SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL

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SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL APOIO TÉCNICO

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Verminoses ..............................................................................................................................................................................................................................................................4

Cisticercose bovina .......................................................................................................................................................................................................5

Uso racional de antiparasitários ...........................................................................................................6

Tuberculose bovina.......................................................................................................................................................................................................7

Pneumonias em confinamento ..........................................................................................................................8

Brucelose.....................................................................................................................................................................................................................................................................10

Clostridioses .............................................................................................................................................................................................................................................12

Potencial de Hidrogênio • pH .............................................................................................................................13

Pododermatite ................................................................................................................................................................................................................................ 114

Manejo de ferimentos ...............................................................................................................................................................................16

Uso racional de antibióticos ...................................................................................................................................18

CONTEÚDO

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A IMPORTÂNCIA DO CONTROLEA atividade pecuária apresenta grandes desafios e o controle da verminose destaca-se por ser um problema de difícil identificação. A maioria dos bovinos, mesmo não demonstrando nenhum sintoma clínico, apresentam retardo no crescimento, diminuição do ganho de peso e da produção leiteira, retardo nas atividades reprodutivas e predisposição a outras doenças. A verminose subclínica pode impedir o ganho de peso de até 45 kg/animal/ano. Por isso, a realização de exame de fezes se torna uma excelente ferramenta para mensurar a situação da verminose na fazenda e determinar a necessidade de medidas de controle.

Verminoses

A pesquisa de ovos nas fezes por exame visual ao microscópio, é uma das principais formas de diagnosticar e quantificar o problema das verminoses na propriedade.

QUAL O MELHOR PROTOCOLO PARA A MINHA PROPRIEDADE?Um bom técnico deve lhe ajudar a desenhar um esquema de tratamento que leve em conta algumas particularidades da sua fazenda, como:n Tipo de propriedade e atividade principal (cria e recria merecem atenção especial).n Raças de bovinos utilizadas.n As condições climáticas e ambientais de sua região são muito importantes.

Procure os órgãos de assistência e extensão para informações sobre protocolos adequados ao seu estado.n Histórico dos produtos antiparasitários utilizados.Procure o seu médico-veterinário de confiança e, também, conte com o suporte técnico da equipe de campo da MSD para planejar o melhor esquema de tratamento para a sua propriedade.

CUIDADOS NA APLICAÇÃOAlguns cuidados na hora da aplicação são fundamentais para que os resultados sejam atingidos. Veja algumas dicas:n Utilize apenas produtos de procedência e qualidade garantida.n Realize a contenção adequada dos animais. Isso reduz o estresse e o risco de lesões,

e, também, evita que ocorram falhas na aplicação e/ou que animais ‘escapem’ do tratamento. n Atente-se ao peso dos animais e obedeça a dosagem recomendada em bula.

Uma dose menor pode levar à sobrevivência dos parasitas, causando a perpetuação dos prejuízos e favorecendo o surgimento de problemas de resistência. Doses maiores são prejuízos no bolso!

n Proteja a sua equipe! A utilização de equipamentos de proteção individual adequados deve ser sempre estimulada em todos os manejos do gado.

TÉCNICAS DE MANEJO QUE AUXILIAM NO CONTROLEAlgumas medidas simples de manejo auxiliam muito na redução do desafio parasitário a que os animais são expostos. Veja algumas dicas:n Higienize os bebedouros periodicamente e sempre que necessário, e trate, previamente,

os dejetos usados em adubação (principalmente em piquetespara bezerros e animais jovens).n Vermifugue SEMPRE todos os animais recém-chegados.n Utilize taxas de lotação adequadas nos piquetes.n Separe os animais jovens dos animais adultos. n Periodicamente, recorra a um laboratório de análises parasitológicas para verificar a situação do seu rebanho.

A IMPORTÂNCIA DE SE RESPEITAR O PERÍODO DE CARÊNCIAPara se promover a qualidade do produto final, assim como respeitar as normas sanitárias nacionais e também de países importadores, é de vital importância cumprir rigorosamente o período de carência de cada antiparasitário aplicado nos animais, seja em confinamento ou em terminação a pasto.

MEDIDAS DE CONTROLE PARA AS PESSOASn Nas propriedades, fazer o uso de banheiros

com fossas higiênicas (sépticas), evitando a contaminação ao ar livre das pastagens e aguadas

n Realizar o tratamento de esgotos e evitar esgotos a céu aberto, para não contaminar a água de bebida dos animais e lençóis freáticos

n Submeter os colaboradores das propriedades e as suas famílias à utilização periódica de vermífugos, sempre com orientação médica

n Adquirir carne bovina somente de animais que tenham sido abatidos em estabelecimentos que possuam serviço de inspeção.

cisticerco

ovos

ingestãode ovos

A Cisticercose bovina é uma enfermidade parasitária e zoonótica de grande relevância em saúde pública e responsável por gerar consideráveis prejuízos econômicos à cadeia produtiva da carne bovina, sendo causada por um parasito que depende de dois hospedeiros para completar o seu ciclo de vida. O Homem é o hospedeiro definitivo da forma adulta da Taenia saginata, enquanto o bovino é o hospedeiro intermediário da forma larval infectante, o Cysticercus bovis.

A contaminação do bovino ocorre por meio da ingestão de ovos viáveis da T. saginata presentes em pastagens e água contaminadas. No interior do organismo do bovino, o ovo libera o cisticerco, que se instala em tecidos com alta irrigação sanguínea, como cérebro, coração e músculos, formando-se uma vesícula translúcida (cisto) com a larva em seu interior.

A maneira mais comum do Homem se tornar portador dessa enfermidade é por meio da ingestão de carne crua ou mal cozida contendo cisticercos viáveis. No organismo do ser humano, a larva evolui a verme adulto, caracterizando a enfermidade conhecida por Teníase ou Solitária, e que requer tratamento específico. O Homem portador da tênia é o principal responsável pela contaminação do meio ambiente ao liberar partes do parasita adulto (proglótides grávidas) nas fezes em locais inadequados, contaminando o solo, pastagens e fontes hídricas, que servirão de consumo para os bovinos e o próprio Homem. E, estando no meio ambiente, as proglótides liberam ovos, iniciando um novo ciclo.

Cisticercose bovina

MEDIDAS DE CONTROLE PARA OS ANIMAISn Possuir um programa de controle sanitário na propriedade, que contenha vermífugos

com ação específica contra a cisticercose, com acompanhamento de um veterinário

n Utilizar somente vermífugos que sejam registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

n Permitir que os animais tenham acesso somente a aguadas limpas e de origem conhecida

n Lavar e desinfetar os bebedouros artificiais periodicamente

n De preferência, adotar a utilização de bebedouros artificiais

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O USO RACIONAL DOS ANTIPARASITÁRIOS TEM 3 OBJETIVOS PRINCIPAISn Promover a saúde dos animais

e aumentar a rentabilidade da atividade pecuária

n Reduzir a contaminação do ambiente pelos produtos

n Evitar a presença de resíduos dos princípios ativos nos produtos destinados ao consumo humano

AUMENTANDO A EFICÁCIA DOS PRODUTOSAlguns cuidados práticos contribuem muito para que os produtos atinjam sua máxima eficácia:n Determinar corretamente o peso dos animais • ao pesar os animais a olho, ou seja, sem um instrumento

de medição devidamente calibrado, damos margem ao surgimento de subdosagem ou superdosagem, levando ao desperdício. Os animais devem ser tratados de acordo com seu peso mais aproximado, sendo recomendável dividir as categorias em lotes por faixa de peso.

n Realizar o tratamento estratégico • a ocorrência dos parasitas nos animais e nas pastagens varia ao longo do ano. Os tratamentos na época da seca tendem a apresentar maior eficácia, pois neste período as reinfestações são menores, e isto possibilita uma maior exposição dos vermes à ação dos antiparasitários. Por isso, é importante adequar o esquema às condições climáticas de sua região.

n Não descuidar do tratameno de animais jovens • é sabido que os animais mais jovens, especialmente após a desmama, são os que mais sofrem com as verminoses. Estudos recentes mostram que estes animais respondem com ganhos de peso expressivos quando suas contagens de ovos de vermes nas fezes são mantidas baixas por meio de tratamentos estratégicos.

n Acompanhar a eficácia das drogas • mesmo as verminoses subclínicas trazem prejuízos significativos. Assim, a realização de exames de fezes para a quantificação dos ovos dos vermes é uma ferramenta importante para se acompanhar a eficiência dos vermífugos.

n Manejar a lotação animal • deve-se evitar a superpopulação nos piquetes, pois quando isso ocorre, os animais tendem a pastar até as partes mais baixas do capim, aumentando a taxa de contaminação, devido à maior presença das larvas.

COMO EVITAR O SURGIMENTO DA RESISTÊNCIAn Realizar os tratamentos de forma correta • erros na forma de utilização podem contribuir para o surgimento

da resistência. Respeitar o intervalo correto de utilização e pesar os animais corretamente para evitar a subdosagem e/ou a superdosagem são cuidados fundamentais.

n Escolha consciente do princípio ativo a ser utilizado • a rotação e associação de produtos podem ser utilizadas, mas devem ser feitas sob a supervisão de um médico-veterinário. Só assim estaremos realizando um manejo consciente, que pode evitar ou postergar o surgimento de resistência.

n Aquisição de animais contaminados • existe a possibilidade de se introduzir cepas resistentes no plantel após a aquisição de animais oriundos de plantel contaminado. Por isso, é recomendável realizar o controle através de exame parasitológico em todas as novas introduções.

RESPEITE SEMPRE OS PERÍODOS DE CARÊNCIA (OU DE RETIRADA)Para a qualidade do produto final, e para que as normas sanitárias nacionais e também de países importadores sejam respeitadas, é de vital importância a correta utilização dos produtos em todas as etapas da vida do animal, especialmente em unidades de confinamento e de terminação a pasto, respeitando-se os devidos períodos de carência.

Uso racional de antiparasitários

Os bezerros, após a desmama, podem ser atingidos pelas verminoses, mas com controle adequado respondem com ganhos de peso expressivos.

DEFINIÇÃO • doença infecto-contagiosa granulomatosa, zoonótica, de caráter crônico, causada pela bactéria Mycobaterium bovis, e que ocasiona a formação de tubérculos em órgãos e tecidos.

Tuberculose bovina

AÇÕES DE CONTROLEn Não existe vacina nem tratamento;

n Testar e eliminar os animais reagentes (tuberculinização);

n Saneamento do rebanho (veterinário habilitado) e dos colaboradores;

n Desinfetar instalações e utensílios;

n Nunca utilizar leite de vacas reagentes.

AÇÕES PREVENTIVASn Adquirir apenas animais de rebanhos livres da doença e que sejam negativos ao teste intradérmico de tuberculinização;

n De preferência, realizar os testes ainda na fazenda de origem;

n Evitar misturar animais recém-adquiridos ao restante do plantel;

n Manter a identificação dos animais em dia, inclusive com os dados da origem;

n Avaliar a necessidade de, além da tuberculinização, realizar o teste imunológico (ELISA), para o caso de animais anérgicos (veterinário habilitado);

n Isolar animais suspeitos e realizar os testes necessários;

n Realizar a desinfecção das instalações da propriedade.

Fonte de infecção • animal infectado

Via de eliminação • ar expirado, fezes, urina, leite

Porta de entrada • via respiratória e trato digestivo, independentemente de sexo, raça ou idade

Diagnósticon Método direto • detecção

e identificação do agente (PCR)n Métodos indiretos (resposta imunológica) • Humoral (anticorpos circulantes) • Celular (tuberculinização intradérmica)n Diagnóstico clínico • tem valor relativo,

pois animais positivos podem ser aparentemente sadios (“anérgicos”)

n Patologia • animais reagentes podem não ter lesões visíveis

Exemplos de carcaças de animais acometidos pela doença

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CUIDADOS COM INSTALAÇÕES E MANEJOn Mantenha sempre a lotação dentro das recomendações do BEA.n Use aspersores para reduzir a poeira em suspensão.n Forneça piso adequado, evitando barro excessivo e provendo áreas de sombreamento.n Fornecer descanso, reidratação e alimentação aos animais antes do processamento, são cuidados importantes.

PREVENÇÃO E TRATAMENTOn Como as infecções por vírus respiratórios são portas de entrada, é fundamental vacinar os animais com Fertiguard

Selenium Max (contra Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Diarreia Viral Bovina (BVD), Parainfluenza Bovina tipo 3 (PI3), Vírus Sincicial Respiratório Bovino (BRSV), Leptospirose e Campilobacteriose (Vibriose) dos bovinos).

n Seguindo o diagrama de risco, realizar o tratamento preventivo (Profilaxia e Metafilaxia) com Zuprevo (Tildipirosina; 47 dias de carência para abate) sempre.

n Isolamento e tratamento dos animais doentes.n Realizar o tratamento sempre com a associação de antibióticos e anti-inflamatórios, como, por exemplo, florfenicol

e flunixina meglumina (Resflor Gold; 38 dias de carência para abate), sob a supervisão de um médico-veterinário.n Quando for necessário tratar o animal próximo à data do abate, utilizar produtos com menor período

de carência, como a associação Borgal (Sulfadoxina e Trimetoprima; 5 dias de carência para abate) + Banamine (flunixina meglumina; 4 dias de carência para abate), e registrar a data da aplicação.

Os bovinos na natureza são presas, e por isso tendem a não mostrar sinais de doença, como defesa natural contra predadores. Por isso, muitas vezes os problemas respiratórios só aparecem tardiamente. Para realizar um adequado monitoramento, devemos acompanhar os dados de morbidade e mortalidade para quantificar o problema no confinamento. É fundamental realizar a necropsia dos animais mortos e tabular todos os dados de ocorrência, para que se possa acompanhar a efetividade das ações preventivas.

O diagrama ao lado foi desenvolvido para ajudar na classificação do risco de cada animal (alto, médio ou baixo), levando-se em conta os fatores citados na página anterior.

2 mL 5 mL5 mL 1 mL / 20 kg 1ml / 45kg3 mL

PROTOCOLO PREVENTIVO PARA BOVINOS CONFINADOS

RONDA DIÁRIA PARA IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS E SE NECESSÁRIO TRATAMENTO

DESCANSO DE 5 A 7 DIAS

90 A 120 DIAS

* EM ANIMAIS EXPOSTOS A FATORES DE RISCO.

EMBARQUE PARA ABATE

ACLIMATAÇÃO DOS ANIMAIS DURANTE OS 30 DIAS INICIAIS

ENGORDA

DIAGRAMA DE RISCO PARA DECISÃO SOBRE O USO DA METAFILAXIA

LOTE DE RECEBIMENTO

1. ORIGEM

2. PERÍODO

RECRIA PRÓPRIA COMPRA / PARCERIA LEILÃO

ÁGUAS / SECAS SECASÁGUAS

3. ESCORE CORPORAL 1 e 2 > = 3 1 e 2 > = 3 1 e 2 > = 3

4. DISTÂNCIA < 500 km

< 8 h > 8 h < 8 h > 8 h < 8 h > 8 h < 8 h > 8 h

> 500 km < 500 km > 500 km < 500 km > 500 km < 500 km > 500 km

5.TEMPO DE VIAGEM

RECEPÇÃO

PROTOCOLO MÉDIO RISCO BAIXO RISCO ALTO RISCOMETAFILAXIABAIXO RISCO ALTO RISCO

METAFILAXIAMÉDIO RISCO MÉDIO RISCOMÉDIO RISCOATENÇÃO**

ou +

PROCESSAMENTO

**Médio risco com atenção: Após a avaliação clínica dos animais, o Médico Veterinário pode optar pelo uso da metafilaxia, caso necessário.

BOTULINA RAIVACEL *FERTIGUARD PANACUR® 10%

MÉDIO RISCOATENÇÃO**

5 mL

MÉDIO RISCOATENÇÃO**

DIAGRAMA DE RISCO PARA DRB

Principais sinais clínicos observados: Depressão (o animal se afasta do lote), anorexia, sinais respiratórios (dispneia, sinais de “batedeira”, muita tosse, o animal se cansa muito fácil ao ser estimulado) e febre (pelos arrepiados, focinho seco etc...)

Elaborado por Anderson Lopes Baptista

PREVALÊNCIAAs pneumonias e outros problemas respiratórios são responsáveis por 75% das enfermidades em confinamento e causam 50% das mortes nos EUA. Dados oficiais do Sistema Nacional de Vigilância Animal (NAHMS) mostram que, aproximadamente, 16% dos bovinos confinados no Brasil desenvolvem a DRB (Doença Respiratória Bovina).

Muitos agentes podem ser causadores do chamado complexo das doenças respiratórias dos bovinos (DRB). É um problema multifatorial, que pode surgir após uma infecção viral ou de uma queda na imunidade do animal. A seriedade do quadro vai depender da capacidade de resposta dos bovinos e de fatores como amplitude térmica, umidade, chuvas, lama e vacinação. Além disso, estresse, deficiência nutricional ou mudanças na dieta, exposição a agentes infecciosos, agrupamento de animais de diferentes origens e o transporte são os principais fatores que predispõem os bovinos à DRB.

PERDAS ECONÔMICASDentre as principais perdas econômicas causadas pela DRB, estão:n Redução da eficiência alimentar, com menor ganho de peso

e aumento de dias em confinamento.n Efeitos diretos na qualidade da carcaça no que diz respeito ao peso,

área de olho de lombo, marmoreio e acabamento.n Mortalidade, sobretudo de animais recentemente confinados.n Custos com tratamentos e profilaxia.

Vale ressaltar que, apesar da mortalidade ser a primeira preocupação em confinamentos, os prejuízos com a morbidade (os animais doentes que não morrem) são ainda maiores, pois envolvem não apenas os custos com mão de obra, tratamentos e abate precoce, mas também devido ao baixo desempenho dos indivíduos durante a doença e mesmo após ela – animais que ficaram doentes mantêm um ganho de peso médio diário (GMD) menor mesmo após a sua recuperação.

FATORES DE RISCOClassificar os animais na chegada ao confinamento segundo fatores de risco para a DRB, e atuar preventivamente nos mais suscetíveis, é uma medida de alta eficácia para reduzir os prejuízos. Os principais fatores de risco são:n Distância percorrida e tempo de viagem - animais que viajaram mais de 500 km ou por mais de 8h têm maior

predisposição a adoecerem.n Época do ano (durante o período de secas aumenta-se o nível de poeira e a amplitude térmica é maior)n Escore de condição corporal baixo, entre 1 e 2n Outras fontes de estressen Idade e Raça

A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PRECOCEAs primeiras semanas são muito importantes, pois a maior taxa de ocorrência de problemas respiratórios ocorre nas três primeiras semanas de confinamento.Do 1º ao 7º dia ocorrem 10% das manifestações clínicas. Até o 15º dia são observadas 60% das manifestações. Até o 21º dia, 80% das manifestações. A partir do 30º dia até o abate, a manifestação é de 10%.

Pneumonias em confinamento

As pneumonias são um dos principais problemas de sanidade para os bezerros.

Pneumonias em confinamento

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BOAS PRÁTICAS DE VACINAÇÃOUma vacinação adequada começa na compra correta e consciente dos insumos, passa por um transporte e armazenagem adequados, de forma a manter os frascos de vacina na temperatura recomendada (entre 2°C a 8°C), além de exigir uma também adequada preparação das seringas e agulhas a serem utilizadas na vacinação, do local de trabalho, e, por fim, aplicação eficiente das vacinas.

CONTE COM A MSDA MSD oferece, através de seus consultores técnicos, auxílio para você montar um esquema vacinal adequado às particularidades de sua propriedade. Conte com a gente!

PONTOS-CHAVE PARA A PREVENÇÃO DA BRUCELOSE NO REBANHOn Vacinação conforme preconizado pelo MAPA.n Desenvolvimento de um programa de exames e abate de animais positivos.

Estes devem ser isolados e abatidos em estabelecimento sob serviço de inspeção oficial. Não há interdição da propriedade, somente os animais positivos ficam bloqueados até a sua destinação ao abate.

n Controle da entrada de animais na propriedade. Realizar exames nas matrizes antes da aquisição. Aquisição de animais somente em rebanhos livres da doença. Animais com exames de sangue sorológico negativo, oriundos de rebanhos que têm animais infectados, têm grande chance de também estarem doentes.

EFETIVIDADE DOS PROGRAMAS DE CONTROLEO PNCEBT vem obtendo resultado muitos importantes. Comparando-se as prevalências da doença entre os estados brasileiros, antes e depois da instituição do programa, os dados apontam reduções efetivas no número de focos:Mato Grosso • de 41% para 24%Mato Grosso do Sul • de 37% para 30%Rondônia • de 35% para 12,3%Tocantins • de 21,1% para 6,4%

ESQUEMAS VACINAISO Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT) determina a vacinação obrigatória de bezerras entre os 3 e 8 meses de idade contra a brucelose em todo o território nacional, exceto em Santa Catarina. A vacinação deve ser realizada por médico-veterinário cadastrado nos serviços veterinários estaduais, ou por seus vacinadores auxiliares, cadastrados sob sua supervisão e responsabilidade. As vacinas disponíveis são a B19 e a RB51.

É proibido vacinar com vacina B19 fêmeas com mais de 8 meses de idade e machos de qualquer idade. Como a Brucelose é uma zoonose, o uso de EPI é indispensável para uma vacinação segura e eficaz.

PREVENÇÃO DA BRUCELOSE NA PROPRIEDADE

Causada pela bactéria Brucella abortus, a Brucelose é uma doença endêmica na pecuária, com consequências significativas para a saúde animal e saúde pública (pois é uma zoonose), afetando inclusive o comércio internacional. Os danos causados nos animais e na produtividade incluem diminuição da produção de leite, perdas reprodutivas importantes, principalmente abortos e infertilidade, e inflamação das articulações e dos testículos, causando grandes prejuízos financeiros.

FATORES DE RISCOOs principais fatores de risco da Brucelose bovina são:n Trânsito animal: introdução de novos animais

no rebanho, em especial nas compras de animais com finalidade reprodutiva.

n Rebanhos grandes e com densidade populacional alta.n Compartilhar pasto ou fonte de água com outras

propriedades (proximidade com rebanhos infectados).n Uso de sêmen sem controle sanitário

adequado dos touros.n Coexistência com outras espécies,

principalmente suínos e animais silvestres.n Falta de acompanhamento veterinário

e de boas práticas de manejo sanitário.

Brucelose

O uso de sêmen com controle sanitário adequado é um dos pilares para evitar a introdução da Brucelose na propriedade.

DIAGNÓSTICOAs observações clínicas (abortos, bezerros fracos, esterilidade das fêmeas) e epidemiológicas do rebanho (focos da doença confirmados anteriormente) são grandes indicativos para o diagnóstico. A confirmação pode ser feita por exame bacteriológico, através de cultura de materiais suspeitos, como sêmen e descargas vaginais. Já os testes sorológicos detectam a presença de anticorpos no soro e no leite, sendo um indicativo da presença de B. abortus no rebanho.

O teste de fixação de complemento é o de referência e considerado confirmatório pelo MAPA, inclusive para o trânsito internacional de animais.

TRANSMISSÃOA transmissão ocorre por contato direto de animais sadios com animais infectados, por ocasião do aborto ou parto e em todo o período puerperal (até, aproximadamente, 30 dias após o parto), ou com ambiente contaminado por descargas de animais infectados. Fetos abortados, membranas ou fluidos placentários e outras secreções vaginais presentes após um animal infectado ter abortado ou parido, estão altamente contaminados e são fontes de infecção e contaminação para instalações e pastagens.

Normalmente, a brucelose é transportada de um rebanho para outro por meio de um animal infectado, geralmente na compra de gado de reposição. A doença também pode ser transmitida quando animais selvagens ou de um rebanho afetado se misturam com rebanhos livres da mesma.

As descargas vaginais de uma vaca com infecção são importantes fontes de contaminação para as pastagens e para outros animais.

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As Clostridioses são intoxicações causadas por bactérias do gênero Clostridium, e estão entre as doenças que mais matam bovinos no Brasil. Estas bactérias estão presentes, normalmente, no solo e no tubo digestivo dos animais, sendo altamente letais. Seu controle eficaz só se dá através de um programa de vacinação adequado.

As Clostridioses podem ser divididas em duas categorias: n Aquela na qual os microrganismos invadem ativamente e se reproduzem nos tecidos do hospedeiro,

com a produção de toxinas que aumentam a disseminação da infecção e são responsáveis pela morte.n E aquela caracterizada pela toxemia resultante da absorção das toxinas produzidas pelos microrganismos

dentro do sistema digestório (Enterotoxemias), ou em tecido desvitalizado (tétano), ou no alimento ou em recipientes fora do organismo (botulismo).

Clostridioses

Um programa de vacinação eficiente, realizado sob a supervisão de um médico-veterinário, é a única forma de prevenir as clostridioses na propriedade.

No Brasil ocorre o abate humanitário dos bovinos por meio da sangria, com a realização prévia da insensibilização. O abate resulta na falência dos tecidos, entretanto as células musculares podem continuar vivas por até 10 horas, consumindo as reservas energéticas sem oxigênio, o que resulta na produção e no acúmulo de ácido lático, ocasionando a queda do pH de 7,2 a próximo de 5,5 no período de até 48 horas após o abate, momento este em que se estabelece o pH final da carne.

O Potencial de Hidrogênio (pH) é uma escala que indica o nível de acidez, neutralidade ou alcalinidade de ambientes em fase aquosa, variando de 1 a 14, sendo ácido de 1 a 6,99, neutro no pH 7 e alcalino quando acima de 7 até 14.

Potencial de Hidrogênio • pH

Imagens retiradas do livro: Smith, G. C.; Griffin, D. B.; Kenneth, J. H. Meat Evaluation Handbook. American Meat Science Association:

Champaign, IL, 2001.

Vários fatores estão relacionados à ocorrência de pH final alto. Esses fatores estão divididos em dois aspectos: um deles é a reatividade do animal, que é o quão fácil esse animal se estressa, sendo os principais fatores a raça, o sistema produtivo e a categoria animal. Em geral, os zebuínos, os animais criados extensivamente e os machos inteiros são mais reativos. Por outro lado, os taurinos, os animais de criação intensiva e os machos castrados são mais mansos, de manejo mais fácil. O outro fator é o manejo pré-abate, que envolve o comprometimento com o bem-estar dos animais pelo pecuarista, pelo transportador e pela indústria. Entretanto, mesmo com um manejo bem feito, existem fatores que podem comprometer esse trabalho, como a condição das estradas e o tempo de transporte. Portanto, é muito importante entendermos que o pH é exclusivamente dependente do que ocorre com o animal nos momentos pré-abate.

AÇÕES PREVENTIVAS contra problemas de pH:

n Evite qualquer manejo, inclusive misturar os animais, e, principalmente quando se tratar de machos inteiros, nos últimos 10 a 15 dias antes e no momento do embarque, visto que o animal demora em torno de uma semana para recuperar a sua reserva energética;

n Se possível, separe os animais que montem ou briguem cronicamente;

n Evite que os animais fiquem em jejum pré-abate por períodos prolongados;

n Quando houver necessidade de deslocar os animais por longas distâncias, inclusive para próximo ao local do embarque, sempre que possível faça-o em torno de uma semana antes do embarque;

n Disponibilize água limpa à vontade para os animais nos piquetes de pré-embarque;

n Treine e conscientize os seus colaboradores para que sempre façam um manejo de baixo estresse e sem qualquer ato de abuso aos animais;

n Cuide para que a densidade do veículo não seja exagerada;

n Após o término do embarque, libere os documentos o mais rápido possível, para que os animais não fiquem esperando dentro do veículo parado, sem ventilação.

Dê condições aos colaboradores para que o manejo seja o melhor possível. Caso tenha interesse em conhecer mais sobre as boas práticas de manejo e sobre como reduzir o estresse dos seus animais, acesse jbs.com.br/sustentabilidade/bem-estar-animal/criacao/

O consumo excessivo dessa reserva energética nos dias que antecedem o abate pode comprometer a queda do pH e, consequentemente, resultar em pH final alto. O pH alto resulta na desclassificação da carcaça para mercados que exigem um pH final específico, como é o caso da República Popular da China, que exige um pH final de até 5,90. Além disso, o aumento do pH a partir de 5,7 resulta no aumento gradual no nível de DFD, ou seja, a carne vai se tornando mais escura, mais firme e mais seca conforme o pH final aumenta. Além disso, a carne torna-se mais perecível conforme o pH final se aproxima da neutralidade, resultando em menor shelf life (validade comercial) e aumentando os índices de reclamações e devoluções dos clientes.

Normal Alterado

BOAS PRÁTICAS DE VACINAÇÃOUma vacinação adequada começa na compra correta e consciente dos insumos, passa por um transporte e armazenagem adequados, de forma a manter os frascos de vacina na temperatura recomendada (entre 2°C a 8°C), além de exigir uma também adequada preparação das seringas e agulhas a serem utilizadas na vacinação, do local de trabalho, e, por fim, aplicação eficiente das vacinas.

CONTE COM A MSDA MSD oferece, através de seus consultores técnicos, auxílio para você montar um esquema vacinal adequado às particularidades de sua propriedade. Conte com a gente!

MEDIDAS PROFILÁTICAS E ESQUEMA DE VACINAÇÃOOs clostrídeos têm a habilidade de formar esporos e podem se manter potencialmente infectantes no solo por longos períodos, representando um risco significativo para a população animal e humana. Assim, a vacinação correta e dentro de um programa sanitário consistente, é considerada a única forma efetiva de prevenção.

AS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕESENTEROTOXEMIAEnterotoxemia é o nome dado à enfermidade provocada por toxinas produzidas pelo C. perfringens no trato intestinal e veiculadas pelo sangue até o local de ação. Essa toxina é ativada em contato com as enzimas proteolíticas tripsina e pepsina, no intestino delgado, adquirindo um caráter necrosante e altamente letal.

CARBÚNCULO SINTOMÁTICOCarbúnculo sintomático, manqueira ou mal-de-ano é uma infecção que atinge os músculos através da corrente sanguínea, causando necrose aguda, sendo que 80% dos animais acometidos possuem de 6 a 30 meses de idade. Após a infecção as mortes costumam ser rápidas, de 12 a 48 horas, com taxa de mortalidade de 100%. Animais em boa condição corporal e em rápido crescimento apresentam maior probabilidade de desenvolver a doença do que animais não viçosos, o que parece ser devido à maior concentração de glicogênio muscular, que serviria de substrato para o clostrídeo.

BOTULISMONovos episódios de problemas com silagem contaminada, ocorridos em meados de 2017, voltaram a chamar a atenção dos produtores para essa doença. Por isso, a origem e o processo de tratamento de produtos e subprodutos usados na alimentação animal, em especial nos confinamentos, devem receber atenção redobrada.

Nas condições de criação extensiva, a principal categoria afetada é a de vacas em gestação e/ ou em lactação, criadas em pastagens deficientes em fósforo, as quais passam a desenvolver o hábito da osteofagia ou sarcofagia.

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SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL

NA CRIAÇÃO EXTENSIVA:NUTRIÇÃO Ofereça uma nutrição que contenha fibras, cálcio, zinco, Vitamina D e vitamina E.

MANEJOn Sempre que possível, evite que os animais

fiquem em pisos muito duros. Ao pisar em superfícies rígidas, o impacto é transmitido de volta ao casco, contribuindo para o surgimento de lesões.

n Faça o casqueamento e pedilúvio, periodicamente, nos animais jovens, e, sempre que possível, realize o casqueamento preventivo nos animais adultos.

INSTALAÇÕES Sempre que possível, mantenha o piso de terra bem drenado e sem sedimentos perigosos.

CUIDADOS NO EMBARQUEn Os animais devem estar descansados

e hidratados antes do embarque para se evitar estresse.

n A condução até o veículo boiadeiro deve ser ao passo, sem correrias e gritos.

n Tenha cuidado nas passagens de porteiras, para não ocorrer nenhum trauma.

n O embarcadouro deve conter as paredes laterais fechadas para se evitar que os animais prendam as patas nos vãos entre tábuas e canos.

n Antes de iniciar o embarque, confira se o veículo boiadeiro está com as estruturas adequadas para receber os animais.

n Não superlote os veículos.n Trabalhe sempre com vaqueiros

e motoristas boiadeiros treinados.

CUIDADOS PREVENTIVOS

NO CONFINAMENTO:INSTALAÇÕES E AMBIÊNCIAn Mantenha os currais sempre limpos

e sem buracos ou pedras.n Atente-se a qualquer fator que possa aumentar

o risco de formação de lama no piquete.n Mantenha o piso das beiras de cochos

e bebedouros concretado, para facilitar o acesso dos animais.

MANEJOn Evite introduzir animais com problemas

podais no rebanho.n A castração dos animais também ajuda

a diminuir os riscos de lesões podais, por reduzir as tentativas de montas.

FORMAÇÃO DE GRUPOS SOCIAIS E REDUÇÃO DE CONFLITOSn Agrupe os animais de maneira uniforme,

de acordo com a sua idade e perfil físico. n Diminua a lotação dos piquetes caso sejam

comuns os conflitos entre os animais.

O QUE É A PODODERMATITE?É uma afecção que acomete os cascos dos bovinos, mais frequentemente animais leiteiros, mas que também representa um sério problema no gado de corte. Causa prejuízos econômicos, como perda de peso, ocasionada pela menor ingestão de alimento, altos custos com tratamentos, comprometimento da fertilidade, diminuição da produção e, consequentemente, aumento da taxa de descarte.

Pododermatite

n Inflamação do tecido interdigitaln Presença de pus na região e odor fétidon Perda de peson Diminuição da produção

TRATAMENTOO tratamento recomendado é feito com antibióticos à base de florfenicol, como o Nuflor (38 dias de carência para abate), e com anti-inflamatórios à base de flunixina meglumina, como o Banamine (4 dias de carência para abate). Porém, caso a data do abate esteja próxima, indica-se usar produtos com menor período de carência, como o Cobactan (Cefquinoma; 5 dias de carência para abate) ou Bioxell (Ceftiofur; 1 dia de carência para abate).É importante realizar a limpeza da ferida para remoção de tecidos e demais sujidades, assim como avaliar a necessidade de se realizar o casqueamento. O uso de pedilúvios também é uma importante ferramenta de tratamento e prevenção.

UM PROBLEMA TAMBÉM EM GADO DE CORTEUm estudo realizado em nove propriedades de sistema extensivo de criação, no estado do Pará, mostrou uma prevalência de problemas no casco de 1,45%. Apesar de relativamente baixa, muitas vezes os animais com esse problema não são identificados nas fases iniciais da doença e não são corretamente tratados, gerando grandes prejuízos.

CAUSASPara os animais que estão em criações extensivas ou semiextensivas, as principais causas da pododermatite podem ser separadas em fatores ambientais e erros no manejo sanitário.O ambiente em que o animal vive está diretamente relacionado com a pododermatite. As principais causas ambientais que levam à lesão são: n Solos irregularesn Pastos muito secos n Pedras ou outros materiais perfurantes nas superfícies de trânsito de animaisAlém dos fatores ambientais, o manejo sanitário inadequado também é uma causa importante da pododermatite, visto que locais úmidos e em condições inadequadas de higiene podem causar ou agravar infecções podais em bovinos. Outras causas menos comuns são o comportamento inadequado de animais, deficiências e desbalanços nutricionais (acidose causada pelo excesso de amido).Em relação aos animais que são criados em confinamento, a pododermatite aparece, geralmente, como uma enfermidade secundária a um trauma. Os principais fatores que predispõem o trauma são: disputa social, superpopulação, sodomia e transporte inadequado.

SINAIS CLÍNICOS Os mais comuns são:n Claudicação do membro afetadon Elevação da temperatura corporaln Coroa do casco inchada ou mais avermelhada

do que as outras partes do corpo

Instalações e adequadas e cuidados no manejo evitam lesões, que podem se transformar em problemas mais sérios como a pododermatite na chegada do animal ao confinamento.

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SAÚDE E BEM-ESTAR ANIMAL

MIÍASESMiíases são infestações de larvas de moscas sobre a pele do animal, e ocorrem mais frequentemente durante os meses mais quentes e úmidos. As moscas são atraídas por ferimentos recentes, sangue e secreções purulentas, resultando na instalação das larvas no local e no possível surgimento de infecções bacterianas secundárias, podendo, em casos graves, causar a morte do animal.

Duas espécies de moscas de grande importância são a Cochliomyia hominivorax – causadora da bicheira, e a Dermatobia hominis – causadora do berne. O tratamento contra as miíases, geralmente, envolve a retirada das larvas, limpeza rigorosa da ferida e aplicação de antiparasitário, como o Exceller, sempre seguindo as recomendações do médico-veterinário.

ABSCESSOSAbscessos são o acúmulo de pus ou material inflamatório nos tecidos do animal e são causados pela aplicação incorreta de vacinas, medicamentos e suplementos, ou ferimentos contaminados causados por arames, mordidas ou arranhaduras, por exemplo. É importante que sejam drenados e que a ferida seja mantida constantemente limpa, evitando-se força excessiva sobre o abscesso para que o pus não entre em contato com o sistema sanguíneo, o que pode resultar em infecções sistêmicas. O uso de antibióticos associados a anti-inflamatórios, como o Pencivet Plus PPU, pode ser indicado, seguindo sempre as orientações do médico-veterinário responsável.

A correta cura do umbigo é um dos procedimentos mais importantes para evitar problemas com mortalidade e para a prevenção das miíases.

O treinamento e capacitação da mão de obra são fundamentais para o correto manejo preventido e de tratamento das feridas na propriedade

A IMPORTÂNCIA DO MANEJO CORRETO DE FERIMENTOSOs ferimentos podem causar sérias perdas econômicas, seja por causar atraso no crescimento, perda de peso, queda na produção de leite e até a morte do animal, sem contar os prejuízos diretos ao couro e à carcaça, por exemplo, em decorrência do surgimento de miíases e abscessos. É muito importante que o produtor saiba como prevenir a ocorrência, assim como realizar corretamente o manejo dos ferimentos.

MANEJO ADEQUADO DE FERIMENTOS ABERTOS Após a contenção do animal, busque estancar os sangramentos e limpar a ferida com clorexidine ou soluções iodadas. A aplicação de soro fisiológico levemente aquecido pode ajudar a retirar a sujeira e estimular a cicatrização. Se utilizar bandagens, faça a troca e a limpeza do local com frequência. Antibióticos e anti-inflamatórios, como Pencivet Plus PPU (Benzilpenicilinas G e G Benzatina, Procaína e Dihidroestreptomicina, associadas ao Piroxicam; 30 dias de carência para abate) e Banamine (Flunixina meglumina; 4 dias de carência para abate), respectivamente, podem ser recomendados pelo médico-veterinário, assim como antiparasitários à base de doramectina 1%, como o Exceller (28 dias de carência para abate), para se evitar o surgimento de bicheiras.

PRINCIPAIS CONDUTAS A SEREM TOMADAS PARA A PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES E MIÍASES

FERIMENTOS ACIDENTAIS Devido à grande quantidade de microrganismos presentes no ambiente, feridas abertas podem facilmente levar ao surgimento de infecções. Portanto, garanta que o animal esteja em um ambiente apropriado, limpo, livre de riscos e que se adeque às normas de bem-estar animal.

CASTRAÇÃO Métodos de castração cirúrgicos, apesar de bastante eficazes, necessitam de maior tempo de recuperação. Além disso, assim como em procedimentos realizados logo após o nascimento do bezerro, apresentam maior chance de surgimento de miíases e infecções. Independentemente da época do ano ou da técnica de castração escolhida, é importante que o procedimento seja realizado por um médico-veterinário, idealmente com uso de anestesia e anti-inflamatório, para redução da dor. É fundamental a devida limpeza e acompanhamento da ferida cirúrgica. Além disso, é recomendável que se evite a realização desse tipo de castração nos meses mais quentes e úmidos, e que se faça o tratamento preventivo com produtos à base de doramectina 1%, como o Exceller, para evitar a instalação de larvas no local.

DESCORNA É importante que a descorna também seja realizada por médico-veterinário. Além disso, o pós-operatório correto é fundamental para se prevenir a ocorrência de miíases e infecções, local e sistêmica. Para tanto, recomenda-se manter a ferida cirúrgica limpa, assim como a aplicação de curativos e o uso de anti-inflamatórios e antibióticos, como o Banamine e o Pencivet Plus PPU, respectivamente.

MANEJO PÓS-PARTO Miíases umbilicais são consideradas umas das principais causas de mortalidade em bezerros até os 12 meses de vida. Logo, garantir que a desidratação e a limpeza do cordão umbilical sejam feitas corretamente é de extrema relevância. Recomenda-se a imersão completa do coto umbilical em tintura de iodo a 10% imediatamente após o nascimento. A imersão deve durar 20 segundos e ser realizada, ao menos, duas vezes por dia, até que o umbigo seque totalmente e se desprenda do abdômen. Além do bezerro, também é importante observar e desinfetar possíveis lesões vulvares e excreções presentes na mãe, uma vez que podem atrair moscas e causar infecções.

Manejo de ferimentos

FATORES AMBIENTAISn Apesar de não possuírem

efeito larvicida nem reduzirem a população de moscas no local por si só, os repelentes são uma ferramenta importante para se prevenir o surgimento de infestações de moscas no rebanho.

n É importante, também, manter as instalações sempre limpas, manejando corretamente os resíduos orgânicos e garantindo que estejam devidamente cobertos para evitar a atração de parasitas.

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POR QUE ESTIMULAR O USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICO?O uso irracional de antibióticos ou antimicrobianos tende a influenciar a geração ou seleção de patógenos resistentes, sendo que a resistência bacteriana, atualmente, é uma das maiores preocupações globais. Diante deste cenário e da crescente pressão do mercado consumidor, medidas devem ser adotadas a fim de se estimular o uso racional dos antimicrobianos.

Uso racional de antibióticos

CUIDADOS NO DIA A DIAn Nunca interrompa a utilização do medicamento antes do término do tempo de tratamento recomendado

pelo fabricante, mesmo que seja observada a melhora clínica dos animais.n Respeite sempre a dosagem indicada pelo fabricante em todas as utilizações.n Em animais destinados ao consumo humano ou produtores de leite,

os períodos de carência ou retirada devem ser cumpridos rigorosamente.n Sempre que possível, realize antibiogramas e testes de sensibilidade sob a supervisão

de um médico-veterinário, para escolher a melhor opção terapêutica em cada situação.n O descarte adequado de sobras e de medicamentos vencidos

deve ser uma preocupação de todos na produção animal.n Toda e qualquer utilização de antibióticos deve ser feita sob a supervisão do médico-veterinário.

SAÚDE ÚNICA I ONE HEALTHNos últimos anos, o termo One Health vem ganhando espaço cada vez maior dentro das discussões científicas que tratam de questões ligadas à saúde e epidemiologia. Em português, o termo Saúde Única trata da integração entre a saúde humana, a saúde animal, o ambiente e a adoção de medidas para prevenção e controle de enfermidades, trabalhando nos níveis local, regional, nacional e global.

A proximidade das pessoas com os animais – incluindo as criações da pecuária – favorece a transmissão de doenças, e à medida que o mundo se torna cada vez mais conectado, a necessidade de se aplicar efetivamente o conceito One Health só aumenta. Não só para proteger pessoas e animais de doenças, mas também para impedir rupturas econômicas que podem acompanhar surtos de doenças. O objetivo final é melhorar a qualidade de vida de todos, em todo o mundo.

A correta utilização dos antibióticos é um dos pilares da chamada saúde única, que visa promover a saúde animal, a humana e a ambiental.

O QUE É, EXATAMENTE, USO RACIONAL?Dentro desse desafio de diminuir os riscos de surgimento de resistência, cabe aos produtores a adoção de práticas de biosseguridade para que a utilização desses medicamentos seja reduzida.

A biossegurança conta com uma série de práticas que, quando executadas em conjunto, são capazes de trazer diversos benefícios, reduzindo os desafios sanitários e de estresse a que os animais são submetidos, e, consequentemente, diminuindo as taxas de ocorrência de uma série de doenças, assim como a necessidade de se utilizar antibióticos de forma preventiva.

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saúde humana

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