do Amaral, Operários)

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No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, criticasutilmente um outro estilo de época: o romantismo.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcritana alternativa:a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ...b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e

eterno, ...d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ...e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; eratalvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a maisvoluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre asmocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autorsobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas tambémnão digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Erabonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precárioe eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos dacriação.”

(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumasde Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.)

O narrador afasta-se da idealização sentimental do Romantismo quando afirmaque o texto que escreve não “sobredoura a realidade” e não “fecha os olhosàs sardas e espinhas”. Fica patente, portanto, que o narrador vai registrartambém aspectos que contrariam qualquer idealização – aspectos “realistas”,aos quais os autores românticos fechariam os olhos.

Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 2

A ideia de que a consideração das pessoas enquanto mera força de trabalho édesumanizadora, pois ignora características e valores individuais, encontra-setanto no quadro de Tarsila, segundo a crítica Nádia Gotlib, quanto nos versosde João Cabral de Melo Neto, que correspondem à fala de um flageladomigrante nordestino que foge da seca e da miséria.

Resposta: B

Comentário

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Texto para o exercício explicativo 3.

(UNIFESP) – Entre os textos de Manuel Bandeira (de O ritmo dissoluto), transcritosnas cinco alternativas, aquele que comprova a opinião de Alcântara Machado é:

a) E enquanto a mansa tarde agoniza,Por entre a névoa fria do marToda a minhalma foge na brisa;Tenho vontade de me matar.

b) A beleza é um conceito.E a beleza é triste.Não é triste em si,Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

c) Sorri mansamente... em um sorriso pálido... pálidoComo o beijo religioso que pusesteNa fronte morta de tua mãe... sobre a sua fronte morta...

d) Noite morta.Junto ao poste de iluminaçãoOs sapos engolem mosquitos.

e) A meiga e triste raparigaPunha talvez nessa cantigaA sua dor e mais a dor de sua raça...Pobre mulher, sombria filha da desgraça!

A associação entre a imobilidade da noite e a imagem dos sapos que engolemmosquitos, extraída de um bordão da fala popular (“comendo moscas”), rompeefetivamente com a retórica convencional, pela associação imprevista e insólita.

Resposta: D

Comentário

Exercício Explicativo 3

Um dos maiores benefícios que o movimento moderno nos trouxe foi justamente esse:tornar alegre a literatura brasileira. Alegre quer dizer saudável, viva, consciente de sua força,satisfeita com seu destino.

Até então no Brasil a preocupação de todo escritor era parecer grave e severo. O riso eraproibido. A pena molhava-se no tinteiro da tristeza e do pessimismo. O papel servia de lenço.De tal forma que os livros espremidos só derramavam lágrimas. Se alguma ideia caía vinhanum pingo delas. A literatura nacional não passava de uma queixa gemebunda.

Por isso mesmo o segundo tranco da reação foi mais difícil: integração no ambiente.Fazer literatura brasileira mas sem choro. Disfarçando sempre a tristeza do motivo quandoinevitável. Rindo como um moleque.

(Antonio de Alcântara Machado,Cavaquinho e saxofone.)

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Texto para o exercício explicativo 4.

O poema acima, de Carlos Drummond de Andrade, faz parte do livro Alguma poesia,publicado em 1945. Pode-se afirmar que ele expressa os ideais de uma época marcadapelo (a)

a) decadência da antiga nobreza açucareira nordestina.b) esperança na superação da crise gerada pela Segunda Grande Guerra.c) decepção com relação às constantes denúncias de corrupção do Segundo

Reinado.d) ufanismo provocado pelo mito do milagre econômico do Governo Médici.e) luta contra os movimentos messiânicos como o de Canudos.

“A flor e a náusea” descreve a esperança (representada pelo nascimento deuma flor) em meio a um mundo dominado por experiências negativas como aSegunda Guerra Mundial, o nazifascismo e a Era Vargas. As demais alternativasfalam de fatos que não têm ligação direta com a data em que foi publicado opoema.

Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 4

Uma flor nasceu na rua!Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.Uma flor ainda desbotadailude a polícia, rompe o asfalto.Façam completo silêncio, paralisem os negócios,garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.Suas pétalas não se abrem.Seu nome não está nos livros.É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tardee lentamente passo a mão nessa forma insegura.Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

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Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementosconstitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acercada relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.

a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagensrelacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “ricoe fino”.

b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela umacontradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbanoda Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.

c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismoque evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representaçãoliterária realista da vida nacional.

Torno a ver-vos, ó montes: o destinoAqui me torna a pôr nestes outeiros,Onde um tempo os gabões deixei grosseirosPelo traje da Corte, rico e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,Os meus fiéis, meus doces companheiros,Vendo correr os míseros vaqueirosAtrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,Que chega a ter mais preço, e mais valiaQue, da Cidade, o lisonjeiro encanto.

Aqui descanso a louca fantasia,E o que até agora se tornava em prantoSe converta em afetos de alegria.

(COSTA, Cláudio Manoel da. In: Domício Proença Filho. A poesiados inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, pp. 78-9.)

Exercício Explicativo 1

A literatura é uma arte e como tal é uma atividade que possui uma técnica, umconjunto de procedimentos que variam entre autores, grupos ou mesmo períodosliterários. É vital reconhecer esses mecanismos que permitem entender aespecificidade de uma determinada obra dentro de seu contexto.

Relacionar informações sobre concepções artísticas eprocedimentos de construção do texto literário.

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d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, éformulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosada Colônia sobre a Metrópole.

e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia estárepresentada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

Eu começaria dizendo que poesia é uma questão de linguagem. Aimportância do poeta é que ele torna mais viva a linguagem. CarlosDrummond de Andrade escreveu um dos mais belos versos da língua

portuguesa com duas palavras comuns: cão e cheirando.

Um cão cheirando o futuro

(Entrevista com Mário Carvalho.Folha de SP, 24/5/1988. Adaptação.)

O que deu ao verso de Drummond o caráter de inovador da língua foi a) o modo raro como foi tratado o “futuro”.b) a referência ao cão como “animal de estimação”.c) a flexão pouco comum do verbo “cheirar” (gerúndio).d) a aproximação não usual do agente citado e a ação de “cheirar”.e) o emprego do artigo indefinido “um” e do artigo definido “o” na mesma frase.

Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano,sobre a função de seus textos:

“Falo somento com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somentedo que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: ohomem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para

Exercício Explicativo 3

O que surpreende, no verso de Carlos Drummond de Andrade, não é aaproximação entre o agente (sujeito), “cão”, e a ação de “cheirar”, comoafirma a alternativa d, mas sim o objeto de tal ação (“futuro”), como propõea alternativa a.

Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 2

A oposição Cidade-Campo, lugar-comum da temática árcade, é assimilada, nocaso de Cláudio Manuel da Costa, à oposição Metrópole-Colônia. O poeta,que viveu longamente em Portugal, onde experimentou a civilidade lisboeta,voltando ao Brasil confrontou-se com a aspereza dos “montes” e “outeiros” desua Minas natal, que idealiza em seus poemas bucólicos.

Resposta: B

Comentário

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quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria doNordeste.”

Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato

social para determinados leitores.b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser

imparcial para que seu texto seja lido.c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da

perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato

social para todos os leitores.e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para

convencer o leitor.

Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de Minha Vidade Infância, descreve os pés dos trabalhadores.

As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da natureza e do homem americanoe a crítica social foram temas que inspiraram muitos artistas ao longo de nossa História.Dentre estas imagens, a que melhor caracteriza a crítica social contida no texto dePortinari é:

Pés disformes. Pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e osespinhos. Pés semelhantes aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. (..) Pés sofridoscom muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre a terra, difícilera distingui-los. Agarrados ao solo, eram como alicerces, muitas vezes suportavam apenasum corpo franzino e doente.

(Cândido Portinari, Retrospectiva, Catálogo MASP)

Exercício Explicativo 4

Embora a alternativa atenda adequadamente ao que se solicita e esteja contidano texto que se atribui integralmente a João Cabral de Melo Neto, teria sidoconveniente especificar que apenas as passagens grafadas em negrito são deautoria do poeta e constituem versos octossílabos. O que se segue aos versossão acréscimos de outra lavra, de natureza interpretativa, não-poética. Os versostranscritos têm por referência o escritor alagoano Graciliano Ramos, a quem sãodedicados. O enunciado explicita autorreferência, o que não ocorre. João Cabralnão está se referindo à função de seus próprios textos, mas à dos textos deGraciliano Ramos, com quem tem inúmeras afinidades, que não justificam oequívoco.

Resposta: A

Comentário

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A literatura é uma manifestação artística que remonta à madrugada dos tempos.Portanto, é valioso perceber que há nela ideias e valores que se mantiveraminalterados por todos esses séculos e outros que foram modificados ou até mesmoeliminados.

Reconhecer a presença de valores sociais e humanosatualizáveis e permanentes no patrimônio literárionacional.

Os pés sofridos e vincados de que fala Portinari – pés que funcionam comosinédoques (parte pelo todo) dos trabalhadores oprimidos e da condiçãodesumana do trabalho no Brasil – correspondem à imagem da alternativa e,que parece apresentar pés maltratados de homens pobres.

Resposta: E

Comentário

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O poema abaixo pertence à poesia concreta brasileira. O termo latinode seu título significa “epitalâmio”, poema ou canto em homenagemaos que se casam.

Epithalamium - II

he = ele S = serpens& = e h = homoShe = ela e = eva

(Pedro Xisto)

Considerando-se que símbolos e sinais são utilizados geralmente para demonstraçõesobjetivas, ao serem incorporados no poema “Epithalamium – II”,a) adquirem novo potencial de significação.b) eliminam a subjetividade do poema.c) opõem-se ao tema principal do poema.d) invertem seu sentido original.e) tornam-se confusos e equivocados.

Texto para os exercícios explicativos 2 e 3.

1 – Engelhado: enrugado.

A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para ameninada. Ela vivia de contar histórias de Trancoso. Pequenina e toda engelhada(1), tão leveque uma ventania poderia carregá-la, andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho,como uma edição viva das histórias de Mil e uma Noites. Que talento ela possuía para contarsuas histórias, com jeito admirável de falar em nome de todos os personagens! Sem nenhumdente na boca e com uma voz que dava todos os tons às palavras. (...) era uma grande artistapara dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos,intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. (...)

Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. O que fazia a velhaTotonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. (...) Os rios e asflorestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Matado Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.

(José Lins do Rego, Menino de Engenho)

A exploração dos aspectos materiais do significante (a disposição tipográfica,a letra impressa) e a incorporação de outros signos instauram diversaspossibilidades de leitura do poema, proposto como uma espécie de enigmavisual cifrado. Uma delas, a mais evidente, sugere o envolvimento do homem(“he = ele”, h = “homo”) pela mulher (“She = ela”, “e = eva”), na am-biguidade que se insinua na imagem continente S (serpente, ela) e na ideia doepitalâmio, do casamento, da união, da sociedade (&).

Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 1

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Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificartraços que revelam marcas do processo de colonização e de civilizaçãodo país. Considerando-se o texto, infere-se que a velha Totonha

a) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida ede trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.

b) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do paíscolonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos darealidade nacional.

c) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia emconcomitância com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.

d) se aproxima, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, oqual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto aeuropeia.

e) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo eorigem as fontes da literatura e da cultura européia universalizada.

A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas históriasé ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem:

a) “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações.”b) “Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio.”c) “Andava léguas e léguas a pé, como uma edição viva das Mil e uma Noites.”d) “O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.”e) “Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas

explicativas.”

A cor local que a velha Totonha punha em suas descrições corresponde àassimilação de paisagens e personagens de outros meios ao meio físico e socialem que ela se movia.

Resposta: D

Comentário

Exercício Explicativo 3

Totonha representa a constituição identitária e cultural de nosso país, aomisturar personagens, valores e cenários europeus e locais. Essa mistura écaracterística do “processo de colonização e de civilização do país”,constituindo marca de toda a formação da cultura brasileira, popular e erudita.

Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 2

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Cândido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros do séculoXX, tratou de diferentes aspectos da nossa realidade em seus quadros.

Sobre a temática dos “Retirantes”, Portinari também escreveu oseguinte poema:

Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que abordam a problemática que étema do poema.a) 1 e 2. b) 1 e 3. c) 2 e 3. d) 3 e 4. e) 2 e 4.

É bastante evidente a correspondência entre a descrição contida no poema eas imagens constantes dos quadros 2 e 3.

Resposta: C

Comentário

(...)Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhosVêm das terras secas e escuras; pedregulhosDoloridos como fagulhas de carvão acesoCorpos disformes, uns panos sujos,Rasgados e sem cor, dependurados

Homens de enorme ventre bojudoMulheres com trouxas caídas para o lado

Pançudas, carregando ao colo um garotoChoramingando, remelento(...)

(Cândido Portinari. Poemas. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1964.)

Exercício Explicativo 4

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Figuras de Linguagem

O termo (ou expressão) destacado que está empre gado em seu sentidopróprio, denotativo, ocorre em:

a) (...) É de laço e de nóDe gibeira o jilóDessa vida, cumprida a sol (...)

(Renato Teixeira, Romaria, Kuarup Discos, setembro de 1992)

b) Protegendo os inocentesé que Deus, sábio demais,põe cenários diferentesnas impressões digitais.

(Maria N. S. Carvalho, Evangelho da Trova, /s.n.b.)

c) O dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngues são os tipos maiscomuns de dicionários. Em nossos dias, eles se tornaram um objeto de consumoobrigatório para as nações civilizadas e desenvolvidas.

(Maria T. Camargo Biderman, O dicionário-padrão da língua, Alta (28), 2743, 1974, Supl.)

Exercício Explicativo 1

As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto,tornando a linguagem mais ex pres siva. É um recurso linguístico para expressar, defor mas diferentes, experiências comuns, confe rin do origi nalidade, emoti vi dade outeor poético ao dis curso.

As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindoparticularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado, nãodenotativo, passa a pertencer a outro campo de significa ção mais amplo e criativo.

Identificar os elementos que concorrem para a progres -são temática e para a organização e estrutu ração detextos de diferentes gêneros e tipos.

Competência de área 6 – Compreender e usar ossistemas simbólicos linguagens como meios deorganização cognitiva da realidade significados,expressão, comunicação e informação.

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d)

e) Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espéciesde humorismo: o trágico e o cômico. O trágico é o que não con segue fazer rir; ocômico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer.

(Leon Eliachar. www.mercadolivre.com.br. acessado em julho de 2005.)

O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poetaromântico Castro Alves:

Oh! eu quero viver, beber perfumesNa flor silvestre, que embalsama os ares;Ver minh’alma adejar pelo infinito,Qual branca vela n’amplidão dos mares.No seio da mulher há tanto aroma...Nos seus beijos de fogo há tanta vida...— Árabe errante, vou dormir à tardeÀ sombra fresca da palmeira erguida.

Mas uma voz responde-me sombria:Terás o sono sob a lájea fria.

(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves.Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.)

Exercício Explicativo 2

A linguagem denotativa, referencial ou literal aparece na expressão dicionário-padrão. Nas demais alterna tivas, a linguagem é conotativa, pois as expressõesdestacadas não são empregadas em sentido literal, mas sim metafórico: cumpridaa sol = vivida com mui to sacrifício, cenários = configurações, fazer cócegas noraciocínio = estimular o pensamento de forma divertida.Resposta: C

Comentário

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Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com aantevisão da morte prematura, ainda na juventude.A imagem da morte aparece na palavra

a) embalsama. b) infinito. c) amplidão.d) dormir. e) sono.

As questões de números 3 e 4 referem-se ao poema abaixo.

1 – Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto; tema.2 – Clepsidra: relógio de água.3 – Pedra do quadrante: parte superior de um relógio de sol.

A imagem contida em lentas gotas de som (verso 2) é retomada nasegunda estrofe por meio da expres são:

a) tanta ameaça. b) som de bronze.c) punhado de areia. d) sombra que passa.e) somente a Beleza.

Exercício Explicativo 3

EPÍGRAFE1

Murmúrio de água na clepsidra2 gotejante,Lentas gotas de som no relógio da torre,Fio de areia na ampulheta vigilante,Leve sombra azulando a pedra do quadrante3

Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...

Homem, que fazes tu? Para que tanta lida,Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?Procuremos somente a Beleza, que a vidaÉ um punhado infantil de areia ressequida,Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...

(Eugênio de Castro, Antologia pessoal da poesia portuguesa)

A associação entre a imagem da morte e o sono, bastante convencional, éreforçada, no dístico de Castro Alves, pela expressão “sob a lájea fria”, perífraseeufemística de túmulo.O verbo dormir, que também pode ser associado à imagem da morte, não temnenhuma conotação fúnebre nos versos:“— Árabe errante, vou dormir à tarde / À sombra fresca da palmeira erguida”, quesugerem o descanso reparador do caminhante do deserto que chega a um oásis. Resposta: E

Comentário

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Neste poema, o que leva o poeta a questionar deter minadas açõeshumanas (versos 6 e 7) é a

a) infantilidade do ser humano. b) destruição da natureza.c) exaltação da violência. d) inutilidade do trabalho.e) brevidade da vida.

Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se aa) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

CIDADE GRANDE

Que beleza, Montes Claros.Como cresceu Montes Claros.Quanta indústria em Montes Claros.Montes Claros cresceu tanto,ficou urbe tão notória,prima-rica do Rio de Janeiro,que já tem cinco favelaspor enquanto, e mais promete.

(Carlos Drummond de Andrade)

Exercício Explicativo 5

O tema do poema transcrito é a passagem do tempo (“assim se escoa a hora...”)e a frágil finitude da vida (“...assim se vive e morre...”), sendo a duração da vidacomparada a “...um punhado infantil de areia ressequida”.Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 4

Gotas de som é uma metáfora sinestésica (porque envolve percepções sensoriaisde órgãos diversos – visão e audição) que indica as badaladas de um relógio amarcar a passagem do tempo. A mesma referência ao relógio ocorre em som...de bronze.Resposta: B

Comentário

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Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupasignificados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase desaudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.

(Folha de S. Paulo, 31/7/2000)

Nas alternativas a seguir, estão transcritos versos retira dos do poema “O operário emconstrução”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:

a) Era ele que erguia casasOnde antes só havia chão.

b) … a casa que ele faziaSendo a sua liberdadeEra a sua escravidão.

c) Naquela casa vaziaQue ele mesmo levantaraUm mundo novo nasciaDe que sequer suspeitava.

d) …o operário faz a coisaE a coisa faz o operário.

e) Ele, um humilde operárioUm operário que sabiaExercer a profissão.

(MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo:

Companhia das Letras, 1992.)

Exercício Explicativo 6

No texto de Drummond, a noção de progresso e a visão da cidade grandeaparecem indissoluvelmente associadas a mazelas como o surgimento de favelas.Trata-se de uma visão irônica do desenvolvimento.Resposta: C

Comentário

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A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho nasociedade brasileira é expressa poeti camente na oposição entre adoçura do branco açúcar e

a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.

O AÇÚCAR

O branco açúcar que adoçará meu cafénesta manhã de Ipanemanão foi produzido por mimnem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puroe afável ao paladarcomo beijo de moça, águana pele, florque se dissolve na boca. Mas este açúcarnão foi feito por mim.

Este açúcar veioda mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.Este açúcar veiode uma usina de açúcar em Pernambucoou no Estado do Rioe tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era canae veio dos canaviais extensosque não nascem por acasono regaço do vale.(...)Em usinas escuras,homens de vida amargae duraproduziram esse açúcarbranco e purocom que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

(GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. p. 227-8.)

Exercício Explicativo 7

Nos versos transcritos na alternativa b, o sujeito casa recebe dois predicativos quese contradizem e excluem (liberdade e escravidão), o que constitui a figura delinguagem chamada oxímoro. Em nenhuma das demais alternativas, há a mesmaestrutura de significação. Resposta: B

Comentário

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c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autorde “Bicho urbano”, poema sobre a sua relação com as pequenas egrandes cidades.

Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos devalor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relação do homemcom alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem emque se mesclam impressões sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observaesse recurso.

a) “...e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.”b) “...ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho...”c) “...A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas...”d) “...suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto...”e) “...me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas...”

BICHO URBANO

Se disser que prefiro morar em Pirapemasou em outra qualquer pequena cidade do paísestou mentindoainda que lá se possa de manhãlavar o rosto no orvalhoe o pão preserve aquele brancosabor de alvorada......................................................................A natureza me assusta.Com seus matos sombrios suas águassuas aves que são como apariçõesme assusta quase tanto quantoesse abismode gases e de estrelasaberto sob minha cabeça.

(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1991.)

Exercício Explicativo 8

Ocorre uma grande antítese, que “configura uma imagem de divisão social dotrabalho”, entre o início da última estrofe (“Em usinas escuras, / homens de vidaamarga / e dura”) e a passagem que a finaliza (“... esse açúcar / branco e puro /com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.”)Resposta: E

Comentário

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A palavra crônica1 signi fica originalmente “narração histórica, ou registro deacontecimentos organizados em ordem cronológica”. Em épocas passadas, de sig -nava qualquer documento de caráter histórico. Nesse sentido, era cronista todoestudioso de História, hoje chamado historiador.

Atualmente, o termo é reservado para nomear um gênero narrativo ou reflexivobreve, periódico, episódico e comunicativo, tendo merecido grande atenção porparte do público e da crítica.

Os personagens são definidos apenas quanto ao momento da ação, pouco ounada sendo dito sobre eles além do que possa interessar ao flagrante. Podemosdizer que a crônica corresponde a um flagrante2 do coti diano, em seus aspectospitorescos3 e inusitados4, a uma abor dagem humorística, a uma reflexão existen cial,a uma passagem lírica ou a um comentário de interesse social. A linguagem écoloquial5 e, geral mente, irreve rente.

Existem, na literatura brasileira atual, autores que fazem da crônica um grandemeio de expressão literária. Os quatro mais conhecidos e consagrados pela crítica sãoRubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond deAndrade.

Exatamente esses quatro cronistas foram esco lhi dos para figurar no primeirovolume da coleção Para gostar de ler. Na abertura do livro esses cronistas, conjunta -mente, recepcionam o leitor com as seguintes palavras:

“Experimente abrir este livro em qualquer página onde começa uma crônica.Crônica é um escrito de jornal que procura contar ou comentar histórias da vida dehoje. Histórias que podem ter acontecido com todo mundo: até com você mesmo,com pessoas de sua família ou com seus amigos. Mas uma coisa é acontecer, outracoisa é escre ver aquilo que aconteceu. Então você notará, ao ler a narração do fato,como ele ganha um interesse especial, produzido pela escolha e arrumação daspalavras. E aí começa a alegria da leitura, que vai longe. Ela nos faz con ferir, pensar,entender melhor o que se passa dentro e fora da gente. Daí por diante a leituraficará sendo um hábito, e esse hábito leva a novas descobertas. Uma curtição.

As crônicas serão apenas um começo. Há um infinito de coisas deliciosas quesó a leitura oferece, e que você irá en contrando sozinho, pela vida afora, na leiturados bons livros.”

(Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1977. v.1, pp.4-5.)

O cotidiano é feito, em sua maior parte, de bana lidades, mesquinhariase irritações, es te ja você em Pa ris ou em Barbacena. Obser vá-las, chamaratenção pa ra elas por meio de linguagem escrita, transformando-as embreves momentos poéticos, é tarefa que requer dis tan ciamento, capacidadede abstração, certa maturida de vivencial — trabalho de cronista, enfim, queresulta, co mo definem os teóricos, entre o conto e a poesia.

(Bernardo Ajzenberg)

Na expressão sabor de alvorada, mesclam-se refe rências a duas impressõessensoriais diversas. A pala vra sabor implica sensação gustativa; alvorada (palavraderivada de alvo) implica sensação visual.Resposta: A

Comentário

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O assunto de uma crônica pode ser uma experiência pessoal do cronista, umainformação obtida por ele ou um caso imaginário. O modo de apresentar o assuntotambém varia: pode ser uma descrição objetiva, uma exposição argumen tativa ou umanarrativa sugestiva. Quanto à finalidade pretendida, pode-se promover uma reflexão,definir um sentimento ou tão somente provocar o riso.Na crônica O jivaro, escrita a partir da reportagem de um jornal, Rubem Braga se valedos seguintes elementos:

Assunto Modo de apresentar Finalidade

a)caso

imagináriodescrição objetiva provocar o riso

b)informação

colhidanarração sugestiva promover reflexão

c)informação

colhidadescrição objetiva definir um sentimento

d)experiência

pessoalnarrativa sugestiva provocar o riso

e)experiência

pessoalexposição

argumentativapromover reflexão

O JIVARO

Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à América do Sul, conta a um jornalsua conversa com um índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um morto até elaficar bem pequenina. Queria assistir a uma dessas operações, e o índio lhe disse queexatamente ele tinha contas a acertar com um inimigo.

O Sr. Matter:— Não, não! Um homem, não. Faça isso com a cabeça de um macaco.E o índio:— Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal!

(Rubem Braga)

Exercício Explicativo 11

Antonio Candido, crítico literário, assim define esse gênero sempre presente emjornais e revistas: “Por meio dos assuntos, ela se ajusta à sensibilidade de todo dia.Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo deser mais natural”.

Além dos já citados, foram ou são cronistas notá veis: Machado de Assis, ManuelBandeira, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, Luis FernandoVerissimo, Carlos Eduardo Novaes, Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), João UbaldoRibeiro, Carlos Heitor Cony.

Flagrante: momento.

Pitorescos: originais.

Inusitados: incomuns.

Coloquial: típica da linguagem cotidiana, falada, oral.

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O fragmento anterior, em que há refe rência a um fato sócio-histórico —o recenseamento —, apresenta caracte rística marcante do gênerocrônica ao

a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar aideia de uma coisa por meio de outra.

b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempoe um só espaço.

c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagenspsicologicamente e revelando-os pouco a pouco.

d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentospráticos do cotidiano para manter as pessoas informadas.

e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de textoque recebe tratamento estético.

São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagaçãoatingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos anúmeros e invertidos em estatísticas.

O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e decimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:

— Quantos são aqui?Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.E outro:— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome

nota de seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor… (…)E outro:— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está!

A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito! (BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, v. 3.

São Paulo: Ática, 1998, pp. 32-3 – fragmento.)

Exercício Explicativo 12

O assunto do texto não é um “caso imaginário” (alter nativa a) nem uma“experiência pessoal” (alternativas d e e). Trata-se, evidentemente, da“informação colhida” (alternativas b e c) – colhida, como informa o enunciadodo teste, na “reportagem de um jornal”. O modo de apresentação é,claramente, narrativo, tratando-se de uma história sugestiva, ou seja, quesugere significação que vai além do que é contado. Portanto, trata-se de umtexto cuja finalidade é “promover reflexão” – no caso, reflexão acerca da visãodas relações humanas e da justiça contida na fala final do índio jivaro.

Resposta: B

Comentário

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A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão sobre aspectosda sociedade em que vivemos.

No terceiro parágrafo em: ”...não existem meni nos De rua. Existem meninos Na rua.”,a troca de “De” por “Na” determina que a relação de sentido entre “menino” e “rua”seja

a) de localização e não de qualidade.b) de origem e não de posse.c) de origem e não de localização.d) de qualidade e não de origem.e) de posse e não de localização.

Segundo o texto, o fato de estarem na rua é uma cir cunstância que define osmeninos apenas espa cial mente (indica onde estão), e não es sencialmente (nãoindica quem são nem como são). Portanto, ela subs titui uma atribuição dequalidade (“de rua”) por uma indicação de circunstância espacial (“na rua”).

Resposta: A

Comentário

Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa quenão entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Nãoestava. Queria saber a hora.

Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. Éassim que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda ecamiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um MeninoDe Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com forçaporque pensa que ele é pivete, trom badinha, ladrão.

(...) Na verdade não existem meninos De rua. Existem meninos NA rua. E toda vez queum menino está NA rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aoslugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos ondequer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê.

(COLASANTI, Marina. In: Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco,1999.)

Exercício Explicativo 13

Já a designação do gênero – crônica – sugere a temática ligada ao cotidiano.No caso do texto transcrito, trata-se de uma medida governamental, orecenseamento. O autor dá “tratamento estético” a esse tema ao repre sentarsituações existenciais fictícias, de conteúdo emo cional variado, com que seconfrontariam os recen seadores.

Resposta: E

Comentário

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O autor do texto a seguir critica, ainda que em linguagem metafórica,a sociedade contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares.

A crítica do autor é dirigida

a) ao desconhecimento, pelas novas gerações, da im por tância do gado leiteiro paraa economia nacional.

b) à diminuição da produção de leite após o de sen vol vi mento de tecnologias quetêm substituído os pro dutos naturais por produtos artificiais.

c) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critério parajulgar sua qualidade e sa bor.

d à permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e dadomesticação de animais iniciada há 5.000 anos.

e) à importância dada ao pacote de leite para a con ser vação de um produto perecívele que necessita de aper feiçoamento tecnológico.

O caso do leite (“em pacote… pasteurizado… tem vita mina, é garantido pelaembromatologia, foi enriquecido e o escambau”) serve como exemplo para acrítica à “artificialização abusiva dos alimentos tradicionais”, nos termos daalternativa c.

Resposta: C

Comentário

“Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em

garrafa, na leiteria da esquina? (...)

Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que

é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote,

imagina, Tereza! – na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado,

sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.

Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: ‘Líquido branco,

contendo água, proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém botar defeito.

O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve

pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...)

O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.

Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais

água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse

negócio.

Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como

não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!”(FERNANDES, Millôr.

O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999)

Exercício Explicativo 14

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A palavra embromatologia usada pelo autor éa) um termo científico que significa estudo dos bro ma tos.b) uma composição do termo de gíria “embromação” (enganação) com

bromatologia, que é o estudo dos ali mentos.c) uma junção do termo de gíria “embromação” (en ga na ção) com lactologia, que

é o estudo das em ba la gens para leite.d) um neologismo da química orgânica que significa a téc nica de retirar bromatos dos

laticínios.e) uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica.

O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra deRubem Braga:

O que ele nos conta é o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado noessencial, narrativa direta e eco nômica. (...) É o poeta do real, do palpável, que se vaidiluindo em cisma. Dá o sentimento da realidade e o remédio para ela.

Em seu texto, Rubem Braga afirma que “este é o luxo do grande artista, atingir omáximo de matizes com o mínimo de elementos”. Afirmação semelhante pode serencontrada no texto de Carlos Drummond de Andrade, quando, ao analisar a obra deBraga, diz que ela éa) uma narrativa direta e econômica. b) real, palpável.c) sentimento de realidade. d) seu expediente de homem.e) seu remédio.

E considerei a glória de um pavão ostentando o es plendor de suas cores; é um luxoimperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na penado pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz sefragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com omínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é asimplicidade.

Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita eesplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teuolhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

(RUBEM BRAGA, Ai de ti, Copacabana)

Exercício Explicativo 16

O autor, para efeito corrosivamente cômico, elabora uma “palavra-montagem”em que ocorre o trocadilho mencionado na alternativa b. (É de lamentar a faltadas vírgulas que, no caput da questão, deveriam separar da principal a oraçãoadjetiva explicativa reduzida de particípio.)

Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 15

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AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Num ato de comunicação, estão sempre presentes seis elementos, que, no caso dacomunicação linguística, são os seguintes: 1. emissor: quem se comunica, isto é, quem emite a mensagem, falando ouescrevendo (o eu da comunicação);2. receptor: quem recebe a mensagem, isto é, o ouvinte ou leitor (o tu ou você dacomunicação);3. mensagem: o texto, falado ou escrito, que o emissor envia ao receptor;4. referência ou referente: aquilo a que a mensagem se refere (o ele/ela/aquilo dacomunicação);5. código: língua na qual a mensagem é elaborada;6. canal: meio de transmissão da mensagem (vibrações no ar, papel e tinta, telefone...).Numa dada comunicação, a função da linguagem é determinada pela importânciarelativa de cada um desses elementos. Dependendo do elemento que ocupe o papelcentral, temos uma ou outra das seguintes funções da linguagem:1. função EMOTIVA: o emissor ocupa o centro da comunicação, pois a mensagem serefere ao próprio emissor, ao eu que se manifesta, exprimindo seus sentimentos eemoções. O exemplo mínimo de função emotiva é uma intejeição (ah! ui!), palavra quepura e simplesmente denota emoção; outros exemplos: cartas de amor, lamentos;2. função CONATIVA ou imperativa: o receptor é o foco da comunicação, pois amensagem visa a convencê-lo, influenciá-lo, determinar o seu comportamento. Osexemplos mínimos desta função são o imperativo, forma verbal que exprime ordem ouexortação, e o vocativo, que é um apelo ou chamamento ao receptor; outros exemplossão ordens e conclamações de qualquer tipo, propaganda etc.;3. função POÉTICA, estética ou artística: a própria mensagem (o texto) ocupa o centroda comunicação, pois ela é organizada para produzir um efeito estético, isto é, artístico.Neste caso, o elemento decisivo é a organização das palavras, voltada para umaestruturação excelente do texto. Assim, ao preferir dar a sua filha o nome Ana Paula emvez de Paula Ana, o pai está escolhendo o texto (o nome) que soa melhor, que produzmelhor efeito estético, ou seja, que é mais belo. Ele está usando a linguagem em suafunção poética, tanto quanto um poeta, que escolhe as palavras levando em conta nãoapenas os seus sentidos, mas também os seus sons, os seus ritmos, as suas imagens, assuas evocações;

Analisar a função da linguagem predominante nostextos em situações específicas de interlocução.

Rubem Braga celebra, no pavão como no grande ar tista, a “capacidade deatingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos”. Portanto, trata-sede um prodígio de simplicidade e economia, ou, nos termos de Drummond,uma “narrativa direta e econômica”.

Resposta: A

Comentário

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FUNÇÕES DALINGUAGEM

REFERENCIAL

EMOTIVA POÉTICA CONATIVA

FÁTICA

METALINGUÍSTICA

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No texto seguinte, é evidente o predomínio da função poética da linguagem. Pergunta-se: qual a função secundária que a linguagem desempenha nesta mensagem?

1 – Furibundas: furiosas; 2 – Neptuno: deus do mar; 3 – Jucundas: formosas; 4 – Nereidas:Ninfas do mar; 5 – Deidades: deuses do mar

a) Função emotiva. b) Função conativa.c) Função referencial. d) Função metalinguística.e) Função fática.

O texto traz informação sobre um referente exterior à linguagem e ao processode comunicação, ou seja, fala de elemento do mundo: o relevo do fundo domar e os deuses que o habitam (conforme a mitologia greco-romana). Portanto,trata-se da função referencial da linguagem, que, na poesia épica, sempreaparece combinada com a função poética.Resposta: C

Comentário

No mais interno fundo das profundasCavernas altas, onde o mar se esconde,Lá, donde as ondas saem furibundas1,Quando às iras do vento o mar responde,Neptuno2 mora, e moram as jucundas3

Nereidas4, e outros deuses do mar, ondeAs águas campo deixam às cidadesQue habitam essas úmidas deidades5.

(Camões, Os Lusíadas)

Exercício Explicativo 1

4. função REFERENCIAL: o centro da comunicação é o referente, a mensagem é voltadapara a referência ao mundo, como ocorre em notícias de jornal ou quaisquer textosinformativos a respeito da realidade exterior à comunicação;5. função METALINGUÍSTICA: a linguagem se volta sobre a própria linguagem, sejapor se referir ao código, isto é, à língua em que a mensagem é elaborada (como numagramática ou dicionário), seja por se referir a si mesma ou a outras mensagens, tomadasem seus aspectos linguísticos (como nos estudos sobre literatura e arte);6. função FÁTICA: a mensagem se refere ao canal que a transmite. Por exemplo,quando dizemos alô ao telefone, o que comunicamos é que o canal (o sistematelefônico) está conectado. Quando perguntamos Como vai? a alguém que acabamosde encontrar, o que desejamos é iniciar o contacto com a pessoa (ligar o canal), nãopropriamente saber de sua vida.

Várias funções da linguagem podem estar presentes numa mesma mensagem; umadessas funções, porém, será predominante e as demais, secundárias. Sirva de exemploo famoso poema de Vinícius de Moraes que começa De tudo ao meu amor serei atento /Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto... Nesse poema, como em toda poesia,predomina a função poética da linguagem, como acima se explicou. Mas, ao lado dafunção poética, destaca-se a função emotiva, pois se trata de um poema lírico, assimchamado porque nele um eu (o eu lírico) exprime suas emoções.

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Sobre o texto transcrito no teste anterior, examine as afirmações constantes dos testes2 e 3.

I. O texto descreve o fundo do mar, com suas águas agitadas (“ondas...furibundas”)e as moradas dos deuses, onde acabam as águas.

II. A palavra onda, que vem do latim unda, como que se propaga pelo texto,ressoando em fundo, profundas, onde, esconde, furibundas, quando, responde,jucundas e onde.

III. As vogais da palavra Nereidas reaparecem em deidades, palavra que se refereàquelas divindades do mar.

Estão corretas:

a) todas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas.d) I e III, apenas. e) nenhuma.

I. Os versos são decassílabos, como em todo o poema épico de que foram extraídos.II. Os oito versos apresentados formam a estrofe chamada oitava-rima, utilizada em

toda a extensão do poema. III. As rimas se distribuem conforme o esquema ABABABCC.

Estão corretas:

a) todas.b) I e II, apenas.c) II e III, apenas.d) I e III, apenas.e) nenhuma.

As três afirmações descrevem adequadamente algumas características formaisdo poema camoniano.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 3

Os versos finais descrevem a morada dos deuses como um espaço do fundodomar em que as águas acabam e deixam campo livre para as cidades dos deusesmarinhos.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 2

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O texto seguinte também é de natureza poética. Nele, qual a função secundária dalinguagem?

Lutar com as palavrasé a luta mais vã.Entanto lutamosmal rompe a manhã.

(Carlos Drummond de Andrade)

a) Função emotiva. b) Função conativa.c) Função referencial. d) Função metalinguística.e) Função fática.

Se eu não vejo a mulher que eu mais desejo,Nada que eu veja vale o que eu não vejo.

Nesses versos do poeta provençal Bernart de Ventadorn (século XII), vertidos para oportuguês pelo poeta Augusto de Campos, é evidente o predomínio da função poéticada linguagem, notável nos ritmos, nos jogos sonoros e no fraseado. Ao lado dessafunção, é destaca-se a presença da

a) função emotiva. b) função conativa.c) função referencial. d) função metalinguística.e) função fática.

Nos versos transcritos no teste anterior, a função poética da linguagem é visível emdiversos recursos utilizados na estruturação artística do texto. Entre eles, não seencontram

a) rimas. b) aliterações (repetições de consoantes).c) metro decassilábico. d) metáforas.e) assonâncias (repetições de vogais tônicas).

Exercício Explicativo 4

Exercício Explicativo 6

Os versos transcritos constituem pura expressão emocional do emissor.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 5

O texto fala explicitamente da linguagem e de nossa relação com ela.Resposta: D

Comentário

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Qual a função da linguagem predominante no texto abaixo, adaptado de uma bulade remédio?

a) Função emotiva. b) Função conativa.c) Função referencial. d) Função metalinguística.e) Função poética.

Sobre o texto transcrito no teste anterior, assinale a alternativa correta.a) “Reações adversas” é a designação geral do conjunto dos efeitos produzidos pela

ingestão do medicamento.b) Afirma-se que as pessoas que ingerem cloridrato de benzidamina irão sofrer de

“náusea e sensação de queimação retroesternal”.c) O remédio é indicado para pessoas que sofrem de casos raros de “ansiedade,

insônia, agitação, convulsões”.d) O trecho “drágeas e solução oral”, embora claramente compreensível, não está

sintaticamente relacionado com o resto da frase.e) A última oração indica que o médico deve ser imediatamente alertado caso o

produto não seja agradável ao paciente.

O texto não apresenta nenhuma metáfora ou outra figura de palavra; suaspalavras, diferentemente do que é frequente na poesia, são todas empregadasem sentido literal, denotativo.Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 7

A deficiência poderia ser corrigida, por exemplo, se o trecho fosse redigido daseguinte maneira: “em drágeas ou solução oral”.Resposta: D

Comentário

O texto tem com objetivo transmitir informações sobre o seu referente, a drogaem questão e o seu uso terapêutico. Trata-se, pois, de referente exterior àlinguagem e ao processo de comunicação.Resposta: C

Comentário

Exercício Explicativo 8

Durante o tratamento com Cloridrato de Benzidamina drágeas e solução oral(gotas), as pessoas mais sensíveis à benzidamina podem apresentar, ainda queraramente, ansiedade, insônia, agitação, convulsões e alterações visuais. Podemocorrer também náusea e sensação de queimação retroesternal. Informeimediatamente o seu médico caso ocorram reações adversas desagradáveis com ouso do produto.

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Letra de canção e quadrinos para as questões de 9 a 11.

(Juarez Machado)

No primeiro fragmento (3 primeiros versos) da canção de Paulinho da Viola acimatranscrita, a função da linguagem é

a) emotiva. b) conativa. c) referencial.d) metalinguística. e) fática.

Trata-se, não de verdadeiras perguntas e respostas, mas de formasconvencionais de iniciar uma conversa, estabelecer contacto, ou seja, “ligar” ocanal de comunicação entre os interlocutores. Quando as mensagens sereferem ao canal de comunicação, iniciando, testando ou encerrando ocontacto (“Alô”, “Está ouvindo?”, “Como vai?”, “Até logo”, “Tchau”), elassão expressões da função fática da linguagem.Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 9

SINAL FECHADO

– Olá! Como vai?– Eu vou indo. E você, tudo bem?– Tudo bem!(...)– Me perdoe a pressa,é a alma dos nossos negócios...– Oh, não tem de quê,eu também só ando a cem...(...)– Tanta coisa que eu tinha a dizer,mas eu sumi na poeira das ruas...– Eu também tenho algo a dizer,mas me foge à lembrança...– Por favor, telefone, eu preciso beberalguma coisa rapidamente...– Pra semana...– O sinal...– Eu procuro você...– Vai abrir! Vai abrir!– Prometo, não esqueço...– Por favor, não esqueça...– Não esqueço, não esqueço...– Adeus...

(Paulinho da Viola)

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(FUVEST) – No trecho da canção de Paulinho da Viola e nos quadrinhos de JuarezMachado, representa-se um desencontro, cuja razão maior estáa) na eliminação dos desejos pessoais.b) nas imposições do cotidiano moderno.c) na falta de confiança no outro.d) na expectativa romântica das pessoas.e) no mecanismo egoísta das paixões.

(FUVEST) – O uso reiterado das reticências na letra da canção denota o propósito demarcar, na escrita,a) as interrupções que ocorreram na breve e apressada conversa.b) a ausência de interesse das personagens em dialogar.c) a supressão de falas que poderiam parecer agressivas.d) a enumeração de acontecimentos que deram origem ao encontro.e) as omissões de fatos relevantes que as personagens decidem ocultar.

NarraçãoA imaginação é uma das mais altas prerrogativas do homem.

(Charles Darwin, naturalista inglês, 1809-1882.)

O ato de escrever é prazer, diversão. É a sensação de poder, de domínio. Criargente, fabricar fantasias, inventar cidades, dar vida e dar morte, criar um terremotoou furacão, fazer o que eu quiser. Escrever é um jogo, brincadeira. Conseguir segurar,

Reconhecer a importância do patrimônio linguísticopara a preservação da memória e da identidadenacional.

Uma das funções das reticências é a sugestão de lacunas, silêncios e inter -rupções do discurso oral.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 11

Tanto na canção quanto nos quadrinhos, a “razão maior” dos desencontrosrepresentados é a desumanização que caracterizaria a vida cotidiana nassociedades dos nossos dias.Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 10

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Na cena retratada no texto, o sentimento do tédioa) provoca que os meninos fiquem contando histó rias.b) leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula.c) acaba estimulando a fantasia, criando a expecta tiva de algum imprevisto mágico.d) prevalece de modo absoluto, impedindo até mes mo a distração ou o exercício do

pensamento.e) decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das

nuvens e das moscas.

A fantasia da menina, de que “um avião entrasse por uma janela e saísse poroutra”, corresponde à “expec tativa de algum imprevisto mágico”, nos termosda alternativa c.Resposta: C

Comentário

prender uma pessoa, mantê-la atrelada a si (é o leitor diante do livro: sua sensaçãodivina). (Ignácio de Loyola Brandão)

Condenados a uma existência que nunca está à altura de seus sonhos, os sereshumanos tiveram que inventar um subterfúgio para escapar de seu confinamentodentro dos limites do possível: a ficção. Ela lhes permite viver mais e melhor, seroutros sem deixar de ser o que já são, deslocar-se no espaço e no tempo sem sair deseu lugar nem de sua hora e viver as mais ousadas aventuras do corpo, da mente edas paixões, sem perder o juízo ou trair o coração.

A ficção é compensação e consolo pelas muitas limita ções e frustrações quefazem parte de todo destino individual e fonte perpétua de insatisfação, pois nadamostra de forma tão clara o quão minguada e inconsistente é a vida real quantoretornar a ela, depois de haver vivido, nem que seja de modo fugaz, a outra vida —a fictícia, criada pela imagi nação à medida de nossos desejos.

Diferentemente da ficção que se identifica como tal e cuja função em nossas vidasé enriquecedora, ou pelo menos benigna, a outra, aquela que vive emboscada atrásdas suntuosas faces da religião ou da ciência, pode ser maligna, fonte de sofrimentose extravios para a espécie humana. (Mário Vargas Llosa, Folha de S. Paulo)

PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA

De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos,

as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai inventando

preguiçosamente uma história sem fim... Sem fim é a aula: e nada acontece,

nada...Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um

avião entrasse por uma janela e saísse por outra!(Mário Quintana, Poesias)

Exercício Explicativo 1

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Para compor uma história são necessários alguns elementos básicos: enredo(ação), personagens, tempo e espaço. Fazem parte da estrutura narrativa:

Não há uma ordem convencional que regule a articulação entre esses elementos.Pode-se iniciar uma narração descrevendo uma personagem, precisando local e datado aconte cimento (tempo), caracterizando o cenário em que se passa a ação (espaço)ou ainda iniciando o relato do fato (enredo).

MIGUILIM

“De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de roupa.Minguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era deóculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo.

— Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?— Miguilim, eu sou irmão do Dito.— E o seu irmão Dito é o dono daqui?— Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como

nenhum outro.

Narrar é contar uma história (real ou fictícia). A narração apresenta umasequência de ações envolvendo personagens em determinado espaço (ou espaços)e tempo. Portanto, a matéria da narração são ocorrências, fatos, ações.

A narração pressupõe movimento (mudança de situação) e implica conflito queenvolve personagens, apresenta suspense (clímax), traz consequências e culmina nodesfecho (conclusão).

São exemplos de narrativas a novela, o romance, o conto, e também umacrônica, uma notícia de jornal, uma piada, uma letra de música, uma história emquadrinhos, desde que apresentem uma sucessão de acontecimentos.

O relato de um episódio, real ou fictício, implica interferência de todos ou dealguns dos seguintes elementos (personagens e circunstâncias):

Exercício Explicativo 2

Personagem(ns) definem-se pelas características e pelas ações

Enredo ação, organização de fatos

Tempo cronológico (tempo real)

psicológico (tempo mental)

{

{

{Espaço lugar (definido pela descrição ou apenas indicado){

Foco narrativo

de terceira pessoa (de fora da história)

de primeira pessoa (de dentro da história){ narrador onisciente (tudo sabe,

conhece a interioridade das personagens) {narrador-personagem (conta o quevê como personagem){

Discursodireito (fala da personagem)indireto (o narrador traduz a fala da personagem)indireto livre (fusão da fala do narrador e da personagem){

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Esta história, com narrador-observador em ter ceira pessoa, apresenta osacontecimentos da perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de vistado narrador ter Miguilim como referência, inclusive espacial, fica

explicitado em:a) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto.”b) “Ele era de óculos, corado, alto (…)”c) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (…)”d) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, (…)”e) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos”

Em uma conversa ou leitura de um texto, corre-se o risco de atribuirum significado inadequado a um termo ou expressão, e isso pode levara certos resultados inesperados, como se vê nos quadrinhos abaixo.

(SOUZA, Maurício de. Chico Bento. Rio de Janeiro: Ed. Globo, n.º 335, Nov./99.)

Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma situação criada pela fala daRosinha no primeiro quadrinho, que é:a) Faz uma pose bonita! b) Quer tirar um retrato?c) Sua barriga está aparecendo! d) Olha o passarinho!e) Cuidado com o flash!

Redizia:— Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda…— Mas que é que há, Miguilim?

Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava.— Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem

é que está em tua casa?— É Mãe, e os meninos…

Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, quevinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim.Depois perguntava a ele mesmo:

— Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando? E agora?”(Guimarães Rosa, Manuelzão e Miguilim. 9.a ed, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.)

Exercício Explicativo 3

A referência da locução adverbial “cá bem junto” é ao espaço próximo aMiguilim. O narrador tem acesso ao mundo privado de Miguilim (“Miguilimqueria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele”).Resposta: A

Comentário

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Leia o texto a seguir.

Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a entrada doestudante no mercado de trabalho e a vitória na Olimpíada. O estu -dante

a) concorda com a relação e afirma que o desempenho na Olimpíada é fundamentalpara sua entrada no mer cado.

b) discorda da relação e complementa que é fácil se fa zer previsões sobre o mercadode trabalho.

c) discorda da relação e afirma que seu futuro pro fissio nal independe de dedicaçãoaos estudos.

d) discorda da relação e afirma que seu desempenho só é relevante se escolher umaprofissão relacionada à ma temática.

e) concorda em parte com a relação e complementa que é complexo fazer previsõessobre o mercado de tra balho.

Exercício Explicativo 4

Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de skatista. Na aparência, o estudantebrasiliense Rui Lo pes Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nada o estereótipo dos gênios.Ele não usa pesados óculos de grau e está longe de ter um ar introspectivo. No final do mêspassado, Rui retornou de Taiwan, onde enfrentou 419 competidores de todo o mundo na39.ª Olimpíada Internacional de Matemática. A reluzente medalha de ouro que ele trouxe nabagagem está dependurada sobre a cama de seu quarto, atulhado de rascunhos dosproblemas matemáticos que aprendeu a decifrar nos últimos cinco anos.

Veja – Vencer uma olimpíada serve de passaporte para uma carreira profissionalmeteórica?

Rui – Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada por que sei que a concorrência por umemprego é cada vez mais selvagem e cruel. Agora tenho algo a mais para oferecer. Oproblema é que as coisas estão mudando muito rápido e não sei qual será minha profissão.Além de ser muito novo para decidir sobre o meu futuro profissional, sei que esse conceitode carreira mudou muito.

(Entrevista de Rui Lopes Viana Filho à Veja, 5/8/1998, n.31, pp. 9-10.)

A fala que se omitiu no primeiro quadrinho é a ex pres são que os fotógrafosconverteram em lugar-comum, como apelo ao fotografado, visando a um melhorenqua dramento frente à câmara: “Olha o passarinho!”. (Trata-se de um rema -nescente dos primeiros tempos da fotografia). A situação humarística decorre dareação inesperada e inadequada de Chico, que deu ao termo “passarinho” outraconotação, de uso popular, de sig na tiva da genitália masculina, e dirigiu seu olharpara a sua, provocando a reação irritada de Rosinha. O último qua drinho deixaclaro que Chico continuou sem entender o ape lo, justificando com uma ponta depreconceito “ma chis ta” a reação da menina. Resposta: D

Comentário

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Intertextualidade

As questões de números 5 a 8 baseiam-se em duas tirinhas de quadrinhos, de Mau -rício de Sousa, e na “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias.

A cultura, em seu sentido mais amplo, pode ser entendida como um “grandetexto”, formado de inúmeros outros, pertinentes a todas as áreas do saber e daatividade humana – textos científicos, filosóficos, artísticos etc.

Esses textos se referem uns aos outros continuamente: uns retomam, repetem,corrigem, desenvolvem, contestam ou confirmam os outros. Na litratura, essainterrelação entre textos é essencial, pois se trata de um elemento constitutivo daobra literária: toda obra literária mantém uma relação complexa com as obrasanteriores, que ela integra a si ou rejeita, mas às quais não pode ser indiferente.

A tal damos o nome de intertextualidade.Assim, a intertextualidade nada mais é do que “o fenômeno de um texto

retomar outro, por meio de citações, alusões, inversões, paródicas ou não”.Em textos científicos ou técnicos, a citação deve vir entre aspas, com a devida

indicação da fonte (autor e obra).Num texto literário, porém, a apropriação de um texto alheio, sem indicação

de autor e obra, pressupõe uma cumplicidade com o leitor que compartilha domesmo universo cultural do autor. O diálogo que se estabelece entre as duas obrasconstitui um jogo intertextual em que “o texto literário se sobrecarrega de sentido,ao superpor ao contexto das palavras efetivamente utilizadas um outro contexto,provindo de um outro discurso”.

(Os trechos entre aspas foram extraídos de Lírica e Lugar-Comum, de Francisco Achcar.)

Ao iniciar sua resposta com “Nada disso”, a primeira impressão que recebe oleitor é de que o estudante esteja discordando totalmente da relação,estabelecida na pergunta, entre a vitória na Olimpíada e seu ingresso nomercado de trabalho. A continuação da resposta, porém, deixa claro que oestudante não nega catego ricamente essa relação; ele apenas a relativiza, emra zão da dificuldade de fazer previsões sobre o mercado de trabalho.Resposta: E

Comentário

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A “Canção do exílio” é um dos textos mais citados e parodiados da Língua Portuguesa.Os versos

Teus risonhos lindos campos têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida no teu seio mais amores.

que remetem, de modo flagrante, ao poema de Gon çal ves Dias, ocorrema) na “Nova canção do exílio”, de Carlos Drummond de Andrade, publicada em A

rosa do povo.

Exercício Explicativo 5

CANÇÃO DO EXÍLIO(...)

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar – sozinho, à noite –Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu’inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

(Antônio Gonçalves Dias, Primeiros Cantos)

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b) na letra de “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque.c) no poema “Canto de regresso à pátria”, do moder nista Oswald de Andrade.d) em “Ainda irei a Portugal”, de Cassiano Ricardo, um dos líderes da Semana de

Arte Moderna.e) na letra do Hino Nacional Brasileiro, de Joaquim Osório Duque Estrada, oficializada

em 1922.

Observe com atenção a segunda tirinha, na qual também há referências à “Cançãodo exílio”. Caso os balõezinhos dessa tirinha não estivessem com todas as falas dospersonagens escritas em letras maiús culas, a palavra palmeiras, que aparece em umafrase entre aspas, no segundo quadrinho, deveria ser escritaa) com inicial maiúscula, por se tratar de um subs tantivo próprio, nome do famoso

time brasileiro de futebol.b) com inicial minúscula, por se tratar de um substanti vo comum, nome da planta

referida por Gonçalves Dias, na “Canção do exílio”.c) com inicial maiúscula, por se tratar de um substantivo comum, nome da planta

referida por Gonçalves Dias.d) com inicial minúscula, por se tratar de um substanti vo com valor de adjetivo, a

designar um time brasi leiro de futebol.e) com inicial minúscula, por se tratar de um subs tantivo próprio, nome da planta

referida na “Canção do exí lio”.

Nas histórias em quadrinhos, geral mente, os balõe zinhos contêm os diálogos, falas emonólogos inte riores dos personagens. Entre os personagens de Mau rício de Sousa,destaca-se o garoto Cebolinha, conhecido por trocar o som do “r” pelo do “l”, comofazem muitas crianças. No primeiro e terceiro quadri nhos da primeira tirinha, osbalõezinhos, colo cados acima da cabeça de Cebolinha, encontram-se vazios.Considerando o contexto, e, inclusive, o último quadri nho, pode-se interpretar que:a) Cebolinha permaneceu calado, ou não exprimiu pen samentos, nos balõezinhos do

primeiro e terceiro quadrinhos. Isto indica sua falta de diálogo com o entediantepassarinho.

Exercício Explicativo 7

No segundo qua drinho, a personagem, ao corrigir a outra, está citando o textoda "Canção do Exílio", no qual a palavra pal meiras é um substantivo comum,não o nome de um time de futebol. Todo o humor da tirinha se deve à confusãoentre o nome próprio e o comum.Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 6

Aqui, o que está sendo testado é o conhecimento da letra do Hino Nacional.Trata-se de uma questão que, na terminologia hoje corrente, envolve umaspecto intertextual do Hino.Resposta: E

Comentário

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b) O personagem anuncia em voz baixa, no terceiro quadrinho, que irá declamaruma poesia romântica. Realiza seu desejo, utilizando-se de um megafone, noúltimo quadrinho.

c) Cebolinha emitiu discursos diretos, no primeiro e terceiro quadrinhos. No entanto,o que disse não pôde ser ouvido porque sua voz foi abafada pelas onoma topeiasque expressam o piado alto, insisten te e perturbador do passarinho.

d) A expressão facial de Cebolinha, no primeiro quadri nho, indica que ele seesqueceu do que iria dizer, no terceiro quadrinho.

e) Os balõezinhos encontram-se vazios porque Ceboli nha emitiu frases impróprias,ou não-publicáveis, no primeiro e terceiro quadrinhos. Por isso, sua voz não podeser ouvida.

Ao compararmos essa estrofe do poema de Oswald de Andrade com a segundaestrofe do poema de Gonçalves Dias é incorreto afirmar que apresentam umasemelhança:a) no ritmo, pois todos os versos seguem a mesma métrica.b) no tema, que, ligado ao título, confirma uma pátria absolutamente superior, mas

inatingível.c) na sintaxe, com exceção do segundo verso do fragmento B.d) do emprego de pronome possessivo de primeira pessoa.e) na ideia de comparação, trazida pela palavra mais.

O tom satírico do poema de Oswald de Andrade já seria o suficiente paradescartar a concepção de “uma pátria absolutamente superior, masinatingível”. A afirmação aplica-se, apenas, ao poema de Gonçalves Dias. Deve-se notar que, no trecho transcrito, a única indicação de que não se trata deuma pátria idealizada está no verso 2: “E quase que mais amores”. A ideiaimplícita, brincalhona, é que o país tem menos, ou no máximo tantos,“amores” quanto outros países.

Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 8

Minha terra tem mais rosasE quase que mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terra.

(Oswald de Andrade, Canto de Regresso à Pátria.)

Por convenção, a linha contínua do desenho dos ba lões vazios, que conteriama fala inaudível de Ce bolinha, indica tratar-se de discurso direto. Resposta: C

Comentário

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Dissertação

Quando as pessoas não sabem falar ou escrever adequadamente sua língua, surgem homens decididos a falar e escrever por elas e não para elas. (Wendel Johnson)

Dissertar é expor ideias a respeito de um deter mi nado assunto. É discutir essasideias, analisá-las e apre sentar provas que convençam o leitor da validade do pontode vista de quem as defende.

A dissertação, por isso, pressupõe

• exame crítico do assunto sobre o qual se vai escrever;

• raciocínio lógico;

• clareza, coerência e objetividade na exposição.

Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica situa ções diversas, questio nandoa realidade e nossa posi ção diante dela.

21. Reconhecer em textos de diferentes gêneros, re -cursos verbais e não-verbais utilizados com a fina -lidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.

22. Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas,assuntos e recursos linguísticos.

23. Inferir em um texto quais são os objetivos de seuprodutor e quem é seu público alvo, pela análisedos procedimentos argumentativos utilizados.

24. Reconhecer no texto estratégias argumentativasempre gadas para o convencimento do público, taiscomo a intimidação, sedução, comoção,chantagem, entre outras.

Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pon -tos linguagens e suas manifestações específicas.

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Um jornalista publicou um texto do qual estão trans critos trechos doprimeiro e do último pa rá grafos:

Apresentam-se, a seguir, algumas afirmações também retiradas do mesmo texto.Aquela que explicita uma resposta do autor para as perguntas feitas no trecho citado é

a) “tristeza e indignação são grandes porque os aten tados ocorreram em NovaIorque.”

b) “ao longo da história, o homem civilizado glo ba li zou todas as suas mazelas.”c) “a Europa nos explorou vergonhosamente.”d) “o neoliberalismo institui o deus mercado que tudo resolve.”e) “os negócios das indústrias de armas continuam de vento em popa.”

Exercício Explicativo 1

O texto oferece uma visão dos problemas do planeta, como desigualdade social,fome, guerras e outras ma ze las, hoje glo balizadas.

Resposta: B

Comentário

“‘Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?’ Jamais esquecerei a cena

que vi, na TV fran cesa, de uma menina da Costa do Marfim falando com a enfermeira que

trocava os curativos de seus dois cotos de braços. (...)”

....................................................................................

“Como manter a paz num planeta onde boa parte da humanidade não tem acesso às

necessidades básicas mais elementares? (...) Como reduzir o abismo entre o camponês

afegão, a criança faminta do Sudão, o Severino da cesta básica e o corretor de Wall Street?

Como explicar ao menino de Bagdá que morre por falta de remédios, bloqueados pelo

Ocidente, que o mal se abateu sobre Manhattan? Como dizer aos che chenos que o que

aconteceu nos Estados Unidos é um absurdo? Vejam Grozny, a capital da Chechê nia,

arrasa da pelos russos. Alguém se incomodou com os sofri mentos e as milhares de vítimas

civis, inocentes, desse massacre? Ou como explicar à me ni na da Costa do Marfim o sentido

da palavra ‘ci vi li zação’ quando ela descobrir que suas mãos não crescerão jamais?”

(UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil, 17/09/2001.)

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O texto apresenta a figura de linguagem deno minada antítese, relaçãode oposição de palavras ou ideias. Assinale a opção em que essaoposição se faz claramente presente:

a) “torna-se fácil apontar / corrupção no governo”.b) “que sonha ter em virtudes / o que lhe falta em dinheiro”.c) “E como a virtude é rara / e difícil de provar”,d) “e difícil de provar, / torna-se fácil apontar / corrupção no governo”.e) “Enquanto o povo dorme, / os gatunos agem”.

Exercício Explicativo 2

LACERDA

É simples:em primeiro lugaré preciso levantara bandeira moralista:mostrar que o Governo é corrupto,composto de chantagistas,de ladrões,de rufiões,cafetões e vigaristas,de tubarões,charlatães,maganõese descuidistas.Isto é muito importante.Com a bandeira moralistaganha-se então por inteiroa famosa classe-média,que sonha ter em virtudeso que lhe falta em dinheiro.E como a virtude é rarae difícil de provar,torna-se fácil apontarcorrupção no governo.Gatunagem,malandragem,ladroagem,tratantagem

“Enquanto o povo brasileiro dorme,os gatunos agem”.

in GOMES, Dias & GULLAR, Ferreira. Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968, p. 55-56

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O fragmento transcrito faz parte de uma peça teatral; trata-se, pois, detexto dramático; mas ele pode também ser classificado como:

a) narrativo; b) lírico; c) épico;d) descritivo; e) argumentativo.

Texto para os exercícios explicativos de 4 a 6.

Considere as proposições sobre o texto:I. O mérito pessoal associa-se indiscutivelmente a características externas do corpo

humano.II. Aquele que defende a discriminação racial revela falta de discernimento.III. A frase “nada mais primário” revela o posicio namento crítico do autor do texto,

que defende o conceito popular de raça.

Exercício Explicativo 4

IGNORÂNCIA E RAÇA

Tenho desprezo por gente que se orgulha da pró pria raça. Nem tanto pelo orgulho,sentimento menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas pela estupidez. Quemérito pessoal um pobre de espírito pode pleitear por haver nascido branco, negro ouamarelo, de olhos azuis ou lilases?

Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a características externas docorpo humano, co mo cor de pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou deixade fazer.(...)

Para o povo, raça é questão de cor de pele, tipo de cabelo e traços fisionômicos.

Nada mais primário.

(Drauzio Varella, Folha de S. Paulo, abril de 2006)

O texto pode ser classificado como argu men tativo, porque nele se desenvolvemargumentos, ideias: a personagem Lacer da está explicando (explicação é típicada dissertação) o que se pode fazer para tentar derrubar o governo. Ele nãoapenas indica o que fazer, mas também justifica suas recomendações, ou seja,argumenta em apoio delas. Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 3

O único caso de antítese ocorre no trecho transcrito na alternativa d: “e difícilde provar, / torna-se fácil apontar…”Resposta: D

Comentário

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Está correto o que se afirma em

a) todas as proposições.b) apenas I.c) apenas II.d) apenas I e III.e) apenas III.

Conforme o texto, a noção popular de raça

a) não é passível de crítica.b) é incontestável.c) é simplória.d) é incompreensível.e) é irrevogável.

Inerente significa

a) indispensável.b) indissimulável.c) inespecífico. d) intrínseco.e) inequívoco.

Intrínseco é sinônimo de inerente, que o Dicionário Houaiss define como o “queexiste como um constitutivo ou uma característica essencial de alguém ou dealgo”.Resposta: D

Comentário

Exercício Explicativo 6

A noção popular de raça não se baseia em reflexão mais aprofundada,elaborada a partir de dados objetivos, cien tíficos; por isso, o autor a consideraprimária, o que equi vale a simplória, ou seja, superficial, carente de aprofun -damento e complexidade.Resposta: C

Comentário

Exercício Explicativo 5

O autor argumenta contra o conceito popular de raça, que se baseia emcaracterísticas externas do corpo humano, considerando-o fruto de ignorância.Resposta: C

Comentário

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Só não se pode dizer que a charge sugere

a) o pouco respeito de alguns pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.b) a desigualdade de direitos entre indivíduos e nações.c) o desrespeito a um dos direitos básicos do homem: alimentação.d) a morte que ronda a massa de famintos.e) o empenho governamental em proteger a Declaração Universal dos Direitos

Humanos.

As autoridades retratadas na charge, bem vestidas e nu tridas, representamaqueles que se omitem diante dos flagelos que abatem parte da humanidade eque, portanto, desconsideram a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Osurubus que pairam sobre a massa de miseráveis sugerem que a morte é iminenteentre eles.

Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 7

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As tiras ironizam uma célebre fábula e a conduta dos governantes.Tendo como referência o estado atual dos países periféricos, pode-seafirmar que nessas his tórias está contida a seguinte ideia:

a) Crítica à precária situação dos trabalhadores ativos e aposentados.b) Necessidade de atualização crítica de clássicos da literatura.c) Menosprezo governamental com relação a questões ecologicamente corretas.d) Exigência da inserção adequada da mulher no mercado de trabalho.e) Aprofundamento do problema social do desem pre go e do subemprego.

Exercício Explicativo 8

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(QUINO. Mafalda inédita. São Paulo: Martins Fontes, 1993)

Observando as falas das personagens, analise o empre go do pronomeSE e o sentido que adquire no contexto. No contexto da narrativa, écorreto afirmar que o pro nome SE,

a) em I, indica reflexividade e equivale a “a si mesmas”.b) em II, indica reciprocidade e equivale a “a si mesma”.c) em III, indica reciprocidade e equivale a “umas às ou tras”.d) em I e III, indica reciprocidade e equivale a “umas às ou tras”.e) em II e III, indica reflexividade e equivale a “a si mes ma” e “a si mesmas”,

respectivamente.

O pronome se pode ser empregado como puramente re fle xi vo, como ocorrenos quadrinhos II e III, ou como recíproco, como ocorre em I. Observe-se que,no quadrinho I, o sentido do se é de “umas às outras”.

Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 9

Nada no quadrinho de Henfil indica que se trata de “crí ti ca à precária situaçãodos trabalhadores ativos”, nem há nela qualquer referência à fábula da Cigarrae a For miga. Trata-se de uma interpretação forçada e não-perti nente, quedesconsidera aspectos importantes da tira de Henfil, como é o caso do“feminismo” oportu nista do falante na tentativa de seduzir a interlocutora. Aalter nativa “correta” contém, pois, uma interpre tação arbi trária que a Banca Exa -minadora quis impingir aos candidatos.Resposta: A

Comentário

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As questões de números 10 e 11 referem-se ao poema abaixo.

Este texto apresenta uma versão humorística da for ma ção do Brasil,mostrando-a como uma junção de ele mentos diferentes.Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão

apresentada pelo texto éa) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional,

quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.b) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e

índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.c) moralizante, na medida em que aponta a preca riedade da formação cristã do

Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.d) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de

modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.e) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa,

resultando em anarquia e falta de seriedade.

Segundo o poema de Oswald de Andrade, a mistura de portugueses, índios enegros – que não se enten de ram em diversas línguas (português, línguas indíge -nas e línguas africanas) – teria resultado numa cultura híbrida e anárquica cujosímbolo seria o Carnaval. Sem dúvida, trata-se de um texto ambíguo, em que afor ma ção do Brasil é celebrada com humor e ironia.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 10

BRASIL

O Zé Pereira chegou de caravelaE preguntou pro guarani da mata virgem– Sois cristão?– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da MorteTeterê tetê Quizá Quizá Quecê!Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!O negro zonzo saído da fornalhaTomou a palavra e respondeu– Sim pela graça de Deus– Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!E fizeram o Carnaval

(Oswald de Andrade)

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A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta damanifestação do

a) poeta e do colonizador apenas.b) colonizador e do negro apenas.c) negro e do índio apenas.d) colonizador, do poeta e do negro apenas.e) poeta, do colonizador, do índio e do negro.

Texto I

Texto II

Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito mais! É saber que todos osamigos já morreram e os que teimam em viver são entrevados. É sorrir, inter mi navelmente,não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou a dentadura é maior quea arcada.

FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores

crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 225.

Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é muito mais! Ser brotinho é sorrirbastante dos homens e rir inter minavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visívelou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.

CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores

crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 91.

Exercício Explicativo 12

Além do emissor do poema (o poeta), que narra a historieta e estabelece suaperspectiva, os outros actantes (= figuras que atuam) do texto são o Zé Pereira(o português colonizador), o índio e o negro.Ainda que as falas do índio e do negro reproduzam, em sua primeira parte, odiscurso colonizador (o índio fala como Gonçalves Dias e o negro, como umcatólico), trata-se de falas de índio e negro colonizados, e não de falas docolonizador, como a segunda parte do que diz cada um deles não nos permiteesquecer.Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 11

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(INEP) – Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para definir as fases davida, entre eles,a) expressões coloquiais com significados semelhantes.b) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres humanos.c) recursos específicos de textos escritos em linguagem formal.d) termos denotativos que se realizam com sentido objetivo.e) metalinguagem que explica com humor o sentido de palavras.

De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar eseu filho Hamlet, pode-se afirmar que a postura de Hagar

a) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias representaçõese explicações desse universo.

b) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e determina umaúnica explicação para esse universo.

c) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir de váriasvisões de mundo.

d) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo denavegantes e não-navegantes.

e) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao consi derar o mundo habitado apenaspelos navegantes.

A interpretação da tira (e não propriamente “história em quadrinhos”) somentepode corresponder à alternativa b, que revela uma visão de mundo dualista (eimplicitamente maniqueísta), imposta de forma unila teral. Essa é, aliás, a visãodas ideologias racistas, imperialistas ou mesmo de cunho religioso exclusi vista.Todavia, houve uma impropriedade ao se con siderar que o personagem Hagardesvaloriza (no sentido de minimizar) a “diversidade social”, já que ocorreexatamente o con trário: um reconhecimento (e enfatização) dessa diver sidade,como forma de afirmar a superioridade do gru po dominante.Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 13

Trata-se, em ambos os textos, de explicar, com ironia e humor, o sentido daexpressões “ser brotinho” e “ser gagá”.Resposta: E

Comentário

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A tira ao lado apresenta um diálogo entre a personagem Mafalda e a amiga Susanita.Este diálogo expressa uma dicotomia muito presente no cotidiano do homemcontemporâneo, que pode ser representada por meio da oposição:a) ter x estar. b) ter x ser.c) possuir x conquistar. d) ter x realizar.e) conseguir x administrar.

O poema tem, como característica, a figura de lingua gem denominadaantítese, relação de oposição de pa lavras ou ideias. Assinale a opçãoem que essa oposi ção se faz claramente presente.

a) “Amor é fogo que arde sem se ver.”b) “É um contentamento descontente.”c) “É servir a quem vence, o vencedor.”d) “Mas como causar pode seu favor.”e) “Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

Exercício Explicativo 15

Amor é fogo que arde sem se ver;é ferida que dói e não se sente;é um contentamento descontente;é dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;é solitário andar por entre a gente;é nunca contentar-se de contente;é cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;é servir a quem vence, o vencedor;é ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favornos corações humanos amizade,se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

A alternativa que contrapõe “ter x ser” reflete, no caso, a oposição entre “termuitos vestidos” (bens materiais) e “ser culto, possuir cultura” (bem imaterial).Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 14

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(Quino)

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O poema pode ser considerado como um texto:

a) argumentativo. b) narrativo. c) épico.d) de propaganda. e) teatral.

“Ele é feio, mas te leva lá”, afirmava, numa revista americana, em 1969, a frasecolocada logo abaixo de uma fotografia da nave espacial Apolo 11, semelhante a uminseto, que tinha acabado de levar os primeiros homens à lua. No canto inferior dapágina havia o logotipo da Volkswagen. Tratava-se de uma propaganda do “fusca”,o velho modelo de automóvel da fábrica, então pouco aceito nos Estados Unidos porser considerado feio. Nessa mensagem, predomina a

a) função emotiva. b) função conativa.c) função referencial. d) função metalinguística.e) função fática.

Não faças versos sobre acontecimentos.Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estáticoNão aquece nem ilumina.

Exercício Explicativo 18

A mensagem publicitária é evidentemente destinada a influenciar o receptor, afazer que ele compre o produto anunciado.Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 17

O texto argumentativo sustenta-se com exemplos elucidativos, interpretaçãoanalítica, evidências e juízos, sempre com visão crítica.

O texto, de fato, desenvolve ideias, argumentos, acer ca do amor.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 16

Em “contentamento descontente” as palavras são antônimas. Como elas seopõem, referindo-se uma à ou tra, negando-se, temos um tipo especial deantítese chamado oxímoro. Resposta: B

Comentário

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Nos versos anteriore, de Carlos Drummond de Andrade, além da função poética, queé predominante, destaca-se a função

a) emotiva. b) conativa. c) referencial.d) metalinguística. e) fática.

Níveis da linguagem

25. Identificar, em textos de diferentes gêneros, asmarcas linguísticas que singularizam as variedadeslinguísticas sociais, regionais e de registro.

26. Relacionar as variedades linguísticas a situaçõesespecíficas de uso social.

27. Reconhecer os usos da norma padrão da línguaportuguesa nas diferentes situações de comuni -cação.

Competência de área 8 – Compreender e usar alíngua portuguesa como língua materna, geradorade signi ficação e integradora da organização domundo e da própria identidade.

Os imperativos são característicos da função conativa da linguagem.Resposta: B

Comentário

Não há dúvida que as línguas se au men tam e alteram com o tempo e as neces -sidades dos usos e costumes.

(...) A este respeito a influência do povo é decisiva.

(Machado de Assis)

A língua pertence a todos os membros de uma comu nidade e é uma entidadeviva em constante muta ção. No vas palavras são criadas ou assimiladas de outraslínguas, à medida que surgem novos hábitos, objetos e conhe ci men tos. Osdicionários vão incorporando esses novos vocábulos (neologismos), quandoconsagrados pelo uso. Atualmente, os veículos de comunicação audiovisual, es -

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Linguagem regional

Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da línguapadrão, quanto às cons truções gramaticais, empregos de certas palavras eexpressões e do ponto de vista fonológico. Há, no Brasil, por exemplo, falares oudialetos ama zônico, nordestino, baiano, flumi nense, mineiro, sulino.

pecialmente os computadores e a Internet, têm sido fonte de incontáveisneologismos – alguns necessários, porque não havia equivalentes em Por tu guês;outros dispen sá veis, porque duplicam palavras existentes. O único cri té rio para suaintegração na língua é, porém, o seu em pre go constante por um número consi -derável de usuários.

De fato, quem determina as transformações lin guísticas é o conjunto deusuários, independentemente de quem sejam eles, estejam escrevendo ou falando,uma vez que tanto a língua escrita quanto a oral apresentam variaçõescondicionadas por diversos fatores: regionais, sociais, intelectuais etc.

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SOUZA, Maurício de. [Chico Bento]. O Globo, Rio de Janeiro, Segundo Caderno, 19 dez. 2008, p.7.

O personagem Chico Bento pode ser considerado um típico habitanteda zona rural, comumente chamado de “roceiro” ou “caipira”. Consi -derando a sua fala, essa tipicidade é confirmada primordialmente pela

a) transcrição da fala característica de áreas rurais.b) redução do nome “José” para “Zé”, comum nas comu nidades rurais.c) emprego de elementos que caracterizam sua lingua gem como coloquial.d) escolha de palavras ligadas ao meio rural, incomuns nos meios urbanos.e) utilização da palavra “coisa”, pouco frequente nas zonas mais urbanizadas.

O problema enfrentado pelo migrante e o sen ti do da expressão“sustança” expressos nos qua drinhos, podem ser, respectivamente,rela cionados a

a) rejeição / alimentos básicos.b) discriminação / força de trabalho.c) falta de compreensão / matérias-primas.d) preconceito / vestuário.e) legitimidade / sobrevivência.

Exercício Explicativo 2

É evidente, na tirinha, que se procurou reproduzir o modo de falar típico dodialeto caipira, ou seja, fez-se “a transcrição da fala característica de áreas rurais”.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 1

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Texto para as questões 3 e 4.

Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa ocontraste entre marcas de variação de usos da linguagem em

a) situações formais e informais.b) diferentes regiões do país.c) escolas literárias distintas.d) textos técnicos e poéticos.e) diferentes épocas.

Exercício Explicativo 3

AULA DE PORTUGUÊS

A linguagemna ponta da línguatão fácil de falare de entender.

A linguagemna superfície estrelada de letras,sabe lá o que quer dizer?Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,e vai desmatandoo amazonas de minha ignorânciaFiguras de gramática, esquipáticas,atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,em que pedia para ir lá fora,em que levava e dava pontapé,a língua, breve língua entrecortada do namoro com a priminha.

O português são dois, o outro, mistério.

(DRUMMOND, Carlos de. Esquecer para lembrar.

Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.)

Ao ser expulso da “city” do proprietário, o trabalhador – identificado comoimigrante nordestino pelo chapéu e pela interjeição “apois” – está enfrentandoo problema da discriminação que o vitima num grande centro do sul do país,como São Paulo. Ao retirar da “city” a sua “sustança” (outro elemento dodialeto nordestino), o trabalhador está tomando de volta a sua força detrabalho, que ergueu aqueles prédios que agora desabam, abraçados peloproprietário.Resposta: B

Comentário

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No poema, a referência à variedade padrão da língua está expressa noseguinte trecho:

a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2).b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6).c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14).d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15).e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).

No trecho acima, Mário de Andrade dá forma a um dos itens do ideário modernista,que é o de firmar a feição de uma língua mais autêntica, “brasileira”, ao expres sar-senuma variante de linguagem popular identificada pela (o):

a) escolha de palavras como cio, peitaria, vergonha.b) emprego da pontuação.c) repetição do adjetivo bastante.d) concordância empregada em Assim está escrito.e) escolha de construção do tipo precisa-se gentes.

“Precisa-se nacionais sem nacionalismo, (...) mo vidos pelo presente mas estalandonaquele cio ra cial que só as tradições maduram! (...). Precisa-se gentes com bastante meiguiceno sentimento, bastante força na peitaria, bastante paciência no entusiasmo e sobretudo, oh!sobretudo bastante vergonha na cara!

(...) Enfim: precisa-se brasileiros! Assim está escrito no anúncio vistoso de coresdesesperadas pintado sobre o corpo do nosso Brasil, camaradas.”

(Jornal A Noite, São Paulo, 18/12/1925 apud LOPES, Telê Porto Ancona. Mário de Andrade: ramais e caminhos. São Paulo: Duas Cidades, 1972)

Exercício Explicativo 5

A “superfície estrelada de letras” é uma referência metafórica à literatura (a artedas belas letras).Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 4

O poema contrasta a linguagem do cotidiano (“A linguagem / na ponta dalíngua”, “em que comia” etc.) com a linguagem literária ou, pelo menos, alinguagem escrita de padrão culto (“A linguagem / na superfície estrelada deletras”). Portanto, trata-se do contraste entre a linguagem empregada em“situações formais e informais”.Resposta: A

Comentário

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Assinale a alternativa que apresente apenas termos ou expressões de registrolinguístico (culto, coloquial, gíria etc.) diferente do que se encontra no restante dotexto:

a) desastroso, a gente, “inspiradas”, procrastinador.b) a gente, tudo bem, num piscar de olhos, o diabo é que.c) certeira, sujeito, parodiando, tudo bem. d) covardes, prós e contras, num piscar de olhos. e) sujeito, em suma, o diabo é que, extenuantes.

UM TEMPO PARA PENSAR E UM TEMPO PARA CONCLUIR

Parece lógico: para tomar uma decisão certeira, é preciso pesar prós e contras e,eventualmente, en tender as motivações (mais ou menos ocultas) das es colhas possíveis.Depois disso, a gente decide direito.

(...)Tudo bem, admitamos que nem sempre o tempo para pensar e compreender seja útil

para concluir e agir. Mas alguém perguntará: sem tempo para pensar e compreender, comoe em nome de quais argumen tos tomaríamos nossas decisões?

(...) O balanço é previsível: há situações em que a ausência de um tempo para pensarleva ao desastre e outras em que, ao contrário, desastroso é o tempo pa ra pensar. (...) Asdecisões tomadas num piscar de olhos não são irracionais ou “inspiradas”, elas se ser vem deinformações complexas, que são recebidas e processadas sem que o sujeito se dê conta disso.

Em suma, existe um tempo para pensar que é longo, consciente e, sobretudo,procrastinador. E exis te um outro tipo de tempo para pensar, que é rápido, encoraja a açãoe não é consciente.

(...)O diabo é que, frequentemente, quem quer en con trar argumentos que autorizem todas

as suas escolhas transforma a vida numa série de extenuantes reflexões preliminares.Em resumo, parodiando Hamlet, o tempo para pensar nos torna, às vezes, um pouco

covardes.(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 21/7/05)

Exercício Explicativo 6

Em “precisa-se gentes”, Mário de Andrade, usando uma construção correnteno Brasil, especialmente na língua coloquial popular, infringe uma norma dagramática tradicional, fundada na tradição escrita e no uso coloquial português.Segundo tal norma, sendo o verbo transitivo direto (uma das construçõespossíveis de “precisar”), o pronome se funciona como apas sivador. Assim, otermo “gentes” seria o sujeito, com o qual o verbo deveria concordar:“precisam-se gentes”. A mesma construção aparece no texto em “precisa-senacionais” e “precisa-se brasileiros”.Resposta: E

Comentário

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Texto para os exercícios explicativos de 7 a 9.

Para falar e escrever bem, é preciso, além de co nhe cer o padrão formal da LínguaPortuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discur si vo. Para exempli -ficar este fato, seu professor de Lín gua Portuguesa con vida-o a ler o texto Aí, Gale ra,de Luís Fernando Ve ríssimo. No texto, o autor brinca com situações de dis curso oralque fogem à expectativa do ouvinte.

AÍ, GALERA

Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereoti pação. Por exemplo, você pode imaginarum jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?– Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.– Minha saudação aos aficionados do clube e aos de mais esportistas, aqui presentes ou norecesso dos seus lares.– Como é?– Aí, galera.– Quais são as instruções do técnico?– Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energiaotimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recupe rado o esférico,concatenarmos um con tra gol pe agudo com parcimônia de meios e ex trema obje tividade,valen do-nos da desestruturação mo men tâ nea do sistema oposto, surpreendido pela rever -são inesperada do fluxo da ação.– Ahn?– É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.– Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?– Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsívele piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, gené ticas?– Pode.– Uma saudação para a minha progenitora.– Como é?– Alô, mamãe!– Estou vendo que você é um, um...– Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de queo atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota aestereotipação?– Estereoquê?– Um chato?– Isso.

(Correio Braziliense, 13/05/1998.)

Na alternativa b, todas as expressões são coloquiais, dife ren temente do quepredomina no texto.Resposta: B

Comentário

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A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser subs tituída, sem comprometimentode sentido, em língua culta, formal, por:a) pegá-los na mentira. b) pegá-los desprevenidos.c) pegá-los em flagrante. d) pegá-los rapidamente.e) pegá-los momentaneamente.

O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. Sãoelas:a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a saudação final

dirigida à sua mãe.b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista, e um

jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado.c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevis tador, e da expressão

“progenitora”, por parte do jogador.d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e a

fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”.e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador

entrevistado não corres ponder ao estereótipo.

O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto.Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção querepresenta também uma inadequação da linguagem usada ao contexto: a) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direi to” – um pedestre que assistiu

ao acidente comenta com o outro que vai passando.

Exercício Explicativo 9

A expectativa geral em relação a um jogador de futebol corresponde aoestereótipo mencionado no final do texto: “um ser algo primitivo comdificuldade de ex pressão”, ou seja, alguém que dispõe de repertório cul turalmínimo e se exprime de maneira tosca, elementar. O jogador repre sen tado notexto contraria essa expec tativa, ao exprimir-se num português castiço e rebus -cado, com vocabulário e sintaxe que fogem comple tamente até mesmo aoshábitos da linguagem oral mais educada.Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 8

A expressão popular “pegar alguém sem calça(s)” sig nifica “pegar alguémdesprevenido”; o objeto direto “eles”, em português formal (isto é, conformeà gra mática normativa), deve ser substituído pela forma oblíqua do pronome:“(l)os”.Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 7

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b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” – um jovem que fala para um amigo.c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” – alguém

comenta em uma reunião de trabalho.d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária

Executiva desta conceituada empresa” – alguém que escreve uma carta candida -tando-se a um emprego.

e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o riscode termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros” – umprofessor universitário em um congresso inter nacional.

A linguagem culta ou padrão

É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresentacom terminologia es pecial. É usada pelas pessoas ins truídas das diferentes classes so -ciais e caracteriza-se pela obediên cia às normas gramaticais. Mais co mumen te usadana linguagem es crita e lite rária, reflete prestígio so cial e cul tural. É mais artificial,mais es tável, menos sujeita a variações. Es tá pre sente nas aulas, conferên cias, ser -mões, discur sos políticos, comu ni cações científi cas, noticiários de TV, programasculturais etc.

No texto transcrito na alternativa e, o contexto de um congresso acadêmicopediria o emprego de linguagem formal, correspondente ao padrão culto dalíngua. No trecho apresentado, fogem a esse padrão tanto o uso de “a gente”como pronome indefinido (uso típico da oralidade informal), quanto aconcordância por silepse desse pro nome, que é singular e de 3.ª pessoa, coma forma verbal “termos”, plural e de 1.ª pessoa.Resposta: E

Comentário

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Texto para os exercícios explicativos 10 e 11.

Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcasde variação de usos da linguagem em

a) situações formais e informais. b) diferentes regiões do país.c) escolas literárias distintas. d) textos técnicos e poéticos.e) diferentes épocas.

O poema contrasta a linguagem do cotidiano (“A linguagem / na ponta dalíngua”, “em que comia” etc.) com a linguagem literária ou, pelo menos, alinguagem escrita de padrão culto (“A linguagem / na superfície estrelada deletras”). Portanto, trata-se do contraste entre a linguagem empregada em“situações formais e informais”.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 10

AULA DE PORTUGUÊS

A linguagemna ponta da línguatão fácil de falare de entender.

A linguagemna superfície estrelada de letras,sabe lá o que quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,e vai desmatandoo amazonas de minha ignorânciaFiguras de gramática, esquipáticas,atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,em que pedia para ir lá fora,em que levava e dava pontapé,a língua, breve língua entrecortada do namoro com a priminha.

O português são dois, o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.

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No poema, a referência à variedade padrão da língua está expressa no seguinte trecho:

a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2).b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” (v. 5 e 6).c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14).d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15).e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).

A linguagem popular ou coloquialÉ aquela usada espontânea e fluen temente pelo povo. Mostra-se quase sempre

rebelde à norma gra matical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo – errosde regência e concordância; barba rismo – erros de pronúncia, grafia e flexão;ambiguidade; cacofonia; pleo nas mo), expressões vulgares, gírias e preferência pelacoor denação, que ressalta o caráter oral e popular da lín gua. A linguagem popularestá presente nas mais diversas situações: conversas familiares ou entre amigos,ane dotas, irradiação de esportes, pro gramas de TV (sobretudo os de auditório),novelas, ex pressão dos esta dos emo cionais etc.

Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações).

Exercício Explicativo 12

A “superfície estrelada de letras” é uma referência metafórica à literatura (aarte das “belas letras”).Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 11

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Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou coloquial, dalinguagem.

a) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”b) E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres cairão!”c) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar a rua…”d) “… e ela me deu um anel mágico que me levou a um tesouro”e) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, onde um dragão…”

Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:

Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito decontraste, como ocorre em:

a) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demaisb) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arcac) A gente vai passear / Ficarei muito saudosod) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiroe) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade

“A terra é mui graciosa,Tão fértil eu nunca vi.A gente vai passear,No chão espeta um caniço,No dia seguinte nasceBengala de castão de oiro.Tem goiabas, melancias,Banana que nem chuchu.Quanto aos bichos, tem-nos muito,De plumagens mui vistosas.Tem macaco até demaisDiamantes tem à vontadeEsmeralda é para os trouxas.Reforçai, Senhor, a arca,Cruzados não faltarão,Vossa perna encanareis,Salvo o devido respeito.Ficarei muito saudosoSe for embora daqui”.

MENDES, Murilo. Murilo Mendes – poesia completa e prosa.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Exercício Explicativo 13

Correspondem ao “registro informal, ou coloquial, da linguagem” a expressão“tá legal” (por “está bem”) e o vocativo “espertinho”.Resposta: A

Comentário

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Nestes versos do poema “Evocação do Recife”, publicado no livro Libertinagem (1930),Manuel Ban deira formula críticas e propostas que repre sentam o pensamento estéticoque se afirmava na época.

Com base na leitura dos versos, podemos afirmar corretamente que o poetaa) embora reconheça que a linguagem popular bra sileira é mais agradável, considera

um equívoco o aproveitamento literário desse registro linguístico.b) ainda que considere a linguagem do dia-a-dia mais interessante, defende, com

restrições, o emprego da sintaxe lusíada.c) emprega, nos versos transcritos, linguagem que corresponde às propostas

presentes no texto.d) constata que apenas uma parcela da população tem conhecimento da norma

culta, mas não a aplica ao escrever.e) observa que a língua portuguesa, na forma popular brasileira, é bem próxima,

sintaticamente, da varian te dessa língua em Portugal.

Uma das características do Moder nismo é o aproveitamento literário dalinguagem do dia-a-dia. Os colo quialismos presentes no texto (ma caquear, falagostoso, porção de coisas) indicam a coerência do estilo desses versos com aproposta modernista de empregar a linguagem popular.Resposta: C

Comentário

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livrosVinha da boca do povo na língua errada do povoLíngua certa do povoPorque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nósO que fazemosÉ macaquearA sintaxe lusíada

A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bemTerras que não sabia onde ficavam.

Exercício Explicativo 14

O movimento de 1922 não nos deu – nem nos podia dar – uma ‘línguabrasileira’, ele incitou os nossos escritores a concederem primazia absoluta aos temasessencialmente brasileiros [...] e a preferirem sempre palavras e construções vivasdo português do Brasil a outras, mortas e frias, armazenadas nos dicionários e noscompêndios gramaticais. (Celso Cunha)

Em “A terra é mui graciosa”, a forma apocopada do advérbio muito foi,impropriamente, considerada como “arcaísmo”, embora seu uso seja até hojecorrente, ainda que não frequente. Em “Tem macaco até demais”, tanto oemprego de tem por há, quanto o da locução adverbial até demais,correspondem ao registro coloquial da língua portuguesa do Brasil.Resposta: A

Comentário

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Sobre o texto, é incorreto dizer quea) demonstra, através dos exemplos milho/ mio, melhor/ mió, pior/ pió, que a língua

popular, aparentemente caótica, obedece a um sistema.b) registra um tipo de fala “caipira”, de acordo com uma das propostas da primeira

fase do Modernismo – a busca do que seria uma “língua brasileira”.c) o título “Vício na fala” é irônico, pois pode ser en tendido como uma alusão ao

purismo linguístico de fendido pelos parnasianos, preocupados com a cor reçãogramatical.

d) a suposta inadequação da fala, considerada gra maticalmente errada, não impedea eficácia da ação, já que as pessoas continuam “fazendo telhados”.

e) versa sobre a ineficiência dos primeiros colonos no Brasil, incapazes até decomunicação.

(Bill Watterson)Assinale a alternativa incorreta.a) Calvin incorpora em sua fala clichês hoje muito correntes, como “preparando

adequadamente para o século 21”, “competir efetivamente numa economiaglobal”, “eu quero oportunidades”.

b) A preposição em, presente em nela (“O que você tira da escola depende do quevocê põe nela”), é desnecessária e torna a oração redundante, pois o verbo pôr,como o verbo tirar, só pode se referir a escola.

Exercício Explicativo 16

Não há nenhum elemento no texto que permita a afirmação da alternativa e.Resposta: E

Comentário

VÍCIO NA FALA

Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados

(Oswald de Andrade)

Exercício Explicativo 15

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c) Em “Nesse caso, meu jovem, eu sugiro que você comece a se esforçar mais”, meujovem tem a mesma função sintática de Calvin na oração: “você tem algumapergunta, Calvin?”.

d) Depreende-se do contexto que a professora, ao interrogar Calvin, esperava poruma dúvida pertinente à matéria dada.

e) O humor da tira reside no fato de que o argumento de Calvin é contraditório emrelação ao seu comportamento, pois ele não está disposto a se esforçar paraconseguir o que deseja.

(Bill Watterson)

UNPLUGGED

Você entra em qualquer restaurante a quilo e, para não perder tempocomendo, encontra tomadas por toda parte para, se quiser, ligar o notebook econtinuar trabalhando. Não será por falta delas que você deixará de participarde uma conferência na hora do almoço com 20 outros executivos, cada qualnuma cidade ou, quiçá, país.

Mas, supondo que considere a hora do almoço sagrada e se recuse atrabalhar e mastigar ao mesmo tempo, há sempre o recurso de ligar o iPod ese isolar. Assim, alheio ao mundo exterior, você poderá engolir uma suave saladade faufilhas com breufas e relaxar ouvindo as 948 melhores faixas do Metallicaestocadas no aparelhinho plugado à sua orelha.

Reconhecer a função e o impacto social das diferentestecnologias da comunicação e informação.

Competência de área 9 – Entender os princípios, anatureza, a função e o impacto das tecnologias dacomunicação e da informação na sua vida pessoale social, no desenvolvimento do conhecimento, as -sociando-o aos conhecimentos científicos, às lin -guagens que lhes dão suporte, às demais tecnolo- gias, aos processos de produção e aos problemasque se propõem solucionar.

Não há redundância, como afirma a alternativa b, porque os ver bos tirar e pôrregem preposições diferentes (tirar da escola, pôr na escola).Resposta: B

Comentário

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(FUVEST) – “Navegar é preciso, viver não é preciso.” Esta frase de antigosnavegadores portugueses, retomada por Fernando Pessoa, por Caetano Veloso e sabe-se por quantos mais citadores ou reinventores, ganha sua última versão no âmbito daInformática, em que o termo navegar adquire outro e preciso sentido.

Na nova acepção, em tempos de Internet, o lema parece mais afirmativo do quenunca. Os olhos que hoje vagueiam pela tela iluminada do monitor já não precisamnem de velas, nem de versos, nem de fados: da vida só querem o cantinho de umquarto, de onde fazem o mundo flutuar em mares de virtualidades nunca dantesnavegados.

Considere as seguintes afirmações:I. A significação das palavras constitui um processo dinâmico e supõe o

reconhecimento histórico de seu emprego.II. As expressões “velas“, “fados” e “nunca dantes navegados” ligam-se ao contexto

primitivo do velho lema.III. Desligando-se de suas raízes históricas, as palavras apresentam-se esvaziadas de

qualquer sentido.

Conforme se pode deduzir do texto, está correto o que se afirma:

a) apenas em I e II. b) apenas em I e III.c) apenas em II e III. d) apenas em I.e) em I, II e III.

Bem, não é preciso ser tão radical e cortar as pontes com o mundo. Afinal,existe o celular. Com ele você pode gerar, reproduzir, manipular, receber,transportar, corrigir, salvar, desenvolver, deletar, definir, ampliar, imprimir,personalizar e enviar uma quantidade ilimitada de informações ou imagensinúteis. Pode também fotografar sem querer o próprio tímpano. E pode aindatelefonar para o escritório e se inteirar das últimas que aconteceram desde quevocê saiu de lá há cinco minutos.

Some a isso os aparelhos de TV ligados neste e em outros restaurantes,botequins, hospitais, academias, bancos, shoppings, elevadores, vans, táxis,aeroportos e aviões. É um bombardeio de informação, pior do que qualquerblitzkrieg [blitzkrrik]1 da Segunda Guerra. Nesta, ao menos, podia-se correrpara os abrigos.

Há uma nova meta pela qual lutar. Todo ser humano deveria ter direito axis minutos diários de exclusividade dos próprios sentidos, sem precisar plugá-los a nenhuma geringonça do demônio ou deixá-los ser invadidos eenvenenados por imagens e sons que ninguém pediu para existirem.

(Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 5/5/07)

1 – blitzkrieg: ofensiva poderosa, realizada de surpresa por força aérea e de infantaria coordenadas;

guerra-relâmpago; operação de guerra rápida e intensa.

Exercício Explicativo 1

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DEIXANDO A CIVILIZAÇÃO DE JOELHOS...

A tirinha sugere que

a) os hackers, assim como os bárbaros (hunos e godos), são considerados invasores.b) os bárbaros (hunos e godos) e os hackers representam elementos de luta contra

os sistemas governamentais.c) as tecnologias destrutivas eram controladas pelos bárbaros (hunos e godos), assim

como o são hoje pelos hackers.d) a principal diferença entre os hackers e os bárbaros (hunos e godos) é a

compleição física.e) os bárbaros (hunos e godos) eram os hackers de seu tempo, conforme dá a

entender a onomatopeia hack.

Os povos bárbaros, que englobam os godos, os visigodos e os hunos, forampovos invasores, assim como os hackers, que invadem sistemas computacionaispara destruí-los, alterá-los, roubar informações sigilosas ou desviar dinheiro.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 2

O texto é exemplo cabal do que se afirma em I, pois as referências a “velas”,“versos” e “fados”, e especialmente a citação de Camões (“mares nuncadantes navegados”), supõem, para o seu pleno entendimento, “oreconhecimento histórico de seu emprego” – ou, melhor dizendo, oreconhecimento dos sentidos com que foram empregadas em outros contextoshistóricos.Em II, o mesmo fato é reafirmado, pois é verdade que as palavras e a citaçãoem questão ligam-se ao contexto português dos Grandes Descobrimentos,quando a frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”, tomada de empréstimoa Plutarco (Vidas Paralelas), serviu de lema para a Liga Hanseática.A afirmação III não é aceitável, pois, mesmo sem suas referências históricas, aspalavras conservam seu sentido – o “sentido em estado de dicionário”.Resposta: A

Comentário

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(Unifenas) – Testes realizados em diversas partes do mundo dizem que, em funçãode sua atividade cerebral, os homens são superiores em áreas do conhecimento comoa matemática, a física e a tecnologia. Por combinar melhor tanto o lado da razãoquanto o da emoção, as mulheres têm, entre outras diferenças, uma memória maissensível, que registra detalhes em toda a sua riqueza. As mulheres têm melhorcapacidade de encontrar pequenos objetos, assim como são mais hábeis para trabalhosmanuais, tanto o tricô de antigamente, quanto a montagem de equipamentoseletrônicos de hoje em dia em empresas que contratam apenas mulheres comooperárias – não somente porque elas ganham menos, mas principalmente porque sãocomprovadamente mais competentes no serviço. O cérebro dos homens não estariasuficientemente equipado para isso.

Conclui-se do texto que as diferenças de atitudes entre homens e mulher provêm

a) da maneira como o cérebro desempenha sua atividade, em cada um dos sexos.b) dos costumes transmitidos por familiares, como os trabalhos manuais, para as

mulheres.c) de um tratamento diferenciado que recebem no trabalho, até mesmo quanto a

salários.d) dos valores que cada povo atribui a seus conhecimentos, especialmente os

socioculturais.e) do desenvolvimento científico e de sua aplicação na atividade industrial.

Exercício Explicativo 3

Exercício Explicativo 4

O texto propõe-se a demonstrar de modo bastante claro diferenças“fisiológicas” entre homens e mulheres, não se referindo-se a nada que serelacione a questões sociais, culturais ou econômicas, por exemplo.

Resposta: A

Comentário

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(Cásper Líbero) – Na história em quadrinhos anterior, a comunicação via Internetsugere

a) dúvida sobre a idoneidade moral daqueles com quem nos relacionamos via e-mail.

b) ofensa recíproca decorrente da interpretação enganosa das mensagens trocadaspelo casal.

c) descrédito recíproco suscitado pela relação verdade-mentira.d) julgamento expresso pela realidade virtual, a partir de valores transmitidos pela

família.e) renovação dos modelos tecnológicos e estéticos na adolescência.

A “SKRITA” NA INTERNET

O internetês é conhecido como o português digitado na internet, caracterizadopor simplificações de palavras que levariam em consideração, principalmente, umasuposta interferência da fala na escrita. O vocábulo aponta ainda para a prática deescrita tomada como registro divergente da norma culta padrão.

Os avessos a essa prática de escrita consideram que os adeptos do internetêssão “assassinos da língua portuguesa”. Nesse contexto, perguntas como “Há umprocesso de transformação da escrita com o uso da internet?” ou “Há degradaçãoda escrita com a introdução da internet na vida das pessoas?” são cada vez maisfrequentes.

É, pois, com base nesse critério de pureza projetada como ideal da escrita quemuitos indivíduos fazem a crítica ao internetês, tomando-o como “a não línguaportuguesa”. A imagem de degradação da escrita (e, por extensão, da língua) pelouso da tecnologia digital é resultado da ideia de que há uma modalidade de escritapura, associada seja à norma culta padrão, seja à gramática, seja à imagem de seuuso por autores literários consagrados. Haveria, assim, um tipo de escrita sem“interferências da fala”, que deveria ser seguido por todos, em quaisquercircunstâncias.

As ideias correntes de pureza da escrita e de empobrecimento do portuguêspodem ser encontradas em inúmeros materiais que circulam na sociedade,incluídos comentários dos próprios usuários da internet. Na rede derelacionamentos Orkut, há quase uma centena de comunidades com títulos como

A situação representada é comum nas comunicações virtuais.Resposta: C

Comentário

Identificar pela análise de suas linguagens, as tecno -logias da comunicação e informação.

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(UFSC-2009 - Modificada) – Considerando o texto, assinale a(s) proposição(ões)correta(s):I. Do quarto parágrafo do texto, deduz-se que os críticos do internetês que fazem

parte da rede de relacionamentos Orkut acreditam que as práticas de escrita nainternet sejam semelhantes às formas primitivas de comunicação entre os sereshumanos.

II. Tanto a palavra destacada no título do texto quanto a frase-título destacada noquarto parágrafo (linhas 21 e 22) podem exemplificar, adequadamente, adefinição de internetês presente no primeiro parágrafo.

III. Apesar de o texto abordar um tema polêmico, a autora não se posicionaclaramente em relação ao internetês, limitando-se a defini-lo e a expor algumascríticas feitas bem como razões para tais posicionamentos.

a) apenas a alternativa I b) apenas a alternativa IIc) as alternativas II e III d) as alternativas I e IIIe) todas as alternativas

Na frase “ ... Os adeptos do internetês são “assassinos da língua portuguesa”...”ocorre um recurso de linguagem conhecido como:

a) Metáfora b) Comparação c) Prosopopéiad) Onomatopéia e) Antonomásia

A metáfora é uma comparação abreviada (sem como ou outra palavra desentido comparativo explícito), tal como a que aqui se estabelece entre a línguae um organismo vivo.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 2

Vale salientar (1) que a língua portuguesa, como qualquer idioma, pode serentendida como um dos elementos “refletores” da sociedade que a tem comolíngua materna e (2) que, conforme afirma Marshall McLuhan “as sociedadessempre foram muito mais remodeladas pela natureza dos meios através dosquais os homens se comunicam do que pelos próprios conteúdos dacomunicação”. Resposta: E

Comentário

Assim concebida, a escrita da/na internet é vista como empobrecimento doidioma. Esse mesmo conceito é o que, muitas vezes, se atribui aos usos que fazemos indivíduos não dotados da tecnologia da escrita alfabética, ditos analfabetosou não letrados.

(KOMESU, Fabiana C. A “skrita” na internet. Discutindo Língua Portuguesa[especial]: ano 1, n. 1, pp. 56-7, 2008.)

Exercício Explicativo 1

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Texto para as questões 3 e 4.

(UEL-2009) – De acordo com o texto, assinale a alternativa que apresenta elementoscomuns ao livro e ao outro objeto ao qual ele é contraposto.

a) Informações, páginas, marcadores.b) Bateria, páginas, dados.c) Dados, reinicializado, configuração.d) Digitação, lombadas, compatibilidade.e) Lombadas, folha, marcadores.

(UEL-2009) – Sobre o texto, considere as afirmativas a seguir.I. O texto destaca a variedade de informações sobre os demais atributos

apresentados pelo acrônimo L.I.V.R.O. II. O autor apresenta várias qualidades do livro, porém reconhece a sua inevitável

superação pelo computador.III. Para valorizar o livro, o autor o contrapõe a atributos negativos do computador.IV. O recurso ao acrônimo tem por finalidade apresentar um objeto já conhecido sob

uma nova perspectiva.

Exercício Explicativo 4

Todas as outras assertivas apresentam características que, segundo o texto, nãose referem ao L.I.V.R.O. e ao seu objeto opositor ao mesmo tempo.Resposta: A

Comentário

Exercício Explicativo 3

Defendendo o passado-vivo no presente, já publiquei aqui uma análise do precursordo Computador, o Livro, que muitos julgam extinto:

L.I.V.R.O. Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas. É um insuperávelconceito de tecnologia de informação.

L.I.V.R.O. Não tem fios nem baterias. Não é conectado a nada e facílimo de usar —qualquer criança pode operá-lo. Basta abri-lo.

É formado por sequência de páginas numeradas, com milhares ou milhões deinformações. As páginas são unidas por sistema de lombadas, que as mantémautomaticamente em sequência correta. Dados inseridos nas duas faces da folhaduplicam a quantidade de dados e reduzem custos. Um simples movimento dededo permite o acesso instantâneo à proxima página. Nunca apresenta “erro geralde digitação” nem precisa ser “reinicializado”. E a informação fica exatamente nolocal em que você a deixou mesmo com o L.I.V.R.O. fechado. A compatibilidadedos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelosem necessidade de configuração.

(Fernandes, M. Pré - e - pós maravilhas. Veja. São Paulo: 9/4/2008. p. 29.)

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Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.b) Somente as afirmativas I e III são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Distrações digitais emburrecem a juventude, afirma especialista.

Uma série de pesquisas realizadas nos últimos anos mostra que a ignorância dosjovens americanos é epidêmica. Em levantamento de 2002, 52% dos jovensescolheram Japão, Alemanha ou Itália como aliados dos Estados Unidos na SegundaGuerra Mundial. Em uma pesquisa de 1998, só 41% sabiam apontar os três poderesdo governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), enquanto 59% sabiam identificaros Três Patetas pelo nome. Mais de 64% sabiam o nome do último vencedor doAmerican Idol, mas só 10% sabiam o nome da presidente da Câmara dos EUA. E25% não sabiam que Dick Cheney é o vice-presidente do país.

Para Mark Bauerlein, professor da Universidade Emory, em Atlanta, e ex-diretorde Pesquisa e Análise na Fundação Nacional para as Artes, são as “distraçõesdigitais” como mensagens instantâneas, sites de relacionamento como Orkut,MySpace, Facebook e mensagens de texto pelo celular que estão emburrecendo ajuventude. Em seu livro The dumbest generation: How the digital age stupefiesyoung americans and jeopardizes our future (A mais burra das gerações: como a eradigital está emburrecendo jovens americanos e ameaçando nosso futuro), que acabade ser lançado e vem causando polêmica, Bauerlein argumenta que o excesso daschamadas “distrações digitais” está por trás da crescente falta de cultura dos jovens.

“Os jovens de hoje são tão mentalmente competentes quanto os de 20 anosatrás, e têm muito mais oportunidades de adquirir conhecimentos, mas eles estãodeixando de lado os hábitos intelectuais e se dedicando cada vez mais àscomunicações peer to peer (compartilhamento de arquivos online)”, disse Bauerleinao Estado. “Se você entra no quarto de um jovem de 15 anos vai encontrar o iPod,TV, computador, videogame, e tudo isso vem antes do livro na escala deprioridades.”

Relacionar as tecnologias de comunicação e informa -ção ao desenvolvimento das sociedades e ao conhe -cimento que elas produzem.

Erros: I. o autor do texto destaca outros atributos igualmente valiosos dos livros;II. o autor, ao contrário, não admite a superação do livro.Resposta: C

Comentário

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(ESPM-2009) – É correto afirmar que o texto

a) critica a relação estabelecida entre a internet e os jovens brasileiros.b) condena a implantação de sites como ferramenta cultural dos jovens.c) desmitifica uma leitura preconceituosa sobre sites de relacionamento.d) opõe-se ao atual uso de objetos e elementos digitais como forma de lazer.e) comprova a tese de que Ipod e celular são deformadores de caráter.

Erros: a) trata-se, no texto, de jovens norte-americanos, não brasileiros; b) otexto não faz tal condenação; c) não há tal desmistificação; e) pode-seconsiderar absurda, a ideia de que Ipod e celulares deformam o caráter, pois oque o texto afirma é que eles apenas desviam a atenção de assuntos e questõesmais importantes.Resposta: D

Comentário

Exercício Explicativo 1

De acordo com o Panorama de Aplicação dos Estudantes, 55% dos alunos deensino médio estudam ou leem menos de uma hora por semana. Em contrapartida,passam nove horas navegando em sites de relacionamento. Estudo de 2005 daKaiser Foundation mostra que, em um dia, em média, jovens de 8 a 18 anosassistem à TV durante 3 horas e 4 minutos, passam 48 minutos navegando nainternet, 14 minutos lendo revistas, 23 minutos lendo livro, 49 minutos jogandovideogame, 32 minutos assistindo a DVD. “Eles tiraram toda sua concentração delivros, revistas, jornais ou museus e transferiram para diversões virtuais.”

Mas será que todos esses instrumentos digitais não trazem conhecimentotambém? “Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional deArtes, seria maravilhoso; mas nove dos dez endereços de internet mais visitadospor jovens são de sites de relacionamento, segundo a Nielsen.”

O problema, alerta Bauerlein, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela.“Os adolescentes de 15 anos só se importam com o que outros adolescentespensam. Isso sempre foi assim. Mas hoje a tecnologia permite que os adolescentesestejam em contato entre eles, excluindo os adultos, 24 horas por dia. Os jovensficam em contato o dia inteiro, por meio do celular, páginas da internet, mensagensinstantâneas. A tecnologia ligou os jovens de uma forma tão intensa que osrelacionamentos com adultos estão diminuindo. Eles estão cada vez menosmaduros, prolongando a adolescência até os 30 anos.”

E como lidar com essa onipresença de distrações digitais? “Não se trata deeliminar esses instrumentos da vida dos jovens, não se pode fazer isso; mas é precisochegar a um equilíbrio”, diz. “Os pais deveriam estabelecer um determinadoperíodo, por exemplo, uma hora por dia, em que jovens e adultos precisam estartotalmente desconectados de qualquer coisa, e se dedicam a ler.”

E nada de fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo — falar no celular emandar e-mail, ouvir música e navegar. Para ele, essa é uma das pragas modernas.“Uma pessoa não consegue ler enquanto faz outra coisa.”

(Texto adaptado de Patrícia Campos Mello,Estadão, 02/06/08, www.estadao.com.br)

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(ESPM-2009) – O texto assinala várias características dos jovens que podem serconsideradas sintomas de sua ignorância. Assinale a alternativa que apresente a únicacaracterística não presente no texto:

a) Falta de conhecimento sobre a política contemporânea dos Estados Unidos.b) Superficialidade dos relacionamentos reais entre jovens, substituídos pelos virtuais.c) Substituição do tempo dedicado à leitura pelo tempo em sites de relacionamento.d) Diminuição da concentração em uma atividade, prejudicada pelo uso de

eletrônicos.e) Afastamento maior do mundo adulto, devido aos relacionamentos virtuais entre

os jovens.

(ESPM-2009) – O primeiro parágrafo do artigo apresenta números de uma pesquisaque buscam causar impacto no leitor e mostrar o estado alarmante da ignorância dosjovens americanos.Tendo isso em mente, assinale a alternativa que melhor apresente o(s) problema(s)levantado(s) pela pesquisa:

a) A falta de memória histórica dos jovens, pois enquanto 64% sabiam o nome doúltimo vencedor do American Idol, apenas 59% sabiam o nome dos Três Patetas.

b) A atenção maior dada pelos jovens a informações ligadas à mídia (59% sabiamindicar os Três Patetas e mais de 64% o último vencedor do American Idol) queaos fatos históricos (52% sabiam indicar os aliados dos EUA na Segunda Guerra).

c) O desconhecimento da maioria dos jovens em relação a questões relacionadas àcidadania e à história dos Estados Unidos em detrimento do conhecimento damaioria deles de informações ligadas à mídia.

d) O desprezo dos jovens em relação a questões ligadas à política, pois 90% delesnão sabem o nome do presidente da Câmara dos Estados Unidos, enquantoapenas 25% sabiam que Dick Cheney é o vice-presidente do país.

e) A falta de conhecimento dos jovens americanos de fatos externos aos EstadosUnidos, pois apenas 48% dos jovens sabiam os reais aliados do Estados Unidos naSegunda Guerra Mundial.

A al ternativa c resume adequadamente o primeiro parágrafo do texto.Resposta: C

Comentário

Exercício Explicativo 3

O texto não aborda questões relativas a relacionamentos interpessoais.Resposta: B

Comentário

Exercício Explicativo 2

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(ESPM-2009) – Observe os dois trechos destacados:I. “Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional de Artes, seria

maravilhoso; mas nove dos dez endereços de internet mais visitados por jovens sãode sites de relacionamento, segundo a Nielsen.”“O problema, alerta Bauerlein, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela.”

II. “Os pais deveriam estabelecer um determinado período, por exemplo, uma horapor dia, em que jovens e adultos precisam estar totalmente desconectados dequalquer coisa, e se dedicam a ler.”

É possível dizer que a relação entre eles, no texto, é de:

a) ambiguidade, pois há duas opiniões diferentes sobre a internet, ambas derivadasde uma mesma pesquisa.

b) metáfora, já que a “internet” pode ter seu sentido estendido a diferentessignificados dos jovens.

c) soma, porque não se pode falar em cultura ou internet sem falar dos livros,implicitamente o ponto de partida.

d) proporcionalidade, na medida em que os jovens se distanciam dos livros balizadospela aproximação à internet.

e) complementaridade, uma vez que a internet não se opõe ao livro, mas é apenasum suporte cultural diferente dele.

Em nenhum momento o autor estabeleceu contraposições entre a internet e olivro como se ela fosse um meio inviável para a aquisição de cultura. Resposta: E

Comentário

Exercício Explicativo 4

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